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LIÇÃO Nº 4 – A TENTAÇÃO DE JESUS – subsídio livro autor

INTRODUÇÃO

I – A TENTAÇÃO DOS HEBREUS NO DESERTO

II – A TENTAÇÃO DO USO DO TEMPLO PARA EXPLORAÇÃO

III – A TENTAÇÃO DO USO INDEVIDO DO PODER 

CONCLUSÃO 

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Mostrar a tentação dos hebreus no deserto;
Explicar a tentação do uso do Templo para exploração;
Conscientizar a respeito dos perigos do uso indevido do poder.

Palavra-chave: Tentação.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio abaixo:

A Tentação do Sustento Material no “Deserto” (Mt 4.1-4)

A primeira tentação de Jesus está relacionada com necessidade do sustento material. Está relacionada diretamente com o impulso do povo hebreu de infidelidade quando o suprimento das necessidades materiais, em especial a alimentação, era colocado em risco.

a) A relação de Mateus 4.1-4 com a caminhada dos hebreus no deserto

Existe uma relação direta entre a narrativa de Mateus 4.1-11 e a narrativa da travessia dos hebreus pelo deserto, em especial três capítulos de Deuteronômio (Dt 6—8).

O quadro comparativo abaixo ajuda a entender essa intertextualidade:

Quadro Comparativo 

 

Mateus 4.1-11 Deuteronômio 6 —8
“Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” (Mt 4.1) Deus conduz o povo ao deserto e o submete à prova (Dt 8.2-32).
“e, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.” (Mt 4.2) “Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do concerto que o SENHOR fizera convosco, então fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; pão não comi e água não bebi.” (Dt 9.9)
“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4.4) “E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem.” (Dt 8.3)
“e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.” (Mt 4.6) “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.” (Sl 91.11-12)
“Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.” (Mt 4.7) “Não tentareis o SENHOR, vosso Deus, como o tentastes em Massá.” (Dt 6.16)
“Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.” (Mt 4.8) “Então, subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra, desde Gileade até Dã.” (Dt 34.1)
“Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.” (Mt 4.10) “SENHOR, teu Deus, temerás, e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás.” (Dt 6.13)

O quadro demonstra que o texto de Mateus 4.1-11 está diretamente relacionado com Deuteronômio, que narra a história dos hebreus enquanto estavam no deserto, com destino à Terra Prometida.

A única exceção é o Salmo 91.11, 12 que é utilizado pelo Diabo para contra argumentar com Jesus, quando se inicia a segunda tentação. Conhecer a história do povo hebreu no deserto e principalmente o texto de Deuteronômio foi fundamental para as respostas de Jesus ao Adversário.

Ele reage a cada prova citando a Palavra de Deus e extraindo o princípio de cada passagem mencionada. Como aprendizado dessa prática de Jesus, Richards (2014, p. 19) comenta que “somos lembrados de que o poder libertador da Palavra de Deus não é liberado simplesmente pelo nosso conhecimento dela, mas somente quando a aplicamos”. Portanto, não é possível estudar a tentação de Jesus em Mateus sem considerar esses textos.

b) A tentação de Israel no deserto por 40 anos

A tentação de Jesus assemelha-se ao Haggadah judaico. Ele é um dos dois tipos de midraxe (deve ser usado em uma situação histórica particular e em seu contexto natural): halakhah e haggadah.

Enquanto o halakhah é uma explicação da Lei, o haggadah é uma literatura talmúdica que não lida com a Lei, mas ainda faz parte da tradição judaica. Haggadah significa recitar, narrar ou recontar e é um dos mais importantes textos da tradição judaica.

No início da Páscoa, judeus de todos os cantos da terra se reúnem para lê-lo ao redor da mesa. Ele contém a narrativa tradicional do Êxodo do Egito. Uma celebração da passagem dos israelitas da escravidão para a liberdade, passando necessariamente pelo deserto.

O objetivo dos dois tipos de midraxe é a aplicação prática do texto ao presente dos seus leitores.

Quando os hebreus saíram da escravidão do Egito, onde abundava a injustiça, e caminhavam com a incumbência de criarem uma sociedade justa, tiveram que passar pelo deserto e residir nele por 40 anos.

Deserto é lugar de fome, porém também é lugar de aliança, purificação e encontro com Deus (Êx 19.1ss). Segundo Barros (1999, p. 33), “a tentação do pão, do maná é a da garantia do sustento material”.

No Egito, apesar da escravidão, a alimentação e necessidades básicas eram garantidas. Na caminhada pelo deserto, apesar da parcial liberdade, as condições não eram favoráveis e em várias oportunidades o povo teve que demonstrar sua confiança na dependência da ação divina.

Muitos dentre o povo, nestas condições, colocaram em dúvida a proteção e o cuidado de Deus, tentando-o.

Por isso, a maioria das pessoas que saíram do Egito não entrou na Terra Prometida. No momento da necessidade, duvidaram e murmuravam contra Deus (Êx 16.3-8), por isso ficaram pelo caminho. 

c) A tentação de Jesus no deserto por 40 dias

O Filho de Deus ser tentado não é uma coisa fácil de assimilar. Todavia, Mateus narra que Jesus foi levado para ser tentado logo depois de seu batismo, ou seja, quando recebe a revelação e autoridade dada por Deus de sua filiação divina e uma “autorização” para iniciar sua missão.

Não parece ser desproposital essa sequência, pois as tentações de Jesus estão diretamente relacionadas com a maneira como Ele cumprira a sua missão como Resgatador da humanidade.

Dessa forma, a narrativa da tentação aborda sobre o que o cristão deve estar atento em relação ao que pode impedir (injustiça e desigualdade) o Reino da justiça e o cumprimento da missão solidária.

Jesus para ser o Salvador da humanidade precisava ser submetido às mesmas condições que a criatura a ser libertada (Hb 2.1,18; 4.15; 5.7-9).

No entanto, é importante ressaltar que o fato de ser submetido à tentação não implica necessariamente ter cometido pecado. Nem toda tentação conduz ao pecado, isso depende de quem é submetido à tentação.

Storniollo (2016, p. 43) ao comentar sobre o período de 40 anos em que os hebreus caminharam pelo deserto afirma que “Jesus retoma essa parte da história do seu povo, e os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anos de Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, onde havia justiça e vida para todos”.

O jejum por 40 dias não era uma inovação, pois a Moisés (Dt 9.9,18; Êx 24.18; 34.28) e Elias (1 Rs 19.8) também é atribuído tal ação.

O ser humano não tem condições de se abster de alimento e água por 40 dias. Em Atos 9.9 é citado um jejum de Paulo, mas de 3 dias, que é um período coerente com a tolerância humana.

A literatura judaica é rica em simbologia, inclusive de números. O número 40 é utilizado várias vezes na Bíblia (Gn 7.4,12; Êx 24.18; Dt 9.9-11; 10.10; Dt 8.2; 29.5; Mt 4.2; Mc 1.13; Lc 4.2; At 1.3; Dt 25.3; 2 Cor 11.24; entre outras citações).

Esse número quando se refere a dias ou anos, pode significar um período necessário e suficiente para determinada ação. Portanto, nem sempre tem o significado literal.

Uma coisa é certa, a situação extrema de fome do deserto pode levar o ser humano a fazer o que não convém para sobreviver.

Na narrativa de Mateus, a sugestão dada a Jesus é usar o poder outorgado na posição de Filho de Deus e usar seus atributos para transformar as pedras em pães e saciar a sua fome (situação de jejum).

A tentação é uma luta espiritual interna. Imagine se você tiver oportunidade de suprir suas necessidades, mas comprometendo sua missão, o que faria?

Jesus, da mesma forma que os hebreus, passou por situações de dependência de Deus para que as suas necessidades materiais fossem supridas, todavia demonstrou confiança e não foi ingrato.

Os cristãos de hoje, durante as crises e nos momentos em que suas necessidades materiais correm risco de não são supridas, devem lembrar o exemplo dos hebreus no deserto.

Quem se apresenta como discípulo de Jesus, a exemplo dEle, precisa buscar a superação, mas sempre reconhecendo a dependência de Deus e confiando na sua proteção e seu cuidado.

Jesus foi desafiado como Filho de Deus a fazer uso de seus atributos divinos para satisfazer suas necessidades de natureza humana 1.

Como ser humano ele estava sujeito à fome e à dor, como qualquer outra criatura humana. Jesus rebate a tentação utilizando a própria Palavra de Deus:

“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Dt 8.3).

Richards (2014, p. 19) vê nessa resposta de Jesus afirmação de sua natureza humana, “sem apelar para a prerrogativa independente da divindade que Ele tinha voluntariamente deixado de lado na encarnação”.

Todas as pessoas passam por tentações. Somente as pessoas que não precisam fazer opções não são tentadas.

Mas, quem está isento de tomar decisões? Portanto, se for oferecida alternativa para suprir suas necessidades matérias, porém com exigências de que você viole os princípios bíblicos e sua missão como cristão, não abra mão de sua comunhão com Deus e a garantia as promessas dEle sua vida.

Enquanto o povo hebreu murmura contra Deus por causa da fome (Êx 16.3-8), Jesus segue resignado para cumprir sua missão. Lembre-se das palavras de Jesus e escolha fazer a vontade de Deus, independente do custo! 

*Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus.  1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,   pp. 45-49.

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/750-lição-4-a-tentação-de-jesus.html

 

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