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Jovens – Lição 9 – Os Gibeonitas enganam Josué

Introdução

Eva, a esposa de Adão, preferiu confiar na serpente do que na palavra de Deus, vindo, assim, a abrir a porta para o pecado, consumando, juntamente com seu marido, o evento teológico denominado Queda (Gn 3.1-7).

Sansão, um dos mais renomados juízes de Israel, em desobediência a Deus, envolveu-se emocionalmente com uma filisteia, a qual lhe enganou, tirou-lhe as forças, roubou-lhe a visão (Jz 16.4-21).

Um certo homem de Deus, que foi usado grandemente pelo Senhor, desprezou a orientação divina, dando crédito às palavras de um falso profeta, e, por isso, foi morto por um leão (1Rs 13.1-24).

O que esses três personagens têm em comum: imprudência, consubstanciadas no fato de que não se esconderam do mal (Pv 22.3), mas “negociaram” com ele e, assim, amargaram grande prejuízo. 

A lista dos indivíduos que, na Bíblia, e na vida, agiram imprudentemente é longuíssima. Na verdade, poucos santos de Deus cujas biografias parciais foram expressas nas Escrituras não demonstraram, em suas condutas, traços de imprudência.

Talvez Daniel e Neemias sejam os únicos representantes desta seleta lista no Antigo Testamento. No Novo Testamento, além de Jesus, quiçá apenas Estevão e José, o marido de Maria, tenham condições de integrarem esse rol. Assim, pode-se afirmar, com convicção, que a imprudência se constitui em uma das regras comportamentais mais presentes na natureza humana decaída.

Nesse contexto, e seguindo esse proceder, Josué, o líder do povo hebreu, e seus príncipes, logo após destruírem varonilmente Jericó e Ai, receberam a visita de pessoas em nome de um suposto Reino que ficava em terras desconhecidas, além do Rio Jordão.

Os presumíveis embaixadores estrangeiros foram muito loquazes e, usando as palavras adequadas, apresentaram pífias credenciais de veracidade, as quais foram admitidas, e, por fim, ofertaram presentes aos hebreus, que os aceitaram.

Chegando o encontro diplomático a um entendimento, foi celebrado um tratado de paz e proteção mútuas com representantes daquele “povo distante”. Ledo engano.

Tratavam-se, na verdade, de gibeonitas, que eram heveus (Js 11.19), os quais descendiam de Cão (Gn 10.15-17), e foi um heveu quem violentou Diná, filha de Jacó (Gn 34.2).

Eles, além de terem uma comunidade que morava nas cidades de Gibeão, também ocupavam uma área a oeste do monte Hermom (Js 11.3 e Jz 3.3).

Achavam-se, por isso, em rota de colisão com Israel e, portanto, configuravam-se como inimigos. Tal circunstância, entretanto, foi descoberta somente três dias depois, quando já era tarde demais, pois eles haviam feito juramento em nome do Senhor.

O episódio de Ai não tinha sido suficiente para Israel aprender a lição sobre a necessidade de prudência no agir.

Nesse instante, com a confiança do povo em alta, pelas retumbantes vitórias recentes, surgiu-lhes um otimismo inabalável, fazendo com que eles ficassem menos atentos e, com isso, “baixassem a guarda”, como se diz coloquialmente.

Quando não há comedimento, cautela, discernimento espiritual, busca a Deus e revelação, a tomada de importantes decisões pode ocasionar danos, muitas vezes, irreparáveis ou de difícil reparação.

I- Os inimigos se unem contra Israel

1- A bênção de Deus sempre repercute

As nações cananeias, quando ouviram acerca da bênção de Deus derramada aos hebreus, concedendo-lhes vitória sobre os obstáculos naturais e os inimigos estratégicos, algo estranho aconteceu. Inimigos históricos reuniram-se para combater o inimigo comum: Israel.

O mal sabia que aquela guerra significaria o cumprimento das promessas de Deus e, por isso, se apressou em congregar os que tinham espírito beligerante para arruinar a estratégia de Josué.

Nesse sentido, é interessante perceber que os filhos do mundo, em regra, são mais hábeis do que os filhos da luz, como disse Jesus (Lc 16.8 ARA), conforme se viu nesse episódio.

Observe-se que eles romperam preconceitos, esqueceram diferenças, perdoaram mágoas e, assim, fizeram uma grande aliança. Se não fosse o Senhor, que esteve com os filhos de Israel, os inimigos os teriam engolido vivos (Sl 124.3). 

Por outro lado, os que caminham com Deus, com muita dificuldade, unem-se para enfrentarem o inimigo comum. 

Os discípulos, por exemplo, andando pessoalmente com o Senhor, frequentemente discutiam entre eles quem era o maior, e não como venceriam, juntos, o mundo.

Por isso mesmo, na oração sacerdotal, esse era o principal pedido de Jesus: que os discípulos vivessem em perfeita unidade, como Ele e o Pai (Jo 17.21,23). 

No tempo da igreja do Século I, igualmente, os judaizantes, dentre outros partidos eclesiásticos (Coríntios tinha vários), por seu turno, perturbavam constantemente o crescimento da obra do Senhor, por defenderem seus pontos de vistas pessoais, sem consultarem a vontade de Deus.

Como a igreja sofreu, e sofre, por causa dessa fogueira de vaidades que, invariavelmente, incendeia muitos dos “filhos da luz”!

2- Os inimigos, em regra, são mais numerosos

Além de terem a capacidade de se reunirem com um só propósito, principalmente para derrubarem aqueles que vivem com Deus, os filhos das trevas, geralmente, são mais numerosos.

Impressiona, nesse contexto, a descrição da quantidade de povos cananeus, ao oeste do Jordão, que se uniram contra Israel: todos!

E, certamente, a quantidade de guerreiros desses exércitos juntos superava facilmente as hostes hebreias.

Chama a atenção, também, como, em toda a Bíblia, esse padrão frequentemente se reproduz: o povo de Deus, em regra, é minoria. 

Mister lembrar que Jesus mencionou que os crentes entram por uma porta estreita e andam num caminho apertado, bem diferente das pessoas do mundo, as quais não têm dificuldade em decidir o seu modus vivendi (porque a porta é larga) e encontram vasto espaço em seu caminhar (Lc 7.13,14), ou seja,

viver no padrão do mundo não exige nenhum esforço, mas basta atender aos instintos sensuais, permitindo naturalmente se escravizar pelos vícios, e assim seguir o curso cultural da sociedade.

Infelizmente, porém, os que se conduzem dessa forma, que é a maioria dos indivíduos, opõem-se contra Deus, constituindo-se em seus inimigos (Tg 4.4), como era o caso dos cananeus.

Assim, Israel estava em franca desvantagem naquele conflito porque não possuía armas poderosas (como, por exemplo, carros de guerra),

tinha que enfrentar cidades fortificadas e travar combates com guerreiros mais experientes, mais fortes e altos (isso faz toda a diferença na luta corpo a corpo) e, sobretudo, diante da sua inferioridade numérica em relação ao número de soldados inimigos como um todo, afinal de contas, eram 31 reinos!

Por tal razão, tempos depois, foi escrito um hino para o cancioneiro judaico que celebrava a conquista de Canaã, atribuindo, com justeza, ao Senhor aquele feito extraordinário, declarando que Ele tinha concedido vitória a Israel pela Sua destra, pelo Seu braço, e pela luz da Sua face,

porque se agradou deles (Sl 44.1-3), fazendo emergir, nas entrelinhas, acerca dos grandes milagres ocorridos naquelas guerras.

Aliás, ao longo da Bíblia, não se vê Deus interessado em estabelecer superioridade numérica ao Seu povo, conforme se observa nos episódios

com Noé, o único pregoeiro da justiça, em meio a muitos homens e mulheres que viviam distantes de Deus (Hb 11.7),

a família de Jacó (Gn 34.30),

as façanhas de libertadores como Baraque e Sansão,

dentre outros homens de fé (Hb 11.32), que venceram suas maiores batalhas sempre com um número inferior de guerreiros que os adversários (4.6; 15.16);

com Eliseu (2 Rs 6.15-17), Daniel e seus três amigos, os quais eram, possivelmente, os únicos servos de Deus no palácio do rei da Babilônia;

com Neemias (Ne 7.4), dentre outros;

além do icônico caso de Gideão, quando o Eterno falou: “Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo:

A minha mão me livrou” (Jz 7.2). Também é importante lembrar que Jesus chamou seus discípulos de pequeno rebanho (Lc 12.32).

3- O mal sempre atua em várias frentes

A guerra contra o povo de Deus habitualmente é travada em várias frentes, pois o mal procura se diversificar.

Ao longo das Escrituras sempre isso aconteceu. No Salmo 91 menciona-se acerca de inúmeros tipos de batalhas, destacando-se as setas malignas que atacam de noite e de dia, deixando claro que perigos existem a todo o tempo.

O apóstolo Paulo, por seu turno, elencou os vários campos de guerra espiritual em que ele lutou (2 Co 11. 24-26,28), mencionando instantes em que a peleja chegava pelas autoridades romanas ou hebraicas, acintosamente, e, noutros, em que a oposição acontecia pela astúcia de pessoas passando-se por irmãos.

Esse mesmo padrão se repetiu nesse episódio, pois se, por um lado, os cananeus se juntaram para combater Israel, por outro surgiu um signatário dissidente do pacto que, astuciosamente (hb. `ormah), no afã de ser preservado com vida, enganou-o, fazendo-se passar por amigo.

Vale observar que essa palavra foi usada também em Ex 21.14, referindo-se ao assassinato à traição. Em Gn 3.1, ao chamar a serpente de sagaz (hb. `aruwm) cujo vernáculo também pode ser traduzido por sútil, astuto, matreiro, a narrativa bíblica traz a mesma conotação de conduta: alguém que, para enganar, age sutilmente, com engenhosidade.

A astúcia (gr. panourgia– artimanha, sagacidade, ou sabedoria ilusória ou falsa) do Inimigo também foi motivo de preocupação de Paulo em relação aos coríntios (2 Co 11.3). Em todo o tempo é preciso ter redobrada vigilância. 

II – A astúcia dos gibeonitas

1- Aparências enganam

O povo de Deus tinha tudo para atingir o alvo maior de suas vidas: conquistar uma terra para ali habitar. Diante do receio de que isso viesse a acontecer iminentemente, os gibeonitas,

sabendo da boa reputação dos hebreus, de que eram pessoas virtuosas1, elaboraram uma encenação teatral para convencer Israel, com lisonjas, e “pegar-lhes na palavra”, como se diz popularmente.

O intento deles deu certo: conseguiram a celebração de um tratado de paz e proteção, com um juramento solene, em nome do Senhor.

Notável perceber a engenhosidade da abordagem: figurino compatível, linguagem humilde, pretensa piedade e um poderoso elemento surpresa: provavelmente trouxeram a melhor safra dos seus vinhos em odres velhos e remendados e, além do pão mofado, outros itens apetitosos da sua gastronomia, porque está escrito:

“Então os homens de Israel tomaram da provisão deles” (Js 9.14), demonstrando que o pacto foi feito por impulso emocional, sem nenhuma base racional, estimulados pelos suprimentos que receberam…2 

Israel aceitou a convenção de paz por achar que seria vantajoso, mas sem fazer nenhuma reflexão mais profunda, o que sempre traz prejuízos. “Deus, porém, não se deixa enganar pelas aparências” 3.

O Inimigo de nossas almas sempre faz assim: mostra o lado bom, no sentido utilitarista, de ter aliança com ele –“Você terá prazer, e não tem nada a perder”.

Josué, e os príncipes de Israel, não perceberam que, com a bênção de Deus, caminhando 40 anos por um deserto abrasador, nada daquilo lhes tinha acontecido. Deixaram se levar pelas aparências, cometendo um grave equívoco e pagaram um alto preço.

2- A armadilha é descoberta

Quando Israel descobriu que os pretensos embaixadores eram, na verdade, inimigos, reclamou contra os príncipes (Js 9.18). Há uma frase que sintetiza a causa do problema criado pelos líderes: não pediram conselho ao SENHOR (Js 9.14).

Quanto desilusão e perplexidade experimentaram por se permitirem serem enganados pela astúcia de Satanás, quando descobriram que estava bem perto, quase à porta, “aquilo que achavam estar muito distante” 4. Assim, envergonhados, tiveram que aturar as consequências de sua própria desídia. 

Deus queria dar-lhes muito mais, não somente os produtos recebidos das mãos dos gibeonitas, mas tudo quanto eles possuíam, pois esta era a sentença divina.

Frequentemente, “pratos de lentilhas” roubam a cena, esfacelando promessas, desfazendo propósitos, estabelecendo lutas que, antes, não estavam programadas.

A armadilha preparada deu um resultado surpreendente. Ficou comprovado: os hebreus eram, de fato, pessoas virtuosas, porém “docemente” ingênuas!

3- A manutenção da aliança

A formação de caráter do povo hebreu, juntamente com a reverência religiosa, notadamente por saber que não poderia usar o nome do Senhor em vão, proporcionou a manutenção da aliança feita sob o ardil mencionado.

Deus tinha chancelado o juramento solenemente proclamado entre as duas partes, perante Ele, a tal ponto que, em 2 Sm 21.1,2, está escrito que Saul quebrou essa aliança, o que trouxe sérios infortúnios a Israel até que a devida reparação foi feita aos gibeonitas.

Na ficção “As Crônicas de Nárnia”, o festejado C. S. Lewis, com forte apelo cristão, conta a história na qual Edmundo, um menino que tinha traído seu povo, deveria morrer por causa de seu pecado.

Para que isso não acontecesse, Aslan, o leão, fez uma reunião com a feiticeira, quando concordou morrer no lugar de Edmundo. Eis o que aconteceu após a reunião:

Finalmente ouviu-se a voz Aslan: — Venham todos. Tudo resolvido. Ela renunciou ao direito que tinha ao sangue de Edmundo. (…)

A feiticeira, com expressão de feroz alegria, já estava se afastando quando parou e disse: — Mas quem me garante que a promessa será cumprida?

— Raaaa-a-aarrgh! — rugiu Aslan, erguendo-se do trono. E suas fauces ficaram escancaradas. O rugido ribombou. A feiticeira, atônita, agarrou a saia e fugiu como se tivesse a vida em perigo.5 

Nessa obra, que o próprio Lewis confirmou, posteriormente, tratar-se de uma alegoria sobre história da salvação, Aslan (que representa o Deus que se encarnou e morreu para salvar a humanidade perdida),

ficou bastante indignado, e rugiu ferozmente ao ser questionado sobre a fidelidade do seu compromisso assumido. Lewis estava demonstrando o que a Bíblia menciona de maneira incontestável: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mc 13.31).  

No Brasil, o art. 147, II, do Código Civil, diz que o ato jurídico que tenha vício resultante de erro, simulação ou fraude pode ser anulado, entretanto os hebreus, mesmo diante dos “vícios contratuais”, devotavam grande respeito sobre os compromissos assumidos perante Deus, por isso o mantiveram, porque conheciam o caráter do Eterno, em quem não há mudança, nem sombra de variação  (Tg 1.17).

Infelizmente, nós, quantas vezes, comprometemo-nos em realizar algo, perante o Senhor, e simplesmente esquecemos, entretanto,apesar da nossa amnésia costumeira, Ele não se esquece dos nossos votos de fidelidade e espera que os cumpramos (Mt 12.36; 18.23,24; 25.19; Lc 16.2; 2 Pe 3.9).

III- Uma história de juízo e misericórdia  

1- Os gibeonitas são amaldiçoados

Quando viu que havia sido enganado, Josué ficou bravo e irrogou uma maldição sobre os gibeonitas: dentre vós nunca mais deixará de haver escravos, trabalhando como cortadores de lenha e carregadores de água para o tabernáculo (Js 9.23; Dt 29.11,12).

A pergunta que surge é: por que aconteceu essa maldição? C.S. Lewis defende que os judeus amaldiçoavam com veemência porque eles levavam muito a sério a noção de certo e errado.

Assim, tanto Josué, como Noé, por exemplo, amaldiçoaram os cananeus porque as coisas realizadas eram explicitamente erradas, detestáveis tanto para Deus como para os que as sofressem 6.

Na verdade, as palavras de Josué apenas reforçaram a maldição proferida por Noé sobre os descendentes de Cão, que eles seriam servos dos filhos de Sem e Jafé (Gn 9.23-25).

A Bíblia diz que a maldição não vem sem causa (Pv 26.2) e, neste caso, foi decorrente de uma conduta enganosa, de um povo ímpio, que trouxe grande vexame (e problemas) aos consagrados líderes hebreus diante do povo, e, ademais, mudou todo o arcabouço do planejamento bélico de Israel.

Os príncipes determinaram e Josué acatou a criação de uma casta social para os de Gibeão – eles seriam perpetuamente discriminados – um certo tipo de apartheid.

2- Uma significativa mudança

O acerto dos princípios de Israel era que os gibeonitas fossem escravos de “toda a congregação” (Js 9.21), mas Josué fez uma significativa alteração e tornou-os escravos do santuário de Deus (Js 9.23).

Assim, Josué curiosamente os amaldiçoou com uma bênção! Afinal, uma maldição só se concretiza se houver justa causa perante Deus.

Observe-se a Graça de Deus se apresentando no tempo da lei, ao determinar que Israel desfilasse durante sete dias ao redor de Jericó, porque o Senhor estava oportunizando mais uma chance para os cidadãos se arrependerem e, com isso, evitar tantas mortes, principalmente de crianças.

Quanta misericórdia da parte do Senhor! Infelizmente, porém, eles não se arrependeram, então veio a destruição. Neste caso, os gibeonitas queriam a bênção, porém não sabiam como a alcançar, por isso usaram de astúcia.

Mesmo com o erro, Deus os aceitou e fê-los prosperar, pois percebia que, em seus corações, tinham o desejo de se submeterem a Deus (Js 9.24,25).

3- Bênção no lugar da maldição

No livro de Malaquias, Deus estava indignado com os sacerdotes de Israel e disse que, por isso, iria lhes amaldiçoar as bênçãos (Ml 2.2).

Aqui, todavia, aconteceu exatamente o contrário. Os gibeonitas seriam trabalhadores, nunca alcançariam o sucesso, sendo designados, para sempre, como párias sociais em Israel.

Eles, porém, ao que parece, não se interessavam pelo sucesso, mas estavam fitos em obedecerem a Deus e a Josué, cumprindo os termos do pacto.

Com isso, eles tocaram o coração de Deus, o qual fê-los servos perpétuos em Sua casa (Js 9.23), tornando-os participantes de alguns direitos usufruídos pela casa de Levi, transformando a maldição em bênção.

Por óbvio, a astúcia deles não pode ser entendida como nobre, na medida que se tratou de um pecado. Entretanto, a obediência posterior deles, que eram homens valentes (Js 10.2), é digna de admiração, pois demonstraram temor a Deus (Js 9.24,25), fazendo lembrar uma citação de Metaxas Eric, forte em Bonhoeffer:

Deus não tem interesse no sucesso, mas na obediência. Caso se obedeça a Deus e haja disposição para sofrer derrotas e o que mais surgir no caminho, Deus mostrará um tipo de sucesso que o mundo não é capaz de imaginar. Mas esse é o caminho estreito, e poucos iriam atravessá-lo 7

Assim, os gibeonitas se transformaram em uma grande bênção para Israel!

Prova disso é que, no tempo de Samuel, a arca do concerto ficou durante décadas na cidade gibeonita de Quiriate-Jearim (Js 9.17; 1 Sm 7.1,2; 2 Sm 6.23,3) e, no tempo de Salomão, o tabernáculo foi armado em Gibeão (2 Cr 1.3).

Posteriormente, eles foram chamados de netineus (ARC), ou servos do templo (ARA), ou netinins, auxiliando os levitas, e estavam entre os primeiros exilados que voltaram da Babilônia, sob a liderança de Zorobabel (1 Cr 9.2; Ed. 2.43, 58; 8.20).

Apesar de serem descendentes de Cão, perpetuaram sua linhagem debaixo da bênção do Senhor e, assim, puderam ajudar, inclusive, na reconstrução dos muros de Jerusalém (Ne 3.7). A misericórdia triunfa no juízo.

Conclusão

A decisão imprudente de Israel de, não consultando o Senhor, fazer um importante tratado de paz e cooperação internacional com um povo desconhecido, trouxe muitos dissabores e problemas.

Entretanto, como todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, segundo a tradição judaica, os gibeonitas se tornaram prosélitos, servindo a Deus de todo o coração! 

O Altíssimo transformou aquela maldição em bênção, fazendo com que os outrora inimigos fossem bastante úteis para a obra do ministério, e a guerra precipitada, em razão do acordo celebrado, redundasse numa vitória esmagadora de Israel, conforme se verá no capítulo seguinte.

Não apenas Raabe e sua família se abrigaram debaixo das asas do Altíssimo; os de Gibeão conquistaram a confiança de Senhor e também foram absorvidos no plano da redenção.


1 JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 242 
2 HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Josué a Ester. vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 42. 
3 LEWIS, C. S.. Cristianismo Puro e Simples. 1ª ed., São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 104.
4 JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 242. 
5 LEWIS, C. S.. As Crônicas de Nárnia. 2ª ed., São Paulo: Martins Fonte, 2011, p. 166.
6 LEWIS, C. S.. Lendo os Salmos. 1ª ed., Viçosa: Ultimato, 2015, p. 37. 
7 ERIC, Metaxas. Bonhoeffer – Pastor, Mártir, Profeta, Espião (iBook), 1ª ed. eletrônica, São Paulo: Mundo Cristão, 2012, p. 323.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/2065-li%C3%A7%C3%A3o-9-os-gibeonitas-enganam-josu%C3%A9.html

Video 01: https://youtu.be/LgMyHa2oh5E

Video 02: https://youtu.be/fVbQNmZXeDs

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