LIÇÃO Nº 13 – A MULTIFORME SABEDORIA DE DEUS
Os dons espirituais e ministeriais revelam que Deus tem muitas maneiras de agir e que a unidade da Igreja é construída em meio à diversidade.
INTRODUÇÃO
– Na conclusão do estudo dos dons espirituais e ministeriais, analisaremos a multiforme sabedoria de Deus.
– Os dons espirituais e ministeriais revelam que Deus tem várias maneiras de agir e que a unidade da Igreja é construída em meio à diversidade.
I – O MISTÉRIO DA IGREJA
– Estamos concluindo este trimestre letivo em que estudamos os dons espirituais e ministeriais. A última lição, consoante a proposta da Casa Publicadora das Assembleias de Deus, é uma lição conclusiva, em que se repisam alguns aspectos estudados durante o trimestre.
– Como o título da lição é “a multiforme sabedoria de Deus”, expressão retirada de Ef.3:10, partiremos do contexto em que esta expressão aparece para, a partir de uma sucinta análise desta passagem bíblica, fazermos a referida conclusão.
– Um dos principais temas da carta de Paulo aos efésios é, precisamente, a Igreja, este povo de Deus surgido na “dispensação da graça de Deus” (Ef.3:1), este povo espiritual que o Senhor levantou para levar a todo o mundo as boas novas da salvação na pessoa de Jesus Cristo, o cumprimento da promessa divina de redenção feita ao primeiro casal no próprio dia da queda, ainda no jardim do Éden (Gn.3:15).
– A Igreja era um mistério de Deus. O Senhor, na Sua presciência, já havia determinado que, em Cristo, todas as nações seriam reunidas e novamente entrariam em comunhão com o Senhor.
– Este plano divino, porém, somente começou a ser revelado pelo próprio Jesus na chamada “declaração de Cesareia”, onde, após Pedro ter tido a revelação de que Ele era o Cristo, o Filho de Deus vivo, o Senhor, então, anunciou que edificaria a Sua Igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela, bem como que a Igreja teria o “poder das chaves” (Mt.16:17-19).
– Como diz o apóstolo Paulo, através da revelação deste mistério, ficou patente que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho, para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus fosse conhecida dos principados e potestades dos nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor (Ef.3:6,10).
– Mas esta realidade universal da Igreja demorou, inclusive, a ser entendida pelos próprios discípulos que relutaram, num primeiro instante, em pregar o Evangelho a quem não fosse judeu (At.11:19), prova de que esta revelação não foi de pronto apreendida pelos crentes da igreja primitiva, compreensão esta que se estabeleceu, de forma perene, após o ministério de Paulo e a conclusão do concílio de Jerusalém (At.15).
– A Igreja, então, foi criada para que Deus entrasse em paz com os homens, por meio de Cristo Jesus que, pelo derramamento de Seu sangue, tirou o pecado do mundo e fez de judeus e de gentios um só povo, derribando a parede de separação que estava no meio, desfazendo a inimizade que havia entre Deus e o homem, fazendo a paz, paz que é aqui a noção hebraica de “shalom”, que significa integração, completude, comunhão entre Deus e os homens.
– Vemos, portanto, que a Igreja é o ambiente criado por Deus para nela se dar a reunião entre Deus e os homens, para que houvesse o restabelecimento da amizade, da comunhão que o pecado havia desfeito quando da entrada do pecado no mundo.
– A Igreja, portanto, é o ambiente em que há a comunhão, em que se estabelece a unidade entre Deus e os homens. Não é por outro motivo que o Senhor Jesus, em Sua oração sacerdotal, diz que a finalidade de Sua missão era fazer com que nós fôssemos um em Deus, assim como o Pai e o Filho são um (Jo.17:21).
– Este mistério de Deus, revelado por Cristo e pelo Espírito Santo, tinha por finalidade estabelecer a comunhão e integração entre Deus e os homens, bem como entre os próprios homens entre si, pois o pecado, além de ter separado o homem de Deus, promoveu também a separação dos homens entre si.
– A cruz de Cristo não apenas restabeleceu a comunhão entre Deus e os homens, mas, também, entre os homens entre si, e isto o apóstolo Paulo deixou bem claro ao dizer que a cruz reconciliou ambos os povos, judeus e gentios, com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades (Ef.2:16).
– Por isso, os homens, seja judeus, seja gentios, não são mais “estrangeiros”, nem “forasteiros”, mas “concidadãos dos santos e da família de Deus” (Ef.2:19), irmãos, como afirmou o Senhor Jesus em Mt.23:8, visto que, pela salvação, todos se tornaram herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:17).
– A Igreja surgiu como resultado da obra salvadora de Cristo Jesus, sendo a “reunião” daqueles que, pelo sangue de Cristo, chegam perto de Deus e, por estarem reunidos, estão em comunhão, fazem parte de uma unidade, que é denominada de “o corpo de Cristo” (I Co.12:27).
– Ora, ao chamar a Igreja de “o corpo de Cristo”, as Escrituras mostram, claramente, que a Igreja é formada por pessoas que foram vivificadas, ou seja, que passaram da morte para a vida (Jo.5:24), visto que estavam separadas de Deus e, agora, se encontram unidas a Ele, através de Jesus Cristo.
– Ao chamar a Igreja de “o corpo de Cristo”, as Escrituras mostram que cada uma destas pessoas vivificadas que fazem parte do corpo, os “seus membros em particular” (I Co.12:27), exercem uma determinada função, pois, em um corpo, cada membro tem uma determinada função, que contribui para a manutenção da vida do corpo e para o seu desenvolvimento e saúde.
– Ao chamar a Igreja de “o corpo de Cristo”, as Escrituras mostram que cada um destes membros precisa agir em harmonia com os demais, visto que a ação de cada um é complementada pela ação do outro, sem o que não se terá a manutenção da vida do corpo, nem tampouco seu desenvolvimento e saúde.
– Neste ponto, portanto, a Igreja tem de ter consciência de que é uma unidade, que depende da harmonia e sintonia de todos os seus membros, que não podem viver isoladamente, mas que dependem uns dos outros.
– É por isso que cada membro da Igreja deve sempre se portar como uma “parte”, como alguém que é “participante do corpo” e que, portanto, depende dos demais, jamais se arrogando uma autossuficiência ou uma superioridade que ou lhe faça achar que não precisa pertencer a igreja local alguma, ser um “desigrejado” ou “sem igreja”, comportamento que tem crescido sobremaneira nos últimos dias; ou, então, que entenda que os demais é que dependem dele e ele de ninguém, ser um “supercrente”, um “crente especial”, outra conduta que tem proliferado nestes dias de apostasia espiritual.
– Não é à toa que, na celebração da ceia do Senhor, devemos participar do pão que, antes de ser entregue aos crentes para consumo, é partido, num gesto que nos faz recordar que somos “partes do corpo”, que precisamos uns dos outros e que, portanto, não podemos querer servir a Deus isoladamente, pois a igreja é “o corpo de Cristo”, que, por isso mesmo, é formado de vários membros em particular, de várias partes que, se separadas do corpo, não terão vida alguma, não poderão subsistir.
– Por isso, os crentes em Jerusalém estavam juntos e tinham tudo em comum, dedicando-se em perseverar na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At.2:42,44), pois sabiam que uns dependiam dos outros e que sem esta união jamais conseguiriam realizar a tarefa que lhes fora confiada pelo Senhor Jesus como também alcançar a glorificação.
– É esta consciência que precisa estar presente para que se tenha o real significado dos dons que o Senhor dá à Igreja. Os dons são dados à Igreja e, portanto, precisamos antes saber o que é a Igreja para que, então, entendamos o papel dos dons na Igreja.
– A Igreja é o resultado do grande amor de Deus que, pela Sua infinita graça, deu-nos Seu Filho Jesus Cristo para que, morrendo por nós, pudesse nos ressuscitar juntamente com Ele e nos fazer assentar nos lugares celestiais em Cristo, para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus (Ef.2:5-7).
– Deste modo, ficamos a saber que, como membros em particular da Igreja, este mistério de Deus que se revela pelo Espírito Santo aos apóstolos e profetas (Ef.3:5), somos alvos da graça de Deus, por esta graça somos salvos, para viver em comunhão com o Senhor Jesus, estando já espiritualmente nos lugares celestiais em Cristo, a fim de mostrar as abundantes riquezas desta mesma graça.
– Por primeiro, portanto, temos a consciência que o que é a Igreja é aquilo que foi revelado pelo Espírito Santo aos apóstolos e profetas, ou seja, àqueles que foram, primeiramente constituídos na Igreja, para completar o alicerce deste “edifício de Deus”, que é a Igreja (Ef.2:20; I Co.12:28). Isto nos mostra, claramente, que não há que se falar em ação da Igreja fora do que se encontram nas Escrituras, na Bíblia Sagrada, que é onde está registrada esta revelação do Espírito Santo aos apóstolos e profetas.
– Não há, portanto, dom que não esteja previsto nas Escrituras. Isto é importantíssimo, porquanto, nos dias em que vivemos, não faltam “invencionices”, que são consideradas como “dons”, mas que não estão previstos nas Escrituras e que, portanto, devem ser repudiados, rechaçados pelos servos de Deus. A Igreja, e os dons são dados à Igreja, é edificada sobre os fundamentos dos apóstolos e dos profetas, e é um mistério que foi revelado a estes.
– Por segundo, a Igreja é resultado da graça de Deus. “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef..2:8-10).
– Ninguém, portanto, se encontra na Igreja por mérito. Ninguém merece pertencer ao corpo de Cristo. Somos todos homens maus (Mt.7:11) e, deste modo, tudo que venhamos a receber da parte do Senhor é um favor imerecido, é fruto da Sua graça.
– Paulo, mesmo, afirma, em Ef.3:7, que era ministro do Evangelho pela graça de Deus, pois ele era o mínimo de todos os santos, mas fora escolhido para anunciar entre os gentios, por meio do Evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo (Ef.3:8).
– Ora, se Paulo, este grande homem de Deus, que, muito possivelmente, era portador de todos os dons espirituais e de quase todos os dons ministeriais (Paulo só não era pastor, como afirma em I Co.1:17), faz questão de dizer que, com todos os dons que possuía, era “o mínimo de todos os santos” e que tudo lhe tinha sido dado “pelo dom da graça de Deus”, como podemos achar que somos merecedores daquilo que Deus nos tem concedido?
– Ninguém entra na Igreja por mérito e, portanto, não pode receber dom algum por mérito, por merecimento. Esta mentalidade de que alguém que tem algum dom é superior aos demais crentes é, pois, uma excrescência, algo que é antibíblico, que não corresponde ao que nos ensina a Bíblia Sagrada.
– Por terceiro, a Igreja, como já dissemos supra, é um corpo vivo, que ressuscitou juntamente com Cristo. Se ressuscitamos com Cristo, não pensamos mais nas coisas desta vida, mas, sim, buscamos as coisas que são de cima, pois nossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl.3:1-3).
– Se assim é, nossa vida tem como meta e objetivo buscar o reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33), reino de Deus que não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17).
– Por isso mesmo, quem tem um dom na Igreja não o utilizará para seu proveito próprio, para, com isso, angariar poder, dinheiro ou posição social, mesmo que na igreja local. A Igreja está ressuscitada com Cristo e, por isso, não pensa nas coisas da terra, mas nas coisas de cima. Querer usar daquilo que Deus nos dá para ser meio para ter vantagens terrenas é seguir o caminho de Balaão, ou seja, deixar o caminho direito e amar o prêmio da injustiça (II Pe.2:15).
OBS: “…O Espírito Santo age “para que não haja divisão no corpo” somente quando todos os dons são confirmados e operam juntamente. Citando David Mains mais uma vez: ‘Todo verdadeiro membro da igreja local tem no mínimo um dom e a maioria das pessoas tem vários. Sendo que ninguém tem todos os dons, e todo mundo tem no mínimo um, há uma interdependência entre os membros da igreja. As Escrituras ensinam (1 Co 12:22-25) que os dons menos espetaculares são mais necessários do que os sobresselentes. Em outras palavras, a igreja pode prosseguir por muito tempo sem um milagre, mas deixe-a tentar existir sem atos de misericórdia ou contribuições!… Quão in capacitado o corpo de Cristo tem se tornado por causa do propósito principal nas reuniões da igreja ter sido ouvir um homem exercer seus dons, ao invés de preparar todas as pessoas para desenvolver seus dons de ministério, não somente dentro da igreja mas também na sociedade.’…(SNYDER, Howard A. A Igreja e os dons espirituais. Disponível em: http://www.ruach.com.br/livretos/a_igreja_e_os_dons_espirituais.pdf Acesso em 10 abr. 2014).
– Ser seguidor do caminho de Balaão é trágico, pois, como diz o tratado da Ética dos Pais ( Pirke Avot”), do Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, há uma oposição entre os discípulos de Abraão e os discípulos de Balaão. Ora, todo salvo é descendência de Abraão (Gl.3:29) e, portanto, comportar-se como discípulo de Balaão é simplesmente ter apostatado da fé, o que o texto de II Pe.2:15 deixa claro ao dizer que o caminho de Balaão é o caminho errado, não o caminho direito.
OBS: Transcrevemos, aqui, o trecho da Ética dos Pais a este respeito: “Todo aquele que possui as três características seguintes é dos discípulos de Avraham[Abraão, observação nossa], nosso patriarca; e as três características opostas, é dos discípulos do perverso Bilam[ Balaão, observação nossa]. Os discípulos de Avraham Avinu [nosso pai Abraã, observação nossa], possuem bom olhar, espírito humilde e alma dócil.
Os discípulos do perverso Bilam possuem mau olhado, espírito arrogante e alma ambiciosa. Qual é a diferença entre os discípulos da Avraham Avinu, e os discípulos do perverso Bilam? Os discípulos de Avraham Avinu, comem [gozam dos frutos de suas boas ações] neste mundo e herdam o Mundo Vindouro, conforme foi dito: Para fazer com que os que Me amam herdem um bem eterno [o Mundo Vindouro], e seus depósitos Encherei [neste mundo][Pv.8:21, observação nossa].
Mas os discípulos do perverso Bilam herdam o Guehinom [lugar de tomentos] e descem ao abismo mais profundo, conforme foi dito: E Tu, Deus, os atirarás ao abismo mais profundo; os homens sanguinários e traiçoeiros não viverão a metade de seus dias; mas eu confiarei em Ti. [Sl.55:24, observação nossa]” (5:19) (Pirke Avot – Ética dos Pais completa em português. Disponível em: http://judaismohumanista.ning.com/group/tmuratheinstitutefortrainingsecularhumanisticrabbi/forum/topics/pirke-avot-etica-dos-pais-completa-em- portugues Acesso em 10 abr. 2014).
– Por quarto, a Igreja está assentada nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Tal afirmação deixa alguns perplexos, pois o próprio Cristo disse que estamos no mundo, embora dele não sejamos (Jo.17:11,14). Como, portanto, podemos estar assentados nos lugares celestiais em Cristo Jesus?
– Ora, somos um com Cristo, somos “o Seu corpo” e, portanto, desde o momento em que entramos em comunhão com Deus por meio de Cristo, espiritualmente ficamos unidos a Cristo e, por isso mesmo, diante desta união com o Senhor, encontramo-nos “assentados nos lugares celestiais”.
– Já desfrutamos da comunhão com Deus e, por isso, temos acesso ao trono da graça e é este acesso que nos permite alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hb.3:16).
– Desde que recebemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, podemos entrar neste novo e vivo caminho que o Senhor nos consagrou e podemos chegar com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb.10:19-22).
– Por isso, Estêvão pôde ver, no instante mesmo em que morria por causa da fé, os céus abertos diante dele (At.7:56), pois Jesus veio abrir os céus para nós (Jo.1:51), como ficou demonstrado desde o instante do Seu batismo por João (Mc.1:10).
– Portanto, a Igreja é um povo que tem contato direto com os céus, que vive espiritualmente nos lugares celestiais, porque se encontra em Cristo, que está à direita do Pai, intercedendo por nós.
– Não é à toa, portanto, que as Escrituras indiquem que o Senhor deu dons aos homens a partir do momento que subiu aos céus, levando cativo o cativeiro (Ef.4:8). Após ter subido acima de todos os céus, dá à Igreja os dons, para cumprir todas as coisas (Ef.4:10).
– Se assim é, os dons somente podem vir do céu, são dádivas concedidas diretamente dos céus, algo que independe da natureza humana, tampouco de circunstâncias terrenas. Por ser algo que provém dos céus, é algo que atende aos propósitos divinos, é algo que tem como finalidade nos aproximar dos céus, da glória de Deus. É como que uma fagulha da glória divina que se manda do trono da graça para o povo de Deus e que, portanto, somente poderá enaltecer o próprio Deus, glorificar-Lhe.
– Por quinto, a Igreja está na terra para mostrar, nos séculos vindouros, as abundantes riquezas da graça de Deus, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
– Ora, se a Igreja existe para mostrar as abundantes riquezas da graça de Deus, tem-se que é indispensável que a Igreja tenha dons espirituais, pois somente assim poderá mostrar ao mundo os tesouros que Deus mandou dos céus para os homens.
– Os dons são absolutamente necessários para que tenhamos como mostrar as abundantes riquezas da graça de Deus e, por intermédio dos dons, comprovamos que a salvação em Cristo Jesus nos faz novas criaturas e, como tal, nós praticamos boas obras, pois Deus nos preparou para que andássemos nelas.
– Os dons, portanto, são instrumentos, ferramentas que Deus põe na Igreja para que tenhamos condição de que mostrarmos aos homens que somos novas criaturas, cada vez mais semelhantes a Cristo, “pequenos Cristos”, ou seja, “cristãos”, e que, por isso mesmo, fazemos bem e curamos a todos os oprimidos do diabo, exatamente como fez Cristo em Seu ministério terreno (At.10:38).
– Observemos, pois, que os dons não se confundem com as boas obras que praticamos, com os frutos que produzimos por estarmos em comunhão com o Senhor Jesus. São apenas ferramentas que o Senhor põe na Igreja para que, na interdependência criada no seio da Igreja, todos cresçamos espiritualmente e produzamos, assim, os frutos pelos quais seremos conhecidos como servos do Senhor (Mt.7:20).
II – OS DONS E O FRUTO DO ESPÍRITO
– É neste ponto que se deve distinguir bem entre os dons e o fruto do Espírito Santo. Já vimos que o objetivo da missão salvífica de Cristo Jesus foi criar uma unidade entre Deus e os homens, restabelecer a comunhão que havia se perdido por causa do pecado.
– Quando se estabelece esta comunhão, mediante a justificação pela fé em Cristo Jesus, temos paz com Deus (Rm.5:1) e somos enxertados, feitos participantes da raiz e da seiva da oliveira (Rm.11:17), constituídos em varas da videira verdadeira, que é Cristo (Jo.15:1).
– Uma vez enxertados, uma vez tornados varas, temos de produzir fruto, pois passamos a fazer parte de uma árvore frutífera. O fruto, pois, que produzimos, é resultado da nossa comunhão com Deus, é resultado da nossa salvação.
– Estar em Cristo é, portanto, estar em condições de produzir fruto e a produção do fruto é uma demonstração de que temos vida, ou seja, de que estamos em comunhão com Deus.
– Por isso, o fruto do Espírito Santo é indispensável em todo salvo. Todo salvo tem de produzir fruto e é sempre podado pelo lavrador, que é Deus, para que produza mais fruto (Jo.15:2).
– Este fruto do Espírito Santo é descrito pelo apóstolo Paulo em Gl.5:22, onde vemos que o fruto é amor, gozo, paz, longanimidade, bondade, benignidade, fé, mansidão e temperança. Todo e qualquer salvo na pessoa de Cristo Jesus precisa produzir este fruto, pois quem não produz fruto não está verdadeiramente ligado na videira verdadeira e, por isso, mais cedo, ou mais tarde, é tirado, lançado fora, colhido e lançado no fogo, onde arderá (Jo.15:4-6).
– Já os dons não estão presentes, em sua totalidade, em todos os salvos. Os dons são repartidos entre os salvos (I Co.12:11; Ef.4:11), pois são ferramentas que fomentam a interdependência entre os crentes e promovem, assim, a unidade do corpo de Cristo.
– Os dons são instrumentos que o Senhor põe à disposição dos crentes para que eles possam ser edificados, crescer espiritualmente, para que possam produzir fruto de melhor qualidade, mais e mais fruto, na sua caminhada de fé.
– O que revela se alguém está em comunhão com o Senhor, ou não, é o fruto do Espírito. Ele é que indica se alguém é salvo, ou não (Mt.7:20), é ele quem revela o grau de espiritualidade de uma pessoa, a sua maturidade espiritual.
– O fruto do Espírito é que nos mostra o grau de semelhança que um salvo tem com o Senhor Jesus, a sua estatura espiritual, o seu estágio de perfeição. Como o fruto do Espírito é, basicamente, o amor, pois entendem muitos que as demais qualidades nada mais são que desdobramentos do amor, temos que é o fruto do Espírito que caracterizará alguém como discípulo de Cristo perante os homens, como, aliás, deixou claro o próprio Salvador ao afirmar que: “Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo.13:35).
– Então, diante desta constatação, não seria correto, portanto, buscar tão somente o fruto do Espírito, deixando os dons de lado, como algo secundário? Não, não e não.
– Os dons são dádivas concedidas pelo Senhor exatamente para que nós tenhamos condição de produzirmos mais e melhor o fruto do Espírito. O Senhor sabe da estrutura do homem (Sl.103:14), da sua imperfeição e da necessidade de viver em sociedade e, por isso, providenciou ferramentas para permitir a cada membro em particular que seja devidamente podado, para que possa dar mais fruto, muito fruto (Jo.15:2,5).
– Através dos dons, o Espírito Santo promove a interdependência entre os salvos, que, desta forma, ampliam a sua dependência do Senhor, reconhecem que sem Ele nada podem fazer, criando uma unidade, intensificando o amor entre os irmãos, o que é, precisamente, o aprimoramento da produção do fruto do Espírito em cada salvo, em cada vida.
– Por meio dos dons, cada salvo exercita o seu amor ao próximo e o seu amor a Deus. Por meio dos dons, cada crente é completado pelo outro, vivencia esta paz, esta integração que deve existir entre Deus e o homem e entre os homens entre si, permitindo-lhe, então, ter aumentada sua fé, esperança e amor, que são as forças que nos impulsionam para ter um caráter cada vez mais semelhante ao de Jesus Cristo.
– Como bem explanou o evangelista Luiz Henrique de Almeida Silva, de Imperatriz/MA, o pioneiro das aulas da Escola Bíblica Dominical na internet, na sua exposição da lição 2 deste trimestre, os dons são necessários para que sejam devidamente ajustadas as “pedras vivas” (I Pe.2:5) do “edifício de Deus” (I Co.3:9), pois, num edifício, as pedras precisam estar bem encaixadas para que a construção seja firme e o que retira as arestas e as irregularidades são, precisamente, os dons dados pelo Senhor à Igreja.
– Assim, não é verdade que a Igreja deva procurar somente o fruto do Espírito Santo, desprezando os dons, pois são os dons que permitem que haja uma melhor e maior produção do fruto do Espírito por parte das varas da videira verdadeira, dos ramos enxertados na oliveira, das pedras vivas do edifício de Deus.
OBS: “…A rejeição dos dons espirituais realmente indica um desentendimento básico da natureza de tais dons. Aqueles que temem os dons espirituais (e muitas vezes o problema verdadeiro é medo) geralmente imaginam os dons como manifestações altamente individualistas, irracionais, e excêntricas que atrapalham a unidade do corpo de Cristo. Mas tal caricatura não é de modo nenhum o que a Bíblia esclarece sobre os dons do Espírito. Os dons espirituais não podem ser desprezados: sem uma desvalorização correspondente da compreensão bíblica sobre a igreja e a Vida cheia do Espírito. Os carismas não são algo artificialmente anexado, nem temporária ou culturalmente limitado. São válidos em qualquer cultura e é sua presença na igreja que a torna relevante em qualquer cultura.
Não é por acaso que Paulo, tanto em Romanos 12 como em Efésios 4, liga a unidade do ministério do Espírito na igreja com a diversidade dos dons. O apelo para “apresentar os vossos corpos como um sacrifício vivo” e “ser transformado pela renovação da vossa mente” é seguido pelo apelo de “tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, vamos usá-los” (Rm 12:1-6). Ambas as exortações são para hoje. …(SNYDER, Howard A. A igreja e os dons espirituais. Disponível em: http://www.ruach.com.br/livretos/a_igreja_e_os_dons_espirituais.pdf Acesso em 10 abr. 2014).
– Quem tem os dons não serve senão para promover a produção do fruto do Espírito Santo por parte dos demais salvos, devendo ele próprio cuidar para que também produza o seu fruto. O que demonstra a maturidade espiritual é a produção do fruto do Espírito Santo, não a posse dos dons, que existem para fomentar tal produção.
– Por isso, uma igreja que tinha todos os dons, como a igreja em Corinto, era uma igreja ainda espiritualmente imatura, uma igreja carnal (I Co.3:1), precisamente porque não produzia o fruto do Espírito a contento, precisamente porque não estava sabendo direcionar os dons recebidos para o seu propósito.
– A Igreja precisa dos dons, mas não pode ter os dons como um fim em si mesmo, pois eles não existem para isto, mas para, através do serviço em favor dos outros, fazer com que todos cresçam espiritualmente, crescimento espiritual que se traduzirá na produção de mais e melhor fruto do Espírito por parte de todos.
III – A MULTIFORMIDADE DA SABEDORIA DE DEUS
– É neste ponto que o apóstolo Paulo mostra que a Igreja tem por um de seus propósitos o conhecimento da “multiforme sabedoria de Deus” por parte dos principados e potestades dos céus. Como afirma Matthew Henry, “…Esta era uma coisa, entre outras, que Deus tinha em vista ao revelar este mistério, que os anjos bons, que têm a proeminência no governo dos reinos e principados do mundo, e que são dotados de grande poder para executar a vontade de Deus na terra (embora sua residência ordinária seja no céu) possam ser informados do que se passa na Igreja e o que é feito nela e por ela…” (Comentário completo sobre toda a Bíblia, com. Ef.3:1-13. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry- complete/ephesians/3.html Acesso em 10 abr. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).
– Observemos a grande importância e o grande valor que tem o testemunho da Igreja. Não somente, por meio da Igreja, as pessoas ficam a saber que Jesus Cristo salva, cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o céu, como, também, até mesmo diante dos anjos, seu testemunho mostra quem é o Senhor, como é grande o Seu poder, como é multiforme a sabedoria de Deus.
– Através da Igreja, o Senhor mostra, inclusive aos anjos, que com Ele convivem desde a eternidade passada, toda a Sua excelência, toda a Sua primazia, todo o Seu amor. Nosso testemunho, amados irmãos, não se limita a esta Terra, mas chega até aos céus! Aleluia!
– Através da Igreja, é conhecida a “multiforme sabedoria de Deus”, pois a realidade da Igreja é de unidade, mas, também, de diversidade.
– A sabedoria de Deus é o próprio Cristo Jesus, que foi feito sabedoria para nós (I Co.1:30). Salomão bem demonstrou como o sabedoria é o próprio Verbo Eterno de Deus, ao descrevê-la notadamente nos capítulos 1, 8 e 9 do livro de Provérbios.
– Em Pv.1:20-33, a Sabedoria é apontada como suprema (Pv.1:20), que, de fora, clama para que os homens venham a ter comunhão com ela, venham a adquiri-la (Pv.1:20-22), convertendo-se pela sua repreensão, a fim de que lhes seja derramado o seu espírito e possam saber as suas palavras (Pv.1:23) e, lhe dando ouvidos, habite seguramente e esteja descansado do temor do mal (Pv.1:33).
– Em Pv.8, a Sabedoria, uma vez mais, é vista como alguém que se coloca em diversos lugares para dali clamar ao homem que venha ao seu encontro, a fim de que aceite a sua correção e conhecimento, desprezando as coisas vis deste mundo.
– Em Pv.9, a Sabedoria é mostrada edificando a sua casa, lavrando as suas sete colunas e preparando um banquete para todos quantos se voltarem para ela, para tantos quantos resolvem andar pelo caminho do entendimento.
– O que não se sabia até a revelação do mistério de Deus é que esta casa da sabedoria, composta de sete colunas e onde há preparado um banquete para aqueles que nela vão habitar, é “multiforme”, ou seja, apresenta-se de diversas maneiras, de várias formas, atendendo a peculiaridade de cada ser humano, de cada nação, de cada cultura.
– A Sabedoria de Deus é “multiforme”, ou seja, como diz o comentarista bíblico Matthew Henry, “…de grande variedade, com a qual Deus sabiamente dispensa as coisas ou de Sua sabedoria manifestada em muitas maneiras e métodos que Ele toma ao ordenar a Sua igreja nas suas várias épocas e, especialmente, em recebendo os gentios nela…” (end.cit.).
– A Igreja serve para manifestar a todos, nos céus e na terra, que Deus não se prende a formas, a modos nem a maneiras. Ele constrói um povo que é resultado da fusão de judeus e gentios, gentios estes, aliás, que têm diversas maneiras de viver, que se encontram espalhados por todo o mundo, mas que, mesmo assim, constituem uma unidade, o “corpo de Cristo”.
– A Igreja serve para manifestar a todos, nos céus e na terra, que é perfeitamente possível construir-se uma unidade apesar da diversidade que existem entre os povos, entre as pessoas, apesar das diferentes funções que o Senhor dá a cada um que salva, apesar da multiplicidade de dons que o Senhor concede à Igreja.
– Como no próprio corpo humano, há uma infinidade de funções e de estruturas diferentes que, no entanto, compõem uma unidade, a ponto de podermos dizer que se trata de um único corpo, de igual maneira a Igreja, apesar da infinidade de funções e de estruturas, do grande número de dons que existem, formam um só corpo, unido por um só Espírito, que servem a um só Senhor, que possui uma só fé, que ingressa neste corpo por um só batismo, que são filhos de um só Deus e Pai de todos.
– Esta unidade do corpo de Cristo, propiciada pelo Espírito Santo, inclusive na concessão dos dons, deve ser guardada pelo vínculo da paz, e, para tanto, cada salvo deve andar com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-nos uns aos outros (Ef.4:1-3).
– O exercício dos dons é um dos fatores que levam à guarda desta unidade, pois, é a partir da sua manifestação, que os homens se interdependem, completam-se, fazendo fulgir não somente a paz, que é integração, comunhão, como também o próprio amor, pelo qual alguém se faz conhecido como discípulo de Cristo Jesus.
OBS: “…A multiforme operação do Espírito pode despertar uma infinidade de dons; os dons podem ser tão variados como a personalidade humana… desta forma, qualquer habilidade vivificada e usada pelo Espírito Santo – seja na música, arte, literatura, oração intercessória, afazeres domésticos, hospitalidade, ouvir, e qualquer outro – é um dom espiritual legítimo… A igreja realmente se torna igreja somente quando o significado bíblico dos dons espirituais é redescoberto. …” (SNYDER, Howard A. A Igreja e os dons espirituais. Disponível em: http://www.ruach.com.br/livretos/a_igreja_e_os_dons_espirituais.pdf Acesso em 10 abr.2014).
– O exercício dos dons, ao promover o crescimento espiritual e a produção maior e melhor do Espírito, aproxima toda a Igreja do Senhor, faz com que nos aproximemos da estatura completa de Cristo, fazendo com que não vivamos mas que Cristo viva em nós (Gl.2:20), o que nos distancia ainda mais do modelo mundano, que é o da separação da vida de Deus pela ignorância, pela dureza do coração (Ef.4:18).
– Notemos, uma vez mais, que o crescimento é da Igreja, o amadurecimento produzido é de toda a Igreja, não se trata do crescimento ou amadurecimento provenientes de quem é portador do dom, até porque, voltemos a insistir neste ponto, o porte de um dom jamais é atestado de maturidade espiritual.
– O portador do dom revela a sua condição de servo de Deus, mas o conhecimento de Deus decorrente do crescimento espiritual, que tem no exercício dos dons um de seus fatores, mas que não sejamos apenas servos, mas amigos do Senhor Jesus (Jo.15:15).
– A Igreja revela esta “multiformidade” da Sabedoria de Deus, ou seja, que Deus tem vários métodos e formas de promover o crescimento espiritual dos salvos, integrando-os cada vez mais, unindo-os cada vez mais, por meio da diversidade. Uma unidade na diversidade, eis o grande mistério que o Senhor nos revela através da Sua Igreja.
– Entretanto, embora esta Sabedoria seja “multiforme”, ou seja, possa se expressar de várias formas, ela é única, ela é Cristo Jesus, a fonte única e o fim único de todos os dons. Como afirma John Nelson Darby: “…A revelação das maneiras de Deus não apresentam, como no primeiro capítulo [de Efésios, observação nossa], Cristo como um homem ressuscitado por Deus dentre os mortos, para que nós fôssemos ressuscitados para ter parte com Ele, a fim de que a administração dos conselhos de Deus fosse assim cumprida.
Ele O apresenta como o centro de todos os modos de Deus, o Filho do Pai, o Herdeiro de todas as coisas como o Filho Criador, o centro dos conselhos de Deus…” (Sinopse do Novo Testamento, com. Ef.3. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/john-darbys-synopsis-of-the-new- testament/ephesians/ephesians-3.html Acesso em 10 abr. 2014).
– Portanto, como ensina Darby, o grande sistematizador do dispensacionalismo, através da “multiformidade”, Cristo é apresentado como o “centro de todos os modos de Deus”, ou seja, a multiformidade tem uma única fonte, uma única base, que é Jesus Cristo.
– Por isso, quando falamos dos dons, precisamos observar que todos são dados pelo Senhor (Ef.4:8) e que, em relação aos dons ministeriais, é Jesus o primeiro a exercê-los na Igreja, visto que Ele é apóstolo (Hb.3:1), profeta (Jo.4:44), evangelista (Mc.1:14,15), pastor (Jo.10:11,14) e mestre (Jo.13:13).
– Por isso, o exercício dos dons não pode ter outro resultado senão o de glorificação do nome do Senhor, a Sua exaltação, visto que é Ele o “centro de todas as maneiras de Deus”, de todas as variadas formas pelas quais se revela a sabedoria divina.
– Assim, podemos bem discernir quando se está diante do exercício de um verdadeiro dom vindo da parte de Deus ou, ainda, se o dom está sendo devida e legitimamente usado.
– Mas não é só a Sabedoria que é multiforme. A graça de Deus também o é, como nos afirma o apóstolo Pedro em I Pe.4:10. A graça de Deus também se manifesta de diversas maneiras e, por isso mesmo, diz o apóstolo, os dons devem ser administrados como são recebidos da parte do Senhor, a fim de que todos sejam bons despenseiros desta graça multiforme.
– O próprio Paulo afirma que, além de o dom vir pela graça de Deus, esta graça não tem o mesmo perfil em todos os salvos, pois “a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef.4:7).
– A graça de Deus traz salvação a todos os homens (Tt.2:11), mas atua de forma diferenciada em cada um dos seres humanos. Na parábola do semeador, o Senhor Jesus mostra como há distinção na operação da graça divina, a ponto de haver, inclusive, diferente produção entre os que são efetivamente salvos (Mt.13:8,23).
– Esta diferenciação permite, também, o exercício do amor na Igreja, na medida que os que têm mais graça estão sempre prontos a ajudar e a animar os que têm menor graça e, deste modo, todos com humildade e mansidão, suportando uns aos outros, todos possam chegar até o fim da jornada, pois a graça, sendo maior ou menor, traz salvação a todos os que perseverarem até o fim.
– Os dons existentes na Igreja permitem-nos, pois, ver esta belíssima realidade da multiformidade tanto da sabedoria quanto da graça de Deus, permitem-nos entender o que é e como funciona a Igreja e, portanto, é um elemento indispensável para que todos possam cumprir o propósito de Deus estabelecido na vida de cada um.
– “…Elizabeth O’Connor escreveu com discernimento sobre este assunto em seu livro ‘O Oitavo Dia da Criação’. Ela diz: ‘Quando alguém realmente entra na prática dos dons, descobre que significam responsabilidade e sacrifício’. E prossegue: ‘A identificação dos dons traz à luz…o problema de compromisso.
De alguma forma se eu nomeio meu dom e há confirmação, não posso viver solto como antes. Eu preferiria muito mais comprometer-me com Deus na teoria, do que comprometer-me na questão dos meus dons… As portas se fecharão para milhares de oportunidades agradáveis. Eu me tornarei um pintor ou um doutor somente se a renúncia tornar-se parte do meu quadro de realidade.
Compromisso na questão de meus dons significa que devo parar de vacilar. Lá no íntimo do meu ser eu sei disso. A vida não será o rodízio que tem sido até aqui — provando e testando aqui e ali. Meu compromisso me dará uma identidade.’ Os dons espirituais alcançam sua plena legitimidade e significado bíblico somente no ritmo de encarnação-crucificação-ressurreição.…” (SNYDER, Howard A. A Igreja e os dons espirituais. Disponível em: http://www.ruach.com.br/livretos/a_igreja_e_os_dons_espirituais.pdf Acesso em 10 abr. 2014).
– Que, diante desta realidade, busquemos com afinco os dons e estejamos sempre conscientes do que significa pertencer ao corpo de Cristo. Amém!
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/files/2T2014_L13_caramuru.pdf
BIBLIOGRAFIA DO TRIMESTRE
A bibliografia diz respeito aos estudos de todo o segundo trimestre de 2014, não contendo bíblias e bíblias de estudo consultadas, bem assim textos esporádicos, notadamente fontes eletrônicas, cujas referências foram dadas no instante mesmo de suas utilizações.
AUSUBEL, Nathan. Trad. de Eva Schechtman Jurkiewicz. Conhecimento judaico. In: A JUDAICA. Rio de Janeiro: Koogan, 1989. vv.5 e 6.
BÉRGSTEN, Eurico. Teologia sistemática: doutrina do Espírito Santo, doutrina do homem, doutrina do pecado e doutrina da salvação. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983. Coleção de Ensino Teológico, v.4. 176p.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 5.ed. São Paulo: Hagnos, 2001. 6v.
______________. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeia, 2000. 7v.
2º Trimestre de 2014 – DONS ESPIRITUAIS E DONS MINISTERIAIS: servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário
Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco do Brasil Ag. 0300-X C/c 35.720-0 Página 11
______________. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeia, 1995. 6v.
COSTA, José Wellington Bezerra da. Como ter um ministério bem-sucedido. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. 255p.
GILBERTO, Antônio. Verdades pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. 149p.
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