SEBEMGE - SEMINÁRIO BATISTA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

TRABALHO DE TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO II

 

Teologia das Epístolas

Aluno : Anísio Renato de Andrade

Professor : Pr. Waltensir Leocádio da Silva

Período : Sexto - Curso : Bacharel em Teologia Ministerial

Data : 1 de novembro de 1996 - Local : Belo Horizonte - MG

 

CONTEÚDO

INTRODUÇÃO

ROMANOS

A justiça de Deus

pecado

a morte de Cristo

A justificação pela fé

I CORÍNTIOS

Igreja

Dons espirituais

Ressurreição

GÁLATAS

Graça x Lei

A Liberdade cristã

Obras da carne x Fruto do Espírito

EFÉSIOS

A unidade e espiritualidade da igreja

FILIPENSES

A relação do cristão com as tribulações

COLOSSENSES

Suficiência de Cristo

I TESSALONICENSES

A Volta de Cristo e o Arrebatamento da Igreja

II TESSALONICENSES

A Volta de Cristo e o Anticristo

I TIMÓTEO

Requisitos para presbíteros e diáconos

HEBREUS

A superioridade de Cristo

TIAGO

Vida cristã prática

EPÍSTOLAS DE JOÃO

O amor

 

 

INTRODUÇÃO

 

Em Cristo, a revelação divina teve seu apogeu. A partir da sua ascensão, iniciou-se o período da Igreja. Esse novo tempo desenrolar-se-ia com base nos ensinamentos de Cristo. Entretanto, nem tudo o que ele ensinou foi escrito e nem tudo o seria necessário foi ensinado porque as circunstâncias do momento não o exigiam. Nessa lacuna entra o ministério dos mestres do Novo Testamento, iluminados e inspirados pelo Espírito Santo. Assim surgiu a teologia das epístolas, que procuraremos, brevemente, expor. Serão abordados apenas alguns tópicos, entre os mais relevantes. Algumas epístolas não serão citadas por tratarem de temas que não são, a rigor, teológicos, ou por mencionarem questões já citadas em outras cartas.

 

ROMANOS

A justiça de Deus

A graça apresentada através de Cristo poderia ser interpretada por alguns como liberação geral em relação às exigências divinas. Entretanto, contra essa idéia estão as considerações paulinas acerca da justiça divina. O amor de Deus não invalida sua justiça nem a diminui.

É interessante a seguinte questão. Sendo Deus onipotente, porque ele não poderia salvar a humanidade sem que Cristo morresse ? Porque ele simplesmente não decretou o perdão dos pecadores pela autoridade da sua palavra ? A resposta a essa questão é a justiça de Deus. Segundo esse princípio, o pecado não pode ficar impune. Alguém teria que pagar a pena. Aí entrou a obra de Cristo na cruz.

O Pecado

O Velho testamento não entrou muito fundo na questão do pecado. Dentro daquele contexto, o pecado era a transgressão da lei. Em Romanos, porém, temos uma exposição profunda acerca do pecado. Paulo apresenta a origem do pecado em Adão. O pecado é apresentado como um princípio transgressor que rege as ações malignas do ser humano. Essas ações denominam-se pecados, que são manifestações daquele princípio.

A morte de Cristo

Paulo não só fala a respeito do pecado, como também mostra o antídoto. A morte de Cristo é apresentada como a solução divina para o problema do pecado humano. Tal solução é abordada até seu alcance mais profundo : "O pecado não terá domínio sobre vós." A morte de Cristo, segundo a epístola aos Romanos, não foi apenas um ato em nosso favor, mas um fato que nos envolve. Nós morremos juntamente com Cristo, fomos sepultados com ele e também ressuscitamos dentre os mortos. Tal participação na morte de Cristo nos leva a viver em novidade de vida, além de termos sido perdoados por Cristo.

 

A justificação pela fé

Como podemos nos ver participantes da morte de Cristo e de sua ressurreição ? Como podemos usufruir dos efeitos da cruz ? Através da fé. Em Romanos, Paulo exalta o significado da fé e a coloca como condição essencial para a salvação. As obras da lei são colocadas em segundo plano. Até a experiência de Abraão é evocada como exemplo de imputação de justiça por meio da fé e não das obras.

I CORÍNTIOS

A Igreja

A Igreja é citada a primeira vez por Jesus em Mateus 16. Em Atos, temos o relato histórico dos primeiros dias da igreja. Em Coríntios temos o início do que conhecemos como base doutrinária da igreja. Em resposta a questionamentos dos coríntios, Paulo lhes escreve para admoestar e ensinar. Nessa epístola, Paulo toca em diversas questões sobre o a igreja e o culto cristão.

Dons espirituais

Um dos assuntos que mais se destacam em I Coríntios é a questão dos dons espirituais. Sem esses ensinamentos de Paulo, estaríamos ignorantes acerca dos dons, o que, aliás, é o que Paulo quis evitar. Na teologia do Velho Testamento, vimos que Deus falava através dos profetas. Na teologia das epístolas, vemos que Deus fala através dos seus diversos ministros e também através de dons espirituais. Notamos porém, que, no Velho Testamento, Deus ia revelando-se através dos profetas. Hoje, as profecias e outros dons não se destinam a revelar Deus ao homem. Tal revelação atingiu seu ápice em Cristo. Os dons hoje destinam-se a edificar, consolar e exortar, trabalhando com o conhecimento de Deus que já foi revelado anteriormente.

 

Ressurreição

O capítulo 15 de I Coríntios é a maior fonte sobre ressurreição. É bom lembrarmos que a ressurreição de Cristo é o "cartão de visita" do cristianismo. Existem muitas religiões no mundo, muitos profetas e líderes. Entretanto, nenhum deles ressuscitou, a não ser Cristo. Este é o selo de autenticidade do cristianismo, diante do qual, todas as outras religiões caem por terra. Observemos que a ressurreição era o tema principal da pregação dos apóstolos em Atos. Sabemos que a morte de Cristo é a solução para nosso estado pecaminoso. Porém, se ele não ressuscitasse, sua morte não teria nenhum valor. Paulo disse : Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e ainda permaneceis em vossos pecados.

GÁLATAS

Graça x Lei

Em Gálatas, Paulo toca na ferida da época. Os tempos do Novo Testamento foram de transição entre o judaísmo e o cristianismo. Tal transcurso não foi indolor nem suave. Pelo contrário, foi difícil e traumático. Os judeus perseguiam os cristãos em geral. Por outro lado, muitos judeus-cristãos queriam impor aos cristãos gentios a prática da lei mosaica. Na epístola em questão, Paulo não usa de meias palavras. Ele declara que "aqueles que querem se justificar por meio da lei, da graça têm caído". Além disso, os gálatas deveriam se manter na liberdade alcançada por meio de Cristo. A lei representava escravidão. A graça representava libertação. Nessa exposição, Paulo usa como alegorias as personagens do Pentateuco: Sara e Hagar.

A Liberdade cristã

A liberdade é um dos maiores anseios humanos. Ela é também um grande risco quando mal interpretada e mal utilizada. Torna-se, portanto, imperioso que saibamos o significado da liberdade para a qual Cristo nos libertou. Em tempo, Paulo advertiu aos Gálatas que não usassem da liberdade para dar ocasião à carne, porque, tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Estando livres da lei mosaica, não estamos livres do princípio que deve reger nossa vida : o amor cristão.

Obras da carne x Fruto do Espírito

Em tom de advertência Paulo mostra que a liberdade é um ambiente onde podem ser cultivados bons ou maus propósitos. Tudo depende do princípio que rege nossas atitudes. Em Gálatas 5, temos a discriminação das obras da carne e do fruto do Espírito. Esse texto nos leva a refletir sobre o sentido do cristianismo. Muitos pensam que, depois de levantarem a mão aceitando a Cristo, tudo está resolvido, e só precisam esperar que a porta dos céus lhes seja aberta. Não obstante, Paulo chama nossa atenção para a vida prática. O cristianismo deve ser demonstrado em nossa maneira de viver. Paulo fala acerca do "andar em Espírito". Este é o modo de vida comprometido com os princípios cristãos e movido pela presença do Espírito Santo em nós, mediante voluntária submissão à sua vontade.

 

EFÉSIOS

A unidade e espiritualidade da igreja

A epístola aos Efésios não trata de questões cotidianas de uma igreja específica. Paulo atinge o ápice da espiritualidade de seus escritos nessa carta (sem querer desvalorizar as demais). Em Efésios temos a descrição da igreja ideal : sem divisões; posicionada e ativa nas regiões celestiais; subjugando as hostes malignas, provendo-se da armadura de Deus e cheia do Espírito Santo, falando através de salmos, hinos e cânticos espirituais.

FILIPENSES

A relação do cristão com as tribulações

No Novo Testamento temos alguns ensinamentos subliminares que, na prática, são importantíssimos. Um deles é que o cristão passaria por tribulações neste mundo. Essa é uma promessa cujo cumprimento ninguém vindica. Entre outras coisas, a carta aos Filipenses fala sobre tribulações, tendo por base as de Paulo. Ele ensina sobre a superação da tribulação e o regozijo permanente fundamentado na oração e nos pensamentos justos e retos.

 

 

COLOSSENSES

Suficiência de Cristo

Os colossenses estavam em situação similar aos gálatas. Em Colossos estavam em destaque as questões filosóficas, o ascetismo e o culto aos anjos. Tudo isso era usado como pretexto para dominações humanas sobre a igreja. Paulo chama a atenção para a divindade de Cristo, sua obra na cruz, e as riquezas que temos nele. Desse modo, Paulo ridiculariza todos aqueles falsos mestres que se manifestavam entre os colossenses. Cristo é apresentado como divino, supremo e suficiente. E "se já ressuscitastes com Cristo", não precisais de rudimentos mundanos nem práticas ascéticas para completar a vida cristã.

I TESSALONICENSES

A Volta de Cristo e o Arrebatamento da Igreja

A principal esperança do cristianismo é a volta de Cristo para buscar sua igreja. Paulo ensina aos tessalonicenses acerca da "parusia", deixando evidente que ele mesmo esperava estar vivo para o arrebatamento. Tal ensinamento enfatiza a necessidade de uma vida condizente com a expectativa da segunda vinda. Quem espera Cristo deve estar preparado para recebê-lo. Outro aspecto importante nessa carta é a questão da ressurreição dos que dormem em Cristo. Aparentemente, tal observação teve por objetivo consolar alguns irmãos que haviam perdido seus entes queridos.

II TESSALONICENSES

A Volta de Cristo e o Anticristo

Ao que tudo indica, a primeira epístola gerou algumas dúvidas acerca da volta de Cristo. Os tessalonicenses achavam que Cristo poderia voltar a qualquer momento. Paulo os ensina que o Senhor não virá sem que antes aconteça a apostasia e a manifestação do Anticristo. Nessa epístola, temos um pequeno mas rico e misterioso acervo escatológico.

I TIMÓTEO

Requisitos para presbíteros e diáconos

Entre diversas prescrições de Paulo a seu discípulo Timóteo, é bom ressaltarmos os requisitos determinados para os presbíteros e diáconos. Se todo cristão deve ter uma vida exemplar, o líder deve ser irrepreensível. Tal exigência deve ser observada a fim de dificultar a proliferação dos falsos mestres no meio do povo de Deus. (Evidentemente, não podemos nos esquecer de que o verdadeiro servo de Deus pode cair até mesmo em faltas graves. Entretanto, espera-se essas sejam situações de exceção e, nesses casos, o tratamento deve ser severo, não se negando, porém, o perdão necessário.)

 

 

 

 

 

HEBREUS

A superioridade de Cristo

Essa epístola foi escrita para judeus-cristãos. Tem um tom muito severo, semelhante ao estilo mosaico. Seu objetivo é, porém, demostrar a divindade de Cristo e que nele os ideais judaicos tinham sido plenamente personificados. Nesse propósito, o autor se ocupa principalmente com a apresentação do sacerdócio de Cristo e o significado de seu sacrifício. Ele é apresentado como sumo-sacerdote de uma ordem superior : a de Melquisedeque. Cristo é o sacrifício supremo e seu sangue é absolutamente santo. Assim, aqueles que o desprezam e o pisam são chamados de adversários e sobre eles pesa o castigo de cair nas mãos do Deus vivo que é fogo consumidor.

TIAGO

Vida cristã prática

A epístola universal de Tiago aborda o cristianismo de modo prático como nenhum outro texto bíblico. A fé não é desprezada, mas seu valor é condicionado à sua demonstração prática. Tiago mostra que até os demônios têm fé. Entretanto, o cristão deve ter fé e agir de acordo com a mesma. Nisso se manifesta a verdadeira sabedoria. O sábio, segundo Tiago, é aquele que age de modo conveniente no trato com o seu próximo, não fazendo acepção por riquezas mas atendendo os necessitados, principalmente os órfãos e as viúvas.

 

EPÍSTOLAS DE JOÃO

O amor

João foi o "discípulo amado". Ele era o mais chegado ao Mestre. Ninguém melhor do que ele para falar sobre o amor. E é interessante que ele fala de amor de forma amorosa. De fato, não poderia ser diferente, embora vejamos acontecer diferente em nossos dias. João apresenta, na primeira epístola, o amor como sendo a essência de Deus e o requisito imprescindível na vida do cristão. É de João uma das mais belas declarações teológicas : "Deus é amor". Em contraposição a este amor, João menciona o mundo, suas concupiscências e as ações de Satanás. O amor é fundamental, mas João adverte : "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele."

 

CONCLUSÃO

Fazendo um paralelo, observamos que a Teologia do Velho Testamento apresenta Deus em sua divina personalidade individual : Deus transcendente. A Teologia dos Evangelhos apresenta Deus se vinculando à natureza humana através da encarnação : Deus presente. A Teologia das epístolas nos apresenta Deus em união com o homem através do significado da obra de Cristo e da presença do Espírito Santo : Deus "envolvente". Paulo diz que estamos em Cristo e que Cristo vive em nós. Enquanto que a encarnação de Cristo foi o ápice da revelação teológica, nossa união com ele é o ápice terreno de toda "experiência teológica".

Anísio Renato de Andrade

 

 

BIBLIOGRAFIA

Vinte e Sete Chaves Para o Novo Testamento

anisiora@mg.trt.gov.br

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