Jovens – Lição 10- Sofonias: O Dia do Juízo está Chegando
O livro de Sofonias mostra-nos que Deus julgará aos impenitentes “no dia do Senhor”.
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos o livro de Sofonias, o nono livro no cânon do Antigo Testamento.
– No livro de Sofonias, temos, uma vez mais, a mensagem de que Deus julgará os impenitentes “no dia do Senhor”.
I – O LIVRO DE SOFONIAS
– Na sequência do estudo dos profetas menores, estudaremos hoje o livro de Sofonias, o nono livro do cânon.
– Em hebraico, “Tsephan-Yah”, que significa “Jeová esconde”, “Jeová protege”, ou, ainda, “tesouro”. Sofonias pertencia à família real judaica, pois era filho de Cusi, tataraneto do rei Ezequias. Seu ministério desenvolveu-se nos dias do rei Josias, o último rei fiel de Judá (Sf.1:1).
– Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem cronológica, editada entre nós pela Editora Vida, situa a profecia de Sofonias logo após o início do ministério do profeta Jeremias, cerca de 624 a.C. (data defendida por Reese), exatamente quando Babilônia se torna independente da Assíria, pouco antes do início da restauração do templo, uma das importantes medidas do avivamento promovido pelo rei Josias (II Rs.22:3).
– A mensagem de Sofonias, que é, assim, contemporâneo a Jeremias, caminha no mesmo sentido do anúncio do “profeta das lágrimas”. É o anúncio do juízo de Deus sobre Judá em virtude de sua impenitência. Por mencionar, em um versículo, a figura de uma torre, foi “redescoberto” por muitos escatólogos, que procuraram ver, neste livro, uma profecia sobre a destruição das torres gêmeas do World Trade Center em New York, em 11 de setembro de 2001. Devemos ter muito cuidado com esta histérica busca de confirmação de fatos históricos na Bíblia Sagrada, seja através de textos explícitos, seja através de códigos ou mecanismos similares. A Bíblia prediz, sim, muitos acontecimentos, mas não é nisto que se mostra a sua autoridade e inerrância.
– O livro de Sofonias, que tem três capítulos, pode ser dividido em três partes, a saber:
- a) 1ª parte – o temível dia do Senhor – Sf.1:2-2:3
- b) 2ª parte – profecias contra as nações – Sf.2:4-15
- c) 3ª parte – julgamento de Jerusalém e estabelecimento do reino – Sf.3
– Embora se refira, primordialmente, à destruição de Judá, seguindo, assim, a mesma tônica da profecia de Jeremias, o livro de Sofonias também tem uma aplicação escatológica, referente ao “Dia do Senhor”.
– Em Sofonias, vemos, mais uma vez, Deus no controle da história e prometendo a instauração, após o julgamento das nações, de uma época de paz e de comunhão com Ele. OBS: ” O Livro de Sofonias ante o Novo Testamento – Jesus pode ter aludido a Sofonias duas vezes (1.2,3, cf. Mt.13.40-42; 1.15, cf. Mt.24.29). Ambas as referências ahcama-se associadas à Sua segunda vinda. Os escritores do NT entendiam a mensagem de Sofonias a respeito do ‘dia do Senhor’ como uma descrição dos eventos escatológicos que terão início na grande tribulação e culminarão quando Jesus voltar para julgar os vivos e os mortos (cf. 1.14 com Ap.6.17; 3.8 com Ap.16.1). Freqüentemente o NT refere-se à segunda vinda de Cristo e ao dia do juízo como ‘o Dia'(e.g., 1 Co.3.13; cf. 1 Tm.1.12,18; 4.8).”(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1341).
“Cristo Revelado – O significado do nome de Sofonias ( ‘O Senhor encobriu’) conduz ao ministério de Jesus Cristo. A verdade da Páscoa no Egito, onde aqueles que foram encobertos pela marca do sangue nas portas foram protegidos do anjo da morte, é repetida na promessa de 2.3, onde aqueles mansos da Terra que preservaram a justiça de Deus serão encobertos no Dia da ira do Senhor. Cl.3.2,3 explica esse aspecto do ministério de Cristo: ‘ Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra, porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.’ O regozijo sobre um restante salvo (3.16,17) está relacionado com a obra de Jesus, o Salvador. Jesus disse: ‘Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecado que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento'(Lc.15.7). A figura de um alegre Redentor que aguarda receber os Seus é, novamente, descrita em Hb.12.2:’Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz., desprezando a afronta, e assentou à destra do trono de Deus.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.909).
– Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Sofonias tem 3 capítulos, 53 versículos, nenhuma pergunta, 14 ordenanças, 4 promessas, 86 predições, 45 versículos de profecias, 5 versículos de profecias cumpridas, 40 versículos de profecias não cumpridas e 4 mensagens distintas de Deus (Sf.1:2; 2:1; 3:1,8).
– Segundo alguns estudiosos da Bíblia, o livro de Sofonias, o 36º livro da Bíblia, está relacionado com a décima quarta letra do alfabeto hebraico, nun (נ), cujo significado é “continuidade”, “perpetuidade”, “posteridade”. O livro de Sofonias estaria, assim, relacionado com a reforma religiosa empreendida por Josias e como uma demonstração de que Deus é eterno e que Sua vontade prevalecerá eternamente, com o castigo dos impenitentes.
II – O TEMÍVEL DIA DO SENHOR
– O livro de Sofonias começa com a apresentação do profeta, que tem sua genealogia indicada, a mostrar, portanto, que se tratava de um nobre, de alguém de descendência real. “Filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias”. Esta genealogia mostra-nos, com clareza, que Sofonias era descendente do rei Ezequias, portanto um integrante da família real.
– Isto nos mostra que Deus não faz acepção de pessoas, podendo chamar tanto nobres quanto plebeus, tanto doutos como indoutos, tanto ricos como pobres. Enquanto levantava, dentre os sacerdotes, Jeremias para ser Seu profeta, o Senhor, também, no palácio, levantava a Sofonias para o mesmo mister.
– Não se pense, porém, que o fato de Sofonias ser da família real era uma vantagem para o exercício do ofício profético. Nos dias em que vivia Sofonias, a família real estava extremamente contaminada pelo pecado, porquanto estávamos no início do reinado de Josias, num período em que Judá se encontrava sobremodo pervertido, já que seu avô Manassés havia feito coisas horrendas, tendo sido o pior rei de Judá (II Cr.33:1-20) e, embora tenha se arrependido no final de sua vida, todas as suas misérias haviam sido restauradas no curto reinado de seu filho Amom (II Cr.33:21-25).
– Tanto assim era que o próprio Sofonias, em sua mensagem, chama os príncipes de Judá de seu tempo de leões rugidores no meio de Jerusalém” e os juízes, de “lobos da tarde” (Sf.3:3), expressões que indicam o nível de perversidade existente na classe dirigente judaíta daqueles tempos. Ser, portanto, um profeta do Senhor em meio a este ambiente foi, sem dúvida, um fardo muito pesado para aquele servo de Deus.
– A palavra do Senhor veio a Sofonias e, em meio a um ambiente tão adverso e pecaminoso, o profeta traz um duro oráculo da parte de Deus: “Inteiramente consumirei tudo sobre a face da terra, diz o Senhor.
Arrebatarei os homens e os animais; consumirei as aves dos céus, e os peixes do mar, e os tropeços com os ímpios; e exterminarei os homens de cima da terra, disse o Senhor.” (Sf.1:2,3).
– O Senhor não deixa a menor sombra de dúvida: todo o pecado dos judaítas seria punido e castigado, com a ampla destruição de tudo quanto havia sobre a face da Terra. Deus não Se deixa escarnecer e, portanto, diante da prática reiterada do pecado e da total indiferença do povo aos chamados ao arrependimento (II Cr.33:10), outra solução não haveria senão a destruição cabal.
– Sabemos todos que, realmente, cerca de quarenta anos depois destas profecias, o reino de Judá realmente foi destruído e o povo levado cativo para a Babilônia, por um período de setenta anos, como foi profetizado por Jeremias (Jr.25:11). No entanto, esta mensagem do profeta não se restringe apenas a Judá, tendo aplicação para os últimos dias da história da Terra.
– Com efeito, como vemos em o Novo Testamento, tanto no livro do Apocalipse quanto na segunda carta de Pedro, também chegará o tempo em que o Senhor tudo consumirá sobre a face da Terra, a fim de fazer surgir novos céus e nova terra onde habitam a justiça (Ap.20:11; 21:1; II Pe.3:7-10).
– Deus já destruiu o mundo por ocasião do dilúvio (Gn.7:17-24), tendo prometido a Noé que não mais o faria com água (Gn.9:11), o que não significa dizer que a Terra duraria para sempre, pois o próprio Deus, dirigindo-se a Noé, deixou claro que a Terra não duraria para sempre (Gn.8:22).
– Esta destruição da Terra dar-se-á pelo fogo, como indica o próprio profeta Sofonias (Sf.1:18; 3:8), como, aliás, fez o Senhor com relação às cidades da planície (Gn.19:24,25).
– Portanto, ao contrário de alguns estudiosos da Bíblia, não podemos ver na profecia de Sofonias um “exagero poético” (figura de linguagem chamada “hipérbole”) ao dizer que o Senhor consumirá toda a Terra, já que se tratava “apenas” da destruição dos judaítas, pois o texto tem aplicação para o futuro, em que haverá, sim, a destruição de todo este universo tal qual o conhecemos.
– Alguém poderia objetar esta afirmação, dizendo que Deus não destruiria o que havia criado, o que, por primeiro, é objeção desmentida pelas próprias Escrituras, que dão exemplos de destruição, conforme já vimos, como é o caso do dilúvio e das cidades da planície. Por segundo, tal objeção esquece-se de que Deus é o dono de todas as coisas (Sl.24:1) e, portanto, faz parte do Seu senhorio a decisão de desfazer o que fez. Além do mais, a criação não é um fim em si mesma e, desta maneira, não há que se perquirir sobre a sua continuidade ou não, já que eterno é tão somente o Criador. Por fim, lembremos que a destruição tem por objetivo criar novos céus e nova terra onde habita a justiça, ou seja, é um bem e não um mal, o que está perfeitamente dentro do caráter do Senhor.
– No anúncio da destruição, o profeta Sofonias bem mostra este objetivo de purificação do Senhor, pois fala que a destruição se dará com o envolvimento dos ímpios, sendo estes “os homens que serão exterminados de cima da terra”.
– Na sequência da mensagem, o profeta diz que o Senhor estenderia Sua mão contra Judá e os habitantes de Jerusalém, exterminando “o resto de Baal” e “o nome dos quemarins com os sacerdotes” (Sf.1:4).
– Bem se percebe aqui que o problema que levaria à destruição do reino de Judá era o seu envolvimento com a idolatria, com o paganismo. Deveria ser exterminado “o resto de Baal”, ou seja, o que havia de ainda de idolatria no meio do povo, bem como “o nome dos quemarins com os sacerdotes. Os quemarins eram os “sacerdotes pagãos”, ou seja, os sacerdotes das divindades que eram adoradas pelos judaítas juntamente com a adoração ao Senhor.
– O povo de Deus não pode se misturar com o paganismo, com a idolatria. Esta mistura resulta na condenação daqueles que serviam a Deus, pois, como se sabe, o limpo quando se envolve com o sujo torna-se sujo, jamais o sujo se torna limpo (Ag.2:12,13).
– Nos dias de Manassés, Judá havia se enveredado como nunca no caminho da idolatria e, apesar do arrependimento do rei no final da sua vida, o fato é que a mentalidade idólatra havia predominado e prevalecido naquela geração, de sorte que, em morrendo Manassés, Amom, seu filho, restabeleceu toda a idolatria novamente (II Cr.33:22) e este restabelecimento foi tal que, mesmo diante da reforma religiosa de Josias, não houve mudança de hábitos e de mentalidade no povo judaíta, levando-o ao cativeiro, mas com a destruição de todos quantos se envolveram nessas coisas.
– A apostasia caracteriza-se por essa insensibilidade a Deus e pelo envolvimento contínuo com as coisas pecaminosas. O povo judaíta, a começar da classe dirigente, estava completamente envolvida com o pecado e com a idolatria, achando que nada lhes aconteceria (Sf.1:12). Ao praticarem todos estes atos horrendos, eles achavam que Deus nada lhes faria, por isso diziam, como afirma Sofonias em sua mensagem: “O Senhor não faz bem nem faz mal” (Sf.1:12 “in fine”).
– No entanto, Deus abomina o pecado e, a Seu tempo, toma providências para restabelecer a santidade que Lhe é devida. Embora os judaítas impenitentes achassem que nenhum mal lhes sucederia, o fato é que Deus a todos destruiria, retirando não só o pecado mas, também, os seus praticantes.
– Deus traria com aqueles que “se curvavam ao exército do céus e os que se inclinavam jurando ao Senhor e jurando por Malcã, os que deixavam de andar em seguimento do Senhor e os que não buscavam ao Senhor nem perguntavam por Ele” (Sf.1:5,6).
– Outra característica da apostasia é a “vida dupla”, ou seja, ao mesmo tempo em que cultuavam a Malcã, que é o mesmo deus Moloque, deus dos amonitas, cujos rituais, inclusive, exigiam sacrifícios de crianças, também iam ao templo para “cultuar ao Senhor”. O apóstata perde totalmente a sensibilidade espiritual e, por isso, consegue ter uma “vida sacra” e uma “vida secular” completamente incompatíveis e excludentes, achando que o mero formalismo religioso o livra de qualquer punição ou castigo divinos.
– Os dias em que vivemos são muito semelhantes aos dias de Sofonias. Muitos são os crentes que têm “vida dupla”: participam de uma “vida eclesiástica”, mas, também, possuem uma “vida paralela”, onde prevalece o pecar e o mundanismo. Há, ainda, aqueles que procuram adaptar a “vida eclesiástica” ao mundanismo, trazendo “inovações” e “novidades” para o culto a Deus, a fim de diminuir o abismo que existe entre a sua vida aparente e a sua vida real, que está completamente divorciada da vontade do Senhor.
– Entretanto, para estes que têm “vida dupla”, anunciemos a mensagem do Senhor através de Sofonias: todos quantos insistem em aparentemente servir a Deus e, ao mesmo tempo se houver com o pecado e o mundo, ter a “mentalidade gentílica”, serão exterminados, pois Deus não tolera “o resto de Baal” nem “o nome dos quemarins com os sacerdotes”. Lembremos disto, amados irmãos!
– Estes que assim vivem, segundo a palavra de Sofonias, “deixaram de andar em seguimento ao Senhor”, “não buscam ao Senhor nem perguntam por Ele”. São tão incrédulos quanto os que nunca fizeram profissão de servir a Deus. Vivem de um passado que nada significa, pois o que vale é a nossa situação presente diante do Senhor, a nossa fidelidade a Deus a cada instante, a cada momento.
– A apostasia caracteriza-se, também, pela falta de comunicação com Deus. “Não buscam ao Senhor nem perguntam por Ele”, diz o profeta a respeito daqueles que somente em aparência serviam a Deus mas que já estavam totalmente envolvidos com a idolatria e o “modus vivendi” dos gentios que viviam ao redor de Judá. Não havia comunicação com Deus, viviam uma vida completamente distante da orientação e da vontade de Deus.
– Amados irmãos, será que não estamos como estes que seriam exterminados em Judá segundo a profecia de Sofonias? Temos mantido comunicação com o Senhor através de uma vida de meditação nas Escrituras e uma vida de oração? Temos buscado a Deus, procurando saber a Sua vontade e ter uma intimidade com Deus? Ou será que temos apenas tido uma vida de formalismo religioso, de hábitos religiosos, sem qualquer intimidade com o Senhor?
– Nos dias em que vivemos, infelizmente, poucos são os que têm buscado ao Senhor e perguntado por Ele. A vida espiritual da esmagadora maioria dos crentes é completamente árida, não tem momentos de meditação nas Escrituras, não tem momentos de oração, não há a busca do poder de Deus (batismo com o Espírito Santo, dons espirituais). Vive-se de folguedos, de “shows gospel”, de cultos onde prevalece o formalismo e o ritualismo, não raras vezes com mistura do que é mundano e profano, a começar do “louvor”. Será que seremos exterminados como foram os judaítas mencionados por Sofonias? Tomemos cuidado!
– Sofonias anuncia que “o dia do Senhor está perto, porque o Senhor preparou o sacrifício e santificou os Seus convidados” (Sf.1:7). Temos mais um profeta que nos faz lembrar do “dia do Senhor”, dia este que, como anunciado já por outros profetas menores, já estudados em lições anteriores, não é um dia de boas novas para quem se recusa a obedecer e a servir a Deus.
– O profeta Sofonias compara “o dia do Senhor” a um “sacrifício”, expressão que nos faz lembrar o livro do Apocalipse, em que o extermínio dos rebeldes contra Deus, na batalha do Armagedom, que porá fim à Grande Tribulação, é chamado de “a ceia do grande Deus” (Ap.19:17).
– O sacrifício, na Bíblia Sagrada, envolve sempre um aspecto de julgamento, de juízo., pois trata sempre de morte de uma vítima em lugar do pecador. O próprio sacrifício de Cristo no Calvário, o antítipo de todos os sacrifícios da lei, é o julgamento do pecado, pois “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb.9:22).
– Assim, quando o profeta chama de “sacrifício” e de “dia do sacrifício ao Senhor” (Sf.1:8) ao “dia do Senhor”, está a falar do julgamento que haverá da parte de Deus a todos quantos se negaram a obedecer-Lhe, a todos quantos se recusaram a servi-l’O, momento do castigo, que alcançaria os príncipes e os filhos do rei, seguidores da idolatria de Manassés e de Amom, como também “todos os que se vestem de vestiduras estranhas”, indicando aqui aqueles que se vestiam para os rituais idólatras, com vestes que não eram as estabelecidas pela lei.
– Nos dias hodiernos, também há muitos que “estão vestidos de vestes estranhas”, que não se encontram com as “vestes de salvação” dadas pelo Senhor quando de nossa redenção (Is.61:10). São pessoas que não têm mais “o incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é preciso diante de Deus” (I Pe.3:4), pessoas que abandonaram “a simplicidade que há em Cristo” (II Co.11:3) e que se deixaram enganar pelo pecado, passando a ostentar “vestes pecaminosas”, “vestiduras estranhas”, cujo fim será a perdição e destruição. Quais são as nossas vestes? Que lembremos aqui as palavras do poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão: “Em breve do céu Jesus virá nos buscar; com gran poder, virá Jesus. E nós devemos todos preparados estar, com vestes brancas e brilhando como a luz” (estrofe do hino 317 da Harpa Cristã), pois como disse o próprio Senhor na carta que mandou à igreja de Sardo, somente os que estiverem vestidos de branco é que serão dignos de andar com Ele (Ap.3:4).
– O profeta, sem quaisquer rodeios, diz que também serão castigados aqueles que “saltam sobre o umbral, que enchem de violência e engano a casa dos seus senhores” (Sf.1:9), referindo-se os que transgrediam aos mandamentos, que ultrapassavam os limites impostos pela lei do Senhor, gerando, em razão disto, tanto violência quanto engano. Quando não pautamos nosso comportamento pela Palavra de Deus, o resultado é violência e engano, pois sempre estaremos a nos apartar da verdade, que é a Palavra do Senhor (Jo.17:17).
– O juízo divino não pode ser impedido por qualquer poder humano. A violência e o engano beneficiavam os poderosos, “os senhores”, como são denominados os príncipes e os filhos do rei, mas, “naquele dia”, disse o profeta, seriam ouvidos os uivos, os clamores dos pecadores, de nada adiantando, inclusive, o poder político e econômico que viessem a possuir. O profeta é bem claro ao afirmar que, naquele dia, “todos os carregados de dinheiro são destruídos” (Sf.1:11), que “amargamente clamará ali o homem poderoso” (Sf.1:14) e que “nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor” (Sf.1:18).
– A profecia de Sofonias encontra aqui, também, uma ressonância no livro do Apocalipse, a mostrar que a mensagem não se circunscrevia à destruição do reino de Judá mas também se projeta para o final dos tempos. No capítulo 18 do livro do Apocalipse vemos a descrição da queda da chamada “Babilônia comercial”, ou seja, do sistema econômico estabelecido pelo mundo sem Deus e sem salvação, pelos gentios, em suma. Ali, também, os ricos mercadores chorarão a queda da “Babilônia comercial” e o fato de que não haverá mais quem possa comprar as suas mercadorias (Ap.18:10,11).
– Muitos que cristãos se dizem ser têm se desviado da fé porque têm passado a amar o dinheiro (I Tm.6:9,10), têm se iludido com o poder econômico e com as vantagens que ele oferece no mundo em que vivemos. No entanto, este poderio, como tudo que vem do mundo, é passageiro e incerto, não se vendo confiar nas riquezas, mas, sim, em Deus (I Tm.6:17). Toda e qualquer opulência material baseada no pecado e no vício será devidamente arruinado pelo juízo divino. Lembremos disto!
– Para os ímpios, o “dia do Senhor” é “dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas nuvens, dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas” (Sf.1:16).
– Por isso, amados irmãos, muitos não querem mais ouvir falar do “dia do Senhor”. Por isso, já há lugares que se dizem ainda igrejas evangélicas mas onde a mensagem da vinda de Jesus foi eliminada dos púlpitos, a fim de que os ímpios, que ali proliferam, não venham a ser incomodados nem alertados. No entanto, um dos pontos principais da pregação do Evangelho é a mensagem de que Jesus brevemente virá. Não podemos nos calar, amados irmãos, pois isto faz parte da mensagem que devemos levar ao mundo!
– Como reagimos à mensagem de que Jesus brevemente virá? Será que somos incomodados, que nos sentimos angustiados com esta notícia quando ela nos é lembrada? Se isto se dá, é sinal de que não estamos em comunhão com o Senhor, pois tal mensagem só pode gerar angústia e má perspectiva para aqueles que pecam contra o Senhor, para os “cegos espirituais” cujo sangue se derramará como pó e a carne como esterco quando do juízo divino (Sf.1:17). A Igreja, ao revés, deseja ansiosamente o retorno do Senhor. Ora, juntamente com o Espírito Santo: “Ora vem, Senhor Jesus” (Ap.22:17,20).
– Eis o motivo pelo qual a vinda do Senhor Jesus deve ser sempre uma mensagem constante nos púlpitos das igrejas locais, uma vez que se trata de um importantíssimo termômetro espiritual para que cada crente verifique como está seu relacionamento com Deus: se é dos pecadores, cegos, apóstatas para quem o dia do Senhor é um dia tenebroso ou se é um servo fiel e em perfeita comunhão com o Senhor e que, por isso, está a pedir a volta de Cristo juntamente com o Espírito Santo. A que grupo pertencemos?
– Outra característica da apostasia trazida pelo profeta Sofonias é a falta de “vergonha” (Sf.2:1). A vergonha aqui se explica como “pudor”, como “respeito”, como “reverência”, enfim, como “temor”. Quem tem “vergonha”, respeita os mandamentos do Senhor, é reverente aos Seus estatutos e preceitos, é obediente.
– O apóstata, porém, já não tem mais este sentimento em seu interior. Sua consciência está cauterizada, não tem ele mais qualquer sensibilidade espiritual, de modo que tanto faz como tanto fez seguir, ou não, aos mandamentos do Senhor. Era precisamente o que acontecia com o povo de Judá nos dias de Sofonias, a começar da família real: serviam aos ídolos, praticavam adivinhações e feitiçarias e, depois, sem qualquer reverência ou temor, iam ao templo oferecer os sacrifícios mandados pela lei de Moisés, como se nada tivesse acontecido antes.
– A falta de temor é uma característica marcante nos dias em que vivemos. Há milhares e milhares de supostos crentes que, dia após dia, participam das atividades eclesiásticas, mas que antes ou depois delas estão a cometer pecados abomináveis, a ter uma vida completamente alheia à vontade de Deus. Chegam, mesmo, pasmem os amados, a participar da mesa do Senhor e, em pouco tempo depois, a estar também a participar das iguarias do mundo, algo que o apóstolo Paulo disse ser impossível (I Co.10:21) e que somente contribui para a própria condenação dos que assim agem (I Co.11:29).
– Para os que assim procedem, o profeta Sofonias é bem claro em sua mensagem ao adverti-los que, se não buscassem ao Senhor, se não se arrependessem, não escapariam do dia da ira do Senhor (Sf.2:2,3).
– Para que se escape do dia da ira do Senhor, é preciso ser manso e buscar ao Senhor. Quem são os mansos da terra? O próprio profeta responde: “os que põem por obra o Seu juízo” (Sf.2:3), ou seja, os que praticam aquilo que o Senhor tem mandado na Sua Palavra. OBS: A Bíblia de Jerusalém traduz a expressão por “os que realizais o Seu julgamento”; a Bíblia Hebraica traduz a expressão por “os que tendes cumprido Seus preceitos”. A Versão Almeida e Atualizada traduz a expressão por “os que cumpris o Seu juízo”; a Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “os que obedecem às leis de Deus” e a Nova Versão Internacional, “vocês que fazem o que Ele ordena”.
– Somente aqueles que praticam, que fazem o que o Senhor manda é que estão livres do dia da ira do Senhor. Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo nos fala que Jesus é o que nos salva da ira futura (I Ts.1:10), tendo o próprio Senhor Jesus prometido à igreja em Filadélfia que os livraria da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo porque ela guardava a Sua Palavra (Ap.3:10).
– Assim, não há qualquer cabimento dizer-se que a Igreja passará pela Grande Tribulação, o juízo que há de vir sobre a Terra e que é o primeiro passo do “dia do Senhor”, que ocorrerá depois do arrebatamento da Igreja. Todos quantos forem fiéis seguidores do Senhor Jesus, que O amarem (e o amor a Deus se prova fazendo o que Jesus nos manda – Jo.14:23; 15:14), estarão livres da ira que virá sobre o mundo, pois quem crê no Filho tem a vida eterna mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece (Jo.3:36).
– Os mansos da Terra estarão livres do dia da ira do Senhor porque, em primeiro lugar, buscam a Deus e, por buscarem a Deus, buscam, também, a justiça e a mansidão, motivo pelo qual “serão escondidos no dia da ira do Senhor” (Sf.2:3).
– Buscar a justiça é buscar cumprir a Palavra de Deus, pois ela é reta e justa (Sl.119:1, 128,137,138). Por isso, nossos julgamentos devem ser feitos à luz da Palavra de Deus e não da aparência enganosa dos homens e do mundo (Jo.7:24).
– Nos dias em que vivemos, porém, muitos são os que procuram viver segundo seus próprios parâmetros, seus próprios pensamentos, deixando de lado o que dizem as Escrituras. Não façamos isto, pois, caso contrário, ficaremos sujeitos ao dia da ira do Senhor!
– Buscar a mansidão é procurar ser manso e, deste modo, aprender de Cristo, que é manso e humilde de coração (Mt.11:29). Trata-se, portanto, de imitar a Cristo (I Co.11:1), de seguir-Lhe as pisadas, de seguir-Lhe o exemplo (I Pe.2:21). Não é à toa que, ao longo da história da Igreja, obras que tenham procurado mostrar o exemplo de Cristo tenham sido fatores de grandes avivamentos espirituais, como é o caso da “Imitação de Cristo” de Tomás de Kempis (1379 ou 1380-1471) e de “Em seus passos que faria Jesus?” de Charles Sheldon (1857-1946).
– Temos pertencido ao grupo dos “mansos da Terra”? Temos buscado ao Senhor e, “ipso facto”, buscado a justiça e a mansidão? Temos procurado cumprir a Bíblia Sagrada? Temo-la adotado como nossa única regra de fé e prática? Temos buscado imitar o Senhor Jesus, aprendendo d’Ele ? Se quisermos escapar da ira divina, não nos resta outra alternativa!
III – PROFECIAS CONTRA AS NAÇÕES
– Após ter feito uma chamada ao arrependimento, em mais uma demonstração de que Deus não tem prazer na morte do ímpio, o profeta Sofonias anuncia o juízo contra algumas nações que se encontravam ao redor de Judá, para demonstrar que estava a tratar todos os impenitentes, fossem eles, ou não, integrantes do povo que era Sua propriedade peculiar dentre os povos (Ex.19:5,6).
– A primeira nação a sofrer o juízo divino é a nação dos filisteus, que é mencionada por quatro das cinco cidades (Gaza, Asquelom, Asdode e Ecrom), não se fazendo menção de Gate. O profeta é claro ao afirmar que a nação filistina seria “desamparada, assolada, expelida e desarraigada”. O Senhor anuncia que aquele povo seria destruído e que seu território seria ocupado pelos judaítas (Sf.2:4-7).
– Os filisteus eram descendentes de Cão (Gn.10:6,14), que ocuparam a região litorânea da terra de Canaã alguns séculos antes da libertação de Israel do Egito. Realmente, conforme profetizado por Sofonias, este povo desapareceu, pois, na atualidade, a região é habitada por árabes,a denominada “Faixa de Gaza”, hoje controlada pelos palestinos do grupo Hamas, que esteve sob domínio do Estado de Israel desde a Guerra dos Seis Dias (1967) até a desocupação unilateral ocorrida em 2005.
– Os filisteus sempre foram inimigos de Israel e tipificam aqui todos os que se levantam contra o povo de Deus. Estes inimigos da Igreja, que, na verdade, são inimigos do próprio Jesus (At.9:5), serão, no tempo determinado por Deus, igualmente desamparados, assolados, desarraigados e expelidos e não pelas mãos dos servos do Senhor, mas por uma ação direta da parte de Deus, o reto e supremo juiz. Aleluia!
– A segunda e terceira nações mencionadas pelo profeta Sofonias são Moabe e Amom, os filhos incestuosos de Ló com suas filhas (Gn.19:36-38). De Moabe e de Amom vinham os cultos idolátricos adotados pelos nobres dos dias de Sofonias, em especial o culto a Malcã ou Moloque.
– Estes povos seriam punidos e castigados não só pela sua idolatria, que contagiara os judaítas, mas pela sua atitude de escárnio e pelas injuriosas palavras que proferiram por ocasião da destruição dos judaítas e de sua redução ao cativeiro. Os moabitas e amonitas se alegraram e se engrandeceram com a miséria de Judá e, a exemplo do que Obadias profetizou com relação a Edom, que teve comportamento similar, também seriam destruídos por causa disso.
– O profeta informa que Moabe e Amom seriam destruídos assim como Sodoma e Gomorra, virando locais onde haveria assolação perpétua, tornando-se em campos de urtiga e poços de sal, sendo que o restante dos seus territórios seria saqueado e possuído por Judá, tudo isto como retribuição por sua soberba e escárnio (Sf.2:9,10). O Senhor promete aniquilá-los e “a todos os deuses da terra” (Sf.2:11).
– Quando vemos boa parte do território onde existiram os reinos de Moabe e Amom, na atualidade, em região que hoje pertence à Jordânia, vemos que esta profecia se realizou, pois são regiões desérticas e inóspitas, a nos mostrar que a Palavra de Deus é a verdade.
– Moabe e Amom também tipificam aqueles que escarnecem do povo de Deus, cuja soberba faz com que oprimam os que servem ao Senhor e que, também, fomentam seus falsos ensinos junto a alguns que, crendo em suas mentiras, abandonam o caminho do Senhor. Tais pessoas serão devidamente punidas e castigadas pelo Senhor, como foram Moabe e Amom.
– Sofonias também nos revela que, após o juízo divino, as nações deverão vir adorar o Senhor, “cada um desde o seu lugar toas as ilhas das nações” (Sf.2:11 “in fine”), a mostrar, portanto, que, após o juízo divino, haverá um período em que Judá estará em eminência e todas as nações virão a adorar o Senhor, período este que outro não é senão o reino milenial de Cristo, que se seguirá à Grande Tribulação (Ap.20:4).
– A quarta nação a sofrer o juízo divino será a Etiópia que o profeta diz, de modo bem sucinto, que será morto com a espada do Senhor (Sf.2:12), certamente porque se unirá aos inimigos do povo do Senhor, o que nos faz lembrar da profecia de Ezequiel, que seria proferida anos depois da de Sofonias, que nos fala de uma guerra que se dará entre Israel e outras nações, a chamada “guerra de Gogue e Magogue” (Ez.38:5), episódio dos mais discutidos na escatologia, mas que entendemos ser uma guerra imediatamente anterior à aliança entre Israel e o Anticristo, que dará início à Grande Tribulação, guerra em que Israel alcançará poderio na comunidade internacional a recomendar ao Anticristo uma aliança e não um conflito.
– A quinta nação mencionada por Sofonias é a Assíria, então a potência mundial e que iniciava o seu ocaso, pois, como vimos, segundo Reese e Klassen, a profecia de Sofonias se deu logo em seguida à independência da Babilônia da Assíria, evento que é o início do fim do poderio assírio, que seria destruído pelos babilônios.
– Sofonias aqui reitera o conteúdo da profecia de Naum, que, segundo Reese e Klassen, teria profetizado cerca de dez anos antes, anunciando a destruição de Nínive, que se tornaria “uma assolação, terra seca como o deserto” (Sf.2:13), o que é uma realidade patente aos olhos de quem quiser visitar o território onde existiu Nínive nos dias de hoje.
– Nínive seria destruída precisamente porque se ensoberbecera, dizendo: “Eu sou e não há outra além de mim” (Sf.2:15), sendo caracterizada pelo profeta como uma “cidade alegre e descuidada”.
– Nínive tipifica aqui os que vivem “alegre e descuidadamente” neste mundo, não fazendo caso nem conta de Deus e de Sua soberania. Pessoas que são soberbas, que não creem na existência de Deus, tanto que fazem o que bem entendem. São “ateístas práticos”, ou seja, pessoas que, em suas ações e atitudes, revelam não crer na existência de Deus, pois não se importam com o que o Senhor fala a respeito de sua conduta. Tais pessoas serão, assim como Nínive, submetidas à ira do Senhor. Que Deus nos guarde!
IV – JULGAMENTO DE JERUSALÉM E ESTABELECIMENTO DO REINO
– Depois de ter mencionado o juízo sobre algumas nações, o profeta Sofonias volta a falar do povo de Judá e, mais especificamente, de Jerusalém, a capital do reino.
– Jerusalém é chamada de “cidade rebelde, manchada e opressora”, porque não aceitara o castigo divino, não confiara no Senhor nem se aproximara do seu Deus (Sf.3:1).
– Jerusalém havia sido visitada por muitos profetas que traziam a mensagem de Deus e que conclamava o povo ao arrependimento, para que eles escapassem da ira divina, mas, infelizmente, a cidade não dera ouvidos aos profetas. Antes, como dirá o Senhor Jesus ao chorar sobre ela, ficara conhecida por ser uma cidade que matava os profetas em vez de lhes dar ouvidos (Mt.23:37; Lc.13:34).
– Por não dar ouvidos à voz do Senhor, Jerusalém foi considerada uma cidade rebelde. Não dar ouvidos ao Senhor é rebelião contra Deus e rebelião é como o pecado de feitiçaria (I Sm.15:23). Será que estamos a praticar o mesmo, amados irmãos? Temos dado ouvidos às constantes mensagens que o Senhor tem mandado à Sua Igreja nestes últimos dias da dispensação da graça?
– Mas, como não deu ouvidos à voz do Senhor, Jerusalém deixou de se santificar, tendo se tornado uma “cidade manchada”. A Palavra de Deus nos purifica, nos lava (Ef.5:26), nos santifica (Jo.17:17). Quando deixamos de dar lugar à Palavra do Senhor, tornamo-nos “manchados”, deixamos de ser limpos (Jo.15:3). Quem não estiver limpo, não faz parte da Igreja do Senhor, pois ela é “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Estamos imaculados, ou seja, sem macha, amados irmãos?
– Mas, além de ser rebelde e manchada, Jerusalém também foi chamada de “opressora”. Com efeito, por praticar o pecado e dele não se arrepender, Jerusalém fomentou a injustiça e a opressão na sociedade. Seus príncipes são considerados como “leões rugidores no meio dela” e os seus juízes, como “lobos da tarde, que não deixam ossos para o outro dia” (Sf.3:3).
– O quadro existente em Jerusalém era de extrema iniquidade, como se vê na leitura dos livros dos profetas contemporâneos a Sofonias, como Habacuque e Jeremias. Havia uma grande opressão social, uma desmedida exploração dos mais humildes pelos mais poderosos. Até mesmo os profetas e os sacerdotes transgrediam a lei e tornavam a situação extremamente injusta e precária (Sf.3:4).
– A injustiça aumentava ainda mais porque não se confiava em Deus nem se aproximava do Senhor. Uma das características da apostasia é a incredulidade e o distanciamento do Senhor, coisas que bem verificamos em nossos dias. E, mais uma vez, o profeta diz que, diante deste quadro, o que prevalece é a “falta de vergonha” (Sf.3:5 “in fine”).
– No entanto, diante de um quadro tão dantesco, o profeta nos faz lembrar que Deus estava no meio de Jerusalém e Deus, ao contrário daquela população apóstata, é justo e não comete iniquidade, de modo que “cada manhã traz o Seu juízo à luz” (Sf.3:5).
– Amados irmãos, não importa o que esteja acontecendo à nossa volta, inclusive entre os que cristãos se dizem ser. Devemos, tão somente, confiar em Deus e n’Ele esperar, pois “cada manhã traz o Seu juízo à luz”. O Senhor é justo, santo e não permitirá que o mal triunfe. Embora, por vezes, ao vermos o que acontece, sejamos tentados a achar que o mal venceu, lembremos que Deus está em nosso meio e fará prevalecer, no tempo determinado, a justiça e a santidade. Sirvamo-l’O, pois de todo o coração, buscando a Sua face, para sermos poupados do dia da ira do Senhor.
– A confiança do profeta era tanta que, ao se referir ao juízo do Senhor, emprega o tempo no pretérito, como que vendo o cumprimento daquilo que estava sendo prometido. O Senhor haveria de exterminar as nações, as suas torres seriam desoladas, as suas praças seriam feitas desertas, as suas cidades seriam destruídas e não ficaria ninguém (Sf.3:6).
– Tais juízos divinos realmente serão lançados durante a Grande Tribulação, como demonstram os selos, trombetas e taças mencionados no livro do Apocalipse sobre todos quantos se recusaram a aceitar a salvação gloriosa na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, mas, a exemplo de João (Ap.4:1), todos quantos buscaram ao Senhor, a Sua justiça e mansidão, assistirão a tudo isto “de camarote”, no céu, quando estivermos a participar do tribunal do Cristo e das bodas do Cordeiro. Vale a pena servir a Deus, sofrer o vitupério de Cristo aqui nesta Terra. Aleluia!
– O profeta ainda avisa que o Senhor, ao executar o juízo, lembrará os impenitentes de que eles haviam sido avisados de que poderiam dele escapar se tivessem se arrependido, mas que preferiram corromper-se a se converter (Sf.3:7).
– Esta mesma situação é retratada pelo Senhor Jesus na parte final do sermão do monte. O Senhor também diz que chegará o dia em que muitos que diziam servi-l’O procurarão argumentar com o Senhor a respeito de suas obras, mas serão lançados fora porque praticaram a iniquidade, não sendo, pois, conhecidos do Senhor (Mt.7:21-23). Que Deus nos guarde de pertencer a este grupo!
– O profeta reafirma a mensagem divina de que haverá um dia em que o Senhor congregará todas as nações e executará o Seu juízo sobre elas por causa de sua impenitência, instante em que o Senhor derramará a Sua indignação e todo o ardor da Sua ira (Sf.3:8).
– O objetivo divino, como já dito supra, não é a destruição pela destruição, mas, sim, a destruição dos impenitentes, para que haja a purificação da Terra. Tanto assim é que, após o anúncio do juízo, o Senhor revela, por intermédio de Sofonias, que ao que restarem serão dados “lábios puros aos povos para que todos invoquem o nome do Senhor, para que O sirvam com um mesmo espírito” (Sf.3:9).
– Temos, mais uma vez, a notícia de que ao juízo da Grande Tribulação virá um período histórico de adoração de todas as nações ao Senhor, um período histórico de justiça, paz e santidade, que é o reino milenial de Cristo, instante em que os povos virão oferecer de longe sacrifícios ao Senhor (Sf.3:10).
– Neste tempo, o Senhor revela que o remanescente de Israel será um povo humilde e pobre, bem diferente dos soberbos impenitentes dos dias de Sofonias, um povo que será santo e não mais cometerá qualquer iniquidade (Sf.3:13).
– Diante desta promessa, o profeta Sofonias insta o povo a cantar e rejubilar diante de Deus, pois haveria de alcançar a salvação, tinha de ter esta esperança, desde que não praticasse a iniquidade (Sf.3:14). O “dia do Senhor” para os fiéis, portanto, é um dia de alegria, pois o juízo divino prenuncia um período de bênção e de comunhão com Deus. Temos esta mesma esperança, amados irmãos? Estamos prontos para reinar com o Senhor? Nossa vida espiritual nos permite ter a convicção de que fazemos parte do “remanescente de Israel”?
Pensemos nisto!
– Para os fiéis, Deus não vem como o exterminador, mas, sim, como Aquele que está em nosso meio, que é poderoso para nos salvar (Sf.3:17), como Aquele que extermina apenas o inimigo, que está em nosso meio e que nos garante que não veremos mal algum (Sf.3:15).
– Para os fiéis, o “dia do Senhor” é o dia em que serão fortalecidos, em que a tristeza dará lugar à alegria, em que todos serão congregados e os que coxeiam serão salvos, os que foram expulsos serão recolhidos e receberão louvor e um nome em toda a Terra em que foram envergonhados (Sf.3:19), um tempo em que não haverá mais a menor possibilidade de sermos novamente escravizados pelo pecado (Sf.3:20). Queremos, ou não, a vinda do “dia do Senhor”?
Colaboração para o portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco