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LIÇÃO Nº 7 – O LUGAR SANTO 

O lugar santo ensina-nos sobre o nosso múnus sacerdotal.

INTRODUÇÃO

– Na continuidade do estudo sobre o tabernáculo, analisaremos o lugar santo.

– O lugar santo ensina-nos sobre o nosso múnus sacerdotal.

 I – O SANTUÁRIO: VÉU E TÁBUAS

– Na continuidade do estudo sobre o tabernáculo, analisaremos o primeiro compartimento da tenda da congregação (a parte coberta do tabernáculo), que se costuma chamar de lugar santo.

 – O lugar santo era a primeira parte da tenda da congregação, separada do pátio por um véu e no qual somente podiam entrar os sacerdotes, não antes de se lavarem na pia de cobre.

Ali ficavam três peças:

o candelabro ou castiçal,

a mesa dos pães da proposição e o

altar de incenso, também chamado de altar de ouro, já que, ao contrário do altar de sacrifícios, este era revestido de ouro e não de cobre, como aquele.

 – A entrada do lugar santo era um véu, uma coberta de pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino torcido, de obra de bordador, coberta esta que era sustentada por cinco colunas de madeira de cetim, cobertas de ouro, cujos colchetes eram de ouro e com cinco bases de cobre (Ex.26:36,37).

 – Este véu impedia que se pudesse ver o que havia no lugar santo, demonstrando uma nítida separação entre o pátio e a parte coberta do tabernáculo, a quem podemos propriamente chamar de “santuário”, como, a propósito, é chamado pelo escritor aos hebreus (Hb.9:2).

– Este véu era muito semelhante à entrada do tabernáculo, porque também servia de “porta da tenda da congregação”, e, como “porta, também simbolizava Cristo, que disse ser a porta (Jo.10:7,9). 

 – Ocorre que Jesus afirmou ser a porta, tanto por ser o único meio de salvação da humanidade (At.4:12), como também, por ser o único que medeia a divindade com a humanidade (I Tm.2:5), permitindo que passemos a pertencer ao aprisco do Senhor, onde “achamos pastagens”.

 – Por isso mesmo, o véu que separava o lugar santo do pátio era, também, composto de azul, púrpura, carmesim e linho, que, conforme já vimos ao estudar a entrada do tabernáculo, fala-nos do Evangelho de Jesus Cristo nas quatro perspectivas inspiradas pelo Espírito Santo nas Escrituras.

O mesmo Jesus, anunciado pelo Evangelho, que promove a salvação, também promove o crescimento e o desenvolvimento espiritual do salvo, pois é quem nos leva às “pastagens”.

É o Senhor Jesus que nos torna povo Seu e ovelhas do Seu pasto (Sl.100:3). 

Este véu era sustentado por cinco colunas, ao contrário da entrada do tabernáculo, onde as colunas eram quatro.

Se as quatro colunas da entrada do tabernáculo tipificam o Evangelho, as cinco colunas do véu do tabernáculo falam dos cinco ministérios que Cristo distribui na Igreja a fim de que haja o aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:11-16). 

– O lugar santo era acessível apenas aos sacerdotes e, quando cremos em Jesus, somos feitos reis e sacerdotes (Ap.1:6).

Assim, o lugar santo fala do nosso serviço ao Senhor e tal serviço há de ser realizado com tendência à perfeição, com contínua aproximação a Deus e concomitante afastamento do pecado, tendo como meta o alcance da estatura completa de Cristo, de varão perfeito, com o aumento do corpo a ser edificado em amor.

– Estas cinco colunas eram de madeira, revestidas de ouro, seguindo, assim, o padrão do santuário, em que as peças, ao contrário das do pátio, eram revestidas de ouro e não de cobre. 

– O fato de as colunas serem de madeira e revestidas de ouro indica a dupla natureza de Jesus Cristo, o Deus que Se fez homem, o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós (Jo.1:1-3,14).

 – Enquanto no pátio, temos a ênfase na justiça divina, indispensável para que se tenha o restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem, daí porque tudo ali ser de cobre ou revestido de cobre (Ex.27:19),

agora, já com a justiça de Deus satisfeita e em comunhão com o Senhor, o salvo, devidamente santificado, passa a ser um sacerdote e rei, ou seja, participante da natureza divina, já que escapou da corrupção que havia no mundo (I Pe.1:4) e, por isso, temos como material o ouro, que tipifica a divindade.

OBS: “…Biblicamente, irmãos, o ouro representa a glória de Deus, enquanto que a madeira de acácia está representando a natureza humana, que precisa ser aparada pelo Espírito de Deus, acrescida do elemento divino, ou seja, da vida eterna. 

Que nós tenhamos a vida dentro de nós, que esse elemento que vem do céu seja inserido na nossa natureza humana!…” (ANDRADE, Benedito Severino de. As tábuas do tabernáculo. Disponível em: http://www.elevados.com.br/artigo/124/as-tabuas-do-tabernaculo.html Acesso em 13 fev. 2019)  

– Além do véu, o lugar santo também é caracterizado pela presença das tábuas, com as quais se fazia a estrutura da tenda da congregação, a parte coberta do tabernáculo.

Eram quarenta e oito tábuas, todas de madeira de cetim, que deveriam ser levantadas, com comprimento de dez côvados e largura de um côvado e meio. Cada tábua deveria ter duas coiceiras, travadas de uma com a outra (Ex.26:16,17).

OBS: “…Cada tábua era de madeira de cetim que tinha cinco metros de altura e setenta e cinco centímetros de largura.

Não consigo ter uma ideia de como naquela época, em pleno deserto, conseguiram tábuas tão largas e tão compridas, e tudo dá a entender que não tinham emendas. Isso é verdadeiramente uma prova da mão de Deus nesse negócio.…” (MATTOS, Luiz. A tipologia bíblica do tabernáculo, p.21).

 – “Coiceira” é a palavra hebraica “yādh” (ַיד), cujo significado é

“…uma mão (a mão aberta [indicando poder, meios, direção etc.](…) substantivo feminino que significa mão, força…” (Bíblia de Estudo PalavrasChave. Dicionário do Antigo Testamento, n. 3027, p.1673).  

 – Tais coiceiras faziam a ligação entre uma tábua e outra, de modo que as tábuas jamais ficavam isoladas, tinham de estar unidas umas às outras e, assim, temos a tipificação da própria Igreja, estes “reunidos para fora”, que jamais podem ficar isolados, que necessitam estar unidos, dependentes uns dos outros, para que possam ser “morada de Deus no Espírito” (Ef.2:21,22).

 – As tábuas eram unidas umas às outras por estas coiceiras de prata, prata que, como já visto em lições anteriores, significa a redenção, o resgate de nossa vida por Cristo Jesus.

Fomos comprados por bom preço (I Co.6:20; 7:23) para que estejamos em união (Sl.133), a fim de estabelecermos, no mundo, uma “morada de Deus”. Os irmãos de Cristo têm de viver em união!

– As bases sob as quais estavam as tábuas também eram de prata (Ex.26:19), a mostrar que a redenção é o fundamento da nossa vida cristã, do nosso sacerdócio de Cristo (Cl.1:14).

Foi pelo sangue de Cristo que fomos feitos e reis e sacerdotes (Ap.1:5,6), foi este o preço pago para o nosso resgate (I Tm.2:6; I Pe.1:18,19) e disto jamais poderemos nos esquecer se quisermos ter um serviço sadio e agradável a Deus.

 – Sim, quando avaliamos o preço de nossa redenção, que é caríssimo (Sl.49:8), não cometemos equívocos que são fatais em nossa vida espiritual, como o desenvolvimento de uma teologia do merecimento, que tantos males têm causado a muitos ao longo da história da Igreja e na atualidade, como, por exemplo, os ensinos da teologia da confissão positiva.

 – O número dois tem o significado de “verdade”, pois o testemunho de duas pessoas tornava uma declaração verdadeira (Dt.17:6; Mt.18:16; Jo.8:17).

O fato de serem duas as coiceiras em cada tábua revela-nos que a união dos irmãos deve ser feita na verdade, isto é, não só na sinceridade e transparência, mas, também, tendo a Palavra de Deus como parâmetro.

Por isso, aliás, o apóstolo João se regozijava em ver que os irmãos, que com ele tinham aprendido, andavam na verdade (II Jo.4-6; III Jo.3,4).

 – Somente seremos morada de Deus no Espírito se andarmos na verdade, se seguirmos a verdade em amor, única forma pela qual cresceremos em tudo n’Aquele que é a cabeça, Cristo (Ef.4:15).

O lugar santo, que tipifica este crescimento espiritual, este novo estágio da vida com Cristo não poderia deixar de ter uma estrutura que nos mostrasse a “verdade em amor”, que é tipificada pelas coiceiras de prata que unem as tábuas do tabernáculo. 

– As tábuas eram assim divididas:

vinte para o lado sul,

vinte para o lado norte,

seis tábuas para o lado ocidental,

duas tábuas para os cantos do tabernáculo, de ambos os lados, as quais seriam unidas com argolas em cima e em baixo.

Temos, portanto, um total de quarenta e oito tábuas.

 – Ora, quarenta e oito é múltiplo de doze (12×4), o que nos indica que se trata de uma tipologia do povo de Deus, pois doze é o número do povo de Deus e, mais, da Igreja, porque é o povo de Deus que foi reunido pelo Evangelho, que, como vimos, é tipificado pelo número quatro.

Daí porque, como bem ensina o pastor Bartolomeu Severino de Andrade:

“…Essas tábuas são importantes para nós porque seu significado diz respeito diretamente a cada um de nós.

Por esse motivo, podemos iniciar este estudo dizendo que nós somos individualmente essas tábuas do tabernáculo, e que nós, juntos, reunidos, em nome de Jesus, formamos o tabernáculo, o edifício de Deus na face da Terra.…” (As tábuas do tabernáculo.end.cit.).

 – Como bem ensina o pastor Abraão de Almeida, …” as tábuas vieram da floresta. Cada tábua representa um cristão.

Nós, como crentes, fomos cortados, derrubados aos pés de Cristo, pelo arrependimento, quando ouvimos o Evangelho, a Palavra de Deus.

Como espada, ela nos colocou por terra e, depois de derrubados, fomos trazidos para a Casa de Deus.

Viemos da maneira como caímos mas, na Casa de Deus, fomos trabalhados, conforme Efésios 2:1-3…” (op.cit., p.19).

Com efeito, as tábuas tinham a mesma medida, conquanto tivessem diferentes origens, uma vez que foram trabalhadas e tornadas semelhantes pelos artesãos (Ex.31:1-5), e,

como tudo o que fizeram foi por direção e orientação do Espírito Santo, é este Espírito que nos torna membros em particular do corpo de Cristo.

 – As tábuas, além de se unirem a duas outras pelas coiceiras de prata, também eram unidas, em grupos, por barras ou travessas de madeira de cetim (Ex.26:-28).

Eram cinco travessas para unir as tábuas do lado norte;

cinco travessas para unir as do lado sul e

cinco travessas para unir as tábuas do lado ocidental, e mais uma barra do meio que passaria de uma extremidade a outra (Ex.26:26-28). 

– Estas travessas, que passavam pelas argolas, reforçavam a ideia de união das tábuas, além de lhes dar maior estabilidade quando o tabernáculo estava ereto, pois as tábuas tinham de ficar em pé para poder sustentar o santuário.

Mais uma vez se tem a ideia da unidade entre todas as tábuas como absolutamente necessária para a manutenção da edificação.

Estas barras eram igualmente de madeira e revestidas de ouro, a exemplo das próprias tábuas.

II – O LUGAR SANTO: O CANDELABRO OU CASTIÇAL DE OURO  

– Vista a entrada do santuário bem como a sua estrutura, falemos, então, propriamente do “lugar santo” ou “primeiro santuário”, que é o primeiro compartimento da parte coberta do tabernáculo, que continha três peças:

o candelabro ou castiçal,

a mesa dos pães da proposição e o

altar de incenso,

todas estas peças feitas de madeira de cetim devidamente revestidas de ouro. 

– Uma das peças do lugar santo era o candelabro, peça feita de ouro puro, que possuía um pé, sendo que do tronco deste candelabro saíam seis braços, três de cada lado,

cada um com copo a modo de amêndoas, uma maçã e uma flor, sendo que no castiçal mesmo, haveria quatro copos a modo de amêndoas, com suas maçãs e com suas flores (Ex.25:31-35).

 – O candelabro possuía sete lâmpadas, que eram acendidas para iluminar o que estava defronte dele, sendo certo que deveria haver espevitadores e apagadores de ouro puro, precisamente para que se acendessem e se mantivessem as lâmpadas acesas ininterruptamente (Ex.25:37-40).

 – O lugar santo ficava no primeiro compartimento da tenda da congregação, ou seja, era um lugar coberto, que era separado do pátio por um véu.

Não havia janelas na tenda da congregação, de modo que o lugar era, naturalmente, escuro, até porque a cobertura do tabernáculo era feita por quatro cortinas que não permita a entrada da luz solar.

 – O candelabro, portanto, entre outras funções, era a peça que permitia a iluminação do lugar santo, pois era a única peça que possuía lâmpadas e, assim, permitia que existisse luz no local.

 – Por isso mesmo, a tipologia do candelabro está relacionada com Jesus como sendo a luz do mundo, a luz que é a vida dos homens (Jo.1:4; Jo.8:12; 9:5), posição que o Senhor Jesus já ocupava desde antes de Sua encarnação,

tanto que João disse que esta luz resplandeceu nas trevas, indicando, deste modo, que isto estava relacionado à natureza divina do Senhor, o que explica porque o candelabro era feito de ouro puro, ouro que simboliza a divindade.

 – O candelabro tinha sete lâmpadas e estas lâmpadas simbolizam o Espírito Santo, pois o Senhor Jesus veio ao mundo e, para exercer o Seu ministério, foi cheio do Espírito Santo, teve o Espirito Santo em toda a Sua plenitude, já que se tratava de um homem sem pecado (Jo.8:46; Hb.4:15), do último Adão (I Co.15:45).

O profeta Isaías já profetizara que o Cristo seria alguém dotado dos “Sete Espíritos de Deus” (Ap.1:4; 3:1; 4:5; 5:6): “Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. 

E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is.11:1,2).

OBS: “…Mas, convém esclarecer que nem sempre o número sete, na Bíblia, significa exatamente seis mais um.

Sempre que esse número aparece, é bom analisa-lo à luz do contexto, porque, tanto pode significar sete mesmo (6+1) como, também, pode significa ( e isso é importante) ‘plenitude’, ‘perfeição’.…” (OLIVEIRA, José Serafim de. A revelação do Apocalipse: saiba o que a Bíblia diz sobre o futuro. 5. ed. ampl., p.14).

– Entretanto, este candelabro não fala apenas de Jesus, pois também tipifica a Igreja, visto que o Senhor Jesus, sendo a luz do mundo, também disse que Seus discípulos deveriam sê-lo (Mt.5:14-16).

 – Quando cremos em Jesus Cristo, tornamo-mos luz e, por causa disso, passamos a brilhar e a iluminar o mundo de trevas em que habitamos.

A exemplo do candelabro, iluminamos o ambiente em que estamos. Se o candelabro, ao fazê-lo, permitia aos sacerdotes vislumbrar as belezas do lugar santo, nós, ao revés, tornamos claras a todos as mazelas, as injustiças e as maldades do mundo em que vivemos, mundo que está no maligno (I Jo.5:19).

– Por causa disso, somos odiados pelo mundo (Jo.15:18-20), visto que nossa simples presença denuncia a iniquidade e o quanto de pecaminoso e mau possui este mundo, de modo que aqueles que rejeitam a Cristo, cegos que estão pelo inimigo (II Co.4:4),

passam a querer nos ofuscar, a nos apagar, já que nos apresentamos como astros no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15), cheiro de morte para morte para os que se perdem (II Co.2:15,16).

 – Estas lâmpadas deveriam ser alimentadas por azeite puro de oliveiras, batido para o candeeiro, para fazer as lâmpadas arderem continuamente (Ex.27:20).

 – Assim como a lenha era indispensável e essencial para a manutenção do fogo no altar de cobre, o azeite puro era essencial e indispensável para a manutenção das lâmpadas do candelabro acesas, pois era o combustível destas lâmpadas. 

– Todos os dias, desde a manhã até a tarde, os sacerdotes deveriam pôr em ordem as lâmpadas, para que elas não apagassem, seja as abastecendo com o azeite, seja se utilizando dos espevitadores e apagadores, para impedir que o pavio das lâmpadas ficasse comprometido com borrões e comprometesse a iluminação. 

– O azeite puro de oliveira representa, como sabemos, o Espírito Santo. Era um azeite que deveria ser trazido pelos israelitas, ou seja, não era confeccionado pelos sacerdotes, não podendo, neste passo, ser confundido com o azeite da unção (Ex.31:22-33).

 – Esta distinção de azeite já nos revela que uma coisa é a presença do Espírito Santo na vida do salvo, pois todo salvo tem o Espírito Santo, pois está selado para a redenção (Ef.4:30),

desde o dia em que cremos em Cristo (Ef.1:13; Jo.7:38,39), quando Ele passou a habitar em nós (Jo.14:17) e coisa bem diversa é o Espírito Santo atuando no salvo seja como revestimento de poder, seja para a manifestação de algum dom espiritual (carismático, assistencial ou ministerial) (At.1:8; Rm.12:5,6; I Co.12:4-11,28-31). 

– O azeite utilizado para as lâmpadas era trazido por todo o povo, a indicar que se tratava de algo que era comum a todos, ou seja, fala-nos do Espírito Santo enquanto selo de propriedade divina sobre todos os salvos, salvos estes que têm como objetivo serem morada de Deus no Espírito (Ef.2:19-22). 

– Este azeite era puro, ou seja, somente conseguiremos trazer o Espírito Santo em nós, de modo a fazermos de todos nós luz do mundo, não só cada crente mas a igreja como um todo, se estivermos em santidade, se formos santos.

O azeite não era especial, era comum a todos, mas tinha de ser puro e, por isso, se dizia que era “batido para o candeeiro”. 

– O processo de produção do azeite exige algumas etapas, sendo que uma delas é precisamente é a batedura.

As azeitonas, depois que eram lavadas, eram moídas em uma mó, que era uma pedra grande.

Em seguida a este moer, elas eram batidas, de forma lenta e contínua, o que faz com que a massa fique uniforme e se juntem as gotas de azeite.

A massa era posta para descansar e, assim, por decantação, o azeite era objeto de extração. 

– Notamos, portanto, que, para que o azeite fosse utilizado, era preciso que ele fosse produzido após a batedura e sabendo-se que seria utilizado no serviço a Deus, o que exigia todo o cuidado por parte de seus produtores, dada a sua finalidade. 

– Para podermos ser luz do mundo, faz-se, preciso, também, que tenhamos todo o cuidado em nossas vidas, que nos deixemos moer pela “moenda divina”,

que abramos mão de nós mesmos, que nos deixemos instruir pelo Senhor, suportando as provações e buscando ser instrumentos do poder e do amor de Deus. Temos de nos santificar e ser, em tudo, obedientes à voz do Senhor. 

– Mas, além do azeite, era necessário também que o pavio estivesse sempre em ordem, que não houvesse morrões, que são as partes queimadas mas ainda acesas do pavio, mas que, se não forem atiçadas ou cortadas, pelos espevitadores, acabarão por apagar a chama da lâmpada.

– Durante todo o dia, os sacerdotes deveriam verificar se não havia morrões, e, constatada a sua existência, deveriam cortar o pavio ou puxá-lo, com a espevitadeira, a fim de impedir que a chama corresse risco de apagar.  

– Vemos aqui, naturalmente, a mesma situação da cinza no fogo do altar, já analisada supra, de sorte que aqui se tem, uma vez mais, a necessidade de haver uma contínua santificação por parte do salvo para que não deixe de brilhar como luz do mundo. 

– Enquanto o azeite era queimado e providencia a iluminação no lugar santo, esta queima começava a produzir morrões, o que é perfeitamente natural.

Também, enquanto estamos a peregrinar sobre a face da Terra, igualmente há um desgaste, pois somos imperfeitos, estamos lutando contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12),

cujas forças espirituais são maiores que as nossas, pois somos seres humanos e, como tais, menores que os anjos, ainda que se trate de anjos caídos (Sl.8:5). 

– Diante disto, faz-se mister que haja a atuação dos espevitadores, que representam e simbolizam a atuação divina para retirar os morrões, para impedir o apagar da chama vinda do azeite puro, ou seja,

precisamos do poder atuante do Espírito Santo em nossas vidas para que nos renovemos a cada dia, para que nosso homem interior se renove de dia em dia, a fim de que não venhamos a desfalecer o nosso ânimo (II Co.4:16; Hb.12:3).

 – A atuação do espevitador em nossas vidas quase sempre não é indolor. O espevitador estica o pavio, cortao por vezes, o que significa dizer que, na maior parte das vezes, somos tirados de nossa zona de conforto para que o Espírito Santo possa melhorar os nossos caminhos.

A atuação do espevitador representa, muitas vezes, provações que nos sobrevêm, mas que, no final, nos fará brilhar mais, resplandecer e refletir a imagem de Cristo em nós, o que nos é algo amplamente favorável e revela o bem que Deus quer sempre nos dar. 

– Não podemos desfalecer. Nosso Senhor e Salvador disse que, no mundo, teríamos aflições, mas que tínhamos de ter bom ânimo (Jo.16:33), bem como temos o dever de orar e nunca desfalecer (Lc.18:1).

Como disse o apóstolo Paulo, devemos estar sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (II Co.5:6).

Para tanto, devemos nos portar dignamente conforme o Evangelho de Cristo, combatendo pela fé deste mesmo evangelho (Fp.1:27). 

– É interessante observar que o texto bíblico fala de “espevitadores” e de “apagadores” (Ex.25:38).

O espevitador era uma pinça, uma tenaz, uma tesoura (tanto que a palavra hebraica se refere a um objeto dual, a saber, a palavra “melqahayim” – מלקוים),

cuja função era retirar a impureza, o que nos faz lembrar, inclusive, a experiência do profeta Isaías, que, com uma tenaz que trazia brasa do altar celestial, removeu a impureza de seus lábios, que o impediria de levar adiante a mensagem de Deus como profeta (Is.6:6,7).

– Já o “apagador” diz respeito a um objeto cuja finalidade era remover, tanto que a palavra hebraica utilizada, a saber, “mahtah” (מחתה), é derivada da palavra “mhitah” (מחתה), cujo sentido é “destruição, desfalecimento, ruína, terror/”,

sendo empregada no sentido de “remoção”, mais precisamente a remoção operada por uma ação divina de destruição, ou seja, numa clara tipificação da destruição dos “restos do mal”, como já aludido supra fazendo uso de feliz expressão do poeta sacro José Teixeira de Lima no hino 122 da Harpa Cristã.

– Torna-se absolutamente necessário, na nossa peregrinação terrena, que, para brilharmos como luz do mundo, como astros no meio de uma geração corrompida e perversa,

que nos entreguemos ao Espírito Santo e que, a cada dia, a cada instante, deixemos que Ele venha nos purificar, retirar de nós os “restos do mal”, tudo aquilo que pode nos impedir de dar testemunho de Cristo a todos os homens.

– Ser luz do mundo, como nos ensinou o Senhor Jesus, é ter um comportamento que glorifique o nome do Senhor, ter boas obras que levem os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus (Mt.5:18), portar-se de modo irrepreensível e sincero, filho de Deus inculpável (Fp.2:15). 

– As lâmpadas deveriam arder continuamente, embora fossem abastecidas e os pavios mantidos em ordem desde a tarde até a manhã.

Mesmo durante a noite, quando não havia qualquer ofício, a lâmpada continuava a iluminar o lugar santo que, assim, sempre estava iluminado.

Esta iluminação nada tinha que ver com a iluminação dos anexos do tabernáculo, iluminação que cessava na hora em que as pessoas iam dormir (I Sm.3:3). 

– Este arder contínuo diz-nos que não há pausas na vida espiritual, que não podemos ter períodos em que não nos é requerido dar testemunho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

A todo momento, a todo instante, devemos revelar a todos que somos filhos de Deus, que somos cristãos, isto é, “parecidos com Cristo”, “conforme à imagem de Cristo”, “pequenos cristos” (At.11:26; Rm.8:29). 

– Devidamente ordenados pelo nosso sumo sacerdote, que é o Senhor Jesus (Hb.8:1), e esta ordenação não abrange apenas o enchimento do Espírito Santo, mas também, medidas corretivas para retirar de nós os “restos do mal”, devemos ter uma conduta que mostre o fruto do Espírito, o nosso novo caráter em Cristo Jesus, de tal maneira que as pessoas tenham a plena convicção de que somos filhos de Deus e que Jesus é o Salvador da humanidade. 

– Arder continuamente faz com que, forçosamente, pratiquemos boas obras e estas obras levem à glorificação do nome do Senhor por parte daqueles que nos cercam, notadamente dos incrédulos (Mt.5:18).

Temos um comportamento que levem as pessoas a glorificar a Deus? Pensemos nisso! 

– Esta glorificação do nome do Senhor revela que arder continuamente não é produzir uma glória própria, um prestígio individual, mas, bem ao contrário, trata-se de se anular e deixar que Deus apareça em nós.

É, como diz o apóstolo Paulo, ser um espelho, que reflete a imagem do Senhor e que não aparece em momento algum (II Co.3:18). 

– Arder continuamente faz com que nos diferenciemos da corrupção e da perversão que hoje existem no mundo.

Temos sido diferentes dos incrédulos, daqueles que não têm Deus nem esperança? Fazemos as coisas de modo diverso que o mundo?

Ou somos apenas religiosos, que, no dia a dia, apenas imitam e estar de acordo com a mentalidade mundana, submersa no maligno?

Lembremos da orientação do apóstolo: Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento (Rm.12:2a)! 

– Arder continuamente faz com que nos apresentemos irrepreensíveis, ou seja, “sem falha”, pessoa que não pode ser apanhada e acusada.

Por isso, o apóstolo Pedro diz que somente podem nos acusar de servir a Deus, de termos um bom procedimento em Cristo, de estarmos a praticar o bem (I Pe.3:16,17). 

– Arder continuamente faz com que nos apresentemos sinceros, ou seja, sem mistura, aquele que atingiu o objetivo divino de se manter separado do pecado, que preserva a circunstância de ter sido liberto do poder e da natureza do pecado. 

– As lâmpadas ardiam continuamente porque estavam embebidas do azeite puro e tudo quanto à impedia de manter viva a sua chama era extirpado e tirado seja pelos espevitadores, seja pelos apagadores.

Arderemos continuamente até o dia do arrebatamento da Igreja, se nos deixarmos envolver pelo Espírito Santo e se nos submetermos à ação santificadora deste mesmo Espírito, mesmo que isto venha por intermédio de provações. 

– O candelabro era puro (Lv.27:4), ou seja, santo, e, por isso mesmo, as lâmpadas deveriam estar em ordem para poder fazer parte deste candelabro.

No livro do Apocalipse, Jesus aparece entre sete castiçais, que representam as sete igrejas (Ap.1:12,20), ou seja, o candelabro também representa a Igreja, que é o corpo de Cristo. 

– Para pertencermos à Igreja, precisamos estar devidamente ordenados pelo Senhor, agir conforme a Sua vontade, pois ordem nada mais é que a disposição conveniente para um determinado fim.

Fomos salvos para amar a Deus, amar ao próximo e glorificar o nome do Senhor.  

– A disposição da lei mosaica de que as lâmpadas deveriam ser ordenadas e arder continuamente ensina-nos que somente alcançaremos a salvação, somente chegaremos à glorificação, se nos submetermos ao Senhor e, por meio de nossa peregrinação terrena, glorificarmos o nome de Deus. Temos feito isto? 

III – O LUGAR SANTO: A MESA DOS PÃES DA PROPOSIÇÃO 

– Quando o Senhor deu o modelo do tabernáculo para Moisés, no monte Sinai, determinou que fosse feita uma mesa de madeira de cetim, com comprimento de dois côvados e largura de um côvado e altura de um côvado e meio, que seria coberta de ouro puro,

com uma coroa de ouro ao redor e moldura ao redor, de largura de u’a mão, com quatro argolas de ouro, nos quatro cantos, nos seus quatro pés, sendo que, diante da mesa, deveriam ficar os varais que a levariam na locomoção, varais de madeira, igualmente cobertos de ouro (Ex.25:23-28; 37:10-16). 

– Além da mesa, deveriam ser também feitos pratos, colheres, cobertas e tigelas, tudo de ouro puro, para que fossem utilizados nas ministrações, inclusive no derramamento de licores (Ex.25:29). 

– Nesta mesa, deveriam ser postos os pães da proposição perante a face do Senhor continuamente (Ex.25:30). 

– Como ensina o pastor Abraão de Almeida: “…Essa mesa, que também se chamava Mesa da Presença, tinha um metro de comprimento, por 50 centímetros de largura e 75 de altura.

Sobre ela ficavam os 12 pães da presença, representando todo o povo de Deus…” (O tabernáculo e a igreja: entrando com ousadia no santuário de Deus, p.25. Digitaliz. por Levita). 

– Esta mesa, como tudo no tabernáculo, tipifica o Senhor Jesus. A começar pelo fato de ser de madeira de cetim coberta de ouro, a indicar a dupla natureza de Nosso Senhor e Salvador: a madeira representa a humanidade de Cristo, enquanto que o ouro, a Sua divindade.  

– A humanidade, surgida quando da encarnação (Jo.1:14), foi coberta pela divindade, ou seja, Deus Se fez homem, como homem viveu, sendo a expressa imagem e semelhança de Deus, já que não pecou, tendo, então, tomado o lugar do pecador e obtido a salvação pela Sua morte e,

como tal, ressuscitado, em corpo glorificado, subindo aos céus, assentando-se à destra da majestade nas alturas (Hb.1:3), numa clara demonstração de que aqueles que crerem em Cristo, também serão feitos à imagem e semelhança de Deus por força do novo nascimento e, ao final, serão glorificados, passando a ser semelhantes ao Senhor Jesus (I Jo.3:2,3). 

– A mesa foi feita por Bezaleel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá (Ex.37:10 combinado com 37:1), que foi cheio pelo Espírito Santo de sabedoria, entendimento e ciência em todo o artifício (Ex.35:30-33),

 a demonstrar que a arte com que foi feita a mesa era sobrenatural, era algo vindo diretamente de Deus, em mais um indicativo de que a humanização de Cristo e a realização de Sua obra salvífica é também resultado da atuação do Espírito Santo, já que o Senhor Jesus foi gerado por obra e graça do Santo Espírito e exerceu o ministério porque estava cheio do Espírito de Deus (Lc.1:35; 4:1). 

– A principal função da mesa era servir de local onde deveriam ser postos os pães da proposição.

A expressão hebraica correspondente é “lehem happanin” ( הפנים לחם ), que significa “o pão da presença”, o “pão exposto diante de minha face”.

Eram pães, portanto, que ficam expostos diante da face do Senhor, lembrando que esta mesa era colocada no lugar santo, ou seja, ficava “à vista” do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo, onde a arca do concerto estava, arca que simbolizava a presença do Senhor. 

– É, por isso, aliás, que a mesa era também chamada de “mesa da Presença”, porquanto os pães que nela eram postas estavam diante do Senhor, ficavam expostos ao Senhor, denunciavam a própria presença diante de Deus e, por conseguinte, estavam a indicar que havia um relacionamento com o Senhor, que também estava presente naquele local. 

– Os pães, pelo que se verifica de pronto, deveriam ficar expostos diante de Deus, revelavam, assim, a sua presença diante do Senhor, estavam diante da face do Todo-Poderoso. 

– Esta exposição faz-nos lembrar de que estamos, também, totalmente expostos diante de Deus, não há como fugirmos de Sua presença.

Como disse o salmista: “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, Tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que Tu ali está também.

Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão, então a noite será luz à roda de mim.

Nem ainda as trevas me escondem de Ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para Ti a mesma coisa” (Sl.139:7-12).

– Não há como nos escondermos do Senhor e os pães da proposição, ou pães da presença, demonstram claramente que estamos completamente expostos ao Senhor, que nada nos pode esconder da face de Deus. 

– Por isso, mesmo, trata-se de uma verdadeira tolice, como costuma ensina o pastor e teólogo José Mathias Acácio, a tentativa de alguém de encobrir os seus pecados, de tentar esconder as suas ofensas contra Deus. 

– Por primeiro, pecado é um assunto que diz respeito a nós e a Deus, pois pecado é uma transgressão contra Deus.

Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “ Cremos, professamos e ensinamos que o pecado é transgressão  da Lei de Deus: ‘porque o pecado é a transgressão da lei’ ( I Jo.3:4 – ARA), ou seja, a quebra do relacionamento do ser humano com Deus.…” (Cap. IX, p. 97). 

– Ora, se pecado é assunto entre nós e Deus, somente interessa a nós e ao Senhor e, como nada é encoberto diante do Senhor, as tentativas de encobrir as transgressões não atingem exatamente quem é o interessado em conhecê-las.

Assim, todo o esforço dispendido para impedir o conhecimento da prática pecaminosa das demais pessoas é absolutamente vão e sem qualquer sentido, já que o pecado é ofensa contra Deus e é Deus quem vai punir o pecador e Ele já sabe de tal prática. 

– Como se isto fosse pouco, o fato é que encobrir as transgressões traz fracasso para a vida do pecador, seja no aspecto material, seja no aspecto espiritual.

Enquanto o pecado não é confessado, a misericórdia do Senhor não alcança o pecador e males de ordem psicossomática podem tomar conta do transgressor (Pv.28:13; Sl.32:3,4). 

– A exposição dos pães da proposição permite-nos refletir a respeito desta verdade espiritual. Jamais escondamos os pecados que tenhamos cometido, pois isto é verdadeira tolice, já que estamos expostos diante da face do Senhor.

Confessemos nossas faltas, alcancemos a misericórdia divina e caminhemos, assim, rumo a glorificação, estágio final do nosso processo de salvação. 

– Os pães eram em número de doze, que deveriam ser feitos a partir da tomada da flor de farinha, sendo cada bolo de duas dízimas, que seriam postos em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o Senhor (Lv.24:5,6).

– A primeira observação que se deve fazer a respeito desta disposição é que o pão deveria ser feito da flor da farinha, mas não podia haver fermento.

Eram pães asmos, sem fermento, sem qualquer corrupção, sem qualquer inverdade, completamente íntegros, tomados da flor da farinha. 

– O fermento, salvo na oferta das primícias, era proibido em toda e qualquer oferta (Lv.2:11,12), pois o fermento simboliza a corrupção, a distorção, uma vez que o fermento nada mais que é a deterioração causada na massa em virtude do contato com fungos que existem no ar.

Jesus, mesmo, comparou a doutrina dos fariseus a fermento (Mt.16:6-12).

 – Temos de nos apresentar diante de Deus “sem qualquer fermento”, ou seja, sem o fermento da maldade e da malícia, com os asmos da sinceridade e da verdade (I Co.5:8), imitando, assim, a Jesus Cristo, que é a nossa páscoa (I Co.11:1; 5:7). 

– Como afirma o comentarista bíblico Matthew Henry (1626-1714): “Os cristãos devem ser cuidadosos em guardar-se tão limpos a ponto de excluir membros impuros de sua sociedade.

E eles devem especialmente evitar os pecados nos quais eles mesmos foram uma vez viciados e os vícios reinantes nos lugares onde vivem e nas pessoas com quem convivem.

Eles também devem se purificar da malícia e da maldade – toda má vontade e sutileza perniciosa.

Esse é o fermento que azeda a mente em alto grau. …” (Comentário bíblico. Novo Testamento – Atos a Apocalipse. Edição completa. Trad. de Luiz Aron, Valdemar Kroker e Haroldo Jansen, p.448).

– Não podemos nos apresentar diante do Senhor com pecado, impregnados da maldade e da malícia, pois isto é abominável diante de Deus.

Não nos esqueçamos que a multiplicação da maldade fez o Senhor destruir toda a geração antediluviana (Gn.6:5,6) e que sempre que a medida da injustiça chega ao limite da longanimidade divina, advém sempre o juízo sobre os impenitentes (Gn.15:16; 18:20). 

– Somos maus (Mt.7:11), mas, quando cremos em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nascemos de novo (Jo.3:3,5) e esta nova criatura (II Co.5:17; Gl.6:15),

gerada pela semente incorruptível da Palavra de Deus (I Pe.1:23), não tem pecado, não peca (I Jo.3:9), este “novo homem”, que foi gerado pela morte do grão de trigo, que é Cristo (Jo.12:24), que ressuscitou com Nosso Senhor e Salvador e, por isso, está morto para o mundo, mas vivo para Deus (Rm.6:6-11). 

– Os pães eram tomados da flor de farinha, e a farinha simboliza a Palavra de Deus, o nosso pão espiritual (Mt.4:4; Lc.4:4).

Não teremos condição de nascer de novo se não ouvirmos a Palavra de Deus (Rm.10:17), se não nascermos da água e do Espírito (Jo.3:5). 

– Como estamos expostos diante de Deus, faz-se mister que estejamos sempre em santidade, vigilantes para que nenhum fungo do ar venha nos contaminar e nos faça corromper.

Temos de alimentar continuadamente este “novo homem”, temos de manter aprisionado o “velho homem” com suas paixões e concupiscências (Gl.5:24), mortificando a carne, pois só assim poderemos nos expor diante de Deus como “asmos de sinceridade e verdade”. 

– A sinceridade implica em ausência de falha, em transparência, em inexistência de uma vida dupla, de um “duplo ânimo”.

Para não termos “duplo ânimo”, é preciso que purifiquemos os nossos corações (Tg.4:8).

Como ensina conhecimento folheto evangelístico chamado “coração de Carlos”, é mister que o nosso coração seja desocupado dos pecados que nele habitam (Mt.15:19), para passar a ser habitado pelo Espírito Santo, pelo Pai e pelo Filho, ou seja, por Deus. 

– Os asmos são de verdade, ou seja, devemos pautar as nossas vidas pela Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17), seguindo o exemplo de Jesus (I Pe.2:21), que é a verdade (Jo.14:6), observando sempre a direção e a orientação do Espírito Santo, que é o Espírito de verdade (Jo.14:17).

– Vivemos dias em que os fundamentos estão transtornados (Sl.11:3) e o salmista, diante desta constatação, indaga o que pode fazer o justo.

O justo tem de viver pela fé (Hc.2:4) e isto significa que deve confiar em Deus e viver de acordo com a Sua Palavra, ainda que isto não faça o menor sentido do ponto-de-vista humano.

Quando cremos na Palavra de Deus, vivemos pela fé e esta fé nos fará vencer o mundo (I Jo.5:4). 

– Os pães eram cozidos, ou seja, não bastava pegar a flor de farinha. Era preciso que ela tomasse a forma de bolo e fosse devidamente cozida, para, então, ser levada até a mesa no lugar santo. 

– Mister que sejamos devidamente preparados para que possamos ser expostos diante de Deus.

Verdade é que não temos condição alguma de nos salvarmos a nós mesmos, de obtermos qualquer mérito de salvação, pois somos maus.

Entretanto, uma vez gerados de novo pela Palavra, pela “flor de farinha”, é indispensável que tomemos a “forma de bolo” e que sejamos cozidos, ou seja, que sejamos devidamente preparados. 

– Este preparo espiritual é a nossa santificação, na qual passamos a ser conformes a imagem de Cristo (Rm.8:29), na qual passamos a ser reconhecidos e chamados pelos que nos cercam de “cristãos” (At.11:26), ou seja, “parecidos com Cristo”, “pequenos Cristos”.

– Não podemos nos conformar com o mundo (Rm.12:2), temos de nos abster da aparência do mal, ou seja, da forma do mal (I Ts.5:22) e somente cumpriremos estas exigências se assumirmos a forma de Cristo, o modo de viver do Senhor, desprendendo-nos da maneira de agir que, por tradição, recebemos dos nossos pais (I Pe.1:15-22). 

– Para isto, entretanto, temos de ser preparados, moldados, pois é preciso que Cristo seja formado em nós (Gl.4:19).

Temos de aprender com Ele, que é o Mestre por excelência (Mt.23:8,10; Jo.13:13).

Temos de ser discípulos, ou seja, alunos de Cristo, num aprendizado que é incessante, porquanto o alvo é a perfeição de Jesus, que é um limite inalcançável mas que deve ser continuadamente perseguido (Ef.4:13; Fp.3:12-14). 

– Os pães eram em número de doze, representando, aqui, as doze tribos de Israel, ou seja, a totalidade do “reino sacerdotal, do povo santo, da propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos’ (Ex.19:5,6). 

– Somente tem condição de se expor diante do Senhor, de estar na presença de Deus aqueles que pertencem ao Seu povo. Não podemos nos aproximar do Senhor sem que pertençamos ao Seu povo. 

– É preciso entender que os pães da proposição eram postos no lugar santo, lugar de acesso privativo aos sacerdotes, colocado depois do altar dos sacrifícios e da pia de cobre, ou seja,

os pães frequentavam o mesmo lugar dos sacerdotes, sacerdotes que para lá entrarem tinham, antes, se purificado, seja pelos sacrifícios do altar de cobre, seja pela purificação com água da pia. 

– Somente pertence ao povo de Deus aquele que foi lavado e remido no sangue do Cordeiro, aquele que nasceu da água e do Espírito (Jo.3:5).

Por isso mesmo, é esta uma condição “sine qua non” para se entrar na cidade celestial (Ap.22:14).

O texto bíblico diz que são bem-aventurados os que entrarão na Nova Jerusalém, mas não é de admirar isto, pois, no sermão do monte, ao descrever as qualidades de Seus discípulos, o Senhor sempre disse serem eles bem-aventurados (Mt.5:1-12). 

– Assim, ser “bem-aventurado”, isto é, mais do que feliz, é ser discípulo de Cristo, é ter aprendido com Ele, é fazer parte do povo de Deus.

Na verdade, no dia do arrebatamento da Igreja, somente subirão aos ares e se encontrarão com Jesus aqueles que, já aqui, estão fazendo parte do corpo de Cristo, do Seu povo, que é a Igreja.

Há muitos “corpos estranhos”, na atualidade, na chamada “igreja visível”, nas diversas igrejas locais, que são grupos sociais que, externamente, estão a servir ao Senhor.

No entanto, somente aqueles que, efetivamente, tiverem suas vestes brancas, que estão andando com o Senhor (Ap.3:4,5), o chamado “remanescente fiel”, que verdadeiramente compõe a Igreja, que pertence ao povo de Deus, será glorificado e se encontrará com Cristo Jesus nos ares.

– Os pães eram doze simbolizando o povo de Deus, a nos indicar que, ao contrário do que ensinam equivocadamente os “desigrejados”, não se pode servir ao Senhor de forma solitária, sem pertencer a uma igreja local, pois o homem foi feito um ser social, um ser gregário, que, para sobreviver, tanto material quanto espiritualmente, precisa do convívio com seu semelhante. 

– A salvação é individual, mas a nossa peregrinação terrena somente será exitosa se tivermos a companhia de nossos irmãos em Cristo.

A Bíblia ensina-nos que devemos

nos amar uns aos outros (Jo.13:35),

preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10),

recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7),

saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16),

servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13),

suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13),

perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13),

sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21),

ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25),

não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9),

consolarmo-nos uns aos outros (I Ts.4:18),

exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (I Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras (Hb.10:24),

confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16),

recebermos honra uns dos outros (Jo.5:44),

sermos membros uns dos outros (Rm.12:5; Ef.4:25),

ter igual cuidado uns dos outros (I Co.12:25),

levar as cargas um dos outros (Gl.6:2),

não falar mal uns dos outros (Tg.4:11).  

– A Igreja é o corpo de Cristo e nós, seus membros em particular (I Co.12:27).

O salvo é membro do corpo de Cristo e sabemos que nenhum membro do corpo sobrevive se se mantiver apartado do corpo.  

– Deste modo, é imprescindível para nossa vida espiritual que tenhamos esta dimensão coletiva da salvação, até porque a vida eterna possui tanto a dimensão individual, simbolizada pela “pedra branca com um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap.2:17),

quanto a dimensão coletiva, evidenciada no fato que, na cidade celeste, teremos “o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Ap.21:3). 

– Jamais um pão ficou solitário na mesa no lugar santo, mas, sim, os doze pães, que eram postos juntamente e retirados, na virada da semana, também conjuntamente, sendo, também, consumidos simultaneamente pelos sacerdotes.

Não há como servir a Deus de modo solitário. Mesmo um campeão da fé, como o apóstolo Paulo, indiscutivelmente o maior nome dentre os servos de Jesus e ele próprio dotado de todos os dons ministeriais e,

muito provavelmente de todos os dons espirituais (certamente, de oito dos nove dons elencados em I Co.12), sempre necessitou da cooperação de muitos irmãos para o exercício do seu ministério, como deixa explícito nas saudações que finalizam as suas epístolas. 

– Os doze pães na mesa também representam a totalidade do povo de Deus.

Israel tinha doze tribos e todas elas estavam representadas na mesa, ou seja, isto nos fala a respeito da unidade do povo de Deus.

O povo de Deus é uno. Por isso, a Igreja é uma, como, aliás, salienta o Credo Niceno-Constantinopolitano, que afirma haver “uma só Igreja”.

Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, no item 8 de nosso Cremos:

Cremos “na Igreja, que é o corpo de Cristo, coluna e firmeza da verdade, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus (I Co.12:27; Jo.4:23; I Tm.3:15; Hb.12:23; Ap.22:17).

 – Esta unidade, entretanto, não significa uniformidade. Os pães, embora tivessem a mesma matéria, eram diferentes entre si.

Não havia grande diferença entre eles, mas o fato é que um era diferente do outro. Há, portanto, uma unidade na diversidade.

Nem todos os membros do corpo de Cristo são iguais, aliás, cada um é diferente do outro e, por vezes, há uma notável diferença externa ou humana entre eles, mas, no interior, todos são asmos de sinceridade e de verdade e estas diferentes maneiras, estes diferentes modos apenas revelam a multiformidade da sabedoria e da graça de Deus (Ef.3:10; I Pe.4:10).

IV – O LUGAR SANTO: O ALTAR DE INCENSO  

– O altar de ouro era uma peça do tabernáculo que ficava no lugar santo.

Tinha comprimento de um côvado e largura de um côvado, sendo, portanto, quadrado, tendo dois côvados de altura.

Era de madeira de cetim e devia ser coberto de ouro (Ex.30:1,2), o que o diferenciava, de pronto, do outro altar, o altar de sacrifícios, que ficava no pátio e era coberto de cobre (Ex.27:1,2). 

– O altar de ouro deveria ser coberto de ouro, inclusive suas paredes e pontas, também tendo uma coroa de ouro ao redor.

Deveria ter, também, duas argolas de ouro debaixo da sua coroa, duas argolas de cada lado, a fim de que nelas pudessem ser postos os varais, que seriam de madeira de cetim e também cobertos de ouro, a serem utilizados quando de sua locomoção (Ex.30:3,4). 

– Mais uma vez, vemos aqui uma peça que tipifica o Senhor Jesus. A dupla natureza de Cristo é evidenciada no altar, que era de madeira mas coberto de ouro, a revelar o Cristo que é, a um só tempo, homem e Deus. 

– O altar tinha uma função: era nele que se deveria queimar o incenso (Ex.30:1).

Ora, o incenso simboliza as orações dos santos (Ap.5:8; 8:4) e o fato de o altar tipificar a Cristo já nos mostra que o Senhor Jesus é nosso exemplo maior de oração. 

– As Escrituras mostram-nos que o Senhor Jesus, no exato instante em que deixou a Sua glória para Se fazer carne, fez uma oração (Hb.10:5-9), a nos mostrar que a oração é indispensável quando não nos encontramos na glória do Senhor e é o meio pelo qual podemos nos manter unidos à glória, mesmo dela não fazendo parte integralmente. 

– Para Se manter unido com o Pai, mesmo Se humanizando, o Senhor Jesus passou a orar, ensinando-nos que é pela oração que nos manteremos unidos a Deus e conseguiremos adentrar na glória divina.

– Jesus estava a ponto de Se tornar um embrião no ventre de Maria, mas o simples fato de Se humanizar já criava a necessidade de ter a prática da oração.

E nós, que nunca desfrutamos, como o Cristo, da glória eterna, mas cuja natureza nos destitui dela (Rm.3:23), como podemos pensar em manter uma vida de comunhão com o Senhor sem a oração? 

– Como Jesus iniciou o Seu ministério público? Sabemos que o ministério de Jesus se inicia no Seu batismo por João Batista.

Ali, Ele assume o lugar do pecador, deixando-Se batizar pelo profeta, a fim de cumprir toda a justiça (Mt.3:15) e, na condição de substituto dos pecadores, o que faz o Senhor, no instante em que é mergulhado por João no rio Jordão? Ele orou (Lc.3:21)! 

– É no instante em que Jesus ora que o céu se abre (Lc.3:21) e, enquanto o Pai diz do céu que Aquele era o Seu Filho que muito Lhe agradara (Mt.3:17), o Espírito Santo desce sobre Jesus na forma de uma pomba, enchendo-O da plenitude do Espírito (Mt.3:16; Lc.3:22,4:1). 

– Após o batismo, Jesus vai para o deserto e o que faz durante quarenta dias ali? Ele ora e jejua (Mt.4:2; Lc.4:2), pois, se jejuou quarenta dias, teve de orar durante todo este tempo, pois o jejum nada mais que é reforço à oração. 

– O ministério do Senhor Jesus foi uma constante de oração. Jesus orava incessantemente, a mostrar que a oração é uma necessidade para quem quer ter uma vida santa e de comunhão com Deus. 

– Jesus sempre Se retirava do convívio das pessoas para ter momentos de oração (Mc.1:35; Lc.5:16; 9:18), momentos que não eram poucos minutos, mas que chegavam a durar a noite inteira, como quando escolheu os Seus discípulos (Lc.6:12,13). 

– Jesus tanto orava durante o Seu ministério que os discípulos, sabendo da intensidade de Sua vida de oração, pediu a Ele que os ensinasse a orar (Lc.11:1).

– No momento mais glorioso do Seu ministério terreno, quando Se transfigurou diante de três dos Seus discípulos, o que fez Jesus antes de Se apresentar glorioso? Orou (Lc.9:29)!

– Durante a Sua paixão e morte, a tônica do comportamento de Nosso Senhor e Salvador foi a oração, seja no Getsêmane (Mt.26:39,42,44; Mc.14:35,39,41; Lc.22:41), onde é dito, inclusive,

que, ante a agonia em que Se encontrava, orou com intensidade (Lc.22:44), seja no Calvário, onde, das chamadas “sete palavras da cruz”, três foram palavras de oração (Lc.23:34; Mt.27:46; Lc.23:46). 

– Ressurreto, o Senhor Jesus orou, dando graças, antes da refeição com os discípulos que acompanhara em Emaús (Lc.24:30), sendo certo que, ao entrar nos céus, iniciou Sua incessante oração que até hoje perdura em favor dos homens (Is.53:12; Rm.8:34; Hb.7:25).

– Bem se vê, portanto, que o altar de ouro tipifica a Jesus Cristo, o homem de oração por excelência, o homem que é o mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5). 

– O altar de ouro deveria ser posto diante do véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo (Ex.30:6). No lugar santíssimo estava a arca do concerto, local onde Deus Se ajuntaria com o povo (Ex.30:6). 

– A colocação do altar de ouro em frente do véu do lugar santíssimo é a demonstração clara de que a oração é o meio pelo qual nós atingimos a presença de Deus.

O altar ficava no lugar santo, mas era colocado estrategicamente na frente do véu, para nos mostrar que é a mediação de Cristo, o Deus feito homem, que nos leva à glória eterna, mas que, por Cristo,

adentramos no lugar santíssimo por intermédio da oração, pois, era neste altar de ouro, que era queimado o incenso, incenso que, certamente, como fumaça, entrava no lugar santíssimo onde estava a arca, onde Deus disse que Se ajuntaria com o Seu povo. 

– Tanto assim é que o escritor aos hebreus chega a incluir o incensário, peça em que se punha o incenso para que o mesmo fosse introduzido no lugar santíssimo, no dia da expiação (Lv.16:12), como parte integrante do lugar santíssimo (Hb.9:4), pois havia uma ligação cerimonial entre esta peça, que levava o incenso queimado no altar para dentro do lugar santíssimo, e o próprio lugar santíssimo, a nos indicar que é a oração um elemento que nos faz entrar na presença do Senhor, que nos faz participantes, desde já, da glória divina. 

– É através da oração que nos chegamos a Deus, que podemos, desde já, estar na presença do Senhor.

Mas, e isto é importante, o mesmo se dá porque o incenso representa as orações dos santos, pois não é qualquer oração que chega à presença de Deus e que nos leva até o Seu trono.

– O altar de incenso era posto no lugar santo e, ao contrário do que ocorria com o altar de cobre, não era acessível a todos.

Somente os sacerdotes podiam chegar até o altar de ouro, pois só os sacerdotes tinham permissão para entrar no lugar santo (Hb.9:6). 

– Esta disposição indica-nos, claramente, que somente os que são sacerdotes podem orar ao Senhor e terem a sua oração recebida como cheiro suave ao Senhor, como ocorria com o incenso que era queimado, por exclusividade, pelos sacerdotes no lugar santo e subiam como cheiro suave a Deus. 

– Na atual dispensação, são sacerdotes tão somente aqueles que creram em Cristo Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas, pois é Jesus que nos faz reis e sacerdotes de Deus, depois de nos ter lavado em Seus sangue dos nossos pecados (Ap.1:5,6). 

– Somente pode ser considerado sacerdote, em nossos dias, aqueles que pertencem ao povo de Deus, à Igreja, que é a nação sacerdotal, o sacerdócio real, que foram adquiridos por Cristo, com o preço de Seu sangue (I Co.6:20; 7:23; I Pe.1:18,19),

que não mais se encontram em trevas mas estão na maravilhosa luz do Senhor, que alcançaram a misericórdia divina (I Pe.2:9,10), precisamente porque confessaram os seus pecados e os deixaram (Pv.28:13). 

– Os que assim não procederam, mantendo-se numa vida de pecado e de desobediência ao Senhor, não são ouvidos por Deus, ainda que orem, porquanto o pecado faz divisão entre nós e Deus, impedindo que Ele nos ouça (Is.59:2). Bem disse o cego de nascença curado pelo Senhor que Deus somente ouve aos que O temem e fazem a Sua vontade (Jo.9:31). 

– Todos os homens podem orar. O Senhor Jesus falou mesmo a respeito das orações dos gentios (Mt.6:7), que são os que não conhecem a Deus (I Ts.4:5), mas tais orações não são ouvidas pelo Senhor.

Há apenas uma exceção, a oração de que confessa os seus pecados e pede perdão por eles (Pv.28:13; Rm.10:13), oração esta que era feita mediante a imposição de mãos sobre os animais que eram imolados no altar de cobre (Lv.1:4) e que traz o perdão divino (Is.55:6,7). 

– Por isso, o altar de ouro se encontrava no lugar santo, porque as únicas orações que são ouvidas pelo Senhor e que fazem seus autores a adentrar na presença de Deus são as orações dos santos, as orações daqueles que,

por terem sido perdoados pelo Senhor e lavados dos seus pecados, podem agora entrar em comunhão com seu Salvador e desfrutar, desde já, da glória eterna, pois o pecado foi retirado e é este pecado que nos impede de participar da glória de Deus (Rm.3:23). 

– Desta verdade espiritual, decorre não tanto um privilégio para os santos, mas, bem ao contrário, uma grande responsabilidade.

Se só as orações dos santos são ouvidas por Deus, temos o dever de orar e nunca desfalecer (Lc.18:1) e, por isso mesmo, temos de orar em favor de todos os homens (I Tm.2:1-4), pois, se não o fizermos, não haverá como eles poderem ser ouvidos pelo Senhor. 

– Como servos do Senhor, temos amor ao próximo, queremos, também, que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade e, por isso,

não podemos ter outra atitude que não seja a de orar pelos homens, notadamente pelos incrédulos, para que o Senhor lhes possa abençoar, como também lhes dar oportunidade para salvação. 

– Deixar de orar pelos homens é pecado. Samuel já o reconhecia (I Sm.12:23) e Tiago o confirma (Tg.4:17), pois, ao orarmos pelos homens, estamos praticando o bem e ao deixar de fazê-lo, certamente estamos incorrendo em pecado, pois sabemos fazer o bem e, ao nos omitirmos ao orar pelos homens, estaremos a pecar. 

– Não foi por outro motivo que o Senhor, por meio do profeta Jeremias, mandou que os judaítas orassem por Babilônia, já que ficariam setenta anos ali (Jr.29:7), pois, na paz daquela cidade, teriam eles paz. 

– Eis um pecado que tem sido ordinariamente cometido por muitos que cristãos se dizem ser, lamentavelmente.

Temos orado pouco, muito pouco e quase nada pelos homens, pelas autoridades, pelos que estão em eminência.

Em tempos de multiplicação da iniquidade, às vésperas do arrebatamento da Igreja, as orações dos santos, que atingem o trono de Deus, poderiam, e muito, minorar os efeitos deletérios que estamos a sentir em virtude do tempo final da dispensação da graça. 

– Muitos deixam de orar dizendo que isto é inútil, que as profecias precisam se cumprir, esquecendo-se, porém, que é a própria Bíblia que nos manda orar por todos os homens, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada.

– É evidente que as profecias se cumprirão, que a iniquidade se multiplica, mas, também, é inegável que se o povo de Deus orar e se humilhar, o Senhor o ouvirá e minorará as consequências nefastas dos tempos trabalhosos que vivemos até o dia do arrebatamento da Igreja. 

– Babilônia foi destruída, como havia sido profetizado, mas os judaítas tiveram dias de paz, porque oraram por Babilônia.

Queremos ter dias de paz? Queremos chegar aos céus? Façamos a nossa parte, que é, simplesmente, a de orar por todos os homens, pois somente nós, os salvos, somos ouvidos pelo Senhor. 

– Além da posição do altar de ouro no lugar santo, outra disposição nos permite verificar a tipologia que nos mostra que somente as orações dos santos são ouvidas e permitem a chegada até a presença de Deus, a saber, a própria composição do incenso.

– O incenso que deveria ser utilizado no culto levítico não era qualquer incenso. Ele tinha uma composição estabelecida pelo próprio Deus e não podia ser utilizado a não ser no culto (Ex.30:34-38). 

– O incenso, portanto, era uma coisa santa, ou seja, separada das demais, a nos mostrar que se trata de uma atividade que somente é exitosa e atinge seu objetivo quando desempenhada por alguém que é salva, que alcançou a vida eterna. 

– Esta exclusividade do incenso era tão séria que quem fosse apanhado fazendo incenso para uso que não fosse o do culto deveria ser extirpado do povo (Ex.30:38).

Não fazer uso da oração, não orar consoante as disposições da Palavra de Deus faz com que a pessoa acabe sendo excluída do povo de Deus. Que seriedade que muitos ignoram! 

– O incenso santo era formado de especiarias aromáticas, a saber: estoraque, onicha, gálbano e incenso, que resultava num perfume temperado, puro e santo (Ex.30:34-38). 

– A oração, para ser aceita pelo Senhor, tem de ter a composição determinada por Deus.

Nossa oração não pode ser “estranha”, mas ter estritamente os elementos exigidos pelo Senhor.

Como demonstração de submissão a Deus, a oração tem de ter as especificações dadas por Deus e não pelo homem. Como isto é diferente das invencionices trazidas pelos arautos da confissão positiva… 

– O primeiro elemento era o estoraque, também denominado em algumas traduções de “bálsamo”, era uma planta de onde se extraem resinas aromáticas com as quais, até hoje, se faz incenso.

A principal planta é o Liquidambar orientalis, uma planta de caule alto que tem seu habitat em impenetráveis florestas em uma região da Turquia.

O estoraque é produzido mediante a percussão enérgica da planta que a faz produzir um soro que é colhido e misturado com a casca do caule previamente triturada, mistura que é enterrada por alguns meses, dando origem à substância perfumada.

– O estoraque representa, na oração, a humildade do cristão na sua jornada com o Senhor.

Assim como o estoraque, uma planta de caule alto, é batido, tem seu caule triturado e produz um soro, por causa das batidas, que misturado ao caule triturado dá origem ao perfume,

depois de um tempo de enterro, da mesma maneira o cristão deve negar a si próprio, abandonar a sua “altura” e se humilhar diante de Deus, permitindo,

inclusive, que a tribulação gere a paciência e a paciência, a experiência (Rm.5:3,4), num processo de humilhação com o qual a oração é aceita diante de Deus.

O orante precisa ser alguém que se submete às provações divinas e às experiências que, inicialmente amargas, produzem, depois, um cheiro suave ao Senhor.

Temos humildade diante de Deus para que nossa oração seja aceita nos céus? 

– O segundo elemento era a onicha, uma especiaria extraída da concha de um molusco branco e oleoso do Mar Vermelho, que, queimada, expelia um odor adocicado.

Como se tratava de uma concha que era triturada para que seu pó pudesse exalar o odor adocicado e penetrante, este elemento nos fala da submissão, da entrega total ao Senhor.

Nossa oração tem de refletir tal submissão, uma atitude de completo desprendimento nos braços do Senhor.

A propósito, a onicha, como é extraída do mar, também nos lembra que somente podemos orar a Deus porque fomos resgatados do mundo, porque Deus teve misericórdia de nós.

A oração é uma graça divina, um favor imerecido. Sem consciência deste imerecimento, nossa oração não será aceita pelo Senhor.

OBS: “…Como todos os outros mandamentos que D’us nos ordenou cumprir, não por Ele, mas por nós, Ele nos mandou orar a Ele pelo nosso bem. D’us não precisa de nossas preces, mas nós não podemos ficar sem elas.

É bom para nós mesmos reconhecer nossa dependência de D’us para a vida: a saúde, o pão de cada dia e o bem-estar em geral. Devemos fazê-lo todos os dias e repetidamente.

Devemos recordar frequentemente de que nossa vida e felicidade são um presente do Criador misericordioso. D’us não nos deve nada; no entanto, Ele nos dá tudo(…)

A palavra hebraica tefilá deriva do verbo palel (julgar). Usamos o verbo reflexivo lehitpalel (orar) que significa também se autojulgar.

Assim, a hora da prece também é a hora do autojulgamento e da autoavaliação.

Se a pessoa se dirige a D’us e pede Suas bênçãos, tem inevitavelmente, de perscrutar seu coração e se examinar para verificar em que altura está dos padrões de conduta que D’us prescreveu para o homem.

Enfatizamos nas preces a infinita bondade e misericórdia de D’us e oramos a Ele que conceda os desejos do nosso coração, não porque o mereçamos, mas apesar de não o merecermos.…” (O CONCEITO judaico da oração. Disponível em: http://www.ejesus.com.br/exibe.asp?id=2153 Acesso em 01 set. 2010).

– O terceiro elemento é o gálbano, retirado de plantas da família das umbelíferas, que produz uma resina que tem alto valor medicinal. A resina é obtida mediante cortes nas hastes, recolhendo-se o suco que escorre.

O gálbano representa aqui a cura espiritual produzida pela salvação e que nos permite chegar à presença de Deus.

Também nos mostra que a oração produz a santificação, porque providencia a cura do nosso interior, retira as arestas que nos impedem de crescer espiritualmente.

Esta cura produzida pela salvação também nos fala da confiança que deve ter a oração, pois está alicerçada em uma fé que nos introduziu na graça de Deus (Rm.5:2).

OBS: “…Num nível ainda mais elevado, a prece se torna avodá (serviço). A Torá nos ordena ‘servir a D’us com o coração’ e nossos sábios questionam: ‘Que espécie de serviço é o ‘serviço do coração’?’ E respondem: ‘É a prece.’

Neste sentido, a prece significa a purificação do coração e de nossa natureza. O sentido simples de avodá é trabalho.

 Trabalhamos com material cru e o convertemos em produto refinado e acabado.

Removemos as impurezas e o transformamos em algo útil ou belo. Do mesmo modo, cada judeu está cheio de maravilhosos tesouros de caráter como recato, bondade e outros traços positivos naturais.

Mas, às vezes, estão soterrados e cobertos por “solo” e ‘poeira’ que devem ser removidos.

Falamos de uma pessoa de bom caráter como ‘refinada’ ou de caráter ‘refinado’. Implica em um grande esforço superar coisas como orgulho, ira, ciúmes e traços negativos semelhantes.

Tefilá, no sentido de avodá, é a refinaria na qual as impurezas de caráter são removidas.

Estes maus traços de caráter provêm da alma animalesca do homem e são naturais a ela.

Mas somos dotados de uma alma Divina que é uma centelha da própria Divindade e o repositório de todas as maravilhosas qualidades que tornam o homem superior aos animais.

Durante a prece, a alma Divina fala a D’us e até a alma animal se enche de santidade. Tornamo-nos cientes das coisas que são verdadeiramente importantes.…” (O CONCEITO judaico da oração. end. cit.).

 – O quarto elemento é o incenso propriamente dito, também chamado de olíbano, uma goma resinosa que se extrai de certas árvores, que, desde a antiguidade, era utilizado como um elemento para adoração.

O incenso propriamente dito ou olíbano mostra-nos que a oração deve ser uma forma de adoração a Deus, de glorificação do nome do Senhor, o reconhecimento da soberania divina. Sem esta atitude, nossa oração jamais será aceita por Deus.

OBS: “…O nível mais alto na ‘escada’ da prece é alcançado quando ficamos tão inspirados a ponto de não desejar mais nada a não ser o sentimento de ligação com D’us. Neste nível, tefilá se relaciona ao verbo usado na Mishná (codificação da Lei Oral), tofel, (ligar, juntar).

Nossa alma é uma parte da Divindade e por isso almeja ser reunida e reabsorvida pela Divindade, assim como uma pequena chama é absorvida quando colocada perto de uma chama maior.

Podemos não nos dar conta deste desejo de ligação, mas não obstante ele existe. Na verdade, a alma é “a vela de D’us”.

A chama de uma vela é inquieta e tenta subir, como que procurasse se arrancar do pavio e do corpo da vela, pois tal é a natureza do fogo: forcejar para o alto.

A alma também se dirige para o alto como a chama de uma vela. Tal é a sua natureza, quer estejamos cientes disto ou não.…” (O CONCEITO judaico da oração. end. cit.) 

– Nossa oração, portanto, como tipificado no incenso santo do tabernáculo, tem de ser composta de humildade, consciência do imerecimento, fé e adoração.

Qualquer oração que não contenha esta composição será “estranha” e, como tal, abominável ao Senhor. Qual tem sido a composição de nossas orações? 

– Arão deveria queimar o incenso cada manhã, quando punha em ordem as lâmpadas (Ex.30:7).

Não há como a Igreja ser a luz do mundo, ou seja, praticar boas obras e evidenciar a glória divina (Mt.5:13,16), como também não há como os salvos na pessoa de Cristo evidenciarem a plenitude do Espírito Santo sem que tenham uma vida de oração.

– Ao mesmo tempo em que se punham em ordem as lâmpadas, se queimava o incenso, numa clara correlação entre a oração e a plenitude do Espírito Santo na vida de quem serve a Deus. 

– Não há como termos a glória de Deus, a plenitude do Espírito Santo sem que nos dediquemos à oração.

Nos dias em que vivemos, muitos têm buscado “avivamentos”, “manifestações de poder” sem que se dediquem à oração, sem que mantenham uma vida de oração.

Não oram e querem que o “poder de Deus caia”, o que é um total contrassenso.  

– Jesus foi batizado e, enquanto orava, os céus se abriram (Lc.3:21). Não há como abrirmos os céus e recebermos o poder que vem do alto se não for por intermédio da oração.

A igreja primitiva demonstrava o poder de Deus porque perseverava nas orações (At.2:42). 

– Muitos, em nossos dias, estão querendo pôr “ordem na casa”, trazer um novo nível espiritual para a igreja local, melhorar a sua própria comunhão com o Senhor, mas se esquecem que isto somente será possível com a oração.

A oração é indispensável para que venhamos a alcançar o progresso espiritual, para que venhamos a ser verdadeiras luzes do mundo, como é o desejo de Nosso Senhor e Salvador.  

– A verdade é que temos orado muito pouco. Ao analisarmos as expressões do Senhor Jesus, verificamos que o tempo mínimo de oração admitido pelo Salvador é de uma hora, pois foi este o mínimo cobrado por Cristo no Getsêmane a Pedro (Mt.26:40).  

– Esta falta de oração por parte de Pedro, aliás, explica, e muito, as condutas que o apóstolo teria naquele dia.

Depois de ter, imprudentemente, cortado a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote (Mt.26:51; Mc.14:47; Lc.22:50,51; Jo.18:10), vergonhosamente negou o Senhor (Mt.26:69-75; Mc.14:66-72; Lc.22:5462; Jo.18:15-18).

– O próprio Jesus advertira Seus discípulos para que vigiassem e orassem a fim de que não entrassem em tentação (Mt.26:41; Mc.14:38; Lc.22:40,46), pois a oração traz, justamente, a força necessária para que não sucumbamos às dificuldades que nos apresentam na nossa peregrinação terrena. 

– Mas, além de queimar incenso quando pusesse em ordem as lâmpadas pela manhã, Arão devia, também, queimar incenso quando acendesse as lâmpadas à tarde (Ex.30:8), ou seja, no final do dia, também, deveria queimar incenso, quando estivesse a abastecer as lâmpadas com azeite. 

– Verifiquemos que, pela manhã, quando as lâmpadas eram postas em ordem, ou seja, quando se via se havia, ou não, morrões, quando se usavam os espevitadores e apagadores, o incenso era queimado, tendo, pois, como já vimos, o significado de que não há avivamento, não há fortalecimento, não há arrumação na vida espiritual sem que se tenha oração. 

– No instante em que as lâmpadas eram abastecidas, em que era posto azeite, também se devia queimar incenso, ou seja, não há como nos enchermos do Espírito Santo, sermos utilizados como instrumento do poder de Deus se não for através da oração.

O que faziam os discípulos quando foram cheios do Espírito Santo no dia de Pentecostes? Oravam (At.1:14; 2:1)! 

– Em nossos dias, porém, há muitos que substituíram a oração por “campanhas”, “festividades”, “shows gospel” e tantas outras coisas para que se tenha a presença do Espírito Santo, para que se tenha o poder de Deus.

O resultado é a mistificação que temos visto e que tem distanciado muitos do verdadeiro e genuíno Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– No altar de ouro, não poderia ser oferecido incenso estranho nem holocausto nem oferta, nem poderia ser derramado sobre ele libações (Ex.30:9). 

– O altar de ouro ficava no lugar santo e, portanto, não era o local apropriado para que se oferecessem sacrifícios e ofertas, o que devia ser feito no altar de cobre, que ficava no pátio do tabernáculo e, depois, do templo. 

– Somente pode ter vida de oração quem já se encontra devidamente salvo na pessoa de Jesus Cristo.

As orações que sobem à presença do Senhor são as orações daqueles que já se encontram em comunhão com Deus por terem crido em Jesus. 

– Também não são aceitas “orações estranhas”, ou seja, orações cujos componentes não são os indicados pelo Senhor.

 Se isto dizia respeito à composição do incenso no culto levítico, isto também tipifica os elementos que devemos ter em nossas orações, nesta adoração em espírito e em verdade que empreendemos na dispensação da graça.

– Assim, se as nossas orações não tiverem os componentes da humildade, consciência do imerecimento, fé e adoração, certamente não serão aceitas pelo Senhor.

Por isso, resultado algum tem a chamada “oração contrária”, verdadeira feitiçaria praticada por sedizentes cristãos, que, ao assim proceder, estão apenas acumulando para si maldição, pois, no altar de incenso, não podia ser oferecido “incenso estranho”. 

– Entretanto, apesar destas proibições, o sangue não ficava ausente do altar de ouro. Uma vez ao ano, o sumo sacerdote deveria fazer expiação sobre as pontas do altar com o sangue do sacrifício das expiações (Ex.30:10). 

– Numa demonstração de que a comunhão com Deus exigia o derramamento de sangue que retiraria o pecado do mundo, a morte do Cordeiro de Deus, no dia da expiação, o sumo sacerdote deveria pegar do sangue feito pelo sacrifício do povo e coloca-lo nas pontas do altar de ouro. 

– O sangue da expiação do povo, ou seja, o sangue cujo derramamento significava a cobertura dos pecados do povo e o perdão divino, devia ser posto nas pontas do altar de incenso, para que todos se lembrassem que as orações somente subiam à presença de Deus, chegavam ao trono do Senhor, por causa do perdão dos pecados. 

– Nunca se oferecia animal algum ou qualquer oferta sobre o altar de ouro, mas suas pontas tinham a marca do sangue do sacrifício das expiações.

Somente conseguimos entrar no santo dos santos, através das nossas orações, porque o Senhor Jesus morreu por nós na cruz do Calvário, porque nos abriu um novo e vivo caminho pela Sua carne (Hb.10:19,20). 

V – O LUGAR SANTO: A ASSOCIAÇÃO À ALMA E À ESPERANÇA  

– Para terminarmos esta lição que já se alonga, torna-se necessário fazermos algumas considerações sobre a associação do lugar santo à alma humana, bem como à virtude teologal da esperança. 

– Já vimos, no início do trimestre, que muitos veem no tabernáculo a tricotomia do ser humano, associando o pátio ao corpo, o lugar, à alma e o lugar santíssimo ao espírito. 

– A alma, que é a sede da personalidade de cada indivíduo, o que o torna distinto de todos os demais, possui três faculdades: o intelecto ou raciocínio ou, ainda, razão; a sensibilidade e a vontade. É a nossa alma que pensa, sente e deseja. 

– Pois bem, o lugar santo fica na parte coberta do tabernáculo, aquela que não é vista pelo povo em geral, o que faz com que o santuário ou tenda da congregação corresponda ao “homem interior” (Rm.7:22; Ef.3:16), i.e., à alma e ao espírito, que são as partes imateriais do ser humano. 

– No lugar santo, havia três peças:

o candelabro,

a mesa dos pães da proposição e o

altar do incenso.  

– O candelabro era responsável pela iluminação do santuário e corresponderia ao intelecto, raciocínio ou razão, que é uma das faculdades da alma, a primeira delas, diga-se por sinal, como admitia Tomás de Aquino.

É a razão, o entendimento que nos faz conhecer as coisas, que guia todas as ações de nossa alma.

OBS: Eis o que fala Tomás de Aquino a respeito do intelecto na alma: “Deve-se admitir que o intelecto, princípio da operação intelectual, é a forma do corpo humano.

Pois, aquilo que faz, primariamente, com que um ser opere, é a forma do ser ao qual se atribui à operação; assim, aquilo pelo que, primariamente, o corpo é são é a saúde, e o pelo que, primariamente, a alma sabe é a ciência; por onde, a saúde é a forma do corpo e a ciência é, de certo modo, a forma da alma.

E a razão disto está em nenhum ser agir senão como atual; por onde, o que torna um ser atual também fá-lo agir.

Ora, é manifesto que a alma é o principio primário da vida do corpo. E como a vida se manifesta por operações diversas nos diversos graus de viventes, aquilo que produz, primariamente, cada uma das obras da vida é a alma.

Pois é pela alma que, primariamente nos nutrimos, sentimos, movemo-nos localmente e, semelhantemente, inteligimos.

Logo, esse princípio pelo qual primariamente inteligimos, quer se chame intelecto, quer alma intelectiva, é a forma do corpo.

E tal é a demonstração de Aristóteles. E quem pretender que a alma intelectiva não é a forma do corpo, necessário é encontrar o modo pelo qual o ato de inteligir seja o ato de um determinado homem.

Pois, cada um de nós sente que é o nosso ser mesmo que intelige.…” (Suma Teológica I, q.76, art.1)

– Devemos ter “a mente de Cristo” (I Co.2:16) e isto significa que nossos pensamentos devem estar dirigidos e guiados pelo Espírito Santo e é isto que representa o candelabro, que é uma peça que, a um só tempo, como vimos, tipifica tanto Cristo Jesus quanto o Espírito Santo. 

– Mas, no lugar santo, havia também a mesa dos pães da proposição, que nos falam da sensibilidade, porquanto os pães eram consumidos, ao término da semana, pelos sacerdotes,

representando a presença do povo de Israel diante de Deus, o que corresponde às faculdades sensitivas da alma, que está umbilicalmente relacionadas ao corpo e, portanto, passageiras, como era a própria permanência dos pães no lugar santo. 

 – Precisamos, também, ter nossos sentimentos e emoções controlados pelo Espírito Santo, pois temos de ter o mesmo sentimento de Cristo Jesus (Fp.2:5), sentimento a ser disseminado entre todos os membros em particular do corpo de Cristo (I Pe.3:8). 

– Por fim, temos o altar de incenso, que nos fala da vontade, pois o altar de incenso está relacionada com a oração e o Senhor Jesus nos ensinou que, ao orar, devemos pedir que a vontade de Deus se faça e não a nossa (Mt.6:10), como, aliás, fez o próprio Senhor no Getsêmane (Lc.22:42).

 – A alma do salvo precisa ser iluminada pelo Espírito Santo (Jo.16:13), nutrida pela Palavra de Deus (Mt.4:4; Lc.4:4) e precisa se submeter à vontade de Deus (Mc.3:35).

 – O lugar santo também é associado à virtude teologal da esperança, que é a segunda virtude que vem da parte de Deus sobre o salvo. Se damos entrada na graça pela fé, quando se tem firmeza na graça, gloriamo-nos na esperança da glória de Deus (Rm.5:2). 

– “…A esperança é a consumação futura da obra de Deus iniciada pela conversão e que inclui a ressurreição do corpo, a herança dos santos, a vida eterna, a glória e a visão de Deus.(…).

Colocada entre as virtudes da fé e do amor, a esperança apoia-se na primeira e nutre-se da segunda.

Tendo por fundamento o próprio Deus, ela não pode decepcionar ou confundir, uma vez que Deus mesmo, segundo as Suas muitas misericórdias, para ela nos regenerou, e pelo seu poder e verdade, mantém firmes Suas fiéis promessas consignadas nas Escrituras…” (ALMEIDA, Abraão de. op.cit., pp.66-7). 

– Quem crê em Cristo e recebe o perdão de seus pecados, passa a esperar a realização das promessas feitas pelo Senhor, em especial, aquela concernente à glorificação, à passagem a uma eternidade de compartilhamento com a glória de Deus.

Como diz a Bíblia On Line da Sociedade Bíblica do Brasil, é a “confiança no cumprimento de um desejo ou de uma expectativa”. 

– O apóstolo João diz que agora somos filhos de Deus mas ainda não é manifesto o que havemos de ser mas sabemos que, quando o Senhor Jesus Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque assim como é O veremos e nisto reside a nossa esperança, esperança que nos faz nos purificar a nós mesmos porque Ele é puro (I Jo.3:2,3). 

– No lugar santo, o sacerdote, depois de ter se lavado na pia de cobre, entrava e podia ver, graças ao candelabro, podia se alimentar dos pães da proposição e queimar incenso, aguardando um dia em que poderia ter acesso à glória de Deus, que ficava do outro lado do véu, que separava o lugar santo do lugar santíssimo, onde estava a arca da aliança. 

– A tipificação da esperança é evidente, como se vê.

Aqui, também, já lavados e remidos no sangue do Cordeiro, mantemo-nos em santidade, em pureza, mediante a direção do Espírito Santo (candelabro),

a comunhão com o Senhor pela Palavra e pelo amor fraternal (mesa dos pães da proposição),

como também pela oração (altar de incenso),

aguardando o dia em que alcançaremos a glorificação

– O lugar santo, também, fala-nos do interior do salvo em Cristo Jesus.

Assim como a pia de cobre tipifica as boas obras do salvo, o lugar santo revela o interior daquele que alcançou salvação em Jesus e que, por isso mesmo, pratica boas obras. 

– Diz o apóstolo Paulo que o salvo vive, no presente século, sóbria, justa e piamente, depois de ter renunciado à impiedade e às concupiscências mundanas (Tt.2:12). 

– Ora, tendo confessado seus pecados e obtido o perdão dos pecados, o que é tipificado no altar de sacrifícios, o salvo se santifica e passa a produzir boas obras, o que é representado pela pia de cobre.

Em sua alma, representada pelo lugar santo, ele passa a ser dirigido e controlado pelo Espírito Santo (candelabro), e, assim, tem autodomínio, o que o faz agir com temperança, paz e longanimidade. 

– Mas, como nova criatura que é (II Co.5:17; Gl.6:15), o salvo também passa a amar o próximo como a si mesmo e, deste modo, age com bondade, benignidade e mansidão. Este é o viver justo.

Por fim, a salvação faz com que aja com amor, fé e gozo, já que passa a ter um relacionamento com o Senhor.

Como se percebe, passa a produzir o fruto do Espírito (Gl.5:22), que visivelmente é percebido pelas pessoas por meio das boas obras que passa a praticar. 

– Mas, como diz o apóstolo Paulo, ao assim viver neste presente século, o salvo passa a aguardar a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.3:13), pois recebe esta segunda virtude, de que a fé é fundamento (Hb.11:1). 

– A esperança é que nos mantém na rota para o céu. Tendo entrado na graça pela fé, o cristão caminha em direção ao lar celestial graças à esperança, que o faz se manter na direção do Espírito Santo.

Por isso, a esperança é a âncora da alma (Hb.6:19), pois, como a âncora impede que a embarcação perca o seu rumo, seja levada pelas águas tempestuosas, a esperança nos mantém na rota em direção ao encontro com Cristo nos ares naquele grande dia que tanto esperamos.

– A festividade que corresponde ao lugar santo é a Festa das Semanas ou Pentecostes, que celebrava a entrega da lei ao povo de Israel e que tipificava o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, ocorrida nesta data.  

– Na festa de Pentecostes, havia sacrifícios especiais como se verifica de Lv.23:15-21. Como ensina o pastor Abraão de Almeida:

“…Os sete cordeiros significam uma entrega perfeita, total e voluntária; o novilho é o símbolo da mansidão e do serviço, e os dois carneiros significam uma maior convicção do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz do Calvário….” (op.cit., p.68). 

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: 

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