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LIÇÃO Nº 4 – A MORDOMIA DA FAMÍLIA

   

A família foi uma instituição criada por Deus e, portanto, trata-se de mais uma das dádivas confiadas por Deus ao homem e da qual deveremos prestar contas diante do Senhor.  

INTRODUÇÃO  

– Como temos visto durante todo este trimestre, a mordomia é a administração daquilo que Deus tem confiado ao homem na Terra. Dentre as criações divinas confiadas ao homem, encontra-se a família, que foi criada por Deus como se vê em Gn.2:18.  

– A família, desta forma, é um dos dons dados por Deus ao homem e que o homem tem de saber administrar, até porque é a família a base de toda a vida social, vida esta que é indispensável para que o homem cumpra os propósitos divinos estabelecidos para si.  

I – SOMOS MORDOMOS DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA  

– O primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano.

A função da família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20).  

– Os homens, mesmo, sem conhecer a Palavra de Deus, reconhecem o papel fundamental que a família exerce na vida de um homem.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma que “…a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.” (artigo XVI, nº 3), preceito que é repetido pela Constituição brasileira, que afirma que “…a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado…” (art.226).   

– Entretanto, apesar dos preceitos normativos solenes, o adversário tem realizado um trabalho terrível de destruição contra a família, até porque seu trabalho é o de matar, roubar e destruir (Jo.10:10), já que é homicida desde o princípio (Jo.8:44).  

– Deus não só criou a família como estabeleceu quais as regras e as condutas que devem ser observadas pelos membros da família.

As Escrituras trazem quais os parâmetros do relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos e entre irmãos.

O segredo da felicidade no relacionamento familiar está em ter uma conduta conforme a Bíblia Sagrada.  

– Como afirma nossa Declaração de Fé: “…CREMOS, professamos e ensinamos que a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho (s)  — quando houver — pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: ‘Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne’ (Gn.2:24). …” (cap XXIV, p.203).

– Verificamos, portanto, que a família é mais um dos aspectos da mordomia cristã. Como a família foi criada por Deus, é Ele quem deve estabelecer as regras, as normas ao homem, a quem cabe, simplesmente, obedecer.

A família não é nossa criação, nem pode ser estruturada segundo os nossos conceitos ou a nossa vontade. Existem princípios que devem ser seguidos. 

– Muito se fala, hoje, a respeito da diversidade de culturas, dos diferentes modos de vida das várias raças, tribos e nações em volta do mundo, mas isto não é suficiente para que consideremos que os princípios estabelecidos por Deus não devam ser observados por todos os homens.

Os homens, envolvidos em seus delitos e pecados, acabam distorcendo os princípios estabelecidos por Deus e cabe à igreja, como defensora destes princípios, imergir nas culturas dos povos de modo a que tais culturas sejam transformadas e voltem aos princípios estatuídos pelo Senhor.

– Observemos que, entre os próprios judeus, a dureza de coração foi responsável pela existência de normas jurídicas sobre a família que estavam em desacordo com os princípios estabelecidos por Deus, como denunciou o próprio Senhor Jesus ao ser indagado sobre a norma do repúdio que vigorava, na época, em Israel (Mt.19:3-8).  

– A primeira regra prevista para um relacionamento familiar sadio é o que mesmo seja construído sob o amor e a divina orientação do Senhor.

Uma família não pode ter outro alicerce senão o amor, não um amor carnal, um mero instinto sexual, mas um amor verdadeiro, vindo dos céus, um amor que signifique disposição a, desinteressadamente, buscar o bem e o êxito do outro, um amor altruísta, portanto. É neste sentido que devemos entender os deveres impostos a maridos e mulheres na Bíblia Sagrada (Ef.5:22-29).  

– O amor conjugal tem como finalidade a construção de um projeto de vida comum entre o marido e a mulher.

Quando Adão viu Eva, afirmou que ela era “osso dos seus ossos”, “carne da minha carne” (Gn.2:23), ou seja, havia uma unidade de propósitos, de fins, de objetivos, passavam, como diz o texto sagrado, a ser “uma só carne” (Gn.2:24).

Ser uma só carne não é apenas ter relações sexuais, mas é muito mais do que isto, é estabelecer um só projeto de vida. Uma família precisa ter um só plano de vida, um propósito de vida em comum, para o bem de todos em amor.  

– Para que uma família seja bem construída, entretanto, faz-se preciso que ela seja nasça segundo a orientação divina, de acordo com a vontade de Deus.

O primeiro casal foi criado por um ato divino (Gn.2:22) e assim deve ser a criação de toda e qualquer família. Devemos buscar intensamente a Deus para que construamos nossa família de acordo com a sua vontade.  

– Neste ponto, aliás, realça aqui uma questão importante, que tem ganhado relevância, notadamente em nosso país, diante do reconhecimento como entidade familiar pela nossa lei da chamada “união estável entre homem e mulher”, o que é popularmente conhecido como “amasiamento”, “concubinato” , “amancebamento” , entre outras denominações.

– Embora a nossa Constituição tenha, para efeito de proteção do Estado, reconhecido este tipo de união como formadora de família (art.226, § 3º), o fato é que as pessoas que procuram este tipo de união, ao invés do casamento,

cujas regras e deveres são sérios, solenes e explicitamente estabelecidos em lei, demonstram não querer assumir responsabilidades, não ter sinceridade e desejo de, realmente, formar “uma só carne” com o companheiro,

comportamento que revela, desta forma, uma incompatibilidade com um caráter genuinamente cristão, onde deve imperar a santidade (I Pe.1:15), a verdade (Jo.17:17) e a transparência (Fp.4:5).

Além do mais, diz a Bíblia, que, entre os cristãos verdadeiros, o casamento deve ser venerado, ou seja, respeitado e levado com a devida seriedade (Hb.13:4).

OBS: Recentemente, por ocasião da 44ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), graças a Deus, foi rechaçada uma tentativa espúria de aceitação da “união estável” como relacionamento permitido na membresia das Assembleias de Deus, para vermos a intensidade em que o mundanismo já se encontra nas instituições religiosas.

– O amor conjugal é uma comunhão de vida, é o desejo de construir com o outro uma nova vida, uma vida distinta da vivida até então, onde se levará em conta o outro e não a si mesmo (I Co.7:4).

O jurista romano Modestino, do século III, já dizia que  “o casamento é a comunhão de vida humana e divina entre um homem e uma mulher”, ou seja, até mesmo entre os pagãos havia o reconhecimento de que o casamento impõe uma unidade de vida material e espiritual, de modo a permitir a construção de uma nova vida.   

– É por isso que a Bíblia, ao apresentar a formação da família, diz que o casal deve deixar pai e mãe e se apegar a seu cônjuge, formando um novo grupo social, uma nova família, com objetivos, fins e “modus vivendi” próprio.

É por este motivo que não pode o casal querer continuar na dependência de seus pais, fonte de um sem-número de problemas que, não raras vezes, acabam gerando a própria destruição do casamento.

A Palavra de Deus manda que o casal deixe seus pais, que estes não venham a participar da constituição da nova família, pois sua interferência não está no propósito divino para a construção de lares sólidos e que sejam verdadeiros altares para a adoração do Senhor.

– Esta unidade de propósitos (Ez.37:19, parte final), também, revela que a família deve ter uma mesma direção espiritual, pois se trata de uma comunhão que se estabelece entre homem e mulher e esta comunhão deve ser, sobretudo, espiritual.

É por este motivo que não pode o servo de Deus unir-se a um ímpio em casamento, pois se terá um jugo desigual, que gerará um conflito interno insuperável e que não poderá resultar senão em grandes problemas e tribulações, já que não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14; Jo.3:19-21).   

– Um servo de Deus que, deliberadamente, desobedece às Escrituras e se une a uma pessoa ímpia, terá uma vida familiar extremamente difícil, porquanto as Escrituras consignam que a felicidade na vida conjugal depende da união e da existência do “cordão de três dobras”, ou seja, de uma perfeita comunhão entre Deus, o marido e a mulher (Ec.4:12). Como poderão andar dois juntos, se não estiverem de acordo? (Am.3:3).  

– Desnecessário seria dizer, a esta altura do estudo, que o amor conjugal não se limita apenas a aspectos físicos.

Um dos grandes enganos que o adversário tem propugnado, nos últimos tempos, é a ideia de que a vida a dois resume-se a aspectos sexuais.

O sexo faz parte do amor conjugal, mas, além de a sexualidade não se circunscrever à genitalidade, como tem sido propagandeado nestes dias maus que vivemos, também não é o único aspecto do amor entre marido e mulher.

Entretanto, como Jesus já havia profetizado, este desprezo ao casamento e à própria família é uma das características marcantes do período imediatamente anterior à volta de Jesus (Mt.24:37-39).

OBS: Cresce a popularidade das condutas que buscam tão somente prazer sexual, menosprezando o casamento.

Prova disso, por exemplo, é o conceito a respeito revelado, em entrevista, pelo “mestre De Rose”, um dos maiores e mais respeitados mestres de ioga no Brasil, criador da ” Uni-Yôga”, a “universidade de yôga”, como se vê nesta entrevista, cujo trecho se transcreve:

“…Muito práticos, por outro lado, são os conselhos que o mestre dá no livro ainda inédito Alternativas de Relacionamento Afetivo.

Nele, tal como um dinossauro remanescente da década de 70, prega o casamento aberto, que define como ‘ vertente do casamento monogâmico, só que com atenuantes’.

A justificativa para decidir abordar o tema do relacionamento em livro também é prática. ‘ Nos últimos quarenta anos, fui casado mais de dez vezes.

Estou mais qualificado para dissertar sobre o tema que os teóricos da matéria”, diz De Rose, pai de três filhos.

As mães são todas instrutoras de suas academias de ioga, reputadas pela beleza.” (Veja, ano 36, nº 46, 19.11.2003, p.87).  

– A segunda regra diz respeito à heterossexualidade da família. Uma família somente pode ser construída, segundo os parâmetros divinos, mediante uma união entre um homem e uma mulher com compromisso de constituir uma vida em comum.

Desta forma, jamais estará obedecendo aos princípios divinos quem defender ou constituir uma união homossexual, algo que, lamentavelmente, vem se alastrando nos países de todo o mundo.   

– A união de pessoas do mesmo sexo é a própria negação do conceito bíblico de família, que é, como se vê claramente em Gn.2:24, que diz que uma família se constitui quando um varão deixa seu pai e sua mãe e se apega à sua mulher e se constituem em uma só carne.

Não é possível que uma união de pessoas do mesmo sexo possam constituir uma família, pois Deus criou a família com propósitos que exigem a heterossexualidade, entre as quais, a procriação e a complementaridade afetiva e emocional, que só é possível diante de uma união entre pessoas de sexos diferentes.

OBS: A Igreja Romana divulgou um documento a respeito do tema, que, pela sua biblicidade, merece ser aqui reproduzido em parte:

“…O matrimônio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma sua natureza, propriedades essenciais e finalidades.(3).

Nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só existe matrimônio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas.

Assim se aperfeiçoam mutuamente para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.(…).

São três os dados fundamentais do plano criador relativamente ao matrimônio, de que fala o livro do Gênesis.

Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado ‘ homem e mulher’ (Gn. 1,27)(…).

Depois, o matrimônio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas que requer o exercício da faculdade sexual.(…).

Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora.(…).

No plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem, portanto, à própria natureza da instituição do matrimônio.(…).

Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimônio e a família.

O matrimônio é santo, ao passo que as relações homossexuais estão em contraste com a lei moral natural.

Os atos homossexuais, de fato, ‘ fecham o ato sexual ao dom da vida. Não são fruto de uma verdadeira complementaridade afetiva e sexual. Não se podem, de maneira nenhuma, aprovar’ (Cf. Catecismo da Igreja Católica, nº 2357) (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_com_cfaith_doc_20030731_homos.. Acesso em 01/08/2003).  

– A terceira regra é a que estabelece que a família é a base de toda a sociedade. A vida social da humanidade foi construída por Deus a partir da família.

O homem nasce dentro de uma família e é neste ambiente que será socializado, ou seja, que aprenderá a viver em sociedade.

Não é por outro motivo que o inimigo de nossas almas busca atacar a família, pois, a partir do ataque à família, estará destruindo, a um só tempo, os membros da família e a o restante da sociedade.   

– Basta verificar que, após o início de processos acentuados de desintegração familiar, na história da humanidade, civilizações inteiras sucumbiram, como nos mostram os casos das cidades gregas e de Roma.

A preservação da família, portanto, é fundamental, pois, deste modo, preservaremos a própria sociedade humana.

É na família, como veremos, logo a seguir, onde se deve iniciar a educação, a instrução e a formação dos seres humanos. Daí porque Moisés ter alertado o povo de Israel a que, na família, iniciasse a instrução da lei do Senhor (Dt.6:6-9).

OBS: Cumpre aqui registrar algumas palavras do Papa João Paulo II, que foi, nos últimos tempos, a principal autoridade a defender a família:

“…Como em Nazaré, assim também em cada família, Deus se torna presente e se insere na história humana.

A família, de fato, por ser a união do homem e da mulher, está voltada por sua natureza à procriação de novos seres humanos, os quais necessitam ser acompanhados na existência através de uma cuidadosa obra educativa para o seu crescimento físico, mas, principalmente, espiritual e moral.

Por isso a família é o lugar privilegiado e o santuário onde se desenvolve toda a grande e íntima história de cada pessoa humana irrepetível.

Por conseguinte, incumbem à família deveres fundamentais, cujo exercício generoso não deixa de enriquecer amplamente os principais responsáveis da própria família, fazendo deles os cooperadores de Deus na formação de novos seres humanos. Eis porque a família é insubstituível e, como tal, precisa ser defendida com todo vigor. É necessário fazer todo esforço para que a família não seja substituída.…” (JOÃO PAULO II. Meditações e orações, p.302).  

II – A MORDOMIA DOS DEVERES CONJUGAIS  

– Marido e mulher, como já vimos, devem viver em união, em unidade de propósitos, não querendo um dominar ao outro, mas sabendo que nem mesmo os próprios corpos estão sob seu domínio, mas, sim, sob o domínio do cônjuge.

Homem e mulher têm estruturas físicas, sentimentais e emocionais diversas e Deus, que os criou (Gn.1:27), sabe muito bem destas diferenças.

Daí porque estabeleceu funções distintas para o marido e para a mulher na vida conjugal, o que não é senão a constatação de que eles são seres distintos, embora, diante de Deus, sejam iguais, pois para o Senhor não há acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).  

– Uma das consequências do pecado do homem foi o término da situação original de equilíbrio e harmonia entre ambos os sexos (Gn.3:16).

O pecado trouxe ao mundo a injustiça, a iniquidade (I Jo.3:4), de forma que não é de se admirar que, desde então, o homem tenha estabelecido, nas relações sociais, a começar da relação familiar, uma injusta superioridade sobre a mulher.

Como relataram as Nações Unidas, na década de 1990, na conferência sobre a situação da mulher, esta tem sido discriminada em todas as classes sociais, em todos os países do mundo, sem qualquer exceção, uma comprovação de que a Palavra de Deus é a verdade.

– Entretanto, no princípio não foi assim e o estatuto bíblico da família não pode, em absoluto, ser utilizado para confirmar ou aprovar algo que é fruto do pecado. Uma família cristã está livre do poder do pecado, não tem qualquer compromisso com o mundo e, portanto, deve refletir o modelo bíblico original, que é o da igualdade de tratamento, o da igualdade de direitos, mas o da diversidade de funções e de atividades.

OBS: “…Essa cultura arcaica de diminuir a mulher não tem fundamento no espírito da Criação. (…).

As mulheres não podem ser diminuídas diante dos homens em nada; o Senhor ordenou que fosse uma só carne, isto é, iguais.

Eles completam um ao outro para tornar possível a procriação e dar ao fruto nascido o privilégio de ser um indivíduo portador de um corpo físico, ama, espírito e, sobretudo, da imagem do Criador.

(…) O Senhor também não fez a mulher inferior ao homem em termos espirituais; ela também traz consigo a imagem do Criador e é possuída de um espírito imortal e assexuado como os homens.

Quando o texto bíblico diz que o Senhor criou macho e fêmea à Sua imagem, Ele não determinou se um deles seria maior ou menor em autoridade…”( SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.2, p.63-4).  

– O marido, diz a Palavra de Deus, deve ser a cabeça do casal (I Co.11:3), ou seja, a direção, o planejamento familiar, a estruturação dos projetos, dos fins a ser perseguidos deve ser de iniciativa e decisão do marido.

Isto, entretanto, não quer dizer, como têm entendido os homens brasileiros, típicos machistas latino-americanos, que o marido deva ser um ditador no lar, o único senhor, o dono absoluto da verdade, que pela ameaça, pela força física e pela brutalidade domine os demais membros da família.   

– Em primeiro lugar, a Bíblia diz que, embora o marido seja a cabeça da mulher, Cristo é a sua cabeça (I Co.11:3).

Ora, toda e qualquer decisão, toda e qualquer autoridade do marido está submetida a Cristo e à Sua vontade.

O marido é, assim, mero despenseiro de Cristo no lar e, como tal, deve ser achado fiel ao seu Senhor (I Co.4:1,2).

Quão diferente é, pois, o modelo bíblico do que vemos, frequentemente, nos lares de crentes brasileiros!  

– Em segundo lugar, ser a cabeça do casal importa em ter capacidade intelectual, em pensar, em ter condições de dirigir os demais membros da família.

Lamentavelmente, vemos, hoje em dia, famílias desorientadas, perdidas, em que a mulher é obrigada a tomar decisões e a dar as rédeas na sua casa, porque o marido não tem juízo, não pensa, não raciocina não se comporta como um verdadeiro “macho”.

Na Bíblia, o “macho” é aquele que pensa, que projeta, que planeja, não o que espanca, bate e usa da força bruta.

Um marido que não tem capacidade de planejamento, que não prever todas as hipóteses possíveis corre o risco de deixar sua família em situação difícil, ainda que seja santo, como é o caso do profeta cuja viúva teve de ter o socorro miraculoso de Eliseu para superar a dificuldade por ele deixada (I Rs.4:1-7).  

– Em terceiro lugar, ser a cabeça do casal importa em capacidade de amar como Cristo amou a Igreja, ou seja, o marido precisa ter o amor divino (que os gregos denominavam de “agape”), um amor desinteressado, um amor disposto ao autossacrifício.

Ser cabeça da família é estar disposto a se sacrificar pela mulher e pelos filhos, a se prejudicar para que a família tenha um mínimo de dignidade.

Muitos supostos crentes gostam de mandar, de exigir obediência, submissão, mas são preguiçosos, não buscam obter uma melhor e maior remuneração, não gostam de trabalhar, não querem servir mas ser apenas servidos. Não são maridos que estejam cumprindo a Palavra de Deus.  

– Em quarto lugar, ser a cabeça do casal é tomar a decisão, mas não significa imposição da vontade sem a participação dos demais membros da família. A Bíblia informa-nos que Deus, que é Soberano, não impõe a Sua vontade ao homem, busca a sua anuência, convida para o Seu projeto.

Ora, se Deus é assim, por que o marido seria diferente? Vejamos a forma de expressão de Jesus em Sua oração sacerdotal: “tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo.17:4b), ou seja, houve uma proposta do Pai ao Filho, que foi aceita e cumprida.

O marido, portanto, deve propor e obter a aceitação da mulher e dos demais integrantes da família para os propósitos assumidos, propósitos estes que, como vimos, têm de ter, primacialmente, a aprovação divina.  

– A mulher, dizem as Escrituras, deve ser sujeita a seu marido (Ef.5:22). Ser sujeita significa estar debaixo de uma base, de um lançamento, de uma plataforma (do latim “sub jectum”).

A mulher, portanto, deve orientar suas sensações, emoções e intuições de acordo com os planos, projetos e finalidades traçados pelo marido.

Não há, portanto, como se exigir sujeição da mulher quando não há tais planos, projetos ou finalidades.  

– A mulher deve se unir ao marido nos planos e projetos assumidos, fazendo-o por amor e não por medo, conveniência ou qualquer outro sentimento.

Diz o texto sagrado que a sujeição deve ser como ao Senhor, o que implica em sujeição por amor, com dedicação, confiança, humildade, fidelidade e lealdade.   

– Nada mais antibíblico, portanto, do que a ideia que tem sido difundida de que o casamento ou a vida familiar tradicional seja algo contrário à dignidade da mulher ou à sua independência.

A mulher, como o homem, não foram feitos para serem “independentes”, pois dependem um do outro para se completarem, para que possam transformar em realidades todo o potencial humano.

A chamada “liberação feminina” é mais uma das mentiras satânicas e resultado de uma postura antibíblica dos homens, inclusive de cristãos, que confundem a sujeição da mulher com opressão, escravidão ou algo semelhante.  

– A mulher tem o direito (diríamos, mesmo, o dever) de opinar junto a seu marido sobre os planos, projetos e objetivos que devem ser buscados pela família, usando de sua capacidade intuitiva aguçada, de sua sensibilidade e emoção para que seja tomada a melhor decisão.

Até pelo fato de ser mais sensível e intuitiva do que o homem, a mulher é um importante canal para que seja obtida e comunicada a vontade de Deus num determinado fim perseguido pela família.

Jesus deixou-nos claro que a mulher é a principal fonte de comunicação para a divulgação de Seus propósitos, como vemos nos exemplos da profetisa Ana (Lc.2:38) e das mulheres que foram ao túmulo vazio (Lc.24:9).  

– A mulher é a principal responsável pela manutenção do afeto e da sensibilidade nas relações familiares, seja como mãe (Is.49:15), seja como mulher (Pv.31:11; Ct.3:1).   

– A administração do cotidiano do lar, segundo os planos e diretrizes decididos pelo marido, deve ficar com a mulher, pois sua intuição e sensibilidade são fundamentais para que a família possa suprir todas as suas necessidades econômico-financeiras, de higiene e vestuário entre outras (Pv.31:13-27).  

– Além das tarefas confiadas por Deus a cada um dos cônjuges, separadamente, há, também, na mordomia de cada um, deveres que são comuns a ambos os cônjuges. Vejamo-los, pois.  

– O primeiro dever comum aos cônjuges é a fidelidade.  Os cônjuges devem pautar seu relacionamento pela mútua fidelidade, ou seja, os cônjuges devem ser leais um para com o outro, não tendo intimidade maior com nenhuma outra pessoa senão o seu cônjuge.

Esta intimidade não se reduz às relações genitais, como muitos pensam, mas envolvem toda a sexualidade (que abrange muitos outros aspectos além do simples relacionamento carnal), a afetividade e o segredo.   

– Não deve haver segredos entre marido e mulher, exceto aqueles que dizem respeito ao nosso íntimo relacionamento com Deus.

Nos assuntos relacionados à convivência social e humana, deve haver uma mútua confiança entre marido e mulher, pois, afinal de contas, “ambos são uma só carne”, resolveram ter um único projeto de vida e isto exige esta cumplicidade, esta intimidade.

Esta fidelidade é tão profunda que a Bíblia compara o relacionamento do marido e da mulher ao próprio relacionamento entre Cristo e a Igreja (Ef.5:24,25), um relacionamento que, de tão próximo, fez com que Jesus nem mais chamasse Seus servos de servos, mas de amigos, já que não havia mais segredos entre eles (Jo.15:15).  

– O segundo dever comum aos cônjuges é o respeito, a consideração. Marido e mulher devem se respeitar, devem se considerar.

A reverência que a Bíblia explicitamente determina à mulher (Ef.5:33), também é cometida pelas Escrituras ao marido, porquanto Cristo considerou tanto a Igreja que a Si mesmo Se entregou por ela, o que é o máximo da consideração (cfr.Jo.15:13).

Considerar é levar em conta, é ter na mente na hora das decisões, é se importar com a pessoa, é não ser capaz de decidir coisa alguma sem avaliar as repercussões e consequências que esta decisão trará para a pessoa amada.

Marido e mulher devem viver um em função do outro, estão atados, ligados por toda uma vida. É lamentável quando observamos muitos casais que não se respeitam, que não se consideram. Deus não aprova uma falta de consideração entre marido e mulher.

Exemplo disto temos com relação a Mical, a primeira mulher de Davi que, por não ter conseguido sentir a mesma alegria de Davi e tê-lo desprezado quando exaltava a Deus, acabou sendo punida pelo Senhor com a esterilidade, prova maior da maldição para uma mulher naqueles dias (II Sm.6:20-23).  

– O terceiro dever comum ao cônjuges é a mútua assistência a necessária ajuda que um deve dar ao outro em todos os aspectos da vida.

 A unidade de vida impõe que cada cônjuge ajude o outro nas adversidades, nas dificuldades, nas aflições, nas angústias.

A Bíblia bem ilustra este relacionamento ao afirmar que o corpo do marido já não é mais seu, mas, sim, da sua mulher e vice-versa, exatamente para mostrar que a dor do outro não será mais do outro, mas, sim, do próprio cônjuge. Será graças a uma conduta de ajuda e de assistência que um cônjuge crente poderá ganhar o outro para Jesus (I Co.7:14-16).  

III – A MORDOMIA DOS DEVERES FAMILIARES  

– A família, entretanto, não se restringe a marido e mulher. Temos, também, no mais das vezes, a frutificação da família através dos filhos e, neste relacionamento, também há regras estabelecidas por Deus que, para bem demonstrar a importância que dá a este tipo de relacionamento entre os homens, quis ser chamado de Pai (Ml.1:6, Mt.6:9, Jo.10:30).  

– A primeira regra sobre o relacionamento entre pais e filhos diz respeito à honra que os filhos devem devotar a seus pais.

Um dos dez mandamentos, o único mandamento com promessa, afirma que os filhos devem honrar pai e mãe para que os seus dias fossem prolongados na terra (Ex.20:12; Dt.5:16; Ef.6:2,3).   

– Os filhos devem, portanto, respeitar seus pais, ser-lhes obedientes e dar-lhes a devida dignidade.

A honra envolve o reconhecimento dos filhos de que seus pais são um dos fatores primordiais da sua existência e não se resume apenas na obediência, que é um fator importante, mas não exclusivo.

Honrar pai e mãe envolve, também, zelar pela imagem social dos genitores, evitando que os pais sejam alvo de calúnias, injúrias e difamações na sociedade onde vivemos. Lamentavelmente, vemos que, nos nossos dias, há um grande incentivo para que os filhos critiquem e denigram a imagem de seus pais na sociedade.

Aliás, dentro da filosofia mundana hoje reinante, é imperioso que o jovem ou o adolescente xinguem, difamem e desprezem seus pais perante os seus amigos e companheiros de grupo. Isto tudo contraria o que ensina a Palavra do Senhor.   

– A obediência aos pais é condicionada. Como bem explana o apóstolo Paulo, a obediência aos pais somente tem sentido enquanto estiver em consonância com a obediência ao Senhor (Ef.6:1). É a isto que a Bíblia denomina de obediência justa. Devemos obedecer a Deus, em primeiro lugar, depois aos homens (At.5:29).

Assim sendo, os filhos não devem obedecer a seus pais quando esta obediência significar pecado, ofensa a Deus.

Dizemos isto pois, há alguns anos atrás, tivemos a surpresa em saber que um crente chegou a se queixar das professores da Escola Dominical de seu filho, porque, ao mandar seu filho mentir para um cobrador que lhe batia a porta, dizendo que não estava, o filho falou a verdade, “desobedecendo” ao Pai. A que ponto chegamos!  

– Dar a devida honra aos pais significa, também, amparar-lhes na dificuldade e, primordialmente, quando em idade avançada.

Este princípio, aliás, além de ser bíblico, é até, no Brasil, um dever constitucional, como se observa no artigo 229 da Constituição da República, que afirma que “… os filhos maiores têm o dever de ajudar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

É triste vermos que, hoje em dia, muitas pessoas que se dizem servas de Deus abandonam seus pais idosos à própria mercê, delas não cuidando, nem com elas se importando, numa atitude de ingratidão que põe em dúvida a sua suposta conversão ao Senhor.

OBS: O Corão, livro sagrado dos islâmicos, em diversas passagens, afirma este dever dos filhos para com os pais.

Assim, por exemplo: “…Dize (ainda mais): Vinde, para que eu vos prescreva o que vosso Senhor vos vedou:

Não Lhe atribuais parceiros; tratai com benevolência vossos pais; não sejais filicidas, por temor à miséria- Nós vos sustentaremos, tão bem quanto aos vossos filhos…” (6:151).

Os judeus, também, tinham este pensamento:

“…Quando atingiam a maturidade, os filhos e as filhas tinham a obrigação de sustentar os pais, da melhor maneira que pudessem, quando isto tornasse necessário.

Deveriam tomar conta deles com devoção na doença e na velhice. ‘Meu filho,’ escreveu Jesus BenSira, o grande mestre de sabedoria de Jerusalém (c. do início do século II a.E.C.), ‘ajuda a teu pai na velhice, e não o aborreças enquanto ele for vivo, e tem paciência com ele se a mente dele fraquejar.

No entanto, nem todos os filhos e filhas judeus comportavam-se como modelos de devoção a seus pais nas horas das adversidades. Esses réprobos aparecem ilustrados no dito popular judaico, cheio de amargura:

‘ um pai pode sustentar dez filhos, e no entanto dez filhos não podem sustentar um pai.’…” (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: JUDAICA, v.6, p.712).

A honra devida aos pais é entendida, no Talmude, como sendo a ajuda aos pais necessitados: “assim se diz no Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo:

“…Nossos Rabis ensinaram: ‘O que é ‘temor’ e o que é ‘honra’? ‘Temor’ significa que ele [o filho] nunca deve sentar no seu lugar [do pai] , nem contradizer suas palavras, nem dar palpite nos julgamentos contra ele.

‘Honra’ significa que ele lhe deve dar comida e bebida, vestimenta e cobertura para ele, levá-lo para dentro e para fora.…” (TALMUDE DA BABILÔNIA. Kiddushin 31b) (tradução nossa de texto em inglês) (Disponível em: http://halakhah.com/pdf/nashim/Kiddushin.pdf Acesso em 08 dez. 2014).

 

– A segunda regra constante da Bíblia Sagrada com respeito à relação entre pais e filhos é de que os pais devem ensinar a Palavra do Senhor a seus filhos (Dt.6:6-9).

Moisés é bem incisivo ao afirmar que os pais deveriam intimar a Palavra do Senhor a seus filhos. Intimar é mais do que ensinar, é mais do que orientar. Intimar é determinar, é falar com autoridade a doutrina.

Tanto assim é que, hoje em dia, usamos a expressão “intimar” sempre que uma autoridade chama alguém para que compareça em algum lugar. É um chamado de quem tem autoridade.

Dentro desta perspectiva, vemos que os pais somente se incumbirão deste dever se forem verdadeiros imitadores de Jesus.

O Senhor, ao proferir o sermão do monte, fê-lo com autoridade (Mt.7:29). Assim, os pais, ao ministrarem a Palavra do Senhor, devem não apenas demonstrar conhecimento racional, mas, sobretudo, devem, com sua vida, mostrar aos filhos um verdadeiro testemunho cristão. A multidão ficou admirada com Jesus não pelo que Ele dissera, pois muito do que disse já tinha sido dito pelos escribas e pelos fariseus.

Entretanto, os escribas e fariseus ensinavam uma coisa mas viviam outra totalmente diversa. Como será que nossos filhos têm nos visto? Como escribas ou fariseus ou como Jesus ?

OBS: ” …Se a felicidade da família judaica girava em torno de uma relação harmoniosa entre marido e mulher, o objetivo principal era o de educar filhos retos e devotos(…).

Esse relacionamento entre a educação de filhos dignos, o estudo da Torah (no entender dos devotos, essa era a estrada principal para a virtude) e a recompensa final da vida eterna, formaram uma venerada tradição da religião judaica.(…).

Constitui um fato singular o de que em nenhuma outra religião se considera obrigação categórica dos pais assumir a responsabilidade primeira, como educadores, dos próprios filhos.

Entre os judeus, em tempos antigos, essa tarefa era considerada uma missão precípua e sagrada. ‘Abençoado é o filho que estudou Torah com o pai, e abençoado o pai que instruiu o filho !’, regozijava-se um antigo Sábio…” (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: JUDAICA,v.6, p.708-9).

 

– Está aqui um dos maiores problemas que temos enfrentado nas famílias de crentes nos nossos dias.

Os pais não têm um bom testemunho. Assim, não se sentem à vontade para ensinarem seus filhos a Palavra do Senhor ou, quando o fazem, criam um ambiente de total falta de autoridade, já que não podem ensinar com autoridade.

Como dizer aos filhos que se deve orar e ler a Bíblia diariamente, se os pais não o fazem? Como ensinar seus filhos que devem ir à igreja assiduamente, se não o fazem?

Como querer que os filhos tenham intimidade com o Senhor, se não lhes ensinam as passagens bíblicas? Instruir o menino no caminho em que deve andar, eis o que manda dizer a Bíblia Sagrada. 

– Devemos dedicar parte de nosso dia à devoção individual, mas também devemos dedicar parte de nosso dia para a devoção familiar.

Como poderemos ser responsáveis diante de Deus com os nossos filhos, se não nos preocupamos em seu crescimento espiritual? 

Há muitos crentes que, numa forma absurda, defendem que os filhos devem, primeiro, atingir a maturidade para que decidam se servirão a Deus, ou não.

Este pensamento é um conceito antibíblico e que não pode ser compartilhado por um verdadeiro crente.

O crente ama o próximo como a si mesmo e como poderá deixar ao léu o seu próprio filho? 

Como considerar como possível que um filho seu, que nasceu num lar de um crente, possa ser mantido à margem da Palavra de Deus, à margem de um contacto mais íntimo com o Senhor? Evidentemente trata-se de uma astuta mentira satânica, a que muitos crentes têm dado crédito. 

– Sabendo que todo servo de Deus tem o dever de pregar o Evangelho, de ganhar almas ao Senhor, como admitir que os pais negligenciem tal dever precisamente em relação a seus filhos?   

– Se quisermos ser valorosos instrumentos na mão do Senhor, temos de começar em nossas próprias famílias, junto a nossos filhos.

Não é por acaso que Deus inicia o ministério de muitos escolhidos Seus, na Bíblia Sagrada, com determinação para que este ou aquele nome fosse dado a um filho do vaso escolhido.

O gesto de dar nome a um filho é a primeira relação que se estabelece entre pai e filho e é neste primeiro ato da relação entre pai e filho que começa o ministério do homem de Deus (cfr. Gn.5:21; Is.8:3,4; Os.1:4-11).

Em o Novo Testamento, um dos requisitos para que sejam escolhidos ministros na casa de Deus é o seu comportamento junto aos filhos (I Tm.3:4,5), pois, como diz o texto sagrado, como alguém que não cuida bem de seus filhos, poderá cuidar bem da igreja de Deus?

 

– Mas, para que haja a instrução na Palavra do Senhor, é mister que se tenha comunicação entre pais e filhos.

Um dos grandes problemas que temos, nos nossos dias, é a falta de diálogo entre pais e filhos. Pais não se comunicam com os filhos, não há sequer uma conversa um pouco mais longa entre pais e filhos durante vários dias na semana.

O corre-corre do cotidiano agitado de nossas cidades, não raras vezes, faz com que pais e filhos não estejam em casa na maior parte dos dias e até não se vejam durante dias.

Entretanto, este estado de coisas deve ser driblado pelos pais, pois a falta de comunicação entre pais e filhos é uma brecha que impedirá que se erga um muro contra o pecado e o mal em volta de nossos filhos.   

– Devemos cuidar para que, pelo menos durante um período, a família possa conversar diariamente e dialogar, momento em que, senão diariamente, com uma frequência no mínimo semanal, seja realizado também um culto doméstico.

É preciso que cuidemos da estrutura espiritual de nossos filhos, mas devemos dialogar e ficar sabendo dos sentimentos, das preocupações, das lutas de cada um.

Esta falta de convívio no lar é uma necessidade indispensável para os filhos e, se em casa eles não conseguirem ter esta atenção e cuidado, começarão a procurá-lo fora de casa e, sem dúvida, encontrarão quem se disponha a dar-lhes afeto entre os agentes de Belial (más companhias, narcotraficantes, pessoas prostituídas e prostituidoras etc.).

– Mesmo dentro de casa, temos a possibilidade de vermos ser erodido o pouco tempo que teríamos para desfrutar de um convívio familiar.

Os meios de comunicação têm sido responsáveis diretos pela ausência de diálogo e comunicação entre pais e filhos.

Em vez de conversarem, de ensinarem a Palavra de Deus, muitos pais preferem dar atenção a programas de televisão ou a navegações na internet, de modo que a orientação bíblica e afetiva acaba sendo substituída pelas mensagens explícitas ou subliminares das programações destes meios de comunicação, mensagens estas que, via de regra, divulgam e estimulam condutas totalmente contrárias à Palavra do Senhor.

Sobre a mordomia do tempo, trataremos em outra lição deste trimestre, mas devemos aqui enfocar que este tempo não pode ser desperdiçado.

Que os pais possam seguir os conselhos de Paulo e remir o tempo, porque os dias são maus (se já o eram no tempo de Paulo, que dirá hoje, em que sentimos que a vinda do Senhor se aproxima) (Ef.5:15,16; Cl.4:5).  

– O culto doméstico deve ser uma reunião simples, com reverência, em que, numa mensagem que possa ser compreendida por todos, a família louve ao Senhor, ore e compartilhe de suas ansiedades e expectativas, agradecendo a Deus pela salvação e livramentos e pedindo a intervenção divina para a supressão das necessidades existentes.

Com a participação de todos, ouça uma mensagem do Senhor através de algum de seus membros e, depois, seja o culto encerrado.

Parece algo muito simples, mas sua frequência trará resultados que só no futuro os pais saberão.

 Temos a certeza de que o adversário procurará sempre impedir a realização deste culto, mas, com fé no Senhor e discernimento, poderemos restaurar esta grande arma que temos à nossa disposição para a boa educação e formação de nossos filhos.  

– A terceira regra que vemos no relacionamento dos pais com os filhos é a que os pais não devem provocar a ira a seus filhos (Ef.6:4).

 Aqui temos um mandamento que inclui a questão da correção dos filhos pelos pais, questão importante e que deve ser analisada dentro de seus parâmetros bíblicos.  

– Os gentios possuíam regras extremamente duras no que respeita à correção dos pais pelos filhos.

Até mesmo os romanos, que foram o povo que mais avançou na Antiguidade em termos de direito, reconheciam ao pai o direito de vida e de morte sobre os filhos, ou seja, o pai era o senhor absoluto do filho.

A própria palavra “família” contém a ideia de posse e de propriedade, pois “famulus” era o escravo, o servo.

Assim, o filho não tinha melhor condição, em certo aspecto, do que o próprio escravo. Esta ideia acabou sendo herdada pela cultura originária de Roma, onde se incluem os povos latinos, como o nosso.

– Entretanto, a Bíblia Sagrada trazia um outro conceito quanto a este assunto. Os pais foram considerados, como já vimos supra, como pessoas que tinham deveres em relação aos filhos, algo que era impensável no ambiente gentílico.

Assim, embora tivessem autoridade sobre os filhos, os pais são concebidos, na Palavra de Deus, como alguém que age com autorização divina, a Quem incumbe, com exclusividade, todo o senhorio.   

– Em sendo assim, os pais devem atuar com respeito a Deus e debaixo dos princípios divinos. Não podem os pais decidir sobre a vida e a morte de seus filhos, portanto, nem tampouco atingir-lhes a integridade física, moral e psíquica.

Falamos isto pois, há uns  anos atrás, ficamos constrangidos ao sermos interpelados por uma assistente social forense que nos pediu esclarecimentos sobre os ensinamentos das Assembleias de Deus com relação à educação de filhos, pois os últimos três casos graves de maus-tratos naquela cidade tinham sido praticados por pais que se diziam membros assíduos e participantes de nossa denominação.

OBS: “…O controle e a disciplina das crianças eram cuidadosamente moderados pelos suaves preceitos que os Sábios Rabínicos haviam ensinado.

Eles fornecem um estudo curioso em contraste com os regulamentos legais e os costumes dos pais em voga entre os romanos e seus contemporâneos. Segundo a lei romana, o pai, enquanto estivesse vivo, continuava sendo o senhor absoluto das ações e dos destinos dos filhos.

Entre os judeus, entretanto, o filho, depois de casado, ficava livre para levar uma vida independente, e, contanto que se conduzisse honestamente e não fosse culpado de desrespeito filial, não era responsável por seus atos perante o pai.

Desde os primeiros anos da Era Rabínica, os pais eram advertidos para que não fossem desmedidamente rigorosos com os filhos, especialmente ao impor disciplina aos filhos e às filhas mais velhos.

Era-lhes apontado que o castigo muitas vezes faz com que a criança fique amargurada e ressentida, e poderia provocar nela um comportamento agressivo, prejudicando assim a sua atitude e afetando-a para toda a vida.

Ao contrário, os pais eram aconselhados a demonstrar tolerância e a agir suave e pacientemente com uma criança rebelde ou desobediente, usando com ela da razão ao invés da força (…).

Tornou-se uma prática tradicional e bastante generalizada entre os judeus o corrigir os filhos não violentamente, com a vara, mas suavemente, com amor, e com a argumentação.

Duas máximas do Talmud tornaram-se linhas mestras para os pais: ‘ Não ameaces a uma criança; castiga-a ou perdoa-lhe… Se tens que bater em teu filho, faze-o com um cordão de sapatos’…” (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de.In: JUDAICA, v.6, p.710).

– Não ter o direito de ofender a integridade física, moral e psíquica dos filhos não significa, em absoluto, que o pai não tenha o direito de corrigir seu filho, direito, aliás, que é, antes de tudo, um dever.

A correção do filho é uma demonstração de amor do pai pelo filho (Hb.12:9). Não corrigir o filho, deixá-lo à própria sorte, como têm defendido muitos psicólogos e apologistas da libertinagem nos nossos dias, é algo impensável para quem tem responsabilidade com os filhos que trouxe ao mundo, como também compromisso com Deus.   

– É preciso corrigir o filho, inclusive com uso moderado da força física, se necessário for, pois, como diz Salomão, ” não retires a disciplina da criança; porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá” (Pv.23:13).

Observe bem o que diz o texto sagrado: devemos fustigar a criança com a vara, ou seja, podemos corrigir a criança com uso de força física, mas desde que o façamos com moderação, com equilíbrio.

Fustigar significa bater com alguma coisa flexível, levemente, sem causar traumas, hematomas ou ferimentos.

A nossa lei civil, inclusive, diz que somente perde o poder familiar (ou seja, a autoridade sobre os filhos), o pai (ou mãe) que castigar imoderadamente o filho (artigo 1638, I do Código Civil), numa prova de que a ideia que tem sido divulgada (em especial pela mídia) de que não se pode sequer encostar num filho para fins de correção é uma mentira e mais um movimento em prol da desordem e da destruição da família.

O castigo equilibrado é possível e não constitui em qualquer ilegalidade perante os homens, bem como diante de Deus.  

– Agora, para que um pai possa corrigir, é preciso que, antes, ele tenha ensinado seu filho. O que temos visto é que muitos pais têm corrigido seus filhos, têm castigado sem que, antes, tivessem ensinado seus filhos.

Os pais devem agir conforme os ensinamentos da Bíblia Sagrada e as próprias Escrituras indicam quais são os níveis que devem ser seguidos pelos pais, os mesmos níveis com os quais Deus nos ensina a seguir Sua vontade(cfr. II Tm.3:16).

Em primeiro lugar, os pais devem ensinar seus filhos. Ninguém nasce sabendo e precisamos ensinar nossos filhos o certo e o errado, o que agrada a Deus e o que não Lhe agrada.

Em segundo lugar, devemos redarguir nossos filhos, ou seja, caso não tenham compreendido o ensinamento dado, devemos repeti-lo, mormente nos dias em que vivemos em que o bem virou mal e o mal, bem (Is.5:20).

Embora ensinemos nossos filhos a Palavra de Deus, é certo que sofrerão eles a influência dos ambientes que estão a frequentar, o que os levará a tomar atitudes contrárias aos nossos ensinos. Devemos, então, redargui-los, ou seja, repetir os ensinamentos. 

– O terceiro nível é o da correção. Se houver, após a repetição dos ensinos, a repetição da atitude errônea, chega o momento do castigo, o momento da correção, com a utilização de medida que seja suficiente para a correção. 

OBS: “…é responsabilidade dos pais dar aos filhos criação que os prepare para uma vida do agrado do Senhor.

É a família, e não a igreja ou a Escola Dominical, que tem a principal responsabilidade do ensino bíblico e espiritual dos filhos. A igreja e a Escola Dominical apenas ajudam os pais no ensino dos filhos.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos.p.1839).  

– Quando corrigirmos nossos filhos, não podemos, em hipótese alguma, demonstrarmos revolta, ódio, raiva ou ira.

Se o pai estiver com este sentimento, não deve disciplinar seu filho naquele instante. Deixe para um instante em que estes sentimentos e emoções deploráveis tenham passado, pois o objetivo da correção não é a vingança contra o filho, nem criar revolta, ódio ou amargura entre pai e filho.

É preciso que tudo seja feito com a finalidade de ensinar a virtude e o valor para o filho. Verdade é que a correção gera uma tristeza momentânea no filho (Hb.12:11), mas jamais podemos permitir que esta tristeza se torne em amargura e, muito menos, em raiz de amargura (Hb.12:15).

Tudo deve ser feito debaixo da orientação divina e com temperança, ou seja, domínio próprio, que é uma das qualidades do fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

OBS: “…Na criação dos filhos, os pais não devem ter favoritismo; devem ajudar, como também corrigir e castigar somente faltas intencionais, e dedicar sua vida aos filhos, com amor compassivo, bondade, humildade, mansidão e paciência (Cl.3.12-41,21).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos.p.1839).  

– É este o sentido da expressão bíblica “não provocar a ira aos filhos” que se encontra em Ef.6:4.

Devemos agir de tal maneira que o nosso amor seja sentido pelo filho, ainda que inconscientemente.

Um dos grandes erros da educação dos antigos, movidos ainda pelo traço cultural remanescente da ideia de senhorio absoluto sobre o filho, era o de desconsiderar totalmente o filho, quase que desumanizá-lo, considerando-o como um saco de pancadas, como um local de descarga de frustrações.

Isto somente gera ódio e revolta e, com tristeza, vemos que o comportamento de muitos crentes tem sido este, a afastar seus filhos da igreja. Sem dúvida, este tem sido um dos principais fatores para explicar porque, sendo apenas 20%(vinte por cento) da população brasileira formada de evangélicos,

os filhos de evangélicos representem praticamente 40% (quarenta por cento) da população carcerária ou de unidades de adolescentes infratores, uma triste estatística a demonstrar quanto temos de nos movimentar para cuidar de nossas famílias.

OBS: ” Os pais são responsáveis pela educação dos filhos. Deus tem os pais como responsáveis por educar os filhos – não os avós, nem escolas, nem o Estado, nem grupos para jovens, nem colegas ou amigos.

Embora cada um desses grupos possa influenciar as crianças, o dever final continua com os pais, e especialmente com o pai, a quem Deus nomeou como ‘chefe’ para comandar e servir a família.

São necessárias duas coisas para se ensinar: uma atitude correta e uma base sólida. Uma atmosfera permeada de críticas destrutivas, condenação, expectativas irreais, sarcasmo, intimidação e medo ‘provocarão a ira de uma criança’.

Em tal atmosfera, não pode ocorrer um ensinamento profundo. A alternativa positiva seria uma atmosfera cheia de estímulo, ternura, paciência, escuta, afeição e amor.

Em tal atmosfera, os pais podem construir nas vidas dos filhos a preciosa base do conhecimento de Deus.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Dinâmica do Reino. Ordem familiar. Ef.6.4, p.1331).

Este mesmo princípio encontra-se reproduzido na Constituição brasileira, no artigo 229, que diz que “Os pais têm o dever de assistir, criar, educar os filhos menores…”, como também no Código Civil, que coloca como primeiro dever dos pais ” dirigir-lhes a criação e educação” (artigo 1634, inciso I).  

– Outra regra do relacionamento entre pais e filhos é a que determina que os pais criem seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor (Ef.6:4b).

Já falamos supra sobre a necessidade de os pais ensinarem a seus filhos os valores e os princípios estabelecidos por Deus nas Escrituras.

Mas, além de ensiná-los a Palavra de Deus (e só pode ensinar quem já aprendeu), é necessário que estejamos sempre prontos a guiar nossa conduta educativa na Palavra do Senhor.

Devemos ensinar e corrigir conforme a Bíblia nos ensina. Todas as nossas decisões em relação aos nossos filhos deve levar em conta, em primeiro lugar, o efeito que terá sobre a vida espiritual de nossos filhos aquela decisão.

Lamentavelmente, muitos têm feito enormes planos e se sacrificado sobremodo para dar a seus filhos o melhor que puderem em várias áreas de sua vida, mas estão totalmente despreocupados com a vida espiritual de seus filhos.

Sacrificam-se para saciar desejos consumistas de seus filhos, para deixá-los “na moda”, com os brinquedos de última geração, atualizados com os diversos modismos que surgem a cada instante, de estudarem nas melhores escolas, de terem os principais modos de lazer, mas não se preocupam com a vida espiritual de seus filhos.

Não buscam o reino de Deus e a sua justiça para seus filhos, em primeiro lugar (Mt.6:33), e o resultado é um grande fracasso espiritual que atrairá outros fracassos nos outros campos da vida. É preciso que ponhamos Deus em primeiro lugar nas vidas de nossos filhos, para que eles possam optar por mantê-l’O nesta posição quando alcançarem a maturidade.

OBS: ” É obrigação solene dos pais (gr. pateres) dar aos filhos a instrução e a disciplina condizente com a formação cristã.

Os pais devem ser exemplos de vida e conduta cristãs, e se importar mais com a salvação dos filhos do que com seu emprego, profissão, trabalho na igreja ou posição social (cf. Sl.127.3).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Pais e filhos. P.1839).

Ev.  Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/4227-licao-4-a-mordomia-da-familia-i

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