JUVENIS – LIÇÃO 12 – AS PALAVRAS DO REI LEMUEL
INTRODUÇÃO
Nesta lição Estudaremos o Ultimo Capitulo do Livro de Provérbios , O próprio texto não dá informações sobre esse homem, exceto que ele tinha uma mãe piedosa que lhe ensinou os conceitos aqui repetidos.
O nome “Lemuel” significa “devotado a Deus”. Várias conjecturas “aumentam” (ou confundem) o nosso conhecimento a seu respeito, Esta seção contém a instrução da mãe do rei ao seu filho.
O rei Lemuel e a sua mãe provavelmente não eram israelitas, embora nada se saiba com certeza acerca deles. As lições do texto, no entanto, são claras e significativas.
- LEMUEL CUIDADO COM O VINHO (VSS 4-7)
Os vss. 2-7 fornecem uma longa advertência contra o uso imoderado das bebidas fortes, o que também é um tema comum no livro de Provérbios. Essa prática, tão usual entre os monarcas orientais, era um “vício de corte” especial.
Os festejos constantes eram sempre acompanhados pela bebedeira. Lemuel estaria subjugado à pressão de seus pares para dar festas de vinho, Cf. este texto com Pv. 20.1; 23.20,21,29-35. Um rei precisa ter a mente desanuviada, se quiser governar bem.
As bebidas alcoólicas anuviam a mente, atrapalham a memória e causam uma conduta escandalosa, coisas impróprias para um rei alegadamente sábio.
Essa linha estende a proibição da ingestão de vinho a todos os governantes, incluindo os subordinados do rei, os seus oficiais. Como é natural, eles também se envolviam nas festas de vinho e no deboche que, naturalmente, as acompanhava.
Ver no Dicionário os seguintes verbetes; Bebida Forte, Bebedice; Bebida, Beber e Alcoolismo, quanto a um tratamento completo sobre o assunto, Cf. também este versículo com l Reis 16.9; 20.16; Eclesiastes 10.17. A perversão da justiça como resultado da folia também foi observada por Is. 5.22,23. com o conselho de Paulo contra esse abuso, em I Cor. 7.31.
Maus Exemplos. Ver os casos de Elá (I Reis 16.8,9), Ben-Hadade (I Reis 20.16) e Belsazar (Dan. 5.2-4), e cf. Osé. 7.5; Isa. 28.7; 56.12 e Efé. 5.18.
Não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte (4) e assim pervertam o juízo (5). O sábio, evidentemente, reconhece o uso do vinho como remédio em algumas situações (6; cf. 1 Tm 5.23) e como um sedativo para criminosos que estão sofrendo (6-7).
“O fato de Jesus ter recusado o vinho que lhe foi oferecido na cruz (Mc 15.23) provavelmente foi registrado para chamar atenção ao seu reinado, especialmente na cruz, e ao seu julgamento sobre o pecado e a morte”.
PALAVRAS HEBRAICAS PARA “VINHO”.
De um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho” na Bíblia.
(1) A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não-fermentado (ver Ne 5.18, que fala de “todo o vinho [yayin]” = todos os tipos).
(a) Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gn 9.20,21; 19.32-33; 1Sm 25.36,37; Pv 23.30,31).
Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do AT, notadamente Pv 23.29-35 (ver a próxima seção).
(b) Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não-fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida.
Isaías profetiza: “já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares” (Is 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: “fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo” (Jr 48.33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jr 40.10, 12).
Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de “trigo e vinho” (Lm 2.12).
O fato do suco de uva não-fermentado poder ser chamado “vinho” tem o respaldo de vários eruditos.
A Enciclopédia Judaica (1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel] (Sanh, 70a)”.
Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da fermentação.” O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de “vinho [yayin] do lagar” (Baba Bathra, 97a).
E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado” (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923). Para um exame de oinos, o termo equivalente no grego do NT, à palavra hebraica yayin.
(2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”.
Tirosh ocorre 38 vezes no AT; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Is 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11.14; Pv 3.10; Jl 2.24). Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado”.
Tirosh tem “bênção nele” (Is 65.8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Pv 20.1) e causa embriaguez (ver Pv 23.31).
(3) Além dessas duas palavras para “vinho”, há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no AT, e freqüentemente no mesmo contexto — shekar, geralmente traduzida por “bebida forte” (e.g., 1Sm 1.15; Nm 6.3).
Certos estudiosos dizem que shekar, mais comumente, refere-se a bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara.
A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar, aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída.
Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não-fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O Uso de Vinho no Velho Testamento”, dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979).
Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
Pv 31.5 Para que não bebam, e se esqueçam da lei.
Depois de beber excessivamente, quem pensaria na lei e em suas instruções? A lei era o guia dos judeus (ver Dt. 6.4 ss.).
Na lei está a vida (ver Dt. 4.1; 5,33; Ez. 20.1). Ela tornava Israel distinta entre as nações (ver Dt. 4.4-8).
Talvez toda essa conversa sobre a lei nos permite compreender que Lemuel e sua mãe se converteram à fé hebraica, mas alguns vêem nisso uma indicação de que o nome Lemuel é apenas um artifício literário, dando várias fontes informativas aos Provérbios a fim de fomentar sua universalidade.
Um dos piores resultados específicos da ingestão de bebidas alcoólicas é a perversão da justiça, a qual é um dos principais interesses dos reis. As bebidas fortes atingem um rei em um ponto vital, e ele terminará sendo um rei pervertido com um estilo de vida duvidoso, conforme aconteceu com tantos reis orientais.
Um rei que beba acabará envolvendo-se na opressão, e seus companheiros de boêmia complicarão a vida em todo o reino.
A perversão da justiça, em resultado da libertinagem, também é observada em Is. 5.22,23. Ver também I Co 7,31, Eclesiastes 2.3.
E os aflitos, que mais necessidade têm da ajuda do rei, terminam oprimidos, em vez de auxiliados, e isso seria uma grande injustiça que corromperia o reino. Quanto a aflitos, Pv. 22.4.
Somos informados sobre a história de certa mulher que fez um apelo a Filipe, rei da Macedônia, quando esse monarca estava embriagado.
Ele deu um julgamento desfavorável acerca da mulher, pelo que ela disse: “Devo apelar para Filipe, mas somente quando ele estiver sóbrio”. Isso o levou a ter um segundo pensamento, mais sóbrio. Ele revisou o caso quando estava sóbrio e, dessa vez, tomou uma decisão favorável à mulher.
Pv 31.6 Dai bebida forte aos que perecem.
Abstinência total não é recomendada aqui. Há certas ocasiões em que beber ou fazer substancia do suco de uva com água seria um pouco útil , pelo menos de acordo com a estimativa da mãe de Lemuel. Uma dessas ocasiões é quando a Pessoa estiver sofrendo.
O álcool pode suavizar as dores. O soldado ofereceu a Jesus uma bebida forte, estando Ele na cruz, mas o Senhor rejeitou a bebida (ver Mt. 27.34).
m nossos dias existem maneiras mais eficazes de aliviar a dor. Mas no antigo ocidente norte-americano o whisky era um anestésico comumente usado para aliviar as dores quando se tinha de extrair uma bala de um homem, ou quando uma pessoa era submetida a cirurgias.
Pv 31.7 Para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza.
Outro uso alegadamente legítimo das bebidas fortes é destacado neste versículo: o homem pobre que está deprimido por ser tão pobre e oprimido pode dar-se ao luxo de usar bebidas alcoólicas ocasionalmente, mas dificilmente isso poderia ser aplicado ao caso de um rei. A
linha sinônima supõe que as bebidas alcoólicas serão eficazes para aliviar a carga que o homem pobre tem de carregar.
Ele não sentirá a miséria, pelo menos durante algum tempo, mas em breve estará bebendo de novo para receber outra folga temporária. Por conseguinte, pode parecer um bom conselho; mas, eventualmente, pode transformar-se em excesso, e esse é o perigo que envolve a ingestão de álcool.
Subsídio Teológico do Topico I
Pv.31.2-7 — A mãe de Lemuel aconselhou Lemuel a não dar às mulheres a sua própria força. Muitas vezes, naquela época, o rei ajuntaria um grande harém ou se envolveria sexualmente com muitas mulheres.
A sabedoria da mãe de Lemuel era dizer que esse comportamento destrói reis. Da mesma maneira, ela o aconselhou a evitar bebida forte, para que sempre tivesse uma mente sóbria para reinar com justiça.
- LEMUEL AJUDA O NECESSITADO (vss 8,9)
O conselho final da mãe do rei é direcionado a motivar o seu filho a reinar com justiça, dando atenção especial aos pobres e desprivilegiados. Ela aconselha: Abre a tua boca (8; “Erga a voz”, NVI) a favor daqueles que não podem falar por si mesmos.
A exortação a ajudar a todos os que se acham em desolação reflete a preocupação por justiça social defendida com tanta freqüência pelos profetas de Israel (cf. Is 10.1-2; Am 2.6-7; 4.1; 5.15).
Os vss. 8-9 exigem que o rei seja sensível em relação à justiça para todos. O rei tinha o poder de intervir nos tribunais, e assim realmente deveria agir para fazer cessar a injustiça.
III. LEMUEL VALORIZA AS MULHERES VIRTUOSAS (vss 10 -31)
Nesta seção final temos um belo poema acróstico que é um tributo imortal à mulher e mãe virtuosa. O poema contém vinte e duas estrofes ou dísticos, sendo que cada um começa com uma letra do alfabeto hebraico.
Este poema é uma conclusão adequada do livro de Provérbios.
Em primeiro lugar, muito se disse acerca da mulher briguenta (cf. 19.13; 21.9; 25.24; 27.15), e assim o sábio dá honra agora a uma mulher mais nobre.
Em segundo lugar, há condenações repetidas da mulher adúltera e pecaminosa (cf. caps. 1—9; 22.14; 23.27; 29.3; 31.3).
Agora o sábio apresenta um retrato melhor das qualidades femininas. Já vimos que em todo o livro de Provérbios o lugar da mãe na educação dos filhos foi destacado (cf. 1.8-9; 10.1; 17.25; 18.22; 19.14; 23.25; 28.24). Nas palavras finais, o sábio destaca esta grande verdade da tradição familiar dos hebreus.
Finalmente, o propósito de Provérbios é ajudar as pessoas a obter sabedoria — o caminho do Senhor (veja comentário de 1.2-6). Na expressão poética final, o sábio retrata mais do que uma mulher de força e caráter em sentido geral.
O poema não é um simples contraste com a mulher contenciosa e a adúltera. E mais do que um tributo às qualidades femininas da mulher hebréia. Esta mulher e mãe é um exemplo de alguém que cumpre os propósitos de Deus para a sua vida. E nesse sentido que o ideal que ela exemplifica está ao alcance de todos.
É apropriado que o livro de Provérbios termine com uma nota elevada e feliz sobre as mulheres, as quais, anteriormente (exceto como mães), tinham sido descritas em termos tão negativos.
Assim é que temos visto estudos sobre mulheres contenciosas (ver Pro. 19.13; 21.9; 24.24; 27.15), que são companhias indesejáveis. Então vimos bastante sobre as mulheres de costumes frouxos (ver Pro. 22.14; 23.27; 27.13; 29.3; 31.3).
Mas as mães são elogiadas, se tiverem cumprido direito o seu dever de treinamento de crianças (ver Pro. 1.8,9; 10.1 e 17.25).
Esse elogio à boa esposa foi escrito em estilo acróstico, no qual a primeira letra de cada verso segue a ordem do alfabeto hebraico.
Talvez o autor, mediante esse modo de apresentação, quisesse mostrar que estava trabalhando de maneira bastante exaustiva no assunto ou, pelo menos, de maneira bem ordeira e bem pensada.
“Esta seção final do livro de Provérbios é um poema acróstico que exalta a pessoa de uma nobre esposa. Cada um dos seus vinte e dois versos começa com uma letra consecutiva do alfabeto hebraico.
31.10 – Mulher virtuosa quem a achará? Alefe Não é fácil encontrar uma esposa boa (virtuosa). Quando um homem consegue encontrar uma boa esposa (a linha sinônima), é como encontrar um tesouro formado por jóias. Rute foi chamada de mulher virtuosa (ver Rute 3.11).
O termo hebraico, hahii, significa basicamente “capaz”. Ou seja, essa mulher é vista como dotada de nobre caráter e conhecimento sobre coisas úteis, que fomentam seu ofício de esposa e de mãe.
O coração do seu marido confia nela. Bete. O marido da mulher virtuosa confia nela, o que significa que ela:
1. era sexualmente fiel a ele;
2. cumpria seus deveres de esposa;
3. demonstrava seu nobre caráter por meio de ações;
4. tinha capacidade de gerenciar a sua casa;
5. não dilapidava o dinheiro e os bens materiais do casal em coisas supérfluas.
Sinônimo. Se a nobre e virtuosa mulher realizasse bem todos os seus deveres, então na residência deles não haveria falta de coisa alguma.
Antes, ela teria todo o necessário para um bom gerenciamento. A casa prosperaria de modo adequado. A palavra hebraica shalal significa saque, e isso podia significar que o homem não teria de sair à guerra, ou, de alguma outra maneira, não precisaria obter saque para sustentar sua casa.
Em termos modernos, ele não teria de trabalhar no turno da noite, depois de trabalhar o dia inteiro, em seu emprego regular. E também não precisaria ter dois empregos para sustentar a casa.
31.12- Ela lhe faz bem, e não mal. Guimel. A boa esposa fará o bem ao seu marido, desde o dia em que se casaram até um deles morrer, quando os dois, finalmente, se separarão.
la fará o bem e evitará atos errados e feitos impensados que o prejudiquem.
Ela continuará seguindo o abc áureo da esposa ideal, conforme disse Crawford H. Toy. “Esse tipo de esposa é uma vantagem, e não uma desvantagem para o seu marido. O bem que vier ao homem será diretamente atribuído a ela.
A mulher virtuosa é coerente e persistente naquilo que faz. Enquanto viver, continuará a seguir o caminho da fidelidade.”… na enfermidade, na adversidade e na idade avançada” . A bondade dela não tem mistura alguma com o mal e é de longa duração.
31.13 – Busca lã e linho. Dalete. Naqueles dias, em que ainda não havia lojas de departamentos que vendessem roupas feitas, e era caro demais contratar profissionais que fizessem o trabalho, esperava-se que a esposa fosse uma boa costureira.
Ela tinha linho para fazer roupas de linho enfeitadas e usava lã mais durável (derivada dos rebanhos) para fazer roupas comuns. A mulher cuidava das roupas comuns e das roupas enfeitadas, para ocasiões especiais.
Ela desenvolvia suas aptidões mediante o treinamento com sua mãe e tinha o cuidado de passar essas habilidades para suas filhas. Essa era uma profissão necessária para todas as esposas, a menos que o homem fosse rico e treinasse as escravas de sua casa para fazer o trabalho.
Sinônimo. Essa mulher virtuosa tinha não somente habilidade, mas também tinha coragem de trabalhar, uma mente bem disposta e mãos diligentes. O hebraico diz aqui, literalmente, “no deleite de suas mãos”.
Em outras palavras, o que ela fazia, fazia com entusiasmo, e aquilo que é feito dessa maneira obviamente é mais bem-feito.
A mulher virtuosa não pensava que o trabalho doméstico era uma droga, para então fugir para alguma carreira secular.
“Até as princesas, nos dias primitivos, faziam trabalho doméstico (ver Gn. 18.6; 27.14)” . Isso também acontecia com as mulheres gregas e romanas, pelo que estamos tratando aqui com um antigo costume, muito diferente do que se vê em nossos dias modernos.
Certos mitos gregos e romanos chegavam a atribuir habilidades manuais às deusas. Segundo se diz, foi Minerva quem fez a primeira máquina de fiar (Virgílio, Cyrin. 1939).
31.14 – É como o navio mercante. He. A mulher virtuosa contava com mercados perto de sua casa, para comprar seu suprimento alimentar.
Mas ela também tinha conhecimento sobre bens importados e trazia para casa algumas dessas mercadorias. Sabia onde conseguir esses bens para deleite de seus familiares. A segunda linha, que é sinônima, diz-nos que ela se sacrificava a fim de garantir boas refeições e ia buscar longe os alimentos consumidos pela família.
Essa parte do versículo revela-nos que a família referida não pertencia às classes pobres, mas no mínimo à classe média alta.
Note o leitor que a mulher virtuosa tinha escravas (servas), vs. 15. Isso está em consonância com a mentalidade dos hebreus, de que a bondade resulta na prosperidade.
A mulher virtuosa traz coisas interessantes e incomuns para preparar diferentes tipos de refeições.
Ela não prepara somente feijão e arroz. Talvez buscasse de mercados longínquos, supridos pelos navios que cruzavam o mar Mediterrâneo.
Se vivesse perto do mar, então ela descia a portos para trocar mercadorias diretamente. Naturalmente, também havia mercadorias que chegavam de terras mais interiores, trazidas por caravanas de camelos, como as que vinham do Egito, bem como de países do norte e do nordeste, a Síria e a Babilônia.
A mulher virtuosa provavelmente vendia suas mercadorias (os artigos fabricados por ela) nesses mercados, a fim de obter dinheiro, e também comerciava alguns itens diretamente.
31.15 – É ainda noite, e já se levanta. Vave. A mulher virtuosa costumava levantar-se cedo, conforme fazem quase todas as pessoas que trabalham arduamente e se interessam em conseguir trabalho.
De fato, um dos principais segredos para quem quiser fazer um grande trabalho é ter coragem suficiente para levantar-se cedo. A mulher virtuosa se levanta quando ainda está escuro, ou seja, de madrugada, antes do nascer-do-sol.
Outras pessoas da casa também costumavam levantar-se cedo, pelo que todos os moradores (exceto as crianças) já estavam de pé, incluindo as servas. Todos tomavam café bem cedo, e então cada qual partia para o seu trabalho. Seja como for, trabalhar arduamente importa em muita diversão, pelo que todos se divertiam.
Subsídio teológico III
- Características Máximas, Pv 31.10-29
Uma mulher tão capaz e tão forte no seu caráter é inestimável — seu valor muito excede o de rubins (10).
Ela é tão infalível na sua dedicação que ao seu marido “não faltam riquezas” (11; BJ; “não há falta de ganho honesto, nem necessidade de saque desonesto”, AT Amplificado). Tudo que ela faz contribui para o bem-estar dele (12).
Ela é incessantemente diligente (13-15).
Ela tem habilidades excepcionais para os negócios (16-19).
O fruto de suas mãos (16) é melhor: “com os lucros dela” (Smith-Goodspeed).
As frases: Cinge os lombos e: fortalece os braços (17) devem ser compreendidas como seus esforços para firmar o avental e as mangas para que não a atrapalhem no seu trabalho.
A expressão: A sua lâmpada não se apaga de noite (18) não quer dizer que ela trabalha a noite toda, mas que há azeite suficiente na sua casa para que a lâmpada possa queimar a noite toda (cf. 13.9; Mt 25.8). O fuso e a roca (19) eram ferramentas usadas pelas mãos no manuseio dos fios para a fabricação do tecido.
Esta mulher ideal é caridosa e altruísta em relação às necessidades do necessitado (20). “Todos [na sua casa] andam vestidos de lã escarlate” (ARA, 21) indica artigos de luxo (cf. Ex 25.4; 2 Sm 1.24; Jr 4.30).
A palavra “escarlate” pode também significar mais de uma vestimenta. Williams diz que a questão não era a cor. A tradução pode bem ser que “todos da sua casa estão vestidos com vestimentas duplas”.1 A sua própria veste (22) é atraente e de bom gosto.
Esta mulher é uma bênção para o seu marido (23), que é um líder respeitado na comunidade (cf. 1.21; 24.7).
A sua diligência resulta em lucros para a sua família (24). Esta mãe tem força e glória (25); ela está confiante em relação ao futuro da sua casa. Ela é generosa e bondosa nas suas instruções aos filhos e nas orientações aos seus servos (26). Ela é incansável na devoção à sua casa (28).
Conclusão
Nos capítulos 1—9, Provérbios fala muito a respeito das mulheres vis e esposas rixosas (21:9 e 25:24); no entanto, o capitulo 31 inicia com advertências e encerra com um tributo glorioso às mulheres piedosas e dedicadas que trazem honra a Deus e alegria para suas famílias.
Muitos servos de Deus lhe agradecem as mães e as esposas piedosas que ele lhes concedeu. Depois da decisão por Cristo, a decisão mais importante que o cristão tem de tomar é a escolha de uma parceira para a vida. “A mulher virtuosa é a coroa do seu marido” (Pv 12:4).
“O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor ” (Pv 1 8:22). “Do Senhor [vem] a esposa prudente” (Pv 19:14). As pessoas que servem ao Senhor não escolhem cônjuges incrédulos (2 Co 6:14-18).
A mulher cristã que se casa com um incrédulo põe sua vida em perigo na hora do parto; veja 1 Timóteo 2:12-15. Esse capítulo descreve a “mulher virtuosa” e enumera suas excelentes qualidades.
Resumo do Capitulo 31 Comentário
- A espiritualidade (31:1 -9)
A mãe do rei ensina-o a obedecer à Palavra de Deus. Muitos estudiosos pensam que, na verdade, o “rei Lemuel” é o rei Salomão, mas não temos prova disso. O ministério mais importante de pais e de mães é a educação espiritual dos filhos. Veja 2 Timóteo 1:5 e 3:15. A mãe adverte Lemuel de forma clara a respeito de alguns perigos que frentará na vida: companhias pecaminosas, bebida forte e a tentação de desobedecer à Palavra do Senhor. Feliz é a pessoa que tem uma mãe temente a Deus e que a alerta em relação ao pecado, e mais feliz ainda é a pessoa que atende às admoestações dela.
- A lealdade (31:10-12)
Aqui, as duas palavras-chave são coração e confiança — amor e fé. O casamento é um assunto do coração. Deve haver amor verdadeiro entre marido e esposa. Que tipo de amor um homem deve demonstrar por sua esposa? O mesmo tipo de amor que Cristo demonstra pela igreja (Ef 5:18ss): sacrificial, paciente, sofredor, terno, constante.
A esposa não tem problema em submeter-se à obediência do marido que a ama e demonstra esse amor. O marido não pode deixar que o trabalho e as tarefas domésticas o afastem da esposa e dos filhos.
Uma família feliz não acontece por acaso; é resultado de trabalho duro, da oração e do amor verdadeiro.
O marido e a esposa são felizes e abençoados quando confiam no Senhor e um no outro. Os votos do casamento são promessas que devem ser levadas a sério. A quebra desses votos é pecado diante de Deus e diante um do outro.
III. A diligência (31:13-22)
A mulher inestimável é uma trabalhadora. Ela faz com lealdade sua parte, seja costurando, seja cozinhando, seja cuidando dos filhos, seja ajudando o marido nos negócios da família. Observe que ela trabalha de bom grado (v. 13), e isso não é uma questão de compulsão, mas de compaixão. Ela ama o marido e procura agradá-lo. (Leia
1 Coríntios 7:32-34, para conhecer um princípio maravilhoso do casamento — viver para agradar a outra pessoa.) Essa mulher ideal não desperdiça a manhã toda na cama; ela levanta-se cedo para fazer suas tarefas (v. 15) e, se for necessário, fica acordada até tarde (v. 18). Em 1 Timóteo 5:14, observe as instruções de Paulo às jovens.
Embora, às vezes, haja emergências e situações que exigem que a mulher trabalhe fora de casa, ela deve se lembrar de que mesmo assim sua primeira responsabilidade é com sua família.
Provérbios não diz nada de bom a respeito da indolência, quer em relação aos homens, quer em relação às mulheres. Veja 6:6- 11; 10:4,26; 13:4; 15:19; 18:9;19:15,24; 20:4,13; 21:25; 22:13; 24:30-34; 26:13-16. Mesmo nestes dias em que se privilegia o padrão racional, ainda não há substituto para o trabalho duro e a diligência.
- A modéstia (31:23-26)
O marido dela é estimado entre os juízes, e ela é conhecida por sua fidelidade à família. O homem e a mulher têm um lugar no plano de Deus, e há confusão e problemas quando algum deles deixa o seu lugar. Claro que a liderança do homem não significa ditadura; antes, significa exemplo e liderança em amor.
O versículo 25 sugere que a mulher piedosa não depende de trajes bonitos para ser bem-sucedida, ela veste “a força e a dignidade” em seu interior. Pedro escreve a respeito dos adornos exteriores excessivos, bem como sobre os interiores, que são o “espírito manso e tranquilo” (1 Pe 3:3-4).
Paulo ordena que as mulheres usem “traje decente, se ataviem com modéstia” (1 Tm 2:9) e dependam da beleza espiritual, não da beleza artificial do mundo.
O versículo 26 revela que a mulher piedosa é cuidadosa com seu falar, tanto quanto com seu trajar. É maravilhoso
quando a “instrução da bondade” governa a língua.
- A piedade (31:27-31)
“A mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.” Este é o segredo de sua vida: ela teme a Deus e procura obedecer à sua Palavra.
Sem dúvida, ela levanta-se cedo para meditar sobre a Palavra e orar. Ao longo do dia, ela ora por seu marido e por sua família. Sua verdadeira beleza é interior: embora os anos mudem seu corpo, sua beleza no Senhor fica apenas mais notável. O louvor dela vem do Senhor. “Eu faço sempre o que lhe agrada.”
Como Deus louva essa mulher? Abençoando seu trabalho e sua vida. Os frutos de sua vida a louvam. Com certeza, ela colherá “vida eterna”, porque semeou para o Espírito, não para a carne (Gl 6:7-8).
O marido e os filhos dela também se levantam e a louvam. Hoje, precisamos muito que os maridos e filhos demonstrem constantemente o apreço pelo que a esposa e as mães fazem em casa.
Hoje, uma das maiores fragilidades em muitas famílias é o fato de um considerar o outro como algo garantido.
O marido precisa dar o exemplo certo para seus filhos ao louvar abertamente ao Senhor e à esposa pelas bênçãos que têm em casa.
Com frequência, a esposa dedicada sacrifica-se pela felicidade da família e não recebe nem mesmo um simples agradecimento.
A falta de apreço é um pecado que existe em nossa casa. Não se deve reservar esse tipo de apreço apenas para o Dia das Mães e o Natal; antes, ele deve ser demonstrado com sinceridade durante o ano todo. A gratidão é uma virtude cristã maravilhosa. Ela deve ser cultivada em todas as casas.
OBRAS CONSULTADAS
Revista Lições Bíblicas.
Comentário de Champlin AT Vol. 4 Salmos Cantares Eugene H. Merrill. Teologia do At.
Comentário Bíblico Wiersbe Antigo Testamento
Provérbios Comentário Bíblico Moody
Provérbios (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
- B. Meyer – Comentário Bíblico
Fonte: http://valorizeaebd.blogspot.com/2015/12/licao-12-as-palavras-do-rei-lamuel.html#ixzz5aNBM1lN4
Video: https://www.youtube.com/watch?v=rtsq6aS3CZk