LIÇÃO Nº 10 – O LÍDER DIANTE DA CHEGADA DA MORTE
O ministro de Cristo Jesus deve ser exemplo inclusive no modo de encarar a morte física.
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INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, que estamos a finalizar nesta lição, analisaremos o quarto e último capítulo desta carta.
– O ministro de Cristo Jesus deve ser exemplo inclusive no modo de encarar a morte física.
I – A EXORTAÇÃO DE PAULO A TIMÓTEO PARA A PREGAÇÃO EM TODAS AS OCASIÕES.
– Na sequência do estudo da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, que estamos a finalizar nesta lição, analisaremos o quarto e último capítulo desta carta.
– A primeira parte deste capítulo quatro, consistente de seus cinco primeiros versículos, traz uma exortação de Paulo a Timóteo para que pregasse a Palavra a tempo e fora de tempo, devendo redarguir, repreender, exortar, com toda a longanimidade e doutrina.
– Paulo havia acabado de mostrar a importância das Escrituras Sagradas para a vida espiritual, pois eram elas divinamente inspiradas para ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça.
– Ora, se a Palavra de Deus era fundamental para a vida espiritual das pessoas, a começar do próprio Timóteo, não se poderia abrir mão de pregá-la a tempo e fora de tempo para que a membresia da igreja local pudesse ter crescimento espiritual, pudesse sobreviver espiritualmente.
– A necessidade desta pregação encontra-se na própria expressão do apóstolo Paulo quando ele conjura Timóteo diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que haveria de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, para que Timóteo tomasse essa atitude (II Tm.4:1).
– Como afirma Matthew Henry: “…Paulo, com grande solenidade e seriedade, compele Timóteo a ser diligente e consciencioso na execução do seu trabalho e ofício como evangelista; e a ordem que foi dada a ele deve ser obedecida por todos os ministros (vv. 1-5).…” (Comentário Novo Testamento Atos a Apocalipse obra completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 717).
– Paulo “…dirige a atenção de Timóteo para Deus e Cristo Jesus, em cuja presença a incumbência é delegada e recebida. Ele põe Timóteo sob juramento de cumprir a incumbência. É a Deus e ao Salvador Ungido que Timóteo (e Paulo também, naturalmente) terá de prestar contas. E este é o Cristo que ‘está para julgar’…” (HENDRIKSEN, William. Comentário I Timóteo, II Timóteo e Tito. Trad. de Válter Graciano Martins, p. 378).
– Como se pode observar, a missão precípua do ministro de Jesus Cristo na igreja local é a proclamação da Palavra, a pregação do Evangelho.
Assim como se fazem juramentos para o início do exercício de uma profissão, juramentos estes que têm o significado de fazer prova da consciência do profissional a respeito de seus deveres e responsabilidades, de tal maneira que não possa alegar qualquer ignorância quando for responsabilizado, do mesmo modo, o apóstolo Paulo deixa claro a Timóteo de que ele deve ter plena consciência de que sua missão principal é o “ministério da Palavra”, algo, aliás, que já era tido como fundamental desde o início da Igreja, ainda em Jerusalém, como dão conta os apóstolos em At.6:2,4.
– As palavras solenes de Paulo mostram a seriedade deste tema não só para Timóteo mas para todos os ministros na igreja local.
O ministério da Palavra é a obrigação primeira de qualquer obreiro, é o que primeiro será cobrado do Senhor, Senhor este que, lembrou bem Paulo, será Aquele que julgará tanto os vivos quanto os mortos.
Nunca nos esqueçamos, aliás, que, salvos ou não, teremos de prestar contas ao Senhor por tudo que tivermos feito durante nossa existência terrena. Como diz o escritor aos hebreus: “E não há criatura alguma encoberta diante dele: antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de tratar” (Hb.4:13).
– “…Mais uma vez Paulo o [Timóteo – observação nossa] coloca diante do semblante divino, longe de todos os veredictos humanos. Você está diante de Deus e do Messias, o Juiz de todos, devendo prestação de contas a Ele.
O que pessoas afirmam sobre você não terá importância no dia do juízo final, motivo pelo qual você deve libertar-se disso desde já, a fim de poder cumprir livremente sua tarefa, inclusive quando ela acarretar sofrimento e perseguição…” (BÜRKI, Hans. Cartas a Timóteo II Timóteo Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.57).
– Trata de assunto sério, diríamos até o mais sério assunto da vida ministerial: o de pregar a Palavra de Deus. Os ministros serão julgados diante de Deus, pelo Senhor Jesus, em primeiro lugar, sobre se desincumbiram a contento do ministério da Palavra.
Assim, diante do Tribunal de Cristo (Rm.14:10; I Co.3:10-15; II Co.5:10), aqueles que forem fiéis e arrebatados, serão julgados sobre o modo como desempenharam o ministério da Palavra, recebendo, ou não, galardão por isso, até porque, aos ministros, está reservada a coroa de glória (I Pe.5:4).
OBS: “…Ele [Timóteo – observação nossa] é conjurado a pregar a palavra. Essa é a função dos ministros: uma revelação é confiada a eles. Não são as suas próprias ideias e concepções que devem pregar, mas a pura e clara Palavra de Deus; e eles não a devem corromper, mas com sinceridade falam de Cristo, como de Deus na presença de Deus (II Co. 2:17).…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.718).
– Pior situação, entretanto, terão aqueles ministros que não forem achados fiéis (Cf. I Co.4:1,2) e que, portanto, não serão arrebatados. Estes terão de comparecer ao juízo do trono branco (Ap.20:11-15), onde serão condenados ao tormento eterno, mas terão, certamente, um juízo ainda mais terrível, diante da negligência que tiveram com o ministério da Palavra. Que Deus nos guarde!
– Timóteo deveria pregar a Palavra a tempo e fora de tempo. “…A tempo, quando estiverem livres para ouvir a ti, quando alguma oportunidade especial se apresentar de falar a eles.
Não somente isso, mas faze-o fora de tempo, mesmo quando não há a aparente probabilidade para despertá-los para o evangelho, porque tu não sabes, mas o Espírito de Deus pode fazer isso neles; porque o vento sopra onde quer; e pela manhã, semeamos a nossa semente e, à tarde, não retiramos a nossa mão” (Ec 11.6).
Devemos fazê-lo a tempo, isto é, não deixar escapar a oportunidade; e fazê-lo fora de tempo, isto é, não esquivar-nos do dever, com o pretexto de que é fora de tempo.…” (HENRY. Matthew. op.cit., p.718).
– Devemos, portanto, entender este “fora de tempo” da exortação de Paulo em consonância com o que havia dito antes e o que diria em seguida a Timóteo, ou seja, a pregação da Palavra deveria se dar sempre, ainda quando se estivesse no tempo em que os ouvintes não quisessem ouvir a Palavra (Cf. II Tm.4:3), ou seja, os tempos da apostasia de que Paulo já tratara com seu filho na fé.
– Bem se vê, portanto, que este “fora de tempo” não tem o sentido que alguns inadvertidamente têm dado para justificar a pregação do Evangelho em locais e horários inapropriados e inadequados, como, por exemplo, o servo de Cristo que resolve “pregar o Evangelho” em vez de exercer a sua tarefa no local de trabalho ou de assistir às aulas num estabelecimento escolar.
O texto aqui nada tem que ver com tais procedimentos, que não são condutas que se esperam de um servo de Jesus que é submisso às autoridades, como, aliás, faz questão de lembrar Paulo em I Tm.6:1 bem como em Rm.13:1,2.
– O ministro de Cristo Jesus tem de pregar a Palavra quer as pessoas ouçam ou deixem de ouvir (Ez.2:5,7), pois esta é a sua tarefa, a sua mais importante missão, a razão de ser de sua chamada para o ministério e o primeiro item da pauta do julgamento, quando terá de prestar contas diante do Senhor Jesus, seja no Tribunal de Cristo, seja no Juízo do Trono Branco.
– A pregação da Palavra, que é a sã doutrina, sem quaisquer invencionices ou inovações, deve seguir as mesmas funções das Escrituras, ou seja, deve ser uma pregação que ensine a membresia o que há na Bíblia Sagrada, deve ser um Palavra de redarguição, ou seja, de repetição do ensino, bem como deve ser uma palavra de repreensão, ou seja, correção, bem assim de exortação.
– O ministro de Cristo Jesus deve pregar a Palavra com todas estas finalidades, visando ensinar, repetir o ensino (redarguir), corrigir (repreender) e exortar, de modo a que seja o instrumento divino para que toda a igreja local seja instruída em justiça.
– Mas, além do conteúdo da pregação, o apóstolo Paulo também fala a respeito do modo da pregação. A pregação deve ser feita com toda a longanimidade, ou seja, com paciência, de modo manso e pacífico, sem insultos, humilhações, manifestações de ódio ou raiva, como, lamentavelmente, ocorre com certa frequência em muitas igrejas locais, onde se confunde correção, repreensão e exortação com falta de respeito, ira ou rispidez.
É triste vermos alguns obreiros se vangloriando diante de seus colegas de que foi ríspido com a membresia, de que “sentou o pau” no povo. Tais ministros precisam, urgentemente, rever seus conceitos, antes que seja tarde demais, pois terão de prestar contas ao Senhor por tal comportamento.
OBS: “…longanimidade (tardio em irar-se, amável e paciente para com as pessoas que têm errado)…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.382).
– Mas, além da longanimidade, a pregação deve ser feita “com doutrina”. Como afirma William Hendriksen, trata-se aqui da “disposição para ensinar”. O ministro deve pregar com disposição para ensinar, empenhado em ser compreendido pelos ouvintes, com o nítido propósito de que os membros da igreja local aprendam a Palavra de Deus.
Quem está disposto a ensinar não mede esforços para que o aprendizado se dê, dedicando-se ao estudo da Palavra, dando proeminência à Palavra nas reuniões e incentivando toda e qualquer atividade na igreja local que vise ao crescimento do conhecimento do povo de Deus nas Escrituras Sagradas.
– Não é, entretanto, que temos visto em grande parte das igrejas locais na atualidade, onde não há qualquer incentivo ou estímulo para a frequência nos chamados “cultos de doutrina”, onde os ministros são faltosos nas Escolas Bíblicas Dominicais, onde não há apoio por parte dos obreiros na melhoria das condições das Escolas Bíblicas Dominicais como também na realização de eventos voltados para o ensino da Palavra de Deus.
Como se isto fosse pouco, não são poucas as igrejas locais onde abundam eventos que não trazem qualquer proveito para a estruturação doutrinária da membresia, sem falar no pouquíssimo tempo que se dedica, nos cultos, à pregação da Palavra, com o preenchimento do tempo com outras atividades, como o louvor, jograis, peças teatrais e até danças, deixando-se a Palavra não em segundo, mas em quinto, décimo e até centésimo planos. É exatamente isto que o apóstolo Paulo está a combater em sua exortação a Timóteo.
– “…Estes cinco concisos imperativos, que se emparelham a outros quatro no versículo 5, resumem a tarefa do ministério:
(1) Prega. É a primeira e grande tarefa básica da transmissão da mensagem fundamental, como fazia o próprio Paulo (I Co. 15:1-11) e Jesus (Lc. 5:1; 8:11, 21).
(2) Insta. Estar pronto, preparado, quando for conveniente e quando não for.
(3) Corrige, intimamente relacionado com a ideia de “convencer” (3:16; …), é a mesma palavra que foi usada em Tt.1:9 (“exortar”), 13 (“repreender”); 2:15 (“exortar”); I Tm. 5:20 (“repreender”).
(4) Repreende foi traduzido para advertir em Mt. 12:16; advertir em Mc. 8:30; repreender em Mc. 10:48; e advertir em Lc. 9:21. Significa cobrar uma responsabilidade não cumprida. A ideia essencial é, frequentemente, a exigência implícita da restituição quando apontado o erro.
(5) Exorta costuma ser traduzido para confortar ou suplicar. É uma ansiosa súplica em qualquer circunstância da vida, possível por causa da presença do Confortador, cujo nome é uma forma diferente a mesma palavra.
A frase, com toda a longanimidade e doutrina (ensinamentos), não deve ser tomada só com o último dos imperativos, mas deve acompanhar todos os cinco mandamentos. Paciente transmissão de ensinamentos é a mais sólida das bases para um sucesso final no ministério (cons. 2:25).…” (HARRISON, Everett F. II Timóteo Comentário Moody, pp.16-7).
– A exortação de Paulo não se restringe a Timóteo, até porque o tempo a que ele se refere em que a maior parte dos membros da igreja local não quereriam sofrer a sã doutrina mas, tendo comichão nos ouvidos, amontariam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, não era o tempo em que Timóteo estava a pastorear a igreja de Éfeso que, muitos anos depois, era tida como um exemplo nesta matéria pelo Senhor Jesus na carta que dirigiu a ela (Ap.2:2), mas, sim, aos últimos tempos da dispensação da graça, quando a apostasia atingiria níveis alarmantes, ou seja, os dias em que estamos a viver.
OBS: “…Não é o arauto do evangelho quem falha, mas o ouvir dos homens, volúveis que formam o auditório! Eles têm ouvidos que comicham( de um verbo que no ativo significa fazer cócegas; daí, no passivo, sentir cócegas, e assim, coçar; figura: ‘sentir um desejo irritante’). Seu anseio é ter mestres que se ajustem às suas fantasias ou gostos pervertidos…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.383) (destaques originais).
– Este tempo já chegou. Com efeito, verificamos, com muitíssima tristeza, a imensa maioria dos membros das igrejas locais “fugindo” da sã doutrina, boicotando os cultos de ensino, as Escolas Bíblicas Dominicais e tudo fazendo para que o tempo da Palavra seja sensivelmente diminuído nas reuniões, reuniões em que o que impera, na atualidade, são as “cantarolas” que ocupam quase que a totalidade do tempo, sem se falar em pregações que, ou não ensinam a sã doutrina, sendo repletas de heresias e mensagens de autoajuda, ou, então, não passam de encenações teatrais, muitas vezes repletas de estratégias e técnicas de neurolinguística, com clichês, chavões e atitudes que nada mais são que “enchimento de linguiça”, para tentar esconder o vazio espiritual e de mensagem dos preletores.
– Não são poucos os que cristãos se dizem ser que estão “fugindo” da sã doutrina, que não têm qualquer interesse em ouvir a Palavra de Deus e que andam atrás de “reteteté”, “reveladores”, “louvorzões”, “sessões de descarrego” e de “mensagens de autoajuda”, onde chegam rapidamente a uma histeria, que confundem com “poder de Deus”, mas que não têm qualquer interesse em conhecer a genuína e autêntica Palavra de Deus.
– São pessoas que estão correndo atrás daqueles que falem o que eles querem ouvir. São ouvintes que estão em busca de quem confirme os seus sentimentos, as suas vontades, pouco se importando com o que diz o Senhor em Sua Palavra. São pessoas que fazem parte da turma do “me engana que eu gosto”.
– Diante de tais atitudes e mentalidades, muitos ministros de Cristo Jesus, para serem “simpáticos”, “populares”, “contemporâneos” e, sobretudo, para que obtenham vantagens econômico-financeiras, amoldam-se a este comportamento desenvolvido por boa parte dos que cristãos se dizem ser, não só aderindo a estas práticas lamentáveis, mas as estimulando, incentivando e fomentando em suas igrejas locais.
O resultado disto é o que se vê em nossos dias: o avanço assustador da apostasia espiritual e a transformação das igrejas locais em estabelecimentos de entretenimento e de engodo.
– Paulo, entretanto, diz a Timóteo que, diante deste comportamento, ele deveria ser sóbrio em tudo, sofrendo as aflições, fazendo a obra dum evangelista, cumprindo o seu ministério (II Tm.4:5), ou seja, bem ao contrário do que fazem muitos dos ministros da atualidade, o apóstolo diz que Timóteo, diante do ânimo dos ouvintes em buscar outra coisa que não fosse a sã doutrina, deveria se manter sóbrio, ou seja, equilibrado, continuando a pregar a Palavra, estando preocupado em agradar a Deus e não aos homens, rejeitando fazer uso de fábulas ou de mentiras, mas continuando a pregar a Cristo e este crucificado (Cf. I Co.2:2).
– Timóteo deveria estar pronto a cumprir o seu chamado ministerial, sabendo que quem o havia escolhido era o Senhor e não a membresia, de modo que não poderia querer fazer o que a membresia desejava, mas, sim, cumprir a missão que lhe fora confiada pelo Senhor, sabendo que é a Ele que ele deve prestar contas naquele dia.
– Timóteo deveria fazer a obra dum evangelista, ou seja, deveria pregar o Evangelho, nada mais, nada menos do que isto. Não deveria se impressionar pela resistência dos ouvintes, nem procurar apresentar um outro discurso que pudesse “amenizar” as resistências.
Obreiro do Senhor Jesus não foi feito para agradar o auditório, mas, sim, para agradar a Deus. O apóstolo podia ensinar isto a seu filho na fé, porque ele havia sempre vivido deste modo, tanto que disse aos gálatas que se estivesse ainda a agradar aos homens não poderia ser considerado servo de Jesus Cristo (Gl.1:10).
– O ministro de Cristo Jesus não pode se amoldar aos desejos dos ouvintes, nem tampouco ao “discurso politicamente correto” tão em voga no mundo hodierno. Deve, isto sim, pregar a Palavra de Deus, insistir nesta pregação, ainda que as pessoas, rejeitando tal mensagem, ameacem abandonar ou realmente abandonem a congregação. O ministro deve imitar seu Senhor que, ante um duro discurso, não se intimidou com o abandono de muitos discípulos, tendo, ao ser como que “avisado” pelos que ainda restavam de que o discurso era duro demais, deixado os que ainda O ouviam à vontade para também irem embora (Jo.6:66-68).
– O ministro deve pregar o Evangelho, não pode alterar a mensagem das Escrituras Sagradas, devendo ensinar única e exclusivamente a sã doutrina, pouco se importando se as pessoas estão, ou não, de acordo com o que é ensinado. Não deve ter medo do abandono de muitos por causa disto, pois é muito mais importante estar a agradar a Deus do que ter a simpatia e popularidade dos homens.
– Isto, à evidência, não significa que o obreiro deve ser ríspido e mal educado, afugentando, com sua falta de polidez, o auditório. Lembremo-nos de que, antes de falar sobre isto, o apóstolo disse que a pregação deve ser com longanimidade e doutrina.
O obreiro deve, sim, pregar a verdade, não deve se moldar a padrões ditados pela concupiscência daqueles que, com comichão nos ouvidos, não querem abandonar a sua vida pecaminosa e por isso não suportam o ensino bíblico genuíno, mas isto não autoriza falta de polidez e de respeito aos ouvintes por parte dos pregadores.
– Aliás, é precisamente por causa do tempo da apostasia que o obreiro deve manter o seu compromisso de ministrar a Palavra de Deus. Como afirma Tomás de Aquino, o grande teólogo da Idade Média:
“…”Virá o tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina.” Isso mostra a necessidade da admoestação acima, que é tríplice, segundo vem dos ouvintes, ou do apóstolo Timóteo. A primeira, de parte dos ouvintes, é a sua falta de vontade de ouvir, não querendo ouvir o que é proveitoso, mas o agradável.
Então ele diz relativamente à primeira: como dispostos a acatar a sã doutrina, insiste-lhes, conforta-lhes os ouvidos, “porque o tempo virá quando os homens não suportarão a sã doutrina”, e que é o tempo quando haverá maus doutores; “Eu sei que depois da minha partida você terá que atacar lobos vorazes” (At 20:29).
Onde se diz: “Eles não vão sofrer”, isto é, ser-lhes-á odiosa a doutrina de Cristo (Pv 8).…” (AQUINO, Tomás de . Comentário da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo. Cit. II Tm.4:1-5. n. 13. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 17 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
II – PAULO PREVÊ A SUA MORTE
– Paulo, em seguida, traz a Timóteo mais uma revelação do Espírito Santo, a como que explicar o alto grau de solenidade e seriedade da exortação para que seu filho na fé cumprisse o seu ministério mesmo diante da apostasia.
O apóstolo iria morrer, não sairia vivo da prisão, como acontecera na vez anterior: “estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (II Tm.4:6).
– Paulo faz esta afirmação com serenidade, porque não tinha medo da morte. Ele já havia dito que a vida que vivia o fazia na fé do Filho de Deus, pois não era ele mais quem vivia, mas, sim, Cristo vivia nele (Gl.2:20).
Ele já havia morrido para o mundo (Gl.6:14) e não tinha a sua vida por preciosa (At.20:24), sabendo que o morrer para ele era ganho (Fp.1:21) e entendendo que a morte lhe traria algo muito melhor do que esta existência terrena (Fp.1:23).
– Paulo vivia nesta terra com um único e exclusivo propósito que era o de cumprir com alegria a sua carreira e o ministério que recebera do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus (At.20:24).
Assim, na primeira prisão em Roma, embora desejasse estar com Cristo, que era algo muito melhor do que ficar nesta Terra, o apóstolo havia compreendido de que ainda não era o tempo da partida, que tinha ainda algo a fazer para o Senhor na Sua obra, entre as quais, ir novamente a Filipos para confortar e animar os crentes daquela igreja local.
– Agora, porém, quando já tinha ido a Filipos, provavelmente ido a Espanha e retornado a Ásia, onde foi preso em Trôade, talvez por uma denúncia de Alexandre, o latoeiro, o apóstolo chegava à conclusão de que sua carreira havia terminado, que não lhe restava nada mais a fazer na obra do Senhor senão se oferecer como aspersão de sacrifício, do que ser mártir, dando a sua vida por causa da fé em Jesus.
– O apóstolo faz esta revelação a Timóteo porque esperava de seu filho na fé a mesma disposição. Ele não deveria se preocupar com a grande perseguição que a Igreja sofria no reinado de Nero, nem tampouco ter medo de ter, também, de dar a sua vida por causa da fé.
Sua única e exclusiva preocupação deveria ser cumprir o ministério, fazer a obra dum evangelista, pregar a Palavra, impedir a proliferação de falsos ensinos na membresia da igreja de Éfeso e deixar-se ficar nas mãos do Senhor, inclusive, se fosse o caso, também enfrentando o martírio, se fosse esta a vontade de Deus.
– Sabemos que ninguém aceita de bom grado a morte física, visto que o homem não foi criado para morrer e este evento, consequência da entrada do pecado no mundo, é algo que contraria o propósito divino originário de nossa criação, motivo pelo qual se trata de fato que não encontra em nossas mentes e interior aceitação, nem pode ter tal aceitação.
– No entanto, conquanto seja algo que não seja de nossa aceitação, é uma realidade com a qual devemos conviver, que devemos enfrentar e o salvo em Cristo Jesus deve ter uma atitude de resignação, de esperança e de consciência.
– A atitude de resignação no sentido de que todos os salvos em Cristo Jesus morrerão, com exceção daqueles que estiverem vivos no dia do arrebatamento da Igreja. Sendo assim, devemos nos conformar com a ideia de que a morte física é uma possibilidade real para todo salvo e que, portanto, devemos viver de modo a que não sejamos surpreendidos com tal evento.
Isto envolve, além da nossa santificação e vigilância, para que, no dia de nossa morte física, não sejamos apanhados em pecado, como também a própria tomada de providências concernentes à nossa ausência neste mundo, inclusive medidas para que nossos familiares e entes queridos não fiquem desamparados e sejam sobremaneira prejudicados com a nossa morte.
– Não adianta querer lutar contra a realidade da morte física, buscando, como faziam os alquimistas da Idade Média, o “elixir da longa vida”.
É lógico que devemos cuidar de nossa saúde, devemos pedir a cura das enfermidades ao Senhor, mas que isto nunca represente a ilusão de que somos “imunes” à morte. Não devemos desejar morrer, mas temos de reconhecer que esta é uma possibilidade muito grande em nossa existência terrena.
– Paulo sabia desta realidade e a enfrentava com naturalidade. Quando de sua viagem a Jerusalém, avisado de que muito sofreria e seria encarcerado, por meio de profecias, foi resoluto ao afirmar que estava pronto para morrer.
Anos haviam se passado desde então, tinha ele sido poupado da morte pelo Senhor mas agora o mesmo Deus lhe dizia que estava próximo o tempo de sua partida e o apóstolo, resignadamente, conta isto a Timóteo, tomando as devidas providências diante desta realidade, como podemos observar na sequência da epístola:
pede a Timóteo que viesse depressa, a tempo de o apóstolo poder vê-lo antes de sua morte, devendo trazer com ele a Marcos (II Tm.4:9,11); pede que lhe sejam trazidas capa e livros, que havia deixado por ocasião de sua prisão em Trôade (II Tm.4:13), manda saudações a irmãos que sabia que nunca mais veria (II Tm.4:19).
– Tal conduta de Paulo mostra, assim, a atitude de esperança com que o apóstolo encarava a morte, pois, ao saber, pelo Espírito Santo, que não escaparia da condenação à morte diante da acusação política que agora pairava sobre ele, não entrou em desespero, nem ficou a choramingar ou a suplicar a Timóteo que “levantasse um clamor” com a igreja de Éfeso para a absolvição e consequente libertação da prisão.
– O apóstolo tinha consciência de que havia acabado a carreira, havia feito tudo quanto era da vontade de Deus que fizesse em seu ministério e, portanto, nada mais havia para que o apóstolo fizesse nesta Terra, tendo, portanto, chegado o tempo de descansar das suas obras, aguardando a ressurreição no dia do arrebatamento da Igreja.
Ora, se o objetivo da vida de Paulo era cumprir o ministério que lhe fora confiado, por que razão deveria ele agora se desesperar diante da iminência da morte? Sua vida só tinha sentido em fazer a vontade de Deus e Deus agora nada mais queria que ele fizesse sobre a face da Terra.
– O servo de Cristo Jesus almeja desfrutar da eternidade com Deus. Seu objetivo de vida é chegar aos céus e a morte física nada mais representa senão precisamente esta passagem para a eternidade, um primeiro estágio para aquilo que representará a consumação de todo o processo da salvação, que é a glorificação, o que ocorrerá apenas no dia do arrebatamento da Igreja.
No entanto, a morte física traz o descanso a todos os que labutaram incansavelmente nesta peregrinação terrena na obra de Deus (Ap.14:13).
– Paulo sabia que chegara o momento de ele descansar dos seus trabalhos e ir para o local aonde fora levado em arrebatamento anos antes (Cf. II Co.12:1-4), lugar que já sabia ser glorioso e que fizera com que Paulo afirmasse, quando ainda preso pela primeira vez, que era muito melhor estar com Cristo do que neste mundo.
– Diante da morte, o servo de Jesus não pode ficar desesperado, angustiado ou alarmado, mas deve demonstrar que sua vida tem um alvo, que é o de desfrutar da eternidade com Deus. Nosso saudoso pai, que partiu para a eternidade recentemente, quando teve de decidir sobre a realização de uma cirurgia de alto risco, na qual não resistiu, foi bem claro ao afirmar que não tinha que temer o risco da morte, visto que havia pregado durante toda a sua vida que o céu era bom e não poderia negar toda a sua vida ministerial temendo morrer.
É esta a atitude que deve ter um genuíno e autêntico servo de Cristo: saber que aquele que crê em Cristo Jesus, ainda que esteja morto, viverá (Jo.11:25).
– Resulta disto, aliás, a terceira atitude, que é a atitude de consciência. O servo de Cristo Jesus deve ter consciência que, desde o momento em que recebeu a Cristo como seu Senhor e Salvador, sua vida tem um único propósito: fazer a vontade de Deus.
Sua vida não mais lhe pertence, ele é propriedade de Cristo (I Co.6:20), de forma que deve estar à disposição do Senhor não só para ir aonde o Senhor mandar, para fazer o que o Senhor quer se faça, mas, também, para cessar de fazer todas as coisas e partir para o Paraíso.
– O Senhor Jesus tinha esta consciência, tanto que disse que a Sua comida era fazer a vontade d’Aquele que o enviara e de realizar a Sua obra (Jo.4:34), tendo, ainda, na Sua oração sacerdotal, dito que havia glorificado o Pai na terra tendo realizado a obra que lhe dera a fazer (Jo.17:4) e, com uma palavra de vitória, ter dito, na cruz, que estava consumada esta mesma obra (Jo.19:30), ocasião em que entregou Seu espírito nas mãos do Pai e expirou (Lc.23:46), a nos mostrar que a morte vem quando cumprimos tudo quanto Deus quis que fizéssemos sobre a face da Terra.
– Paulo, tendo esta consciência, diz que havia combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé (II Tm.4:8). Sabedor de que iria morrer, o apóstolo chegou à conclusão que nada mais lhe restava fazer em termos de ministério e podia humildemente e em gratidão a Deus dizer que, neste momento final, havia sido fiel, havia mantido a sua luta contra as hostes espirituais da maldade e permanecido em comunhão com o Senhor.
– Assim, em vez de procurar prolongar a vida, de se apegar à existência terrena, o ministro de Cristo Jesus, que é um exemplo para todos os fiéis (I Tm.4:12; Hb.13:7; I Pe.5:3), deve mostrar à membresia da igreja local e a todos os homens que a vida somente tem sentido se for vivida como uma luta incessante contra as hostes espirituais da maldade, como uma existência que deve sempre cumprir a vontade de Deus e, por fim, como um esforço para jamais abandonar a fé em Jesus Cristo.
– “…Combati o bom combate. Aquilo para o que Timóteo foi convocado (1Tm 6.12) foi cumprido pessoalmente pelo apóstolo e suportado até o vitorioso fim. Ele ‘proclamou o evangelho de Deus mediante grande luta’.
Agora acabou a luta, esgotou-se a luta da vida, o bom combate chegou a bom fim. Ele lutou contra poderes sombrios da maldade, contra Satanás, contra vícios judaicos, cristãos e gentílicos, hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto, fanáticos e desleixados em Tessalônica, gnósticos helenistas judeus em Éfeso e Colossos, e não por último – no poder do Espírito Santo – o velho ser humano dentro de si mesmo, tribulações externas e temores internos.
Acima de tudo e em tudo, porém, lutou em prol do evangelho, a grande luta de sua vida, seu bom combate. Completei a corrida. A imagem do atleta competidor que alcançou a meta e por quem espera a coroa da vitória.
Agora não cabe mencionar os incontáveis obstáculos que ele certamente conhece e poderia enumerar, mas o final da corrida, a perseverança té o alvo. Nada pôde deter sua trajetória, por nada ele foi interrompido significativamente.
Agora tampouco poderes mundanos destruirão sua vida de forma autocrática, ele é ‘prisioneiro do Senhor’. O que ele anunciou aos anciãos de Éfeso na despedida se cumpriu agora:
Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar o evangelho da graça de Deus’ Tu, Timóteo, cumpre cabalmente teu ministério, assim como eu agora concluí minha tarefa. Uma vida cumpriu seu propósito quando a tarefa foi reconhecida e concretizada e quando Deus é glorificado assim.
Guardei a fé. Será que se deve traduzir aqui com a frase que se tornou linguajar corrente ‘Guardei a fidelidade’?
Sem dúvida tem-se em vista ‘a fidelidade até a morte’; é intencional a ligação com 2Tm 2.11-13; também a fidelidade do administrador, do qual se demanda prestação de contas no juízo; a aprovação do colaborador e sua paciência até o fim no trabalho penoso, quando os frutos estão maduros. Tudo está englobado, mas antes de tudo e em tudo vale uma só coisa:
‘Aqui se trata da perseverança dos santos, os que guardam fielmente os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.’ ‘Guardei a fé’, isso é o alfa e o ômega, origem e alvo daquele que por ocasião do primeiro aprisionamento confessou:
Cristo é minha vida e morrer para mim é lucro. Poder crer até o fim, ser sustentado na fé em Jesus, receber constantemente essa fé renovada e aprofundada: essa é a graça máxima, dádiva imerecida, exaltação da fidelidade de Deus.
O soldado, o corredor, o administrador (agricultor) – todas as três metáforas que Paulo lançou a Timóteo para encorajá-lo, todas direcionadas para o fim dos tempos, cumpriram-se em Paulo.
Essas declarações não são marcadas pelo enaltecimento próprio, mas pela gratidão e adoração àquele que o tornou forte na luta, que o conduziu à perfeição, que o presenteou com a fé e o preservou.…” (BÜRKI, Hans. op.cit., p.61).
– Diante da constatação de que nada mais lhe restava fazer em termos de ministério, o apóstolo diz que o que aguardava era tão somente a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz, lhe daria naquele dia e não somente a ele mas também a todos que amarem a vinda do Senhor (II Tm.4:8).
– Com esta afirmação, Paulo mostra-nos que há um hiato entre a ida ao Paraíso e o Tribunal de Cristo, período de descanso dos trabalhos, descanso este que não deve ser confundido com o “sono da alma”, esta falsa doutrina ensinada por alguns segmentos religiosos.
Os que morrem no Senhor vão para o Paraíso onde, conscientemente, aguardam a ressurreição, que ocorrerá no dia do arrebatamento da Igreja, quando, então, serão levados ao encontro com o Senhor nos ares e lá serão levados ao Tribunal de Cristo, onde receberão o galardão, a recompensa pelos seus trabalhos.
– A coroa de justiça é o galardão que terão todos aqueles que tiverem agido como o apóstolo Paulo, cumprindo o seu ministério, lutado contra o mal e se mantido fiéis ao Senhor durante toda a sua existência terrena após terem se tornado “novas criaturas” (II Co.5:17).
– “…desde que tenho lutado com coragem e completou a corrida, o que resta senão esperar a coroa? Chama-a coroa da justiça, porque Deus vai dar-lhe justiça.
Mas, pelo contrário, que sabermos que a vida eterna é dada pela bela graça de Deus (Rm.6; Rm.8), logo não de justiça. Respondo: está lá a graça quanto à raiz do mérito; a justiça quanto ao ato, que procede da vontade ou, diga-se, a coroa da justiça a que se dá de justiça, porque dá aos justos o que corresponde a suas obras justas.
“Dizei aos justos que bem lhes irá porque comerão do fruto das suas obras” (Is.3:10). Esta coroa é dupla: um principal e um secundário. A primeira é a recompensa essencial, que é nada mais do que o gozo de usufruir a verdade.
“Naquele dia o Senhor dos Exércitos será por coroa gloriosa, e por grinalda formosa, para os restantes do Seu povo” (Is.28:5). Assim, Deus é nossa coroa. A segunda é a que se deve a obras qualificadas e de muito boa textura, a aura, uma das quais é devida aos mártires. (AQUINO, Tomás de. op.cit. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 17 jun. 2015) (tradução nossa de texto em espanhol).
– A expressão “amam a Sua vinda” é assim explicada por William Hendriksen: “…De todos os indícios de que alguém ama o Senhor, um dos melhores é este fervoroso anelo que Ele regresse, porque tal pessoa está pensando não só em si e em sua glória pessoal, mas também em seu Senhor e na vindicação pública dele.
A coroa aguarda tais pessoas…” (op.cit., pp.389-90). Este é o verdadeiro e genuíno desejo da Igreja, sendo, aliás, a oração conjunta que ela faz com o Espírito Santo (Ap.22:17). O anelo da Igreja é, portanto, não ficar vivo aqui na Terra, mas, sim, ser arrebatado pelo Senhor, pouco importando se vivo no dia do arrebatamento ou se já morto, tendo de ressuscitar primeiro para o encontro com o Senhor nos ares.
– Após tal afirmação categórica de confiança e de esperança ante a morte, o apóstolo pede que Timóteo viesse depressa, inclusive avisando ter mandado Tíquico para Éfeso (II Tm.4:12), como que a indicar que não deixaria a igreja efésia acéfala durante o tempo em que Timóteo fosse até Roma para se despedir do apóstolo, a mostrar o cuidado pastoral do apóstolo, numa coerência que demonstrava quão sereno estava o apó stolo mesmo diante da proximidade da morte.
– Paulo, apesar desta serenidade diante da proximidade da sua morte, não deixa de mostrar o seu sentimento de solidão, já que só Lucas estava com ele como também não deixa de mostrar sua tristeza pelo abandono sofrido por parte de Demas, que resolvera deixar o ministério e se dedicar à vida terrena (II Tm.4:10), como também de pedir a Deus que tomasse as devidas providências diante dos males que lhe foram causados por Alexandre, o latoeiro, que deve ter sido o pivô da sua segunda prisão (II Tm.4:14).
Neste particular, Paulo mostra todo o seu espírito cristão, pois não pede vingança nem demonstra ressentimento, mas apenas faz a constatação do que tais atitudes desagradáveis acarretaria a seus autores.
– Paulo ainda pede a Timóteo que lhe trouxesse os livros, inclusive os pergaminhos, como a capa que havia deixado na casa de Carpo. O apóstolo mostra a Timóteo que, apesar de estar no final de seu ministério, ainda deveria meditar nas Escrituras (que são os pergaminhos), pois isto dizia respeito a sua vida devocional, e não apenas a seu ministério.
Mesmo sabendo que iria morrer, Paulo não havia desistido de se alimentar espiritualmente com a Palavra de Deus. Que exemplo para obreiros que desprezam o estudo da Palavra de Deus…
– Paulo revela, ainda, os fatos que ocorreram quando de sua primeira audiência, quando se viu solitário, sem a assistência de qualquer pessoa, mas tendo experimentado a companhia do Senhor, a mostrar como as circunstâncias que abalam nossas emoções não têm o condão nem o podem ter em nosso relacionamento espiritual com o Senhor.
– O apóstolo não havia perdido a esperança em Deus e confiava que, apesar de todas estas contrariedades, o Senhor o livraria de realizar uma má obra, de perder a sua santidade, de deixar de prosseguir o restante de vida que possuía sobre a face da Terra.
O apóstolo mostra-nos que, mesmo diante da iminência da morte, não podemos vacilar, devendo nos manter vigilantes e dependentes da graça e da companhia do Senhor para que cheguemos até o fim.
– E, com esta demonstração exemplar de serenidade e de confiança em Deus, Paulo encerra o seu ministério epistolar, sendo um estímulo e exemplo a ser seguido por todos nós, que devemos ter o Senhor Jesus com o nosso espírito. Amém.
Caramuru Afonso Francisco
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