Juvenis – 09- Louvai ao Senhor! A lição dos Salmos
INTRODUÇÃO
O livro de Salmos é o primeiro livro na terceira divisão da Bíblia hebraica. Conhecida como Kethubhim ou Escritos, essa terceira divisão era popularmente conhecida pelo nome do primeiro livro, isto é, “Os Salmos”.
Deste modo, Jesus incluiu todo o Antigo Testamento no que tange às profecias a seu respeito “na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).
O título em português vem da tradução grega, Septuaginta, concluída em cerca de 150 a.C. Psalmoi, o termo grego, significa “cânticos” ou “cânticos sagrados” e é derivado da raiz que significa “impulso, toque”, em cordas de um instrumento de cordas. O título hebraico é Tehillim, e significa “louvores” ou “cânticos de louvor”.
I – O QUE SÃO OS SALMOS
Salmos origina-se de uma palavra grega que significa “louvores em poemas acompanhados de música”.
O nome hebreu é tehillim, que significa “louvores”. Nem todos os salmos são hinos de louvor, mas muitos o são. Salmos é o hinário da nação judia, e alguns salmos constam dos hinários cristãos.
Propósito
Salmos é uma coletânea muito pessoal de cânticos e poemas. Com o passar dos séculos, os judeus adaptaram seu conteúdo para o incorporar na adoração e na devoção pessoal deles.
Nessa coletânea, encontramos orações de sofredores, hinos de louvor, confissões de pecado e de fé, hinos sobre a natureza e cânticos que ensinam a história dos judeus, e, em cada um deles, o ponto central é a fé no Senhor.
Os salmos nos ensina a ter um relacionamento pessoal com Deus à medida que lhe contamos nossas dores e necessidades e meditamos a respeito da grandeza e da glória dele.
Entre todos os livros da antiguidade, nenhum tem agradado tanto ao coração humano como os Salmos.
Em nenhum outro livro da Bíblia podemos encontrar tal variedade de experiências religiosas.
Aqui o coração de Israel foi desnudo em múltiplas expressões de fé, pois Israel conheceu experimental, mente a verdade da revelação de Deus.
Nos diversos Salmos, o conhecimento que Israel tinha dos dias passados uniu-se à adoração e assim recebeu permanência.
A experiência dos indivíduos está aqui ligada à vida corporativa de Israel. Portanto, no Livro dos Salmos existe uma qualidade universal que só pode advir da expressão combinada das experiências espirituais dos homens nos muitos períodos da história e em uma variedade de circunstâncias da vida.
Cada homem foi motivado pelo seu desejo de reação para com o Deus vivo. Todos foram unidos pelo seu desejo inerente de reagir através de suas mais profundas emoções.
Cada tipo de experiência religiosa reflete-se no cadinho da vida dada e projeta-se sobre a vida do crente de hoje. Assim, encontramos nos Salmos uma ausência da limitação do tempo que toma este livro igualmente aplicável a cada período da história.
O termo “Salmos” vem da LXX, que deu o título de Psalmoi à coleção. Um dos maiores manuscritos bíblicos, o Códice Alexandrino, fornece a designação “Saltério” pelo uso da palavra grega Psalterion.
Contudo, a Bíblia Hebraica usa a designação Tehillîm, que significa “Louvores”. Na literatura rabínica esta mesma ideia foi transmitida no termo Seper Tehillîm, significando “Livro dos Louvores”.
Em ambos os termos, hebraico e grego, encontramos a raiz significando cântico com acompanhamento instrumental.
Através da passagem do tempo a palavra assumiu o significado de “o canto com acompanhamento musical”, um aspecto do culto israelita popularizado pelo cântico dos coros levíticos.
Muitos dos salmos dão evidências de terem sido usados pelos coros e devotos como hinos, enquanto outros não se adaptavam a tal uso.
Entretanto, a coleção como um todo atesta do mais profundo e mais apaixonado anseio de Israel em conjunto na adoração de Deus.
Títulos e Autoria
Uma das coisas que primeiro se nota em um salmo é o título que leva. Como chegar a uma adequada interpretação desses títulos é um dos problemas mais exasperantes apresentados por este livro.
Às vezes é a autoria que está enfatizada nos títulos; noutras, o relacionamento. A ocasião da composição dos salmos às vezes é indicada.
Certos títulos fazem referência do uso especifico de um salmo para o culto público. Outros títulos indicam o desejado efeito musical ou cenário.
Outros ainda descrevem o caráter básico do salmo como:
1) um hino para ser cantado com acompanhamento musical (mizmôr);
2) uma canção (shîr);
3) uma antema (maskîl) ou
4) uma lamentação (miktam).
Todos, menos trinta e quatro salmos, têm algum tipo de título sobrescrito. Os trinta e quatro salmos sem título são chamados de “órfãos” judeus.
Entre os salmos com título, setenta e três têm a inscrição Le Dawid, que foi traduzida para “Um Salmo de Davi” na E.R.A, e E.R.C. Contudo, o uso hebraico da expressão pode indicar “pertencente a Davi”, “no estilo de Davi” ou “por Davi”.
De modo nenhum se deve considerar que esses títulos sempre indiquem autoria, quer se refira a Davi ou outros.
A LXX acrescenta o nome de Davi a quinze salmos que não foram assim intitulados no hebraico.
Em adição aos setenta e três atribuídos a Davi (oitenta e oito na LXX), doze são relacionados com Asafe, doze com os Filhos de Coré, dois com Salomão, um com Etã e um com Moisés.
Embora esses títulos não façam parte do texto original, eles se baseiam em tradição relativamente antiga.
Uma comparação entre o Texto Massorético e a LXX indica que os títulos antedatam a LXX, pois algumas das orientações musicais já eram incompreensíveis aos tradutores gregos e os títulos não se fixaram.
Embora os sobrescritos não façam parte do texto original, são dignos de consideração, pois representam o primeiro esforço do homem em escrever uma introdução ao Saltério.
Compilação e Desenvolvimento.
A presente organização do Saltério é o resultado de um processo de desenvolvimento. Muito tempo antes do livro dos Salmos tomar sua presente forma, coleções menores já estavam em circulação. E gradualmente estas coleções menores foram reunidas em uma só.
Dentro do atual arranjo quíntuplo, os limites de certas coleções menores ainda são discerníveis.
Em adição às coleções davídicas, há certos agrupamentos atribuídos aos Filhos de Coré e Asafe. No Salmo 72:20, declara-se que ali “findam as orações de Davi”, embora sigam-se outros salmos que se atribuem a Davi.
Outras coleções menores incluem os Salmos das Peregrinações e os Salmos dos Aleluias.
Certas seções também demonstram uma preferência decisiva por Jeová ou Elohim, indicando a antiga existência de determinadas seções. As coleções abaixo podem ter circulado separadamente, sendo mais tarde reunidas:
Salmos 3-41. Uma coleção davídica com doxologia e preferência por Yahweh (272 ocorrências com 15 de Elohim).
Salmos 51-72. Uma coleção davídica com doxologia e preferência por Elohim (208 ocorrências com 48 de Yahweh).
Salmos 50, 73-83. Coleção de corporação levita atribuída a Asafe.
Salmos 42-49. Coleção de corporação levita atribuída aos Filhos de Coré.
Salmos 90-99. Salmos sabáticos intimamente relacionados com o culto regular do sábado.
Salmos 113-118. Salmos de Halel do Egito, relacionados com o culto da Festa da Páscoa (cons. Sl. 136).
Salmos 120-134. Cânticos das Peregrinações ou dos Degraus, provavelmente cantados pelos peregrinos quando iam ao Templo.
Salmos 146-150. Salmos dos Aleluias cantados nos festivais.
II – OS TIPOS DE SALMOS
O livro dos Salmos representa uma coleção de cânticos, hinos e poemas hebraicos, oriundos de vários períodos da história de Israel. Todos os Salmos, exceto o 34, receberam títulos ou sobrescritos.
É geralmente aceito que esses títulos não faziam parte dos Salmos originais e foram acrescentados posteriormente por um editor ou colecionador. Esses títulos são diferentes nas versões hebraica e grega.
Os títulos contêm inúmeros termos técnicos, cujo significado foi perdido. Eles podem representar:
(1) um autor, colecionador ou alguém a quem o Salmo foi dedicado como Davi, Salomão, Moisés, ou os filhos de Corá;
(2) o tipo de Salmo como um cântico,
(3) alguma mensagem musical como “ao músico chefe”, “para os jovens” ou talvez o tom de um hino como “de acordo com a corça da manhã” (22.1);
(4) a utilização de alguns dos Salmos no culto pela posterior nação de Israel, como o Salmo 30, “um canto para a consagração do Templo”, e o Salmo 92, “um Salmo para o dia de Sábado”.
Salmos especiais Sete salmos recebem o nome de “salmos de penitência” porque são confissões de pecados (6, 32, 38, 51, 102, 130 e 143).
Os salmos 120 a 134 são chamados “Cânticos de Peregrinação”, e pensa-se que são uma coletânea de cânticos que os judeus cantavam a caminho das celebrações anuais que aconteciam em Jerusalém.
Há muitos “salmos imprecatórios”, em que o escritor pede que a ira do Senhor caia sobre seus inimigos (35, 37, 69, 79, 109, 139,143).
Não são tanto uma expressão de vingança pessoal, mas petições nacionais para que a justiça de Deus manifeste-se para seu povo escolhido.
III – ADIVISÃO DOS SALMOS
O livro de Salmos divide-se em cinco livros, cada um dos quais termina com uma doxologia. São os seguintes:
Livro I (Sal. 1-41);
Livro II (Sl. 42-72);
Livro III (Sal. 73-89);
Livro IV (Sal. 90-106);
Livro V (Sal. 107-150).
- O tema messiânico. Preservei este assunto para ser ventilado na seção oitava, onde ele é descrito pormenorizadamente.
- Louvor. Alguns exemplos são Sal. 47; 63; 104; 145 – 150.
- Pedidos de bênção e proteção. Sal. 86; 91 e 102.
- Pedidos de intervenção divina. Sal. 38 e 137.
- Confissão de fé, especialmente no tocante aos poderes e ofícios do Senhor. Sal. 33; 94; 97; 136 e 145.
- Penitência pelo pecado. Sal. 6; 32; 38; 51; 102; 130 e 143. Em algum destes salmos, o perdão recebido é o assunto principal.
- Intercessão em favor do rei, da nação, do povo etc. Sal. 21; 67; 89 e 122.
- Imprecações. Queixas contra os adversários e o pedido para que Deus proteja, faça justiça e vingue. Sal. 35; 59; 109.
- Sabedoria, homilias espirituais, com o oferecimento de instruções (salmos pedagógicos). Sal. 37; 45; 49; 78; 104; 105-107; 122.
- O governo e a providência divina. Como Deus trata com todas as classes de homens, incluindo os ímpios. Sal. 16; 17; 49; 73 e 94.
- Exaltação â lei de Deus. Sal. 19 e 119.
- O reino milenar do Messias. Sal. 72.
- Apreciação pela natureza. Temos aqui um reflexo da bondade, da glória e da beleza de Deus. Sal. 19; 29; 33; 50; 65; 74; 75; 104; 147 e 148.
- Salmos históricos e nacionais, onde é elogiada a condição de Israel. Sal. 14; 44; 46-48; 53; 66; 68; 74; 76; 78-81; 83; 85; 87; 105; 108; 122; 124-129. São passados em revista muitos incidentes da história de Israel, e a providência divina é celebrada. O futuro de Israel é projetado de forma esperançosa.
- A humilde natureza humana e sua grandeza. Sal. 8; 31; 41; 78; 100; 103 e 104.
- A existência da alma e sua sobrevivência. Sal. 16.10,11; 17.15; 31.5; 41.12; 49.9,14,15.
Embora usualmente associemos o livro de Salmos a Davi (seu nome está em 73 deles), alguns salmos são anónimos, e outros são de autores diversos:
Asafe (50, 73—83),
Salomão (72, 127),
os filhos de Corá (42—49, 84—85, 87—88),
Etã (89) e Moisés (90).
Alguns salmos de Davi refletem o que ele estava vivenciando no momento, como a rebelião de seu filho Absalão (3), sua vitória sobre Saul (18), seu pecado com Bate-Seba (32, 51), seu estranho comportamento em Gate (34 -56) e seus anos de exílio no deserto (57, 63, 142).
Como os salmos são unidades separadas, não há necessidade de uma análise da estrutura do livro.
Ele tem cinco divisões, e cada uma delas termina com ação de graças:
1—41, 42—72, 73—89, 90—106, 107— 150.
- O moderno titulo desse livro do Antigo Testamento vem do grego psalmós, que indica um cântico para ser cantado com o acompanhamento de algum instrumento de cordas, como a harpa.
O verbo grego psallein significa «tanger». A Septuaginta diz Psalmoí como o titulo do livro. E é da Septuaginta que se deriva nosso titulo moderno do livro. A Vulgata Latina diz, como titulo, Liber Psalmorum.
- O titulo hebraico antigo do livro era Tehillim, «cânticos de louvor». Esse título refletia o principal conteúdo dessa coletânea em geral. Mas vários outros vocábulos hebraicos introduzem salmos específicos, a saber:
Shír, «cântico» (29 salmos). Mizmor, «melodia», «salmo» (57 salmos); essa palavra subentende o tanger de algum instrumento de cordas, pelo que é similar ao termo grego psalmós. Sir Hammolot, «cânticos dos degraus» (Sl. 120 a 134), que eram cânticos entoados por peregrinos que subiam a Jerusalém para celebrar as festividades religiosas.
Miktam, cujo sentido exato se perdeu, embora haja nas composições envolvidas a idéia de lamentações e expiação (Sl. 16, 56-40).
Maskil, «instrução», que são salmos didáticos (Sl. 74, 78 e 79). Siggayon, também de significado duvidoso, mas talvez uma palavra relacionada ao termo hebraico saga, «dar uma guinada», «girar», referindo-se a um tipo de música agitada (Sl. 7).
Tepilía, «oração», referindo-se a alguma composição poética entoada como uma oração ou petição (Sl. 142).
Toda, «agradecimento», Le annot, «aflição». Hazkir, «comemorar» ou «lembrança», como no caso de um pecado cometido (Sal. 38 e 70).
Yedutum, «confissão» (Sl. 39, 62 e 77). Lammed, «ensinar» (Sl. 60). Menasseah, «diretor musical» (55 salmos).
Yonat elem rehoqim, que diz respeito a alguma «pomba» (deve estar em foco algum tipo de sacrifício).
Ayyelet hassahar, «corça do alvorecer» (estando em foco algum sacrifício). Sosannim, «lírios» (Sl. 60, 65 e 69), talvez uma referência ao uso de flores em cortejos nos quais eram entoados salmos.
Neginot, uma referência a instrumentos musicais que sem dúvida acompanhavam o cântico de salmos (Sl. 6, 54, 55 e 67).
Sela, «elevar», talvez uma direção para que se elevasse a voz, em algum tipo de bênção ou vozes responsivas (39 salmos). Nehilot, «flautas», uma referência ao acompanhamento do cântico de salmos por meio desse instrumento de sopro.
A complexidade desses títulos reflete tanto a própria complexidade da coletânea quanto o seu variegado uso em conexão com a devoção privada e com a adoração pública, especialmente aquele tipo que era acompanhado por música.
- O QUE ELES ENSINAM
Todos os estudiosos concordam que os Salmos eram o hinário do segundo templo de Israel. No entanto, essa restrição não é imperiosa.
O trecho de I Cor. 6.31 ss. demonstra o uso de música elaborada no culto divino, nos próprios dias de Davi. Portanto, o uso litúrgico dos salmos foi importante desde o começo.
E isso teve prosseguimento na Igreja cristã, onde muitos salmos foram musicados e usados no culto de adoração. Além disso, muitos versículos, porções de salmos ou ideias ali contidas foram incorporados nos hinos cristãos.
Os salmos prestam-se muito bem a devoções particulares, sendo extremamente ricos em conceitos espirituais, além de excelentes como consolo e inspiração para o louvor ao Senhor.
Muitos salmos são obras-primas literárias em miniatura, conforme se vê nos Salmos 1; 2; 8; 19; 22; 23 e 91. Qualquer seleção será forçosamente defeituosa, mas essa seleção ilustra o ponto.
Os Salmos são uma Bíblia em miniatura dentro da Bíblia, conforme Lutero afirmou, repletos de idéias religiosas e de fervor.
Não foi por acidente que os autores do Novo Testamento citaram mais dos Salmos do que de qualquer outro livro do Antigo Testamento. Ver a décima segunda seção quanto a uma demonstração desse fato. O próprio Senhor Jesus muito se utilizou dos salmos. Ele e os seus discípulos entoaram o Hallel (Sal. 113-118), por ocasião da Última Ceia.
Uso dos Salmos em Ocasiões Especiais. Os títulos dos salmos dizem-nos que muitos deles eram usados em certas ocasiões, como o sábado, as festividades religiosas etc. Para exemplificar, o Sal. 92 era usado no sábado, e talvez igualmente o Sal. 136.
Os Sal. 120 – 134 são conhecidos como «Salmos dos Degraus», porquanto eram entoados pelos peregrinos quando subiam a Jerusalém, para celebrar as principais festas dos judeus.
Alguns eruditos pensam que vários salmos eram usados na festa anual da entronização de Yahweh, como Rei de Israel, um costume que tinha paralelos no paganismo.
Os Sal. 47; 93; 95 – 99 são designados como tais. E alguns estudiosos supõem que essa prática se alicerçasse sobre a festa do Ano Novo na Babilônia, o akitu, quando o deus Marduque era carregado pelas ruas da cidade de Babilônia.
Depois de um elaborado ritual, era-lhe conferido mais um ano de autoridade no país, como um rei divino.
Presumivelmente, as palavras de Sal. 24.7,8: «Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória… o Senhor poderoso nas batalhas», refletem aquele costume, que teria sido copiado pelos israelitas.
Mas a maior parte dos eruditos conservadores assevera que salmos que supostamente aludem a essa festa podem ser explicados melhor de outras maneiras. Talvez aquelas assertivas do Sal. 24 rever- berem o transporte da arca da aliança para Jerusalém.
Além disso, os salmos que exaltam ao Rei, de modo geral, fazem-no Rei sobre todas as coisas e sobre todos os povos, e não meramente sobre Israel.
Pontos de Vista e Ideais Religiosas
- Apesar de os Salmos serem composições líricas, expressões emocionais e de fervor religioso, também transmitem muitos pensamentos, e, indiretamente, apresentam muitas doutrinas.
A teologia hebréia geral faz-se presente, com algumas adições, como a crença na existência da alma e sua sobrevivência diante da morte biológica, e um fortíssimo tema messiânico.
O estudo sobre os temas, na sexta seção, onde os principais temas são alistados, dá uma idéia sobre a multiplicidade de idéias apresentadas nesse livro da Bíblia.
- A existência da alma e sua sobrevivência diante da morte física foi uma doutrina que só passou a ser expressa mais tarde, no judaísmo.
No Pentateuco não há nenhuma referência clara e indisputável a esse fato. Muitas leis nunca são associadas a alguma recompensa ou punição após-túmulo.
Não faltamos com a verdade ao afirmar que a maior parte dos ensinamentos do judaísmo sobre essa questão foi tomada por empréstimo.
Tendo começado a ser expressa nos Salmos e nos livros dos profetas, foi nos livros apócrifos e pseudepígrafos, porém, que esse assunto encontrou seu maior desenvolvimento, antes do começo do Novo Testamento.
O relato sobre Saul e a feiticeira de En-Dor demonstra a crença na existência da alma ao tempo de Davi.
Ver I Sam. 28.3 ss, quanto à interessante narração do encontro de Saul com o espírito de Samuel. Indicações existentes no livro de Salmos, acerca da crença na existência da alma são: 16.10,11; 17.15; 31.5; 41.12; 49.9,14,15.
- Os salmos imprecatórios, de fervorosa invocação a Deus para que mate os inimigos, podem ser facilmente entendidos dentro do contexto histórico, quando o povo de Israel quase sempre via-se sob a ameaça de um punhado de inimigos mortais; e o próprio Davi, como indivíduo, sempre teve de enfrentar tais dificuldades.
Naturalmente, a atitude desses salmos não é a mesma que a de Jesus, o qual exortou os homens para que amassem seus inimigos. As imprecações fazem parte da natureza humana, e não nos deveríamos surpreender em encontrá-las nas páginas da Bíblia.
Porém, é ridículo defender a espiritualidade das imprecações propriamente ditas. Muitos estudiosos conservadores têm tentado fazer precisamente isso.
Talvez o comentário de C. I. Scofield, em sua introdução ao livro de Salmos, seja o mais sugestivo que podermos achar: «Os salmos imprecatórios são um grito dos oprimidos, em Israel, pedindo justiça, um clamor apropriado e correto da parte do povo terreno de Deus, e alicerçado sobre promessas distintas do pacto abraâmico (ver Gên. 15.18); porém, um clamor impróprio para a Igreja, um povo celeste que já tomou seu lugar junto com um rejeitado e crucificado Cristo (ver Luc. 9.52-55)». Exemplos de salmos imprecatórios são os de números 35, 59 e 109.
- O ensino sobre o Messias, apesar de não tão avançado quanto no livro de I Enoque (se comparados aos conceitos que figuram no Novo Testamento), é surpreendentemente extenso. Dediquei a sétima seção da Introdução ao assunto.
- Apesar de que muitos dos salmos foram designados para um uso litúrgico, neles aparecem muitas indicações de uma apropriada atitude individual espiritual, bem como da correta espiritualidade pessoal.
Quanto a esse aspecto, os salmos concordam, grosso modo, com os livros dos profetas. Ver Sal. 15.1 ss.; 19.14; 50.14,23; 51.16 ss.
- Há uma exaltada doutrina de Deus nos salmos tão generalizada que aparece praticamente em todos os salmos.
- A importância da experiência religiosa pessoal é uma ênfase constante no livro de Salmos.
Deus é retratado como quem está à disposição dos seres humanos, refletindo assim o ensino do teísmo, e não do deísmo (ver a respeito no Dicionário).
O teísmo ensina que Deus não somente criou, mas também permanece interessado na sua criação, intervindo, recompensando e castigando.
Mas o deísmo alega que Deus, ou alguma força divina criadora, após ter criado tudo, abandonou o mundo, deixando-o à mercê de forças naturais.
- São ressaltados os deveres do homem para com Deus, como o arrependimento, a vida santificada, a adoração, o louvor, a obediência através do serviço e o amor ao próximo.
- A adoração pública é uma questão obviamente frisada no livro de Salmos, visto que muitas dessas composições eram usadas exatamente nesse contexto. Precisamos pesquisar pessoalmente as questões religiosas; mas também precisamos fazê-lo coletivamente. A participação na adoração pública é encarecida em trechos como Sal. 6.5, 20.3, 51.19; 66.13-5.
- A adoração não-ritual não é desprezada, devendo fazer parte integrante da busca espiritual dos homens. Ver Sal. 40.6 e 50.9.
CONCLUSÃO
Os livros bíblicos que foram escritos em forma poética, e não em forma de prosa, são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesíastes, Cantares de Salomão e Lamentações de Jeremias.
No Antigo Testamento, os livros geralmente classificados como parte da literatura de Sabedoria são: Jó, Salmos (especialmente os Salmos 19, 37,104,107,147 a 148), Provérbios, Eclesíastes e Sabedoria de Salomão.
Nas páginas do Novo Testamento, a epístola de Tiago é a que mais se aproxima desse tipo de literatura religiosa. Quanto a um tratamento completo, ver as introduções àqueles livros, bem como, no Dicionário, o artigo que versa sobre Sabedoria.
Títulos do Livro
As traduções modernas seguem o título da Septuaginta, que estampa a palavra salmos (psalmos), como tradução à palavra hebraica mizmor, a qual se refere à música executada mediante instrumentos de cordas em acompanhamento às recitações de 57 dos 150 salmos; por causa desse uso freqüente, o livro todo finalmente veio a ser assim chamado na Septuaginta e, dali, nas traduções modernas. O título hebraico do livro é Tehillim, “cânticos de louvor”.
Salmos Messiânicos
Certo famoso pregador afirmou que “todos os salmos são messiânicos”; mas isso por certo é um exagero.
Entretanto, há diversos salmos que são definidamente proféticos e messiânicos. Os salmos usualmente considerados messiânicos são os de número 2, 8,16, 22, 23, 24, 40, 41, 45, 68, 69, 72, 89, 102, 110 e 118. Outros salmos têm reflexos messiânicos.
Salmos Reais
Estão intimamente relacionados aos salmos messiânicos, e alguns deles realmente são também messiânicos, ao passo que outros apenas contêm alguns reflexos: salmos 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 93, 96, 97, 98, 101, 110, 132 e 144.
A Fé e a Vida Religiosa
Dentre todos os livros do Antigo Testamento, Salmos é o que mais vividamente retrata a vida espiritual e a fé dos indivíduos em todas as circunstâncias, boas e más, jubilosas e trágicas.
“A mais simples descrição dos Cinco Livros dos Salmos é que eles formam o livro das orações e dos louvores inspirados de Israel.
São revelações da verdade, não de forma abstrata, mas em termos da experiência humana.
As verdades assim reveladas estão carregadas de emoções, desejos e sofrimentos do povo de Deus, pelas circunstâncias através das quais esse povo passará” .
“O saltério é o hinário da antiga nação de Israel, compilado a partir de composições líricas mais antigas, para ser usado no templo de Zorobabel (Esd. 5.2; Ageu 1.14).
A maioria dos salmos provavelmente foi composta para acompanhar atos de adoração no templo de Jerusalém”.
OBRAS CONSULTADAS
Comentário de Champlin AT Vol.4 Salmos Cantares
Vol. 03 Comentário Beacon – Jó – Cantares a Salmos
Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea – Dicionário Bíblico Wycliffe.
Fonte: http://valorizeaebd.blogspot.com/2016/02/licao-9-louvai-ao-senhor-licao-dos.html#ixzz5gwDR6vqq
Video: https://youtu.be/oWpU0M0Ohog?list=PLgst_rTkfSJ272E7hwuAMbcXCiSCEHqiT