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LIÇÃO 8 – ISRAEL NO PLANO DA REDENÇÃO

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Paulo encerra sua exposição doutrinária na epístola aos romanos enfrentando a questão de Israel, diante da salvação em Cristo Jesus.

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INTRODUÇÃO

– O apóstolo Paulo, na sua epístola aos romanos, toca em outro assunto que poderia suscitar discussões e dúvidas: como se encaixa, nestas circunstâncias, a nação de Israel, que, afinal de contas, havia sido formada e escolhida por Deus para ser Seu porta-voz perante as nações?

– Paulo, demonstrando que, ao contrário dos judeus (e isto até o dia de hoje), que o detestam, continuava a se sentir um israelita e a ter imenso amor por sua nação, explica, então, como o plano de Deus para a salvação do homem incluía também os compromissos imutáveis assumidos diante de Israel.

I – O PLANO DE DEUS PARA A SALVAÇÃO ATÉ A CHAMADA DE ABRÃO

– Deus decidiu, na Sua soberana vontade, dar ao homem uma oportunidade para se arrepender dos pecados e restaurar a comunhão perdida com o seu Criador.

Tal decisão, tomada ainda antes da fundação do mundo (Ef.1:4; I Pe.1:20; Ap.13:8), foi revelada, pela vez primeira, após a queda do primeiro casal (Gn.3:15), mas o modo como isto se daria foi sendo progressivamente dado a conhecer aos homens através dos séculos.

– Já na segunda geração da humanidade, o Senhor, em diálogo com Caim, disse ao homem que era necessário não se deixar dominar pelo pecado (Gn.4:7), tendo, ainda, mostrado toda a Sua misericórdia ao impedir a morte do homicida (Gn.4:15), confirmando aquilo que, de algum modo, o primeiro casal já os havia ensinado, ou seja, de que era preciso buscar a Deus para alcançar o Seu amor, ensino este que é a base de toda a religiosidade, que é, indiscutivelmente, uma das características da humanidade.

Assim, tanto Abel, quanto Caim e Sete se dedicaram a adorar o Senhor e a invocar Seu santo nome (Gn.4:3,4,26).

OBS: Até mesmo cientistas concordam com o fato de a religiosidade ser uma característica da humanidade, quiçá até biológica.

“…Para o biólogo Edward O. Wilson, um dos pioneiros da sociobiologia (ciência que se dedica a compreender o comportamento humano por meio da biologia), a predisposição para a religião é mesmo resultado da evolução genética do cérebro.

Segundo ele, nossa inclinação para a creditar num ser superior pode ser resultado da submissão animal(…).

´’O dilema humano é que evoluímos geneticamente para acreditar em Deus, não para acreditar na biologia.’…” (CAVALCANTE, Rodrigo. Procura-se Deus. Superinteressante, dez.2005, edição 220, p.64-5).

– Portanto, desde os primórdios da história da humanidade, que é, como se disse, a história do pecado, havia a crença de que quem deveria solucionar o problema era o próprio Deus, que havia prometido que haveria um tempo em que, da semente da mulher, surgiria alguém para causar a inimizade entre o pecado e o homem, restabelecendo, assim, a comunhão perdida com Deus.

– No entanto, Caim deixou a presença de Deus e, com ele, toda a sua descendência que, pouco depois, também acabaria por influenciar e também levar ao pecado e à corrupção a descendência de Sete (cf. Gn.6:1-5), a ponto de o Senhor ter, então, decidido destruir a humanidade inteira, preservando, porém, Noé e sua família, os únicos que haviam se mantido fiéis ao Senhor (Gn.6:6-8).

– Após o dilúvio, o Senhor estabeleceu com Noé um novo pacto, denominado pelos estudiosos da Bíblia de “pacto noaico” (Gn.9:1-17), conhecido entre os rabinos judeus como ‘Shéva Mistvót Benê Noach’, ou seja, os “Sete Preceitos dos Descendentes de Noé”, a saber:

“…praticar a equidade; não blasfemar o nome de Deus; não praticar a idolatria, imoralidades, assassinatos e roubos e não tirar e comer o membro de um animal estando ele vivo (San’hedrin 56)…” (MELAMED, Meir Matzliah. Torá: a lei de Moisés, nota a Gn.9.4, p.22).

A existência deste pacto revela que Deus não desistiu de usar a descendência de Noé para a salvação da humanidade, oferecendo um compromisso para levar adiante seu plano de redenção.

Esta comunidade pós-diluviana, portanto, foi estabelecida por meio da fé, pois foi única e exclusivamente pela fé que Noé e sua família se salvaram do dilúvio (Hb.11:7).

– No entanto, a comunidade pós-diluviana, formada pelos descendentes de Noé, fracassou em cumprir o pacto firmado com o Senhor.

No episódio de Babel, houve a rebelião de toda aquela comunidade contra Deus (Gn.11:1-9) e, por causa deste rejeição, o Senhor, a fim de manter o Seu compromisso com a humanidade, teria de formar um novo povo, uma nova nação, a fim de que, através dela, propiciasse o perdão dos pecados e a salvação da humanidade.

Não creram nas promessas divinas que lhe foram transmitidas por Noé e seus descendentes e, por isso, acabaram rejeitando a palavra do Senhor.

– Os gentios, como os israelitas denominavam os outros povos, ou seja, os povos que foram dispersos em Babel, haviam, portanto, perdido a sua oportunidade de servirem a Deus, tendo, ao revés, preferido tentar uma vida de autossuficiência e de independência em relação a Deus.

 Ficaram imersos no pecado, sendo por ele dominados, como, a propósito, bem descreveu o apóstolo Paulo no capítulo 2 da epístola aos romanos.

A rebelião dos gentios contra Deus impedia o Senhor de promover a salvação por intermédio destas nações, vez que o pecado faz separação entre Deus e os homens (Is.59:2), mas os propósitos divinos não são impedidos pela rebeldia humana.

 Aqui vemos nitidamente que a soberania divina não se confunde com o livre arbítrio humano, mas que o pecado impede que o pecador desfrute das bênçãos divinas que, entretanto, não são impedidas de serem oferecidas aos homens.

– Dentro do Seu propósito de salvar o homem, ante a rebeldia gentílica, Deus, então, promoveu a formação de uma nação, de um povo que, a exemplo dos demais, fruto da dispersão determinada por Deus que, em castigo à comunidade pós-diluviana a espalhou pela face da Terra (Gn.10:32; 11:9), teria população, território e governo, a fim de que pudesse ser vista e observada por toda a humanidade.

– Este é o sentido da chamada de Abrão, conforme se verifica do texto de Gn.12:1-3. Deus manda a Abrão (cujo significado do nome é “pai da elevação”, “pai da exaltação”) que saísse do meio da sua terra e da sua parentela para uma terra que ainda lhe seria mostrada.

Nestas palavras divinas, evidencia-se que o propósito de Deus era promover uma separação entre os gentios e Abrão, que, sem qualquer descendência, deveria se tornar numa grande nação, sendo que nele seriam benditas todas as famílias da terra.

– Deus, assim, mostra Seu intento em cumprir a promessa feita no jardim do Éden mas que se tornara impossível de ser realizada diante da rebelião dos descendentes de Noé.

Abrão, tornado posteriormente em Abraão (cujo significado é “pai de multidões”), atende ao chamado divino e, assim, mediante a obediência e fidelidade de um homem é retomado o propósito divino para a realização do seu objetivo de salvação da humanidade.

– Deus usou da Sua soberania para escolher Abrão e o povo que formou a partir dele, sim, que formou, pois a formação de Israel só foi possível diante da intervenção divina, eis que Sara era estéril (Gn.16:1,2), assim como Rebeca (Gn.25:21), para não falar, também, de Raquel (Gn.29:31).

Tais fatos são a prova cabal de que Israel surgiu no quadro das nações da Terra por livre, soberana e espontânea vontade divina, que assim havia determinado para que, de Israel, viesse a salvação dos homens (Jo.4:22 “in fine”).

– A partir do instante em que Abrão creu em Deus e isto lhe foi imputado por justiça (Gn.15:6), o plano de Deus começou a se cumprir integralmente na vida deste patriarca, que é chamado pelos judeus de “o primeiro judeu”, assim como pelos muçulmanos de “o primeiro islâmico” e reconhecido, na Bíblia Sagrada, como “o nosso pai segundo a fé” (Lc.1:73; Rm.54:12; Tg.2:21).

– Notamos, pois, que, assim como a comunidade pós-diluviana fora constituída mediante a fé de Noé, também Israel teve, em seu nascedouro, a fé do patriarca Abrão que correspondeu ao chamado e à escolha da parte de Deus.

 Não resta dúvida que Deus usou de Sua soberania para escolher Abrão e a nenhum outro dos habitantes da Terra do seu tempo para dar início à formação de Israel, mas, também, não há qualquer dúvida que o plano não se realizou a não ser a partir do instante em que Abrão respondeu com a sua fé, com a confiança nas promessas divinas que o levaram a abandonar a sua casa e a sua parentela, atendendo ao chamado do Senhor.

– Isto é importante ressaltar porque nos mostra, claramente, que a eleição divina, embora não esteja condicionada ao homem, porquanto Deus está além do homem e Seus pensamentos e caminhos jamais podem ser perscrutados e entendidos pelo homem a não ser por intermédio da revelação pelo próprio Senhor (Is.55:8,9), é fato que sua realização se fará somente mediante o atendimento ao chamado do Senhor, à existência de pessoas que se disponham a tudo renunciar em obediência ao mandado do Senhor.

– Deus escolheu Israel para ser o Seu povo e isto se deve exclusivamente à Sua soberania, pois como Senhor de todas as coisas, não deve satisfação a pessoa alguma. Não podemos, portanto, tentar discutir ou debater porque Deus escolheu Israel e não uma das tribos aborígenes da América para ser o Seu povo, a Sua propriedade peculiar dentre os povos, pois tamanha discussão seria uma tolice sem precedentes, como, aliás, alinhava o apóstolo em Rm.9:20,21.

– Deus formou o Seu povo e, nesta formação, passaram-se cerca de quatrocentos anos, como, aliás, já havia sido predito ao próprio Abraão (Gn.15:13).

Depois, Deus os libertou da escravidão no Egito, com mão forte (Ex.13:3; Dt.5:15) e, já liberto e tornada uma nação independente na comunidade das nações, o Senhor lhes propôs um pacto, segundo o qual Israel seria uma nação sacerdotal, a propriedade peculiar de Deus entre os povos, pacto que foi aceito e firmado (Ex.19:5-9).

– É por isso que Israel é chamado de “o povo eleito do Senhor”, expressão, aliás, que tem sido alvo de calúnias e de antipatia ao longo dos séculos, notadamente nos últimos anos, em que tem se intensificado um sentimento antissemita na comunidade internacional, sentimento este que é um dos mais claros sinais da manifestação do espírito do anticristo no planeta, às vésperas do arrebatamento da Igreja.

No entanto, como reconhecem os próprios judeus, a consideração de Israel como “povo eleito”, em hipótese alguma, tem uma conotação de superioridade racial ou nacional.

Seu sentido bíblico, que é o sentido dado por Deus a este estado, é bem diverso.”…Isto significava que, de livre e espontânea vontade, Israel dedicava-se ao culto de Deus e a servir no mundo como defensor de Sua verdade eterna — a Torah.

Além disso, comprometia-se solenemente a colocar em prática, cotidianamente, os preceitos da Torah, e fazendo um exemplo de sua virtuosa existência nacional, a inspirar todos os demais povos da terra a abraçarem a fé judaica, contribuindo assim para a redenção de toda a raça humana(…)

Em conclusão, longe de pretender exaltar-se a si mesmo como uma raça superior, de elite, ou ‘dominante’, segundo a tradição fundamental, o povo judeu propunha-se a convocar todos os povos da terra para uma fraternidade comum, atribuindo a cada um igual valor — embora nos termos idealistas do próprio judaísmo — em Deus, Torah, Justiça e Paz. ” (AUSUBEL, Nathan. Povo eleito. In: A JUDAICA, v.6, p.678-9).

– Por causa desta escolha divina, Israel recebeu algumas prerrogativas quando comparado às outras nações, que haviam rejeitado a Deus no episódio de Babel, prerrogativas que o apóstolo elenca em Rm.9:4, a saber:

a) a adoção de filhos – Israel foi escolhido por Deus para ser a Sua nação. Assim, Deus Se apresentou a Israel como seu verdadeiro Pai. É, aliás, historicamente comprovado que nenhum outro povo tinha uma noção da divindade como a de um pai como os israelitas (Is.63:16; 64:8; Jo.8:41).

Se é certo que a ideia de que a divindade era similar à figura do pai, esta ideia, entre os gentios, sempre fora a de um soberano, daquele que tinha os membros da nação como sua propriedade, a exemplo dos pais de família daquela época, que detinham direito de vida e morte sobre os filhos, que mal se distinguiam dos escravos.

Entre os israelitas, porém, a imagem de Deus como Pai é a da pessoa amorosa, que é misericordiosa e que escolheu ter os israelitas como filhos, daí porque o apóstolo falar em “adoção de filhos”, ou seja, uma filiação estabelecida pela vontade do Pai, não pela necessidade biológica, que dispensava o exercício do amor.

b) glória – Em virtude do pacto firmado com Deus, Israel tornou-se uma nação sacerdotal, ou seja, a nação intermediária entre Deus e os demais povos, papel, aliás, não perfeitamente exercido ainda e que se completará no reino milenial de Cristo.

 De qualquer modo, foi a Israel, e a nenhum outro povo, que o Senhor revelou a Sua glória, como se evidenciou tanto na dedicação do tabernáculo no deserto (Ex.40:34,35), quanto na dedicação do templo de Salomão (I Rs.8:10,11).

 A certeza da presença de Deus no meio do povo era tanta que, quando a glória do Senhor não se manifestou quando da dedicação do templo de Zorobabel, isto causou perplexidade no meio do povo, a ponto de Deus ter mandado mensagem profética justificadora por intermédio de Ageu (Ag.2:6-9), profecia que se realizou na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (cf. Jo.1:14), que ministrou durante a existência deste templo.

c) concertos – Uma vez formado Israel, Deus lhe propôs pactos, que foram aceitos e, portanto, Deus assumiu compromissos para com Israel, compromissos que não podem mudar, pois Deus não muda nem n’Ele há sombra de variação (Tg.1:17).

 Assim, Deus estabeleceu com Israel três pactos: o pacto no monte Sinai, em que Israel se tornou o povo escolhido de Deus (Ex.19:5-9); o pacto chamado palestiniano, em que Deus Se comprometeu a dar a Palestina como território para Israel (Dt.29) e o pacto firmado com Davi e sua casa, pelo qual se prometeu um reinado eterno desta casa sobre Israel (II Sm.7:8-29).

d) lei – Tendo Israel aceito ser a propriedade peculiar de Deus dentre os povos, o Senhor lhe estabeleceu regras, que compõem a lei de Moisés, iniciando pelos chamados “dez mandamentos” (cf. Ex.20), mas que contém 613 preceitos. A lei era a própria manifestação da vontade divina, os preceitos que deveriam ser observados por Israel para que pudesse cumprir o propósito divino estabelecido para ele. Era a forma pela qual Israel se distinguiria das demais nações, o seu traço peculiar e característico.

e) o culto – Dentro da lei, havia normas e preceitos relativos ao próprio culto, às cerimônias que Israel deveria realizar nesta sua tarefa sacerdotal diante das nações.

 As prescrições relativas ao culto, que mais tarde os estudiosos das Escrituras denominariam de “lei cerimonial”, eram regras que não representavam o caráter divino, mas que se relacionavam à aliança estabelecida entre Deus e Israel.

f) promessas – Apesar de ter escolhido a Israel como nação sacerdotal, como seu porta-voz diante das nações, o Senhor, desde o princípio, deixou claro ao Seu povo que, dentre eles, surgiria um que estabeleceria um novo concerto, que aperfeiçoaria o pacto firmado.

A promessa da vinda do Messias e do estabelecimento do Seu reino sempiterno é mantida viva ainda hoje entre os judeus, mesmo depois de terem rejeitado a Jesus, numa demonstração adicional de que o pecado não obnubila totalmente o livre-arbítrio humano.

– Israel recebeu todas estas dádivas divinas com exclusividade. Nenhum outro povo teve este privilégio, mas, como dissemos, tratava-se de dons dados pelo Senhor para serem utilizados no propósito divino estabelecido para aquele povo, qual seja, o de ser propriedade peculiar dentre todos os povos, nação sacerdotal e povo santo.

– Assim, mais do que um povo étnico, ou seja, uma nação formada biologicamente e dotada de uma mesma origem genética, Deus via em Israel, e este é um dos fatores vigorosos do argumento do apóstolo Paulo, um povo que se caracterizaria por sua espiritualidade, ou seja, mais do que filhos de Abraão segundo a biologia, Deus queria que se formasse um povo que tivesse a mesma descendência espiritual de Abraão, ou seja, que herdasse a mesma fé do patriarca e que o fez o nosso pai.

Foi por esse motivo que Jesus já salientara aos judeus que disputavam com ele que eles não eram filhos de Abraão, como supunham, nem tampouco filhos de Deus, mas, sim, filhos do diabo (Jo.8:39-44).

– Paulo é enfático ao afirmar que nem todos os que são de Israel são israelitas, provando que a herança se dava espiritualmente e não de modo biológico.

Assim, ainda que Abraão tenha sido chamado, não eram os ismaelitas herdeiros da promessa, embora fossem herdeiros biológicos do patriarca, nem tampouco, também, os edomitas poderiam se dizer herdeiros da promessa, embora fossem herdeiros biológicos tanto de Abraão quanto de Isaque.

Vemos, aqui, portanto que, embora Paulo seja execrado pelos judeus até ao dia de hoje, seus ensinos estão em perfeita consonância com o que os rabinos ensinam a respeito do que significa “ser judeu”.

– Este mesmo princípio vale para os gentios e para a igreja. Jesus fez questão de salientar que, muitas vezes, a graça de Deus se demonstrou não aos israelitas biológicos, mas a gentios que, por crerem na Palavra de Deus, alcançaram o favor do Senhor, dando como exemplos a cananeia viúva de Sarepta de Sidom e o general siro Naamã (Lc.4:25-27), tendo, no Seu ministério mesmo, testificado desta realidade publicamente nos casos da mulher siro-fenícia (Mc.7:24-30) e do centurião romano (Mt.8:5-10).

– Com relação à igreja, também, isto não é menos verdadeiro. Somos o “Israel de Deus” (Gl.6:16 “in fine”) e, portanto, nesta expressão do apóstolo, está presente a ideia de que só pertence à igreja aquele que for “filho da promessa”, ou seja, aquele que, por fé, tiver crido em Cristo Jesus e “andar conforme esta regra” (cf.Gl.6:16).

Bem sabemos que o inimigo lançou joio no meio do trigo, mas, para Deus, não há qualquer confusão e Ele bem conhece o que se está a passar entre as quatro paredes dos templos.

A igreja é o “Israel de Deus” e, portanto, não são dados biológicos que poderão determinar quem é, ou não, crente, mas única e exclusivamente a observância da Palavra do Senhor, a fé nas Suas promessas.

OBS: É oportuno, portanto, mostrar que não tem qualquer cabimento a vinculação da salvação a fatores biológicos, como se verifica, por exemplo, na falsa doutrina da “maldição hereditária”.

– Deus quis escolher, por Sua soberana vontade, quem formaria o Seu povo, tanto que escolheu a Abrão, a Isaque e a Jacó sem que, em tal escolha, houvesse qualquer participação humana.

No entanto, a escolha feita dependia para a sua concretização da observância, por parte do escolhido, do atendimento ao chamado divino. Deus escolheu a Jacó e não a Esaú, por um ato Seu de soberana vontade, mas Esaú, de livre e espontânea vontade, desprezou a bênção da primogenitura, tornou-se um fornicário e profano, não se arrependendo do que fizera, ainda que tenha tido remorso e, com lágrimas, procurado rever a bênção perdida (cf. Hb.12:16).

A eleição, portanto, provém de Deus e é soberana, mas a perda da bênção oferecida indistintamente a todos é consequência do mau exercício do livre-arbítrio pelo homem.

– Foi, aliás, exatamente o que ocorreu com Israel. Embora escolhido por Deus e, de livre e espontânea vontade, tenha aceitado viver conforme os preceitos provenientes do Senhor, Israel cedo fracassou neste seu propósito, tendo, a partir da primeira geração adulta do êxodo, aquela mesma que havia firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai, deixado de observar o pacto, endurecendo o seu coração continuadamente, ao longo da história, porquanto se mostrara um povo obstinado (Ex.32:9; Dt.9:6; Ez.3:7).

– Nesta sua obstinação, Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:5-12), numa escalada já prevista na lei de Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus que chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (II Cr.36:15-21), sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (Efraim, Manassés, Ruben, Gade, Issacar, Zebulom, Naftali, Aser, Simeão e Dã – cf. II Rs.17).

– No entanto, apesar de todos estes pecados, em Israel sempre houve um remanescente fiel, ou seja, pessoas que, ainda que anônimas e despidas de poder político, social ou econômico, serviam a Deus com sinceridade, cumprindo a Sua Palavra.

Isto nos mostra, também, que, embora Deus tivesse um compromisso com a nação de Israel, com a qual firmara um pacto (todo o povo o firmou, dizem as Escrituras – Ex.19:8), não devemos nos esquecer que a resposta que se deu ao chamado divino foi de cada indivíduo, tanto assim é que, embora a geração adulta do êxodo tenha perecido no deserto, isto não ocorreu com Josué e Calebe, que ingressaram na Terra Prometida, embora pertencessem àquela geração.

E por quê? Por um simples motivo, porque creram em Deus e nas Suas promessas, ao contrário do restante, que se manteve incrédulo (Nm.14:24; Dt.1:36,38; Hb.3:19).

– Este remanescente fiel, que sempre existiu em cada geração, é o que constitui o verdadeiro e genuíno Israel.

“…É importante notar desde já a mudança de vocabulário. No estágio anterior da sua exposição em Romanos, Paulo desenvolveu o seu argumento em termos de ‘judeus’ e ‘gregos’ ou ‘judeus’ e ‘gentios’.

Nos caps.9-11, ele não abandona totalmente esta linguagem. Mas agora é introduzido novo termo (9,6) e se torna o termo dominante, ‘Israel’. Isto denota mudança de perspectiva, cuja importância usualmente é ignorada.(…) ‘Israel’ denota a perspectiva de um ‘insider’, de alguém que está dentro. Indica uma autocompreensão de um povo que se identifica como povo escolhido por Deus, os filhos de Israel (…).

Em resumo, ‘judeu’ define primariamente pela relação com a terra e pela diferenciação de pessoas de outros países, enquanto ‘Israel’ define primariamente pela relação com Deus.…” (DUNN, James D.G. Trad. de Edwino Royer. A teologia do apóstolo Paulo, p.572).

– Assim sendo, o fato de Israel não ter sido fiel ao Senhor em nada abala a eleição de Deus e o próprio êxito desta escolha, visto que Deus mantém, ao longo da história, um remanescente fiel, que é o que será objeto do cumprimento da promessa de redenção, promessa feita por Deus e que, portanto, forçosamente será cumprida e que, aliás, foi ratificada na célebre profecia das setenta semanas de Daniel (Dn.9:24).

Este remanescente existiu mesmo nos períodos mais negros da história de Israel, como nos dá conta o apóstolo Paulo, ao mencionar a existência dele no macabro reinado de Acabe e sua ímpia mulher Jezabel, período em que praticamente Deus deixou de ser a divindade adorada pelo povo que O substituiu por Baal e Asera (cf. Rm.11:4).

– Todavia, grande parte da descendência biológica de Jacó/Israel foi afetada por um sentimento que a impediu de alcançar a salvação, qual seja, a insubmissão à justiça de Deus (Rm.10:3).

 Tem-se aqui um dos maiores problemas, que afetam não só os judeus, mas também os gentios.

Os judeus, tendo recebido tantas dádivas divinas (adoção de filhos, glória, concertos, lei, culto e promessas), tornaram-se zelosos, mas sem entendimento (Rm.10:2), ou seja, trataram de guardar tudo aquilo que lhes foi confiado pelo Senhor, mas sem se submeter à vontade de Deus, sem reconhecer que deveriam ser justificados pela fé e que, portanto, não poderiam se achar justos aos seus próprios olhos.

– O resultado de uma tal atitude foi a cegueira espiritual, pois, uma vez se achando justos aos seus próprios olhos e considerando que, por si sós, tendo uma preocupação com o cumprimento externo dos mandamentos, poderiam alcançar a salvação, os judeus se fizeram cegos, não puderam compreender o sentido e o significado da lei, apesar de terem sido alertados pelos profetas a respeito de uma tal insensatez (Is.1:11-20; 58:1-10; Jr.6:15-21; 7:21-26; Am.5:21-27; Os.6:6; Mq.6:6-8; Zc.7; Ml.1:6-10; Mt.9:13; 12:7).

Esta cegueira foi a causa de terem rejeitado o Messias e perdido a salvação quando se lhes apresentou (Jo.8:39-41).

– Na atualidade, muitos, também, que, por motivos que não espirituais, se dizem pertencentes ao “Israel de Deus”, também se consideram salvos, ainda que confiem na sua própria justiça, mas estes, infelizmente, estão tão cegos quanto os judeus que confiaram em si mesmos e não em Cristo.

São os “crentes” tipificados na “igreja de Laodiceia” que, embora cegos, se achavam ricos e sem falta de coisa alguma. A estes, que serão vomitados pelo Senhor, é aconselhado pelo próprio Jesus que unjam seus olhos com colírio, a fim de que possam ver, antes que seja tarde demais (Ap.3:17,18).

– A eleição de Deus, conforme se observa, não isenta os homens de terem de confiar em Cristo Jesus e reconhecerem sua indignidade, a fim de que, perdoados os seus pecados pelo sacrifício de Cristo, possam ser justificados e, pela justiça de Cristo, se apresentem diante de Deus inocentes, sem culpa.

Não tem sentido, portanto, qualquer crença que os judeus tivessem a respeito de sua filiação para com Deus, por causa da descendência biológica que tinham com Abraão, pois o fato de serem confiantes em si mesmos, só os fazia filhos do diabo, como atestou o próprio Jesus em diálogo já referido com os judeus.

– Se isto se dá com Israel, nação étnica formada pelo próprio Deus, por Sua intervenção direta na história da humanidade, que podemos nós, gentios, esperar?

 É a isto que Paulo se refere no tocante à argumentação que apresenta nos capítulos 9 a 11 da epístola aos romanos.

 Israel não se caracteriza como um povo étnico, do ponto-de-vista da salvação, mas a salvação, apesar de todos os compromissos estabelecidos por Deus com o povo israelita, depende fundamentalmente da atitude de cada indivíduo diante do Senhor.

– Os judeus perderam a oportunidade de salvação, enquanto povo, no exato instante em que rejeitaram o Messias (Jo.1:11,12).

Esta rejeição teve o mesmo significado que a rebelião gentílica em Babel, encerrando, assim, o tempo de Israel no plano de Deus para a salvação da humanidade.

Este encerramento, entretanto, não é definitivo, pois restam promessas a Israel que ainda não se cumpriram e sabemos que o Senhor vela pela Sua Palavra para a cumprir (Jr.1:12). No entanto, a rejeição operada gerou uma nova oportunidade para os gentios no plano divino da salvação (Rm.11:11).

III – O PLANO DA SALVAÇÃO DA PRIMEIRA ATÉ A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

– Havendo a rejeição de Cristo por parte do povo de Israel, rejeição que culminou no pedido para que Jesus fosse morto (Mt.27:21-26), cessou o tempo destinado ao arrependimento das ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.10:6; 15:24).

– Com a morte de Jesus, terminava o tempo da lei, uma das dádivas de Deus a Israel e mediante a qual se fazia o desempenho da função sacerdotal do povo de Israel no mundo (Mt.11:13; 16:16; Jo.1:17).

Jesus, na cruz, bradou que “estava consumado” (Jo.19:30), ou seja, havia se completado a obra que viera fazer na Terra (Jo.17:4), qual seja, estabelecer o novo concerto prometido por Deus a Israel, uma aliança definitiva que removesse o pecado do homem e restabelecesse, de forma duradoura, a comunhão entre Deus e o homem, ou seja, buscar e salvar o que se havia perdido (Hb.10:5-18).

– Tendo cumprido a lei, Jesus concretizou tudo o que havia sido simbolizado e figurado no culto dado a Israel, motivo pelo qual, com a Sua vinda, também o culto estabelecido no velho concerto foi abolido (Hb.10:1-4), tanto assim que, ao morrer na cruz, o véu do templo, que separava o lugar santo do lugar santíssimo, foi rasgado de alto a baixo, como comprovação de que não mais se fazia, por estas cerimônias, o relacionamento com Deus (Mt.27:51; Hb.10:19,20).

– Com relação aos concertos, como já dissemos, houve o estabelecimento de uma nova aliança, com base no sangue de Cristo (Mt.26:28; Mc.14:24; Lc.22:20; I Co.11:25; II Co.3:6; Hb.9:15), sangue que efetuou a remoção dos pecados do mundo (Jo.1:29; I Jo.2:2), pois, como se sabe, sem derramamento de sangue não há perdão de pecados (Hb.9:22).

Este novo concerto, além da remoção dos pecados pelo sangue de Jesus, também se caracteriza por ser uma aliança em que a lei do Senhor se firma diretamente no coração do homem, ou seja, em que há uma transformação interior, de dentro para fora e não, como se dava na lei de Moisés, uma alteração meramente exterior, de fora para dentro.

Não se trata de pôr os mandamentos em pedras, mas, sim, no coração de cada ser humano, ou seja, em seu espírito.

Esta nova aliança, prometida desde os tempos de Jeremias (Jr.31:31-34), cumpriu-se com a vinda de Cristo que, ao subir aos céus, mandou-nos o Espírito Santo, que agora está em nós (Jo.16:17), cuja função é, depois de nos ter convencido do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), precisamente, ensinar-nos todas as coisas, fazer-nos lembrar de tudo que Jesus tenha falado (Jo.14:26) e derramar o amor de Deus em nossos corações (Rm.5:5).

– Por isso, como o novo concerto estabelece um relacionamento direto com Deus, sem a intermediação de cerimônias ou, mesmo, da observância exterior da lei de Moisés, vemos que passa a pertencer ao povo de Deus todo aquele, judeu ou gentio, que for circunciso de coração (Rm.2:29).

 Daí porque ser a igreja chamada de “o Israel de Deus” e ser composta tanto de judeus quanto de gentios (Ef.2:13-22). Para se ingressar no novo povo de Deus, na igreja, que seria edificada por Jesus (Mt.16:18), se faz necessário somente que haja o batismo, que não é o batismo nas águas, ordenança de Cristo que simboliza o ato já ocorrido sobrenaturalmente, mas o batismo em Jesus Cristo (I Co.12:13), que nada mais é que o novo nascimento mencionado pelo Senhor em Seu diálogo com Nicodemos (cf. Rm.6:3,4).

– Mas, além da substituição do concerto, da perda de vigência da lei e do culto, com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, também surgiu uma nova promessa, a saber, a da segunda vinda do Senhor.

 Jesus prometeu voltar para buscar a Sua igreja (Jo.14:1-3), promessa que se tornou a mais importante para aqueles que passaram a constituir o “Israel de Deus”, até porque suplantou as demais que, com relação aos judeus, ainda não haviam se realizado.

Isto ficou bem claro no dia da ascensão do Senhor quando os discípulos, todos judeus, quiseram ter da parte de Cristo uma posição a respeito da restauração do reino a Israel, uma das promessas ainda não cumpridas para a nação israelita, ocasião em que o Senhor lhes disse que isto não lhes pertencia, mas, sim, a tarefa da evangelização do mundo, tendo, depois, os anjos reafirmado o compromisso do Senhor de voltar (At.1:6-11).

– Não é outro o motivo por que a promessa da volta de Cristo é a que mais se encontra nos escritos do Novo Testamento, a parte da Bíblia redigida especialmente para a igreja, como parte do trabalho do Espírito Santo para perpetuação dos ensinos de Cristo para o Seu povo.

 As promessas do Antigo Testamento, as promessas relacionadas principalmente para o povo de Israel, estão ainda de pé, pois Deus é fiel (Dt.7:9; Sl.19:7; Is.49:7; I Co.1:9; 10:13; II Co.1:18; II Tm.2:13).

– Esta promessa da volta de Cristo traz em si a certeza de que a igreja será glorificada. Se hoje é ela já o espelho da glória de Deus (II Co.3:18), se suas boas obras fazem com que os homens glorifiquem a Deus que está nos céus (Mt.5:16), se somos templos do Espírito Santo e, por isso, temos, em nós, a glória de Deus (I Co.6:19), o certo é que o alvo de nossa fé, que é a salvação das nossas almas (I Pe.1:9), termina com a nossa glorificação (Rm.8:17,30), de maneira que não só vemos a glória de Deus, como viram os judeus nas dedicações do tabernáculo e do templo de Salomão, ou os discípulos, quando da encarnação do Filho (Jo.1:14), mas hoje refletimos esta glória (II Co.3:18) e, transformados, veremos todo o resplendor da glória do Senhor, naquele dia inesquecível, em que contemplaremos o Senhor como Ele é (I Jo.3:2). Aleluia!

– Com respeito, então, à adoção de filhos, como já vimos em lição anterior, aqueles que aceitam a Cristo, quer sejam judeus, quer sejam gentios, são feitos filhos de Deus, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, tendo esta certeza pelo próprio testemunho do Espírito Santo que habita em nós (Rm.8:15-17).

A adoção é o ato divino que nos escolheu para sermos Seus filhos. Esta eleição, como vimos, é um chamado universal a todos quantos aceitem se submeter à lei de Deus, a quem crê em Jesus Cristo e, por isso, alcança o perdão dos seus pecados e a justificação.

– Em tudo, pois, vemos que a igreja substitui a Israel como povo eleito de Deus, após a rejeição do Messias feita pelos judeus.

Mais propriamente, como defendem alguns estudiosos, não houve uma substituição, mas um alargamento, ou seja, por causa da rejeição dos judeus, a oportunidade da salvação se tornou realmente universal, porquanto Deus pôde estender sua oferta aos gentios, ante a recusa dos etnicamente judeus.

– “…ao mudar os termos para ‘Israel’, Paulo abriu uma possibilidade diferente. Porque se a função de ‘Israel’ como nome é identificar primariamente pela relação com Deus e a escolha de Deus, e não por diferenciação de outras nações e raças, então a questão se gentios podem ser incluídos pode ser resolvida numa base muito diferente.

Estritamente falando, não é possível incluir ‘gregos’ entre ‘judeus’; isso seria simplesmente uma confusão de identificadores. Mas pode ser possível incluir ‘gentios’ dentro de ‘Israel’.

 E de fato é isso o que Paulo tenta fazer em Rm.9-11.(…) a Igreja não é definida pela diferenciação em relação a Israel, mas sim pela inclusão em Israel e a identificação com as bênçãos de Israel…” (DUNN, James D.G., op.cit., p.573-4).

– Paulo mostra, assim, que o “Israel de Deus” deixa de ter conotações étnicas, como tinha até a primeira vinda de Cristo, bem como deixa de ter parâmetros cerimoniais ou externos, para se tornar, a partir de então, a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para anunciar as virtudes daquele que chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pe.2:9).

– A igreja, formada por judeus e gentios, é o mesmo Israel proposto por Deus já na chamada de Abrão e minudenciado no monte de Sinai: uma propriedade peculiar de Deus dentre os povos, um reino sacerdotal e um povo santo.

A etnia surgida da descendência biológica de Abraão havia falhado neste seu intento, mas a Palavra de Deus não falha, nem os propósitos de Deus podiam falhar.

Assim, embora a etnia, em sua esmagadora maioria, tivesse fracassado, um remanescente havia permanecido fiel e, o mais importante, Jesus Cristo, nascido homem e, segundo a carne, israelita (Rm.9:5), foi obediente até a morte e morte de cruz (Fp.2:8), nunca tendo pecado (Hb.4:15), consumando a obra da salvação (Jo.17:4).

– Em virtude da obediência de Cristo e daqueles que nele creram dentre a maioria desobediente do “Israel biológico”, abriu-se a oportunidade para os gentios também crerem em Cristo, tendo-se, portanto, a manutenção da universalidade do chamado divino que, por meio de Israel, estava extremamente prejudicado, ante a incredulidade deles, pois, ainda que existisse uma obra missionária por parte de Israel, ela só tinha servido para gerar prosélitos filhos do inferno duas vezes mais do que os anunciadores das boas-novas de salvação (Mt.23:15).

OBS: Aqui devemos observar que a atividade missionária judaica sempre foi muito intensa, tendo se desenvolvido bem antes do avento do Cristianismo.

As Escrituras referem-se muitas vezes aos prosélitos, ou seja, os estrangeiros que se convertiam ao judaísmo.

 “…Os judeus acreditavam que tinham um papel importante a cumprir na redenção iminente da Humanidade. Tinham a absoluta convicção — que lhes advinha da Bíblia — que Deus havia escolhido especificamente a eles para que servissem de ‘luz para as nações’ a fim de unir todos os povos em torno da Torah.…” (AUSUBEL, Nathan. Missionários judeus. In: A JUDAICA, v.6, p.560-1).

– O apóstolo, assim, mostra-nos, claramente, que o fato de ter havido a rejeição de Jesus por parte dos judeus não autorizava, em absoluto, um comportamento de censura e de ódio a eles, fosse por parte dos judeus que haviam se convertido, seja por parte dos gentios que haviam passado a pertencer à igreja, atitude, aliás, que, lamentavelmente, foi a tônica muitas vezes durante a história da igreja, notadamente na Europa medieval.

– Quando consideramos Israel como a “nação eleita”, achando que Israel é salvo por causa de sua descendência biológica (pensamento equivocado e que tem até certa expressão no meio do povo evangélico), está-se contra o que ensinam as Escrituras, pois, mesmo tendo sido uma nação formada por Deus, Israel não está isenta do princípio bíblico da justificação pela fé em Cristo Jesus, além do que é um pensamento que contraria o princípio da imparcialidade divina, da não-acepção de pessoas.

– Todavia, quando repudiamos Israel por ter sido o “povo que rejeitou a Cristo”, ou, como alguns costumam dizer, por terem sido “os assassinos de Cristo” (tentando, inclusive, se basear em I Ts.2:15), aceitando, quando não proferindo, discursos antissemitas, apoiando abertamente os inimigos de Israel e ideologias que defendem explicitamente a destruição do povo judeu, também estamos a contrariar frontalmente as Escrituras.

Israel rejeitou o Messias, sim, mas, como ensina Paulo, esta rejeição foi uma bênção para nós, gentios, pois, através dela, pudemos ter livre e independente acesso a Deus por meio de Cristo Jesus.

“…pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm.11:11b,12).

– A rejeição do Messias por Israel não representou o fracasso do ministério de Jesus Cristo, mas, bem ao contrário, foi o fato que permitiu que o sacrifício de Jesus diretamente beneficiasse todas as nações, sem qualquer intermediação de qualquer nação.

O povo de Deus passou a ter, também, os gentios, que, como zambujeiro, puderam ser enxertados na oliveira, iniciando-se o cumprimento, assim, do propósito divino de “…tornar a congregar em Cristo todas as coisas…” (Ef.3:10a).

– Enquanto gentios admitidos no reino de Deus, devemos não nos gloriarmos nem nos acharmos superiores ao Israel étnico, mas, sim, verificarmos que, pelos judeus terem confiado em si mesmos e deixado de crer na Palavra, foram quebrados da oliveira, ou seja, perderam a comunhão com Deus, devendo, pois, cada um de nós ter o devido temor, sabendo que não somos melhores do que pessoa alguma e que, se nos mantivermos fiéis até o fim, alcançaremos a nossa glorificação, último estágio de nosso processo de salvação.

– Estas recomendações do apóstolo são mais uma evidência de que a salvação é um processo continuado, que não se cristaliza num gesto único de Deus, mas que depende da nossa obediência e perseverança.

Esta conscientização também nos impede de nos tornarmos “modernos fariseus”, “santarrões” julgadores que veem defeito em todos os que nos cercam e que criam inúmeros fardos para se carregar ao longo da jornada da fé.

 Estes que assim agem, que assim se gloriam, correm o risco de serem cortados da oliveira, pois, como disse Paulo, se o Senhor não titubeou em quebrar os ramos naturais da oliveira, por que haveria de ter pruridos com relação aos ramos enxertados?

– É absolutamente necessário que, para perseverarmos na fé em Cristo e alcançarmos o instante final de nossa libertação da servidão da corrupção, a liberdade da glória dos filhos de Deus, que nunca nos esqueçamos de que fomos salvos pela graça de Deus, em virtude da Sua benignidade e que, por isso, também devemos ser benignos para que não venhamos a ser cortados (Rm.11:22).

– Esta observação do apóstolo, aliás, faz-nos refletir sobre o comportamento de muitos nas igrejas locais de hoje em dia, que se comprazem em excluir pessoas da comunhão dos santos, que não cessam de humilhar os irmãos, que se arrogam no direito de “ligar de desligar na terra e no céu”.

São pessoas, algumas até sedizentes ministros, que não sabem o que é benignidade nem misericórdia, que, com suas atitudes, não podem dizer que estão a continuar a obra de Cristo, que foi não condenar o mundo, mas fazer com que o mundo seja salvo por Ele (Jo.3:17).

São pessoas que, ao invés de mostrarem o Cristo para que as pessoas olhem para Ele e obtenham a cura de suas enfermidades espirituais, como ocorreram com aqueles que olhavam para a serpente de metal para se salvarem do veneno mortífero que as havia atingido (Nm.21:19), insistem em relembrarem o pecado cometido e que foi castigo com a mordedura fatal, alegrando-se com a agonia e a morte dos feridos.

– Fomos salvos porque cremos em Cristo e esta fé não veio de nós, mas é dom de Deus (Ef.2:8) e, por isso, temos de ter consciência de que tudo é resultado da vontade de Deus.

 É verdade que temos de permanecer até o fim e que, ainda que a fé tenha vindo de Deus, fomos nós que nos arrependemos dos pecados e nos convertemos, mas é absolutamente necessário termos sempre presente, em nossas mentes, que não é pelo bem que houvéssemos feito, mas pela infinita misericórdia que nos encontramos ligados à oliveira, à videira verdadeira.

Se permanecermos crendo, permaneceremos nela e aqueles que se tornaram incrédulos, se crerem novamente, de novo enxertados serão na oliveira (Rm.11:23).

– Deste modo, no presente e até a segunda vinda de Cristo, o povo de Deus, o “Israel de Deus” é formado tanto por gentios quanto por judeus, gentios e judeus que creram em Jesus e, por isso, foram justificados diante de Deus, depois de terem se arrependido dos seus pecados, se convertido dos seus maus caminhos, perdoados os seus pecados, justificados pela fé em Cristo e se mantido separados do pecado, aguardando a glorificação.

O fato, porém, de pertencermos ao povo de Deus não nos permite, em absoluto, fazer caso ou julgar os outros homens, sejam judeus, sejam gentios, uma vez que não somos melhores do que eles.

 Se deixarmos de crer em Cristo, passaremos a estar fora da comunhão com Deus assim como eles estão, assim como, se eles crerem em Jesus, também serão enxertados na oliveira, como nós o fomos.

– Cabe ao povo de Deus, portanto, enquanto aguarda o Senhor, pregar a judeus e a gentios o Evangelho, a fim de que possam ingressar em comunhão com Deus.

Somos embaixadores do reino de Deus aqui na Terra e devemos buscar a reconciliação dos homens com o Senhor na pessoa de Cristo Jesus (II Co.5:20).

Não pode, pois, o povo de Deus, de forma alguma, aceitar ideologias e práticas que, ou exaltem etnias ou raças, ainda que isto se dê em relação ao Israel biológico, como também não pode se comportar de modo a consentir e a agir em atitudes de desprezo étnico ao povo judeu, o chamado antissemitismo.

IV – O PLANO DA SALVAÇÃO APÓS A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

– Como a igreja não pode repudiar Israel, sendo Cristo, como é a cabeça da Igreja e um com o Pai (Jo.10:30), ou seja, as duas Pessoas jamais discordam entre Si, tem-se que Deus não repudiou Israel, mesmo o Israel étnico, que rejeitou o Messias (Rm.11:1,2).

– Deus fez pactos com Israel, tendo-lhes prometido que seria propriedade peculiar dentre os povos, um reino sacerdotal e um povo santo (Ex.19:5,6).

Ora, sabemos que o Senhor é fiel e, por isso, cumpre as Suas promessas e a circunstância de Israel ter rejeitado a Cristo em nada abala a fidelidade divina.

Portanto, daí se infere que as promessas de Deus em relação a Israel que ainda não foram cumpridas têm de ser cumpridas e, portanto, fatos devem ocorrer para que estas promessas se cumpram integralmente.

– A existência de promessas a cumprir em relação a Israel é uma das evidências de que a história humana não se esgota com a volta de Cristo e o arrebatamento da Igreja, o povo de Deus que substituiu ao Israel étnico.

Após este arrebatamento, deve, então, haver o cumprimento das promessas divinas com relação a Israel, promessas, aliás, que estavam bem vivas na mente dos discípulos do Senhor no dia da ascensão (At.1:6). Esta certeza é dada, também, pelo apóstolo Paulo, na sua discussão a respeito de Israel.

De forma explícita, diz: “porque não quero, porém, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm.11:25).

– Com efeito, após o arrebatamento da Igreja, que é o instante em que se termina o período de entrada dos gentios na oliveira, Deus Se voltará, uma vez mais, a Israel, o Israel étnico, a fim de cumprir as promessas feitas em relação a esta nação que formou, cumprimento que se deve antes à Sua fidelidade que a eventuais méritos dos judeus.

– Com a retirada da Igreja da face da Terra, teremos apenas, no mundo, dois povos: os judeus e os gentios.

 Deus, então, vez que os gentios já tiveram a sua oportunidade, desde a rejeição do Messias pelos judeus para a salvação, voltar-Se-á principalmente aos judeus, para com eles tratar, ainda que, tendo valor universal o sacrifício de Cristo, não deixará de haver aqueles que, mesmo sendo gentios, alcançarão a salvação pela fé em Cristo, ainda que, doravante, além da fé seja necessário o próprio martírio para demonstração desta fé (cf. Ap.13:10).

– Este tratamento com os judeus, para ser entendido, deve ser verificado diante dos três pactos selados entre Deus e Israel: o pacto mosaico, o pacto palestiniano e o pacto davídico.

– Como já se viu, pela sua obstinação, Israel foi punido com a perda da independência política, o que se deu a partir da destruição das doze tribos do Norte e, depois, o cativeiro babilônico sobre as tribos do Sul (Judá, Benjamim, Levi e remanescentes vindos das tribos do Norte), independência que, precariamente restabelecida no período interbíblico, foi definitivamente perdida sob o governo do ditador romano Pompeu, daí porque a ansiedade dos discípulos em inquirir a respeito da restauração do reino.

– Além da perda da independência política, que tinha que ver com o pacto davídico, Israel também perdeu, por causa da rejeição do Messias, o poder da prática de seu culto, pois, como profetizaram Daniel e o próprio Jesus, o templo de Zorobabel, reformado por Herodes, foi destruído, juntamente com Jerusalém, no ano 70 pelos romanos, circunstância que fez com que os judeus, até o dia de hoje, considerem que sua religião é “incompleta”, vez que não há templo nem sacrifícios. Era a suspensão do pacto mosaico.

– Por fim, no ano 135, Israel perdeu a sua própria terra, pois os romanos acabaram expulsando os judeus da Palestina, ao sufocar a rebelião contra o domínio de Roma, o que significou a segunda grande diáspora do povo judeu, que nunca mais pôde voltar de forma expressiva para a Terra Prometida.

 Era a suspensão do pacto palestiniano. Vemos, portanto, que Deus cumpria assim Sua Palavra, parando de tratar com Israel enquanto perdurasse o tempo dos gentios.

– No entanto, a partir do final do século XIX, ao mesmo tempo em que, entre o povo de Deus se via surgir o movimento pentecostal, denunciando a “chuva serôdia”, ou seja, a estação chuvosa que antecedia a colheita, as chamadas “chuvas do outono”, também se iniciava, na comunidade judaica de todo o mundo, o movimento “sionista”, que defendia o direito dos judeus a ter um Estado, ou seja, ter uma nação politicamente organizada, com território e governo próprios.

 A organização deste movimento era o primeiro sinal de que Deus iniciava o retorno do tratamento com Israel e, efetivamente, cerca de cinquenta anos depois do início do movimento “sionista”, nascia o Estado de Israel, na Palestina, em 14 de maio de 1948.

Israel, portanto, passou a ter, novamente, a Terra Prometida (se bem que não integralmente ainda) como seu território, numa demonstração de que Deus tornava a pôr em ação o pacto palestiniano.

– O retorno à Palestina e o estabelecimento de um Estado, reconhecido, de forma milagrosa, por ambas as superpotências da época (Estados Unidos e União Soviética), num instante em que começavam as tensões que seriam conhecidas como a “guerra fria”, de certo modo, também, significou a retomada da independência política perdida, ainda que, atualmente, o governo de Israel tenha soberania sobre parte apenas tanto da Terra Prometida, quanto dos próprios judeus, vez que cerca de 57,14% da comunidade judaica se encontra fora do Estado de Israel.

No entanto, já é um prenúncio da retomada do pacto davídico, pacto que, entretanto, somente será retomado pelo legítimo descendente da casa de Davi, o Messias rejeitado, Jesus Cristo, que foi morto, mas está vivo para todo o sempre (Ap.1:18).

– Com relação ao pacto mosaico, então, em que pese Israel ter reconquistado Jerusalém, na Guerra dos Seis Dias em 1966 e tê-la tornado, por decisão unilateral, não reconhecida pela comunidade internacional, em 1977, tendo confessada intenção de reconstruir seu templo no local onde hoje existe a Esplanada das Mesquitas, administrada pelo governo jordaniano, conforme acordo de paz entre os dois países firmado em 1994, intenção reforçada pelo gesto do então líder da oposição israelense, Ariel Sharon, que tentou entrar na área em 2000, o que deu início à segunda “intifada”, rebelião palestina, que somente findou após a morte de Yasser Arafat em 2004 e que deu início, em 2015, a uma série de atentados contra judeus por parte dos árabes em retaliação à intenção dos judeus de terem novamente o Templo, tudo ainda não passa de um simples projeto, projeto que, pelas Escrituras, será realizado, de forma humana e sem aprovação divina, logo após o arrebatamento da Igreja (Dn.9:27; Mt.24:15).

 O templo, na verdade, conforme a vontade de Deus, somente será construído após o reconhecimento do Messias, no Seu reino milenial, como profetizado está no livro de Ezequiel, a partir do capítulo 40.

– Vemos, pois, que Israel se encontra, nos nossos dias, na situação prevista pelo profeta Ezequiel quando teve a visão dos ossos secos, no seu capítulo 37, visão esta em que houve alguns instantes, que cabe aqui retratar, por ser oportuno, a saber:

a) ruído seguido de um reboliço, com junção dos ossos, cada osso ao seu osso (Ez.37:7) – nesta primeira fase, há a reunião do povo de Israel num só lugar, o que ocorreu a partir do início do movimento sionista e das imigrações por ele patrocinadas, do final do século XIX até o instante da declaração de independência de Israel. É o fim da suspensão do pacto palestiniano e a repatriação de Israel à Palestina, à terra de Canaã.

b) vinda de nervos sobre os ossos, crescimento da carne e extensão da pele sobre eles por cima (Ez.37:8) – nesta segunda fase, a reunião do povo se organiza politicamente e nasce um Estado, um país na comunidade internacional. É o que ocorre com Israel a partir de 1948, quando, então, passa a ter um lugar no mapa-múndi.

Retoma o Senhor o pacto palestiniano com Israel e as circunstâncias tornam viáveis tanto a restauração do pacto davídico, pois ressurge um governo judeu independente e próprio, como também se criam condições para a reconstrução do templo, o que porá fim à suspensão do pacto mosaico.

c) sopro para que venha o espírito sobre Israel e ele torne a viver (Ez.37:9,10)– nesta terceira fase, Israel será, de novo, enxertado na oliveira, porque voltará a crer em Deus, aceitando a Cristo como seu único e suficiente Salvador, ou, pelo menos, o seu remanescente, quando, então, se cumprirá a profecia mencionada pelo apóstolo Paulo em Rm.11:26.

 Isto somente ocorrerá quando Israel reconhecer a Cristo como o Messias, o que acontecerá no final da Grande Tribulação, sete anos depois do arrebatamento da Igreja, na batalha do Armagedom (cf. Zc.14:1-9; Ap.19:11-21).

– Vencido o Anticristo pelo Senhor Jesus na batalha do Armagedom, Israel, que terá no momento decisivo se voltado ao Senhor e O reconhecido como o Messias, verá cumpridas as promessas que ainda faltam.

Jesus será entronizado como Rei de Israel, cumprindo-se, assim, a promessa do pacto davídico, de que o reinado da casa de Davi perduraria para sempre sobre a nação de Israel.

O templo mencionado no livro do profeta Ezequiel será construído e, assim, Israel, durante o reino milenial de Cristo, cumprirá o papel de propriedade peculiar de Deus dentre os povos, nação sacerdotal e povo santo e tudo isto, como diz Paulo, “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm.11:29).

– O remanescente de Israel alcançará, a exemplo dos que fazem parte da igreja, a vida eterna porque obedecerão a Deus, aceitando a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador e, portanto, Deus mostrará que Seu plano não falhou e que todos foram encerrados debaixo da desobediência, para que todos os que atenderam ao chamado divino sejam alcançados por Sua misericórdia (Rm.11:32).

Esta visão privilegiada de todo o sentido da história só poderia mesmo ter levado o apóstolo ao êxtase e à glorificação do nome do Senhor, pelo Seu tão grande amor, como se vê no lindo e inspirado hino de adoração que encerra a parte dogmática da epístola aos romanos (Rm.11:33-36).

– Que esta visão do sentido da história, visão que tantos historiadores, filósofos e cientistas em geral têm tentado enxergar ao longo dos séculos, mas que não se divisa humanamente, mas apenas por inspiração do Espírito Santo, possa estar profundamente escondida nos nossos corações para que não pequemos contra o Senhor (Sl.119:11), a nós que tivemos o privilégio de compartilhar dela pela leitura e meditação da epístola de Paulo e, assim fazendo, temermos a este tão grande e amoroso Deus, mantendo-nos firmes até aquele grande dia e que, assim, como disse o poeta sacro José Teixeira de Lima:

 “face a face esperemos vê-l’O, no além do céu de luz. Face a face, em plena glória, havemos de ver o nosso Jesus.” (estrofe do hino 118 da Harpa Cristã, com adaptação das flexões verbais).

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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