LIÇÃO Nº 9 – A CORRUPÇÃO DOS ÚLTIMOS DIAS
Os últimos tempos, em que vivemos, são trabalhosos e marcados pela corrupção generalizada da humanidade.
Para acessar o Plano de Aula click aqui
Para acessar o Leitura Diária Comentada click aqui
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, analisaremos hoje o seu terceiro capítulo.
– Os últimos tempos, em que vivemos, são trabalhosos e marcados pela corrupção generalizada da humanidade.
I – A CORRUPÇÃO GENERALIZADA DOS ÚLTIMOS TEMPOS
– Na sequência do estudo da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, continuando o terceiro bloco deste trimestre, analisaremos o terceiro capítulo daquela carta.
– Depois de Paulo ter dado orientações a Timóteo a respeito da necessidade de manter o bom ânimo para não permitir que sua fé desfalecesse, a despeito da perseguição terrível que estava ocorrendo contra a Igreja no governo de Nero, bem assim enfrentar convenientemente as heresias que estavam perturbando os crentes de Éfeso, o apóstolo Paulo começa a dizer a seu filho na fé a respeito de como seriam os últimos tempos, ou seja, como seria a dispensação da graça.
OBS: “…Acima [Paulo] ensinou sobre como resistir às dificuldades e perigos, aqui mostra como ele [Timóteo] vai se manter firme contra riscos futuros, e
1º. anuncia perigos futuros;
2o. mostrando a sua adequação para resistir;
3o. como ele vai lidar.
E desde que anunciou esses perigos, ela ensina que mesmo agora tem que evitar os vícios de seus seguidores…” (AQUINO, Tomás de. Comentário à Segunda Epístola de Paulo a Timóteo. Cit. II Tm.3:1-9, n.10. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Estes “últimos tempos” não são exclusivamente os dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, embora nestes dias, que são os que estamos a viver, a intensidade do aumento do pecado seria maior, como, aliás, o Senhor Jesus deixou claro em Seu sermão escatológico, ao dizer que haveria multiplicação da iniquidade (Mt.24:12).
Entretanto, “…a expressão ‘nos últimos dias’ , na forma usada aqui, não pode limitar-se aos dias que precederão imediatamente à segunda vinda de Cristo. Teria sido sem sentido dizer a Timóteo que se afastasse de pessoas que nunca o molestaram.(…) a expressão ‘nos últimos dias’ se refere à era iniciada com o aparecimento de Cristo sobre a terra.
Essa é a era do cumprimento das promessas messiânicas, promessas que alcançam sua mais gloriosa concretização na consumação.…” (HENDRIKSEN, William. Comentário I Timóteo, II Timóteo e Tito. Trad. de Válter Graciano Martins, pp.346-7) (destaques originais).
– É interessante verificar que o apóstolo Paulo revela a Timóteo algo que havia recebido diretamente do Senhor a respeito dos últimos tempos.
A exemplo dos patriarcas e dos profetas, que, quando se aproximaram da morte, receberam revelações da parte de Deus a respeito do futuro, como se observam nas bênçãos proferidas por Jacó, Moisés, Davi e outros, o apóstolo Paulo, também, sabendo que iria morrer, compartilha com Timóteo algo que lhe fora revelado pelo Espírito Santo a respeito dos últimos tempos.
– Esta revelação que é compartilhada pelo apóstolo era muito oportuna, porquanto Paulo está querendo mostrar a Timóteo que a jornada vitoriosa da Igreja iria conviver com uma degeneração cada vez mais acentuada da humanidade que recusasse receber a graça de Deus.
Ao mesmo tempo em que a Igreja vence o pecado, mantém-se animada na fé e não se deixa enganar pelos falsos ensinos, não é atingida pelas astutas ciladas do diabo, o mundo permanece imerso no pecado e se afunda ainda mais no maligno.
– Esta revelação compartilhada com Timóteo tinha o objetivo de alertar a Igreja para que não se deixasse abater com o aumento do pecado no mundo, aumento este que poderia ser considerado como um fracasso do trabalho da evangelização, mas que, na verdade, é resultado da mesma evangelização, pois, quando o Evangelho é pregado, quando alguém ouve a mensagem da salvação em Cristo Jesus, nunca mais será o mesmo:
ou se arrepende dos pecados e alcança a vida eterna ou, então, recusa esta mensagem e, por conseguinte, avançará em sua escravidão no pecado, já que um abismo chama outro abismo (Sl.42:7).
OBS: “…Neste capítulo, Paulo diz a Timóteo quão maus os outros seriam, e, portanto, quão bom ele deveria ser. Sabendo da maldade dos outros, deveríamos nos empenhar em manter a nossa integridade tanto mais firme.…” (HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento Atos a Apocalipse obra completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 713).
– “…A palavra do laço demoníaco (II Tm. 2.26) faz a transição para a descrição do tempo do fim determinado pelos demônios, que há de acontecer e já irrompeu. 1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis. A frase situa-se no contexto de II Tm. 2:7.
Lá as três ilustrações (soldado, desportistas e agricultor) são vistas pela perspectiva do fim dos tempos. Agora Paulo elabora no que cabe prestar atenção com vistas ao desdobramento na igreja e na sociedade.…” (BÜRKI, Hans. Cartas a Timóteo II Timóteo Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.44).
– A característica primeira destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens amantes de si mesmos. A recusa à pregação do Evangelho nada mais é que uma manifestação de soberba por parte do incrédulo, um apego ao “eu”, uma atitude de crença na mentira satânica de que se pode ser “igual a Deus”, que não se precisa do Senhor para “conhecer o bem e o mal” (Gn.3:4,5).
– Os incrédulos são pessoas que, arrogantemente, acham não precisar de Deus e veem a vida terrena apenas como uma oportunidade de satisfação de seus próprios desejos, como ocasião para prevalecer sobre os outros. Pensam apenas em si próprios, não levando em conta nem o Senhor nem o próximo.
– Esta soberba, este pensamento em si mesmo é uma característica marcante dos dias em que estamos a viver.
O individualismo tem alcançado níveis nunca antes alcançados em nossos tempos. Todos somente pensam em si mesmos, inclusive em ações que exigiriam a presença de mais de uma pessoa, como vemos, por exemplo, na prática sexual, onde, num aumento cada vez maior da perversão sexual, o sexo passa a ser uma atividade egoística, que, quando não é praticada solitariamente, é exercida com a mera consideração do outro como mero objeto. A que ponto chegamos, amados irmãos!
– A característica segunda destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens avarentos. Não tendo como satisfazer a sua alma com Deus, pois se recusam a ir em direção a Ele, os homens correm atrás de “outros deuses” e, entre estes deuses, quem tem proeminência é o deus Mamom, as riquezas, porquanto, dentro de uma dimensão única e exclusivamente horizontal, que pensa apenas nas coisas desta vida, tem-se como natural que se busquem as riquezas para que se possa desfrutar dos prazeres terrenos.
A avareza é idolatria (Cl.3:5) e o homem, recusando o único e verdadeiro Deus, acaba adorando o dinheiro, as riquezas.
– Como diz conhecida canção no musical “Cabaret”, “o dinheiro faz o mundo rodar” (Money makes the world go around). Tudo no mundo se faz por dinheiro e o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie dos males que há na face da Terra (I Tm.6:10).
Quando olhamos o cenário da humanidade, como deixar de verificar que as grandes mazelas que acometem a humanidade não são decorrentes deste amor ao dinheiro, desta avareza, tais como o tráfico de drogas, o tráfico de pessoas, o tráfico de armas, as desigualdades sociais crescentes e tantos outros problemas terríveis de nosso tempo?
– A característica terceira destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens presunçosos, soberbos e blasfemos, características que decorrem do “amor de si mesmo”, como já temos visto, já que se entendem iguais e independentes de Deus (presunçosos), autossuficientes (soberbos) e que não têm qualquer temor de Deus, chegando mesmo a ofendê-l’O em palavras e atos (blasfemos).
– Em nossos dias, não faltam atitudes, pessoas e ideologias que representam bem estas péssimas qualidades que possuem os homens incrédulos e que resistem ao Evangelho.
O ateísmo crescente, tanto teórico quanto prático, a presença de filosofias que procuram desmerecer a salvação em Cristo Jesus, enaltecer a figura humana, considerando-a como “divina”, como capaz de alcançar, por si só, a salvação, ou entender que a única dimensão da existência humana é a terrena, sem falar nas várias manifestações e movimentos que não cessam de ofender a Cristo e à Sua Palavra das mais variadas formas (como, por exemplo, ocorre sistematicamente nas manifestações do chamado “orgulho LGBTT”).
– A característica quarta destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens desobedientes a pais e mães. Os homens que resistem ao Evangelho são, naturalmente, desobedientes e rebeldes, pois, se não obedecem a Deus, que é o Senhor de todas as coisas, por que haveriam de obedecer a outras autoridades, que são constituídas por Deus (Rm.13:1).
A primeira autoridade constituída por Deus sobre nós são os nossos pais, verdadeiros representantes de Deus para cada um de nós sobre a face da Terra.
– No entanto, os incrédulos, por sua rebeldia, são desobedientes a pais e mães e tal circunstância é evidente e cada vez mais intensa nos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja. O Senhor Jesus disse, claramente, que, por causa do Evangelho, os filhos se levantariam contra os pais (Mt.10:21).
Como não verificar como o respeito aos pais está hoje completamente abandonado em nossa sociedade? Como deixar de considerar que, a começar das próprias escolas, neste trágico sistema educacional que existe no Brasil, há uma apologia à rebeldia e à independência em relação aos pais?
– A característica quinta destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens ingratos. A ingratidão é consequência do individualismo reinante no mundo.
Se a pessoa se considera o centro do mundo, se ela nem sequer faz menção de Deus, como poderá ser grata a alguém, se só pensa em si mesma? Como poderá agradecer se entende que seu sucesso se deve única e exclusivamente a ele?
– A característica sexta destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens profanos, ou seja, homens que não têm qualquer dimensão do sagrado, que não consideram que coisa alguma seja sagrada, que não têm qualquer ideia de que há um relacionamento entre Deus e o homem e que as coisas referentes a Deus devem ser respeitadas.
– A dimensão do sagrado tem sido totalmente negligenciada em nossos dias, inclusive pelos que cristãos se dizem ser. Quanta profanação temos observado em nossos dias, quanta irreverência, quanto desrespeito com as coisas relacionadas ao culto a Deus, à adoração ao Senhor. Tenhamos cuidado, amados irmãos!
– A característica sétima destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens sem afeto natural. Deus é amor (I Jo.4:8) e, portanto, o homem em comunhão com Deus é dotado de sensibilidade. O incrédulo, aquele que recusa o Evangelho, é uma pessoa insensível, que não tem qualquer compaixão pelo próximo. Como deixar de verificar que, em nossos dias, há total falta de afetividade entre as pessoas, não há qualquer sensibilidade em relação ao próximo?
– A característica oitava destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens irreconciliáveis. Tem-se aqui mais uma consequência do individualismo, da soberba reinante. Se a pessoa é soberba, pensa somente em si, como admitir que errou? Como perdoar alguém ou pedir perdão a alguém?
Não é possível, neste quadro, qualquer reconciliação, o acordo, o consenso. Todos querem fazer prevalecer única e exclusivamente a sua vontade, consideram-se os únicos certos e todos os demais, errados; superiores, e todos os demais, inferiores, que devem se submeter a eles.
– Esta mentalidade de irreconciabilidade fica evidenciada no grande número de litígios que há no Poder Judiciário na atualidade, fruto da falta de acordo e consenso entre as pessoas, bem como o aumento dos conflitos entre as pessoas e entre as nações, uma amostra eloquente desta falta de reconciliação.
– A característica nona destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens caluniadores, ou seja, homens que atacam a honra do próximo, que fazem acusações falsas ao outro, única e exclusivamente para que o “eu” prevaleça, para que o próximo deixe de ser um obstáculo à satisfação dos próprios interesses.
– A característica décima destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens incontinentes, ou seja, homens que não se contêm, que são escravos de seus instintos, que são atraídos e engodados pela sua própria concupiscência, ou seja, pelos desejos pecaminosos e carnais incontrolados.
“…Jamais aprenderam a controlar-se; daí são irrefreáveis, ‘desinibidas’, absolutamente carentes de autodomínio, desprovidas do poder de refrear suas próprias tendências ou impulsos.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.350) (destaques originais).
– Não é à toa que vivemos dias do hedonismo, ou seja, da filosofia segundo a qual se deve desfrutar ao máximo de todos os prazeres oferecidos, que a vida só vale a pena se for “intensamente vivida nesta dimensão terrena”.
Não é à toa que pensadores como Nietzsche e Sartre sejam os “gurus” de nosso tempo, já que sempre defenderam que a existência humana só tem razão de ser neste mundo e que se resume aos prazeres vividos nesta vida.
– A característica undécima destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens cruéis, sem amor para com os bons.
A insensibilidade já mencionada anteriormente é revelada pela crueldade e pela falta de amor para com os bons. O que vemos, em nossos dias, é o ser humano não tendo qualquer piedade do próximo. Trata-se de homens “…rudes, embrutecidos, indomados, incivilizados, desumanos…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p.46). “…Não ‘havendo criado juízo’ jamais, são indômitas, selvagens, ferozes. Desprezam as virtudes; são aborrecedores do bem…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., 350) (destaques originais).
– É evidente como a crueldade tem dominado a cena na sociedade de nossos dias, máxime no Brasil, onde a criminalidade e a violência assumem níveis alarmantes, como parte, aliás, do projeto anticristão de poder que se encontra escatelado em nosso país desde 2003.…
OBS: “…a “absoluta terrestrialização do pensamento” proposta por Antônio Gramsci, assim como toda política baseada nela, será sempre uma GARANTIA INFALÍVEL de destruição da consciência moral de um povo, portanto um convite irresistível à criminalidade.
As ligações entre o Foro de São Paulo e a corrupção petista não só uma questão de alianças e conveniências, mas têm uma raiz muito mais profunda na corrupção espiritual gramsciana.…” (CARVALHO, Olavo de. Diário filosófico de Olavo: perdão de Deus, o Foro de São Paulo e o ‘pensamento positivo’. Disponível em: http://rafaelbrasilfilho.blogspot.com.br/2015/03/diario-filosofico-de-olavo-perdao-de.html Acesso em 11 jun. 2015).
– A característica duodécima destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens traidores. Como os homens pensam apenas em si mesmos, não cumprem os compromissos assumidos com o próximo, razão pela qual são traidores, agindo apenas em função do próprio interesse, da obtenção de vantagens para si mesmos. Muitos se farão verdadeiros Judas Iscariotes, traindo a Cristo e a Sua Igreja nos últimos tempos.
– Tomás de Aquino, o grande teólogo da Idade Média, entende que a traição é uma corrupção da própria parte racional do ser humano, de modo que o traidor é aquele que usa a sagacidade decorrente da prudência para o mal.
OBS: “…Em seguida, coloca os vícios da corrupção que tocam à parte racional. Este poder se aperfeiçoa pela prudência; e à prudência se opõe qualquer vício ou por abuso da prudência ou por sua privação. Quanto ao primeiro diz: traidores. À prudência pertence a sagacidade, da qual aguns abusam para o mal, e estes são os traidores.…” (AQUINO, Tomás de. op.cit. Cit. II Tm.3:1-9, n.10. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– A característica décima terceira destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens obstinados, ou seja, “…pessoas precipitadas, aventureiras, termo derivado de: assaltar, agir precipitadamente sob a pressão das paixões, sendo o alvo algo errado.…”(BÜRKI, Hans. op.cit., p.46).
Tem-se aqui o que Tomás de Aquino denomina de “abuso da constância”, que leva à obstinação, à ação precipitada e movida por motivos equivocados.
– A característica décima quarta destes “tempos trabalhosos” é a existência de homens orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.
Tem-se uma cláusula conclusiva que nos reporta à primeira característica. Como os homens são amantes de si mesmos, eles são orgulhosos, ou seja, “…cheios de si (I Tm. 3:6; 6:4). Isto resume os pecados que fluem do amor ao ego e que estão em agudo contraste aos amigos de Deus.…” (HARRISON, Everett F. II Timóteo Comentário Moody, p.13) (destaque original).
– Como afirma Charles Haddon Spurgeon: “…Esta é a fotografia da idade atual e eu não tenho dúvida de que Paulo falou dela quando então o Espírito de Profecia estava sobre ele. Este é o verdadeiro lema da presente era, “sempre aprendendo e nunca podendo chegar ao conhecimento da verdade.”
Ela [a presente era – observação nossa] se gloria em não saber nada e sua grande glória está no seu progresso contínuo ” nunca podendo chegar ao conhecimento da verdade.”…” (Exposição de II Tm.3. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols49-51/chs2846.pdf, p.7) (tradução nossa de texto em inglês).
– Os homens recusam o Evangelho e prosseguem caminhando para a perdição eterna mas, em sua cegueira espiritual, acham que estão fazendo o certo, entendem-se corretos e inatingíveis por qualquer crítica, querendo e buscando sempre os prazeres mundanos, pois são amigos do mundo, mas não são amigos de Deus. São pessoas que recusaram a obra de Cristo que foi a de retirar a inimizade entre Deus e a humanidade em virtude da entrada do pecado no mundo.
– Paulo diz que estes homens, apesar de todas estas nefastas características, têm aparência de piedade. Vemos aqui que a religiosidade é um grande fator de engano para o ser humano.
Muitas pessoas podem professar uma religião, apresentarem-se como piedosas, mas, na verdade, terem todas estas características nefandas, que demonstram, com absoluta clareza, que estão distantes de Deus e que caminham para a perdição.
– Por isso mesmo, Jesus disse que quem quisesse vir após Ele deveria, em primeiro lugar, negar a si mesmo. Não há como sermos reais e genuínos servos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo se deixarmos que o ego prevaleça, que nos tornemos amantes de nós mesmos, pois, então, a consequência será termos todas as características dos incrédulos, de nada adiantando dizermos que somos seguidores de Cristo.
– A propósito, o próprio Senhor, no sermão do monte, foi categórico ao dizer que proferir o Seu nome ou até realizar prodígios em nome d’Ele nada significa, pois só é verdadeiramente conhecido do Senhor aquele que se apartar da iniquidade (Mt.7:21-23).
– Não podemos nos levar pela aparência, mas, sim, devemos nos guiar pela reta justiça, ou seja, pela Palavra de Deus (Jo.7:24).
Muitos são lobos devoradores vestidos de ovelhas (Mt.7:15) e os reconheceremos pelos frutos que produzem (Mt.7:16-20) e é por isso que devemos sempre estar atentos para a conduta e comportamento de cada um para que possamos nos afastar daqueles que apresentam as características dos incrédulos, daqueles que recusam o Evangelho, embora possam até pregá-lo hipocritamente.
– Temos aqui a “…dissimulação “mostrando, sim, uma forma de piedade, mas negando o espírito”, ou seja, a virtude da piedade, que é aqui tomada de duas maneiras: primeiro, a mesma força da piedade, isto é, a sua virtude; onde diz: renunciando, ou seja, não tendo a verdade.
“Afirmam que conhecem a Deus, mas negam-n’O nas obras” (Tt.1:16). Segundo, porque por virtude de uma coisa se entende aquilo de que depende toda a coisa; e toda a virtude da piedade depende da caridade; por isso se diz: renunciando à sua virtude, isto é, à caridade.…” (op.cit. Cit. II Tm.3:1-9, n.6. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Este afastamento de que fala o apóstolo Paulo a Timóteo não pode ser interpretado como uma atitude sectária. O salvo é sal da terra e luz do mundo, de modo que não pode sair deste mundo, mas deve se manter, isto sim, liberto do mal.
Devemos nos afastar do pecado e não dos pecadores. É óbvio que, consoante já temos visto na lição anterior, o apóstolo Paulo diz a Timóteo que deveria ser comedido na denúncia dos erros doutrinários, buscando sempre a conversão dos incrédulos e apóstatas, mas jamais se envolvendo na maneira de viver pecaminosa que tais pessoas estavam a levar.
– “…A razão por que Timóteo deve afastar-se de tais pessoas é agora indicada: Porque desses círculos vêm aqueles que estão se infiltrando nos lares e estão tomando cativas mulheres levianas. Desses círculos (…) dos homens referidos nos versículo 1-5 procedem os falsos profetas que se especializam na arte de cativar mulheres.
Naturalmente, não são bem-sucedidos com todas as mulheres. Muitas mulheres são por demais sensíveis para tornar-se vítimas dos falsos profetas. Paulo tinha um elevado conceito dessas nobres mulheres e fazia bom uso de seus talentos (…). Mas, em toda época, há mulheres volúveis (…), e essas se encontram tanto na igreja como fora dela…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., pp.351-2) (destaques originais).
– Paulo “…mostra a sua maldade, dizendo: “aqueles que entram nas casas.” E se pode explicar essa passagem literalmente: como se intrometem desordenadamente e andam vagando de casa em casa por interesse (…). Ou, por casa, pode ser entendido metaforicamente, a consciência.(…).
Portanto, aqueles que se introduzem nas casas são os que astutamente querem saber os segredos da consciência para enganar os outros”…” (AQUINO, Tomás de. op.cit. Cit de II Tm.3:1-6, n.7. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun.2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– “ …Antes de tudo, essas mulheres estão ‘sobrecarregadas de pecados’. (…). São muito perversas, e o fato de darem as boas-vindas aos [homens] de fala mansa parece indicar que seus pecados lhes têm produzido um sentimento de intranquilidade(…).
Tais mulheres provavelmente nutrem medo das consequências de seus pecados, porém não se sentem necessariamente envergonhadas deles…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.353).
– “…Em segundo lugar, ‘são arrastadas por diversos impulsos’ (ou ‘desejos’…). Não se declara quais são esses maus incentivos.
Talvez possamos pensar em coisas tais como as seguintes: o desejo de achar uma via fácil para escaparem de seu complexo de culpa, o desejo de receber reconhecimento, o desejo de ser consideradas como ‘bem informadas’, satisfazer a curiosidade, granjear a atenção de representantes proeminentes do sexo oposto etc. (HENDRIKSEN, William. ibid.) (destaques originais).
– “…Em terceiro lugar, essas mulheres levianas estão sempre aprendendo. São discípulas ansiosas que ‘tragam tudo’, enquanto, extasiadas, se sentam a ouvir seus licenciosos mestres e a admirá-los.
Mas a falta de disposição em confessar francamente e resistir aos maus impulsos de sua natureza resulta em que ‘nunca são capazes de chegar ao reconhecimento da verdade’ revelada no evangelho…” (HENDRIKSEN, William. ibid.) (destaques originais).
– Estas “mulheres levianas” de que fala o apóstolo Paulo são todos os seguidores daqueles que, tendo aparência de piedade, negam a sua eficácia. A expressão grega está no diminutivo depreciativo, são “mulherzinhas”, pessoas simplórias, pessoas despidas da sabedoria divina.
Assim, não há referência apenas às pessoas do sexo feminino, a todos os que se deixam levar por estas pessoas incrédulas, ainda que religiosas e aparentemente piedosas, mas que estão distantes de Deus e levam os seus seguidores também a ficar longe do Senhor.
– Estes incrédulos resistem sempre ao Evangelho, não aceitam a Cristo como Senhor e Salvador, sempre se opondo à Palavra de Deus e à verdade. Paulo diz que tais pessoas agem assim como Janes e Jambres, que são os magos que resistiam no Egito a Moisés.
“…À luz da tradição judaica, [Paulo] cita o exemplo dos dois líderes entre os magos que, sejam quais forem seus verdadeiros nomes, eram conhecidos pelos judeus como ‘Janes e Jambres’ (provavelmente do aramaico: ‘o que seduz e o que provoca rebelião’).
O apóstolo tinha em mente a seguinte comparação: Assim como Janes e Jambres se opuseram a Moisés, o representante de Deus, assim também estes líderes corruptos se opõem à verdade de Deus como revelada em Sua Palavra e como proclamada por Paulo, Timóteo e outros.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p. 354).
– É interessante notar que a tradição judaica diz que “…Janes e Jambres se fizeram prosélitos, fingindo ‘conversão’ à religião. Quando viram que não podiam impedir o êxodo de Israel do Egito, lemos que se uniram à multidão que empreendia a marcha.
Mais tarde (segundo a tradição judaica), eles foram os que induziram o povo a fazer um bezerro de ouro para adorá-lo. Portanto, eram hipócritas e, como tais, muito perigosos. Semelhantemente, os falsos líderes, a quem Paulo se refere, são altamente perigosos, porque fingem ser genuinamente convertidos à religião cristã…”(HENDRIKSEN, William.op.cit., p.354) (com modificações nossas).
– Quem age como os incrédulos dizendo-se cristão é uma pessoa que tem o seu entendimento corrompido, nada sabe das coisas espirituais, está completamente cego espiritualmente, tendo seu entendimento cegado pelo deus deste século (II Co.4:4).
É pessoa que é reprovada por Deus e, por conseguinte, esta mentira não permanecerá, será logo descoberta a sua loucura, a sua incredulidade de todos será sabida e mostrada, como, aliás, segundo a tradição judaica, aconteceu com aqueles dois magos que supostamente haviam se tornado seguidores do Deus de Israel.
OBS: “…Mágicos não conseguem manter oculta por tempo ilimitado a realidade encoberta, o mundo substituto do mundo real da verdade. Porventura isso não contradiz 2Tm 3.13 e 2.16: pessoas más e enganadores prosseguirão? O mal avançará assim como o bem, até que tudo esteja amadurecido para o juízo final. É esse o sentido da parábola do joio e do trigo e o sentido do fim dos tempos como tal.…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p.48).
II – EXORTAÇÃO A PERSEVERANÇA NA SÃ DOUTRINA
– Após ter dado as características daqueles que se recusam a crer no Evangelho. Paulo, então, diz a Timóteo que ele não era daqueles, pois havia seguido a doutrina, o modo de viver, a intenção, fé, longanimidade, caridade e paciência de Paulo, como também sido testemunha ocular das perseguições e aflições que haviam acontecido durante a trajetória de Paulo em Antioquia, Icônio e Listra, bem como havia sido liberto pelo Senhor em todas elas (II Tm.3:10).
– Paulo não era um seguidor teórico de Cristo Jesus, mas demonstrara por sua conduta e pelos sofrimentos que havia passado que era um legítimo e genuíno servo de Cristo Jesus.
– Paulo não vivia de aparência de piedade, como os incrédulos, incluídos aí os falsos mestres, aqueles que deturpavam a sã doutrina, mas revelava a sua salvação através de frutos de justiça, ou seja, através do seu modo de viver, das suas intenções, da sua fé, da sua longanimidade, do seu amor e da sua paciência.
– Impossível aqui não nos lembrarmos dos ensinos de Paulo aos gálatas, a respeito do fruto do Espírito (Gl.5:22). O verdadeiro e genuíno salvo em Cristo Jesus mostra a sua salvação através das suas obras, através de um comportamento que o torna diferente de tudo quanto há no mundo e no maligno. Lembramo-nos aqui também de Tiago, que afirma categoricamente que a fé sem obras é morta (Tg.2:14-26).
– “…Todos os itens expressam ou implicam obediência ao Senhor. Os sete itens do versículo 10 são a manifestação da obediência ativa (até mesmo a paciência, ou seja, ‘perseverança inabalável’, é ativa; e assim a longanimidade, ‘o exercício da paciência em relação aos outros’).
Os dois itens no versículo 11 são a manifestação de um tipo mais passivo de obediência: uma pessoa é perseguida; como resultado, ela sofre.…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p. 357) (destaques originais).
– Viver de acordo com a Palavra que prega deve ser a conduta de todo ministro de Jesus Cristo, que deve ser exemplo para os fiéis, de tal forma que possa ser imitado pela membresia, já que o obreiro tem de ser um imitador de Cristo (I Co.11:1; Hb.13:7; I Pe.5:3).
“…Os ministros cuja maneira de viver está em conformidade com as suas doutrinas, muito provavelmente farão bem e deixarão frutos duradouros do seu trabalho. Por outro lado, aqueles que pregam bem, mas se conduzem mal não podem esperar trazer proveito ao povo…” (HENRY, Matthew. op.cit., p. 716).
– Paulo podia falar o que estava a dizer porque Timóteo, que o acompanhava desde o início da segunda viagem missionária, bem sabia o testemunho que o apóstolo tinha e como havia sofrido perseguições e aflições pela causa do Evangelho, nunca tendo envergonhado o Senhor Jesus em suas atitudes e procedimentos.
– “…Sobre suportar os males. [Paulo] instrui sobre 3 coisas que lhe traz à memória: a paciência que teve, os males que suportou, o socorro divino que o acompanhou. Então, pôs: 1º. a paciência, que aperfeiçoa o trabalho (Tg.1), e a matéria da paciência, ou seja, a perseguição em geral (Mt.10), e em particular, os abusos, que sofreu em seu próprio corpo (II Co.11); e, em particular, “o que me aconteceu em Antioquia, Icônio e Listra”.
Os judeus que perseguiram o apóstolo na presença de Timóteo, mas nunca faltou a ajuda divina. Por isso, diz, “de todas me livrou o Senhor” (II Co.1).…” (AQUINO, Tomás de. op.cit., Cit. II Tm.3:1-9, n.11. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Paulo mostra, ademais, para tristeza dos falsos ensinadores seja da “teologia da prosperidade”, seja da sua coirmã, a “teologia da confissão positiva”, que os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições (II Tm.3:12).
– Quando nos dispomos a viver em comunhão com o Senhor, quando passamos a fazer a Sua vontade, é inevitável que entremos em colisão com o mundo, que nos tornemos um “copo estranho” no organismo deste sistema imerso no maligno e não deve ser surpresa, para nós, portanto, que passemos a ser combatidos por este mesmo mundo, assim como os “corpos estranhos” que adentram em nosso organismo são combatidos pelas células de nosso corpo.
OBS: “…O mundo não ama a Cristo ou Seu Evangelho um átomo mais hoje do que amou nos dias de Paulo. “A mente carnal é” ainda “inimizade contra Deus “.…” (SPURGEON, Charles H. op.cit., p.8) (tradução nossa de texto em inglês).
– Tanto assim é que, logo após o Senhor Jesus ter revelado o mistério da Igreja, que desde os séculos esteve oculto em Deus (Ef.3:9), faz questão de afirmar que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt.16:18), a indicar, portanto, que haveria uma contínua oposição do maligno contra o povo do Senhor. Como afirma Tomás de Aquino:
“…é coisa corrente que os santos padecem perseguições e que aos males de cada dia se acrescentem outros males…” (op.cit. Cit. II Tm.3:10-12, n.12. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– Apesar de toda a oposição que sofre o genuíno e verdadeiro servo de Deus, não podemos achar que o mal está a triunfar. Pelo contrário, são os homens maus e enganadores que irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.
Embora, em aparência, pareça que é o servo de Jesus Cristo que está em desvantagem, por causa das perseguições e aflições, o fato é que, a cada dia, ele está se aproximando do Senhor, enquanto que os que rejeitam o Evangelho estão caminhando celeremente para a perdição.
No final, como diz o profeta Malaquias, se verá a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não O serve (Ml.3:18). Timóteo deveria ter a mesma visão do salmista Asafe que, ao ver a prosperidade dos ímpios, precisou abandonar seu olhar carnal e ver a realidade das coisas pelo seu verdadeiro lado, que é o espiritual (Sl.73:1-20).
OBS: “…Assim como homens justos, pela graça de Deus, se tornam cada vez melhores, assim também ocorre com os homens maus, por meio da sutileza de Satanás e o poder das suas próprias corrupções, se tornam cada vez piores. O caminho do pecado é morro abaixo; pois esses procedem de mal a pior, enganando e sendo enganados. Esses que enganam os outros não fazem mais do que enganar-se a si mesmos.
Esses que atraem os outros ao pecado acabam incorrendo em mais e mais erros, e descobrirão isso no final, para o prejuízo deles.…” (HENRY, Matthew. op.cit, p. 716).
– Mesmo em meio à grande perseguição que havia sobre a Igreja, mesmo diante das heresias que eram proferidas pelos que se haviam desviado da fé trazendo muito trabalho e esforço para Timóteo, o filho na fé de Paulo deveria prosseguir avante no cumprimento de seu ministério, permanecendo naquilo que havia aprendido desde a sua meninice, seguindo fielmente as Escrituras Sagradas, pois só elas podem nos fazer sábios para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (II Tm.3:14,15).
– “…Ele [Paulo – observação nossa] o [Timóteo – observação nossa] orienta a permanecer firme em um bom ensino e especialmente em relação àquilo que tinha aprendido das Sagradas Escrituras (w. 14,15): Permanece naquilo que aprendeste. Observe:
Não é suficiente aprender aquilo que é bom, mas devemos permanecer nisso e perseverar até o fim. Então seremos, verdadeiramente, discípulos de Cristo (Jo 8.31).…” (HENRY, Matthew. op.cit, p. 716) (destaque original).
– Não há como termos alento na vida espiritual se não formos ouvintes e praticantes da Bíblia Sagrada. É ela que nos limpa (Jo.15:3) e nos mantém santificados (Jo.17:17; I Tm.4:5), de modo que nos mantemos separados do pecado e em condições de conservar nossa comunhão com o Senhor, comunhão esta que se mantiver até o fim, fará com que vejamos o Senhor nos ares no dia do arrebatamento da Igreja.
– Paulo, então, faz uma profissão de fé das Escrituras, ao dizer que ela é divinamente inspirada e que é proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça (II Tm.3:16).
O apóstolo mostra que a Bíblia é a Palavra de Deus, que seus escritores forem inspirados pelo Espírito Santo (II Pe.1:21), motivo por que não podemos duvidar das Escrituras, nem tampouco dizer que seus preceitos não se aplicam mais ou perderam a validade, como muitos estão a fazer em nossos dias.
– É a Bíblia Sagrada quem nos ensina a verdade, pois ela é a verdade e o Espírito Santo, que nos guia em toda a verdade, jamais pode contrariá-la, mas, bem ao contrário, no-la elucida. Por isso, não podemos jamais substituir as Escrituras pela Tradição, como também devemos rejeitar toda e qualquer tradição que contraria o texto sagrado.
– Ao dizer que as Escrituras são divinamente inspiradas, o apóstolo também nos mostra que jamais qualquer tradição pode superar a Bíblia Sagrada, não sendo, portanto, verdadeiro o ensinamento romanista de que as Escrituras são fruto da Tradição ou do Magistério da Igreja.
A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e o próprio Senhor a pôs acima do Seu próprio nome (Sl.138:2). Acertadíssimo, portanto, um dos pontos basilares da Reforma Protestante, que é o “sola Scriptura” (somente a Escritura), segundo o qual a Bíblia Sagrada é a única regra de fé e de conduta para o cristão (que é, aliás, o item 2 do Cremos das Assembleias de Deus).
– “…As Escrituras que devemos conhecer são as Santas Escrituras ou as sagradas letras. Elas vêm do Deus santo, foram entregues por homens santos, contêm preceitos santos, tratam de coisas santas e foram destinadas a tornar-nos santos e a orientar-nos para o caminho da santidade para a felicidade.
(…) as Escrituras são um guia certo em nosso caminho para a vida eterna. Observe: As pessoas verdadeiramente sábias são sábias para a salvação.
As Escrituras são aptas a tornar-nos verdadeiramente sábios, sábios para a nossa alma e para o outro mundo. “Para tornar você sábio para a salvação pela fé”.
Observe: As Escrituras vão nos tornar sábios para a salvação, se estiverem combinadas com a fé, e não o contrário (Hb 4.2). Porque, se não crermos na sua verdade e bondade, não nos farão bem algum. [2] Ela é proveitosa para todos os propósitos da vida cristã, para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça. Ela atinge todos os fins da revelação divina.
Ela instrui naquilo que é verdade, repreende quando estamos errados e nos dirige naquilo que é bom. Ela é útil para todos, porque todos precisamos ser instruídos, corrigidos e redarguidos.
Ela é especialmente útil para os ministros, que devem dar instrução, correção e repreensão; e de onde poderíamos obter informações melhores do que da Bíblia? [3] Para que o homem de Deus seja perfeito (v.17).
O cristão, o ministro, é um homem de Deus. O que completa um homem de Deus neste mundo é a Escritura. Por meio dela somos perfeitamente instruídos para toda boa obra.
A Escritura é adequada para todas as situações. Independentemente do nosso dever, ou do nosso serviço, podemos encontrar aquilo que precisamos nas Escrituras.…” (HENRY. Matthew. op.cit., p. 717).
– Através das Escrituras, todo homem de Deus será perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra. “…O homem de Deus (…) é o crente. Cada crente, considerado como pertencente a Deus, e como investido com o tríplice ofício de profeta, sacerdote e rei, recebe aqui este título.
Para exercer adequadamente este tríplice ofício, o crente deve ser bem equipado (…); sim, uma vez por todas, plenamente equipado (cf. Lc.6:40) ‘para toda boa obra’ (I Tm.5:10; II Tm.2:21; Tt.3:1).
Paulo (e o Espírito Santo falando por intermédio dele) não se satisfaz enquanto a Palavra de Deus não cumprir plenamente a sua missão e o crente não tiver alcançado ‘ a medida da estatura da plenitude de Cristo’ (Ef.4:12,13)…” (HENDRIKSEN. William, op.cit., pp.373-4) (destaques originais).
– “…A palavra de Deus demonstra seu poder inspirado e sua utilidade pelo fato de gerar o ser humano de Deus. O ser humano de Deus é de modo especial o mestre da verdade. Já no AT “ser humano de Deus” representa um título preponderante para o profeta, a pessoa que profere os oráculos de Deus.
Porém todos os crentes devem crescer até a maturidade plena da idade adulta em Cristo. O uso múltiplo da Sagrada Escritura visa à maturidade espiritual em Cristo. Wilckens traduz assim: ‘Dessa forma o ser humano de Deus em nós deve ser plenamente desenvolvido.’ Cristo deve ser configurado em nós.…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p.56).
– “…Quatro são, assim como os efeitos da Escritura, a saber: ensinar a verdade, argumenta refutando a mentira, de modo que se faz com a razão especulativa; livrar do mal e induzir ao bem em que mira à prática; e o efeito final que é levar os homens à perfeição; porque não é bom o que quer, mas o que é perfeito no seu trabalho (Hb.6).
Por isso, diz, “que o homem de Deus seja perfeito”, pois não pode ser perfeito se não se é um homem de Deus; porque uma coisa perfeita é aquele que é completa e acabada, à qual não tem falta de nada. E então o homem é perfeito quando percebe isto, ou seja, preparado “para toda boa obra”, não apenas aquelas que são necessárias para a salvação, mas também para aquelas que são de supererrogação [o que se faz além do dever – observação nossa].
Não nos cansemos de fazer o bem “(Gl 6,9).…” (AQUINO, Tomás de. op.cit. Cit. II Tm.3:16,17, n.12. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 11 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– As Escrituras são meio de santificação, ou seja, são um meio de aperfeiçoamento dos santos e, portanto, um instrumento indispensável para todos quantos querem chegar à glorificação, último estágio do processo da salvação, porque somente não andaremos segundo o conselho dos ímpios, não nos deteremos no caminho dos pecadores nem nos assentaremos na roda dos escarnecedores se, antes, tivermos prazer na lei do Senhor e, na Sua lei, meditarmos de dia e de noite (Sl.1:1,2).
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/index.php/adultos/14-adultos-liccoes/311-licao-9-a-corrupcao-dos-ultimos-dias-i