Mensagem de Fé

Equilíbrio - uma reflexão filosófica

Prof. Anísio Renato de Andrade


Se existe algo ruim em sua vida, tente compensar com algo bom. Equilíbrio é uma questão de compensação. O peso de um lado precisa ser compensado com peso do outro lado. Se algo deu errado hoje, procure dar a si mesmo um presente para compensar. Coma algo que você gosta. Vá a um lugar agradável. Não relacione isso com práticas pecaminosas. O pecado não compensa nem pode ser compensado.

Se você perdeu de um lado, precisa ganhar do outro. Os valores ativos precisam cobrir os passivos. Os créditos precisam suprir os débitos. É por isso que os peritos em investimentos mandam diversificar as aplicações financeiras. Se você investe tudo de si num lugar só e aquele empreendimento cai, sua vida cai junto. Então, dedique-se a mais de uma área de interesse na vida.

É verdade que algumas perdas são irreparáveis. A perda de um ente querido, por exemplo. Não poderíamos dizer que outros ganhos poderão compensá-la, mas pelo menos, poderão evitar o nosso "naufrágio existencial".

Salomão disse que devíamos lançar pelo menos duas sementes e cuidar de ambas pois não sabemos qual das duas prosperará (Ec.11.6). Talvez as duas sejam boas. Então o regozijo será dobrado.

É interessante observarmos que Deus, em sua sabedoria, nos deu dois braços, duas mãos, duas pernas, dois ouvidos, duas narinas, dois olhos, dois pulmões, dois rins, etc. Você usa os dois simultaneamente. Juntos eles são mais eficientes. Se um falhar ou se perder, temos o outro. Mas devemos nos lembrar de que temos só uma boca, só um coração, só uma cabeça, etc...

Em alguns objetos e seres, os elementos periféricos são duplos. Os centrais são únicos. Deles também depende o equilíbrio do conjunto. Um árvore tem apenas um tronco, mas os galhos são muitos. Lembre-se de um avião. Ele tem duas asas mas um só "corpo". Nesse caso, as duas asas são igualmente "vitais".

Certos elementos precisam ser únicos, por questão de auto-suficiência, exclusividade e outras razões vinculadas aos insondáveis desígnios divinos. Se tivéssemos dois corações, talvez pudéssemos viver o dobro, mas não foi assim que Deus quis. Se tivéssemos duas bocas... quem poderia suportar?

Podemos nos dedicar a diversos propósitos, mas não é bom que nos dediquemos a causas incompatíveis entre si. É o caso de ser polícia e bandido ao mesmo tempo ou tentar servir a dois senhores (Mt.6.24; I Rs.18.21; Js.24.15). Seria a situação de quem quer servir a Deus e ao Diabo, ter duas religiões, dois maridos, duas esposas, etc. Nestes e em outros casos, cabe lembrar as palavras de Paulo aos Efésios: "... um só corpo e um só Espírito... uma só esperança... um só Senhor, uma só fé, um só batismo... um só Deus e Pai de todos." (Ef.4.4-6). Não podemos ter vários deuses, santos, guias, etc.

Voltando às áreas em que a pluralidade é admissível, não é aconselhável que nos dediquemos a um número excessivo de causas, alvos, interesses ou atividades. Essa noção de excesso é muito relativa, mas cada um tem condições de avaliá-la corretamente dentro de sua própria situação e perspectiva. Algumas pessoas administram bem 5 talentos e podem chegar a administrar 10. Outras só tem condições de administrar 2, no máximo 4. Mas existem aqueles que não podem receber mais do que 1. (Mt.25). O mesmo acontece com o número de filhos.

O fato é que, se nos dedicamos a muitas áreas de interesse, talvez fracassemos em todas ou não consigamos satisfação e realização em nenhuma delas. Por quê? Pulverizamos nossas energias em tantas direções, que não realizamos com eficiência e grandeza nenhum daqueles objetivos. Como diz o jargão popular: "Quem tudo quer tudo perde."

Tenha duas profissões e, se possível, dois empregos.
Não tenha dois carros, a não ser que isso seja mesmo necessário. (Lembre-se do IPVA).
Não tenha duas casas. (Lembre-se do IPTU).
Não tenha duas contas bancárias. (Quantas tarifas...).
Freqüente apenas uma igreja e dedique-se a ela.
Tenha apenas uma família, mas, se você já tem duas, não pode deixar de sustentá-las.
Não deixe que a profissão sufoque a vida famíliar. Você precisa das duas asas para voar.

Há tempo de plantar e tempo de colher. Busque o equilíbrio entre esses tempos. Eles podem ser simultâneos para diferentes plantas. Não os perca. O dia de hoje deve ser dividido: um período para colher o que foi plantado ontem, e outro para plantar o que será colhido amanhã. Se hoje você precisar trabalhar 24 horas. Então, precisará de outras 24, algum dia, para ficar apenas desfrutando do resultado do seu labor.

Como disse Esmeralda Campelo, "precisamos equilibrar vida espiritual, amor, trabalho e lazer". Não viva apenas para o trabalho, planejando o lazer para a aposentadoria. Naquele tempo você já não terá toda a energia de hoje.
Não viva apenas para o ministério ou para o espiritual. Você tem um corpo material que também precisa de cuidados.
Não viva apenas para o material. Você tem um espírito que precisa da comunhão com Deus.
Podemos, e às vezes precisamos, ter períodos de esforço concentrado em só objetivo. Por exemplo, uma semana de estudos intensos. O que não convém é uma vida de esforço concentrado numa coisa só.
Lendo a lei de Moisés, verificamos que o Senhor deu mandamentos que abrangiam de forma geral a vida de Israel. Ele mandou trabalhar, mandou descansar, mandou festejar, mandou afligir a alma em pecado, etc.
Hoje não estamos sob a lei, mas também precisamos cuidar dos vários setores da nossa vida. Precisamos fazer como os malabaristas para equilibrarmos tudo isso, realizando todas as coisas no tempo certo e da melhor forma possível.
Que Deus nos abençoe e nos dê sabedoria para conduzirmos nossa vida de forma equilibrada para a sua glória.

ESBOÇO
Equilíbrio
Compensação
Dedique-se a mais de um interesse.
Valores centrais são únicos.
O excesso pode conduzir ao fracasso.
Exemplos práticos.



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Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.

Para esclarecimento de dúvidas em relação ao conteúdo, encaminhe mensagem para anisiora@mg.trt.gov.br

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