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LIÇÃO Nº 3 – ESPERANDO A VOLTA DE JESUS

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Nossa esperança é a vinda de Jesus.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da escatologia, estudaremos hoje a esperança da volta de Cristo como elemento primordial da vida espiritual.

– Nossa esperança é a vinda de Jesus.

I – A VIRTUDE TEOLOGAL DA ESPERANÇA

– Iniciando o estudo da escatologia, a doutrina das últimas coisas, na lição anterior, vimos quais os sinais que antecedem a volta de Cristo, que anunciam a Sua proximidade às portas (Mt.24:33).

Ora, também vimos, na primeira lição deste trimestre, que um dos objetivos da escatologia é renovar a fé e a esperança do salvo, fazendo-lhe com que, mesmo diante das aflições deste mundo, que são inevitáveis (Cf. Jo.16:33), ele se mantenha firme na sua jornada rumo ao céu, não se deixando abalar.

– Vemos, pois, que um dos objetivos principais da escatologia é manter vivas no cristão as chamadas “virtudes teologais”, que são três, a saber: a fé, o amor e a esperança (I Co.13:13). Mas o que são “virtudes teologais”?

Quando somos gerados de novo, por intermédio do novo nascimento, nosso espírito, agora vivificado, ou seja, em comunhão com o Senhor, passa a dominar sobre a nossa alma e o nosso corpo.

O domínio do espírito sobre as demais partes de nosso ser faz com que passemos a agir segundo a vontade de Deus, porque, conscientes da presença de Deus em nós, pois passamos a ser templo do Espírito Santo, morada de Deus, tendo recebido de Deus a fé salvadora, que, unida à fé natural, abraçamos os propósitos divinos para nós neste mundo.

– A salvação faz com que o homem passe a ter por objetivo agradar e glorificar o nome do Senhor e todas as suas ações serão dirigidas para que este propósito seja alcançado.

Como salienta Tomás de Aquino (1225-1274), um dos grandes teólogos da história da Igreja, “…há, porém, uma dupla felicidade ou fim último para o homem, como também já antes expusemos. A primeira é proporcionada à natureza humana, à qual o homem pode chegar pelos princípios de sua natureza.

A outra é a felicidade ou a bem aventurança que excede a natureza do homem, à qual o homem pode chegar somente pela virtude divina, segundo uma certa participação da divindade, conforme diz o Apóstolo, ao afirmar que por meio de Cristo nos tornamos “consortes da natureza divina” (II Pe.1:4).…” (Tomás de Aquino. Suma teológica, 1ª parte da 2ª parte, questões 62, 63 e 65. http://www.google.com/search?q=cache:JtxVD1w9EN4J:www.accio.com.br/Nazare/1946/v-infusa.htm+%22virtudes+teologais%22&hl=pt-BR Acesso em 15 jan. 2005).

– Nesta situação de liberdade frente ao pecado, o homem salvo passa a receber de Deus notas da natureza divina. Deus tem prazer em compartilhar a Sua natureza com o homem e, não havendo mais pecado a impedir a comunicação entre Deus e o homem, o Senhor passa a trazer ao homem a Sua glória, que, então, começa a ser refletida pelo homem, agora restaurado como imagem e semelhança de Deus.

– O caráter do homem, portanto, passa a ser um espelho que reflete a glória de Deus e, por isso, quando os homens contemplarem as obras deste salvo, glorificarão ao Pai que está nos céus, pois verão Deus nas atitudes e nos gestos deste filho de Deus (Mt.5:16). Deus nos dá, pelo Seu divino poder, tudo o que diz respeito à vida e à piedade e passamos a nos tornar participantes da Sua natureza (II Pe.1:3,4).

Quando nascemos de novo, Deus põe em nós, através do nosso espírito, a disposição firme e constante para moldarmos as faculdades de nossa alma à natureza divina, ou seja, é uma força gerada em Deus que faz com que nosso ser tome a forma de Deus, que faz com que Jesus seja formado em nós(Gl.4:19), que nós assumamos a semelhança de Cristo em nosso caráter.

– “Virtude” é a disposição firme e constante de fazer o bem. A palavra vem de “virtus”, que significa “força”, “vigor”, “algo próprio do homem”.

O homem, feito imagem e semelhança de Deus, uma vez tendo seus pecados perdoados, começa a assumir a sua forma original, o modo pelo qual havia sido criado por Deus.

Para tanto, é necessário que haja uma força que não vem dele, mas do próprio Deus, e esta força, animada pelo Espírito Santo, é a “virtude” que, por ter origem, motivo e objeto em Deus, é chamada de “virtude teologal”.

– Três são as “virtudes teologais”, como nos dá conta o apóstolo Paulo tanto em I Co.13:13 quanto em Rm.5:1-5, a saber: a fé, o amor e a esperança.

O objeto de nossa lição diz respeito à virtude da esperança, motivo pelo qual sobre ela iremos, ainda que sucintamente, discorrer.

– A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos e esperamos de Deus, com uma firme confiança, a vida eterna e as graças para merecê-la, porque Deus nos prometeu. Uma vida continuada na presença de Deus faz-nos ter esperança em Deus, esperança que sempre aumenta, esperança que não traz confusão (Rm.5:5a).

– A esperança cria em nós um desejo de aguardar o Senhor, de desejar alcançar aquilo que nos foi proposto por Deus, mantém em nós uma segurança, uma verdadeira âncora na intrigante e nem sempre fácil navegação no mar da vida (Hb.6:18,19).

Como diz o já citado Tomás de Aquino: “A esperança faz com que o homem se ligue a Deus, enquanto Ele é para nós princípio da bondade perfeita, enquanto pela esperança apoiamo-nos no auxílio divino para obter a bem-aventurança eterna.” (AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. IIª IIªe, v.V, Q. 17, a. 6. São Paulo: Loyola, 2004 apud ROCHA, Paulo Roberto da. As virtudes no pensamento de Tomás de Aquino. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/as_virtudes_no_pensamento_de_santo_tomas_de_aquino.pdf Acesso em 13 nov. 2015, p.12).

– Consciente de seu papel e do propósito de Deus em sua vida, o salvo, que já confia em Deus e sente o Seu amor, prossegue com esperança, não se desespera, passa a conformar a sua vontade à vontade divina.

A esperança, como podemos perceber, portanto, é uma virtude teologal que atua sobre a nossa vontade, que é a terceira faculdade da alma, pois a alma tem três faculdades:

a sensibilidade, o intelecto e a vontade.

A esperança, portanto, provém de Deus (Sl.62:5) e nos permite caminhar em busca do Senhor, confiando em Seu auxílio, fazendo-nos ter um norte, uma orientação, um objetivo em nossa vida.

A Bíblia On-Line da Sociedade Bíblica do Brasil diz que a esperança é “a confiança no cumprimento de um desejo ou de uma expectativa” e, portanto, é algo que ainda não podemos contemplar, algo que ainda não chegou, pois, quando algo que esperamos acontecer, não se terá mais a esperança (Rm.8:24).

Por isso, pode acontecer, como diz Salomão, a demora na concretização da esperança e, como “esperança demorada enfraquece o coração” (Pv.13:12), o Senhor providenciou as profecias, a revelação do futuro, para que não haja desfalecimento da esperança por parte dos Seus servos e possam eles prosseguir na jornada rumo ao céu.

– A virtude teologal da esperança tem como objeto a bem-aventurança eterna, ou seja, o Espírito Santo infunde em cada salvo o desejo de viver eternamente com o Senhor, de contemplá-l’O como Ele é.

É o que nos diz o apóstolo João em I Jo.3:2,3: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas, sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque, assim como é, O veremos. E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”.

– Nestas palavras, o apóstolo João mostra-nos, com absoluta clareza, que o salvo aguarda ser semelhante ao Senhor e, por isso, mantém uma vida de santificação, conserva-se separado do pecado, para que esta esperança se concretize.

A esperança, portanto, leva-nos à santificação e, nesta santificação, teremos condição de ver o Senhor, de ver cumprida a nossa esperança (Hb.12:14).

– É, precisamente, em razão da esperança, que temos o chamado “Espírito de temor do Senhor” (Is.11:2), um dos “sete Espíritos de Deus” (Ap.3:1; 4:5; 5:6), ou seja, uma das facetas pelas quais o Espírito Santo Se manifesta na vida do salvo, tendo-o feito, em plenitude, sobre Jesus Cristo.

– Quem tem esperança, quem confia no cumprimento das promessas divinas, passa a obedecer a Deus, a considerá-l’O como Senhor, a fazer-Lhe a vontade e isto nada mais é que o temor ao Senhor, a aceitação dos limites que Ele nos impõe na Sua qualidade de Senhor e Soberano, de modo que a esperança nos permite suplantar o nosso “eu”, fazer sempre a vontade de Deus e, quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:17).

Jesus agiu desta maneira, pois as Escrituras nos dizem que Ele suportou a cruz e desprezou a afronta pelo gozo que Lhe estava proposto, tendo, por isto, assentado à destra do trono de Deus (Hb.12:2).

Tendo a esperança de chegar à direita de Deus, o Senhor Jesus cumpriu tudo quanto Lhe estava determinado, sacrificando-Se por nós. De igual maneira, quem tem esperança em Deus, vence o mundo e o pecado e também chegará à glória, sentando-se no trono de Cristo (Ap.3:21).

– É a esperança, portanto, que nos conduz ao nosso objetivo e o objetivo do cristão outro não é senão chegar aos céus e foi por este motivo que a primeira coisa que o Senhor fez aos Seus discípulos depois de ter Se ausentado fisicamente deles foi enviar dois anjos para que renovassem a promessa da Sua volta, como vemos em At.1:11 e, nesta esperança do retorno do Senhor, os discípulos foram para o cenáculo em Jerusalém onde, sete dias depois, haveriam de ser revestidos de poder para serem capacitados à obra da evangelização.

– Esta esperança da volta de Cristo é, portanto, fundamental para que possamos perseverar até o fim e alcançarmos a salvação. Quem não tem esperança, quem perde a esperança cessa de agir no sentido de seu objetivo.

Vemos isto claramente quando Davi arquitetou fazer cessar a perseguição de Saul contra si indo morar na terra dos filisteus, pois, assim, entendia o futuro rei de Israel, Saul, ao ver que Davi se mudara para a terra dos filisteus, arqui-inimigos dos israelitas, não haveria porque temer que ele viesse a reinar sobre Israel, pois perderia a esperança (I Sm.27:1).

OBS: A perda da esperança, nesta passagem aludida no texto sagrado, é, segundo a Bíblia de Estudo Palavra Chave, a palavra hebraica “ya’as” (יאש ), “…que significa desesperar. A palavra se refere ao desespero, no sentido de que a pessoa conclui que alguma coisa desejável está fora do alcance e normalmente deixa de tentar alcançá-la.…” (Dicionário do Antigo Testamento. N.2976, p.1671).

– O salvo está a esperar o próprio Deus, pois, por duas oportunidades, o próprio Deus é chamado de esperança, a Esperança de Israel (Jr.14:8; 17:3), a nos mostrar que a esperança tem por finalidade o encontro com o Senhor, o instante em que teremos uma perfeita e eterna comunhão com o nosso Criador. Por isso, o próprio Cristo é chamado de “esperança da glória” (Cl.1:27) e de “esperança nossa” (I Tm.1:1).

– Paulo mostra ser esta a esperança do salvo, tanto que, escrevendo aos filipenses, disse que se esquecia das coisas que atrás ficavam, avançava para as que estavam diante dele, prosseguindo para o alvo, pois a cidade dos salvos estava nos céus, donde também esperava, junto com os irmãos, o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformaria o corpo dos santos abatido para ser conforme o corpo glorioso do Senhor, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas (Fp.3:13-21).

– Escrevendo a Tito, Paulo volta a mostrar que o salvo aguarda o aparecimento da glória do grande Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a bem-aventurada esperança de todo salvo (Tt.2:13), já que o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, dá-se em esperança da vida eterna (Tt.1:1,2).

– Pedro, por sua vez, diz que fomos gerados de novo precisamente para termos uma viva esperança (I Pe.1:3) e tal esperança, ele deixa bem claro no seu sermão logo após a cura do homem coxo na porta Formosa do templo, é a sua confiança de que o céu só conteria o Senhor Jesus até os tempos da restauração de tudo (At.3:21).

– Por isso, a esperança é considerada “a âncora da alma” (Hb.6:19). “Uma âncora (ancora) é um instrumento náutico pesado, geralmente de metal, que permite fazer presa em fundos rochosos, lodosos ou arenosos, fixando temporariamente os navios na posição desejada…” (Âncora. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82ncora Acesso em 13 nov. 2015).

– Como diz o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714): “…Estamos neste mundo como um navio no mar, propenso a ser lançado para cá e para lá, e em perigo de afundar. Nossa alma é o barco. Os confortos, as expectativas, as virtudes e a felicidade da nossa alma são a carga preciosa com que esse barco está carregado.

O céu é o porto para o qual navegamos. As tentações, perseguições e aflições que encontramos são os ventos e ondas que ameaçam o nosso barco de ir a pique.

2] Temos necessidade de uma âncora que nos mantenha firmes e seguros, ou então estaremos em constante perigo.

3] A esperança do evangelho é nossa âncora; como no nosso dia de batalha ela é nosso capacete, assim na nossa passagem tempestuosa por este mundo ela é nossa âncora.

4] Ela é segura e firme, ou então não poderia nos manter assim.

Em primeiro lugar, é segura em sua própria natureza; pois é a obra especial de Deus na alma. E uma boa esperança por meio da graça; não é uma esperança aduladora feita de teia de aranha, mas é obra verdadeira de Deus, é uma coisa forte e consistente.

Em segundo lugar, é firme em relação ao seu objeto; é uma âncora que está bem firmada. Ela entra naquilo que está dentro do véu; é uma âncora que é lançada na rocha, a Rocha eterna. Ela não busca fixar-se na areia, mas entra no véu, e aí se fixa em Cristo.

Ele é o objeto, Ele é o lugar em que se fixa a âncora da esperança do crente. Como a glória jamais vista além do céu é o que o crente está esperando, assim um Jesus invisível além do véu é o fundamento da sua esperança; a graça gratuita de Deus, os méritos e a mediação de Cristo e as poderosas influências do Espírito Santo são o fundamento da sua esperança, e, portanto, uma esperança inabalável. Jesus Cristo é o objeto e o fundamento da esperança inabalável do crente…” (Comentário Novo Testamento Atos a Apocalipse. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 781).

A esperança, conquanto tenha origem em Deus, é fruto de um crescimento espiritual, pois, como nos mostra o apóstolo Paulo, ela é resultado de um desenvolvimento que se inicia com a fé, passa pela tribulação, que produz a paciência, esta, a experiência e, então, é gerada a esperança, que não traz confusão (Rm.5:1-5).

– A esperança surge, portanto, de uma experiência com Deus, de um conviver entre o salvo e o Senhor, conviver este que, iniciado pela fé, passa pelas tribulações, que são inevitáveis nesta vida terrena, visto que o salvo passa a ser um “corpo estranho” neste mundo, mas, diante destas dificuldades, o salvo adquire a paciência, a capacidade de suportar resignado as adversidades, pois não mais faz a sua própria vontade, mas a vontade do Senhor e isto lhe faz com que passe a ter experiência, que nada mais é que o estado de ter sido aprovado pelo Senhor, pois é este o significado da palavra grega “dokimê” (δοκιμή), que encontramos em Rm.5:4.

– É preciso, portanto, ser provado e aprovado pelo Senhor para que tenhamos esperança e que, tendo esperança, não venhamos a ser confundidos pelo mundo, pelo diabo ou pela carne, mantendo-nos separados do mal e, assim, aptos a ver o Senhor nos ares quando Ele vier buscar a Sua Igreja.

II – ESPERANDO O SENHOR JESUS

– Visto o que é a esperança, entendemos porque o Senhor Jesus revelou aos Seus discípulos quais os sinais de Sua vinda.

Ao dizê-lo, o Senhor tinha como propósito fazer-nos ver que vale a pena nos mantermos separados do mundo e do pecado, purificarmo-nos a cada dia, a cada instante, precisamente porque os fatos apontados pelo Senhor estão a se realizar cabalmente, mostrando que não demora e o que há de vir virá, não tardará (Hb.10:37).

– O Senhor Jesus não mostrou os sinais de Sua vinda tão somente para que ficássemos cientes ou informados do quadro imediatamente anterior ao arrebatamento da Igreja, mas para que nós exercêssemos a nossa esperança e, deste modo, alcançássemos a promessa que nos foi feita.

– Quando observamos os sinais da volta de Cristo se cumprindo, a nossa esperança é renovada e somos levados a uma maior aproximação com o Senhor, a uma maior intimidade com Ele, pois verificamos que aquilo que estamos a esperar prestes está a se realizar e é indispensável que estejamos preparados para encontrar com o Senhor nos ares.

– O foco do salvo precisa ser a glória divina, o próprio Deus, o Senhor Jesus. O salmista, mais de uma vez, diz que a sua esperança é o Senhor (Sl.39:7; 62:5; 65:5; 71:5) e, ainda, afirma que o próprio Deus ordenou que se ensinasse os filhos dos israelitas a porem a sua esperança em Deus (Sl.78:6,7).

– Por isso, não podemos deixar de olhar para Jesus, o autor e consumador da nossa fé, para que, seguindo-Lhe o exemplo, suportemos a afronta e os padecimentos pelo gozo que nos está proposto (Hb.12:1,2), pois só assim não enfraqueceremos e desfaleceremos nossos ânimos (Hb.12:3).

– Eis porque jamais podemos deixar de lado, em nossas vidas, a esperança da volta de Cristo e este é um ponto fundamental para que perseveremos e atinjamos o último estágio do processo da salvação, que é a glorificação.

– Quando deixamos de esperar a volta de Cristo, quando pomos este assunto num nível secundário, passamos a pôr em risco a nossa salvação. Uma das características dos que se desviam da fé é, precisamente, a de deixar de esperar a Cristo e chegar mesmo a descrer da Sua volta.

– O apóstolo Pedro chama as pessoas que, nos últimos dias, põem em dúvida a volta de Cristo, que já não mais o esperam de “escarnecedores, que andam segundo as suas próprias concupiscências” (II Pe.3:3), ou seja, pessoas que zombariam da Palavra de Deus e, por isso mesmo, viveriam em seus pecados, não se preocupando com a santificação.

– Em nossos dias, cumpre-se esta profecia do apóstolo Pedro, pois já não são poucas as pessoas que já não creem que Cristo voltará.

Alguns têm dito que a vinda de Cristo é uma “utopia”, enquanto outros simplesmente se calam a respeito deste tema, preferindo levar as pessoas a esperar em Jesus apenas nas coisas desta vida, tornando os que lhes seguem os “mais miseráveis de todos os homens” (I Co.15:19), ou seja, pessoas dignas de pena, que caminham celeremente para a perdição, embora se achem salvas, como era o caso do anjo da igreja de Laodiceia (Ap.3:17).

– Esperar Jesus é, portanto, uma atitude indispensável para quem está em comunhão com Deus. Não é à toa, aliás, que um dos objetivos da ceia do Senhor é, precisamente, anunciar a volta do Senhor (I Co.11:26).

– Quem está em comunhão com o Senhor, quem está separado do pecado, quem é santo está esperando o Senhor Jesus, ama a Sua vinda. Era este o motivo pelo qual o apóstolo Paulo havia combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé, circunstância de que somente os que amam a vinda do Senhor desfrutam (II Tm.4:7,8).

A verdadeira igreja, aquela que é dirigida pelo Espírito Santo e está em comunhão com o Senhor, tem uma oração uníssona com o Consolador: “Vem” (Ap.22:17).

– Quem espera o Senhor Jesus e, por causa disso, faz a vontade de Cristo e, ao fazer o que Deus quer, revela o Seu amor para com Ele (Jo.14:13; 15:14), não tem outra coisa a clamar senão “Maranata”, ou seja, “vem, nosso Senhor” (I Co.16:22).

O primeiro homem que a Bíblia regista ter andado com Deus, que é Enoque (Gn.5:22-24), fê-lo porque havia recebido a mensagem do Senhor, que transmitiu aos seus contemporâneos, de que o Senhor viria com os milhares de Seus santos (Jd.14), ou seja, passou a ter uma intimidade imensa com Deus depois que soube que o Senhor viria trazer juízo sobre a Terra juntamente com os Seus santos e, por isso, ansiava pertencer a este grupo que faria companhia ao Criador, o que o fez ter uma vida santa, tão santa que nem mesmo a morte física experimentou, já que alcançou testemunho de que agradou a Deus (Hb.11:5).

Para alcançarmos a glorificação, portanto, como nos ensina Enoque, faz-se mister que alcancemos um testemunho de agradar a Deus e, para agradá-l’O, precisamos, em primeiro lugar, ter fé (Hb.11:6).

Ter fé é crer que Deus existe e que é o galardoador dos que O buscam. Se assim é, não se pode agradar a Deus se não se tiver a esperança de que Ele nos recompensará, sem ter a esperança de que Ele virá e nos levará para que com Ele estejamos para sempre (Jo.14:1-3).

– Quem tem a esperança de ser galardoado pelo Senhor sabe que, para alcançar este galardão, este prêmio, tem de “combater o bom combate”, ou seja, enfrentar as lutas de cada dia, sujeitando-se a Deus e resistindo ao diabo (Tg.4:7), como também enfrentando as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais (Ef.6:12).

– Quem não espera Jesus não tem ânimo para enfrentar o maligno e acaba se tornando escravo do pecado. Foi o que ocorreu com Caim que, por ter “descaído o seu semblante”, ou seja, perdido a esperança de que seria aceito por Deus, acabou se tornando escravo do pecado e se tornado do maligno (I Jo.3:12), precisamente porque deixou de esperar em Deus, passando a ser dominado pelo mal, como, aliás, advertira o próprio Senhor (Gn.4:7).

OBS: Como bem explica a Bíblia de Estudo Palavra Chave, a expressão “descair o semblante” em Gn.4:7 é a palavra hebraica “naphal” (נפל ), que significa “cessar, morrer, estar perdido, arruinar, esmagar, perecer” (Dicionário do Antigo Testamento. N. 5307, p.1803).

– Alguma dúvida por que o inimigo de nossas almas procura fazer desaparecer da mente dos crentes a iminência da volta de Cristo, desaparecimento este que é se torna muito mais vigoroso no momento em que os púlpitos das igrejas locais deixam de tocar neste assunto?

Quem não espera Jesus acaba se tornando escravo do pecado, acaba adotando uma vida pecaminosa, capitula no “bom combate” e deixa de combater, rendendo-se ao maligno.

– Quem espera Jesus sabe que a sua carreira somente terminará com o arrebatamento da Igreja, o último ato de nosso processo da salvação, que terminará com a glorificação, que ocorrerá precisamente no arrebatamento da Igreja. “Acabei a carreira”, dizia o apóstolo Paulo, carreira que nos está proposta e cujo término é o trono de Deus, como nos fala o escritor aos hebreus.

– Quando participamos da ceia do Senhor e declaramos que estamos em comunhão com Cristo e, por isso mesmo, marchando para a glória, anunciamos a volta de Cristo, que é quando esta carreira terminará.

Quem espera Jesus sabe que precisa continuar caminhando. Como disse o poeta sacro Samuel Nyström(1891-1960): “Aleluia! P’ro céu vou caminhando, nada me desanimará! Para o céu eu me vou aproximando, sempre meu Jesus me guiará!” (estrofe do hino 332 da Harpa Cristã).

Agora, quem não espera Jesus, para de correr, acaba estacionando na sua jornada, ficando para trás, pois, na vida espiritual, não há a possibilidade de paralisia: ou se caminha, ou se volta para trás. Voltar para trás é recuar e o Senhor não tem prazer naqueles que recuam (Hb.10:38).

Quando perdemos a perspectiva da glória divina, da volta de Cristo, retrocedemos espiritualmente e deixamos o caminho que leva ao céu, passando a trilhar a vereda que nos conduzirá à perdição. A atitude do salvo deve ser a cantada por Samuel Nyström: “para o céu eu vou, embora mui cansado, e amigos velhos voltem-se pra trás.

Forte sigo, co’o Senhor Jesus ao lado, convidando outros aceitar a paz” (terceira estrofe do hino 332 da Harpa Cristã).

– Quem espera Jesus “guarda a fé”. Sim, a esperança permite que nós cuidemos com todo zelo daquele dom que Deus nos deu no início da jornada, que foi a fé ( Ef.2:8). A fé, advinda pela Palavra (Rm.10:17), na qual demos entrada na graça (Rm.5:2), é mantida ao longo da jornada pela esperança da volta do Senhor Jesus.

Como diz Tomás de Aquino: “… a esperança é a porta da fé, isto é, da realidade criada, porque pela esperança se vê o que se crê. Também se poderia responder que é a porta da fé, porque, por ela, o homem vem a estabilizar e a aperfeiçoar a sua fé…” (Suma Teológica II-II, q.18, a.7. Edição dirigida pelos regentes dos estudos das províncias dominicanas da Espanha, t.III, p.168) (tradução nossa de texto em espanhol).

– Por isso, o escritor aos hebreus diz que a fé é “o firme fundamento das coisas que se esperam” (Hb.11:1). A esperança resulta do desenvolvimento da fé e, quando temos a esperança da volta de Cristo, cuidamos para que este fundamento permaneça em nós, agora desenvolvido e não mais uma raiz, um fundamento, mas uma verdadeira “árvore de vida” (Pv.13:12).

– Quem não espera Jesus acaba perdendo a fé, pois, neste retrocesso espiritual, acaba deixando o foco da glória divina e se voltando para as coisas desta vida e, lamentavelmente, neste modo de vida, acaba deixando que a semente da Palavra seja sufocada pelos cuidados desta vida, os espinhos de que falou o Senhor Jesus na parábola do semeador (Mt.13:7,22; Mc.4:7,18,19; Lc.8:7,14).

– Quem espera Jesus sabe que o objetivo da fé é a salvação da alma (I Pe.1:9) e esta salvação somente ocorrerá quando da glorificação (Rm.8:30; I Co.15:51-54), que se dará precisamente na volta do Senhor, no arrebatamento da Igreja.

Por isso, apoia-se na ajuda divina (pois é isto que é a esperança como vimos supra) e pode, como o escritor aos hebreus, dizer: “O Senhor é meu ajudador e não temerei o que me possa fazer o homem” (Hb.13:6).

– Assim procedendo, aquele que espera Jesus mantém uma firmeza e constância que permite que persevere até o fim e, deste modo, alcance a salvação (I Co.15:58; Mt.24:13).

– Logo se vê, portanto, que quem deixa de esperar Jesus não tem condições de perseverar, de se manter firme e constante e, portanto, cedo se desvia dos caminhos do Senhor, deixando de alcançar a salvação.

– Por isso, o poeta sacro Almeida Sobrinho foi tão feliz ao dizer que “nossa esperança é Sua vinda, o Rei dos reis vem nos buscar, nós aguardamos Jesus, ainda, té a luz da manhã raiar” (estrofe do hino 300 da Harpa Cristã).

O salvo em Cristo Jesus não tem outro anelo, outro interesse senão o de esperar a vinda de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, de amar a Sua vinda e, nesta confiança, permanece fiel ao Senhor, em estado de santidade, em plena comunhão com o Senhor.

III – COMO DEVEMOS AGUARDAR A VINDA DE JESUS

– Se se faz indispensável que o salvo espere Jesus, ame a Sua vinda, como isto pode ser feito?

– A primeira atitude para quem quer, realmente, esperar a vinda de Jesus é a vigilância, tema que será tratado amiúde em nossa próxima lição.

Esta é uma atitude indispensável para que o cristão consiga viver neste mundo e alcance a vitória. Quando vemos a conhecida declaração de Paulo ao término de sua caminhada, logo observamos que o apóstolo era uma pessoa vigilante.

Disse ele que havia “combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé “(II Tm.4:7). Nestas três expressões apostólicas, nós notamos que Paulo tinha consciência de que a sua vida, desde o momento de sua conversão, tornara-se um combate entre a sua nova natureza e o velho homem, que ele mantinha constantemente crucificado com Cristo (Gl.2:20).

Esta consciência é fruto de uma vida de vigilância. Quando sabemos que faz parte da vida de cada crente esta batalha segundo a qual temos de lutar contra as portas do inferno (Mt.16:18), contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12), contra a nossa natureza carnal (Rm.7:23-25), passamos a tomar cuidado, a não dar ocasião ao pecado, andando segundo o espírito (Rm.8:1).

Quando somos vigilantes, além de termos consciência desta batalha que nos acompanhará até o dia do arrebatamento ou de nossa morte física, também temos consciência de que estamos numa carreira, de que a nossa vida é uma peregrinação que só vai terminar no céu e que temos de nos esforçar para lá chegarmos.

Somos, então, vigilantes porque sabemos para onde estamos indo e qual é o nosso alvo (Fp.3:14), sabemos onde está a nossa cidade (Fp.3:20) e, por isso, corremos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Aquele que já a trilhou por nós, Jesus (Hb.12:1,2), tomando todo o cuidado para não nos desviarmos da rota.

Por fim, quando somos vigilantes, sabemos que devemos ser cautelosos porque alguém está determinado a nos roubar a salvação, a nos matar e destruir (Jo.10:10), mas também sabemos que se a ele resistirmos, ele não terá outra coisa a fazer senão fugir de nós (Tg.4:7) e que, se guardarmos o que temos recebido do Senhor, seremos vitoriosos (Ap.3:11,12). Por isso, na vida diária nesta terra temos de, em primeiro lugar, vigiar.

– A segunda atitude adequada para quem está, de verdade, esperando a volta de Jesus é manter uma vida de oração. Dizem as Escrituras que, no dia do arrebatamento, soará uma trombeta (I Co.15:52), haverá um alarido, uma voz de arcanjo (I Ts.4:16), conclamando, chamando os salvos para o seu triunfo e encontro com o Senhor nos ares.

Naturalmente que o texto emprega uma linguagem figurada, mas devemos observar que o fato de a Bíblia dizer que haverá um som que somente os salvos ouvirão, revela-nos que existe um ambiente de intimidade e de comunicação recíproca entre o Senhor e os crentes que serão arrebatados.

Ora, a comunicação se dá, preferentemente, pela oração e pela meditação na Palavra de Deus, conforme vimos na primeira lição deste trimestre. Somente quem mantém uma vida de oração pode ouvir a voz de Deus, está acostumado a tal voz (Jo.10:14-16) e poderá ouvir a trombeta que soará no dia do arrebatamento da Igreja.

A terceira atitude de quem está esperando Jesus é a santidade. Quem espera Jesus, sabe que ele pode vir a qualquer momento e que devemos estar separados do pecado, pois só quem estiver em comunhão com o Senhor, lavado e remido no sangue do Cordeiro, poderá ser arrebatado, pois só estes entrarão na cidade santa pelas portas (Ap.22:14).

Quem não seguir a santificação, não verá o Senhor (Hb.12:14). Só os limpos de coração verão a Deus (Mt.5:8). Uma das conseqüências mais imediatas de uma vida de negligência com relação à vinda do Senhor é o descuido com relação à santificação e à santidade.

O próprio Jesus nos ensinou isto ao narrar a parábola dos dois servos. O que caracteriza o mau servo é a certeza de que “o senhor tarde viria” e, por causa disto, passa a espancar os conservos, a comer e a beber com os temulentos, isto é, com os beberrões, com pessoas que se embriagam, que não têm uma conduta aprovada diante de Deus, ou seja, que se mistura com os pecadores, com os desregrados e os dominados com os vícios.

O pecado é o fator que nos distancia de Deus (Is.59:2), é o elemento que impedirá que muitos crentes sejam arrebatados naquele dia (Mt.24:12). Como diz o início da terceira estrofe do hino 125 da Harpa Cristã: “Em santidade, [Jesus, observação nossa] nos deve achar”.

A quarta atitude de quem está esperando Jesus é a presença do Espírito Santo em nossas vidas, como deixa bem claro o Senhor na parábola das dez virgens, que precisavam estar abastecidas de azeite no aguardo do esposo. É fundamental que sejamos templo do Espírito Santo (I Co.6:19).

Ora, para termos o Espírito Santo em nós, é necessário que nos ajuntemos com o Senhor (I Co.6:17), ou seja, que tenhamos uma vida de comunhão com Deus, que desfrutemos da Sua intimidade, mediante a oração e a meditação da Palavra de Deus.

Para termos o Espírito Santo em nós, temos de ter uma vida de separação do pecado, agindo sob a orientação divina, pois assim são os que andam segundo o espírito (Rm.8:1,5,9), o que faz com que não estejamos inclinados às coisas carnais, aos prazeres oferecidos pelo mundo. Quem tem o Espírito Santo não O entristece (Ef.4:30), não mais praticando as obras que são próprias de quem vive segundo a carne (Gl.5:19-21; Ef.4:24-29,31,32).

Quem tem o Espírito Santo busca crescer espiritualmente, através do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais, mas, sobretudo, buscar conformar o seu caráter ao caráter de Cristo, procurando fazer aumentar em si, a cada instante, o amor de Deus (I Co.12:31).

A quinta atitude de quem está esperando Jesus é o amor, o “caminho mais excelente” que deve ser buscado pelo cristão. Quando aceitamos a fé, recebemos o amor de Deus em nossas vidas e este amor deve ser cultivado, aumentado e praticado em relação a Deus e ao próximo.

Em relação a Deus, demonstraremos nosso amor se fizermos o que Ele nos manda através da Sua Palavra (Jo.15:14). O amor não é demonstrado por palavras ou por belas declarações, mas por gestos concretos e atitudes reais (I Jo.3:18).

De igual forma, temos de demonstrar nosso amor com relação ao próximo (Mt.22:39), que nada mais é que o reflexo do amor de Deus para conosco e para com toda a humanidade. Somente quem ama a Deus e ao próximo, poderá amar a vinda do Senhor (II Tm.4:8).

A sexta atitude de quem está esperando Jesus é a fidelidade. Para ser arrebatado, a pessoa precisa perseverar até o fim (Mt.24:13). Para ser arrebatado, o cristão deve ser encontrado servindo com boa vontade, dedicação e de todo o seu coração quando o Senhor vier nos ares (Mt.24:45,46).

Para receber a coroa da vida, temos de ser fiéis até a morte (Ap.2:10). Somente os fiéis e os prudentes é que verão o rosto do Senhor nas nuvens. Se o(a) querido(a) irmão(ã) quiser tornar realidade as belas palavras do cantor sacro no hino 118 da Harpa Cristã, a saber, “Face a face em plena glória, hei de ver o meu Jesus”, terá de ser fiel !

Os sinais da vinda do Senhor estão se cumprindo. Tudo indica que o retorno de Jesus é iminente. Esforcemo-nos, portanto, para que sejamos vigilantes, tenhamos uma vida de oração, de santidade, cheia do Espírito Santo, com o verdadeiro e genuíno amor divino em nossos corações e com absoluta fidelidade e lealdade ao Senhor.

Não nos deixemos perturbar pelas falsas profecias, pelos que, mesmo entre nós, comecem a esmorecer e a desacreditar da volta do Senhor, passando a buscar as coisas desta vida, mesmo em nome de uma religiosidade, mesmo em nome de Cristo.

Nunca percamos de vista que a razão de ser da nossa fé é a vida eterna, é o convívio para sempre com nosso Senhor nas mansões celestiais. Juntamente com o Espírito Santo, que nosso profundo desejo da alma seja dizer: “Ora vem, Senhor Jesus”!

 Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://portalebd.org.br/index.php/adultos/14-adultos-liccoes/794-licao-3-esperando-a-volta-de-jesus-i

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