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LIÇÃO Nº 8 – O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo sobre o avivamento, veremos hoje como o avivamento espiritual tem ocorrido durante a dispensação da graça.

– O avivamento espiritual prossegue na história da Igreja

I – O AVIVAMENTO NA HISTÓRIA DA IGREJA

– Temos visto como o avivamento ocorreu nos tempos apostólicos, consoante registrado nas Escrituras, nas páginas do Novo Testamento.

– Entretanto, o avivamento espiritual não é uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. O avivamento é estado que deve acompanhar o povo de Deus durante toda a sua história.

– Como vimos, Israel viveu por períodos de avivamento, capitaneados por profetas, para que o povo não desfalecesse, não perdesse sua identidade e pudesse receber o Messias, o que não ocorreu (Jo.1:11), ocasião, então, em que se revelou o mistério oculto desde a fundação do mundo, que era a criação de um povo, formado por judeus e gentios, por Jesus: a Igreja. (Ef.2:11-3:6).

– A Igreja, o Israel de Deus (Gl.6:16), não é diferente. A necessidade do avivamento sempre foi uma constante na história. Jesus, mesmo, disse que, para que se iniciasse a obra da evangelização, necessário se fazia que os discípulos, já regenerados, já tendo o Espírito Santo em suas vidas (Jo.20:22), tivessem um “revestimento de poder” (Lc.24:49b), recebessem “a virtude do Espírito Santo” (At.1:8), para que, então, fossem testemunhas de Cristo em todas as partes do mundo.

– Como sublinhou o pastor presbiteriano e teólogo norte-americano Gerard Van Groningen (1921-2014), a regeneração, embora seja suficiente para conceder vida aos servos do Senhor, não basta para que tenhamos uma vida abundante.

A vida intensa exige intensidade além de vida. A vida notória e abundante exige notoriedade e abundância além de vida.

– Por isso, o avivamento é indispensável para que se tenha o cumprimento eficaz da Grande Comissão por parte da Igreja.

Para pregar o Evangelho a toda a criatura e aperfeiçoar os santos, não basta que se tenha vida, que se tenha comunhão com Deus, mas é preciso disposição e poder do Espírito Santo para que se parta, para se saia do lugar onde se está e se busquem os perdidos, como também sinais que confirmem a Palavra, exatamente como se deu nos tempos apostólicos (Mc.16:20).

– A história da Igreja apresenta vários avivamentos, a demonstrar que, ao longo dos séculos, o Senhor sempre esteve presente no meio do Seu povo e ainda que, depois dos tempos apostólicos, o período da “chuva temporã” (a estação de chuvas na primavera na terra de Israel),

tenha havido o verão, que é caracterizado por uma temperatura alta, com poucas chuvas, normalmente de curta duração, o que, profeticamente, simboliza o período de escassez das manifestações espirituais abundantes na Igreja.

– Este “verão”, porém, foi um período de contínua intervenção divina, em menor expressão que no período da “chuva temporã” e no período subsequente da “chuva serôdia” (a segunda estação de chuvas na terra de Israel, que ocorre no outono),

mas, indubitavelmente, um período em que a Igreja ganhou vitalidade e força para dar a grande colheita que se verá no dia do arrebatamento da Igreja, pois é durante o verão que se dá o crescimento da safra, que se faz um grande esforço por parte dos lavradores e a formação do fruto, que amadurece no outono, depois da “chuva serôdia”.

OBS: “…Na Palestina, o verão ocorre entre maio e outubro. Esses meses são praticamente sem qualquer precipitação de chuva.

Portanto, no verão havia seca (Sl.32:4), um calor opressivo, mas também muito trabalho nos campos (Pv.10:5; Jr.8:20). A principal atividade humana no verão era a colheita (…). Primeiramente, vinha a colheita das primícias (…) e, somente mais tarde, vinha a colheita principal.…” (CHAMPLIN, Russel Norman. Verão. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.6, p.592).

– Apresentamos aqui uma relação dos principais avivamentos da história da Igreja:

– Como se pode perceber pelo quadro acima, sempre houve, no meio do povo de Deus, um remanescente fiel, mesmo em meio ao obscurantismo de uma cúpula que, notadamente após a liberalização do culto cristão pelo Império Romano, permitiu a entrada do paganismo na Igreja e promoveu uma frieza espiritual.

– Este remanescente, de tempos em tempos, era despertado pelo Espírito Santo e movimentos espirituais ocorriam, levando as pessoas a uma vida de maior intensidade na presença de Deus, uma vida de maior dedicação e de pregação da genuína Palavra de Deus.

– Era o “verão” do Israel de Deus, onde havia pouquíssimas chuvas e, quando as havia, de curta duração. No entanto, enquanto isto se dava, havia a preparação para a formação de uma safra substanciosa, que será colhida pelo Senhor antes do “grande e terrível dia” (cf. Jl.2:28-31).

II – OS PERÍODOS DE AVIVAMENTO ESPIRITUAL DA IGREJA A PARTIR DAS SETE CARTAS ÀS IGREJAS DA ÁSIA MENOR

– Esta realidade histórica da Igreja e de seus avivamentos já havia sido revelada pelo Senhor Jesus, quando ditou as Suas cartas para as igrejas da Ásia, ao apóstolo João, que se encontrava preso na ilha de Patmos por causa da Palavra do Senhor (Ap.1:9,19,20).

– Com efeito, quando nos deparamos com as cartas às igrejas da Ásia, vemos que elas dizem respeito às “coisas que são”, que correspondem à segunda parte do livro do Apocalipse (capítulos 2 e 3), ou seja, ao período da dispensação da graça, ao tempo da Igreja sobre a face da Terra.

OBS: “…Os teólogos costumam dividir o livro do Apocalipse em sete partes, mas a sabedoria divina o dividiu em apenas três, a saber:

1. As coisas que tens visto. É a primeira das três divisões deste livro. É, sem dúvida, a menor das três partes deste compêndio divino: um capítulo apenas! Também pela duração dos acontecimentos a que se refere.

2. E as que são. Esta se refere à segunda parte do livro. De exposição, pouco mais extensa em conteúdo (capítulos 2 e 3).

No que diz respeito ao tempo, é o mais longo período: abrange ensinos para a vida inteira da Igreja desde os primitivos tempos, e como lição tem servido durante toda a dispensação da Graça, até o momento do arrebatamento.

3. E as que depois destas (das duas primeiras) hão de acontecer. A terceira parte é essencialmente futurística, vai do capítulo 4 a 22.

Porém os fatos decorrerão com rapidez e as profecias que terão lugar neste tempo, sofrerão uma reação em cadeia e se cumprirão sucessivamente…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.27-8).

– Assim, trata-se de válida interpretação destas cartas a consideração de que cada uma delas representa um período da história da Igreja.

Em todos estes períodos identificados pelo Senhor, temos sempre a presença de um remanescente fiel ao Senhor, bem como a ação contínua do Espírito Santo a avivar estes servos fiéis por causa de fatores que geravam um torpor espiritual, uma frieza espiritual.

– A igreja de Éfeso corresponderia assim ao período imediatamente posterior ao período apostólico, ou, até mesmo o período subsequente à primeira perseguição romana, desencadeada por Nero, até o período vivido pelo próprio apóstolo João quando escrevia o livro do Apocalipse, por volta do ano 100, até 117, quando se teve a perseguição de Trajano e se iniciou o declínio do Império Romano.

– Nesta carta, vemos que se trata uma igreja que nasce avivada, pois é a geração seguinte aos tempos apostólicos, mas vai perdendo o “primeiro amor”. Temos, aqui, nitidamente, a afirmação de que o avivamento depende fundamentalmente do amor que tenhamos a Jesus.

– Quando cremos em Jesus, o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5) e, desta maneira, desenvolvemos o amor a Jesus, que é consequência direta do amor d’Ele por nós (I Jo.4:19).

– O amor de Deus é sofredor, benigno, não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (I Co.13:4-7).

– Tudo o que fizermos tem de ser motivado pelo amor, sem o que não terá o devido valor para Deus e, mais, não subsistirá, porquanto somente o amor produz algo permanente.

– Havia se perdido o “primeiro amor” e, embora a igreja de Éfeso continuasse laboriosa, com muitas atividades, a falta do amor já estava a produzir o arrefecimento espiritual (Ap.3:2,3).

– O apóstolo Paulo já profetizara que, naquela igreja, apareceriam “lobos cruéis que não perdoariam o rebanho” (At.20:29) e que surgiriam “homens que falariam coisas perversas para atrair os discípulos após si” (At.20:30), o que aconteceu ainda antes da morte do apóstolo, como vemos em suas recomendações a Timóteo, a quem mandou para assumir a direção daquela igreja após a sua primeira prisão (I Tm.1:3-5,18-20).

– Foi, precisamente, o que ocorreu neste período da história da Igreja, conhecido como “período da escuridão” ou “período das trevas”, pela ausência de informações que temos, com exceção dos escritos de João, que revelam a introdução de heresias e falsos ensinos no meio da Igreja, que negavam a divindade e a encarnação de Jesus (I Jo.2:22,23; 4:1-3), e a existência de lideranças descomprometidas com o Evangelho, como era o caso de Diótrefes (III Jo.9).

– Quando se deixa o “primeiro amor”, abre-se espaço para a introdução de falsos mestres e falsos ensinos, que, mais cedo, mais tarde, invalidam todo o “ativismo”, a que se reduz todas as tarefas efetuadas pela igreja.

– Por isso, devemos cultivar o amor, que é uma conduta, um comportamento mais do que um sentimento, buscando sempre estar em comunhão com o Senhor e em sintonia com Ele, pois Deus é amor e somente manteremos o amor de Deus em nossos corações se desfrutarmos de intimidade com o Senhor, numa contínua santificação.

– Não foi por outro motivo que o Senhor recomendou à igreja de Éfeso que se lembrasse de onde tinha caído e praticasse as suas primeiras obras (Ap.2:5).

– Historicamente, a igreja teve um arrefecimento espiritual, cessaram as manifestações espirituais e, conquanto se mantivesse a evangelização, já não foi ela tão exuberante quanto nos tempos apostólicos, iniciando-se o

“verão”, onde as “chuvas seriam rápidas e escassas”, sem se falar que se tinham lançado as sementes das heresias em torno da pessoa de Jesus, que trariam, pouco depois, grandes dificuldades para a Igreja.

– Uma destas “chuvas rápidas”, foi o avivamento promovido por Montano, que se encontra no quadro acima, onde houve um revigoramento tanto do revestimento de poder quanto dos dons espirituais e a cujo avivamento aderiu o já mencionado Tertuliano que, por causa disso, aliás, nunca foi “canonizado como santo” pela Igreja Romana.

– Este movimento, que é muito criticado pelo historiador Eusébio de Cesareia, em sua História Eclesiástica, se foi dado a alguns excessos, pelo que se verifica dos relatos históricos, a serem vistos com reserva, pois produzidos por pessoas que estiveram, de certo modo, mancomunados com o arrefecimento espiritual tanto deste período quanto do seguinte, foi uma demonstração de que o Senhor sempre providencia meios para que não haja o domínio completo da frieza espiritual.

– Os registros do montanismo bem revelam que o Senhor continuava o mesmo, a promover o revestimento de poder e os dons espirituais para que se tivesse a evangelização eficaz que Ele queria no meio do Seu povo.

– O segundo período histórico da história da Igreja é simbolizado pela igreja de Esmirna. É o período correspondente às perseguições por parte de Roma, por volta do ano 120 até por volta de 315.

– O arrefecimento espiritual, com a perda do “primeiro amor”, não tinha impedido o “ativismo” e o crescimento da Igreja prosseguia, apesar das perseguições promovidas pelo Império Romano, que, como dito pelo Senhor Jesus, foram em número de dez ao todo: Nero (64), Domiciano (89-96), Trajano (98-117), Adriano (117-138), Marco Aurélio (161-180), Septímio Severo (193-211), Maximino (235-238), Décio (250-251), Valeriano (257-260) e Deocleciano e Galério (302-305).

– Vemos aqui uma igreja que não recebeu nenhum senão da parte do Senhor Jesus. Foi fiel até à morte e, ao longo da sucessão de perseguições, evidenciavam-se os martírios, que, como vimos, é uma demonstração de avivamento espiritual. Tendo em vista a escassez de manifestações espirituais, o Senhor, na Sua Providência, utilizou-Se das perseguições para manter a vida espiritual da Igreja e seu crescimento.

– Por vezes, para que a igreja caminhe mais pontualmente o caminho traçado por Deus, são permitidas perseguições, pois “o sangue dos mártires é a semente de novos cristãos”, como afirmou o pai da Igreja Tertuliano, ele próprio um cristão deste período da Igreja.

– Contra a igreja se levantaram não só os romanos, mas também a “sinagoga de Satanás”, os que se diziam judeus mas não o eram e que praticavam blasfêmias.

– Hoje em dia não é diferente, até porque se tem também, como haveremos de ver, em nosso período histórico, a atuação da mesma “sinagoga de Satanás”, esta organização infiltrada no meio do povo de Deus com o objetivo único e exclusivo de blasfemar, de ofender a Deus, unindo-se aos agentes do inimigo que promovem a perseguição.

– A fidelidade até a morte, o enfrentamento da perseguição produz riqueza espiritual e concede a todos a

“coroa da vida”, o galardão de todo os mártires, daqueles que não têm a sua vida por preciosa no testemunho do evangelho da graça de Deus (Cf. At.20:24).

– O terceiro período histórico é o simbolizado pela igreja de Pérgamo, correspondente ao período da liberdade de culto por parte de Roma e início da paganização, por volta de 315 até por volta de 600, com a instituição do Papado.

– Pérgamo era uma igreja que se manteve fiel apesar de habitar onde estava o trono de Satanás, ainda que já sofrendo a infiltração da doutrina de Balaão, da idolatria e dos nicolaítas (Ap.2:12-15).

– Com o Édito de Milão em 313, Constantino, imperador romano, permitiu a prática do culto cristão e, deste modo, cessaram as perseguições contra a Igreja por parte do Império Romano.

– Entretanto, como se tinha o arrefecimento das manifestações espirituais, bem como falsos ensinos a respeito da pessoa de Jesus, o término da perseguição fez com que se tivesse a inibição do fator que promovera a manutenção da vida espiritual da Igreja, que era a perseguição, e, como consequência disto, teve início uma paganização da Igreja.

– Por primeiro, cumpre observar que a Igreja sofria, naquele instante, de um gravíssimo problema doutrinário, que só seria resolvido nos Concílios de Niceia (325) e de Constantinopla (381), onde se condenou a heresia do arianismo, assim chamada pois ensinada por Ário (256-336), um presbítero de Alexandria, que negava a divindade de Jesus e que quase dominou toda a Igreja da época.

– A falta de avivamento espiritual faz com que se tenha a proliferação e até o predomínio de falsos ensinos, até porque um avivamento sempre se inicia pelo zelo e meditação nas Escrituras.

– Por segundo, a inserção da Igreja na sociedade da época, sem o devido fervor espiritual, fez com que se introduzisse, no meio dos cristãos, pessoas não convertidas, que aderiram ao Cristianismo por diversos interesses, ante a simpatia demonstrada pelo governo romano com os cristãos, dando início a um processo de paganização, de adoção de práticas religiosas idolátricas e sem qualquer respaldo bíblico.

– Por isso, o torpor espiritual aumentou, porque se passou a defender e a se adotar práticas completamente alheias à doutrina cristã e a uma indevida simbiose entre o governo romano e a estrutura organizacional da Igreja, podendo bem aqui se dizer que exsurge uma Igreja Romana, que vai se cristalizar com a criação do

Papado, ou seja, a ideia de que haveria um líder, uma cabeça visível da Igreja, um “Vigário de Cristo”, alguém que estaria no lugar de Jesus a comandar a Igreja na terra, o Papa, que seria o bispo de Roma.

– Entende-se que o primeiro bispo de Roma a assim se denominar e a reivindicar tal posição tenha sido Gregório Magno, que foi bispo de Roma de 590 a 604.

– Esta mistura com o paganismo, aliás, está diretamente ligada a cidade de Pérgamo, que havia se tornado o centro de toda a religião babilônica depois da queda de Babilônia, pois para lá haviam fugido grande parte dos sacerdotes e feiticeiros da corte babilônica (Cf. Dn.2:2).

– Em Pérgamo, esses homens deram ao rei da cidade o título de “sumo pontífice” ou “sumo sacerdote” do culto babilônico.

Este título foi transferido para o governante romano, com a morte do rei Atalo I em 133 a.C., título assumido por Júlio César em 74 a.C. Em 378, este título passou a ser do bispo de Roma, vez que o imperador Graciano o recusou e foi ele transferido para o bispo de Roma, que, na ocasião, era Dâmaso.

– Vemos, assim, como o Papado está relacionado precisamente com o paganismo, com a própria Babilônia, que é a “cabeça de ouro” do sistema gentílico rebelde a Deus (Dn.2:32,36-38) e que tem tanto seu lado político-econômico (Ap.18), quanto seu lado religioso (Ap.17).

– Esta paganização encontra guarida nos concílios realizados no período. Em Éfeso, em 431, em meio ainda à discussão sobre a pessoa de Jesus, declara-se que Maria é “mãe de Deus” e, com isso, abre-se a porta para a mariolatria, o que é, de certo modo, reafirmado em Calcedônia (451), onde se reforça a dupla natureza de Jesus em uma só pessoa.

Vejamos que, nestes dois casos, utiliza-se a divindade de Jesus e Sua dupla natureza para daí retirar-se uma indevida concepção da figura de Maria, algo tipicamente próprio daquele que “engana todo mundo” (Ap.12:9).

– Tinha-se, portanto, uma postura de busca de agrado ao poder político, em busca de vantagens e com a consciência de que a idolatria impediria o sucesso dos que quisessem verdadeiramente servir ao Senhor, o que permitiria a manutenção dos interesses escusos perseguidos, precisamente o que quisera fazer, no passado, Balaão, entendendo-se porque se fala que, neste período, estariam presentes tanto a doutrina de Balaão quanto os nicolaítas, que eram defensores de que a prática do pecado contra o corpo não traria qualquer prejuízo espiritual, já que Deus estaria interessado apenas na alma e no espírito.

– Apesar de “o trono de Satanás” ter se instalado em meio à organização da Igreja, a verdadeira Igreja, o povo de Deus continuava a não negar o nome de Jesus e a não negar a fé em Jesus, muitos, a exemplo de Antipas, continuando a morrer por causa do nome do Senhor.

– Devemos sempre observar, como bem saliente o pastor Luiz Henrique de Almeida Silva, da Assembleia de Deus Celebrando o Rei (Santa Bárbara D’Oeste-SP), que hoje mora em Americana/SP, pioneiro da EBD na internet, que, durante todos os séculos, houve sempre servos fiéis ao Senhor, que não participavam das cúpulas das organizações eclesiásticas, que não tinham acesso a concílios ou sínodos, muito menos a ordens religiosas ou universidades, mas que, na sua simplicidade, sempre servirão fielmente ao Senhor, realizando a Sua obra, não negando o nome de Jesus e sua fé n’Ele.

– O quarto período histórico é simbolizado pela igreja de Tiatira, correspondente ao período que vai por volta de 600 até a Reforma Protestante, uma igreja que era muito ativa, mas que demonstrava tolerância com “Jezabel”, com a idolatria e com as profundezas de Satanás (Ap.2:18-21).

– A paganização torna-se predominante, instala-se, e a figura de “Jezabel”, que nos faz recordar da rainha sidônia que se casou com Acabe e oficializou a idolatria em Israel, bem nos mostra isso.

– Logo no limiar deste período, o Segundo Concílio de Niceia (787), avalizam-se as imagens no culto, consolidando, assim, a idolatria. Era a “tolerância com Jezabel”, com a idolatria e com as profundezas de Satanás

– É precisamente nesta situação deplorável que vemos movimentos avivalistas surgirem na Igreja, alguns deles compondo o que se costuma denominar de Pré-Reforma.

– Por primeiro, temos o movimento dos valdenses, grupo que ainda existe até os nossos dias, que recebeu seu nome por causa de Pedro Valdo (1140-1205), desencadeado a partir da França e da Suíça por volta de 1173.

– Pedro Valdo, um comerciante da cidade francesa de Lyon, converteu-se, vendeu seus bens, deu aos pobres, mantendo apenas o absolutamente necessário para sua sobrevivência e passou a pregar o Evangelho, baseado tão somente nas Escrituras, que, inclusive pediu que se traduzisse para o provençal, a língua falada na sua região e acabou promovendo a formação de um grupo, chamado de “Os Pobres de Espírito” ou “os Pobres de Deus”, que passaram a pregar o Evangelho.

– Retomando a Bíblia como única regra de fé e prática, os valdenses não aceitam todas as práticas introduzidas na Igreja Romana sem que tivessem respaldo bíblico (por exemplo, só aceitaram o batismo nas águas e a ceia do Senhor, discordando dos “sacramentos” introduzidos ao longo dos anos pelo romanismo), havendo, inclusive, registro de batismo com o Espírito Santo e de línguas estranhas.

– Os valdenses passaram a ser perseguidos, tentaram a aprovação da Igreja, mas isto lhes foi negado e acabaram sendo condenados como hereges no Quarto Concílio de Latrão (1215).

– Na Inglaterra, o sacerdote e teólogo John Wycliffe (1328-1384) também defende o uso da Bíblia como única regra de fé e prática e passa a criticar várias práticas que não tinham respaldo das Escrituras, em especial a má utilização das riquezas e dos bens materiais pela Igreja e a pretensão da Igreja em ter poder temporal (poder político), tendo também criticado o Papado. Também organizou a tradução da Bíblia para a língua inglesa, tendo, a exemplo de Valdo, também organizado grupos de pregadores do Evangelho, os “lolardos”.

– Wycliffe foi condenado pelo Concílio de Constança (1414-1418) em 1415 e seus restos mortais exumados e queimados e lançados no rio Swift, que banha a cidade inglesa de Lutterworth.

– Os ensinos de Wycliffe serão decisivos para outro movimento de avivamento espiritual, que ocorreria na Boêmia (atualmente parte da República Theca), sob o comando de Jan Hus (1369-1415) e Jerônimo de Praga (1379-1416), que dariam nascimento à Igreja Moraviana, que também defenderam a Bíblia como única regra de fé e prática, criticaram a venda de indulgências e também iniciaram a pregação do Evangelho, dando início a um movimento missionário que perduraria por séculos.

– O movimento foi condenado pelo mesmo Concílio de Constança que condenou Wycliffe e tanto Hus quanto Jerônimo são condenados à morte e queimados na fogueira em 1415.

Ao ser levado para a fogueira, Hus disse que estavam a queimar o ganso (Hus significa “ganso” em theco), mas, um século depois, surgiria um cisne que não seria queimado e, cem anos depois, houve a Reforma Protestante liderada por Lutero.

– Tais movimentos mostram, claramente que, num cenário fortemente comprometido pela idolatria, pelo desvio espiritual, o Espírito Santo promoveu, em diversos lugares, movimentos de avivamento espiritual, baseados, como sempre, nas Escrituras, para que não houvesse a morte espiritual do povo de Deus.

– Além destes movimentos, cumpre aqui também registrar o movimento desencadeado pelo livro “A imitação de Cristo”, da autoria do monge Thomas de Kempis (1379 ou 1380 – 1471), que grande impacto causou entre muitos (inclusive Martinho Lutero), onde se defendia uma vida de imitação da pessoa de Jesus, a retomada do Senhor como exemplo, trazendo um cristocentrismo que tinha tudo a ver com a retomada das Escrituras como base da vida espiritual.

– Também é digno de nota o movimento surgido com Francisco de Assis (1181-1226), que acabou fundando uma ordem religiosa, a ordem dos franciscanos, que também criticou fortemente o mundanismo e o luxo vividos pela Igreja, tentando recuperar a simplicidade e a pregação do Evangelho, movimento que foi rapidamente absorvido pela Igreja Romana, mas que não deixa de ser uma demonstração da ação do Espírito Santo no caótico estado de coisas que se estava.

– Por fim, também não se deve esquecer o movimento desencadeado pelo monge dominicano Jerônimo Savonarola (1452-1498), na cidade italiana de Florença, de combate ao mundanismo e a necessidade de santificação para a vida cristã, tendo acabado por ser condenado à morte, enforcado e queimado na fogueira.

– O quinto período histórico é simbolizado pela igreja de Sardes, correspondente ao período que vai da Reforma Protestante até o século XVIII, uma igreja fiel em meio a uma igreja que está espiritualmente morta, alheia à volta de Cristo.

– A Reforma Protestante, iniciada com Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano alemão, em 1517, é como que uma cristalização e consolidação dos movimentos de avivamento espiritual que compuseram a chamada Pré-Reforma, o “cisne” que não puderam queimar, como disse Jan Hus.

– Lutero, teólogo, vai se debruçar no estudo da epístola aos romanos e ali encontra total dissociação entre o que estava escrito e o que era ensinado, principalmente com relação à doutrina do Purgatório e a venda de indulgências, que estava sendo extremamente propagada pelo papa de então, Leão X, interessado em obter recursos para concluir a Basílica de São Pedro em Roma.

– Lutero, então, formula as suas 95 Teses, onde defenderá a justificação única e somente pela fé em Jesus, como também as Escrituras como única regra de fé e prática, o que ficou conhecido como os “cinco solas”: Sola Scriptura” (Só as Escrituras), “Sola Fide” (Só a fé), “Sola Gratia” (Só a graça), “Solus Christus” (Só Cristo) e “Soli Dei Gloria” (Glória só a Deus).

– Tinha-se, então, o retorno à doutrina bíblica, a eliminação de todos os desvios doutrinários que se acumularam a partir do século II.

– A Reforma desenvolveu-se, aparecendo outros reformadores como Ulrico Zuínglio (1484-1531), que avança em relação a Lutero, na questão da real doutrina sobre a ceia do Senhor; João Calvino (1509-1564), que também avança com relação a Lutero com relação a certa manutenção de alguns resquícios de romanismo, na medida em que não aceitou a ideia do batismo como sacramento.

– Entretanto, o que se percebe é que a Reforma deu voz àquela igreja mencionada pelo pastor Luiz Henrique de Almeida Silva e, assim, também surgiu a chamada “Reforma radical”, com reformadores como o monge beneditino alemão Michael Sattler (1490-1527), o padre católico holandês Menno Simmons (1496-1521), os alemães Nikolaus Storch, Thomas Dreschsel e Mark Thomas Stübner.

– Este movimento avançou ainda mais na ruptura com as práticas sem respaldo bíblico, não mais aceitando o batismo infantil (por isso foram chamados de “anabatistas”, ou seja, os defensores de que as pessoas tinham de se batizar após a conversão, não quando eram recém-nascidas) e alguns deles, inclusive, renovando a crença bíblica do milenismo, ou seja, a ideia de que Cristo voltará a Terra para reinar sobre Israel e o mundo, restaurando, assim, a escatologia bíblica que havia sido abandonada pela Igreja.

– Este movimento também encontraria guarida na Inglaterra, onde surgem os “não-conformistas”, cristãos que não se conformavam seja com o romanismo seja com as práticas da Igreja Anglicana, que havia surgido com o rompimento do rei inglês Henrique VIII e o Papa, por motivações puramente políticas, e que tinha tentado encontrar um “meio termo” entre o Romanismo e a doutrina reformada, notadamente o calvinismo, que tinha tido grande acolhida tanto na Inglaterra quanto na Escócia. Foram líderes destes movimentos Robert Browne (1550-1633) e George Fox (1624-1691), criador do movimento “quaker”.

– Influenciado por estes movimentos, que buscavam superar um certo “imobilismo” na Reforma (“tem nome de que vives mas estás morto”…), inclusive por motivações políticas, surge, entre os luteranos, o movimento “pietista”, liderado por Philip Jakob Spener (1635-1705) (os pietistas) e Nicolau von Zinzeldorf (1700-1760 (os morávios), que defenderam não só o estudo das Escrituras, mas uma vida de santificação e de experiência com Deus.

– Este movimento acabou por trazer um impulso missionário em toda a Europa e a uma busca do poder de Deus, havendo, então, notícia do revestimento de poder e dos dons espirituais.

Este movimento não só atingiu a Igreja Moraviana, existente desde os tempos de Hus, como também luteranos e o resultado foi um avivamento contínuo de cerca de um século, que enviou missionários por toda a Europa.

– Serão missionários deste avivamento, que ficou conhecido como “avivamento morávio”, que alcançou o jovem pregador anglicano John Wesley (1703-1791) que, por sua vez, seria o promotor de um avivamento, o chamado “avivamento metodista”, que sacudiria tanto a Grã-Bretanha quanto os Estados Unidos da América e que daria nascimento à Igreja Metodista. Era a restauração da plenitude do Espírito Santo na Igreja que começava a se consolidar.

– Tanto que os próprios Estados Unidos da América vão viver dois grandes avivamentos espirituais, o primeiro, entre 1730 e 1740, que terá como figura proeminente Jonathan Edwards (1703-1758) e George Whitefield (1714-1770), companheiro de Wesley; o segundo, entre 1790 e 1840, com a figura proeminente de Charles Grandison Finney (1792-1875), ele próprio um grande estudioso do avivamento spiritual.

– Entramos, então, no sexto período histórico da Igreja, o período final, simbolizado por duas igrejas, que andam em paralelo: a igreja de Filadélfia e a igreja de Laodiceia.

– Como afirma o texto bíblico, a igreja de Filadelfia guardou a Palavra e não negou o nome de Jesus. É a verdadeira e genuína igreja, que está baseada nas Escrituras, que as conhece e as cumpre e, por cumpri-la, tem uma vida de santidade e de pregação do Evangelho. É a igreja missionária, que aproveita a “porta aberta” para levar o Evangelho a todos os lugares do mundo.

– A igreja de Filadélfia corresponde ao período que vai do século XVIII até o arrebatamento da Igreja, a igreja fiel é despertada, que evangeliza todo o mundo e é poupada da Grande Tribulação.

– A partir do movimento missionário do avivamento moraviano e, depois, do avivamento metodista, com o despertamento ocorrido no chamado “movimento dos irmãos”, que teve em John Nelson Darby (1800-1882), um grande nome, que nos fez entender a questão das dispensações e a proximidade da volta de Cristo.

– Estes avivamentos trouxeram um grande impulso missionário, como podemos ver, por exemplo, na história do missionário inglês William Carey (1761-1834), conhecido como o “pai das missões modernas”, ele próprio fruto do avivamento metodista de John Wesley. Era a entrada pela “porta aberta” mencionada na carta a igreja de Filadélfia.

– A recuperação da ideia da volta de Cristo fez com que surgissem movimentos como o adventista, liderado por William Miller (1782-1849) e isto intensificou o viéis de busca de santificação já presente no avivamento metodista.

– O resultado foi o surgimento dos chamados “movimentos de santidade”, que acabou fazendo surgir o movimento pentecostal, a partir do final do século XIX, não só na Europa, mas em outros países, também, que teve seu momento de alcance mundial no avivamento da rua Azusa, em Los Angeles, nos Estados Unidos, sob o comando de William Joseph Seymour (1870-1922), de onde se espalhou pelos quatro cantos da Terra, dando início ao mais amplo e mais duradouro avivamento de toda a história da Igreja, a nos mostrar que já estamos na “chuva serôdia”, às vésperas da colheita da Igreja, do arrebatamento.

– É interessante observar que, assim como tivemos este movimento nos Estados Unidos, também há notícia de movimentos na Europa, como o avivamento do País de Gales, entre 1904 e 1905, que se iniciou com Evan Roberts (1878-1951); o avivamento iniciado na Suécia e Noruega em 1907, com o pastor norueguês Thomas Ball Barratt (1862-1940).

– Há notícias, aliás, de avivamento pentecostal acontecido no meio do século XIX na Rússia e na Armênia, tanto que o avô do fundador da ADHONEP (Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno), Demos Skakarian (1913-1993), que recebeu o nome do seu avô, partiu para os Estados Unidos em 1855 porque um menino profeta chamado Efim Gerasemovitch Klubniken, disse que haveria o genocídio na Armênia, o que aconteceu apenas em 1890.

– Notamos, portanto, que o Espírito Santo “reativou” o revestimento de poder e os dons espirituais neste período histórico final da Igreja, precisamente porque estamos às vésperas da colheita, no término do “ano aceitável do Senhor” (Cf. Lc.4:19).

– Enquanto isto, também se desenvolvia a “igreja de Laodiceia”, a “igreja paralela”, que não recebe elogio algum do Senhor Jesus, que é caracterizada por ser “morna”, ou seja, “misturada”, a igreja apóstata, concomitante a igreja de Filadélfia, mas que, em vez de se despertar, prefere confiar na sua autossuficiência e na sua história, cujo final será trágico: ser vomitada pelo Senhor, perdendo a chance de ser poupada da Grande Tribulação.

– Esta igreja é a que se deixou envolver pelo “espírito do anticristo” (I Jo.4:3), pelo “mistério da injustiça”

(II Ts.2:7). Não só se manteve fiel à paganização, como, ainda que se tenha insurgido num primeiro momento contra ela, acabou por adotar princípios e doutrinas mundanas, de homens ou de demônios, abandonando a sã doutrina.

– Assim é que se nota, a partir da Reforma, que muitos, como já vimos, morreram ou se mantiveram mortos embora tivessem nome de quem vivessem e começaram a acolher pensamentos alheios ao Evangelho.

– Assim é que se viu entrar entre os que cristãos se diziam ser o liberalismo teológico, resultado de uma preponderância da razão sobre a fé no estudo e reflexão sobre as Escrituras e aí surgiu a “crítica bíblica”, que fez com que o raciocínio humano julgasse a revelação divina, dando origem a uma teologia profundamente humanista e racionalista, que chegou ao ponto de descrer em todo e qualquer aspecto sobrenatural, considerando que a Bíblia era repleta de “mitos”.

– Como se não bastasse isso, passou-se, também, a aceitar doutrinas e pensamentos contrários às Escrituras mas que seriam “científicos” ou “moralmente aceitos” e, deste modo, introduziram-se nos meios ditos cristãos sociedades secretas como a Maçonaria, materialistas, como os comunistas e socialistas, levando a uma distorção completa da doutrina e da prática cristãs, a ponto de, na atualidade, termos diversas organizações e denominações ditas cristãs que aceitam o homossexualismo, a ideologia de gênero, o divórcio ilimitado, o evolucionismo, o ambientalismo radical, o diálogo interreligioso, o ecumenismo e tantas outras proposições que contrariam frontalmente a fé cristã bíblica.

– Houve, também, uma intensificação de práticas idolátricas, em especial da mariolatria, com a criação de um sem número de devoções e crendices que insistem na salvação pelas obras e numa religiosidade tipicamente gentílica.

– Com o avivamento pentecostal, não demorou o inimigo a lançar, também, no meio do povo de Deus, pensamentos, crendices e práticas espúrias, a fim de trazer confusão e retirar a credibilidade das legítimas e genuínas manifestações do poder de Deus.

– Esta “falsa igreja”, comprometida com o pecado e com o mundo, será definitivamente separada da igreja genuína, quando do arrebatamento da Igreja.

– Vemos, portanto, que não houve período da história da Igreja em que não tenha existido um remanescente fiel, remanescente este que, por ter o Espírito Santo nele, vez por outra, como as “chuvas escassas e rápidas” do verão da Palestina, manifestaram-se em avivamentos que passaram a ser cada vez mais intensos a partir do século XVIII, culminando no avivamento do início do século XX, que indica o início da “chuva serôdia”, do derramamento intenso do Espírito Santo antes da volta do Senhor.

– Razão, portanto, têm os pentecostais quando ensinam que as Escrituras nos mostram que o avivamento da Igreja é contínuo, jamais foi interrompido desde o dia de Pentecostes do ano 30, embora esteja determinado que se intensifique, como está intensificado nos últimos cem anos, na proximidade da volta do Senhor.

 Pr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/8792-licao-8-o-avivamento-espiritual-no-mundo-i

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