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LIÇÃO Nº 4 – O MINISTÉRIO AVIVADO DE JESUS 

INTRODUÇÃO 

– Na sequência do estudo do chamado das Escrituras para o quebrantamento e o poder de Deus, veremos o ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo sob este prisma. 

– Jesus exerceu Seu ministério cheio do Espírito Santo. 

I – NOTAS SOBRE O MINISTÉRIO DE JESUS 

– Na sequência do estudo sobre o avivamento, o chamado das Escrituras para o quebrantamento e o poder de Deus, analisaremos, sob este prisma, o ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 

– Para que haja um correto entendimento do tema, faz-se preciso, por primeiro, dizer o que é o “ministério de Jesus” e como deve ser Ele entendido. 

– O título da lição é o “ministério avivado de Jesus”, ou seja, temos, de pronto, a noção de que o ministério de Jesus foi um “ministério avivado”, ou seja, um ministério em que o avivamento foi uma constante. 

– Mas aí vem uma primeira questão. Mas Jesus precisava ser “avivado”? Não é Ele a própria vida (Cf. Jo.1:4: 14:6)? 

– Temos aqui, portanto, que bem delinear do que estamos a analisar. Jesus é o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, é Deus e, como tal, é a própria vida. Entretanto, não é disto que iremos tratar. 

– Nós estamos aqui a tratar do “ministério de Jesus” e, quando falamos em “ministério”, falamos de “ação do ministro”. Ora, “ministro” nada mais é que “servo”. Quando falamos de ministério, portanto, estamos a falar de serviço, de um trabalho, de uma obra realizada. 

– Na Sua oração sacerdotal, Jesus deixou bem claro que havia vindo a este mundo para realizar uma obra determinada pelo Pai (Jo.17:4). Assim, o “ministério” tem a ver com Jesus Cristo homem, o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós (Jo.1:14). 

– O ministério de Jesus abrange, portanto, o serviço empreendido por Cristo neste mundo, ao Se humanizar e a cumprir, assim, as profecias que indicavam a vinda do “Servo do Senhor”, como vemos, por exemplo, em algumas passagens do livro do profeta Isaías, onde há, inclusive, os “cânticos do Servo” (Is.42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13-53:12). 

– Destarte, o ministério de Jesus somente se inicia quando Ele vai até João Batista para ser batizado no rio Jordão, quando tinha cerca de trinta anos (Lc.3:23), ministério que teve a duração de três anos e meio, o que se deduz pelo fato de, nos Evangelhos, serem registradas três Páscoas às quais Jesus compareceu já no exercício de Seu ministério. 

– Temos, portanto, que o ministério foi exercido por Jesus Cristo homem, o que nos faz entender da necessidade de se ter a plenitude do Espírito Santo desde o seu início, como bem atesta o evangelista Lucas (Lc.4:1), plenitude que, aliás, havia sido profetizada por Isaías (Is.11:1,2). 

– Por ser uma ação de Jesus Cristo homem, o ministério do Senhor está delimitado tanto no tempo, ou seja, estes três anos e meio entre o batismo e a ascensão, como também no espaço, porquanto o Senhor afirmou que viera para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.15:24; Jo.1:11). 

– O ministério de Jesus, por fim, é um exemplo e referência para todos os Seus discípulos ao longo do tempo da dispensação da graça, pois Ele tudo fez para nos deixar o exemplo (Jo.13:15; I Pe.2:21). 

– Assim é que o ministério de Jesus foi, sim, avivado, porque houve a plenitude do Espírito Santo desde o início dele, pois não se pode fazer válida e legitimamente a obra salvífica sem que se tenha tal enchimento do Espírito. 

– Esta necessidade, demonstrada no ministério de Jesus, foi reforçada pelo próprio Senhor quando mandou que os discípulos não iniciassem a missão para a qual haviam sido chamados enquanto não fossem revestidos de poder (Lc.24:49). 

II – O AVIVAMENTO DO MINISTÉRIO DE JESUS JÁ INDICADO NO BATISMO DO SENHOR 

– Há alguns anos atrás, tivemos a oportunidade de assistir a um ensino do pastor José Carlos Alves Magalhães, da Assembleia de Deus – Ministério de São Miguel Paulista – São Paulo/SP, onde ao se ministrar sobre avivamento se utilizou o batismo de Jesus por João. 

– Lamentavelmente, naquela oportunidade, não pudemos registrar aquele ensino, mas passamos a meditar sobre o tema e aqui iremos proceder a uma reflexão que, evidentemente, não tem o brilho da apresentada naquela oportunidade por tão grande ensinador da Palavra. 

– Observemos, por primeiro, que Jesus foi até João para ser batizado porque atendeu ao chamado do profeta, que pregava a necessidade de as pessoas se arrependerem de seus pecados e se batizarem, assumindo o compromisso de aguardar, em comunhão com o Senhor, o Messias que estava para chegar. 

– Ao ir até João, Jesus nos mostra que devemos atender ao chamado profético, ao chamado do Senhor. Os profetas agem como “porta-vozes” de Deus, trazem-nos mensagens divinas, conclamando o povo a retomar o caminho do Senhor, a melhorar os seus caminhos na sua peregrinação espiritual. 

– Ainda hoje temos profetas na Igreja (Ef.4:11), com esta mesma função de trazer o povo ao arrependimento e ao crescimento espiritual.  

Verdade é que, na dispensação da graça, não podem eles apresentar qualquer revelação progressiva de Deus, como fizeram os profetas do Antigo Testamento, nem tampouco têm por papel fazer o povo observar a lei, já que estamos na nova aliança firmada no sangue de Cristo, mas prosseguem a nos exortar e nos confirmar servir ao Senhor (At.15:32). 

– O avivamento exige de cada um de nós esta disposição de sermos sensíveis à voz do Senhor e a atendermos aos Seus reclamos para que “aplainemos nossos caminhos”. 

– Quando Jesus veio até João, este profeta, cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Cf. Lc.1:44), o que o fez o maior dos profetas (Lc.7:28), percebeu que se tratava do Cristo e, evidentemente, não queria batizá-l’O visto que Jesus não tinha pecado. 

– Jesus, entretanto, disse a João que deveria ser batizado, pois era necessário cumprir toda a justiça, ou seja, Jesus tinha de assumir o lugar do pecador e isto fez desde o início de Seu ministério. 

– Somente teremos avivamento quando reconhecermos a nossa condição de pecadores e que Jesus veio assumir o nosso lugar e que, portanto, somos salvos pela graça de Deus, não por qualquer merecimento. 

 Avivamento vem quando assumimos a posição de pecador e que dependemos de Cristo para nossa sobrevivência. 

– João, então, batiza Jesus no rio Jordão. Jesus assume a posição dos pecadores, mas os céus se abrem. Quando assumimos a condição de pecadores e reconhecemos que Jesus é o nosso Salvador, os céus se abrem para nós. O avivamento é a situação em que os céus estão abertos para os contritos. 

– Quando Jesus saiu da água, os céus se abriram (Mt.3:16; Mc.1:10; Lc.3:21; . Quando morremos para o mundo e abandonamos o pecado (Rm.6:1-4), os céus se abrem para nós. Não olvidemos que, mesmo apedrejado, Estêvão pôde perceber que os céus estavam abertos para ele (At.7:56). 

– Os céus se abriram e uma voz se ouviu do céu, a voz do Pai que anunciou o Filho: “Este é Meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt.3:17). 

– O avivamento dá-nos uma situação de comunicação com os céus. Os céus não só estão abertos, como há comunicação entre os servos do Senhor e o próprio Deus.  

Uma voz é ouvida do céu, ou seja, estamos sempre em condições de seguir a direção vinda dos céus e, deste modo, estar em perfeita comunhão com nosso Senhor e Salvador, que é quem agora nos envia na tarefa da pregação do Evangelho, como Jesus, em Seu ministério, foi enviado pelo Pai (Jo.20:21). 

– É interessante observar que “a voz de Deus” estava presente no monte Sinai quando se firmou a aliança entre o Senhor e Israel (Dt.4:12,13). Foi “a voz” que trouxe a aliança com o povo e era “a voz” que o povo deveria sempre seguir, tanto que os profetas eram levantados para relembrar o que “a voz” disse. 

– A “voz de Deus”, denominada pelos judeus de “Bat Kol” (“Filha da voz”), “…era o instrumento através do qual Deus proclamava Sua vontade e intenção, Seus julgamentos e promessas, Seus avisos e ordens, a indivíduos escolhidos, até mesmo a comunidades, e por vezes a todo o povo de Israel.…” (BAT KOL. In: AUSUBEL, Nathan. Conhecimento judaico. In: A JUDAICA, v.5, p.68). 

– O avivamento é estado em que há o atendimento à voz de Deus, em que são cumpridos todos os desígnios divinos, em que há plena obediência ao Senhor. Quer saber se se está diante de um avivamento genuíno? Observe se as pessoas estão a ouvir a voz de Deus! 

– Jesus foi testificado pelo Pai porque O agradava. Havia vivido sem pecado até aquele momento e Se revelava ao mundo assumindo a posição do pecador, que era o objetivo da Sua vinda, do Seu envio pelo Pai.  

Estava a cumprir toda a justiça de Deus, estava a satisfazer o desejo do Pai, a obedecer à missão que Lhe fora confiada. 

– O avivamento é decorrência de uma atitude de obediência ao Senhor e de agrado a Ele. Não podemos ser discípulos de Jesus se não O agradarmos (Gl.1:10). Somos, também filhos de Deus, por termos crido em Jesus (Jo.1:12) e precisamos ter o mesmo testemunho de Deus sobre nós. O agrado a Deus é circunstância necessária para que tenhamos o avivamento. 

– O avivamento se retroalimenta desta maneira. Jesus agradou ao Pai, aceitando vir ao mundo para fazer a Sua vontade (Hb.10:5-7), sacrificando-Se para satisfazer a justiça divina e, assim, resgatar a humanidade do pecado (Hb.10:8-10).  

Como resultado disso, foi cheio do Espírito Santo, pois o Espírito desceu sobre Ele em forma de pomba, para que pudesse exercer o ministério na plenitude do Espírito, como se fazia necessário (Mt.3:16; Mc.1:10). 

– O avivamento é caracterizado pela plenitude do Espírito Santo. Jesus saiu do batismo cheio do Espírito Santo (Lc.4:1), pois só assim poderia cumprir o Seu ministério.  

Evidentemente que a plenitude do Espírito em Jesus era total, pois Jesus não tinha pecado, mas Seu enchimento mostra que se tem aqui uma necessidade de sermos revestidos de poder para bem executarmos a obra que Jesus nos deixou a fazer. 

– No dia seguinte ao batismo, Jesus volta para onde estava João (Jo.1:29), para que fosse publicamente anunciado como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.  

É esta a mensagem que é anunciada quando se tem avivamento: a pregação do Evangelho, a pregação da salvação na pessoa de Jesus Cristo, a “palavra da cruz”. 

– Jesus é apontado por João que O mostra ao povo como o Messias, Aquele que tinha a plenitude do Espírito Santo e que batizaria com o Espírito Santo, Aquele que era o Filho de Deus.  

O avivamento faz com que preguemos que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e brevemente voltará, o Evangelho completo, o chamado “Evangelho quadrangular”. 

– Um avivamento genuíno não foge desta mensagem. Um avivamento genuíno mostra Jesus e o Seu poder de curar e batizar com o Espírito Santo. 

– Depois de ser anunciado por João como sendo o Cristo, que faz Jesus? Toma a palavra de João e começa a chamar para Si os discípulos do Seu precursor? Não, não e não. Vai para o deserto, porque foi conduzido pelo Espírito Santo para tanto (Mt.4:1; Mc.1:12,13; Lc.4:1,2). 

– O avivamento faz-nos ter uma vida na direção do Espírito Santo, uma vida sem questionamento quanto à vontade divina, ainda que isto possa parecer paradoxal.  

O momento da manifestação da glória de Deus, o revestimento de poder não nos pode fazer esquecer que estamos neste mundo, que está no maligno (I Jo.5:19) e que, portanto, estamos numa batalha contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais (Ef.6:12). 

– O avivamento leva-nos a uma vida de jejum e oração para que tenhamos condição de enfrentar o maligno (Mt.4:2; Lc.4:2).  

No deserto, há privação de tudo e isto nos mostra que o avivamento não impede as privações materiais, como muitos enganosamente têm alardeado por aí. Jesus não só teve de enfrentar a escassez, mas também as feras que habitavam naquele lugar (Mc.1:13). 

– Todavia, um servo de Deus avivado, cheio do Espírito Santo, que se mantém em jejum e oração, vence as tentações e, inclusive, recebe o auxílio divino por meio de anjos (Mt.4:11; Mc.1:13), pois os anjos são espíritos ministradores enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb.1:14). 

– Não se pode, ademais, deixar de observar-se que a vitória sobre a tentação se deu mediante o uso das Escrituras. Jesus venceu o tentador sempre mostrando o que “estava escrito”, pois a arma de ataque ao inimigo na armadura de Deus outra não é senão a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef.6:17). 

– O ministério de Jesus é uma constante de meditação e pregação das Escrituras (Mt.4:23; 9:35; Mc.1:14; Lc.4:44; 8:1), tanto que as ensinava com autoridade (Mt.5:2; 7:29; Mc.2:13; 4:2; Lc.4:15,31; 5:3; 13:10; 19:47; Jo.7:14; 8:2,28) e de jejum e oração (Mt.14:23; 17:21; 26:36,44; Mc.6:46; 9:29; Lc.6:12; 9:28; 11:1; 22:45). Por isso, a plenitude do Espírito Santo recebida no início jamais se acabou. 

– Temos, portanto, aqui, na tentação de Jesus no deserto, os dois elementos que são indispensáveis para que se mantenha a vida espiritual, para que não sejamos vencidos na batalha espiritual com o maligno: jejum e oração e as Escrituras. 

– São estes os dois primeiros fatores que farão do ministério de Jesus um ministério avivado, que nos serve de exemplo e referência. 

III – O PAPEL DAS ESCRITURAS NO AVIVAMENTO DO MINISTÉRIO DE JESUS 

– Temos visto que a arma de ataque utilizada pelo Senhor Jesus no deserto para vencer as tentações do diabo foi a Palavra de Deus. A cada investida do tentador, Jesus respondia com um “está escrito” (Mt.4:4,7,10; Lc.4:4,8,12). 

– Tem-se aqui, por primeiro, que Jesus Se estribou nas Escrituras, a nos provar que a “Palavra de Deus” está toda ela contida na Bíblia Sagrada.  

Alguns procuram fazer uma distinção entre “Palavra de Deus” e “Escrituras”, mas Jesus, que é a própria Palavra, o Verbo (Jo.1:1), não faz tal distinção, sempre recorrendo ao que estava escrito. 

– Jesus ensinou-nos que somente podemos testificar d’Ele se sempre nos referirmos às Escrituras, Suas testemunhas (Jo.5:39). 

– A mensagem de Jesus era totalmente escriturística. Já aos doze anos, no templo, o Senhor mostrou Seu completo domínio das Escrituras junto aos doutores (Lc.2:45,46), pois o Senhor tinha de ser a Sabedoria entre nós (Pv.8:22-36; Lc.2:52; 11:31,49; I Co.1:30). 

– Ao ser apresentado por João ao povo, foi como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, ou seja, o cumprimento das profecias, o cumprimento da lei, Aquele que traria a redenção tão aguardada e figurada no cerimonial levítico. 

– A pregação de Jesus também indicava este cumprimento. Dizia o Senhor: “o tempo está cumprido” (Mc.1:15). Jesus é o Cristo e o Cristo é o profeta como Moisés que teria as palavras do Senhor na Sua boca e falaria tudo quanto fosse ordenado por Deus (Dt.18:18; Jo.15:15). 

– As mensagens do Senhor tinham sempre respaldo nas Escrituras, como se pode verificar no sermão do monte, que é a síntese de Sua doutrina, onde deu o exato sentido daquilo que estava escrito, como também desmentiu aquilo que era ensinado mas que não estava escrito. 

– Em Seus sermões, Jesus não perdia oportunidade de fazer citações das Escrituras, de esclarecê-las, como também de trazer reflexões sobre elas, mostrando, assim, aos Seus discípulos, que devemos sempre meditar nas Escrituras, delas aprender, para que tenhamos condições de caminhar rumo aos céus. 

– Não é à toa que os apóstolos, depois, em suas pregações, iriam sempre trazer citações escriturísticas e que Mateus, ao querer provar aos seus compatriotas judeus, que Jesus era o Cristo, fê-lo por meio da constante alusão das ações de Jesus como cumprimento das Escrituras, ao escrever o evangelho de sua autoria. 

– Jesus confirma, assim, que não há qualquer avivamento se não houver fundamento nas Escrituras, porque são as palavras de Cristo espírito e vida (Jo.6:63), o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16). 

– A vida espiritual começa pela fé (Rm.5:1,2) e a fé vem pelo ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17) e o que foi escrito o foi para que tenhamos esperança pela paciência e consolação das Escrituras (Rm.15:4). 

– Ao mesmo tempo, vemos o cuidado do Senhor Jesus em não confundir as Escrituras com a tradição. Embora fosse seguidor das tradições, a fim de não promover o escândalo entre os judeus, criando condições de credibilidade e confiabilidade para a pregação do Evangelho (Cf. Lc.4:16), porquanto a encarnação significa, inclusive, a assunção da condição de judeu, filho de Abraão e de Davi (Cf. Mt.1:1), pois nasceu de mulher e sob a lei (Gl.4:4), Jesus jamais permitiu que a tradição superasse a Palavra de Deus. 

– Deste modo, sempre deu à tradição o seu devido lugar, subalterno em relação às Escrituras, pois não se pode admitir que a tradição invalide os mandamentos divinos (Mt.15:6; Mc.7:9), sempre ensinando que não se pode querer criar mandamentos humanos que se sobreponham à lei de Deus (Mt.23:4), cujo único objetivo é, precisamente, impedir a salvação das pessoas (Mt.23:13). 

– O apego à tradição em lugar das Escrituras é um fator que compromete a vida espiritual e que se apresenta como um obstáculo ao avivamento. Trata-se, como diz Nosso Senhor, de uma religiosidade vazia (Mty.15:9; Mc.7:7), que só gera perdição (Mt.23:15). 

– O avivamento, portanto, se, de um lado, não é um estado de “quebra de paradigmas”, de “inovações” que atacam as tradições e os bons costumes, de outro, não se coaduna com um tradicionalismo que substitui o ensino da sã doutrina, que se sobreponha à verdade escriturística. 

– O ministério de Jesus fez-se em estrito cumprimento às Escrituras, tanto que cumpriu uma a uma todas as profecias a Seu respeito, a ponto de, na cruz, dizer que estava com sede tão somente com o propósito de cumprir o que estava escrito (Jo.19:28). 

– Jesus não só meditava, refletia e ensinava as Escrituras, mas também as cumpria. Não há como termos um avivamento se não houver o cumprimento da Palavra de Deus, algo que a própria Bíblia Sagrada nos manda fazer (Tg.1:22). 

IV – O AVIVAMENTO NO MINISTÉRIO DE JESUS – JEJUM E ORAÇÃO 

– Jesus ensinou-nos que orar é um dever perpétuo (Lc.18:1) e que Seus discípulos deveriam jejuar depois que Ele fosse para os céus (Mt.9:15; Mc.2:20; Lc.5:35). 

– Por isso, Seu ministério é marcado tanto pelo jejum quanto pela oração. Já vimos que, logo no início do ministério, Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites, para que enfrentasse o inimigo no deserto. 

– O Espírito Santo foi quem impeliu Jesus para o deserto e também para o jejum e oração. A oração, reforçada pelo jejum, é uma necessidade para que possamos ter uma vida espiritual plena. 

– Notemos que Jesus foi jejuar e orar depois que havia sido cheio do Espírito Santo. O revestimento de poder leva-nos à oração e ao jejum, não é fator que nos dispensa de tais práticas.  

Muitos são os que, hoje em dia, oram e jejuam constantemente até serem batizados no Espírito Santo e depois relaxam neste aspecto, o que permitirá que sejam facilmente vencidos pelo maligno. 

– Jesus sempre manteve uma vida de oração. Ao deixar a glória para Se encarnar, a primeira coisa que o Senhor fez foi orar (Cf. Hb.10:5-7), o que nos ensina que, não se estando na glória celestial, não pode o salvo deixar um só instante de orar.  

Como estamos fora das mansões celestiais enquanto estamos aqui na Terra, entendemos porque o Senhor nos mandou orar sempre e não desfalecer (Lc.18:1) e porque o apóstolo Paulo afirmou que devemos orar sem cessar (I Ts.5:17) e orar em todo o tempo (Ef.,6:18). 

– Jesus orou constantemente durante todo o Seu ministério (Mt.14:23; 26:36,42,44; Mc.1:35; 6:46; 14:35,39; Lc.5:16; 6:12; 9:28; 11:1; 22:41,44,45). A oração era uma nota tão marcante em Sua vida que os discípulos pediram que Ele os ensinasse a orar (Lc.11:1). 

– Jesus morreu orando (Lc.23:46) e, ressurreto e assunto aos céus, está agora à direita do Pai, orando por nós (Rm.8:34). 

V – O AVIVAMENTO NO MINISTÉRIO DE JESUS – OS SINAIS 

– Mas Jesus também fazia sinais, prodígios e maravilhas que confirmavam a Sua pregação e ensino, como também revelavam o resultado de Sua vida de oração e jejum. Jesus curava enfermos e expulsava demônios (Mt.4:23,24; 9:35; 12:28; Mc.1:39; Lc.4:40; 6:19; 11:20). 

– A plenitude do Espírito Santo é demonstrada mediante a realização de sinais, prodígios e maravilhas. 

Não há como se ter um avivamento se o reino de Deus não for mostrado no meio do povo, se o poder de Deus não for manifestado. 

– Jesus tinha de realizar sinais, pois o Cristo seria um “profeta como Moisés” (Dt.18:18,19) e o que destacou o ministério de Moisés foi a presença de sinais e maravilhas ao longo de sua missão de libertar e levar Israel até a Terra Prometida (Dt.34:10-12). 

– Como costuma afirmar o pastor Luiz Henrique de Almeida Silva, o pioneiro das aulas de EBD na internet, da Assembleia de Deus Celebrando o Rei, “metade do Evangelho é composto da realização de sinais e maravilhas”, é elemento essencial da obra de Deus. 

– Marcos termina o evangelho de sua autoria mostrando que os sinais confirmavam a palavra que era pregada pelos discípulos (Mc.16:20). Os sinais autenticavam a messianidade de Jesus e que o reino de Deus estava já entre os israelitas (Mt.12:28; Lc.11:20). 

– A cura de enfermidades e de doenças era um dos sinais. Através da cura divina, Jesus mostrava que o Evangelho não só proporciona a redenção do homem interior (alma e espírito), mas também do próprio corpo. 

– Como bem afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia divina [Mc.1:40,41; Mt.14:14], que, através do poder do Espírito Santo [At.10:38; Lc.4:18,19], restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo [At.3:16; 14:8-10] …” (DFAD, XXI, p.178). 

– Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com virtude para fazer o bem e curar todos os oprimidos do diabo e isto acontecia porque Deus era com Ele (At.10:38). A cura divina era um sinal de confirmação de que Jesus era o Cristo e de que Deus estava com Ele. 

– Por meio das curas, as pessoas tinham a confirmação de que Jesus era o Cristo e criam n’Ele como tal (Jo.9:32,33; 10:21).  

O próprio registro dos sinais realizados por Jesus tem o propósito de mostrar que Ele é o Filho de Deus e que devemos crer n’Ele (Jo.20:30,31). 

– Por meio das curas, Jesus também mostrava que viera para fazer o bem, o que revelava também a Sua condição de enviado do Pai, a Sua própria origem divina, pois o bem é sempre vindo da parte de Deus (Tg.1:17). 

– Como já vimos supra, o avivamento vem dos céus, vem de Deus e a presença de cura é uma autenticação desta origem celestial de todo o movimento espiritual desencadeado pelo Espírito Santo. 

É a demonstração de que os céus estão abertos e esta era uma característica do ministério de Jesus, como o próprio Senhor anunciou logo no início de Seu ministério (Jo.1:51). 

– Os sinais confirmam, pois, a presença de Deus no ministério de Jesus, dão a esta presença uma visibilidade para todos os que estavam à volta do Senhor.  

A sobrenaturalidade impede que até mesmo os adversários neguem que se está numa circunstância que vai além das coisas terrenas, a ponto de a incredulidade dos fariseus terem de atribuir os sinais feitos pelo Senhor a Belzebu, precisamente porque não podiam negar que havia algo de espiritual, de sobrenatural no ministério de Jesus (Mt.12:22-32; Lc.11:14-20). 

– A expulsão de demônios era a demonstração de que o reino de Deus já estava entre os israelitas, de que ele havia chegado (Mt.12:28; Lc.11:20). Era a prova de que Deus havia chegado para reinar sobre Israel. 

– A expulsão de demônios é a comprovação de que Jesus venceu o maligno e que pode nos conceder válida e legitimamente a salvação, de que podemos, em Cristo, ser libertos do pecado. 

– Nas Escrituras, não havia registro de expulsão de demônios até o ministério de Jesus Cristo. Certo é que as próprias Escrituras nos permitem concluir que esta atividade já existia no meio do povo, pois Jesus mesmo fala de expulsão de demônios por outras pessoas (Mt.12:27) e há o registro de exorcistas judeus que viviam em Éfeso (At.19:13). 

– Flávio Josefo, o grande historiador judeu, relata, inclusive, atividades de exorcismo durante o reinado de Salomão e registra ação de um exorcista judeu durante a guerra dos judeus contra os romanos que levou à destruição do Segundo Templo. 

OBS: “…[Salomão, observação nossa] empregou esse conhecimento em compor, para utilidade dos homens, diversos remédios, dentre os quais alguns tinham mesmo a força de expulsar os demônios, que estes não se atreviam a voltar.  

Tal maneira de expulsá-los está ainda em uso entre os da nossa nação; eu vi um judeu, chamado Eleazar, na presença do Imperador Vespasiano, de seus filhos e de vários dos seus oficiais e soldados, livrar diversos possessos. 

Prendia-se ao nariz do possesso um anel, no qual estava fincada uma raiz, de que Salomão tinha deixado por escrito e, fazendo menção desse príncipe, proibia ao demônio voltar.  

Para fazer ver ainda melhor o efeito das conjurações, ele enchia uma tinha de água e ordenava ao demônio que a lançasse por terra, para mostrar com esse sinal que tinha abandonado o possesso; e o demônio obedecia.  

Julguei bem relatar essa história, a fim de que ninguém possa duvidar da ciência, assaz extraordinária, que Deus tinha concedido a Salomão, como graça particular…” (JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas, VIII.324. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, p.176) 

– Entretanto, esta atividade de exorcismo até então existente era certamente algo espúrio, tanto que nenhuma menção é feita nas Escrituras a respeito de tais ações, vinculadas a um misticismo, que deveria estar envolvido com práticas de feitiçaria e de idolatria, tanto que vinculada, como diz Josefo, desde os dias de Salomão (quando se reintroduziu a idolatria em Israel), a “remédios” e coisas quetais, completamente fora do ensino da lei. 

– Somente com o Senhor Jesus, portanto, é que se tem a real expulsão de demônios, o poder sobre o maligno, tanto que a multidão se admirou ao ver a demonstração de tamanho poder (Mt.9:33; 12:22,23; Lc.11:14). Tanto que ficou notório que a expulsão se dava em o nome de Jesus, ou seja, pela autoridade de Seu nome (Mc.9:38,39; At.19:13). 

– Tanto se faz necessária a presença de sinais entre os discípulos de Jesus que o Senhor, no “estágio” dos Seus discípulos, ainda durante Seu ministério terreno, deu a eles precisamente o poder de curar enfermos e expulsar demônios (Mt.10:1; Lc.10:1,9,17). 

VI – O AVIVAMENTO DO MINISTÉRIO DE JESUS – O SERVIÇO 

– Por tudo que vimos até aqui do ministério de Jesus, temos a plena consciência de que foi um ministério avivado, pois a plenitude do Espírito Santo sobre o Senhor fê-lo ter um ministério de meditação, pregação e ensino das Escrituras, de jejum e oração e de realização de sinais, prodígios e maravilhas. 

– Não podemos, porém, deixar de observar que o Senhor tinha um trabalho a fazer sobre a face da Terra, um serviço, uma obra. Como bem afirmou, Ele trabalhava, assim como o Seu Pai (Jo.5:17). 

– Jesus é o “Servo do Senhor” e, desde o momento mesmo em que iniciou Seu ministério terreno, não deixou um só momento de servir ao Pai, de realizar a obra que Lhe havia sido confiada. Certa feita, disse que Sua comida e bebida era realizar a obra pela qual tinha sido enviado (Jo.4:34). 

– Evidentemente, que, como homem que era, Jesus Se cansava e tinha de repousar (Mt.8:24), o que, inclusive, aconselhou os discípulos a fazer (Mc.6:31), mas jamais O vemos ocioso, gastando o tempo com futilidades ou coisas que não estavam relacionadas com a obra que Lhe fora confiada. 

– O serviço constante., regular, o envolvimento na obra de Deus é outra característica do avivamento, porque revela o sentido do ministério, mostra que a pessoa tem consciência de que sua peregrinação terrena só tem razão de ser como uma passagem por esta Terra, em direção ao céu, para que se realize a vontade de Deus, que é a realização da Sua obra. 

– Tudo quanto fizermos neste mundo tem que ter por objetivo a glorificação do nome do Senhor (Jo.17:4; I Co.10:31) e não há outro modo pelo qual glorifiquemos a Deus senão realizando a Sua obra, ou seja, levando aos homens a notícia da salvação na pessoa de Jesus Cristo. 

– Jesus, desde o Seu batismo por João no rio Jordão, exerceu Seu ministério com muita intensidade, tanto que, embora tenham sido cerca de três anos e meio, realizou tantas coisas que João, que O acompanhou como nenhum outro discípulo, afirmou que se cada uma das coisas que Jesus Cristo fez fossem escritas, cuidava ele que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem (Jo.21:25). 

– A noção da perdição da humanidade em virtude do pecado, o amor pelas almas perdidas e a necessidade de lhes fazer conhecido o plano divino da salvação impulsionou o Senhor a ter esta vida intensa e a Se entregar totalmente para a missão. 

O Senhor espera de nós a mesma dedicação, a mesma disposição e isto só será possível se estivermos em perfeita comunhão com Ele, pois, sem Ele, nada podemos fazer (Jo.15:5). 

– Jesus sempre estava em comunhão com o Pai (Jo.16:32) e cheio do Espírito Santo (Lc.4:1), motivo por que pôde realizar a obra que Lhe foi dada a fazer (Jo.17:4).  

No único instante em que o Pai d’Ele Se separou, por causa dos nossos pecados, o Senhor sentiu fortemente tal ausência, a ponto de clamar “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mt.27:46; Mc.15:34), momento, aliás, que já fora profetizado por Davi (Sl.22:1). 

– Por isso, recomenda-nos o apóstolo Paulo que sejamos firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, pois o nosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15:58).

Não podemos deixar de trabalhar um só momento, mas trabalho que deve ser feito em comunhão com o Pai, na plenitude do Espírito Santo, sob a direção de Cristo e com verdadeiro e genuíno amor. 

Pr. Caramuru Afonso Francisco 

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/8672-licao-4-o-ministerio-avivado-de-jesus-i

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