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Jovens – Lição 11 – A Cura de um Coxo de Nascença

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Mostrar como se deu a expansão do Evangelho, principalmente entre os gentios;

Destacar a cura do coxo;

Refletir acerca da reação da multidão diante do milagre da cura.

Palavras-chave: Poder, cura e salvação.

No início da igreja cristã, Deus separou Paulo e Barnabé para uma obra específica de evangelização tanto para os judeus como para os gentios.

Por meio das viagens missionárias que realizaram, muitos os rejeitaram, porém muitos outros receberam o evangelho pela fé.

Este capítulo 14 de Atos dos Apóstolos conclui o relato da primeira jornada missionária, detalhando as experiências de Paulo e Barnabé em Icônio, Listra e Derbe.

Essa narração também informa sobre os missionários revisitando todas as cidades da Galácia dessa primeira excursão, fortalecendo as igrejas, designando anciãos e as pregações em Perge.

O capítulo é concluído com uma exposição da viagem de retorno à Antioquia da Síria e sobre os trabalhos para a igreja patrocinadora.

E Deus confirmava a palavra dos apóstolos por meio de sinais e prodígios. As cidades de Icônio e Derbe foram alvos do evangelho onde muitas pessoas creram na Palavra do Senhor.

Em Listra, ocorreu outro grande milagre: um coxo de nascença foi curado. A fé desse homem e o discernimento de Paulo foram os meios pelos quais o milagre aconteceu.

Mediante esse acontecimento sobrenatural, as multidões quiseram idolatrar os apóstolos, que não aceitaram receber a glória que pertence somente a Deus.

Icônio, Listra e Derbe

A antiga cidade Frígia de Icônio, então parte da Galácia romana, tinha uma história que remontava aos tempos pré-históricos; ela foi localizada no local da moderna cidade de Konya, Turquia, com uma parte do antigo nome ainda sendo mantido.

Pela boa localização, era atravessada por estradas militares romanas que fez de Icônio um bom local para os trabalhos missionários.

Listra era uma próspera cidade comercial, há uma distância entre 30 e 40 quilômetros de Icônio. O templo de Júpiter estava fora das portas da cidade. Segundo uma lenda, Júpiter e Mercúrio haviam, em tempos passados, visitado a cidade em forma humana.

Derbe também era uma cidade que fazia parte da província romana da Galácia. Ela ficava a 96 quilômetros de Listra. Mais tarde, Paulo e Silas visitaram esse lugar em sua viagem pelo ocidente em direção à Ásia Menor. Todas essas três cidades estavam localizadas onde hoje é a Turquia. 

Uma Multidão Recebe a Cristo

Paulo e Barnabé estavam em Antioquia pregando o evangelho, e muitos gentios ali creram na palavra dos apóstolos. No entanto, os judeus, tomados de inveja e blasfemando, contradiziam tudo o que Paulo e Barnabé falavam.

Com isso, apesar de muitos gentios crerem na Palavra do Senhor, os apóstolos foram para os gentios em Icônio, em razão da oposição levantada pelos judeus. Sobre essa cidade, Beers comenta:

Embora as outras cidades da primeira viagem missionária de Paulo tenham desaparecido, Icônio, a moderna Konya, é hoje uma capital da província na Turquia, em uma importante intersecção de estradas, ao Sul de Ancara.

Nos tempos gregos e romanos, foi a principal cidade e a capital de uma região conhecida como Licaônia, embora ainda seja identificada como a Frígia.

Situada a aproximadamente 120 quilômetros de Antioquia da Pisídia (Antiochea, nos mapas de hoje), junto à Via Sebaste, a principal estrada romana que levava de Éfeso ao Eufrates, é ainda hoje uma cidade de belos cenários, terra fértil, clima agradável e 50 mil habitantes.

O nome pode ter vindo das imagens de Prometeu e Atena, que foram feitas depois que uma grande inundação destruiu muitas vidas.1  

Nessa cidade, uma multidão, tanto de judeus como de gregos, receberam a Cristo. A obra de Deus não para. Mesmo que exista uma dificuldade de o evangelho ser expandido em determinada localidade, em outra, certamente, muitos entregarão suas vidas ao Senhor Jesus.

A genuína pregação do evangelho sempre alcançará corações sedentos pela verdade, como aqueles que Jesus diz que são como a terra boa em que a semente cai e frutifica (Mt 13.23).

A graça salvadora de Deus sempre atuará na vida das pessoas que, por meio da fé, podem crer e receber as Boas Novas (Ef 2.8).

A Palavra diz que aquele que crê será salvo e não será condenado (Jo 3.18). A beleza do evangelho é que, assim como aconteceu naquele tempo em que judeus, gregos e outros creram, pessoas de diferentes raças, tribos e nações hoje também estão crendo, e o Reino de Deus está sendo expandido (Ap 5.9).  

Mais Perseguição Religiosa

Em Atos 14.2, está escrito: “Mas os judeus incrédulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os ânimos dos gentios”.

Que espírito demoníaco e de confusão havia naqueles judeus. Movidos por inveja, que é um sentimento maligno e faccioso (Tg 3.16), eles dividiram a cidade acerca dos apóstolos e de sua mensagem de arrependimento e salvação.

E, em razão dessa revolta de muitos da cidade que queriam apedrejá-los, Barnabé e Paulo fugiram para as cidades de Listra e Derbe (At 14.1-6). 

A pior perseguição vem de dentro de casa. Jesus já havia sofrido essa rejeição de seus irmãos judeus. Certa vez, Ele disse que o profeta não tem honra em sua própria terra (Mc 6.4,5).

Em uma sinagoga em Nazaré, na cidade onde cresceu, depois daquele episódio marcante de ter pegado e lido o rolo do profeta Isaías, Jesus começou a ministrar para as pessoas ali. Acharíamos que Ele seria aceito, que muitos creriam nEle, mas não foi isso que aconteceu.

Eles “o levaram até ao cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem. Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se” (Lc 4.30). 

Infelizmente, a perseguição religiosa ainda acontece nos dias de hoje em muitas partes do mundo. A organização Portas Abertas, que ajuda a igreja perseguida ao redor do mundo, aponta que 215 milhões de cristãos são perseguidos atualmente no mundo.

A cada ano, a perseguição aos cristãos se intensifica no âmbito global. O número de cristãos com medo de ir à igreja ou que já não têm uma igreja aonde ir tem aumentado, bem como daqueles que têm de escolher entre permanecer fiel a Deus ou manter seus filhos seguros.

Ou das vítimas da violência extrema que perdem familiares, casa, bens e liberdade por compartilhar a mesma crença de muitos aqui no Brasil: a fé em Jesus Cristo.

A perseguição viria, como advertiu nosso Mestre Jesus (Mt 24.9). Porém, o salmista já confiava na proteção e refúgio do Senhor (Sl 7.1,2).

O apóstolo Paulo também tratou desse assunto relatando ao seu filho na fé, Timóteo, quanta perseguição suportou (2 Tm 3.10-13), mas que nada (incluindo qualquer tipo de perseguição) poderia separar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus (Rm 8.35-37). E nosso Senhor deu-nos uma grande promessa quando passarmos por alguma perseguição. 

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.3

Que conforto ler esses textos bíblicos e saber que Deus sabe de tudo o que podemos atravessar nessa vida — os ataques, perseguições, afrontas —, pois somos odiados pelo mundo (Jo 15.19). No entanto, Ele garante estar conosco em todos os momentos, além de algo bem maior no porvir (Mt 28.20; Ap 2.7). 

Cidade de Listra

Partindo de Icônio, Paulo e Barnabé foram para Listra (At 14.6). Essa cidade (moderna Zoldera) era uma colônia romana. Era a mais oriental das cidades fortificadas da Galácia.

Listra estava a cerca de 36 quilômetros ao sul de Icônio. Vinte quilômetros eram a distância de viagens de um dia normal no Império Romano naquela época. Lucas não mencionou evangelismo na sinagoga aqui. Evidentemente, havia tão poucos judeus que não havia sinagoga em Listra (ou em Filipos). 

Listra, próspera cidade comercial. Durante meio século, Listra havia sido colônia romana, começando com o estabelecimento de talvez mil romanos.

Seus cidadãos recebiam os privilégios de cidadãos de Roma. A cidade valorizava a sua cultura local, bem como sua natureza romana, junto com Antioquia da Pisídia, em contraste com as cidades gregas da região, geograficamente mais próximas.

A língua grega era muito comum na região rural, mas quase um terço das inscrições encontradas em Listra está em latim (embora seja um latim pobre, em alguns casos). Ainda que Listra visse Antioquia como cidade-irmã, não enfatizava seu caráter humano tanto quanto esta. 

Mais tarde, uma igreja foi fundada nessa localidade. Ela tem sido identificada com umas ruínas que existem perto da vila de Khatyn Serai. 

Um Homem Aleijado

Mais uma vez no livro de Atos, Lucas narra a cura de um coxo. Por ser médico e familiarizado com o assunto, ele descreve aquele homem como coxo desde o seu nascimento, que nunca tinha andado.

Ele não tinha força muscular, e, provavelmente, os ossos do seu tornozelo estavam deslocados; ou, então, ele tinha o que é comumente chamado “pés de taco” ou “pés deformados”, o que é mais provável. Aquele homem não era uma pessoa que já havia experimentado saúde e que depois tinha ficado doente.

Esse moribundo nunca teve o prazer de poder andar. Imagine alguém que vive assentado ao chão, dependente de outras pessoas para muitas coisas; era um estado lamentável. 

Infelizmente, muitas pessoas vivem assim não só do ponto de vista físico, mas também deformadas emocional e, sobretudo, espiritualmente. O deus deste século tem cegado a muitos (2 Co 4.4).

Há uma enormidade de gente presa às amarras do inimigo em razão de conflitos familiares, falta de perdão, vícios. Pessoas que dependem de outras para poder viver minimamente suas vidas.

Quando Pedro estava ministrando ao centurião Cornélio e sua casa, ele disse que Jesus veio fazendo o bem e “curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Vemos claramente nessa passagem que o Diabo oprime as pessoas, levando-as a toda a sorte de mazelas.

Um Homem com Fé

Esse homem aleijado ouve o evangelho sendo pregado por Paulo, e aquela mensagem criou fé nele, pois as Escrituras dizem que: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17).

Paulo, então, fixa os olhos no aleijado e vê que ele tinha fé para ser curado. Todas as coisas são possíveis ao que crê (ver Mc 9.23).

O apóstolo tinha discernimento para perceber aquela atitude de fé do aleijado, demonstrando que ele poderia ser curado. “Crentes devem orar, pedindo discernimento espiritual para reconhecer a fé das pessoas que precisam da graça e cura divinas”. 

Mesmo nunca vendo Paulo antes e nem ouvindo aquela mensagem de salvação, o coxo creu no Cristo que estava sendo pregado. O profeta Habacuque disse e Paulo repetiu que o “justo viverá pela fé” (Hc 2.4; Rm 1.17). 

Todas as coisas são possíveis para aquele que crê. Quando temos fé, dom tão precioso de Deus, seremos livres da falta da defesa espiritual em que nascemos, e do domínio dos costumes pecaminosos que se formam à medida que crescemos; seremos capacitados para nos colocarmos de pé e andar jubilosos nos caminhos do Senhor.6 

É nossa fé que vence o mundo (1 Jo 5.4). Mesmo quando tudo parecer perdido e escuro, não podemos perder a fé, pois é ela que será o meio de algo tremendo que Deus fará em nossas vidas! 

Um Homem Curado

O coxo viveu três fases distintas. A primeira, como uma pessoa carente, aleijada. A segunda, como uma pessoa com fé. E a terceira, como uma pessoa curada. Ao ver que tinha fé, Paulo disse em alta voz: “Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou” (At 14.10).

A ordem dos dois verbos é interessante, pois é o reverso do que era esperado, pois diz que saltou e, em seguida, andou (v. 10).

A palavra de poder e fé trouxe à realidade aquilo que os homens só podiam sonhar. Naquele momento, cumpriu-se a profecia do profeta Isaías quando diz:

“O deserto e os lugares secos se alegrarão com isso; e […] os coxos saltarão como cervos” (Is 35.1,6).

Alguns críticos da sombria escola de Baur e Zeller  esforçaram-se para mostrar que a história desse milagre não passava de uma mera imitação do milagre de Pedro na porta do templo relatado em Atos 3. Mas os dois incidentes possuem nítidas diferenças.

Em Jerusalém, o coxo simplesmente desejava e esperava receber uma esmola de Pedro e João, mesmo depois de Pedro tê-lo convidado a “olhar para ele” e para João. Porém, o aleijado de Listra já havia sido um ouvinte atento de Paulo.

À porta do templo, Pedro estende mão e levanta o coxo (At 3.7). No caso de Paulo, este ministra a cura em alta voz, e o aleijado pula e anda (At 14.10). Pedro usa a mão, Paulo a voz; ambos usam a fé em Jesus. 

Homens Deuses?

Quando a multidão viu o milagre que tinha sido feito através de Paulo e Barnabé, todos disseram que os deuses haviam descido até eles — a ponto de chamarem Barnabé de Júpiter e Paulo de Mercúrio — e começaram a trazer touros para serem sacrificados aos apóstolos (v. 13).

Cem anos antes, o poeta romano Ovídio (?–43 a.C.) havia contado uma lenda de que Zeus e Hermes (deuses gregos) desceram até aquela localidade disfarçados de mortais, e ninguém os alojou, a não ser um simples casal. Dessa vez, eles não queriam correr o risco de não honrar os deuses que desceram novamente. Paulo e Barnabé, porém, impediram e rejeitaram as honrarias afirmando que eram homens como eles.

Inscrições mostram que Hermes e Zeus eram adorados juntos na região da Frígia. Uma inscrição permite a interpretação de que no templo de Zeus em Listra havia vários sacerdotes, embora só um deles atue aqui.

As pessoas podiam usar grinaldas nos festivais, mas era comum decorar animais sacrificiais com coroas de flores antes de oferecê-los. Bois e touros estavam entre os sacrifícios mais caros; os sacerdotes eram, às vezes, benfeitores ricos, que doavam seu serviço à comunidade, o que incluía, ocasionalmente, sacrifícios.

Os templos “de frente para a cidade” ou “fora do portão da cidade” (NVI) eram bastante comuns na Ásia Menor. Alguns estudiosos, contudo, creem que o portão pertence à área cercada por muros consagrada a Zeus (não está claro se Listra tinha muros nesse período).

O homem incapacitado provavelmente havia sido curado no portão, visto que pessoas em tal situação muitas vezes tinham o seu sustento mendigando, e os pedintes normalmente tinham mais êxito em lugares como esse, por onde passava muitos transeuntes (Cf. 3.2). 

Ao ver toda a repercussão daqueles homens, especialmente do sacerdote de Júpiter em sacrificar, engrandecendo-os como deuses, Barnabé e Paulo rasgaram as suas vestes, repreenderam aquelas pessoas e fizeram uma das duas grandes confissões do Novo Testamento que toda pessoa deve fazer para viver de forma gloriosa: “Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões” (v. 15).

A outra grande confissão é a de Pedro, mediante a pergunta de Jesus acerca de quem as pessoas diziam ser Ele, ao que Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Para sermos usados por Deus, precisamos saber e confessar quem somos e quem Jesus é! 

A atitude de Paulo e Barnabé ensina a todos quantos Deus usa de que não podemos ser levados pela tentação da glorificação do homem, algo lamentavelmente tão comum nos dias de hoje. Quando ministrarmos, precisamos agir como se realmente estivéssemos em um púlpito, e não num palco.

Devemos dar a glória ao Senhor, e não ao instrumento. Precisamos de mais serviço e menos exigências; de mais unção e menos talento; de mais ajuda do alto do que pregações de autoajuda; de mais seriedade e menos stand-up gospel comedy; de mais confronto da Palavra e menos aceitação e unanimidade perante o mundo.

Perseverança na Obra de Deus

Barnabé e Paulo perseveraram no trabalho que foi entregue pelo Senhor para eles fazerem. Com muita dificuldade, eles conseguiram evitar que o povo de Listra sacrificasse a eles, bem como os elevasse a status de “deuses” (v. 18).

No entanto, mais uma vez, judeus instigaram as multidões contra eles e “apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto” (v. 19).

Parecia até que se repetiria o que acontecera com Estêvão (At 7), mas Deus ainda tinha planos para Paulo nesta terra, e eles seriam cumpridos.

Dessa feita, os discípulos rodearam a Paulo, e ele levantou-se e entrou na cidade, partindo com Barnabé para Derbe no dia seguinte (v. 20). 

Após terem anunciado o evangelho em Derbe, Barnabé e Paulo voltaram às cidades já visitadas, como Listra, Icônio e Antioquia. Isso mesmo, Listra está na lista!

Poderíamos imaginar que loucura para eles voltarem à cidade que apedrejou Paulo, deixando-o quase morto!? Se pensarmos racionalmente, não voltaríamos a um lugar desses nunca — até porque correríamos sério risco de morte.

Mas não foi assim com Paulo, que voltou àquele local para animar os discípulos dali, exortando-os a permanecer na fé, pois seria por muitas tribulações que eles entrariam no Reino de Deus (v. 22). Depois, Paulo e Barnabé foram a muitas outras cidades pregando e elegendo anciãos para cuidar das igrejas (At 14.21-28).

Não seria aquela primeira experiência negativa em Listra que desanimaria esses dois missionários de continuar fazendo a obra que lhes foi confiada por Deus. 

Mais tarde, Paulo pôde escrever aos coríntios, por experiência própria de seu ministério, que vale a pena perseverar naquilo que nos foi entregue por Deus para fazermos: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Co 15.58). 

Até que Amadureça

Paulo foi um pregador, missionário, fundador de igrejas, que realmente se preocupava que o trabalho iniciado em determinada localidade amadurecesse.

Ele não queria apenas ir a uma cidade pregar, sair e nunca mais se importar com o que ocorresse ali. Pelo contrário! Além de não desejar ser pesado para os irmãos financeiramente (1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8; 2 Co 11.9), Paulo também se importava com as almas e com as igrejas que se desenvolviam, razões pelas quais temos suas epístolas. Ele sabia da importância de cuidar e discipular os novos convertidos.

“Fortaleciam as almas dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé.” A mais decidida e clara conversão não deixa de ser apenas um começo!

É um equívoco perigoso pensar que agora tudo continua “automaticamente”. Justamente nessa situação acontecem as lutas, as provações, as perguntas.

Uma vida cristã não é um passeio edificante sobre caminhos de rosas, mas uma perigosa jornada por terra hostil! Por isso as almas dos discípulos precisam de fortalecimento e encorajamento!

Paulo levou a sério essa tarefa de exortar a cada um como um pai a seus próprios filhos, de “conjurá-los” a viver de modo digno de Deus e de seu chamado (1 Ts 2.11; At 20.31)!

Os dois aspectos que parecem se contradizer pela lógica estão sempre presentes de forma simultânea no NT, como verdade viva: a bem-aventurada certeza de que ninguém e nada pode nos arrancar da mão do Bom Pastor, e a grave necessidade de, com todo empenho, “permanecer firmes na fé”.

Quem separa um aspecto do outro, numa consequência errônea, cai em perigosa segurança ou em zelo irrequieto, igualmente perigosos.9 

O versículo 22 diz que ele voltou às cidades confirmando o ânimo dos discípulos, “exortando-os a permanecer firmes na fé” (ARA).

Como afirma Russell Shedd: “O missionário deve cuidar da Igreja nova até que amadureça”.10 Paulo retornava a esses locais, ordenava mais obreiros, ensinava-lhes e permanecia com os discípulos não pouco tempo (v. 28); ou seja,

era um ministério que ele dedicava todos os esforços possíveis para ver a obra ser concretizada. Assim sendo, devemos proceder com aquilo que Deus coloca em nossas mãos para realizar: cuidar e fazer amadurecer. 

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens


1 BEERS, 2013, pp. 368,369.
2 https://www.portasabertas.org.br/artigo/a-perseguicao-hoje. Acesso em 29 de maio de 2019.  
3 Mateus 5.10-12  
4 KEENER, 2017, p. 431.  
5 Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, p. 1663.   
6 HENRY, Matthew, 2002, p. 904.   
7 Ferdinand Christian Baur (1792–1860) e Eduard Zeller (1814–1908) faziam parte da Escola de Teologia de Tubinga, que queria sintetizar a teologia histórica e sistemática dentro dos paradigmas gêmeos do historicismo e do idealismo alemão. 
8  KEENER, 2017, p. 432.  
9 BOOR, 2002, p. 209.  
10 SHEDD, 1997, p. 1553. 

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