LIÇÃO Nº 3 – O DESPERTAMENTO RENOVA O ALTAR
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo sobre o avivamento com base nos episódios de formação da chamada ‘Comunidade do Segundo Templo’, analisaremos a narrativa da restauração do altar do Segundo Templo em Ed.3.
– O avivamento espiritual revigora a adoração ao Senhor.
I – O RETORNO DO CATIVEIRO
– Deus ouviu a oração do profeta Daniel e o rei Ciro determinou que os judeus que quisessem poderiam retornar à Terra Prometida e, em o fazendo, deveriam reconstruir o templo em Jerusalém.
– O rei Ciro, além de autorizar o retorno dos judeus e devolver todos os utensílios do templo de Jerusalém, mandou também que seus súditos, em todo seu vasto império, ajudassem com ouro, prata e fazenda, gado e outras dádivas para que se reconstruísse o templo, bem assim se pudesse ali fazer sacrifícios 9Ed.1:3,4).
– Notemos, pois, que o Senhor ouviu plenamente o pedido de Daniel e cumpriu o que havia sido profetizado por Jeremias, dando todas as condições para que os judeus retornassem para a sua terra e reerguessem o templo, vez que não teriam que se preocupar nem com o custo da obra.
– Deus sempre cria circunstâncias favoráveis para que os homens façam a Sua vontade, para que eles atendam ao chamado do Senhor.
O Senhor queria que Seu povo voltasse a a ocupar “a terra que mana leite e mel”, que retomasse Seu propósito de Lhe ser um povo santo e uma nação sacerdotal, e tomava todas as medidas para que os judeus reagissem favoravelmente a este desígnio.
– Hoje não é diferente. Deus sempre cria condições para que nós, que somos a Igreja, a nação santa, o sacerdócio real (I Pe.2:9), também venhamos a cumprir os desígnios divinos que, em nosso caso, são os de levar o Evangelho da graça de Deus a todos os povos, a todas as gentes,
de anunciar que Deus quer salvar o homem na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que morreu por nós, ressuscitou, subiu aos céus e está à direta do Pai, de onde virá para buscar o Seu povo antes da ira futura.
– Não podemos, de modo algum, alegar que não tínhamos condição de cumprir a obra do Senhor, de fazer-Lhe a vontade, pois Ele sempre cria todas as circunstâncias favoráveis para cumpramos o Seu desiderato.
Paulo já afirmou que, quando Deus é por nós, ninguém poderá ser contra nós (Rm.8:31) e que nada nos pode separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.8:38,390, tendo sido prometido, inclusive, que nem mesmo as hostes espirituais da maldade, teoricamente mais poderosas que nós, poderão prevalecer contra a Igreja (Mt.16:18; Ef.6:10-18; I Jo.4:4), até porque não se poderá ter tentação acima que sejamos capazes de suportar (I Co.10:13).
– Ante a providência de amplas circunstâncias favoráveis, fica sempre sob os ombros do homem o descumprimento do atendimento ao chamado do Senhor, é atribuível somente ao ser humano a falha e o fracasso, não havendo, pois, espaço algum para a desculpa, para a escusa.
– Apesar de todo este ambiente favorável, o fato é que foram poucos os judeus que resolveram retornar para a Terra Prometida.
O autor do livro de Esdras, que deve ter o próprio Esdras, faz questão de nomear aqueles que resolveram atender ao chamado do rei Ciro, como se verifica do capítulo 2, cerca de quarenta e dois mil trezentos e sessenta pessoas, fora os servos e servas, que eram em número de sete mil, trezentos e trinta e sete (Ed.2:64-67).
– A população judaica era bem maior do que isto, mas muitos judeus já se encontravam estabelecidos nas várias cidades do que tinha sido o império babilônio e que passou a ser o império persa, tendo muitos também ido habitar nas cidades dos persas.
Tinham seus próprios negócios, estavam já integrados na sociedade em que viviam e não quiseram trocar tudo isto para ir habitar numa terra que estava deserta e que tinham de ser completamente reconstruída.
– A propósito, temos aqui mais um milagre que, por vezes, é negligenciado por muitos. Deus não permitiu que a terra ocupada pelo reino de Judá fosse ocupada por qualquer outro povo durante 70 anos.
Como disse o profeta Jeremias, Deus deu descanso à Terra por conta dos sábados, isto é, dos anos sabáticos que não tinham sido observados pelos judeus.
– Sabemos que, na atualidade, se alguém deixar um pedaço de terra, por pequeno que seja, abandonado, mais dia, menos dia será ele ocupado por alguém. Imagine uma área como era a do reino de Judá! Entretanto, Deus, mostrando o Seu poder, não permitiu que ninguém ocupasse aquela terra até que Seu povo tivesse a autorização para retornar.
– Retornar para a Terra Prometida era como reproduzir o ato de fé do patriarca Abraão quando ele saiu de Ur dos caldeus e, cinco anos depois, quando ele partir de Harã sem saber para onde ia, apenas sabendo que estava a obedecer ao Senhor.
– Não há como agradarmos a Deus se não agirmos com fé (Hb.11:6) e a fé exige que procedamos conforme a ordem divina, não de acordo com o que vemos (II Co.5:7).
Todos aqueles que deixaram a Babilônia e retornaram a Judá repetiam o gesto do patriarca, agradaram a Deus e se puseram no caminho da vontade do Senhor e, deste modo, seguiram de modo a poder encontrar um avivamento espiritual.
– A fé é primordial para que tenhamos um avivamento espiritual. O avivamento somente é possível se crermos que Deus existe e que é galardoador daqueles que O buscam. Sem esta crença, não há como sequer implorarmos uma maior intensidade em nossa vida espiritual e na vida espiritual daqueles que nos cercam.
– Assim como a partida de Abraão (então chamado Abrão) de Ur dos caldeus significou o início da própria existência da nação de Israel, a partida daqueles judeus representou o início de toda a jornada que levará à redenção de Israel ao término da Grande Tribulação. Como dizia o saudoso pastor Severino Pedro da Silva: “quando a gente começa, Deus começa conosco”. Aleluia!
– A disposição daquelas pessoas era muita. Estavam a deixar toda uma vida estruturada (afinal de contas eram setenta anos de habitação no cativeiro) para recomeçar tudo do zero, única e exclusivamente porque Deus assim ordenara.
Mas alguém poderá dizer: mas a ordem não era de Ciro? Não, não e não! Acima da ordem real (que era, na verdade, uma autorização para retorno e uma ordem para reedificação do templo), havia a ordem divina dada a Israel para que ele fosse a propriedade peculiar de Deus dentre os povos e, nesta qualidade, ocupasse aquela terra lhe que fora dada.
– Complementando esta disposição, o texto sagrado diz-nos que alguns dos chefes dos pais deram voluntárias ofertas para a casa de Deus, para a fundarem no seu lugar, conforme o seu poder, deram para o tesouro da obra, em ouro, sessenta e um mil daricos, que corresponde a 500,2 kg de ouro e cinco mil arratéis de prata, correspondente a 57,12 kg, além de cem vestes sacerdotais (Ed.2:68).
– Não só havia fé na disposição para retornar à Terra Prometida, mas também havia desejo de contribuir materialmente para a tarefa.
Mesmo Ciro abrindo as portas do tesouro real para o custeio da obra, os chefes dos pais certamente se lembraram da lição que havia deixado Davi quando da construção do primeiro templo, quando todas as lideranças, a começar do próprio Davi, fizeram doações para a construção (I Cr.29:1-19).
– Os líderes deram o exemplo para o restante do povo e, de forma voluntária, conforme a sua capacidade, contribuíram, antes mesmo do início da viagem, para os fundos da construção, reafirmando não só a ordem real mas também a própria finalidade de todo aquele movimento, que era o de voltar para a Terra mas para ser o povo santo, a nação sacerdotal do Senhor Deus.
– O avivamento também tem seu lado material, também envolve a contribuição financeira, pois a obra de Deus demanda despesas, mas, observemos, que esta contribuição teve todos os requisitos que falaria, séculos depois, o apóstolo Paulo ao ensinar sobre o tema a igreja de Corinto ((II Co.9:7): voluntariedade e contribuição conforme a capacidade de cada um.
II – A MOMENTÂNEA DISTRAÇÃO
– Ao retornarem para a Terra Prometida, os judeus foram para as suas cidades (Ed.2:70) e, certamente, ao chegarem lá, além de se depararem com o milagre da manutenção da desocupação por todos aqueles anos, só viram ruínas e a extrema necessidade de se recomeçar tudo do zero.
– Era muito trabalho e, nesta necessidade de tudo reconstruir, o povo simplesmente se esqueceu da questão da reconstrução do templo, quer havia sido ordenada pelo rei Ciro.
Ante os problemas do dia-a-dia, ante as necessidades para a própria sobrevivência sobre a face da Terra, não é difícil que deixemos de priorizar as coisas de Deus para nos dedicarmos às coisas desta vida, nada mais natural para quem vive no mundo embora dele não seja.
– Segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, o retorno dos exilados se deu na primavera do ano de 536 a.C.
Não se diz quanto tempo demorou a viagem, mas, se tomarmos por parâmetro a viagem feita décadas depois por Esdras e que os já mencionados cronologistas entendem ter durado quatro meses (Ed.8:31-37), podemos também considerar que foram mais ou menos quatro meses para os judeus chegarem a Judá.
– Todos ficaram, de pronto, envolvidos com os afazeres em suas cidades e aldeias, o que era, humanamente falando, mais do que razoável, pois, pela própria lei, deveriam todos guardar a herança que tinham na Terra Prometida, conforme fora feita a partilha ainda nos dias de Josué.
– Entretanto, ainda que tenhamos de cuidar da nossa vida secular, pois temos de sobreviver, não podemos deixar de priorizar as coisas de Deus.
Aquele povo tinha deixado tudo que tinham em Babilônia para fazer a vontade do Senhor, para habitar no lugar escolhido por Deus para eles, mas, ao chegarem a Judá, esqueceram-se de tinham de cuidar do templo, do lugar da habitação de Deus, o lugar mais importante de toda a terra, sem se falar que tinha sido esta a ordem do rei.
– Quantas vezes não procedemos da mesma maneira, deixando que os cuidados deste mundo, as preocupações desta vida tomem conta do nosso cotidiano a ponto de relegarmos ou deixarmos mesmo de lado tudo quanto se refere ao nosso relacionamento com Deus e à obra do Senhor?
– Na parábola do semeador (Mt.13:1-8; Mc.4:1-8; Lc.8:4-8), o Senhor Jesus mostrou do perigo que representa um comportamento quetal, pois os cuidados do mundo são como os espinhais que sufocam a nossa vida espiritual (Mt.13:22; Mc.4:19; Lc.8:14).
Se não acordarmos a tempo, a exemplo daquela plantinha que morreu por ter sido sufocada pelos espinhais, haveremos, nós também, de perder a salvação. Que Deus nos guarde!
– Os judeus estavam entretidos com os seus afazeres cotidianos, cada qual nas suas cidades enquanto Jerusalém era deixada de lado bem assim o projeto de reconstrução do templo. Sobrevinha um perigoso torpor espiritual.
– Entretanto, o Senhor não dorme, o guarda de Israel nem sequer tosqueneja (Sl.121:3,4). A fim de evitar esta situação de indiferença espiritual, Deus permite que venha sobre o povo um pavor. Como assim?
Os povos vizinhos de Judá ao notarem a reocupação da terra pelos judeus não ficaram contentes. Parece que perceberam que haviam vacilado em ocupar aquela terra deserta e agora eram surpreendido com o retorno de um povo que tinham por eliminado e destruído.
– Inconformados com a reocupação da terra, começaram a surgir movimentos com o objetivo de expulsá-los de lá e isto chegou aos ouvidos dos judeus, que nem sequer possuíam um exército para sua defesa.
Os judeus caíram em si e se lembraram de que só estavam ali por um milagre do Senhor e que o objetivo do retorno era o de reedificar o templo em Jerusalém, o lugar mais importante da Terra Prometida.
– Aproximava-se o mês sétimo e, se adotadas as deduções a respeito do tempo do retorno, isto significa afirmar que os judeus já estavam há três meses na Terra Prometida e o mês sétimo é um mês particularmente marcado no calendário judaico por festividades, pois há três solenidades neste mês: a Festa das Trombetas (Nm.29:1), o Dia da Expiação (Lv.23:27) e a Festa dos Tabernáculos (Lv.23:33).
– Diante do pavor surgido no meio do povo com a movimentação dos povos vizinhos contra eles (Ed.3:3), o povo se lembrou do Senhor e, como se estava no mês sétimo, resolveram se ajuntar em Jerusalém, como um só homem, a fim de edificar o altar do Deus de Israel e oferecer sobre ele holocaustos, celebrando a Festa dos Tabernáculos (Ed.3:3,4).
– Deus usou o pavor para despertar o povo, para fazê-lo retomar a disposição que os havia feito deixar Babilônia e voltar para a Terra Prometida.
Tinha sido a pequena parte que havia voltado, mas ela tinha cedo começado a perder o foco, mas o Senhor, na Sua infinita misericórdia, permitiu que viesse o pavor para fazê-los despertar.
– Por vezes, é o que também ocorre com cada um de nós e com a Igreja. Deus permite um momento de dificuldade, um instante de pavor para que dissipe a distração que se tem com as coisas desta vida e se volte ao que é realmente necessário, à “melhor parte”, como definiu Jesus na casa de Marta e de Maria, fazendo com que deixemos de lado aquilo que não é necessário e nos voltemos para Ele, o autor e consumador da nossa fé.
– Porventura, a propósito, não é o que aconteceu na vida de muitos crentes e de muitas igrejas locais com esta pandemia da COVID-19? Pensemos nisto!
III – O ALTAR É LEVANTADO
– O povo se ajuntou como um só homem em Jerusalém para adorar ao Senhor, para levantar o altar e oferecer holocaustos ao Deus de Israel (Ed.3:1-4).
– O povo estava unido no propósito de adorar ao Senhor. A união do povo de Deus é fundamental para que haja a manifestação da Sua glória.
Quando os irmãos vivem em união, ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre, sendo todo o povo envolvido pelo Espírito Santo (Sl.133).
– O povo, ao se ajuntar em Jerusalém, dava uma outra demonstração de fé. Havia a movimentação dos povos vizinhos, isto causou pavor aos judeus, mas eles deixaram as suas cidades, o seu pequeno patrimônio, e foram todos até Jerusalém para adorar a Deus, confiaram que o Senhor que havia mantido a terra deserta durante 70 anos,
haveria de impedir que os inimigos viessem tomar as cidades e os parcos recursos que possuíam enquanto estivessem em Jerusalém, lembrando que a Festa dos Tabernáculos era uma festividade que demorava sete dias (Lv.23:33).
– O povo havia se distraído com as coisas desta vida mas não estava preso a elas, por isso puderam muito bem deixar as cidades e ir para Jerusalém.
Tinham, ainda, o mesmo desprendimento que tivera o patriarca Abraão, que almejava a pátria celestial e não a terra que Deus havia prometido dar a seus descendentes (Hb.11:8-10,13-16).
– Somos, também, como membros em particular do corpo de Cristo, descendência de Abraão (Gl.3:29) e, portanto, temos de ter este mesmo desprendimento das coisas terrenas, buscando as coisas de cima 9Cl.3:13) e ajuntando tesouros no céu (Mt.6:20,21). Temos agido assim?
– A primeira coisa que fizeram foi levantar o altar de holocaustos. Não havia como adorarem a Deus e prestar-Lhe culto se não houvesse o altar de sacrifícios, pois era absolutamente necessário que se expiasse o pecado para que se tivesse comunhão com o Senhor, pois, sem derramamento de sangue, não há remissão (Hb.9:22).
– Hoje em dia, depois que Cristo fez Seu único sacrifício perfeito na cruz do Calvário (Hb.7:26-28), não precisamos mais levantar o altar de sacrifícios para nele sacrificar animais a fim de que possamos ser propícios a Deus, mas temos de crer em Jesus, dar-Lhe crédito e jamais pisarmos no Seu sangue para que consigamos desfrutar do favor do Senhor (Hb.10:26-31).
– O altar era o primeiro local no Tabernáculo em que se mantinha o contato com Deus, em que se iniciava a jornada em direção ao lugar santíssimo, o suprassumo da presença divina naquela casa, simbolizando o Calvário, que é o ponto de partida de nossa jornada rumo ao trono de Jesus nos céus.
Não há como deixar aqui se lembrar da obra de John Bunyan, “O peregrino”, onde Cristão começa efetivamente sua peregrinação para o céu quando chega à cruz. OBS: Eis a tocante passagem da obra de John Bunyano seu capoítulo 6: “…O meu sonho continuava.
Vi Cristão marchando por uma estrada que, de ambos os lados, era protegida por duas muralhas, chamadas Salvação (Isaías 26.1).
É certo que ia caminhando com muita dificuldade, por causa do fardo que levava às costas, mas o seu passo era rápido e seguro; vi-o chegar a um pequeno monte onde se erguia uma cruz, junto à qual, e um pouco mais abaixo, estava uma sepultura.
Ao chegar à cruz, soltou-se-lhe o fardo, instantaneamente, de sobre os ombros, e, rolando, foi cair na sepultura, donde não tornará jamais a sair.
Quão aliviado e jubiloso ficou Cristão! Bendito seja Aquele que, com os seus sofrimentos, me deu descanso, e com a sua morte me deu a vida!
Exclamou ele, e ficou por alguns momentos como extático, ao ver o grande benefício que a cruz acabava de fazer-lhe; olhava para um e para outro lado, cheio de assombro, até que o seu coração se expandiu em abundantes lágrimas (Zacarias 12.10).
Chorava, quando diante dele apareceram três seres resplandecentes, que o saudaram com: a Paz seja contigo! E logo o primeiro dos três lhe disse: “Perdoados te são os teus pecados” (Marcos 2.5).
O segundo, despojando-o dos vestidos imundos que trazia, vestiu-lhe um traje de gala (Zacarias 3.4), e o terceiro, pondo-lhe um sinal na fronte (Efésios 1.13), entregou-lhe um diploma selado, sobre o qual deveria pensar pelo caminho, e entregá-lo quando chegasse à Cidade Celestial.
Ao ver todas estas coisas, Cristão experimentou imensa alegria, e continuou o seu caminho cantando, pouco mais ou menos, estas palavras: Oprimido andei sempre sob o peso de meus pecados, sem encontrar lenitivo ao meu sofrimento, até que cheguei a este lugar. Onde estou eu?
Oh! Aqui é por certo o princípio da minha bem-aventurança, visto que aqui se quebraram os laços que me prendiam aos ombros o fardo que me oprimia. Eu te saúdo, ó cruz bendita! Bendito sejas, santo sepulcro! Bendito seja para sempre Aquele que em ti foi sepultado pelos meus pecados…” (O peregrino, p.21)
– Quando do tabernáculo, também os israelitas primeiro erigiram um altar, no qual, inclusive, se promulgou a lei (Ex.24:1-8), para só depois se construir o tabernáculo.
O mesmo aconteceu com o primeiro templo, pois, antes de sua construção, manteve-se o altar de holocaustos em plena atividade em Gibeão (I Rs.3:4), não tendo sido diferente com o segundo templo.
– A propósito, cumpre observar que o altar de sacrifícios dos judeus em Jerusalém foi recentemente reconstruído e inaugurado em 10 de dezembro de 2018, ainda que não foi ainda permitido que haja sacrifícios de animais no local, num claríssimo indício que está muito próxima a construção do terceiro templo e como isto se dará após o arrebatamento da Igreja, de que Jesus brevemente voltará.
O altar também antecedeu o terceiro templo, como se vê. OBS: Quem quiser ter maiores informações, consulte o seguinte link: https://www.gospelprime.com.br/judeus-sao-impedidos-de-sacrificaranimais-no-novo-altar-do-terceiro-templo/.
– O altar é um “lugar mais alto” onde se adora a Deus. É um lugar mais alto porque o homem reconhece que está numa posição inferior ao Senhor, que é servo e Ele, Senhor e que, para se chegar à presença do Todo-Poderoso é necessário reconhecer isso.
– Por isso, o altar sempre foi um elemento constante na presença daqueles que as Escrituras Sagradas identificam como justos, a começar de Abel, passando por Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, Gideão, Samuel, Davi, Salomão, Elias e tantos outros, a nos mostrar que se trata de sina, uma marca de comunhão com Deus.
– Uma vez novamente atentos às “coisas de cima”, os judeus resolvem celebrar a Festa dos Tabernáculos e, para tanto, mister se fazia reedificar o altar de sacrifícios, tendo, então, se desincumbido desta tarefa o sumo sacerdote Jesua (ou Josué), filho de Jozadaque, que teve a ajuda do líder do povo, Zorobabel, que era da linhagem de Davi e estava a governar sobre o povo (Ed.3:2).
– A construção do altar se deu nos termos determinados pela lei de Moisés (Ed.3:2), ou seja, conforme a vontade de Deus, pois a lei nada mais era que a expressão da vontade divina para Israel.
– Um verdadeiro e genuíno avivamento jamais transgride a Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática. São as Escrituras que testificam de Nosso Senhor e Salvador (Jo.5:39), são elas que consistem na verdade (Jo.17:17), verdade que é o próprio Cristo (Jo.14:6), o próprio Deus (Jr.10:10).
– O povo voltava-se para o seu Deus e isto resultava na renovação do altar. Quando há um verdadeiro e genuíno avivamento, o povo vai ao encontro do Senhor, humilha-se diante de Deus e procura agradar-Lhe e isto é aceito pelo Senhor que, desde os tempos de Abel, olha não só para a oferta mas também para o ofertante.
– Os sacrifícios também foram feitos conforme o estabelecido na lei de Moisés (Ed.3:4). A Festa dos Tabernáculos, de todas as grandes festividades, era, talvez, a que mais prescrições tinha, pois cada dia da festa se tinha um sacrifício diferente (Nm.29:12-40).
– Quando se está diante de um povo avivado, todas as prescrições e mandamentos do Senhor, por mais estafantes que sejam, são considerados um prazer, pois todos veem o jugo do Senhor como um fardo leve, como um jugo suave (Mt.11:30). Para quem ama ao Senhor, Seus mandamentos nunca são pesados (I Jo.5:3).
– O altar foi construído não apenas para aquela celebração, mas como o início da reconstrução do templo.
Os judeus tinham entendido que deveriam priorizar seu relacionamento com o Senhor e que, antes de cumprir a ordem do rei Ciro, tinham de cumprir a ordem d’Aquele que é o dono de toda a terra.
– O povo não estava a realizar uma festividade, um momento esporádico de contrição e de adoração, mas a iniciar uma vida de relacionamento com Deus, de assumir a sua condição de povo santo, nação sacerdotal e propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos,
o que os impunha o dever de estar sempre em comunhão com o Senhor, para interceder pela humanidade diante de Deus, como também de obedecerLhe e se separar do pecado.
– Um verdadeiro e genuíno avivamento leva a uma vida contínua diante de Deus, a um diário convívio com o Senhor, o que implica na assunção de uma vida de santidade, de contínua aproximação a Deus e de ininterrupto afastamento do pecado.
– Hoje em dia, muitos têm adotado uma conduta diametralmente oposta. Entendem o avivamento como um momento de emoção, como um instante de adoração, quase sempre representados por festividades, onde “sentem o céu descer”, onde “apalpam a glória de Deus”.
– Entretanto, como dizia o saudoso fundador do Portal Escola Dominical, Ségio Paulo Gomes de Abreu, toda esta “espiritualidade/” não resiste ao “teste da segunda-feira”.
Logo na manhã seguinte ao “culto fervoroso”, o “avivado” começa a viver segundo o curso deste mundo, esquecido de Deus e da Sua santidade. Será que temos agido assim? Que Deus nos guarde!
– O altar era só o primeiro momento de uma vida de comprometimento com o Senhor Deus de Israel.
Tanto assim é que, depois que houve a celebração da Festa dos Tabernáculos, os responsáveis pela obra deram dinheiro aos cortadores e artífices, como também comida, e bebida, e azeite aos sidônios e aos tírios, para trazerem do Líbano madeira de cedro ao mar, para Jope, segundo a concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia (Ed.3:7).
– Animados com o sentimento piedoso do povo, os responsáveis pela obra, certamente os sacerdotes e os que estavam ao lado do governador Zorobabel, puseram mãos à obra, começando a comprar o material necessário para a reconstrução do templo, para tanto se utilizando das ofertas dadas pelos chefes dos pais antes do início da viagem de retorno do cativeiro como das autorizações dadas por Ciro para a reedificação do templo.
– De igual modo, nos dias hodiernos, quando nos propomos a buscar a presença do Senhor, nós, também, levamos os nossos irmãos a despender seus recursos e a envidar esforços para a realização da obra do Senhor.
– Muitos hoje se preocupam em encontrar modos para motivar o povo, para despertar-lhes o interesse em fazer a obra de Deus, não sendo poucos os recursos que se utilizam para tal mister, como estratégias de marketing, de técnicas de neurolinguística, artes cênicas, retórica e tantas outras coisas, mas uma só é necessária: a busca da presença do Senhor, pois, quando nos dispomos a buscá-l’O, nós O encontraremos e se produzirá um ambiente de piedade que levará os demais a realizar a obra de Deus.
IV – OS FUNDAMENTOS DO TEMPLO SÃO POSTOS
– Tendo sido erigido o altar e iniciadas as compras do material para a reedificação do Templo, procedeu-se ao início da execução da obra da casa do Senhor, o que se deu no segundo ano, no segundo mês (Ed.3:8).
– Todo o povo se dispôs a fazer a obra, os sacerdotes, os exilados em geral e os levitas (Ed;3:8), mas tomouse a deliberação de se constituir levitas da idade de 20 anos para cima para que executassem (aviassem) a obra da casa do Senhor.
– Temos mais uma demonstração de que tudo estava sendo feito segundo as prescrições vigentes seja na lei de Moisés, seja nos regulamentos que haviam sido estabelecidos por Davi antes da construção do Primeiro Templo e que também tinham tido origem divina (II Cr.29:25; I Cr.25:1-3).
– O avivamento genuíno e autêntico não traz “inovações”, mas, sim, uma “renovação”, ou seja, não traz coisas novas, nada acrescenta ao que foi revelado por Deus, mas faz com que tudo quanto foi determinado e prescrito volte a ser observado, volte a ser obedecido.
– Vemos aqui que, ao contrário do que se diz hodiernamente, os levitas eram auxiliares dos sacerdotes no serviço do templo e, portanto, realizavam toda e qualquer tarefa que se tivesse necessidade na casa de Deus, como, por exemplo, aqui, serem construtores da casa. Trata-se, portanto, de pura lenda, sem qualquer respaldo bíblico, considerar-se que levita tão somente se dedicava ao louvor na casa do Senhor…
– O povo todo não podia trabalhar na obra, pois todos tinham seus afazeres nas suas cidades, que também exigiam um trabalho de reconstrução, que não era fácil, mas os levitas, que não tinham porção na Terra Prometida, poderiam, muito bem, realizar este trabalho, tendo os sacerdotes, que também estavam dedicados integralmente ao trabalho do Senhor, os ajudado neste mister (Ed.3:9).
– Temos aqui mais uma demonstração de união e mais uma prova de que, onde há um genuíno e autêntico avivamento, a união sempre se faz presente, havendo disposição de todos para a realização do que é necessário para a realização dos propósitos divinos cuja satisfação deve ser o nosso objetivo.
– Os sacerdotes uniram-se aos levitas para a realização da obra, inclusive o sumo sacerdote e seus filhos (Ed.3:9). Como seria bom vermos isto sempre nas igrejas locais, onde as pessoas não façam questão de seus títulos para executar as mais simples tarefas!
– Na escolha dos levitas, logo quando se determinou iniciar-se a obra do Senhor, temos uma lição. Os levitas deveriam, entre outras tarefas, organizar o serviço do louvor do Templo (I Cr.25:1-3).
– Ao se separarem os levitas para que se organizassem a fim de que, quando se iniciasse o serviço do Templo, eles estivessem devidamente preparados, temos a demonstração de que, para se realizar a obra de Deus, é preciso ter o conveniente preparo, ou seja, que a chamada ou a escolha divinas não dispensam o preparo.
– Desde a criação do serviço do louvor, ainda antes da formal inauguração do templo, exigia-se dos levitas músicos que fossem devidamente preparados para tal tarefa, como se verifica de I Cr.25:1-7, preparação que era tanto técnica quanto espiritual, basta ver que os maestros eram, um só tempo, instruídos no canto do Senhor, como também profetas.
– Não deve ser diferente em nossos dias. Os músicos, na casa do Senhor, devem ter tanto conhecimento técnico, quanto espiritualidade aguçada.
Como diz o salmista, para louvar a Deus, precisamos ter os altos louvores de Deus na garganta e a espada de dois fios nas mãos (Sl.149:6), ou seja, estar em plena comunhão com o Senhor, de modo que seu louvor seja verdadeiro sacrifício (Hb.13:15), bem como ter conhecimento das Escrituras, pois a “espada de dois fios” nada mais é que a Palavra de Deus (Hb.4:12).
– Para realizar a obra de Deus, mister se faz que estejamos devidamente preparados, tanto do ponto de vista técnico, quanto do ponto de vista espiritual. Muitos confundem avivamento com despreparo, com ignorância, com desleixo e com preguiça.
Nada mais antibíblico e reprovável. Os levitas precisavam tocar e cantar no dia do lançamento dos fundamentos do Templo e, como ninguém nasce sabendo, era preciso que aprendessem a fazê-lo e, por isso mesmo, tomou o povo a deliberação de, desde logo, separar os levitas para que estivessem devidamente preparados para esta tarefa no momento oportuno.
– Devemos sempre oferecer o melhor para Deus. Desde os dias de Abel, é isto que o Senhor aceita. Por isso, jamais descuidemos do preparo que esteja ao nosso alcance e que se faça necessário para cumprirmos aquilo que devemos fazer na obra do Senhor.
– No dia em que os fundamentos do templo foram lançados, os levitas, já devidamente preparados, juntamente com os sacerdotes, apresentaram-se devidamente paramentados e com trombetas e com saltérios, louvando ao Senhor conforme a instituição de Davi, rei de Israel, cantando a revezes, louvando e celebrando ao Senhor (Ed.4:11).
– O resultado desta cerimônia foi que o povo jubilou com grande júbilo, quando louvou ao Senhor pela fundação da casa do Senhor (Ed.3:12).
– A genuína alegria espiritual, que é uma qualidade do fruto do Espírito (Gl.5:22), somente advirá quando houver, da parte dos servos de Deus, uma atitude de obediência à Palavra de Deus, de empenho e dedicação por parte dos adoradores, como também quando se estiver cumprindo o propósito divino.
– Muitos somente veem avivamento quando há esta manifestação de júbilo, quando há o envolvimento emocional e sentimental do povo, esquecidos de que isto é o efeito e não a causa e muito menos a essência do avivamento.
– Por detrás deste júbilo, tinha havido a oração, a fé, o abandono da distração, a edificação do altar, a adoração conforme os mandamentos divinos, a união, o preparo técnico e espiritual. Tudo isto resultou na alegria do povo, sem tudo isso, não teria havido tal júbilo.
– Muitos só querem o barulho, muitos só querem a emoção e o sentimento, desprezando todo o resto. Agindo assim, somente terão agitação, frenesi, nada mais do que isto. Tomemos cuidado, amados irmãos!
– Tanto a manifestação de júbilo é efeito e não causa ou essência, que o texto sagrado nos mostra que isto não foi uma unanimidade entre os judeus.
– Os mais novos, aqueles que não tinham conhecido o primeiro templo, estavam sobremodo contentes, pois viam que haveria, novamente, um templo em Jerusalém, sentiam que tudo estava sendo restaurado, que o propósito divino estava se realizando.
Para quem tinha nascido e vivido em cativeiro, em terra estranha, poder agora estar na terra de seus pais e vendo o reinício da construção do templo era, não podia deixar de ser, algo maravilhoso e assaz excelente.
– Os mais velhos, porém, que tinham visto o templo antigo, o majestoso templo de Salomão, que era uma das maravilhas do mundo antigo, não puderam esconder a sua decepção. O templo que seria construído ia ser muito mais modesto que o anterior.
Toda a majestade e glória da antiga construção tinham se perdido e, além do mais, ao contrário do que ocorrera na inauguração do tabernáculo ou do primeiro templo, a glória de Deus não tinha se manifestado.
– Os mais velhos viam o novo momento como um instante inferior ao do passado, como uma decadência, uma diminuição e, portanto, tinham saudades do passado, tendo, então, começado a chorar.
– Esta reação dos mais velhos não fazia sentido do ponto de vista espiritual. Nunca devemos ser saudosistas, jamais devemos achar que os tempos passados são melhores do que os presentes. Quem nos ensina isto é o sábio Salomão (Ec.7:10).
– Com efeito, se atentarmos para o fato de que a história humana é o desenrolar do plano de Deus para a salvação do homem e que o término previsto para tal plano é o estabelecimento de uma comunhão perfeita entre Deus e os homens em um novo céu e uma nova terra onde habita a justiça, por que haveríamos de desejar o passado em detrimento do presente e do futuro? C
omo ser pessimista e saudosista sabendo que, a cada dia que passa, nossa salvação está mais próxima do que antes (Rm.13:11)? Se queremos estar com o Senhor, como maldizer a passagem do tempo?
– Não é por outro motivo que este choro acabou sendo suplantado pelas vozes de alegria, até porque os mais jovens eram mais numerosos que os mais velhos (Ed.3:13).
– Os mais velhos, além de ferirem esta verdade bíblica contrária ao saudosismo, estavam enganados.
A uma, porque o fato de o templo ser mais modesto não queria dizer que a casa valeria menos que a anterior, pois o importante não é a aparência externa, que, ademais, nada havia servido para impedir a sua destruição.
– A duas, a reconstrução demonstrava o cuidado divino para com Israel e o perdão dado ao povo pela sua impiedade passada. O lançamento dos fundamentos do templo representavam um novo tempo, uma nova chance, uma nova oportunidade.
O templo antigo sucumbira por causa do pecado, e o fato de haver uma nova edificação era a superação da ira divina, era um recomeço que só podia renovar a esperança do cumprimento das profecias messiânicas. Era, pois, motivo para se alegrar, não para se entristecer.
– A três, porque o fato de a glória de Deus não se manifestar, o que poderia legitimamente gerar alguma preocupação, foi devidamente esclarecida pelo próprio Deus, por meio do profeta Ageu,
que disse que a glória da segunda casa seria maior que a da primeira (Ag.2:4), o que, sabemos, foi revelado alguns anos depois (15 anos segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen), mas até isto não era motivo de choro, já que Deus estava mostrando claramente que estava conduzindo todo o processo de retorno do povo à Terra Prometida.
– Os fundamentos do templo estavam estabelecidos, a obra estava começando. Seria tudo mil maravilhas? Haveria oposição? É o que veremos na próxima lição.
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://portalebd.org.br/classes/adultos/5441-licao-2-despertamento-espiritual-um-milagre-i-2