Jovens – Lição 2 – Abraão: A vida de oração de um homem de fé
INTRODUÇÃO
Abraão é conhecido por todos nós como o pai da fé e tornou-se uma referência a todos os que creem (Rm 4.11).
Através da vida desse patriarca, Deus nos ensina grandes lições a respeito da fé, da confiança, da submissão e da disponibilidade de se deixar conduzir pela direção divina nos mais variados momentos.
Originário de Ur na Caldeia, encontrava-se em uma sociedade profundamente pagã e voltada aos cultos tribais oferecidos às mais diversas deidades.
Era um tempo marcado pelo paganismo e por um modo de vida que desagradavam ao Senhor (Gn 18.20). Diante de uma ordem divina (Gn 12.1), pôs-se em uma longa jornada enfrentando muitas dificuldades (Gn 21.14), chegando ao extremo entre decidir se obedecia a Deus ou poupava a vida de seu filho (Gn 22.2).
Sua fidelidade ao Criador foi decisiva e inspira-nos até os dias atuais. Em um momento-chave de sua vida, é avisado sobre o estado pecaminoso de Sodoma e Gomorra e de sua eminente destruição. Ló, sobrinho do patriarca, morava em Sodoma e corria grande risco.
Tem início então uma das orações mais curiosas da Bíblia (Gn 18.22-33), na qual um homem falível questiona o Deus soberano. O comprometimento de Deus para com Abraão foi notável.
Motyer1 destaca que o Senhor mostrou sua fidelidade ao manter suas promessas para com o patriarca, pois se lembrou de Abraão e tirou Ló do meio da destruição que cairia sobre as duas cidades.
Abraão intercedeu e Deus se mostrou justo ao poupar a vida de Ló e de sua família. A cidade estava condenada, mas a justiça e a fidelidade do Pai para com o servo que clamava se fez presente.
A Oração nos Torna Pacientes, Longânimos
A história de Abraão nos inspira até os dias atuais: a fidelidade a Deus, a forma como se deixava ser conduzido por Deus, a longanimidade, a vida de oração e o recebimento da promessa de que seria pai de uma grande nação. Em suma, se buscarmos relacionar, a lista será grande.
Quando o assunto é “vida de oração”, podemos aprender muito com o exemplo do patriarca peregrino. Sob o comando de Deus, Abraão deixou uma região bastante ativa em Ur e foi em busca de uma terra desconhecida que seria mostrada por Deus.
De protagonista, o patriarca deixou-se conduzir por Deus com fé, longanimidade e obediência. O resultado dessa opção é bem conhecido por todos nós — Israel tornou-se uma grande nação e foi o canal escolhido pelo Criador para nos ensinar acerca de como se daria o plano de redenção da humanidade.
Ansiosamente, buscamos as conquistas em nosso cotidiano. Todos querem colecionar vitórias e abraçar as proezas alcançadas.
Em uma caminhada ou batalha, se queremos obter êxito, faz-se necessário olhar para o foco, para a linha de chegada, para o lugar onde poderemos celebrar o tão esperado “final feliz”. O que há de errado nisso? A princípio, nada.
Porém, nossas histórias não podem ficar reféns apenas do sabor das linhas de chegada: o processo é também essencial e igualmente uma conquista. A conclusão das etapas e dos desafios impostos pelo cotidiano deve ser algo almejado por todos nós.
Não é saudável deixar tudo pela metade e não almejar as vitórias em nossas vidas; isso seria bastante preocupante.
Contudo é preciso enfatizar algo determinante para o sucesso: o processo, a caminhada, o crescimento.
É no processo que amadurecemos, testamos nossas habilidades, deixamo-nos trabalhar e vemos o desenrolar das consequências de nossas ações.
Um claro exemplo do aperfeiçoamento durante o processo podemos encontrar na própria narrativa do êxodo do povo de Israel.
A forma como o povo era percebido no início da jornada era uma, já a realidade ao final da longa jornada era outra, bem distinta.
Essa era a condição do povo no início da caminhada: fraco, reclamador e incrédulo da bondade, sabedoria e vontade de Deus.
Passaram-se quarenta anos e, após um longo processo, a realidade era outra completamente diferente se atentarmos para a narrativa da tomada de Jericó e a impressão que os habitantes daquela cidade tinham acerca do povo de Israel (Js 1–6).
Ao final do processo, os israelitas formavam um povo forte, confiante, com fé em Deus e certos da vitória. Na oração, esse princípio também é observado.
É em nossa rotina diária de diálogos com Deus que vamos aprendendo a confiar, a abrir nosso coração, a interceder pelo próximo e, de modo sereno, buscar ouvir também o que o Pai amado tem a nos dizer. Podemos observar o quanto Abraão se permitia viver esse processo.
Ainda em Ur, e posteriormente em Harã (Gn 11.33), o patriarca já tinha uma disciplina de oração. Imaginemos como deve ter sido o dia em que ele ouviu claramente a ordem divina: “Sai-te da tua terra […] para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12.1).
Esse foi o início de um longo processo que levaria o velho patriarca a ser considerado o nosso “pai na fé”. Será que temos valorizado a nossa caminhada de fé?
O quanto estamos desenvolvendo a prática da oração em nosso dia a dia? São momentos como esses que nos permitem buscar a maturidade espiritual tão necessária e almejada por todos nós (Sl 90.12; 2 Pe 3.18).
Quando falamos em Abraão, logo somos remetidos ao fato de o patriarca ser conhecido como um homem com grande fé (Hb 11.8-19).
Ele é para todos nós uma referência quando o assunto é “fé”, e um dos segredos para tamanha fé repousa em uma vida de oração.
Foi na prática constante da oração que Abraão impulsionava seu relacionamento com Deus. Sem oração, não há diálogo, muito menos relacionamento com o Pai.
A maneira como Deus falava com o patriarca era impressionante: no seu chamado para ir a uma terra desconhecida (Gn12.1), no momento da partilha das terras (Gn 13.14), no concerto (Gn 17), na intercessão pelos justos (Gn 18.26), na solicitação ao sacrifício de Isaque (Gn 22.2), entre tantos outros momentos, o Senhor simplesmente falava! Abraão era sensível à voz de Deus.
Será que nós também buscamos essa condição para nossas vidas? São ocasiões de grande relevância, no entanto apenas se fazem possíveis quando se anseia por uma vida de oração, buscando a vontade divina nos grandes como também nos pequeninos momentos da vida.
Normalmente, nós nos lembramos de Deus em momentos desafiadores e cruciais; em contrapartida, facilmente passamos o nosso dia tomando decisões corriqueiras e ficamos envoltos em uma rotina que simplesmente nos impede de dobrar os joelhos.
As horas passam e, se não tivermos disciplina, vamos nos esquecendo de conversar com o nosso melhor Amigo. Esse é um dos grandes ensinamentos que podemos destacar na vida do nosso pai na fé: a busca em estabelecer uma caminhada diária e constante de oração ao nosso Deus.
A vida de Abraão foi marcada por diversos momentos em que a paciência e a longanimidade foram decisivas. Imagine quantos anos separaram as promessas de Deus e a concretização delas na vida do patriarca.
Apontemos um exemplo: a promessa de que seria pai de uma grande nação (Gn 12.2) e a concretização apenas muitos anos mais tarde.
Os significados de paciência e longanimidade se confundem muito e, por vezes, achamos tratar-se da mesma coisa. Entretanto, segundo o Dicionário Aurélio, são palavras distintas.
Quando falamos em paciência, indicamos a qualidade de quem sabe esperar, a virtude que consiste em suportar dores e infortúnios com resignação.
Já a longanimidade aponta para a prática da generosidade, da intrepidez e da capacidade de aguardar nobremente muito tempo sem perder a esperança.
Em conformidade com vários autores, os dois conceitos têm grandes semelhanças e podem indicar um mesmo caminho.
O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal5 nos explica que a palavra “longanimidade” vem do grego makrothumia e significa perseverança, paciência e capacidade de ser tardio em irar-se.
Já para Figueiredo (1991),6 longanimidade é a capacidade recebida pelo servo de Deus para suportar as tensões, os desafios e os problemas sem desistir, nem retroceder ou desesperar.
Em um sentido bíblico do termo, encontraremos algo bem mais amplo: é o ato de tolerar as adversidades e perturbações em favor de alguém. Quando manifesta a longanimidade bíblica, seu ato representa uma bênção para com o próximo.
A oração nos torna pacientes e longânimos em uma trajetória onde somente o nosso relacionamento com Deus permitirá esse amadurecimento.
Aos poucos, aprenderemos a ouvir o “sim”, o “ainda não” e o “não”. Nossa natureza nos impele a querer tudo para o tempo presente, todavia Deus sabe a hora certa para todas as coisas.
Permita-se, em uma vida de oração, viver um amadurecimento a fortalecer, entre tantas características, também a sua paciência e a longanimidade.
Abraão Intercede em Favor dos Moradores de Sodoma e Gomorra (Gn 18.23-33)
Orar pelas pessoas que praticam o bem, são cordiais e possuem valores morais elevados é algo bem comum. Interceder por pessoas assim é algo que fazemos com regularidade e é muito importante.
Contudo, nossas orações intercessoras precisam abraçar não só aqueles que fazem o que achamos bom; devem também contemplar todas as outras pessoas.
A oração intercessora é também fruto do amor despertado por Deus em nosso coração. Enquanto igreja, somos chamados para fazer a diferença em um mundo que está caminhando em direção oposta aos propósitos do Criador.
Muitas vezes, é mais fácil nos escondermos em nossos templos e evitar qualquer contato com as pessoas que entristecem a Deus.
Todavia, essa não é a vontade do Pai. Cabe a nós, salvos em Cristo, sermos verdadeiros intercessores para que todos sejam alcançados e possam viver uma nova vida.
Interceder diante de Deus em favor daqueles que são justos e bons parece não ser uma tarefa tão difícil. Não obstante, orar em favor de homens maus e perversos não é nada fácil.
É preciso ter amor, fé em Deus, obediência, temor, esperança de que o Senhor pode reverter toda e qualquer situação, por mais difícil que possa parecer; vemos que Abraão tinha todas essas qualidades.
Os pecados cometidos pelos habitantes de Sodoma e Gomorra eram uma afronta à santidade de Deus. Os pecados eram tantos que já não havia mais limites para suas abominações.
Diante dessa situação, muitos sofriam e estavam perdendo as esperanças de uma mudança de vida para aqueles homens.
Abraão é levado a interceder por aquelas cidades e por quem lá habitava. Não importava se eles eram perversos, o patriarca sentiu a necessidade de buscar uma mudança em relação ao que viria a acontecer.
Essa intercessão foi caracterizada como um momento ímpar: em um longo diálogo, uma sequência de pedidos mostrou como Abraão estava profundamente comovido pelo que estava prestes a acontecer.
O pecado em Sodoma e Gomorra havia alcançado os piores níveis, e tal condição nos lembra muito a que estamos vivendo na atualidade, pois a violência tomou conta das cidades, ou melhor, do mundo, e não importa a condição social ou política dos países.
A vida humana parece ter perdido o valor e poucos são os que se importam com os altos índices de homicídios, de casos de pedofilia, de estupros, de violência doméstica e de tantos outros males.
Para algumas pessoas, tudo não passa de dados estatísticos e muitos já não rogam a Deus em favor das cidades. Precisamos agir como intercessores, seguindo o exemplo de Abraão.
Vivendo em meio ao pecado
Nos tempos de Abraão, os homens já não mais estavam preocupados em seguir a Deus e seus preceitos. Como já vimos anteriormente, toda sorte de pecado reinava em muitas das cidades daquela região.
A história bíblica nos mostra que Abraão fora chamado pelo Senhor para que deixasse sua cidade, Ur, e buscasse um lugar onde uma nova história seria escrita.
Prontamente, a orientação divina foi atendida, porém, em pouco tempo, a região habitada por Ló estava imersa no pecado e a aplicação do juízo era apenas uma questão de tempo.
Embora Abraão e Ló vivessem em meio a essas cidades ímpias, eles não deixaram se contaminar com o que lá havia.
A comunhão mantida por ambos com Deus e a vida de oração que levavam os mantiveram a salvo das ameaças e dos pecados que os rodeavam.
As cidades de Sodoma, onde Ló morava, e Gomorra estavam destinadas ao juízo por toda a perversidade de seus habitantes.
No entanto, Deus, em sua infinita misericórdia, trouxe salvação aos justos. Deus é paciente e deve ter dado tempo para que as pessoas se arrependessem. Contudo, o dia do juízo do Deus santo chegou para aquelas cidades.
Sabemos que Deus é justo e, um dia, nós vamos colher tudo aquilo que plantamos. As sementes espalhadas pelos habitantes daquelas cidades eram malignas, perversas, entretanto havia chegado a hora da colheita.
Diante disso, Deus avisa a Abraão quanto à destruição que viria sobre os moradores das cidades de Sodoma e Gomorra.
Diante da revelação do juízo de Deus, Abraão decide interceder em favor dos justos. Ele pergunta a Deus: “Destruirás também o justo com o ímpio?” (Gn 18.23).
Abraão não estava tentando mudar a opinião de Deus, todavia vemos aqui a reflexão de um homem de fé, conhecedor da bondade e da justiça do Senhor.
Vemos a atitude de um intercessor que se importava com o bem das pessoas, especialmente daquelas que buscavam servir ao Senhor.
A compaixão e o amor são as características principais de um intercessor. Você tem demonstrado compaixão pelas pessoas que vivem em sua cidade? Tem rogado por elas como fez Abraão?
O intercessor desenvolve um importante papel frente aos que estão imersos no pecado e sofrem as suas consequências.
Conforme Cabral (2002), aquele que intercede exerce um sacerdócio dado por Deus. Esse sacerdócio é percebido como uma obrigação sagrada e um privilégio em dirigir-se a Deus em favor dos que sofrem. Não importa quem sejam essas pessoas, Deus nos chama a interceder e a orar por elas.
Ao olharmos a história vivida pelo patriarca, somos inspirados a ter o coração quebrantado para, com fé, orarmos pelos nossos próximos que carecem de intercessão. Sabemos que a humanidade, infelizmente, não consegue compreender o amor, a justiça e o juízo de Deus.
Não obstante, o Senhor é justo, bom, paciente e pune o pecado. Até em seus julgamentos Deus é bom, pois Ele nos dá aquilo que semeamos.
Cabe a nós, Corpo de Cristo, mostrarmos ao mundo quão justo, santo, agradável e amoroso é o Deus a quem servimos.
Abraão nos ensina a interceder, com amor, bondade e persistência, por nossas cidades, pelos ímpios, por aqueles que zombam da nossa fé e da Igreja do Senhor, como também, por aqueles que são justos e bons.
Muitas vezes, somos tentados a cair em uma armadilha bastante conhecida: o ato de julgar as pessoas e apontar apenas os defeitos, as incoerências e os erros delas.
Essa prática é constantemente levada para o campo da oração, onde apenas apontamos essas falhas pedindo que as pessoas mudem. Mas é preciso ir além.
Em nossas orações, devemos lembrar o quanto cada um é precioso para Deus e colocar o amor como eixo condutor dessa prática.
Cada um de nós é salvo pela graça e pela misericórdia do Pai, e não porque fazemos coisas ou demonstramos competências.
A salvação é um dom não merecido, porém nós a alcançamos pelo amor de Deus, manifesto no sacrifício de Jesus Cristo.
Se não fossem a graça e a misericórdia de Deus em nossas vidas, também seríamos alvo do juízo e da justiça do Senhor.
Estaríamos perdidos, destinados à morte como os moradores de Sodoma e Gomorra. Por isso, vamos seguir o exemplo de vida de Abraão, fazendo da oração um estilo de vida.
Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/2318-li%C3%A7%C3%A3o-2-abra%C3%A3o-a-vida-de-ora%C3%A7%C3%A3o-de-um-homem-de-f%C3%A9.html
Vídeo: https://youtu.be/tRT8ikioRic