LIÇÃO Nº 12 – ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS
(A PARÁBOLA DOS TALENTOS – Mt. 25:14-30 E A PARÁBOLA DAS MINAS, Lc.19:11-27)
Nas parábolas dos talentos e das minas, Jesus nos mostra o dever do serviço de cada cristão.
INTRODUÇÃO
– Depois de termos estudado as chamadas “parábolas do reino de Deus”, estudaremos mais duas parábolas que dizem respeito ao serviço exigido de cada filho do reino: as parábolas dos talentos (Mt.25:14-30) e das minas (Lc.19:11-27), que, por sua mensagem, chegaram mesmo a serem consideradas, por alguns estudiosos, como versões de uma mesma parábola de Jesus.
– Em ambas as parábolas, o Senhor Jesus enfatiza o aspecto de que os salvos, mais do que os demais homens, devem ter consciência de que são mordomos de Deus e, como tal, devem servir a Deus, cumprindo os Seus propósitos. Quem não vive para servir, não serve para viver.
I – AS CIRCUNSTÂNCIAS DAS PARÁBOLAS DOS TALENTOS E DAS MINAS E AS PARÁBOLAS PROPRIAMENTE DITAS
– A parábola dos talentos é mencionada apenas por Mateus e incluída no sermão escatológico de Jesus.
Como já temos vistos nas lições anteriores deste trimestre, o evangelista Mateus reuniu as parábolas em grupos, sem muita preocupação cronológica, dentro de um estilo tipicamente judaico de redação, como o demonstram os escritos hebraicos contemporâneos relativos à tradição oral judaica.
Assim, não é desarrazoado entender que a colocação de parábolas no sermão escatológico de Jesus não queira significar que Jesus a tenha proferido no final do Seu ministério.
Os dois principais sermões de Jesus constantes deste evangelho estão permeados de parábolas, a reforçar esta suposição.
De qualquer maneira, a parábola dos talentos encontra-se inserida nos ensinos de Jesus a respeito da Sua vinda, tendo o objetivo de mostrar aos Seus discípulos a necessidade da fidelidade e da diligência na obra de Deus como aspectos da vigilância exigida para o Seu retorno.
– A parábola das minas é mencionada apenas por Lucas e há quem entenda que seja uma versão da parábola dos talentos.
Assim, porém, não entendemos porquanto, ainda que a mensagem seja muito similar em ambas as parábolas, não é este o único caso em que Jesus usa de parábolas distintas para transmitir mensagem muito semelhantes, como, aliás, observamos ao longo das chamadas “parábolas do reino de Deus”.
Mas o mais importante é que, na parábola das minas, há nuanças diferentes, como ocorreu com a parábola do joio e do trigo e a parábola da grande rede, o que nos permite afirmar que se trata de duas parábolas distintas.
– A parábola das minas foi proferida por Jesus quando o Senhor deixou Jericó e se dirigiu para Jerusalém, onde participaria de Sua última páscoa e daria a Sua vida para salvar a humanidade.
Lucas, ao contrário de Mateus, tem nítidas preocupações cronológicas e situa bem a ocasião em que esta parábola foi proferida, num instante em que os discípulos estavam esperançosos com relação à manifestação do reino de Deus (Lc.19:11).
É, portanto, uma resposta à expectativa dos discípulos a respeito da manifestação do reino de Deus e uma lição que se dá a quem realmente ame a vinda do Senhor (cfr. II Tm.4:8).
– As parábolas, nesta fase, são mais claras, menos enigmáticas, pois havia o interesse de que fossem compreendidas pelos discípulos e, após esta parábola de que iremos tratar nesta lição, Jesus, inclusive,
já não mais falará em parábolas, falando abertamente para que houvesse a exata compreensão e não se tivesse qualquer dúvida por parte dos discípulos (cfr. Jo.16:25,29,30).
– Vemos, portanto, que, a partir do momento em que Jesus parte em direção a Jerusalém, para ali ser entregue por nós, a preocupação do Mestre está em reforçar os elementos mais importantes e essenciais de Seus ensinos aos Seus discípulos, como uma espécie de revisão e de recapitulação que fazemos ao término de algum curso secular.
Era preciso que Jesus deixasse bem claro na mente de Seus discípulos os objetivos e finalidades de Seu ministério, bem como o que Ele requeria dos discípulos a partir de então,
pois estava se aproximando o momento da consumação da obra de salvação e do início da dispensação da graça, cujo trabalho seria confiado a estes “enviados” (os “apóstolos”, para se usar do termo grego) e à Igreja que se formaria mediante a pregação do evangelho.
– Se tomarmos como ponto de partida destas ” últimas instruções”, a saída de Jesus de Jericó a caminho de Jerusalém, que o primeiro tópico que foi abordado pelo Senhor foi, precisamente, o da mordomia, ou seja, a consciência que o crente deve ter de seu papel e de seu lugar diante de Deus.
É este o assunto da parábola das minas que, também, será retomado no sermão escatológico, quando, após a parábola das dez virgens, que nos fala da necessária e indispensável vigilância que o crente deve ter na sua vida aqui na Terra, Jesus volta a falar da mordomia, na parábola dos talentos.
A mordomia, portanto, é considerado pelo Senhor um assunto prioritário na vida cotidiana do crente.
Esta prioridade fica manifesta quando lemos Lc.19:11, onde se afirma, claramente, que Jesus toca neste assunto porque estava perto de Jerusalém e porque cuidavam que logo ia se manifestar o reino de Deus.
– Na parábola dos talentos, Jesus conta a história de um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens.
A um servo deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um. Tendo partido, os dois primeiros servos negociaram os talentos recebidos e obtiveram, ambos, a duplicação dos talentos, enquanto que o terceiro servo enterrou o talento recebido.
Quando o senhor voltou, os servos tiveram de prestar contas. Os dois servos foram tidos por servos bons e fiéis e admitidos no gozo de seu senhor.
Já o servo que nada granjeou, ao devolver o talento que havia recebido, com justificativas, foi tido por mau e negligente servo, tendo, então, sido tomado o seu talento e dado ao que recebera cinco talentos e granjeara outros cinco, tendo o servo mau sido lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.
– Na parábola das minas, Jesus conta a história de um certo homem nobre que partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois.
Chamou dez servos e deu a eles dez minas, uma para cada um (o que é a diferença com relação à parábola dos talentos, em que cada um recebeu uma quantidade diferente de talentos), determinando que as minas fossem negociadas até que ele voltasse.
O primeiro servo trouxe dez minas ganhas com a que lhe tinha sido dada.
O segundo servo trouxe cinco minas ganhas com a que lhe tinha sido dada.
Já o terceiro servo apenas devolveu a mina que lhe tinha sido dada. O homem nobre concedeu autoridade sobre dez cidades ao primeiro servo e sobre cinco cidades ao segundo servo.
Quanto ao terceiro, mandou que entregassem a mina ao primeiro servo, tendo, então, mandado que os inimigos que não queriam que ele reinasse sobre eles, fossem trazidos até ele e mortos.
– Nenhuma das duas parábolas teve sua interpretação registrada nas Escrituras, de sorte que devemos ter todas as cautelas já mencionadas quando do seu estudo e compreensão.
II – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
(I): A CHAMADA DO SENHOR QUE PARTIU PARA FORA DA TERRA
– A parábola dos talentos é uma das mais ricas ilustrações a respeito do sentido da mordomia do homem em relação a Deus. Nela, Jesus mostra-nos, com clareza meridiana, o papel e o lugar do homem no seu relacionamento com Deus.
– A própria ideia de “talento”, então apenas uma medida monetária vinculada a metais, passou a assumir o conceito de dom, dádiva e de capacidade que Deus dá aos homens, depois que Jesus proferiu esta parábola, revelando, em primeiro lugar,
que Deus sempre dá algum dom ou capacidade aos seres humanos e, também, mostrando que Deus não trata os homens como uma massa, mas cuida de cada um individualmente.
– O primeiro elemento da parábola é o homem que chama os seus servos e lhes distribui talentos antes de partir para fora da terra.
O texto de Mateus começa com a expressão “porque isto é também…”. Isto o quê ? O evangelista vincula a parábola dos talentos com a parábola das dez virgens, que é a narrativa que antecede esta no seu evangelho.
O texto fala da vigilância (Mt.25:13), que é a lição extraída da parábola das dez virgens. O “isto”, pois, diz respeito à vigilância.
A parábola dos talentos, portanto, quer mostrar-nos um outro aspecto da vigilância em torno da volta de Cristo. Não se trata apenas de esperar Jesus, mas de servi-lO com aquilo que Ele nos tem dado.
– Este homem é o próprio Jesus. Com efeito, o texto mostra-nos que se trata de um senhor, de um proprietário, pois tem servos à sua disposição. Ora, sabemos que a terra e sua plenitude pertencem ao Senhor (Sl.24:1).
Além de ser o senhor, este homem iria partir para fora da terra, ou seja, deixaria o seu país, o local onde estava.
Isto é o que ocorreu com o próprio Jesus, que deixaria os Seus discípulos e esta Terra, voltando para o Pai (Jo.14:2,3,28).
Por isso, vemos que a presente parábola tem aplicação na nossa dispensação, já que se trata de fatos ocorridos após a partida para fora da terra do homem.
– Este homem chama os seus servos. Nós devemos ter sempre em mente que nós estamos na Igreja de Jesus não porque tenhamos algum mérito, não porque tenhamos algum valor em nós mesmos, mas porque fomos chamados por Ele.
Jesus deixou bem claro que nós não O escolhemos, mas Ele que nos escolheu (Jo.15:16). Esta idéia do chamado divino é uma clara demonstração de que tudo devemos à graça de Deus, ao favor imerecido do Senhor, que nos chama com uma santa vocação (II Tm.1:9).
– O Senhor chamou os Seus servos, ou seja, trata-se uma escolha do dono, não uma demonstração de aptidão, capacidade, poder ou qualidade dos servos.
Em ambas as parábolas, é dito que o Senhor chamou os Seus servos (Mt.25:14; Lc.19:13).
Tem-se, aqui uma demonstração de que o homem só é mordomo, só é o administrador supremo das criaturas na Terra, porque assim quis Deus, porque Deus é bom e porque Ele quis que assim fosse.
Não há mérito algum por parte do homem. Nós nada merecemos e o que recebemos de Deus é única e exclusivamente por Sua graça.
Desde quando as Escrituras registram que o homem foi dotado de uma parte imaterial (alma e espírito), para ser imagem e semelhança de Deus, é dito que o homem foi feito alma vivente, que recebeu o fôlego de vida (Gn.2:7).
Não há qualquer ação da parte do homem que assegure a ele algum papel ativo no lugar que Deus o colocou na ordem da criação.
Tudo o que se fez foi feito por Deus, em razão da Sua graça (graça é, exatamente, favor imerecido).
Deus chama o homem e lhe confia alguns de Seus bens. O homem não é alguém que possa reivindicar direitos diante de Deus, como insistem muitos falsos pregadores e ensinadores nos nosso dias.
É a misericórdia do Senhor a causa de não termos sido consumidos (Lm.3:22), pois o que mais de sublime existir no homem, é menos do que nada diante de Deus (Is.40:17).
Esta lição das parábolas é assaz importante, pois, à medida que nos conscientizamos de que tudo o que temos é do Senhor e que não merecíamos sequer ser chamados para receber algo da parte dEle, certamente passamos a ter um comportamento muito diferente na nossa conduta e nosso relacionamento com o Senhor.
– Este homem tem servos, ou seja, ele é o senhor. Isto nos mostra bem que a nossa condição diante de Cristo, mesmo após a salvação, é uma condição de servos, de mordomos.
Isto é deveras importante asseverar num instante em que muitos são os que pregam um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à inadmissível condição de empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a todos os caprichos dos crentes, em nome de uma “confissão positiva” inexistente.
Jesus é o Senhor que chama os Seus servos, mostra-nos cristalinamente o próprio Jesus na introdução desta parábola.
Como ensinava o jurista alemão Windsheid, a propriedade é a sujeição absoluta de uma coisa à vontade de seu dono.
Só Deus é o dono, portanto só a Sua vontade deve prevalecer, não a dos servos.
É por não compreenderem esta realidade bíblica, tão importante que constou das ” últimas instruções” do Senhor, que muitos têm se deixado envolver por ventos de doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da confissão positiva e a teologia da prosperidade.
– Este homem tem bens, é rico e entrega os seus bens para os servos. Jesus, Senhor dos senhores e Rei dos reis, é dono de todas as coisas e as entregou aos Seus servos.
Entretanto, é interessante verificar que o homem da parábola não entregou toda a sua fortuna para os seus servos, mas, sim, alguns bens.
O texto sagrado diz que entregou bens. Como o próprio Jesus afirmou que o Seu reino não é deste mundo (Jo.18:36), temos que a prioridade dada pelo homem da parábola na entrega dos bens não se encontra nos bens desta terra.
Por isso, o apóstolo Paulo diz-nos que, em Cristo, somos abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef.1:3).
Não temos dúvida de que o Senhor também distribui bênçãos materiais aos Seus servos, fazem elas também parte dos bens passíveis de distribuição, mas não há promessa de entrega de todos os bens materiais como há de entrega de todos os bens espirituais. Jesus não é mesquinho, Ele entrega os bens aos Seus servos.
– Este homem partiu para fora da terra. Isto nos indica que haveria uma ausência física do dono dos bens e que os servos deveriam cuidar para que o que, normalmente, o dono do patrimônio fazia quando estava fisicamente presente, passasse a ser efetuado pelos servos, por conta e em nome do dono.
A vida dos servos, então, durante este período de ausência física do dono, deveria ser fazer o que o dono estava acostumado a fazer, tomar providências para tomar conta do bem-estar do patrimônio do proprietário, até que ele voltasse.
É precisamente o que significa a vida do crente enquanto estamos aqui nesta Terra. Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se ausentou fisicamente.
Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física dos discípulos (At.1:9), os Seus servos não podem ficar inertes, paralíticos ou perplexos, mas devem fazer o que Ele fazia até a Sua volta (At.1:11-14; 20:24).
Jesus não só ensinava, mas também fazia (At.1:1; 10:38), razão por que quer ver, em Seus discípulos, boas obras para que, por elas, o nome do Senhor seja glorificado (Mt.5:16).
– Este período de ausência física do dono é o período da dispensação da graça (Ef.3:2,9-11), o período em que cabe à Igreja fazer aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha enquanto esteve entre nós, de anunciar a salvação como Jesus anunciou, a tal ponto que a Igreja é chamada de “corpo de Cristo” (I Co.12:27),
já que realiza aqui a mesma obra que Cristo, através de Seu corpo físico, realizou durante o Seu ministério terreno.
Vemos, portanto, que a parábola é, inicialmente, dirigida para a Igreja, para nós, já que a Igreja somos nós.
– O homem confiou a seus servos coisas valiosas, boas, importantes e que têm condição de se tornar em coisas ainda mais valiosas. Na parábola, é dito que o dono deu a um servo dez talentos, a outro, cinco e a outro, um.
O talento, diz-nos o Conciso Dicionário Bíblico da Imprensa Bíblica Brasileira, era a medida máxima de peso dos sistemas de medida da Antiguidade.
A palavra ” talento” significa, em latim, “ coisa estimada pelo peso” e seu correspondente em hebraico, significa “círculo, globo, soma total”. O talento corresponderia a aproximadamente 43,8 kg.
Assim, se entendermos que os talentos eram de prata, já que a palavra “dinheiro” em Mt.25:18, no original, significa “prata”, poderemos ver que cada talento equivaleria a aproximadamente R$ 646.612,00 (seiscentos e quarenta e seis mil e seiscentos e doze reais), se adotarmos a cotação da prata no Brasil em 16.08.2018, valor que equivale a 677,47 salários mínimos no Brasil.
Assim, mesmo o servo que recebeu um só talento, recebeu muito maior valor do que angariaria com seu esforço próprio, caso fosse um assalariado, o que, aliás, não era o caso, pois se tratava de um servo.
– O homem não distribuiu os bens igualmente a todos os Seus servos.
Deus não trata os seres humanos como uma massa, como uma reunião de pessoas idênticas e sem qualquer diferenciação, como ocorre no mundo da comunicação, na mídia, em que se elaboram mensagens destinadas indistintamente a todas as pessoas.
Deus considera a individualidade de cada um, trata com cada pessoa em particular e aí está revelado um dos aspectos mais impressionantes da divindade.
Deus trata com todos os homens mas, ao mesmo tempo, trata particularmente com cada um.
A igreja é uma nação santa, é um conjunto separado do restante da humanidade, é uma unidade (Ef.4:4-6).
Mas, simultaneamente, a igreja é a reunião de pessoas que são diferentes entre si e que têm habilidades e dons distintos, que não se confundem (Ef.4:7; I Co.12:1214).
A metáfora do corpo, mais uma vez, ilustra com clareza esta realidade do povo de Deus. O corpo, embora seja uma unidade, tem diferentes funções e seus órgãos, seus membros não se confundem nem fazem o mesmo.
Assim também são os servos de Deus: embora tenham o mesmo Espírito, sirvam ao mesmo Senhor, não são indistintos, têm diferentes habilidades, aptidões, capacidades, recebem diferentes bens de seu Senhor.
– Mas Deus não seria injusto ao dar dádivas distintas a cada pessoa? Não estaria privilegiando alguns em detrimento dos outros?A resposta é negativa.
Deus não poderia fazer os homens idênticos, iguais entre si, pois, sendo o homem, como o é, imagem e semelhança de Deus, o Senhor deveria nele refletir a multiformidade, a infinitude que é própria da natureza divina.
Caso todos os homens fossem idênticos ou iguais, cópias de uma série, como ocorre com os produtos industrializados ou com os robôs feitos pelo homem, teríamos uma terrível contradição, porquanto Deus não estaria Se refletindo no homem como imagem e semelhança, como planejara.
Mas, como cada ser humano é distinto de outro, como há uma individualidade, não temos qualquer dúvida em ver, na humanidade, este reflexo, mais uma confirmação de que a vontade de Deus se realizou e que Sua Palavra é a verdade.
– Deus conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl.103:14), pois Ele fez a cada um de nós e nos acompanhou desde a nossa geração (Sl.139:13-16).
Sendo assim, tem condições plenas para dar os talentos (ou as minas) segundo a capacidade de cada um, sem qualquer condição de errar, pois é o único que nos conhece perfeitamente, pois nós mesmos nos surpreendemos, algumas vezes, com as nossas reações, pois não sabíamos que éramos capazes de fazer isto ou aquilo, mas Deus, não, sempre tem pleno conhecimento de quem somos.
Assim, quando nos dá os talentos e as habilidades, dá-os em profunda e plena justiça, justiça que nada mais é, como ensinavam os juristas romanos, dar a cada um o que é seu, ou, em termos espirituais, distribuir segundo a capacidade de cada um o que é de Deus.
– Na parábola dos talentos, é dito que o senhor deu dez talentos a um, cinco talentos a outro e um talento ao terceiro.
Foi uma distribuição desigual mas absolutamente justa, pois, como vemos no desenvolvimento da história, cada servo fiel conseguiu dobrar os talentos que tinham em seu poder, o que demonstra que foi dado exatamente o que cada um poderia administrar.
O resultado da administração dos servos fiéis é, portanto, a comprovação de que o senhor agiu com justiça e sabedoria.
III – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS TALENTOS (II): OS SERVOS NEGOCIANTES
– O segundo elemento que surge na parábola são os servos do senhor que partiu para fora da terra.
Estes servos gozavam da confiança do senhor, pois ele lhes deu bens valiosos para que administrassem, num instante em que se ausentaria da terra.
Esta confiança mostra-nos o quanto Deus nos valoriza e quanto devemos ser gratos ao Senhor por ter nos tirado do lamaçal do pecado, onde não tínhamos valor algum e estávamos prontos a ser destruídos pelo pecado, pondo-nos sobre a rocha e nos dando vida, e vida com abundância.
Outro comportamento não nos é esperado senão o de sermos gratos a Ele, fazendo render os bens que Ele nos confiou.
– Os servos receberam os talentos conforme a sua capacidade e, portanto, deveriam tão somente mostrar a sua gratidão para com o senhor, negociando os talentos, a fim de que o patrimônio de seu senhor crescesse enquanto ele estivesse fora.
Era, portanto, retribuir a confiança recebida com dedicação e denodo, dedicação e denodo, aliás, que, presumivelmente, estes servos haviam demonstrado anteriormente para fazerem jus a tamanha confiança.
– Na parábola dos talentos, embora não haja uma explícita afirmação de que tenha havido uma ordem por parte do senhor para que houvesse a negociação dos talentos, como ocorre na parábola das minas, é dito que, após a entrega dos talentos,
dois dos servos passaram a negociá-los, dando, pois, a entender que tinha sido esta a ordem recebida do senhor, o que se depreende, também, pela expressão do senhor quando se dirigiu ao servo infiel (Mt.25:27).
Portanto, em ambas as parábolas, aprendemos que a entrega dada pelo Senhor estava vinculada a uma ordem de negociação, ou seja, os servos deveriam receber os bens do senhor e fazêlos dar fruto, ou seja,
os rendimentos próprios de uma quantia monetária (como ensinam os cientistas do direito, os rendimentos, os lucros, os juros de uma quantia em dinheiro são frutos do dinheiro, assim como a produção de árvores são os frutos destas mesmas árvores).
Deus dá as ordens e a ordem de Deus é que os bens que nos foram confiados deem frutos, deem consequências, gerem efeitos e produtos para o reino de Deus. Jesus foi claríssimo a respeito, ainda nas Suas “últimas instruções”, ao revelar aos discípulos que a chamada de cada um tinha um propósito: o de gerar frutos para o reino de Deus.
“Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós e vos nomeei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça…” (Jo.13:16a).
O objetivo de nossa chamada pelo Senhor é que tenhamos frutos, que geremos frutos para o reino de Deus, frutos estes que são as nossas boas obras que façam com que os homens glorifiquem a Deus que está nos céus (Mt.5:16).
Não é por outro motivo que Jesus nos diz que conheceremos a condição espiritual do próximo pelos seus frutos (Mt.7:15-20).
– Embora os bens fossem do senhor, embora o domínio fosse do senhor, embora a distribuição tenha sido conforme a vontade do senhor, caberia aos servos a negociação, ou seja, a administração dos talentos.
“Negociai até que eu venha” foi a ordem recebida do Mestre (que é explícita apenas na parábola das minas). Assim, os servos deveriam, após a partida do senhor, iniciar uma série de atividades com vistas a fazer render os talentos ou minas recebidas.
– Os servos, para que pudessem negociar os talentos ou minas, não poderiam ficar inertes, ou seja, não poderiam ficar sem fazer coisa alguma, era preciso trabalhar e buscar meios para que os talentos ou minas pudessem render, pois, quando voltar, o senhor quererá ” saber o que cada um tinha ganhado, negociando.” (Lc.19:15).
– Enquanto estamos neste mundo, aguardando a volta do Senhor, devemos trabalhar para Ele, ganhar almas para o Seu reino, usar das habilidades e dos dons que d’Ele recebemos para que venhamos a dar frutos para o reino de Deus. Tudo o que temos, tudo o que somos, devemos aplicar no reino de Deus.
Devemos buscar, primeiramente, o reino de Deus e a sua justiça. Nossas ações devem ter, como propósito primeiro, o de dar frutos para o reino de Deus.
Nosso objetivo primeiro, em todas as nossas atitudes, tem de ser o de propiciar um meio para que o nome do Senhor seja glorificado. A liberdade do servo de Deus encontra neste fim, neste propósito, o seu limite.
Daí porque ter Paulo nos ensinado que todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas nos convêm (I Co.6:12), bem como que devemos levar em conta os outros para que nossas ações não venham a prejudicar a vida espiritual do próximo (Rm.14:13,19,20).
– Qual tem sido o propósito de nossas ações? Fazer os homens glorificar a Deus?
Ganhar almas para o Senhor? Dar bom testemunho de cristãos? Se estas forem as finalidades de nossos gestos ou ações, certamente estaremos negociando os talentos, as habilidades e os dons que nos têm sido dados pelo Senhor.
Se, porém, temos utilizado aquilo que Deus nos tem dado para nosso próprio engrandecimento, para nossa própria vanglória, para nosso próprio prazer ou satisfação, estamos sendo servos infiéis e deveremos, então, ter de prestar contas da inutilidade e da falta de fruto que haverá na negociação de tais talentos e habilidades.
– A parábola mostra-nos, ainda, que a vida é dinâmica, ou seja, exige uma constante movimentação dos servos.
Os servos, uma vez aquinhoados pelo senhor com bens, deveriam correr de uma parte a outra a fim de que pudessem negociar os talentos ou minas recebidos.
Era preciso negociar e a negociação não é algo que se faça na inércia, na falta de atividades.
Para negociar é fundamental que as pessoas se relacionem com os outros, que seja convincente, que forneça garantias e tenha credibilidade.
Tudo isto deve existir na vida do cristão. Ele precisa viver aquilo que prega, aquilo que diz ser a verdade.
Não pode ficar parado, apenas usufruindo das bênçãos recebidas, dos dons a ele fornecidos, numa vida rotineira, ensimesmada, sem levar em conta o mundo em que está vivendo.
Muito pelo contrário, o servo, para cumprir a ordem do seu senhor, deve ir em direção ao mundo, deve ir em contacto dos outros, a fim de que possa fazer com que as pessoas creiam no seu produto, acreditem na sua mensagem e, assim, aceitem fazer negócio em nome e por conta do dono dos talentos.
Muitos têm sido iludidos por um dos maiores ardis de Satanás, que é, precisamente, o da inércia, o da inoperância, em troca de uma “trégua do mal”.
Assim, se não trabalharmos para o Senhor, também não seremos molestados pelo mal.
Trata-se de mais uma das muitas mentiras do “pai da mentira” (Jo.8:44).
Quando temos uma vida espiritual paralítica, não ficamos estacionados num determinado estágio espiritual, mas começamos a regredir. A vida com Deus não é parada, não é inerte, mas ou é um constante progresso, ou um constante decréscimo.
Dizem-nos as Escrituras que o crescimento espiritual é como a luz da autora que vai clareando até ser dia perfeito (Pv.4:18), mas também dizem que um abismo chama outro abismo (Sl.42:7).
Quem aceita a “trégua do mal”, desobedece à ordem do Senhor e corre o sério risco de ser lançado nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes (Mt.25:30).
– A parábola dos talentos mostra-nos que sempre há alguém disposto a negociar os bens que nos foram confiados pelo Senhor.
É verdade que, mesmo sendo o texto bíblico omisso, não temos dúvida de que os servos fiéis tiveram de se esforçar para conseguir fazer as negociações, que elas não foram fáceis e que muitos foram aqueles que não quiseram fazer negócio com os servos.
A parábola diz que os servos conseguiram duplicar o montante que lhes havia sido confiado, mas não dizem que isto foi fácil ou feito sem qualquer esforço.
De qualquer modo, o que fica claro é que o esforço não foi em vão. Toda a dedicação, todo o trabalho, todo o esforço foram recompensados, porque cada um dos que se esforçaram, cada um dos que se dedicaram, obtiveram o mesmo prêmio: o dobro dos talentos que receberam.
Isto é promessa de Deus, constante de Sua Palavra, no sentido de que esta Palavra não voltará vazia (Sl.126:6; Ec.11:1; Is.55:10,11), bem como que devemos firmes e constantes, pois o nosso trabalho jamais será vão no Senhor (I Co.15:58).
– A parábola dos talentos, também, nos mostra que o serviço tem uma duração, um período determinado: da chamada até a volta do Senhor.
Desde o momento em que somos chamados pelo Senhor, temos algo a fazer na Sua obra. Não existem crentes que não tenham o que fazer na casa de Deus.
Deus não é Deus de ociosos, mas é um Deus de trabalho (Jo.5:17) e, se somos Seus filhos, temos de ter a Sua mesma natureza e a natureza de nosso irmão primogênito, o Senhor Jesus, que dizia ser tão trabalhador quanto Seu Pai.
Não encontramos na Bíblia um único exemplo de pessoa que tenha sido chamada por Deus e que estivesse na ociosidade. Saul, quando foi ungido rei, estava procurando as jumentas de seu pai( I Sm.9:3,19,20); Davi, por sua vez, cuidava das ovelhas de seu pai(I Sm.16:11).
Eliseu estava, também, cuidando de lavrar a terra de seu pai com doze juntas de boi quando foi chamado para suceder Elias (I Rs.19:19).
Pedro, André, Tiago e João foram chamados para compor o colégio apostólico enquanto estavam pescando (Mt.4:18-22).
Deus sempre chama homens ocupados para lhes dar mais ocupações ainda.
Razão, portanto, tem o poeta sacro quando afirma que ” para cada crente, o Mestre preparou um trabalho certo quando o resgatou” e, como o poeta, perguntamos ao(à) querido(a) irmão(ã): ” O trabalho a que Jesus te chama aqui, como será feito se não for por ti ?” ( 2ª estrofe do hino 93 da Harpa Cristã).
A partir da chamada, nosso serviço somente termina quando o Senhor voltar ou, se Ele tardar mais um pouco, quando formos por Ele chamados para a eternidade, o único instante em que teremos a faculdade de descansar dos nossos trabalhos (Ap.14:13).
Para o cristão fiel é verdadeiro como nunca o que se diz ter sido dito pelo presidente brasileiro Tancredo Neves, quando perguntado como, em idade avançada, tinha uma jornada de trabalho extremamente longa: “tenho a eternidade toda para descansar”.
– A parábola dos talentos mostra-nos, ainda, que Deus dá pelo menos um talento, pelo menos um dom a cada servo Seu.
Quando vemos ambas as parábolas, não houve servo que não fosse aquinhoado com pelo menos um talento ou uma mina.
Não há espaço na igreja para pessoas que não tenham qualquer habilidade ou que não tenham recebido de Deus qualquer dom. Verdade é que nem todos são pregadores, nem todos são intercessores, nem todos são evangelistas, nem todos são mestres.
Entretanto, pelo menos um dom, uma habilidade Deus deu a cada um dos Seus servos.
Portanto, não é verdadeira a afirmativa de muitos no sentido de que são apenas “crentes de banco”, que têm como única tarefa frequentar as reuniões da igreja local (de preferência, somente a de domingo à noite…), que “não têm chamada” ou que ” Deus ainda não revelou qualquer tarefa que tenha de fazer na casa do Senhor”.
Biblicamente isto não existe e as parábolas que estamos a analisar são a prova do que estamos dizendo.
O verdadeiro e fiel servo do Senhor, o verdadeiro e fiel mordomo, como tem comunhão com Deus, sabe qual é a vontade de Deus para a sua vida e, portanto, sabe, precisamente, o que Deus lhe confiou para que fosse feito.
“Pode ser humilde, mas se for pra Deus, ele[o trabalho, observação nossa] é contemplado lá dos altos céus. E o esforço feito não será em vão, se tiver de Cristo plena aprovação.” (3ª estrofe do hino 93 da Harpa Cristã).
Saibamos do Senhor o que Ele tem nos dado e façamos aquilo que foi ordenado, pois, certamente, granjearemos novos talentos ou minas para o nosso Senhor.
– A parábola dos talentos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor voltar. Sua volta é certa, demorará, conforme se depreende das parábolas, mas acontecerá de forma inevitável.
Quando o Senhor chegar, deveremos nos apresentar com os talentos ou minas que nos foram confiados, pois, como já dissemos há pouco, na eternidade apenas as nossas obras nos seguirão (Ap.14:13).
Estas obras serão manifestadas a todos e, no tribunal de Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e, então, o trabalho que cada um fez por meio do corpo se revelará de forma inapelável diante d’Aquele em que tudo está nu e patente (Hb.4:13).
Meditando nestas coisas, tragamos, uma vez mais, as palavras do poeta sacro: ” Posso tendo as mãos vazias, com Jesus eu me encontrar ? Nada fiz e vão-se os dias, que Lhe posso apresentar ?” (1ª estrofe do hino 16 da Harpa Cristã).
– A parábola também ensina que a administração se dá com liberdade, com livre-arbítrio.
O senhor chamou os servos e lhes deu os talentos ou as minas, tendo partido para uma terra distante. A administração ficou a exclusivo critério da vontade de cada um dos servos.
O senhor fez sua parte, usando de sua soberania, de sua supremacia, distribuindo, conforme a sua vontade, os seus bens, mas deixou inteiramente nas mãos dos servos o destino de cada bem, o uso de cada bem.
Em ambas as parábolas, houve aqueles que, crendo na soberania do senhor, resolveram obedecer-lhe, negociando e granjeando novos talentos ou minas, mas houve, também, aquele que preferiu nada fazer, que preferiu enterrar o talento ou guardar a mina em um lenço, embora soubesse que chegaria o dia do acerto de contas.
Somos criados com o livre-arbítrio e Deus permite que façamos, ou não, a Sua vontade.
Entretanto, chegará o dia em que diante d’Ele nos apresentaremos para que respondamos pela escolha que tivermos feito.
Pense nisto, pois ainda não chegou o tempo da prestação de contas, ainda é dia aceitável para que comecemos a trabalhar para o nosso Deus, que coloquemos em ação os talentos e minas que nos foram confiados.
IV – INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
(III): O SERVO NEGLIGENTE
– O terceiro elemento da parábola é o servo negligente, que foi chamado pelo senhor, na prestação de contas, de servo mau e infiel.
O servo recebeu um talento apenas, mas não é por isso que fosse mau.
Gozava da plena confiança do seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um talento. A confiança do senhor era igual para todos os servos.
O servo que recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua capacidade, de sua aptidão.
Portanto, em nada era diferente dos demais. Isto é importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo na distribuição.
– Entretanto, ao contrário dos outros dois servos, este, ao receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando, o que, em primeiro lugar,
representa desobediência ao mandado do senhor, pois, como já vimos, a ordem de negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na parábola dos talentos, deve ser inferida, na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel.
A infidelidade é consequência da desobediência.
O senhor havia se ausentado, mas continuava sendo o senhor e o servo, mesmo tendo recebido o talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era necessário a obediência.
A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo estando ele ausente, depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de vigilância, é se credenciar para o reino dos céus.
– O servo, quando resolve desobedecer, perde o temor, entendido aqui não como medo do senhor, pois não há relacionamento sincero quando se tem medo, quando se tem pavor. Temor aqui significa respeito, reverência.
O senhor ausentou-se e o servo, então, toma a iniciativa de desobedecer ao senhor, e, em virtude disto, toma o seu caminho. A parábola diz que o que recebeu um talento “foi”.
Há um problema muito grande quando vamos sem que, neste caminho, haja a orientação, a direção, a ordem do senhor.
Quando decidimos ir sem a presença de Deus, sem a orientação do Senhor, outra coisa não encontraremos senão a derrota. Por duas vezes, o proverbista salienta que o caminho que parece direito ao homem é caminho de morte (Pv.14:12; 16:25).
O servo de Deus não pode escolher o seu próprio caminho, mas deve sempre seguir a orientação divina.
O segredo da vitória está em não se desviar nem para a direita, nem para a esquerda (Js.1:7), mas em ouvir a voz do Senhor e a ela atentar: “Este é o caminho. Andai nele.” (Is.30:21”in medio”).
O servo de Deus sabe qual o caminho em que deve andar (Jo.14:4), não podendo, portanto, traçar o seu próprio caminho.
– O servo negligente traçou o seu próprio caminho e isto nos mostra que a parábola indica que o início do fracasso espiritual está, precisamente, quando o homem declara a sua autonomia em relação ao seu Senhor.
Nada impediu que o servo fosse e cavasse na terra e escondesse o dinheiro de seu senhor.
Isto nos fala do livre-arbítrio do homem e que Deus não impede os homens de desobedecerem à Sua Palavra, embora cada um tenha de prestar contas do que fez posteriormente.
– O servo negligente foi, cavou na terra e lá escondeu o talento. Este ato do servo mau e infiel mostra que as pessoas que desobedecem a Deus são pessoas que pensam apenas nas coisas desta vida.
A terra aqui simboliza as coisas desta vida, pois as coisas da terra são opostas às coisas que são de cima (Cl.3:1,2).
Quem cava na terra é aquele que ainda não está morto para o mundo, quem esconde o talento na terra é aquele que deixa que a morte, isto é, o pecado obscureça, distorça, faça desaparecer a imagem e semelhança de Deus que há em cada um de nós.
A inclinação do servo mau é a inclinação da carne, é a inclinação da morte (Rm.8:5,6).
– A desobediência e a inclinação para a morte do servo negligente foram as responsáveis pela sua condenação na continuidade da parábola.
Quando o pecado é cometido, parece que tudo se manteve inalterado. O servo mau foi, cavou na terra e escondeu o talento, não tendo sofrido por causa disto qualquer punição, não tendo, aparentemente, tido qualquer problema com esta decisão.
O senhor estava ausente e não havia quem lhe pudesse punir. Assim, também, se comportam aqueles que se desviam do caminho, aquele que mudam de rota, deixando de seguir a orientação divina.
Chegam, mesmo, como assinala o apóstolo Pedro, a banquetear com os santos (II Pe.2:13), pois são atrevidos, iludidos que estão pela aparente inoperância do senhor em virtude de sua desobediência, mas, para estes, como diz o mesmo apóstolo Pedro, não será tardia a sentença e a sua perdição não dormita (II Pe.2:3 “in fine”).
Não nos esqueçamos das contundentes palavras do profeta Jeremias: maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente! (Jr.48:10a).
OBS: Nos dias difíceis em que vivemos, têm surgido cada vez mais obreiros desta natureza, como já estava predito pela própria Palavra de Deus (II Pe.2:1).
O nosso papel não é esmorecer, mas, enquanto estes cavam na terra e escondem os talentos dados pelo Senhor, prossigamos nossas negociações, granjeemos novos talentos com os que o Senhor nos deu, para que alcancemos a vida eterna.
V – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
(IV): A PRESTAÇÃO DE CONTAS
– Muito tempo depois, disse Jesus, na parábola, o senhor veio e fez contas com eles.
É interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus fala em “muito tempo depois”.
A parábola, portanto, indica que a dispensação da graça, o tempo destinado para os servos negociarem, seria extenso.
Sem dúvida, a nossa dispensação é das mais duradouras da história, sendo maior até que o reino milenial de Cristo, uma vez que este reino durará mil anos e a graça já tem durado quase dois mil.
Esta circunstância passou despercebida pelos discípulos que se comportaram, na primeira geração da Igreja, como se Jesus viesse a qualquer momento ainda em seus dias.
A parábola mostrava que não seria assim, mas é correto aguardar Jesus a qualquer instante, até porque Jesus veio para toda aquela geração, uma vez que todos morreram e passaram para a eternidade, onde não há mais oportunidade de concerto com Deus.
– Ao falar que o senhor veio “muito tempo depois”, Jesus mostra-nos, claramente, que a parábola confirma que este é o tempo da manifestação da graça de Deus.
Nunca, em época alguma da história da humanidade, Deus mostrou-Se tão favorável ao homem como agora.
A vinda de Jesus foi a plena revelação de Deus ao homem (Hb.1:1) e, por isso, não há como negligenciarmos e desprezarmos a oportunidade que se nos deu.
Nossa responsabilidade é muito grande e não haverá como nos desculparmos diante do Senhor diante de tamanha explicitação do Seu amor.
Razão plena tem o escritor aos hebreus, quando indaga: “Como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram, testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por Sua vontade?” (Hb.2:3,4).
A punição sofrida pelo servo negligente é a justa medida pelo tamanho da incredulidade e pela intensidade do amor que lhe foi revelada no tempo da graça.
Se é verdade que nenhum homem poderá jamais se desculpar diante de Deus (Rm.1:20), não há como observar que a maior demonstração de dureza e de dura cerviz se dará ante aqueles que, tendo vivido na época da graça, se desviarem dos caminhos do Senhor, negando o Senhor que os resgatou (II Pe.2:1).
“Vede, não rejeiteis ao que fala, porque, se não escaparam o que na terra os advertia, menos nós, se nos desviarmos dAquele que é dos céus” (Hb.12:25).
– Tudo parecia indicar que nada aconteceria, que a desobediência ficaria impune e que o labor dos servos obedientes tinha sido em vão, um zelo dispensável e desnecessário.
Mas, sem que alguém esperasse, chegou o dia do retorno do senhor e, com ele, a prestação de contas.
Mais uma vez, Jesus mostra, nas parábolas, que chegará o dia em que deveremos prestar contas pelos nossos atos.
Já vimos que na parábola do joio e do trigo, do grão de mostarda e da rede, o Senhor, explicitamente, lembra os Seus discípulos de que haverá um dia de juízo, um dia de prestação de contas. Estamos preparados para ele?
– A parábola refere-se à realidade de um ajuste de contas, que é um dos aspectos da mordomia.
Como não somos donos dos dons, das habilidades e dos talentos que nos foram confiados por Deus, devemos ter a certeza de que, um dia, Deus irá requerer de nós um acerto de contas, teremos de prestar contas pelo que fizemos com aquilo que Deus nos deu.
– Demorou para que o senhor voltasse, mas, diz-nos ambas as parábolas, um dia ele voltou e determinou que os servos se apresentassem diante dele para a prestação de contas.
Muitos dizem que Jesus está tardando, que Ele está demorando (II Pe.3:3,4) e acabam descuidando daquilo que Deus os confiou, passando a ter uma vida negligente.
Entretanto, este dia chegou e o servo infiel e negligente foi apanhado de surpresa, nada tendo que apresentar ao senhor senão prejuízo, senão perda.
Da mesma forma, num dia e hora que não temos como saber (Mt.24:13), o Senhor voltará e teremos de lhe prestar contas, no evento que as Escrituras denominam de Tribunal de Cristo (Rm.14:10,12; II Co.5:10).
– Como os dons, os talentos e as habilidades são do Senhor, não temos como achar que podemos deles fazer o que quisermos.
Teremos de prestar contas diante de Deus quanto ao seu uso e isto não apenas os crentes, que o farão no Tribunal de Cristo, mas todos os seres humanos, pois todos somos mordomos de Deus pelo simples fato de termos sido criados por Ele.
É por isso que todos os homens serão julgados, inclusive os ímpios, só que tal julgamento se dará em outra ocasião, qual seja, o juízo do trono branco (Ap.20:11-15).
– Antes mesmo deste julgamento definitivo, seja no Tribunal de Cristo, para os salvos, seja o juízo do trono branco, para os que não forem arrebatados com a Igreja, há, para cada indivíduo, um juízo provisório, um julgamento preliminar, onde se determina onde a pessoa aguardará o julgamento definitivo, que é o juízo mencionado em Hb.9:27,
que se dá após a morte da pessoa, quando, então, como Jesus nos explica na história do rico e Lázaro, o homem interior (alma+espírito) é encaminhado para o Hades ou para o seio de Abraão, aguardando ou o arrebatamento da Igreja, ou a ressurreição para o juízo do trono branco.
– Nunca nos esqueçamos de que Deus, por ser o Senhor, é, também, por isso mesmo, o Reto e Supremo Juiz de toda a Terra(Gn.18:25; Jr.11:8; II Tm.4:8) e que, por isso, julgará a todos os homens.
– O julgamento apresentado na parábola começa com os servos fiéis. Os servos apresentaram as suas obras e, em tendo sido elas aprovadas, tiveram a oportunidade de serem reconhecidos pelo senhor e de serem convidados a entrar no seu gozo.
Este julgamento mostra-nos a realidade do Tribunal de Cristo, o local destinado para os que pertenceram à Igreja sejam julgados pelas suas obras (sobre o Tribunal de Cristo, recomendamos leitura nosso estudo As bodas do cordeiro, na seção Estudos Bíblicos do Portal Escola Dominical).
– O Tribunal de Cristo é exclusivo para os servos bons e fiéis e terá lugar depois do arrebatamento da Igreja e antes da ceia das bodas do Cordeiro. Nele, os salvos serão julgados pelo que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (II Co.5:10).
O Senhor, ali, verificará o que foi dado ao servo e o que ele granjeou com o que lhe foi dado.
A mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos é absolutamente idêntica ao que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho de ambos foi, também, igual.
Ambos duplicaram os talentos que receberam, ambos exerceram a plenitude de sua capacidade na obra do Senhor, ambos tiveram dedicação integral, de sorte que ambos tiveram o mesmo galardão.
Não foi, porém, pelas obras que cada um chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua fidelidade e obediência.
– Notemos que o Senhor primeiro atenta para o fato de os servos serem bons e fiéis, ou seja, os servos tinham a mesma natureza divina, pois são chamados de bons e só há um que é bom, o próprio Deus (Lc.18:19).
Para que ingressemos no gozo do Senhor, teremos de ser participantes da natureza divina, o que se obtém única e exclusivamente pela separação do pecado, pela santificação.
Mas, também, o senhor disse a cada um dos dois servos que eles eram fiéis, ou seja, tinham confiado no seu senhor, negociado os talentos como lhes fora mandado, porque deram crédito à palavra dele que voltaria logo.
Como haviam sido fiéis no pouco, isto é, no que lhes havia sido entregue, tinham condições de participar do muito, ou seja, do gozo do senhor.
Como haviam administrado bem parte do patrimônio do senhor, agora tinham condições de desfrutar do patrimônio todo.
Como queremos ter acesso à glória, se nem sequer cuidamos dos dons, naturais e sobrenaturais, que o Senhor nos confiou?
– O julgamento do servo mau, porém, já não diz respeito ao Tribunal de Cristo.
Refere-Se o Senhor, aqui, ao juízo final ou juízo do trono branco, já que os ímpios serão julgados nesta oportunidade, onde haverá, sim, condenação, ao contrário do Tribunal de Cristo, onde os que forem julgados jamais perderão a salvação, ainda que sejam salvos como que pelo fogo (I Co.3:15).
Aliás, é importante observar que, nas parábolas, Jesus sempre mostra que os ímpios são tratados posteriormente aos justos.
Na parábola do joio e do trigo, o trigo é ajuntado no celeiro, mas, antes, o joio, que foi colhido primeiro, é atado em molhos para ser queimado, o que acontece depois de o trigo ter sido juntado no celeiro (Mt.13:30,41-43).
Na parábola da rede, os maus são separados de entre os justos e, então, lançados fora (Mt.13:49,50). Assim, as parábolas bem ilustram a correção da doutrina dita milenista.
– O servo mau surge com desculpas, num comportamento bem diferente daquele que foi apresentado pelos servos bons.
Estes se limitaram a dizer que haviam recebido talentos e que, ao negociarem, haviam granjeado outro tanto.
Já o servo mau iniciou uma argumentação que tinha por finalidade justificar o seu erro. Assim procede o homem no pecado: tenta sempre encontrar uma justificativa para o seu erro.
Mas a Bíblia diz que os pecadores são inescusáveis, ou seja, não têm qualquer desculpa diante de Deus (Rm.1:20).
Como costuma afirmar nosso cônjuge, depois que inventaram a palavra “desculpa”, ninguém se preocupa mais quando erra.
Todavia, assim como no dicionário de Deus não há a palavra “impossível”, também a palavra “desculpa” ali não se encontra.
– Alegou o servo mau, em primeiro lugar, que conhecia o senhor. Mentiu. Se conhecesse, mesmo, o senhor, teria se empenhado em negociar os talentos.
Quem o diz é o próprio senhor, na parábola, que afirma que, pelo menos, o servo mau deveria ter se preocupado em não causar a perda do poder aquisitivo do patrimônio que lhe fora confiado(Mt.25:26).
Conhecer não é ter mera impressão intelectual, mas, bem ao contrário, desfrutar de intimidade, ter o mesmo sentimento.
Quem peca não conhece a Deus nem de Deus é conhecido, tanto que, aos pecadores não arrependidos, o Senhor dirá no dia do juízo: “nunca vos conheci”. (Mt.7:23a). Quem conhece a Deus, segue o caminho determinado por Ele e não os seus próprios caminhos.
– Alegou o servo mau, em segundo lugar, que o Senhor era um homem duro, que ceifava onde não semeara e ajuntava onde não espalhara. Vemos aqui a segunda característica do pecador: ele sempre culpa Deus pela suas próprias faltas.
Foi, assim, no Éden, quando Adão atribuiu a Deus o pecado cometido, já que for induzido pela mulher que, afinal de contas, lhe fora dada pelo próprio Deus.
O pecador sempre acusa alguém, porque está sob o domínio do inimigo, do diabo, que é o “acusador”.
O servo mau é acusador, é o caluniador por excelência que, aproveitando-se de diferenças pessoais com alguém, em plena reunião, procura desmoralizar o desafeto, manchar a sua honra.
O servo mau é aquele que, ao injuriar e difamar o próximo, está, na verdade, injuriando e difamando o Criador do próximo.
Não receia em falar mal, fala até diante do senhor, mas sua perdição e condenação não tardam, dizem as Escrituras.
– O servo mau chama de duro o senhor que lhe havia confiado graciosamente um talento, quantia que jamais teria por esforço próprio.
Quantos, nos nossos dias, não têm culpado Deus, negado até a existência de Deus, usando da vida que Deus lhe deu e que ele jamais conseguiria ter por conta própria, para fazê-lo?
Quantos não acusam Deus de ser impiedoso e cruel porque mandará pessoas para a perdição eterna, e, enquanto o fazem, pecam desmedidamente, escandalizam o evangelho, muitas vezes até, sob a paciência deste mesmo Deus injustamente acusado?
– O servo mau chama o senhor de ladrão. Colher onde não se semeou é invadir terreno alheio, é apropriarse do alheio, é chamar o senhor de ladrão.
O servo mau esqueceu-se de que era um simples mordomo e se fez dono do talento que recebeu, dando o destino da sua vontade, típica atividade de proprietário, como vimos supra na definição de Windscheid. Entretanto, o talento não era dele, mas, sim, do senhor.
O servo mau é aquele que confunde os papéis e age como senhor sendo servo e, por isso, acaba por enxergar em Deus, em Jesus um usurpador da sua vida.
Entretanto, a vida não nos pertence, nós não nos pertencemos. Cuidado.
Se você acha que a vida é sua, que você é dono de seu nariz, a sua mentalidade é a do servo mau e o fim deste pensamento será as trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes!
– O servo mau, por fim, chama o senhor de cobiçoso. Ajuntar onde não se espalhou é uma expressão proverbial que indica um desejo ilegítimo de crescimento, uma ganância.
O servo mau, entretanto, ao assim se referir ao senhor denuncia a sua própria ganância. Ele havia se apropriado indevidamente do talento recebido e o enterrara porque sabia que tudo que granjeasse seria do senhor e não dele.
O servo mau era o verdadeiro ganancioso, o cobiçoso do alheio, tanto que causou a diminuição do patrimônio do senhor, que perdeu o poder aquisitivo do talento entregue, que, se estivesse com os banqueiros, pelo menos recuperaria o que se perdeu com a inflação.
O pecador, mostra-nos Jesus nesta parábola, é ganancioso, é cobiçoso. Não poderia ser diferente pois o pecado é resultado da concupiscência, ou seja, da cobiça (Tg.1:15). Aqui se cumpre o adágio popular: “quem tudo quer, nada tem”.
– Na parábola, o servo mau diz que teve medo do senhor. Não adianta ter medo de Deus.
É preciso ter respeito, reverência, mas não, medo. O servo mau alegou ter medo de Deus e por isso não Lhe obedeceu. É assim mesmo: quem tem medo, não obedece.
Pode até fazer o que se manda, mas isto não é obedecer, pois a obediência é uma ação voluntária, não forçada. Não podemos mostrar aos homens um Deus irado, cruel e pronto a castigar.O medo de Deus não resolve.
Na Grande Tribulação, os homens terão medo de Deus, que estará derramando terríveis juízos sobre a Terra, mas não se arrependerão de seus pecados, pois medo não transforma, não torna ninguém obediente.
O servo mau teve apenas medo de Deus, por isso pecou. Igreja, não tenha medo de Deus nem ponha medo de Deus em ninguém, mas tome uma decisão firme de amar a Deus e, com isso, respeitá-l’O e obedecer-Lhe.
OBS: “Ajuntar onde não espalhou” deve ser entendido dentro do contexto da agricultura dos dias de Jesus.
Após a colheita, os agricultores faziam o joeiramento, ou seja, a separação entre os grãos e a palha, mediante o lançamento da mistura de grãos e palha para o ar.
O grão, mais pesado do que a palha, caía, enquanto a palha era soprada pelo vento.
Este é o “espalhar” mencionado na parábola. Depois, os grãos eram recolhidos em montes, onde, normalmente, o fazendeiro permanecia durante a noite para assegurar que não houvesse roubo (Rt.3).
Assim, quem ajuntava sem ter espalhado era o ladrão que, depois do joeiramento, vinha e recolhia os grãos obtidos pelo verdadeiro proprietário. A versão da Bíblia na linguagem de hoje, inclusive, usa “joeirar” ao invés de “espalhar” no texto da parábola.
– O servo mau mente ainda mais uma vez ao dizer ao senhor “aqui tens o que é teu”.
O servo não devolveu o que havia recebido do senhor. Diante do longo tempo decorrido, o talento devolvido não tinha o mesmo valor do talento que havia sido entregue.
O tempo passou e, como a vida é dinâmica, o patrimônio recebido se desvalorizou, tanto que o senhor diz que, se o servo mau quisesse mesmo apenas devolver o que lhe havia sido dado, teria entregado o talento ao banqueiro para que este o negociasse e, assim, não houvesse perda de valor.
O servo mau se apropriou de parte do valor do talento ilegitimamente, pois não era o dono.
Assim ocorre com aquele que não usa o dom que Deus lhe deu. Ele retém ilegitimamente e o dom não será simplesmente devolvido ao Senhor, pois haverá um prejuízo irreparável,
pois o bem que deveria ter sido feito com aquele dom, a glória que deveria ter sido dada a Deus através daquele dom nunca terá sido concretizada e, como sabemos, quatro coisas não voltam atrás: o tempo passado, a oportunidade perdida, a palavra dita e a pedra atirada.
O servo mau não teria mais condições de repor o valor perdido e, por isso, era praticante de uma injustiça, de uma iniquidade.
– O servo mau nada tinha e o que possuía, a confiança do senhor, perdeu.
Foi-lhe tirado o talento e dado ao servo com dez talentos, tendo, então, perdido a sua condição de servo e lançado fora, nas trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.
O destino daquele que trai a confiança do Senhor é triste, muito triste. Não há como escaparmos se não atentarmos para a salvação, se não formos obedientes ao Senhor.
Enquanto é tempo, negociemos os talentos, porque o Senhor virá e, na prestação de contas, não haverá misericórdia.
VI – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DAS MINAS
(I): O HOMEM NOBRE
– Já falamos da semelhança entre as parábolas dos talentos e das minas, a ponto de alguns estudiosos entenderem se tratar da mesma parábola. Entretanto, em virtude de algumas nuanças, assim não compreendemos,
como também o ilustre comentarista deste trimestre, que, inclusive, faz alusão a esta parábola, dela, porém, não tratando. Em virtude da grande semelhança e das diferenças, entendemos ser de todo oportuno que acresçamos a este estudo também esta parábola.
– Tanto na parábola das minas, quanto na dos talentos, Jesus mostra-nos a existência de um Senhor, que é o dono de todas as coisas.
Em Lucas, Jesus afirma que havia um “certo homem nobre”(Lc.19:12. Na versão NVI consta “um homem de nobre nascimento”), enquanto que, em Mateus, é dito que havia “um homem [que] entregou os seus bens” (Mt.25:14).
Na parábola das minas, as características apontadas para este “homem” revelam que se trata de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Na parábola das minas, este homem é indicado como sendo alguém de nobre nascimento, ou seja, alguém de uma estirpe, de uma classe diferente e superior às dos demais homens.
Os nobres, aliás, não só naquela época mas, ainda hoje, nos países que adotam a monarquia como regime de governo, são os membros de famílias proeminentes, de famílias dotadas de parentesco com a família real, de famílias que têm (ou tinham) domínio sobre parcelas do território do país.
São os ” homens de sangue azul”, como eram e ainda são denominados nestes países.
A nobreza de Jesus está demonstrada nas Escrituras em vários aspectos, a saber:
a) biológico – o fato de que só Ele foi gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:35);
b) moral-religioso – Jesus foi o único que cumpriu a lei de Moisés (Mt.5:17,18; Jo.19:28);
c) espiritual – Jesus, embora em tudo fosse tentado, jamais pecou (Jo.8:46; Hb.4:15).
– Mas não era apenas a nobreza que caracterizava o homem da parábola. Além de nobre, o homem era rico, pois tinha bens muito valiosos.
As duas parábolas mostram-nos que o homem era possuidor de bens, tanto que os entregou aos seus servos.
Isto nos mostra que, além de ter bens, o homem tinha servos à sua disposição, o que revela a condição econômico-financeira considerável deste homem.
Este homem, que representa Jesus e o próprio Deus (pois ‘Eu e o Pai somos um’, como ensinou o próprio Jesus em Jo.10:30), era o proprietário dos bens que foram entregues aos servos, ou seja, era o seu dono.
O nosso Deus é o dono de todas as coisas (Sl.24:1), inclusive das riquezas materiais (Ag.2:8).
Esta realidade nós jamais podemos perder de vista e é aqui repisada, uma vez mais, por Jesus. Deus é o dono, portanto, entrega os Seus bens a quem quer para que dele se faça o que ele quer.
– Por isso, temos que o Senhor concede talentos ou minas a todos os homens, indistintamente.
Verdade é que somente os salvos têm acesso às bênçãos espirituais, que se encontram nos lugares celestiais em Cristo (Ef.1:3), mas o fato é que tudo o que temos é dado por Deus, de forma que tudo é dádiva divina em nossas vidas, a começar pela própria vida.
Temos, assim, tanto dons naturais quanto dons sobrenaturais.
Os dons naturais são as aptidões, as habilidades que resultam do temperamento de cada um, adequadamente desenvolvidos na medida em que convivemos em sociedade, quando, também adquirimos o caráter.
Assim, há pessoas que cantam bem, outros que são habilidosos em cálculos matemáticos, outros que desenham primorosamente, quem tenha uma criatividade aguçada, outro que tem facilidade em se expressar verbalmente e assim por diante.
Todos estes dons são dados por Deus pelo simples fato de nosso nascimento e se constituem, sim, em talentos ou minas fornecidos pelo homem nobre.
OBS: “…Visto que suas capacidades naturais vieram de Deus, elas são tão importantes e ‘espirituais’ quanto seus dons espirituais. A única diferença é que você as recebeu no nascimento…” (WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. Trad. de James Monteiro dos Reis, p.209).
– Ao lado destes dons naturais, temos os dons sobrenaturais, ou seja, capacidades dadas pelo Espírito Santo àquele que, aceitando Cristo como seu Senhor e Salvador, passa a pertencer à Igreja.
Estes dons (o batismo com o Espírito Santo, os dons ministeriais, os dons espirituais, as operações divinas) também devem ser exercidos pelo salvo para a glorificação do Senhor, assim como os dons naturais.
Devemos estar plenamente conscientes de que ninguém, neste mundo, tem os mesmos dons que nós e que, portanto, só nós poderemos exercer adequadamente o serviço que nos foi confiado pelo Senhor, que não dá estes dons sem que tenha o propósito que nós o utilizemos.
OBS: “…Você foi moldado para servir a Deus. Deus formou cada criatura neste planeta com uma qualificação especial.(…).
Cada um tem um papel especial para cumprir conforme foram moldados por Deus. O mesmo se dá com os humanos.
Cada um de nós foi concebido, ou ‘moldado’, com exclusividade para a realização de determinadas tarefas.(…).
Antes de Deus o criar, Ele decidiu que papel queria que você desempenhasse na terra. Ele planejou exatamente como queria que você O servisse, então o moldou para essas tarefas.
Você é da forma que é porque foi feito para um ministério específico(…).Você é uma obra de arte feita manualmente por Deus.
Você não foi feito em uma linha de montagem de produção em massa, sem ter sido objeto de reflexão. Você é uma obra-prima exclusiva e feita sob medida.…” (WARREN, Rick. Uma vida com propósitos. Trad. de James Monteiro dos Reis, p.203).
– Nesta parábola, o detalhista Lucas esclareceu que o homem nobre partiu para uma ” terra remota” e que era objetivo daquele homem tomar aquele reino para si (ou na versão NVI , “uma terra distante para ser coroado rei”)(Lc.19:12).
Assim, ao lado da ideia da ausência física de Jesus durante a dispensação da graça, que já explicamos na parábola dos talentos, temos aqui a ideia de que o lugar para onde o Senhor foi era bem diferente do que estariam os Seus servos, o que nos traz uma revelação profunda a respeito da distinção entre o nosso universo relativo e o céu.
De qualquer modo, é uma indicação que rejeita fábulas como as dos mórmons, que afirmam ter Jesus Se manifestado a judeus errantes que habitariam, à época, no continente americano.
A parábola, também, mostra-nos que o fato de Jesus não ter Se estabelecido como Rei de Israel não era motivo para que fosse rejeitado, visto que o homem nobre tinha partido com esta finalidade ainda presente em seus propósitos. Uma vez mais, vemos aqui uma ilustração que confirma a doutrina milenista.
– A parábola confirma a ideia de que o dono não informou quando voltaria.
Diz o texto de Lucas que ele voltaria “depois” (Lc.19:12), enquanto que o texto de Mateus nos informa que “muito tempo depois veio o senhor daqueles servos” (Mt.25:19).
Segundo as parábolas, portanto, não definiu o dono quando haveria de voltar e que isto até demorou a acontecer, mas que, certamente, ele voltaria, como, efetivamente, voltou.
Do mesmo modo procedeu Jesus com relação à Igreja: disse que vai voltar, mas não disse quando, nem podemos afirmar quando isto ocorrerá (Mt.25:13).
Os servos, embora não soubessem a data do retorno do seu senhor, tinham a certeza de que ele voltaria e que, quando isto acontecesse, haveria o acerto de contas, a prestação de contas do que haviam feito com os bens que lhes foram confiados.
De igual maneira, os servos de Jesus, os verdadeiros cristãos, embora não saibam quando o Senhor irá voltar, têm certeza de que isto acontecerá e, portanto, devemos estar preparados e prontos para esta prestação de contas.
Muitos crentes cantam e louvam a volta de Jesus, sonham em participar das bodas do Cordeiro, quando o próprio Mestre irá nos servir e isto é muito bom e bíblico.
No entanto, não nos esqueçamos de que, antes das bodas do Cordeiro, terá lugar o tribunal de Cristo, o acerto de contas com o Senhor pelos bens Seus que ele nos confiou e que tal experiência não será agradável para muitos, que serão como que salvos pelo fogo (I Co.3:15).
Certa feita, presenciamos uma cena de uma pessoa que saía de um prédio em chamas.
Estava com diversas queimaduras, algumas graves, tinha mesmo até algumas chamas em seu corpo, mas seu sorriso era de alegria, porque havia saído com vida da tragédia.
Esta será a mesma sensação do salvo arrebatado que se submeter ao tribunal de Cristo: alegre pela sua salvação, mas coisa alguma além dela.
Que Deus nos guarde e que possamos ser daqueles que serão galardoados pelo Senhor (I Co.3:14), pois Deus é o galardoador dos que O buscam (Hb.11:6 “in fine”).
VII – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DAS MINAS
(II): A DISTRIBUIÇÃO DAS MINAS AOS SERVOS E A ORDEM DE NEGOCIAR
– O segundo elemento da parábola das minas são os dez servos que são chamados pelo homem nobre, o qual distribui as suas minas a eles.
A mina é a sexagésima parte do talento e seu nome significa “porção, parte”.
Das designações dos bens que foram confiados aos servos, na conjugação das duas parábolas, descobrimos que Deus dá a cada homem o “todo” correspondente ao indivíduo, ou seja,
Deus nos entrega aquilo que está no limite da nossa capacidade, mas este “todo”, esta “soma total” do homem nada mais é do que uma “porção”, uma “pequena parte” daquilo que está nas mãos do Senhor.
Em Deus, não há mesquinharia; em Deus, não há bênção por medida, regateada ou chorada.
Nosso Deus é o Deus da totalidade, mas esta totalidade, relativamente considerada, é apenas uma pequena parte do que é de Deus, pois é próprio de Deus o infinito, o que está além de nossa imaginação.
– Na parábola das minas, entretanto, não houve uma distribuição desigual, tendo cada um dos dez servos recebido cada uma das dez minas.
Isto nos fala de que a fidelidade não se encontra apenas entre aqueles que têm aptidões e capacidades distintas, mas que deve estar, também, presentes naqueles que têm a mesma capacidade, o mesmo nível de aptidões.
Nem todos exercem as mesmas funções no corpo de Cristo, como vimos, mas há, dentro do corpo, aqueles que exercem funções idênticas. Nem todos são estômago no organismo humano, mas há um grupo de células que formam o estômago e seus tecidos e que exercem as mesmas funções.
Aqui vemos que, em Deus, há uma verdadeira isonomia, ou seja, a igualdade de todos perante a lei, que, embora propalada na lei dos homens, é uma realidade para Deus. Isonomia é o tratamento igual para os iguais e os desiguais, desigualmente.
– Está aqui uma nuança que distingue a parábola das minas da parábola dos talentos.
Enquanto na parábola dos talentos o destaque é dado à diferença de capacidade de cada um dos servos, aqui Jesus nos fala de iguais capacidades.
Não se trata, portanto, da mesma lição, mas de um aprofundamento até da lição da parábola dos talentos, algo que já vimos ao estudarmos a parábola da grande rede, que é um detalhamento da lição dada na parábola do joio e do trigo.
Eis o motivo por que entendermos que a parábola das minas é distinta da parábola dos talentos, respeitando as vozes discordantes.
– Outra diferença digna de nota é que, na parábola dos talentos, é dada uma quantia considerável a cada servo.
Já a mina é uma quantia pequena, a sexagésima parte do talento, tendo cada um recebido tão somente uma mina.
A parábola mostra-nos que Deus também é o Deus que cuida e Se preocupa com as coisas pequenas, que não devem ser desprezadas (Zc.4:10a).
Tudo o que recebemos de Deus, seja algo grandioso, que se sobressaia diante dos homens, seja algo pequenino, que os homens nem percebam, deve ser usado na obra de Deus com igual dedicação e zelo.
– A parábola das minas, além do mais, é explícita com relação à ordem dada pelo senhor aos servos. É dito que o senhor disse aos seus servos: “Negociai até que eu venha.” (Lc.19:13).
Esta ordem do homem nobre é mais um elemento a identificá-lo com o Senhor Jesus, já que é, precisamente, o que o Senhor ordena aos discípulos nas Suas “últimas instruções”, como se lê em Jo.15:16 e em Mc.16:15.
Por causa desta ordem, Paulo se considerava um devedor (Rm.1:14-16) e dizia: “ai de mim se não anunciar o evangelho!” (I Co.9:16b).
Se o maior evangelista do Novo Testamento assim se manifesta, como será que devemos nos manifestar frente ao que estamos fazendo para Deus?
– A ordem de negociar deveria ser exercida até que o homem nobre voltasse.
Jesus disse, inclusive, que ele só voltou depois que tomou o reino. Isto nos mostra que a tarefa da evangelização só deve terminar quando Jesus instituir o Seu reino sobre a Terra, ou seja, no milênio.
É verdade que a Igreja cessará a sua parte nesta evangelização quando do arrebatamento, porém a evangelização prosseguirá na Grande Tribulação, primeiramente por conta das duas testemunhas e dos 144.000 e até por conta de seres angelicais (o evangelho eterno).
Mas o fato é que o evangelho continuará a ser pregado até que o Senhor tenha Se estabelecido no reino de Israel, quando, então, o reino de Deus atingirá toda a Terra e haverá o desfrute do evangelho.
Como Jesus não veio ainda, não temos qualquer desculpa para deixarmos de continuar negociando. Mãos ao trabalho, salvos !
VIII – A INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DAS MINAS
(III): O HOMEM NOBRE, SEUS CONCIDADÃOS E A PRESTAÇÃO DE CONTAS
– Na parábola das minas, Jesus dá informações a respeito da própria missão do homem nobre fora da terra, o que não diz na parábola dos talentos.
Já temos sabido que o homem nobre se ausentou para tomar o reino. Há quem, erroneamente, interprete esta passagem com a descida de Cristo ao inferno, onde teria tomado a chave da morte e do inferno.
Trata-se, aliás, de um episódio muito caro à doutrina da “confissão positiva”, em especial aos “movimentos da fé”.
Não é aqui o lugar nem o momento para uma discussão a respeito deste assunto, mas a parábola não serve para ilustrar esta posição. E por que não?
– Simplesmente, porque Jesus diz, na parábola, que, depois que foi dada a ordem de negociação das minas, o homem nobre foi aborrecido pelos seus concidadãos (Lc.19:14).
Ora, não há como considerar que o diabo e seus anjos sejam “concidadãos” de Cristo, o que ocorreria caso a interpretação mencionada estivesse correta.
Jesus estabeleceu, na Sua primeira vinda, um reino que não é deste mundo, mas isto não significa que não se cumprirão as profecias que informam que Ele reinará sobre Israel e sobre toda a Terra, o que se dará no milênio.
Por ora, os seus concidadãos, isto é, os judeus, aborrecem-n’O, mas chegará o dia em que O receberão. Neste dia, inclusive, cessará a tarefa da evangelização.
– Como ensinou Paulo nos capítulos 9 a 11 da epístola aos romanos, a rejeição de Israel é a razão de ser de nossa dispensação e é motivo de alegria para os gentios.
Entretanto, a obediência final do remanescente israelita trará muito maiores bênçãos ao nosso planeta que a sua rejeição.
É isto que Cristo ilustra na parábola das minas, numa ocasião bem apropriada para um grupo de discípulos que, como já vimos, ansiava pela restauração do reino de Israel para aqueles dias.
– Por causa das próprias circunstâncias da parábola, Jesus fez questão, também, de confirmar aos Seus discípulos as promessas que já havia dito de que eles participariam do governo pessoal de Cristo(Mt.19:28).
Os servos, na parábola das minas, são recompensados com autoridade sobre cidades do reino, que é uma ilustração de que a Igreja reinará com Cristo no milênio, de que seremos participantes ativos do governo pessoal do Senhor (Ap.20:4).
A Igreja não participa apenas da glória do Senhor, mas também do governo, como nos deixa aqui indicado esta parábola, o que não fora revelado na parábola dos talentos. Só os que se submeterem a Cristo, reinarão com Ele.
– Quanto à prestação de contas, segue a parábola das minas o mesmo itinerário da parábola dos talentos.
Os servos fiéis são recompensados com cidades e o servo mau tenta se justificar diante do Senhor, chamando-o de rigoroso, de ladrão e de ganancioso.
A mina não foi enterrada, mas guardada num lenço, atitude similar e que se explica pela diferença dos objetos.
É o mesmo comportamento do “…homem que se satisfaz com uma vida ‘moral’, mas não pratica o bem positivo pelo próximo; assemelha-se ao ex-beberrão que pensa que atingiu ao clímax da virtude simplesmente porque não bebe mais.
É como o membro de igreja que se ufana de sua frequência à igreja. Diz ele, em seu orgulho, ‘Não faltei um só domingo de culto ou dia de oração o ano inteiro!’
Porém, quanto bem positivo ele praticou em prol de outras pessoas? Quantas almas ele trouxe para Cristo?
Quanto ele praticou da lei do amor? Quanto esforço desenvolveu para descobrir e desenvolver ‘sua missão’ entre os homens? Pois todos os homens têm uma missão sem igual.…” (CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, com. Lc.19:20, v.2, p.187).
– Por fim, na parábola das minas, ao anunciar o destino do servo mau, Jesus, ainda, esclarece que será o mesmo destino dos concidadãos que não queriam que o homem nobre reinasse sobre eles (Lc.19:27).
Desobedecer a Jesus, não fazer o que Ele manda é rejeitá-l’O, é não aceitar que Ele reine sobre nós.
O reino de Cristo somente virá até nós se nós nos submetermos a Ele. Quão diferente é o ensino de Jesus da “confissão positiva”! Quão diferente é o ensino de Jesus daqueles que querem servir a Deus “do seu modo”, da “sua maneira”.
Quem não tiver a Cristo como Senhor, quem não se submeter à Sua vontade, morrerá espiritualmente e será executado diante do Reto e Supremo Juiz no julgamento final. Que Deus nos guarde!
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: PORTALEBD.ORG