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LIÇÃO Nº 4 – O TRABALHO E ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS

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O ganhador de almas tem de preencher alguns requisitos para realizar seu trabalho de evangelização.

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INTRODUÇÃO

– O ganhador de almas tem de preencher alguns requisitos para realizar seu trabalho de evangelização.

– O trabalho de ganhar almas é de iniciativa divina e somente quem tem comunhão com o Senhor pode fazê-lo.

I – O TRABALHO DO GANHADOR DE ALMAS

– No estudo sobre a evangelização, hoje estudaremos o trabalho e os atributos do ganhador de almas.

– A expressão “ganhador de almas” é bíblica, pois, em Pv.11:30, Salomão nos diz que “quem ganha almas sábio é”, sentença que se encontra em paralelismo com “o fruto do justo é árvore de vida”, e, como sabemos, o “paralelismo hebraico” traz a mesma ideia por meio de palavras diferentes.

Portanto, o “ganhador de almas” é o “justo que frutifica”, é o “´sabio”, ou seja, aquele que serve a Deus, aquele que observa os mandamentos do Senhor.

– Vemos, de pronto, que para alguém ganhar almas para o Senhor, para alguém ser instrumento do Espírito Santo na evangelização, necessita ser um justo, alguém que frutifica, alguém que observa a Palavra de Deus.

– Mas, antes de falarmos dos atributos do ganhador de almas, faz-se preciso, dentro do propósito de nossa lição, entender qual é o trabalho do ganhador de almas.

– Ora, já vimos nas lições anteriores que a evangelização é o ato de evangelizar e evangelizar é pregar o Evangelho e pregar o Evangelho é pregar o reino de Deus, pregar Jesus Cristo, pregar a Palavra de Deus.

– Para realizar este trabalho, como ensina o missionário Orlando Boyer (1893-1978), “É com o pincel que o pintor tem destreza. É com o fuzil que o soldado é perito. Mas é a Palavra de Deus que o crente deve manejar bem.

Com este alvo é necessário estudar, gravar no coração e orar, para adquirir habilidade em usar as passagens indicadas nestes capítulos.…” (Esforça-te para ganhar almas, p.6).

– Vemos, pois, que o trabalho do ganhar de almas é, por primeiro, manejar bem a Palavra de Deus, conhecer bem as Escrituras.

 É o que vemos tanto em Jesus quanto nos apóstolos: total domínio do conteúdo da Bíblia Sagrada. Não há como evangelizar se não tivermos conhecimento da Palavra de Deus.

Por isso, o apóstolo Paulo disse a Timóteo que devemos nos apresentar a Deus aprovados, como obreiros que não têm do que se envergonhar, manejando bem a Palavra da verdade (II Tm.2:15).

– O estudo da Palavra de Deus, portanto, além de ser fundamental para o nosso crescimento espiritual, para a nossa santificação (Jo.17:17; Hb.12:14), para que possamos chegar à glorificação, visto que sem a santificação ninguém verá o Senhor, além de ser indispensável para a nossa sobrevivência espiritual, vez que a Palavra de Deus nos é tão essencial para o homem interior como é o pão para o nosso corpo físico (Mt.4:4), é também uma atitude imprescindível para que possamos cumprir a Grande Comissão, para que possamos ganhar almas para o Senhor Jesus.

– Eis um dos fatores pelos quais hoje a evangelização vem sendo tão negligenciada e há um déficit muito impressionante nas igrejas locais em relação a este ponto: o desconhecimento da Palavra de Deus, a situação de verdadeiro “analfabetismo funcional bíblico” em que vive a igreja em nosso país.

– Como termos um evangelismo eficiente, como temos condições de evangelizar, se não temos conhecimento das Escrituras?

Como termos uma igreja local como verdadeira agência evangelizadora se a membresia não medita diariamente na Bíblia Sagrada e não frequenta cultos de ensino e Escolas Bíblicas Dominicais?

Bem ao contrário, muitos que até iniciam um trabalho de evangelização, por desconhecimento da Palavra de Deus acabam sendo enganados por pregadores de heresias e apostatando da fé!

– Quando vemos os trabalhos evangelísticos dos apóstolos e dos demais integrantes da igreja primitiva, sempre vemos o conhecimento das Escrituras como um elemento basilar nas pregações.

No dia de Pentecostes, Pedro menciona trechos das Escrituras para mostrar que Jesus era o Salvador, o que é repetido no sermão proferido após a cura do paralítico da porta Formosa do templo.

– Não é diferente com o apóstolo Paulo. Desde o início de seu trabalho de evangelização, ainda em Damasco, o apóstolo sempre vai basear as suas pregações nas Escrituras, de tal maneira que, certa feita, ele afirma que toda a sua pregação sempre foi “segundo as Escrituras” (I Co.15:3,4).

– Não poderia ser diferente este trabalho de evangelização, pois o próprio Senhor Jesus, após ter ressuscitado, fez questão de mostrar aos Seus discípulos que tudo o que ocorrera com Ele havia sido profetizado nas Escrituras e que, portanto, elas seriam a base de todo o trabalho de continuidade do Seu ministério terreno (Lc.24:45-48).

– O conhecimento das Escrituras não é um mero conhecimento intelectual. “Manejar bem a Palavra da verdade” envolve não só habilidade para encontrar textos bíblicos, saber interpretá-los e relacioná-los com outras passagens bíblicas, mas, também, ter uma vida condizente com o que é pregado.

Estamos aqui no sentido hebraico da palavra “conhecer”, que significa ter intimidade, ter experiência, vivenciar o que consta nas Escrituras.

– Jesus tinha autoridade nos Seus ensinos e nas Suas pregações (Mt.7:29), ao contrário dos escribas e fariseus (Mt.23:3), precisamente porque antes fazia para depois ensinar (At.1:1).

– O Senhor levantou Esdras para restaurar o ensino da lei de Deus em Israel, a ponto de os rabinos judeus o considerarem o “segundo Moisés”, porque Esdras não somente era um escriba hábil na lei de Moisés (Ed.7:6), mas, principalmente, porque havia preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir (Ed.7:10).

– A igreja primitiva evangelizava eficiente e eficazmente, a ponto de seus próprios inimigos reconhecerem que eles haviam enchido Jerusalém da doutrina de Cristo (At.5:28), porque, antes de mais nada, viviam segundo esta mesma doutrina (At.2:42-47). O crescimento da igreja, a propósito, era o resultado de uma vida segundo a Palavra de Deus.

– Mas, além de conhecer a Palavra de Deus, o ganhador de almas deve ter uma vida de oração. Com efeito, vemos que o Senhor Jesus vivia orando em todo o Seu ministério terreno.

 A oração era tanta na vida de Cristo que os Seus discípulos resolveram pedir que Ele os ensinasse a orar (Lc.11:1).

Antes de escolher os apóstolos, Jesus passou uma noite em oração (Lc.6:12,13), ou seja, os que iriam dar continuidade a Seu ministério foram escolhidos após uma noite de oração, a nos mostrar, claramente, que a oração é um pressuposto para o trabalho de ganhar almas.

– No dia de Pentecostes, o sermão de Pedro foi precedido por sete dias de oração (At.1:14), sendo certo que Pedro e João estavam indo para uma reunião de oração quando houve a cura do paralítico da porta Formosa do templo, fato que precedeu ao segundo sermão evangelístico de Pedro no livro de Atos dos Apóstolos  (At.3:1), e, pelo que inferimos do texto sagrado, enquanto estavam em suas casas, os dois apóstolos também estavam em oração (At.2:42).

– De igual modo, a abertura da graça aos gentios, ocorrida na casa de Cornélio, foi precedida por oração, tanto por parte de Pedro (At.10:9), quanto por parte de Cornélio (At.10:1,2).

– Paulo, que se intitula como evangelista (I Co.1:17), também iniciou a sua vida cristã com oração (At.9:11), a nos mostrar que seu trabalho evangelístico, iniciado em Damasco (At.9:19-21), também foi precedido de oração.

– Não há como evangelizar sem que se tenha uma vida de oração, sem que se mantenha uma comunhão estreita com o Senhor Jesus e se desfrute da companhia do Espírito Santo.

– Esta oração deve ser reforçada com o jejum, pois, depois da partida de Cristo para os céus, o jejum é necessário para os discípulos do Senhor Jesus (Mt.9:15; Mc.2:20; Lc.5:35).

O jejum fortalece o espírito do ganhador de almas, mortifica a carne e lhe dá condições, inclusive, de enfrentar toda a sorte de hostes espirituais da maldade, já que, no trabalho de evangelização, é imperioso que se esteja apto para expulsar demônios e curar enfermos (Lc.9:1; 10:1,9) e há espíritos malignos que somente podem ser expulsos com jejum e oração (Mt.17:21; Mc.9:29).

– O filósofo Aristóteles afirma que para que algo exista precisa ter quatro causas: a causa material, a causa formal, a causa eficiente (que pode ser principal ou instrumental) e a causa final.

 Pois bem, para bem verificarmos qual é o trabalho do ganhador de almas, efetuaremos uma digressão abrangendo esta estrutura de quatro causas.

– A causa final é o objetivo, a finalidade de um determinado ser. Embora seja a última que aparece na ordem dos fatos, é a que anima todo e qualquer ser, a que vem primeiro na ordem das ideias. Pois bem, o objetivo da evangelização é a conversão das almas, a salvação das almas.

– Por isso, o ganhador de almas deve ser movido por um desejo ardente de ganhar almas para o Senhor Jesus, deve ter o amor de Deus em seu coração, este mesmo amor que fez com que o Pai desse o Seu Unigênito Filho para que o mundo alcançasse a salvação.

– Como afirma o missionário Orlando Boyer: “…Já ganhaste uma alma para Cristo? Já experimentaste? Conheces alguém atualmente na glória, com Cristo, levado por ti a Ele? Ou conheces alguém que está no caminho para o céu, porque o informaste do Salvador?

Se fossem desvendados os teus olhos, neste momento, para contemplar a eternidade, e se te fosse revelado que tens de passar para lá, neste ano não desejarias depositar aos pés do Salvador algum presente como prova de teu amor?

 Pode haver um presente tão precioso ou aceitável ao Mestre, como uma alma ganha para Ele, durante um ano? As palavras dos maiores, na história da Igreja de Cristo, revelam como o coração os abrasava com este desejo…” (op.cit., p.8).

– O Senhor Jesus veio ao mundo para salvar a humanidade (Jo.3:17) e sentia compaixão pelas almas (Mc.6:34) e este mesmo amor divino foi derramado pelo Espírito Santo no coração dos salvos (Rm.5:5), de modo que o membro em particular do corpo de Cristo tem, também, este mesmo desejo ardente de levar a mensagem da salvação para toda a criatura.

Eis uma prova de que se está em Cristo Jesus, de que se é ramo da videira verdadeira (Jo.15:5): o desejo ardente de ganhar almas, de ver as pessoas se converterem a Jesus Cristo.

– O Senhor Jesus disse que quem está n’Ele produz muito fruto (Jo.15:1,2), que escolheu a cada um de Seus discípulos para dar fruto (Jo.15:16) e, lembrando a passagem já mencionada de Pv.11:30, vemos que o justo que dá fruto é o que ganha almas. Será que estamos na videira verdadeira?

– Dentro deste pensamento, aliás, o pastor Ailton Muniz de Carvalho entende que os “frutos dignos de arrependimento” mencionados por João Batista nada mais era que levar pessoas para serem por ele batizadas no rio Jordão.

Ou seja: a pessoa realmente convertida deveria levar outras pessoas à conversão para demonstrar sua real conversão.

– Como bem afirmava o saudoso pastor Valdir Bícego (1940-1998): “…Trabalhar é uma prova de que possuímos a natureza de Deus.

O crente é descrito na Bíblia como tendo a natureza divina, ‘o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus’ (Fp.2:5); ‘a mente de Cristo (II Co.2:16) e ‘a vida de Cristo’, Cl.3:3. E qual é a natureza divina? É certamente o amor (I Jo.4:8), o amor pelas almas: Jo.4:34; 10:15,16.

 ‘O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm.5:5) e nos leva a ter grande amor pelas almas perdidas: Rm.9:1-3; 10:1-3.

É imbuído deste amor que o ganhador de almas chega a fazer-se ‘tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns’, I Co.9:19,23.

Portanto, a maior prova de que possuímos a natureza de Deus é que queremos ganhar almas para Ele ainda que para tal tenhamos de colocar em risco a nossa vida: At.20:23,24.

O Senhor Jesus não hesitou em dar a sua própria vida para nos salvar: Jo.10:15,17.(…). Quando o crente quer pregar é sinal de que está salvo.

Vejamos alguns exemplos:

  1. a) a mulher samaritana, depois de salva por Jesus, junto ao poço d´água, foi impelida a ir à cidade de Samaria a pregar a Palavra (…);
  2. b) Zaqueu, depois de salvo, teve um interesse incomum pelo seu próximo: Lc.19:8,9; c) André, depois de ter tido um encontro com Jesus, pregou as boas-novas para seu irmão Simão Pedro, e ‘levou-o a Jesus’, Jo.1:39-42…” (Manual de Evangelismo, pp.28-9).

– A causa material do trabalho da evangelização, ou seja, o seu conteúdo, conforme já temos visto, é a pregação do Evangelho, que é a pregação do reino de Deus, de Jesus Cristo e da Palavra de Deus.

– Pregar o Evangelho não é uma profissão. Como afirma Orlando Boyer: “…Deus nunca quer que a obra mais elevada e santa, a de ganhar almas, se torne uma profissão. Mas o amor à fama, o amor ao salário e o amor de governar leva muitos a vestirem-se com trajes eclesiásticos e aceitar títulos de oficio.

Na história da Igreja, as grandes colheitas de almas foram sempre fruto daqueles que trabalhavam sem ideia de profissionalismo, anunciando a Palavra por toda parte, à sua própria custa.…” (op.cit., p.16).

Por isso, jamais podemos fazer uma verdadeira evangelização tendo à frente “mercenários da fé”, pessoas que fizeram do Evangelho um negócio com palavras fingidas (II Pe.2:3).

– Pregar o Evangelho não é dar esmolas. Ainda citando Boyer: “…Muitos crentes estão deixando mais e mais de anunciar a mensagem que dá vida à alma, para dar comida e roupa aos pobres.

 Que a Igreja, deve compadecer-se dos pobres e dar, é certo, mas não será o número total de pães distribuídos que o Juiz quer ver no último dia, mas o número de almas salvas. Pães e roupas não podem estancar a sede da alma:

‘Todo o que bebe desta água, tornará a ter sede’…” (op.cit., p.16). É evidente que uma evangelização deve ser acompanhada de uma ação social, mas a ação social não é o objeto da evangelização, pois, se assim fosse, ela em nada seria diferente das obras filantrópicas existentes na sociedade.

Ademais, reduzir a evangelização à ação social seria tão somente defender uma salvação pelas obras, o que, à evidência contraria a Bíblia Sagrada (Rm.3:20,28; Gl.2:16).

– Pregar o Evangelho não é reformar as pessoas, melhorar as suas condições de vida. Como diz Boyer:

“…Não se deve pensar nem dar a entender ao perdido, que a salvação é adquirida pelo fato de alguém levantar a mão, deixar de fumar, recusar a bebida forte, e abandonar todos os vícios.

Se o homem pudesse salvar-se, só exercer o poder da vontade, Deus não teria dado Seu Filho para sofrer a agonia do Getsêmani e do Calvário.…” (op.cit. p.16).

A nova vida em Cristo trazida pela evangelização é uma transformação (Rm.12:2), o surgimento de uma nova criatura, pois “ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo rompe os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser posto em odres novos” (Mt.9:17; Mc.2:22. Lc.5:37,38).

– Pregar o Evangelho também não é atrair alguém ao pregador, mas, sim, levá-lo a Cristo Jesus. Ainda citando Boyer: “…alma atraída pela personalidade ou eloquência do pregador permanece fiel só durante o tempo que o pregador fica com ele.

‘Meu ensino e a minha pregação não foram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se baseie na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. (I Co.2:4,5).

O grande número de almas que Paulo ganhou para Cristo, não foi atraída pela personalidade de apóstolo. “Sua presença corporal é fraca’ (II Co.10:10).…” (op.cit., p.16).

– Pregar o Evangelho é pescar. Quando Jesus chama Pedro, Tiago e João para O seguir, no episódio da pesca maravilhosa, o Senhor lhes diz que eles seriam, doravante, “pescadores de homens” (Lc.5:10).

“…A palavra nesta passagem no original traduzida literalmente, quer dizer: ‘Apanhar homens vivos’, dando a ideia de salvá-los completamente do perigo mais horrível. Encontra-se esta palavra só uma vez nas Escrituras, em II Tm.2:26: ‘E se livrem dos laços do Diabo tendo sido feitos cativos, (apanhados vivos) por ele’. Satanás também apanha almas vivas!

Que hoste grande de cativos ele está conduzindo para o inferno! Alguns dos nossos queridos estão na procissão, e nós permanecemos inativos?…” (BOYER, Orlando. op.cit., p.17).

– A causa formal da evangelização é a sua maneira de ser, o modo pelo qual ela se apresenta e, quando o Senhor Jesus disse que Seus discípulos seriam “pescadores de homens”, de pronto nos apresenta dois modos de evangelismo, dois métodos de evangelização: o evangelismo pessoal e o evangelismo em massa.

– Com efeito, quando verificamos a atividade da pesca, vemos que é possível a pesca com anzol, em que se pescam os peixes um a um, como também a pesca com redes, em que há uma pesca coletiva de peixes. Pedro, mesmo, é apresentado, no texto sagrado, em ambas as situações: pescando um peixe com anzol (Mt.17:27) e com rede (Lc.5:5,6; Jo.21:6,8,11).

– Pois bem, a pesca individual, a “pesca com anzol” é o evangelismo pessoal. É o evangelismo feito individualmente, num contato direto com uma pessoa.

 Foi este o evangelismo praticado pelo Senhor Jesus com a mulher samaritana (Jo.4:1-28), com Nicodemos (Jo.3:1-21), com o paralítico do tanque de Betesda (Jo.5:1-15), entre outros episódios.

– Consoante bem define o pastor Espedito Nogueira Marinho: “…Por evangelismo pessoal, refiro-me àquela prática em que o crente tem contato pessoal e direto com a pessoa evangelizada.…”(Métodos para evangelismo, p.26. Obra no prelo, arquivo disponibilizado para o revisor).

– Ainda no dizer do pastor Espedito Marinho: “…A evangelização, para que seja completa, necessariamente tem que ser pessoal.

Pois, de pé sobre um púlpito, distante de um pecador desaparecido no meio de uma multidão, é praticamente impossível eliminar todas as dúvidas que ele nutre sobre algum aspecto da mensagem pregada. O mesmo podemos falar da evangelização televisiva ou radiofônica.…”(op.cit., p.26).

– “A principal vantagem da evangelização pessoal é que todos podem evangelizar. Ainda que o crente não tenha uma formação teológica, ele pode testificar do evangelho, pode testemunhar, pelo menos, daquilo que Deus fez em sua vida.

 Nenhum crente verdadeiramente nascido de novo não tem nenhuma razão para não testificar do que Deus fez em sua vida. A evangelização pessoal, além de contribuir para o crescimento quantitativo da igreja, contribui, também, para o crescimento qualitativo do crente.

Pois quando ele ganha uma alma para Cristo, além de se sentir útil e realizado, também ganha autoconfiança.…” (op.cit., pp.38-9).

– No evangelismo pessoal, como ensina o pastor Valdir Bícego, o ganhador de almas alcançará as pessoas:

  • pelo método direto, através de perguntas (At.8:30-35);
  • pelo método direto, aproveitando circunstâncias ocasionais, tais como situação mundial à luz das profecias;
  • pelo método da literatura, utilizando literatura selecionada e objetiva, aproveitando comemorações (Natal, Páscoa etc.), usando literatura conforme a idade, orando para a semente germinar, falando algo para a pessoa a quem se pretende dar a literatura;
  • aproximando-se das almas no plano em que se encontram (At.8:26,29; Jo.4:7; At.8:30);
  • sendo atenciosos (Jo.4:18 – “disseste bem”; Lc.10:28 – “respondeste bem’);
  • usando o tato (I Co.9:19-22);
  • falando com convicção (At.27:25); Jo.9:25; II Tm.2:12);
  • sendo positivo;
  • não discutindo (II Tm.2:24,25);
  • dando ênfase ao Salvador nunca à igreja (At.4:12; Jo.14:6; 4:20-29);
  • no aconselhamento, enfatizando a maior necessidade (Jo.3:13);
  • fazendo o diagnóstico e aplicando o remédio (Mc.10:17-21);
  • usando de sabedoria (Pv.11:30) na aproximação (Rm.10:19), nas palavras (Mt.10:16) e nos métodos (Tg.1:5,6);
  • tendo conhecimento próprio da Palavra de Deus (II Tm.3:15,16);
  • vivendo uma vida vitoriosa (I Jo.5:4; Gl.2:20);
  • tendo perseverança (Tg.5:7). (op.cit., pp.43-7).

– A pesca coletiva é o evangelismo em massa, também chamado de “evangelismo impessoal”. “…Por evangelismo impessoal, refiro-me ao ato em que, embora o pecador possa até estar presente ao crente, ele não tem contato direto com ele.

Dois exemplos dessa modalidade estão em Mateus 5:1-12, em que se relata o Sermão da Montanha realizado pelo Senhor Jesus e Atos 2:14-36, em que se relata o discurso de Pedro no dia de Pentecoste.

Queremos destacar aqui que toda modalidade de evangelismo em massa é impessoal.

Evangelismo por meio de filmes, de literatura, do rádio, da televisão; todas essas formas também são impessoais, tanto para os que falam como para os que ouvem.

O evangelismo de alistamento também se enquadra nessa categoria, visto que o professor não tem contato direto com o aluno. Em face dessa definição, fica claro que a maior parte das modalidades de evangelização praticadas hoje em dia são impessoais, pois não há qualquer contato individual do evangelizador com o evangelizado.…” (MARINHO, Espedito Nogueira. op.cit., p.26).

– É a “pesca com rede”, onde se entrega a mensagem a u’a massa, a uma multidão de pessoas, em que não se tem o contato direto com o evangelizado.

É, como já disse supra o pastor Espedito Marinho, a principal forma de evangelização nos dias hodiernos, evangelização, efetivamente, que tem o seu valor, mas que, como disse o já mencionado teólogo, não tem o condão de dirimir dúvidas que possam ser empecilhos para a conversão, visto que a ausência de dúvidas é indispensável para que se tenha a recepção da fé salvadora.

– A causa eficiente da evangelização, ou seja, “…aquela que, por sua ação-física, produz o efeito…” (JOLIVET, Régis. Curso de Filosofia apud http://www.consciencia.org/cursofilosofiajolivet25.shtml Acesso em 09 maio 2016) é o Espírito Santo, visto que somente pode ganhar almas, evangelizar aquele que tem, como já dissemos, o amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Rm.5:5), sendo certo, aliás, que, se o evangelista não for impulsionado pelo Espírito Santo, dirigido e orientado por Ele, não há como se ter a conversão de alguém, pois é o Espírito Santo quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), sendo, certo, aliás, que a fé salvadora vem pela Palavra (Rm.10:17), sendo um dom de Deus (Ef.2:8).

 Esta é a chamada causa eficiente principal, ou seja, aquela, segundo Jolivet, “…quando age por sua própria virtude.

– Mas há, também, a chamada causa eficiente instrumental, aquela que “esteja ao serviço da principal…(JOLIVET, Régis. ibid.), que é o próprio evangelizador, aquele que se põe à disposição do Senhor Jesus para divulgar a mensagem da salvação, que tem atributos indispensáveis, que é o que haveremos de estudar na sequência desta lição.

II – OS ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS

– Tendo em vista no que consite o trabalho da evangelização, é preciso que verifiquemos quais os atributos, ou seja, quais as qualidades, características que deve ter o ganhador de almas.

– O pastor Valdir Bícego diz que o ganhador de almas, antes de tudo, deve ser um convertido. É evidente que não pode pregar o Evangelho quem ainda não foi atingido pelo Evangelho, não pode levar almas para o Senhor Jesus quem ainda não teve um encontro pessoal com Cristo. Aliás, como já vimos, uma das demonstrações de salvação nas Escrituras é, precisamente, o fato de se querer ganhar almas para o Senhor Jesus, como se verifica no caso supramencionado da mulher samaritana.

– Orlando Boyer vai além, ao dizer que só pode ganhar almas o crente que tem a certeza da salvação: “…Há muitos que querem salvar o próximo, sendo eles mesmos perdidos.

 É-nos impossível elevar o próximo a um grau mais alto do que aquele em que estamos. O individuo que quer ganhar almas, deve ter, primeiramente, uma experiência definida de sentir-se perdido (I Tm.1:15), e a certeza de que Cristo levou os seus pecados no Seu corpo, na cruz e que Ele está diariamente libertando-o do poder do pecado.

É só depois de nascer de novo que o homem pode levar o próximo a ser uma nova criatura; só depois de passar tudo é que pode testificar: ‘Passou o que era velho, eis que tudo se fez novo’. J. Hudson Taylor disse: “Cristo jamais enviou um cansado a trabalhar; nunca enviou um faminto, doente ou desanimado a qualquer serviço. Não! Para tais, a Bíblia diz: ‘vinde,vinde, vinde’…” (op.cit., p.26).

– Valdir Bícego diz que o ganhador de almas tem de ter bom testemunho, citando I Tm.3:7.

Como já dissemos supra, não há como se pregar o Evangelho eficiente e eficazmente se não se viver o Evangelho.

Pregar sem vivenciar a Palavra de Deus é ser um hipócrita religioso, é repetir a triste experiência de escribas e fariseus, que foram o alvo principal da indignação do Senhor Jesus em todo o Seu ministério terreno. É absolutamente imprescindível viver aquilo que se prega.

– Como afirma Orlando Boyer: “…Muitas vezes, o que somos troveja tanto, que o próximo não entende o que dizemos.

 Se as nossas palavras não estão acompanhadas de uma vida irrepreensível, elas tornam-se como dádivas sem amor, “como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine”. ‘Somos embaixadores por Cristo’ (II Co.5:20).

 O embaixador tem de representar fielmente o soberano que o envia. Nosso Soberano é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores! Esforcemo-nos em representá-lo fielmente, nesta terra onde somos ‘forasteiros e peregrinos’.… (op.cit., p.26).

– O padre Antonio Vieira (1608-1697), o maior orador sacro em língua portuguesa, em um de seus mais conhecidos sermões, o Sermão da Sexagésima, já dizia que a razão pela qual a Palavra de Deus não dá o fruto que o Senhor Jesus diz ser ela capaz de dar na parábola do semeador é, precisamente, a falta de compromisso do pregador com a Palavra que prega.

Diz o jesuíta: “…. Sabeis, cristãos, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa dos pregadores.

Sabeis, pregadores, porque não faz fruto a palavra de Deus? – Por culpa nossa.(…) Será porventura o não fazer fruto hoje a palavra de Deus, pela circunstância da pessoa? Será porque antigamente os pregadores eram santos, eram varões apostólicos e exemplares, e hoje os pregadores são eu e outros como eu? – Boa razão é esta.

A definição do pregador é a vida e o exemplo. Por isso Cristo no Evangelho não o comparou ao semeador, senão ao que semeia. Reparai. Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão, saiu a semear o que semeia: Ecce exiit, qui seminat, seminare. Entre o semeador e o que semeia há muita diferença.

Uma coisa é o soldado e outra coisa o que peleja; uma coisa é o governador e outra o que governa.

Da mesma maneira, uma coisa é o semeador e outra o que semeia; uma coisa é o pregador e outra o que prega. O semeador e o pregador é nome; o que semeia e o que prega é acção; e as acções são as que dão o ser ao pregador.

Ter o nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as acções, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o Mundo.

 O melhor conceito que o pregador leva ao púlpito, qual cuidais que é?

– É o conceito que de sua vida têm os ouvintes. Antigamente convertia-se o Mundo, hoje porque se não converte ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obra são tiros sem bala; atroam, mas não ferem…” (Sermão da Sexagésima, pp.9-10. http://www.bocc.ubi.pt/pag/vieira-antonio-sermao-sexagesima.pdf Acesso em 09 maio 2016).

– Neste atributo de viver aquilo que se prega, tem-se que o ganhador de almas passa a ser irrepreensível, ou seja, alguém que não é reprovado pelos que o cercam, a não ser nas próprias atitudes que revelam ser ele um servo de Cristo Jesus (Cf. I Pe.2:12), um legítimo “filho de Abraão”, a quem o Senhor exigiu que andasse em Sua presença e fosse perfeito (Gn.17:1), exigência que é ainda hoje imposta a cada salvo, que devem ser “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp.2:15).

– Pelo contrário, o sedizente ganhador de almas que não vive o que prega servirá apenas para ser instrumento de escândalo, pois, com sua dissintonia entre sua vida e sua mensagem nada mais fará senão fazer alguns tropeçar na fé e isto é terrível para a pessoa, pois, como disse o Senhor Jesus:

 “Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos.

Porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” (Mt.18:6,7).

– Um ganhador de almas que vive o que prega, passa a ganhar almas sem nem mesmo pregar. É o chamado “testemunho mudo”, que é mencionado como hipótese de ganho de almas em I Pe.3:1,2. Eliseu, sem o dizer, foi reconhecido pela sunamita como um homem de Deus (II Rs.4:9) e Abraão, como “príncipe de Deus” (Gn.26:9).

– Quem vive o que prega passa a ser respeitado, como era o caso de João Batista em relação a Herodes Antipas (Mc.6:20) e dos crentes da igreja em Jerusalém com relação aos moradores daquela cidade (At.5:13). Esta credibilidade faz com que pessoas venham a ter um contato com o Senhor Jesus.

– Já vimos supra que o ganhador de almas é uma pessoa que está em santidade, ou seja, a cada dia se aproxima mais do Senhor, pois é uma pessoa que conhece e medita nas Escrituras, ora e jejua.

– “…Em resposta à oração Deus abre portas e vence as barreiras. ‘É de joelhos que a igreja avança’. Muitas vezes não podemos dizer uma palavra ao perdido, sem que ele comece a resistir-nos. Que podemos fazer? A sua alma está perdida e não podemos abandoná-la.

Em tais casos, devemos deixar de falar e entregar-nos à oração, até o Senhor lhe abrir o coração. É só sentindo dores, em oração, que as almas nascem. São dores de parto, tão verdadeiras como as da natureza. O custo será demasiado? ‘Aqueles que semeiam com lágrimas, com júbilo ceifarão. Embora alguém saia chorando, levando a semente para semear, tornará a vir com júbilo, trazendo os seus feixes’ (Sl. 126).

Jorge Müller [famoso evangelista inglês que viveu entre 1805-1898, observação nossa] dava cinco razões porque suas orações, pelos perdidos, deviam ser respondidas.

A primeira: Não tenho nem sombra de dúvida em orar por sua salvação, sabendo, com certeza, que é a vontade do Senhor salvá-los; ‘que deseja que todos os homens sejam salvos, e que cheguem ao pleno conhecimento da verdade’ (I Tm.2:4).

‘Esta é a confiança que temos para com Ele, que ao Lhe pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve’ (1 Jo5:14).

A segunda razão é: Nunca suplico por sua salvação em meu próprio nome, mas no nome digno, de meu precioso Senhor Jesus, isto é, baseado no Seu mérito e excelência: ‘Se Me pedirdes qualquer coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo.14:14).

A terceira razão é: Creio sempre no poder e vontade de Deus em responder às minhas orações. ‘Tudo quanto suplicais e pedis, crede que o tendes recebido, e tê-lo-eis’ (Mc.11:24)

A quarta razão é: Não pratico o que conheço ser pecado, porque ‘Se eu atender à iniquidade no meu coração: o Senhor não ouvirá” (Sl. 66:18).

A quinta razão: Faz mais de cinquenta anos que continuo em oração de fé continuarei, assim, até receber a resposta. ‘Não fará Deus justiça aos Seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite? ‘(Lc 18.7).

Quando o Senhor revelava a Jorge Müller que era Sua vontade que orasse, ele continuava em oração até receber a bênção.…” (BOYER, Orlando. op.cit., pp.29-30).

– O ganhador de almas, estando em santidade e, portanto, em plena comunhão com o Senhor, tem, também, conforme já vimos, amor pelas almas, o amor de Deus que foi derramado em seu coração pelo Espírito Santo e este amor o faz pregar o Evangelho.

– O ganhador de almas precisa, ainda, estar cheio do Espírito Santo, porquanto, como vimos, o pregador é apenas a causa eficiente instrumental da evangelização.

A causa eficiente principal é o Espírito Santo, pois é Ele quem “…capacita o crente para o trabalho: Só Ele convence do pecado: Jo.16:8-11; só Ele revela a verdade à mente e ao coração: Jo.16:13; só Ele revela Cristo ao coração: Jo.16:14; só Ele pode regenerar: Tt.3:5-7; só Ele pode operar o novo nascimento: Jo.3:5-8; só Ele pode testificar da salvação (I Jo.3:24; 5:8-11)…( BÍCEGO, Valdir. op.cit., p.37).

– Continua Valdir Nunes Bícego: “…O Espírito Santo nos prepara: guiando-nos em toda a verdade: Jo.16:13; ensinando-nos o que falar: Lc.12:12; lembrando-nos da Palavra: Jo.12:26; ajudando as nossas fraquezas: Rm.8:26; II Co.3:5,6; ajudando-nos a orar como convém: Ef.6:18; Rm.8:26; dando-nos autoridade para falar: At.4:33; capacitando-nos a falar com convicção: At.2:37…” (op.cit., pp.37-8).

– Como se isso fosse pouco, “…O Espírito Santo nos dirige: a sermos dedicados à oração: Sl.37:5; a termos fé para sermos guiados: Tg.1:6,7; Mt.21:22; a sermos operantes e frutíferos: Rm.6:13; 8:14; a conhecermos a Sua voz: I Sm.3:9,10. É necessário obediência para desfrutarmos da presença do Espírito Santo: At.5:32.

Somente assim receberemos a direção de Deus para o trabalho, como ocorreu com Felipe: At.8:28,29,35, e com Pedro: At.10:19. Sendo dirigido pelo Espírito Santo, o ganhador de almas falará na hora certa, no lugar certo, para a pessoa certa, com a mensagem certa, e o que é mais importante com o resultado certo.…” (BÍCEGO, Valdir, op.cit., p.38).

– “…No ministério da igreja primitiva e na sua administração, no tempo dos apóstolos, serviam os que eram revestidos com poder do Espírito Santo (Atos 6.3-8; Lucas 24.49).

São dois os que testificam juntos de Cristo e Sua salvação; o crente e o Espírito Santo nele (Atos 5.32).

 O crente que testifica ao perdido, mas se esquece d’Aquele que quer trabalhar nele, falhará em levá-lo ao Salvador.

 É o Espírito quem convence do pecado (João 16.8). Não é somente necessário o batismo do Espírito, mas encher-se outra vez (Ef 5.18). Quando sentimos a necessidade de ser cheios novamente para enfrentar outros problemas, precisamos clamar de novo, a Deus (Atos 4.29-31).

 Note-se como Pedro, cheio do Espírito, no Pentecostes, foi cheio várias vezes, até duas vezes num só dia (Atos 4.8-31)…” (BOYER, Orlando. op.cit., pp.28-9).

– Tem-se aqui, então, uma indagação. Para que alguém ganhe almas, é mister que seja, antes batizado com o Espírito Santo? Evidentemente que não, pois o requisito para que alguém seja um ganhador de almas é que seja salvo e sabemos todos que todo salvo tem o Espírito Santo. Ademais, grandes ganhadores de almas na história da Igreja não eram batizados com o Espírito Santo, como é o caso do grande evangelista norte-americano Billy Graham (1918- ), sem dúvida, o maior evangelista do século XX.

– Todavia, é oportuno observar que o modelo estabelecido pelo Senhor Jesus traz o batismo com o Espírito Santo, o revestimento de poder, como uma condição necessária para que se tenha uma evangelização plenamente eficiente e eficaz, para que se produza, para se utilizar aqui da figura trazida pela parábola do semeador, cem por um e não apenas trinta por um (Mt.13:23).

– Jesus mandou que os discípulos ficassem em Jerusalém até do que do alto fossem revestidos de poder para, só então, passar a pregar o Evangelho (Lc.24:49).

 Sendo Ele o dono da obra, Aquele que enviando estava a Igreja para esta tarefa, sabia muito bem o que estava a fazer e não podemos, pois, questioná-l’O.

– A evangelização, para ser do jeito e com a eficácia exigida pelo Senhor Jesus, tinha de ser precedida pelo revestimento de poder, pelo batismo com o Espírito Santo.

Sendo assim, tem-se que a evangelização somente produzirá a plenitude, cem por cento de sua eficácia, quando o ganhador de almas for batizado com o Espírito Santo, o que, no entanto, não exime qualquer salvo de pregar o Evangelho antes de ser revestido de poder.

– Um exemplo disto vemos no caso de Apolo. Este varão, diz a Bíblia, era “varão eloquente e poderoso nas Escrituras”, “instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito (…) conhecendo somente o batismo de João” (At.18:24,25).

 Durante o seu ministério em Éfeso, conseguiu ganhar doze pessoas (At.19:1-7).

Paulo, quando chegou a Éfeso, em contato com estes discípulos, não só os fez conhecer o batismo cristão, como também o Espírito Santo, tendo eles sido revestidos de poder e recebido o dom espiritual de profecia e, em pouco tempo, multidões se rendiam a Cristo naquela cidade, com a realização de maravilhas extraordinárias no meio do povo (At.19:10,11, 17-20,26), a nos provar que o revestimento de poder é um elemento que permite a plenitude da obra da evangelização.

– Outro exemplo vemos na própria história da Igreja. A evangelização efetuada pelo movimento pentecostal é muito mais vigorosa e frutífera do que a efetuada pelos movimentos cristãos que não creem nem buscam o batismo com o Espírito Santo.

– Frise-se, irmãos, que a tarefa de ganhar almas é de todo o salvo, seja ele batizado com o Espírito Santo, ou não.

Como afirma Boyer: “…Deus colocou os evangelistas, pastores e mestres nas igrejas, não só para ganhar almas, como para preparar, animar e dirigir os ‘santos para o trabalho do ministério’ (Ef 4.11-12).

Não é obra exclusiva do pastor ceifar o trigo, já maduro, enquanto os santos da sua igreja ficam a um lado, reparando. Todos são chamados a ceifar.

São poucos os crentes que Deus chama a pregar, publicamente, mas todos com a vida limpa e cheios do Espírito, são chamados a ganhar almas.

O crente, no leito de sofrimento, pode ganhar os que vêm visitá-lo. A mãe, muito ocupada com a família, pode ganhar os filhos, os empregados da casa, os vizinhos e aqueles que chegam à sua porta.

 A criada fiel pode ganhar até os mais eminentes. Vê-se um exemplo glorioso na criada, em casa de Naamã…” (op.cit., p.32).

– São estes, pois, os principais atributos que qualificam alguém a ganhar almas. Será que os temos? Pensemos nisto!

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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