APÊNDICE Nº 1 – O FALSO PENTECOSTALISMO: AS CHAMAS DO FOGO ESTRANHO
O falso pentecostalismo é uma das mais proeminentes facetas do perigo do engano do princípio das dores.
Texto áureo
“E a unção que vós recebestes d’Ele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim n’Ele permanecereis” (I Jo.2:27).
INTRODUÇÃO
– Já que estamos estudando o verdadeiro pentecostalismo no trimestre, entendemos ser oportuno falarmos um pouco do “falso pentecostalismo”.
– O falso pentecostalismo é uma das mais proeminentes facetas do perigo do engano do princípio das dores.
I – FALSO PENTECOSTALISMO: O FOGO ESTRANHO
– O título do nosso trimestre fala do “verdadeiro pentecostalismo”, que nada mais é que a crença de que a ação do Espírito Santo na Igreja é a mesma desde o dia de Pentecostes do ano 29 ou 30, quando o Senhor Jesus cumpriu a promessa do Pai e derramou o Espírito Santo sobre quase cento e vinte discípulos que estavam reunidos no cenáculo em Jerusalém dando início ao trabalho que a Igreja fará até o dia do seu arrebatamento pelo seu Mestre e Senhor.
– Temos, então, que o “verdadeiro pentecostalismo” afirma que o Espírito Santo atua hoje como atuava nos dias dos apóstolos e que a o fato de se ter encerrado a inspiração das Escrituras não alterou, de forma alguma, a atuação do Espírito Santo.
– O “verdadeiro pentecostalismo” é “verdadeiro” porque está firmado na verdade e a verdade, sabemos todos, é a Palavra de Deus (Jo.17:17).
É a própria Bíblia Sagrada quem nos mostra que o Espírito Santo foi enviado para ficar com a Igreja até o dia do arrebatamento e que, como Deus não muda, tudo quanto o Santo Espírito realizou nos dias dos apóstolos está pronto a realizar em nossos dias, “sem tirar nem pôr”.
– O “falso pentecostalismo”, então, é tudo quanto procura se fazer passar por atuação do Espírito Santo em nossos dias mas que não tem base bíblica, que não tem respaldo da Palavra de Deus, que não está de acordo com a verdade.
– O próprio Espírito Santo fez questão de nos alertar de que, nos últimos dias, haveria a ação de espíritos enganadores e de doutrinas de demônios (I Tm.4:1).
O Senhor Jesus alertou, em Seu sermão escatológico, contra o perigo do engano, porque surgiriam falsos cristos e falsos profetas que, se possível fosse, enganariam até os escolhidos (Mt.24:4,12,24).
– Já no limiar do culto estabelecido por Deus para o tempo da lei, vemos que dois dos cinco sacerdotes consagrados, Nadabe e Abiú, levaram fogo estranho para queimar incenso ao Senhor e, por causa disso, morreram carbonizados (Lv.10:1-11), fogo que não tinha origem divina, que não vinha do altar de sacrifícios.
– Assim também não são poucos os que, lamentavelmente, em nossos dias, vão haurir suas manifestações sobrenaturais fora de Cristo, cuja principal testemunha são as Escrituras (Jo.5:39), fora da verdade, trazendo ensinamentos que não têm qualquer base bíblica e que levam à destruição.
– Satanás é astuto e age em duas linhas: primeiro, cria fantasias e mentiras por meio de imitações do que o Espírito Santo realiza, pondo fogo estranho entre os adoradores; segundo, após os inevitáveis escândalos causados por estas manifestações enganosas e deletérias, dissemina entre os salvos uma outra falsa doutrina, a do cessacionismo, a fim de que as pessoas passem a duvidar e a desacreditar da atuação do Espírito Santo, trazendo, assim, fraqueza e frieza espirituais que levam à mesma destruição daqueles que se empolgaram com as falsidades.
– É preciso, neste estado de coisas, agir de forma equilibrada e consoante as Escrituras. Jamais deixar de crer que a atuação do Espírito Santo é idêntica ao dos dias dos apóstolos, sendo até uma necessidade que a Igreja mostre o Evangelho não apenas com palavras persuasivas de sabedoria humana mas com demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4), mas, ao mesmo tempo, vigilante, de modo a impedir que se introduzam em seu meio falsos ensinos que distorçam a verdade.
– O fogo estranho deve ser removido, lançado fora, como foi feito com os corpos carbonizados de Nadabe e Abiú, mas jamais podemos, a título de evitar o fogo estranho, apagar o fogo verdadeiro, deixar que ele se extinga. O fogo deve arder continuamente sobre o altar, jamais pode se apagar (Lv.6:13), o Espírito Santo não pode ser extinto (I Ts.,5:19).
II – MANIFESTAÇÕES DO FALSO PENTECOSTALISMO
– A verdade é única, é uma só, as mentiras sempre são muitas e variadas. Diante disso, quando se fala em “falso pentecostalismo”, não se pode ir além de um apanhado de ideias e falsidades que já foram disseminadas, sem a mínima pretensão de esgotamento do tema. É o que faremos.
– A primeira distorção que trazemos do “falso pentecostalismo” é a chamada “nova unção”. Sua falsidade está logo na dificuldade de poder se definir o que é esta tal de “nova unção”, de que tantos falam, mas que quase ninguém explica.
– As coisas de Deus são sempre claras e objetivas. Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33) e quando exsurge algo supostamente tão importante que ninguém sabe bem definir o que é, tem-se a prova indelével de que se trata de algo que não tem origem divina.
– A ideia de “nova unção” é antibíblica. Isto porque é dito que o salvo tem a “unção do Santo” (I Jo.2:20) e que esta unção permanece no salvo (I Jo.2:27).
– Ora, a “unção do Santo” é o Espírito Santo, porque o Santo é Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Lc.1:35) e Ele é o Cristo, ou seja, o Ungido, o Messias (Mt.16:16). O Senhor Jesus disse que quem n’Ele cresse receberia o Espírito Santo (Jo.7:39), Espírito Santo que habitaria em todo o salvo (Jo.14:17).
– O que a Bíblia nos ensina é que, depois de termos recebido o Espírito Santo quando cremos, também podemos ser revestidos de poder (Lc.24:44), o que ocorre com o batismo no Espírito Santo (At.1:5), como ocorreu a partir do dia de Pentecostes, sendo “cheios do Espírito Santo” (At.2:4).
– Que seria, então, uma “nova unção”? Seria possível que o Espírito Santo fosse imperfeito, envelhecesse ou que, depois de ter havido uma plenitude, com o revestimento de poder, houvesse ainda algo a ser ocupado pelo Espírito Santo no salvo?
– Verdade é que alguns se utilizam da expressão “nova unção” para se referir à “renovação espiritual”, ou seja, alguém que estava enfraquecido na fé, desanimado, reaproxima-se de Deus, é “renovado espiritualmente” e, assim, dizem alguns, recebe uma “nova unção”.
Na verdade, o que ocorre é que volta a ter comunhão com Deus e a desfrutar da plenitude do Espírito Santo que havia perdido.
– É este, aliás, o sentido que se dá à expressão no hino 296 da Harpa Cristã, da autoria de Emílio Conde (1901-1971), na quarta estrofe, que transcrevemos:
“Renovados em forças seremos, nós teremos u’a nova unção e com Deus no jardim falaremos, se vivermos sempre em oração”.
Nota-se aqui, claramente, que a “nova unção” nada mais é que a renovação espiritual decorrente do exercício da oração, um dos meios de santificação.
– Entretanto, os que falam de “nova unção” estão a dizer de um “novo poder de Deus”, de “novidades”, de “coisas novas” que o Espírito Santo estaria trazendo sobre os salvos.
Bem se vê que tal pensamento não tem qualquer respaldo bíblico, pois parte de um pressuposto de que as bênçãos espirituais prometidas nas Escrituras teriam “envelhecido” e, como tal, estariam “perto de acabar” (Hb.8:13).
– Ora, o apóstolo Paulo diz que o homem interior se renova de dia em dia (II Co.4:16), de sorte que há qualquer necessidade de que o salvo tenha uma “nova unção”, como se a “unção do Santo”, que permanece em nós, tivesse necessidade de renovação, já que é ela quem nos renova diariamente. Como bem afirma o reverendo Eronides da Silva:
“…não existe unção nova ou velha, somente a unção permanente…” (Nova unção. Disponível em: https://www.sepoangol.org/novauncao.htm Acesso em 10 dez. 2020).
– A ideia da “nova unção” surgiu a partir do instante em que, dentro do movimento pentecostal, teve início o chamado “deuteropentecostalismo” ou “segunda onda”, em que se começou, indevidamente, a priorizar a cura divina e os milagres na pregação do Evangelho.
– Não resta dúvida de que o Evangelho deve ser pregado como demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4) e que se tenha a necessidade de confirmação da Palavra com sinais, prodígios e maravilhas (Mc.16:20; Hb.2:3,4).
– No entanto, a pregação tem como cerne, como essência a salvação na pessoa de Jesus Cristo. Temos de pregar que Jesus salva, que Jesus é o Salvador, que veio trazer o perdão dos pecados e que é preciso crer n’Ele para que se tenha a vida eterna.
– O chamado “deuteropentecostalismo” inverteu isso, passando a pregar a cura divina e os sinais, prodígios e maravilhas em primeiro lugar, buscando, assim, chamar a atenção dos incrédulos com estas manifestações sobrenaturais, para que, então, após esta atração, pudesse lhes falar da salvação e da vida eterna.
– Tivemos, assim, uma indevida inversão de causa e efeito. Como ensina o reverendo Eronides da Silva:
“…Notem o grande princípio divino e universal: causa e efeito! A causa do calvário trouxe como efeito o perdão e a remissão dos pecados; a causa do advento do Espírito Santo trouxe simultaneamente dois efeitos, a saber:
sua habitação no homem perdoado, regenerando-o e guiando-o; e seu derramamento sobre este, capacitando-o com autoridade e poder para serem testemunhas poderosas através das respectivas manifestações impactantes, em libertação, visão do futuro, profunda adoração a Deus, e milagres para glorificar a Divindade em meio a uma humanidade incrédula, secularizada e tedienta do seu Criador!
O falar em línguas, o ser curado, o cair debaixo do poder de Deus, o cantar hinos espirituais, o chorar e bater palmas na presença saturada do legítimo poder do Espírito de Deus são indubitavelmente um efeito, e nunca jamais uma causa! Um efeito benéfico, divino, e com fulcros na vera exegese bíblica!
Não fomos curados porque caímos; não fomos batizados porque começamos a gargalhar ou rosnar como loucos; não recebemos a visão dos campos brancos porque fomos arrebatados à revelia; não recebemos ministérios porque uma “nova unção” caiu sobre nós; não fomos vocacionados porque um concílio o decidiu fazer.
Não, absolutamente, não! Somos, e fomos, porque o Espírito Santo operou, e tem operado entre nós…”(op.cit., ed.cit.) (destaque original).
– Esta indevida ênfase nos sinais, prodígios e maravilhas foi a porta aberta para o início das distorções que trouxeram ao “falso pentecostalismo”. Já na lei, o Senhor mandava Israel tomar cuidado com sinas e prodígios, pois estes seriam até permitidos como um verdadeiro “teste de fidelidade” a Israel (Dt.13:1-5) e, por quererem sempre sinais, os judeus acabaram rejeitando o Evangelho (I Co.1:22,23).
– Ao dar início a uma pregação que priorizou a cura divina e os sinais, os deuteropentecostais permitiram que se iniciasse uma busca de manifestações sobrenaturais, uma sede por sinais e milagres que permitiu que o engano se introduzisse no meio do povo.
– Esta insaciedade por manifestações sobrenaturais, por “novidades” fez com que se começasse a falar em uma “nova unção”, em novas manifestações espirituais que demonstrassem uma maior porção do poder de Deus, como se se necessitasse de complemento àquilo que já estava previsto nas Escrituras Sagradas.
– Começam, então, a ser difundidas manifestações sobrenaturais como a “risada santa”, o “cair no Espírito”, “cai-cai” ou “arrebatamento de sentidos” e tantas outras manifestações, que começaram a ser tidas como uma “renovação espiritual”, um “aprofundamento no poder de Deus”, mas que ou eram manifestações puramente carnais, despidas de espiritualidade, ou, o que é pior, manifestações demoníacas.
– Além de se ter completa ausência de tais manifestações na Bíblia Sagrada e, mais especialmente, na igreja primitiva, o que já seria o bastante para afastá-las, tem-se que os efeitos produzidos por elas são diametralmente opostos ao que nos ensina a Palavra de Deus a respeito delas.
– Por primeiro, a Bíblia nos fala que os sinais seguirão os que creem (Mc.16:17) e esta afirmação vem logo a seguir da ordem de Jesus para pregarmos o Evangelho por todo o mundo a toda a criatura. Vê-se, pois, nitidamente, que os sinais sempre foram consequência, efeito da pregação, confirmação da Palavra pregada.
– Assim, totalmente fora do contexto bíblico qualquer movimento ou ação que não fale de salvação, mas fale apenas em cura ou milagre, sem que se diga da necessidade de arrependimento dos pecados e da fé em Jesus como Salvador.
Apresentar Nosso Senhor e Salvador como mero curandeiro é nitidamente antibíblico e fora do contexto.
– Por segundo, é dito que os sinais são feitos em nome de Jesus (Mc.16:17). Ora, se se trata de manifestações do poder de Deus, têm elas como origem o Espírito Santo, Que tem por missão glorificar a Jesus (Jo.16:13,14).
– Normalmente, tais movimentos acabaram por glorificar ao homem, a trazer até uma idolatria, na medida em que há um “endeusamento” do operador de milagres que, não raras vezes, cria uma denominação para si, gera um culto à personalidade, a indicar que toda a atuação não é guiada nem dirigida pelo Espírito Santo.
– Quando se prega a Cristo, os sinais e maravilhas que se seguem glorificam única e exclusivamente ao Senhor Jesus, como se vê na igreja primitiva, em Samaria, por exemplo (At.8:5-8). Quando, porém, se inicia o movimento com propaganda dos sinais e maravilhas, é inevitável a associação disto a pessoa de quem está alardeando tais manifestações.
– Decorreu daí o surgimento do chamado “movimento apostólico” que procurou justificar este “endeusamento” e este “culto da personalidade”, falando em “revitalização” ou “restauração” dos “dons ministeriais de apóstolos e de profetas”, que teriam sido abandonados ao longo da história da Igreja.
– Na verdade, o que esta doutrina quis fazer foi justificar a ideia de que estes “milagreiros” tinham uma “superioridade espiritual” e, portanto, se passou a identifica-los com os “apóstolos” e “profetas” da relação de dons espirituais, querendo dizer que tais dons se teriam perdido ao longo dos séculos.
– Entretanto, este “movimento apostólico” quer, na verdade, criar “mediadores” entre Cristo e a Igreja, que seria os ditos “apóstolos” e “profetas”, sob cuja “cobertura” deveriam viver os demais membros da Igreja.
– Nada mais antibíblico! Só um mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo homem (I Tm.2:5). Todos os salvos são sacerdotes e reis por Jesus (Ap.1:5,6), não havendo qualquer interposição entre Cristo e qualquer membro do Seu corpo.
– A “autoridade espiritual” dos ministros constituídos pelo Senhor na Igreja em momento algum gera uma interrupção entre o relacionamento entre cada salvo e o seu Senhor. Autoridade, na Igreja, significa serviço (Mt.20:25-28; Mc.10:42-45), sendo certo que os apóstolos são os últimos, verdadeiros “escravos de galés” e não “mandões”, como se tem propagado (I Co.4:1,8).
– Como bem disse documento do Presbitério Geral das Assembleias de Deus dos Estados Unidos na sessão de 6 de agosto de 2001:
“Na ênfase atual em Efésios 4:11, o versículo 12 está sendo negligenciado: “… para preparar o povo de Deus para as obras de serviço [ou seja, ministério], para que o corpo de Cristo seja edificado. ”
A ênfase do Novo Testamento está no ministério de todos os crentes. A Reforma Protestante recapturou a verdade bíblica do sacerdócio de todos os crentes. O movimento pentecostal se espalhou como um fogo rápido pelo mundo por causa do ministério dotado do Espírito de todo o corpo.
A igreja deve sempre lembrar que os dons de liderança não são dados para a exaltação de alguns, mas para equipar todo o povo de Deus para o ministério.…” (Apóstolos e profetas. Disponível em: https://ag.org/Beliefs/Position-Papers/Apostles-and-Prophets Acesso em 11 dez. 2020) (tradução do Google).
– Por isso, todas as inovações trazidas com base nesta “cobertura apostólica”, como o movimento celular, o falso conceito de “autoridade espiritual”, o “discipulado apostólico” e tantas outras medidas que têm gerado uma subserviência espiritual de uns membros em relação a outros no corpo de Cristo não têm qualquer amparo bíblico e são distorções que devem ser evitadas, pois não podem os salvos se tornar servos de homens (I Co.7:23).
– Razão tem as Assembleias de Deus norte-americanas, quando afirmam que “…As Assembleias de Deus não reconhecem títulos ou ofícios de “apóstolo” e “profeta”. No entanto, acredita que existem aqueles na igreja que “exercem a função ministerial de apóstolos e profetas”.
As funções apostólicas se relacionam com a evangelização de áreas ou grupos de pessoas não alcançados anteriormente, enquanto as funções proféticas “ocorrem quando os crentes falam sob a unção do Espírito para fortalecer, encorajar ou confortar”.
“A profecia é um dom contínuo do Espírito Santo que é amplamente distribuído conforme a vontade do Espírito nas igrejas pentecostais”.
A profecia preditiva que se prova falsa, ou profecia que “se afasta da verdade bíblica” é uma profecia falsa. As AD acreditam nos quatro dons de ministério de apóstolos, profetas, evangelistas e pastores / mestres, mas observa que não há instruções bíblicas para a nomeação de apóstolos e profetas hoje.…”(Assemblies of God USA. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Assemblies_of_God_USA#:~:text=Apostles%20and%20Prophets%3A%20Th e%20Assemblies,apostle%22%20and%20%22prophet%22.&text=The%20AG%20believes%20in%20the,of %20apostles%20and%20prophets%20today. Acesso em 11 dez. 2020) (tradução Google).
– Por terceiro, os sinais confirmam a Palavra (Mc.16:20; Hb.2:3,4), ou seja, são uma autenticação da presença de Deus em todo o trabalho de evangelização, levando as pessoas a glorificar ao Senhor. Este é o sentido dos sinais e maravilhas: levar a glorificar a Jesus.
– As manifestações do Espírito Santo levam o povo a glorificar a Jesus e têm por finalidade confirmar a Palavra, cuja função é promover a salvação das pessoas. As manifestações espirituais genuínas e legítimas levam à salvação, à transformação, pois confirmam o poder salvífico do Evangelho.
– Manifestações genuínas do Espírito Santo redundam em salvação dos incrédulos e aperfeiçoamento dos santos. Não se tendo tais consequências, estamos diante de manifestações espúrias, que não são autenticadas pelo Espírito de Deus.
– Por quarto, as manifestações do Espírito Santo sempre são úteis (I Co.12:7), ou seja, há sempre um proveito espiritual quando ocorre uma manifestação: ou a salvação de alguém, ou o aperfeiçoamento espiritual, o crescimento espiritual de um salvo.
– Manifestações que trazem proveito algum para a espiritualidade da pessoa, que a mantêm num mesmo nível espiritual ou, por vezes, e não poucas, promovem um decréscimo espiritual, misticismo, comportamento antibíblico, são nitidamente “fogo estranho”, que deve ser extirpado do meio do povo.
– Foi precisamente isto que ocorreu com a chamada “bênção de Toronto”, que nada mai foi que a grande difusão desta ideia de “nova unção”, ocorrido na Igreja Vineyard do Aeroporto de Toronto, no início de 1994, onde teria se iniciado um “avivamento”, com manifestações de “unção do riso”, “unções de animais” e “cair do Espírito”.
– Um dos principais envolvidos nela, o pastor Paul Gowdy, relata as consequências deste movimento, relato que transcrevemos na parte pertinente:
“…Depois de três anos fazendo parte do núcleo da bênção de Toronto nossa Igreja Vineyard em Scarborough ao leste de Toronto, praticamente se autodestruiu.
Devoramo-nos uns aos outros com fofocas, falando mal pelas costas, com divisões, partidarismo, criticas ferrenhas uns dos outros, etc.
Depois de três anos “inundados” orando por pessoas, sacudindo-nos, rolando no chão, rindo, rugindo, rosnando, latindo, ministrando na igreja Internacional do Aeroporto de Toronto, fazendo parte de sua equipe de oração, liderando o louvor e a adoração naquele local, praticamente vivendo ali, tornamo-nos os mais carnais, imaturos, e os crentes mais enganados que conheci. Lembro-me de haver dito ao meu amigo e pastor principal da igreja de Vineyard de Scaraborough em 1997 de que, desde que a bênção de Toronto chegou ficamos esfacelados. Ele concordou.(…)
Finalmente a ficha caiu quando eu rolava pelo chão, certa noite, bêbado no Espírito, como costumávamos dizer, e ali, cantando e rolando no chão, comecei a cantar uma canção de ninar: “Maria tinha um cordeiro e seu pelo era mais alvo que a neve”.
Cantei esta música infantil de maneira debochada e imediatamente alguma coisa em meu coração sussurrou que aquilo era um demônio. (N.T. Ele se refere a canções de Jardim da Infância, ou Nursery Rhyme, em que, nos contos de fada as crianças aprendem a falar cantando linguagens infantis, e refere-se especialmente a Mary had a little Lamb, uma das mais conhecidas). Imediatamente me arrependi e fiquei chocado com aquela experiência.
Como um demônio entrou em mim? Eu amava a Deus? Não era zeloso pelas coisas de Deus? Não era totalmente louco por Jesus? Percebi que um espírito imundo acabara de se manifestar através de minha vida e era culpado de um grande pecado.
Depois disto me afastei da Igreja do Aeroporto (TACF). Não tinha convicção de que deveria denunciar aquelas experiências, mas senti que tínhamos fracassado em pastorear a bênção.…”(GOWDY, Paul. O engano de Toronto. Disponível em: https://www.pastorjoaodesouza.com.br/123/?p=83 Acesso em 22 dez.2020),.
– Diante destas observações, vemos que tudo o que se associa com a “nova unção” é algo que não tem qualquer compatibilidade com as Escrituras, pois não decorrem da genuína pregação do Evangelho, não servem à glorificação de Jesus e não trazem nem salvação de pessoas nem tampouco o aperfeiçoamento espiritual dos salvos.
– Qual o propósito de pessoas ficarem dando gargalhadas por longos períodos de tempo, a chamada “risada santa”, também conhecida como “unção do riso”? O que isto edifica a pessoa ou a igreja?
Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando isto ocorreu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
– Mas alguém pode dizer que há, no livro que conta a vida do missionário pioneiro Gunnar Vingren, escrito por seu filho, uma passagem em que aquele homem de Deus conta de uma experiência de “risada santa” ocorrida em um culto.
Sim, é verdade que há tal relato. Mas Gunnar Vingren alguma vez pregou sobre a necessidade de “risada santa” no meio do povo de Deus? Alguma vez orou para que a “risada santa” viesse sobre os crentes? Uma reação esporádica (e pelo visto única) ao poder de Deus jamais pode gerar uma doutrina.
– Sugerimos, aliás, artigo de nossa autoria, “Gunnar Vingren e a risada santa”, que republicaremos no site
Portal Escola Dominical, onde bem se explica isso.
– Ademais, como bem assinala o pastor Ciro Sanches Zibordi: “…Pentecostais sinceros me perguntam por que o “cair no Espírito” e a “unção do riso” não são manifestações genuinamente pentecostais.
O motivo da dúvida desses irmãos é compreensível: quando lemos a respeito do avivamento de Azusa Street, em Los Angeles (1906), e acerca do início da Assembleia de Deus no Brasil (1911), são comuns as menções a momentos em que irmãos caíam sob o poder de Deus ou riam sem parar. Como explicar isso?
(…) Respeito esses pioneiros do pentecostalismo, porém, ao escrever este artigo, minha fonte de autoridade — primária, inquestionável, primacial, infalível, inerrante — continua sendo a Palavra de Deus.(…) um culto a Deus não deve levar os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23).
O que pensam os não-crentes que assistem a certos “cultos” em que pessoas caem ao chão, riem sem parar, rosnam, latem, mugem, rugem, uivam e rolam umas sobre as outras?
O culto coletivo deve ter ordem e decência; tudo deve ocorrer a seu tempo: louvor, exposição da Palavra, manifestações do Espírito (vv.26-28,40). Um culto que não tem ordem nem decência é dirigido pelo Espírito?…” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Por que “o cair no poder” e ao “unção do riso” são antibíblicos. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/10/por-que–o-%E2%80%9Ccair-no-poder%E2%80%9D-e-a-%E2%80%9Cuncao-do-riso%E2%80%9D-sao-antibiblicos.html Acesso em 18 dez. 2020).
– A bem da verdade, se formos ao livro do filho de Gunnar Vingren em que houve a coletânea dos diários do missionário pioneiro, veremos que, em viagem que fez a Criciúma/SC, em julho de 1920, ao encontrar um grupo de lituanos que servia a Deus, repreendeu-os duramente porque, em seus cultos, havia manifestações que deveriam ser abandonadas, como danças e pulos nos intervalos de oração, sem qualquer racionalidade ou proveito.
OBS: Eis o trecho do livro Diário do Pioneiro Gunnar Vingren onde se conta tal episódio: “…Todos aqui são da Lituânia. Receberam-me muito bem.
De noite foi realizado um culto, mas como era em idioma lituano, eu não compreendi nada. Primeiro, cantaram um hino.
Depois todos tiraram os sapatos e deitaram no chão, formando um círculo. Depois que todos haviam orado, começaram a pular e a dançar durante mais ou menos meia hora. Depois se puseram de joelhos outra vez e oraram.
Eu os exortei a que deixassem essa coisa de dançar, pois isto não está escrito em o Novo Testamento e era uma bobagem que eles deveriam abandonar.
No dia seguinte ocorreram as mesmas coisas.. Diziam que eram dirigidos pelo Espírito Santo e um deles era considerado profeta.
Eu então falei seriamente com ele e disse-lhe que não é por meio de profecia, de interpretação e de línguas que devemos ser dirigidos. Isso nos foi dado para nossa edificação, mas a direção verdadeira e a instrução necessária vêm da Bíblia, que é a Palavra de Deus clara e infalível.
Eles então prometeram acabar com a dança, Porém, fizeram a mesma forma no dia seguinte. Enganaram-me, e no meio da dança mandaram-me embora. Eu então os deixei…” (VINGREN, Ivar. Diário do pioneiro Gunnar Vingren, 5.ed., p.116).
– Com relação ao “cair no Espírito”, também chamado de “cai-cai”, “repouso no Espírito” ou “dormir do Espírito”, muito oportuno o que nos fala a respeito o pastor Ciro Sanches Zibordi no artigo já mencionado:
“…Muitos defensores dos ‘moveres’ em apreço apegam-se a interpretações errôneas da Bíblia, inclusive para compor canções pelas quais dizem que não conseguirão ficar de pé ante a glória do Senhor. Baseiam-se, por exemplo, em 2 Crônicas 5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem, com a boca cheia: ‘Os sacerdotes não resistiram a glória de Deus e caíram no poder’. Que engano! Veja o que a Bíblia realmente diz: ‘E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR’ (1 Rs 8.10,11).
Como se vê, a frase ‘não podiam ter-se em pé’ tem sido entendida como ‘caíram no poder’. Mas ela, na verdade, denota que os sacerdotes ‘não puderam permanecer ali’, o que fica ainda mais claro na versão Almeida Revista e Atualiza (ARA). Eles não suportaram permanecer no local ministrando! Não tinham como resistir a glória divina presente ali. Por isso, não permaneceram no local. Onde está escrito que eles caíram no poder?…” (op.cit.end.cit.)
– Qual o propósito de pessoas caírem desmaiadas, perderem os sentidos e depois, ao tornarem a si, ficarem meio abobadas e não saberem descrever o que sentiram durante o tempo em que estavam “adormecidas” ou “arrebatadas”?
O que isto edifica a pessoa ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando isto ocorreu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
– Mas alguém pode nos dizer que há diversas passagens bíblicas em que as pessoas caíram por causa da presença gloriosa do Senhor.
Sim, indubitavelmente, há narrativas bíblicas que descrevem que, diante da manifestação da glória do Senhor ou da Sua presença, pessoas não puderam suportar a situação e caíram, como no caso de Daniel (Dn.10:9) ou João (Ap.1:17).
Isto é uma reação à manifestação da glória de Deus. Mas, pergunta-se: tais pessoas perderam o sentido? Ficaram depois abobadas sem saber o que aconteceu? Evidentemente que não!
– E, mais, tais manifestações da glória de Deus ou da presença do Senhor tinham por objetivo mostrar a presença do Senhor no meio do Seu povo ou, no caso de João na ilha de Patmos, confirmar que o apóstolo estava na companhia do Senhor e que era autêntica a revelação que se seguiria. Casos pontuais e que se esgotam nas próprias Escrituras.
– Qual o propósito de pessoas passarem a agir como animais, urrando como leões, rastejando como cobras ou coisas assim?
O que isto edifica a pessoa ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando isto ocorreu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
– Pelo contrário, o apóstolo Paulo diz que nosso culto deve ser racional, com entendimento (Rm.12: 1,2; I Co.14:14-16).
Como, então, sabendo que Deus nos fez seres racionais, os únicos dotados de razão na face da Terra, entender que o Espírito Santo nos transforme em animais irracionais? Evidentemente que se trata de um contrassenso, de negação pura e simples do que nos ensina a Bíblia Sagrada.
– Como afirma o pastor Paul Gowdy: “…Hoje, olhando pra trás fico me perguntando como fiquei tão cego assim?
Eu via as pessoas imitando cachorros, fazendo de conta que urinavam nas colunas da Igreja do Aeroporto.
Observava as pessoas agirem como animais latindo, rugindo, cacarejando, fazendo de contas que voavam, como se asas tivessem, comportando-se como bêbados, entoando cânticos “sem pé nem cabeça”, isto é, sem sentido algum.
Hoje fico perplexo em pensar que eu aceitava tais coisas como manifestações do Espírito Santo. Era algo irreverente e blasfemo ao Espírito Santo da Bíblia.…” (op.cit.end.cit.).
– Qual o propósito de pessoas começarem a vomitar incessantemente ou de se fixarem como lagartixas nas paredes dos templos? O que isto edifica a pessoa ou a igreja? Quantas pessoas alcançam salvação a partir disto? Quando isto correu na igreja primitiva? Onde isto se encontra na Bíblia Sagrada?
– Ainda trazendo o testemunho de Paul Gowdy: “…Depois de um ano na “bênção” preguei num encontro de pastores e falei:
“Amigos, temos nos sacudido, nos arrastado pelo chão, rolamos por terra, rimos, choramos e adquirimos as camisetas da igreja.
Mas não temos avivamento, nem salvação, nem frutos, nem aumento de evangelização, por isso, qual é a graça?”.
Fui repreendido – afinal, quem era eu para anelar frutos quando o Senhor estava curando seu atribulado povo? Durante anos éramos legalistas, e Deus agora estava restaurando as feridas libertando-nos do legalismo.
Aconselharam-me a não forçar o Senhor que os resultados apareceriam no tempo certo. Eu sabia que isto estava errado, pois o Senhor ordenou fazer discípulos de todas as nações. O argumento era: temos direito a um ano sabático, pois, quem sabe por quanto tempo Deus fará coisas novas e diferentes!…” (op.cit.end.cit.).
– Tais manifestações mais representam um aviltamento da pessoa humana e sobrenaturalidades que demonstram, claramente, que há nítida influência demoníaca. Tomemos cuidados, amados irmãos.
– O reverendo Eronides da Silva, tantas vezes aqui mencionado, bem salientou que tais manifestações, ditas como sendo de “nova unção”, podem ser oriundas de diversas causas, são fenômenos espirituais, autossugestivos, telepáticos ou demonológicos, ou seja, respectivamente, são reações pessoais ao Espírito Santo, sugestões da nossa própria mente, atuações em nossa mente por parte de outras pessoas ou manifestações demoníacas.
– Se não fizermos a inversão da mensagem, pregando que Jesus salva, certamente evitaremos todos estes males.
Temos de pregar a Cristo e, a exemplo de Felipe e todos os crentes da igreja primitiva, devidamente revestidos de poder e com dons espirituais para que, no momento em que pregarmos, vejamos a confirmação da Palavra com sinais, prodígios e maravilhas.
– É preciso buscarmos o dom espiritual de discernimento dos espíritos para que saibamos, diante das manifestações sobrenaturais que acontecerem, o que realmente está ocorrendo, se trata de manifestação do Espírito Santo, ou não.
– Por fim, devemos sempre buscar a manifestação dos genuínos dons espirituais, dos genuínos sinais que seguem aos que creem, aqueles que estão na Bíblia Sagrada e que trazem salvação dos incrédulos e aperfeiçoamento dos santos, aquelas manifestações que são realmente úteis para o povo de Deus.
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/6210-licao-8-comprometidos-com-a-palavra-de-deus-i-e-apendice-n-1-o-falso-pentecostalismo-as-chamas-do-fogo-estranho