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LIÇÃO Nº 5 – A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS

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A maior parte da população mundial está nas cidades e, portanto, a evangelização urbana é indispensável para a realização da Grande Comissão.

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INTRODUÇÃO

– A maior parte da população mundial está nas cidades e, portanto, a evangelização urbana é indispensável para a realização da Grande Comissão.

– A Igreja precisa enfrentar os desafios da vida urbana para cumprir a sua missão.

I – A EVANGELIZAÇÃO PRESSUPÕE A INCULTURAÇÃO

– No estudo sobre evangelismo, entramos, a partir de agora, no segundo bloco do trimestre, que estudará aspectos específicos da evangelização.

– Com efeito, a ordem de Jesus foi de que se pregasse o Evangelho a toda criatura por todo o mundo.

A Grande Comissão é universal e, portanto, a Igreja precisa atingir a todos os homens.

– No entanto, é evidente que a humanidade não é composta de u’a massa amorfa, ou seja, os homens são diferentes entre si, há distinções de cultura, de modo de vida, de situações e circunstâncias, que fazem com que o cumprimento da Grande Comissão exija estratégias diferenciadas, abordagens diferentes, visto que, ante as discrepâncias existentes, é preciso ter uma aproximação específica para cada grupo que se pretenda atingir com a mensagem do Evangelho.

– Esta necessidade de uma versatilidade que leve a Igreja a se tornar compreensível aos ouvintes do Evangelho já é notada no ministério terreno do Senhor Jesus que, dependendo da plateia que O ouvia, trazia a mesma mensagem do Evangelho devidamente adaptada.

Assim, para os pescadores Pedro, Tiago e João disse-lhe que seriam “pescadores de homens”, enquanto que, para os ouvintes camponeses, contou-lhes a parábola do semeador.

– O apóstolo Paulo, também, tinha esta noção de procurar transmitir a mensagem do Evangelho de modo compreensível a seus ouvintes, tanto que afirmou:

“Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo, para não abusar do meu poder no evangelho. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais.

E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.

Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns. E eu faço isso por causa do evangelho, para ser também participante dele”. (I Co.9:18-23).

– Esta passagem mostra bem a consciência evangelizadora do apóstolo que, inclusive, foi o vaso escolhido por Deus para dar ao Evangelho a sua verdadeira dimensão universal, visto que os demais apóstolos tinham muita dificuldade em transpor a barreira cultural judaica.

O Evangelho era para ser pregado aos gentios, a todas as nações e, dentro desta perspectiva, imperioso que se tivesse uma mensagem que fosse compreensível a todos.

– É importante observar que o apóstolo Paulo, em momento algum, estava a defender que a evangelização importava na adoção de práticas culturais que fossem contrárias à Palavra de Deus.

Isto é importante apontar pois, em nossos dias, muitos estão a tomar uma linha de pensamento totalmente absurda e antibíblica, devendo a adoção de práticas pecaminosas ou, no mínimo, embaraçosas, tomando por base precisamente as palavras supramencionadas do apóstolo dos gentios.

– A mensagem do Evangelho é sempre a mesma e o evangelista, como vimos na lição anterior, tem de ser um “vaso santificado”, alguém que esteja em comunhão cada vez maior com o Senhor e que, portanto, tem de deixar não só o pecado como também o embaraço (Hb.12:1) para que sua vida seja condizente com a sua pregação e haja condições de frutificação plena do reino de Deus.

– Quando Paulo afirma que “se fez debaixo da lei”, “se fez sem lei”, “se fez de fraco” e “se fez de tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”, faz questão de mostrar que está a tratar da “forma”, da “maneira” pela qual o Evangelho é pregado, mas, jamais, está a modificar a mensagem da salvação na pessoa de Jesus Cristo, está a tolerar o pecado ou a consentir com ele, como, infelizmente, muitos estão a fazer sob a suposta alegação de que “é preciso alcançar os perdidos”.

Alcançar os perdidos importa em aproximação deles dentro de seus padrões culturais, com uma linguagem e um comportamento que permita que a mensagem seja compreensível, mas jamais compactuação com o pecado ou com aquilo que é pecaminoso no modo de viver dos ouvintes.

– Paulo tinha uma mesma mensagem tanto para judeus quanto para gentios, mas, evidentemente, pregava esta mensagem de modo diferente para um e para outro grupo.

 Para os judeus, por exemplo, mencionava as Escrituras, que eram conhecidas pelos seus ouvintes nas sinagogas, demonstrando como Jesus era o Messias prometido nas páginas do Antigo Testamento (At.9:20-22; 17:10,11), enquanto que, para os gentios, sua mensagem, por vezes, trazia elementos da filosofia grega, como vemos, por exemplo, no Areópago em Atenas (At.17:22-34).

– Na evangelização, é preciso haver o que o jesuíta Pedro Arrupe (1907-1991) denominou de “inculturação”, ou seja, de inserção do Evangelho na cultura dos ouvintes, repetindo-se, assim, o que o próprio Senhor Jesus fez, visto que, para pregar o Evangelho, Nosso Senhor Se encarnou, fez-Se homem, tornou-Se um de nós, para que a mensagem do Evangelho pudesse alcançar a humanidade.

– Precisamos observar que as culturas existentes são obras humanas. Quando ocorreu o juízo de Babel, aquela comunidade única pós-diluviana foi desfeita e os homens se espalharam pelo planeta, formando as diversas nações, cada qual com uma maneira de viver diferente, com hábitos, alimentação, vestuário, formas de organização social discrepantes entre si.

– Por serem as culturas obras do homem, invariavelmente estão elas debaixo do domínio do pecado e, portanto, aspectos e fatores de cada cultura são incompatíveis com a Palavra de Deus e isto precisa ser observado pelo evangelizador que, ao mesmo tempo em que precisa compreender esta cultura, a fim de que sua mensagem seja compreensível aos ouvintes, também precisa ter o discernimento para identificar os elementos pecaminosos de cada cultura, pois, a exemplo do Senhor Jesus, devemos “encarnar” na cultura que pretendemos evangelizar, mas sem pecado (Hb.4:15).

II – A VIDA NAS CIDADES E AS ESTRATÉGIAS DE EVANGELIZAÇÃO

– Quando o Senhor criou o homem, plantou um jardim no Éden para que nele ele habitasse (Gn.2:8).

Notamos, portanto, que o primeiro ambiente em que o homem habitou foi o campo, um contato direto com a natureza, até porque havia uma perfeita harmonia entre o homem e a criação terrena.

– Com o pecado, entretanto, o homem perdeu o direito de continuar habitando no Éden, sendo de lá expulso, mas, num primeiro momento, mantendo como ambiente de sua vida o campo, tanto que lhe foi determinado que lavrasse a terra (Gn.3:23), sendo que tanto Caim quanto Abel exerciam atividades econômicas tipicamente rurais (Gn.4:2).

– Caim, entretanto, ao sair da presença de Deus e, diante da própria maldição divina que o impedia de lavrar a terra (Gn.4:12), acabou por criar a primeira cidade, que recebeu o nome de Enoque (Gn.4:17).

– A primeira cidade criada demonstrou bem como a urbanização propicia um maior desenvolvimento civilizatório, tanto que a civilização de Caim alcançou grande avanço tecnológico, econômico e até artístico.

– Vemos, assim, que, num primeiro instante, a civilização urbana foi arredia ao Senhor, mas isto não significa que se tenha, no ambiente urbano, uma predisposição para a rebeldia contra Deus.

– Pelo contrário, quando vemos o texto sagrado, verificamos que, na própria organização de Israel, feita consoante a vontade divina, havia uma ênfase nas cidades e vilas, em que pese a população israelita ter sido majoritariamente rural.

Tanto que o templo foi construído em Jerusalém, a principal cidade do país.

– O ministério terreno do Senhor Jesus desenvolveu-se, ao contrário do de João Batista, tanto no campo quanto nas cidades.

O Senhor ia ao encontro das pessoas, não ficou, como Seu precursor, isolado no deserto, embora até lá o povo fosse ao Seu encontro.

– Por ordem expressa do Senhor, os discípulos ficaram em Jerusalém, onde foram revestidos de poder, tendo iniciado a pregação do Evangelho, precisamente no dia de Pentecostes, a mostrar uma primeira estratégia da evangelização nas cidades: aproveitar as aglomerações de pessoas, pregar onde as pessoas se encontram.

– Pelo que vemos no livro de Atos dos Apóstolos, a evangelização se deu maciçamente nas cidades, embora não se deixasse também de evangelizar nos campos, mas o fato é que os cristãos estavam bem presentes nas cidades, tanto que os que não se converteram passaram a ser chamados de “pagãos”, palavra que tem origem na palavra latina “paganus”, cujo significado é “morador do pagus”, sendo que “pagus” significa “’marco fixado na terra’, donde ‘território rural delimitado por marcos, distrito, aldeia, povoação’, ou seja, moradores da zona rural, a nos mostrar que a evangelização se dava prioritariamente nas cidades do que no campo, embora o campo não fosse esquecido, obviamente.

– Verdade é que, ao longo dos anos, a vida nas cidades se alterou profundamente.

A certa urbanização que havia no Império Romano praticamente retrocedeu durante a Idade Média, na Europa, tendo havido um grande incremento com a chamada Revolução Industrial, no século XVII em diante, a ponto de, hoje em dia, termos grande parte da população mundial vivendo nas cidades.

Dados da ONU de 2014 informam que 54% das pessoas mora nas cidades, de sorte que se ter uma estratégia de evangelização neste ambiente, onde mais da metade da população mundial, é essencial para que se cumpra a Grande Comissão.

OBS: “…Hoje, 54 por cento da população mundial vive em áreas urbanas, uma proporção que se espera venha a aumentar para 66 por cento em 2050.

As projecções mostram que a urbanização associada ao crescimento da população mundial poderá trazer mais 2,5 mil milhões de pessoas para as populações urbanizadas em 2050, com quase 90 por cento do crescimento centrado na Ásia e África, de acordo com o novo relatório das Nações Unidas lançado hoje.

A edição de 2014 do relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial” (World Urbanization Prospects) produzida pela Divisão das Nações Unidas para a População do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais (DESA) concluiu que o maior crescimento urbano terá lugar na Índia, na China e na Nigéria.

Esses três países contarão com 37 por cento do crescimento urbano projectado a nível da população mundial entre 2014 e 2050.

Para 2050 espera-se que a Índia acrescente 404 milhões de habitantes nas cidades, a china 292 milhões e a Nigéria 212 milhões.

A população urbana a nível mundial tem crescido rapidamente passando de 746 milhões em 1950 para 3,9 mil milhões em 2014, A Ásia, apesar baixo nível de urbanização, aloja 53 por cento da população urbanizada a nível mundial, seguida da Europa com 14 por cento e a América Latina e nas Caraíbas com 13 por cento.…” (Relatório da ONU mostra população mundial cada vez mais urbanizada, mais da metade vive em zonas urbanizadas aos se podem juntar 2,5 mil milhões em 2050. Disponível em: http://www.unric.org/pt/actualidade/31537-relatorio-da-onu-mostra-populacao-mundial-cada-vez-mais-urbanizada-mais-de-metade-vive-em-zonas-urbanizadas-ao-que-se-podem-juntar-25-mil-milhoes-em-2050 Acesso em 10 maio 2016).

– Como a maior parte das pessoas está nas cidades, a Igreja tem de criar estratégias para evangelizá-las, criar meios para alcançar estas pessoas, tanto nas grandes quanto nas pequenas cidades, a fim de que possamos cumprir o ide do Senhor Jesus.

– A evangelização determina que devemos ir ao encontro das pessoas. A ordem de Jesus foi “ir por todo o mundo” e, deste modo, não só nas cidades, mas em todos os lugares somos nós que devemos ir ao encontro dos pecadores, e não o contrário.

– Destarte, não se apresenta como uma forma de evangelização correta a de esperar que os pecadores venham espontaneamente às reuniões da igreja local, como, infelizmente, tem sido feito nestes últimos dias.

Quando muito, há a divulgação de eventos da igreja local por meio de cartazes, faixas, panfletos referentes a festividades ou outros eventos da igreja, o que não deve ser desprezado, mas não pode ser considerado como sendo o objeto da evangelização.

– É mister que a igreja vá ao encontro das pessoas, máxime quando estamos em cidades, onde há uma aglomeração de pessoas, onde as residências estão, via de regra, uma ao lado da outra, separadas por vias públicas, o que é diferente no campo onde há uma baixa densidade demográfica, onde as pessoas se encontram, normalmente, afastadas umas das outras.

– É, portanto, imperioso que se vá ao encontro das pessoas para que se lhes leve a mensagem da salvação.

Foi o que fez a igreja em Jerusalém, vez que os próprios inimigos da Igreja, no Sinédrio, atestam que toda a cidade havia sido evangelizada (At.5:28).

– O chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, o Papa Francisco, criou um neologismo para mencionar esta iniciativa que cabe à Igreja na evangelização, a saber: “primeirear”. “…«Primeirear», envolver-se, acompanhar, frutificar e festejar 24.

A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –, tomam a iniciativa!

A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos.

Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa!

Como consequência, a Igreja sabe «envolver-se». Jesus lavou os pés aos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis felizes se o puserdes em prática» (Jo 13, 17).

Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo.

Os evangelizadores contraem assim o «cheiro de ovelha», e estas escutam a sua voz. Em seguida, a comunidade evangelizadora dispõe-se a «acompanhar».

Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a suportação apostólica.

A evangelização patenteia muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao dom do Senhor, sabe também «frutificar». A comunidade evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio.

O semeador, quando vê surgir o joio no meio do trigo, não tem reacções lastimosas ou alarmistas.

Encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de serem aparentemente imperfeitos ou defeituosos.

 O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio como testemunho de Jesus Cristo, mas o seu sonho não é estar cheio de inimigos, mas antes que a Palavra seja acolhida e manifeste a sua força libertadora e renovadora.

Por fim, a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre «festejar»: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização.

No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia.

A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que é também celebração da actividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar.…” (Exortação apostólica Evangelii Gaudium. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html Acesso em 11 maio 2016).

– A vida nas cidades, cada vez mais, tem se tornado muito corrida, as pessoas tendo de se deslocar de suas residências para os locais de trabalho, não raras vezes situados bem longe de onde moram, com meios de transporte público cada vez mais precários.

– Esta circunstância, bem assim o fato de que as pessoas ficam a maior parte do tempo fora de suas residências, onde, praticamente, somente pernoitam e passam os finais de semana (e olha lá), complicam, e muito, a circunstância de encontrar um momento para encontrar as pessoas e fazê-las ouvir a mensagem do Evangelho.

– Diante deste “corre-corre” vivido hoje pelas pessoas, e do distanciamento que se verifica nos relacionamentos, a começar nas próprias famílias, onde, como já se disse, o encontro em casa é por tempo reduzidíssimo, até porque, via de regra, ambos os pais trabalham e as próprias crianças são deixadas em outros lugares durante o dia (creches, companhia de avós etc). temos uma dificuldade de evangelização.

– Nos tempos de outrora, principalmente quando do início desta urbanização, nos séculos XVII e XVIII, famosos ficaram os “cultos ao ar livre”, pregações feitas em praças públicas, junto aos mercados, nos momentos de aglomeração, em que as famílias, normalmente aos finais de semana, sem ter de ir aos locais de trabalho, “passeavam”, ficavam conversando com os vizinhos ou iam fazer as compras necessárias para a sobrevivência.

– Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), em seu livro “Lições aos meus alunos”, fez um importante histórico a respeito da pregação ao ar livre, onde demonstrou que, ao longo da história da Igreja, sempre houve tal espécie de pregação, que era um efetivo, senão o principal, meio de evangelização não só nas cidades mas em todos os lugares.

Diz o príncipe dos pregadores britânicos: “…pode-se argumentar, quase sem temor de refutação, que a pregação ao ar livre é tão velha como a própria pregação.

Estamos em plena liberdade para crer que Enoque, o sétimo depois de Adão, quando profetizava, Não pedia melhor púlpito que um outeiro, e que Noé, como pregoeiro da justiça, dispunha-se a arrazoar com os seus contemporâneos no estaleiro em que construía a sua maravilhosa arca (…)

Houve reuniões dos Seus discípulos depois da Sua morte, entre paredes, especialmente a que se deu no cenáculo. Mas a pregação continuou sondo feita mais freqüentemente no pátio do templo, ou em quaisquer outros espaços livres disponíveis.

 A noção de lugares santos e de casas consagradas para reuniões não lhes havia ocorrido, como cristãos.

Pregavam no templo porque era o local mais freqüentado, mas com igual fervor, “de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.”

Os apóstolos e seus sucessores imediatos entregavam a sua mensagem de misericórdia, não somente em suas casas alugadas e nas sinagogas, mas também em todo lugar e sempre que a ocasião lhes favorecia. Isto se pode deduzir facilmente da seguinte afirmação de Eusébio:

 “Os divinos e admiráveis discípulos dos apóstolos edificaram a superestrutura das igrejas, cujos alicerces tinham sido lançados pelos apóstolos, em todos os lugares aonde chegaram.

Em toda parte deram prosseguimento à pregação do evangelho, semeando as sementes da doutrina celestial por todo o mundo.

 Muitos discípulos, vivos por esse tempo, distribuíram suas propriedades aos pobres e, deixando o seu país, fizeram a obra de evangelistas aos que nunca tinham ouvido falar da fé cristã, pregando Cristo e lhes entregando os escritos evangélicos.

Logo depois de terem plantado a fé em algum país estrangeiro, e de terem ordenado guias e pastores, aos quais incumbiam do cuidado dessas novas plantações, partiam para outras nações, assistidos pela graça e pela poderosa obra do Espírito Santo.

Tão logo começavam a pregar o evangelho, o povo se reunia em massa com eles, e com alegria cultuavam o verdadeiro Deus, o Criador do mundo, crendo piedosamente e de coração em Seu nome.”

(…)Quando desceu a idade das trevas, os melhores pregadores da igreja que aos poucos declinava foram também pregadores de praça pública.

Como o foram também aqueles freires itinerantes e grandes fundadores das ordens religiosas que mantinham viva a piedade que ainda restava.

Ouvimos falar de Berthold, de Ratisbon, e seus sessenta ou cem mil ouvintes num campo perto de Glatz, na Boêmia. Houve também os Bernardos, os Bernardinos, os Antônios e os Tomazes de grande fama como pregadores itinerantes, de quem não conseguimos achar tempo para falar particularmente.

O Dr. Lavington, bispo de Exeter, não dispondo de outros argumentos, afirmou, como prova de que os metodistas eram idênticos aos papistas, que os primitivos frades pregadores eram notáveis nas reuniões realizadas em campo aberto.

Citando Ribadeneira, menciona Pedro de Verona, que tinha “um talento divino para pregar; nem igrejas, nem ruas, nem mercados podiam conter a grande concorrência que acudia para ouvir os seus sermões.”

O doutor bispo facilmente podia ter multiplicado os seus exemplos, como nos também poderíamos fazê-lo, mas estes nada mais provam do que isto: para o bem ou para o mal, a pregação ao ar livre é um grande poder.

Quando o anticristo tinha começado a exercer a sua influência mais universal, os reformadores antes da Reforma agiram muitíssimas vezes como pregadores de praça pública, como, por exemplo, Arnold de Brescia, que denunciou as usurpações papais bem às portas do Vaticano.

Seria fácil provar que os avivamentos religiosos geralmente foram acompanhados, senão causados, por considerável acúmulo de pregações ao ar livre, ou em lugares incomuns.

As primeiras pregações das doutrinas declaradamente protestantes foram quase necessariamente ao ar livre, ou em edifícios não dedicados ao culto, porquanto estes estavam nas mãos do papado.

(…) Não tenho tempo nem sequer para um esboço completo, mas simplesmente pergunto: Onde estaria a Reforma, se os seus grandes pregadores se tivessem limitado às igrejas e catedrais?

Como o povo comum teria sido doutrinado com o evangelho, se não fosse aqueles evangelistas que iam longe em suas andanças, os colportores e aqueles ousados inovadores que achavam um púlpito em cada pilha de pedras, e um auditório em cada espaço aberto nas proximidades das habitações dos homens? …” (op.cit. pp.74-80).

– O próprio Charles Spurgeon, nesta mesma obra, mostra como o avivamento experimentado na Inglaterra por força de George Whitefield e John Wesley, precisamente no momento em que se iniciava a intensa urbanização por conta da Revolução Industrial, teve como ponto excelente a pregação ao ar livre, aproveitando-se das aglomerações de pessoas nas cidades que aumentavam a sua população, junto a locais estratégicos como eram as praças públicas e os mercados, aonde as pessoas tinham de ir.

– Os evangelistas, então, aproveitavam estas oportunidades para pregar o Evangelho, como também a membresia das igrejas locais usavam destas ocasiões para distribuição de panfletos, para uma abordagem a fim de convidar para estes cultos, onde ocorriam as conversões ou eram feitos os convites para que as pessoas fossem até as igrejas locais para os cultos dominicais noturnos.

– Não foi diferente na evangelização promovida pelo movimento pentecostal, desde o início do século XX, principalmente no que toca ao nosso país e à nossa denominação, onde os “cultos ao ar livre” eram a principal forma de evangelização promovida até, mais ou menos, a década de 1970 e que foi um fator extremamente importante para o grande crescimento que experimentaram as Assembleias de Deus, que acabaram se tornando a principal denominação evangélica do Brasil.

OBS: Esta realidade é atestada pelo irmão Francisco Jacob Ferreira, colaborador do Portal Escola Dominical, em artigo que se encontra publicado em nosso site, que transcrevemos na parte que nos interessa:

“…Pois bem. Quando eu era criança pequena lá em Vila dos Remédios, eu assistia e participava de muitos Cultos ao Ar Livre, era uma prática, às vezes, hoje, eu até penso que esta prática era uma iniciação para o novo convertido para poder se detectar nele, alguma aptidão ou Dom aparente para a evangelização, digo isto, porque todo novo convertido da época iniciava a sua vida cristã, na distribuição de folhetos, sempre orientado por um Obreiro mais velho, sempre nos Domingos de manhã, logo após a Escola Dominical e, à tarde, tinha que impreterivelmente estar no Culto ao Ar Livre, de terno e gravata que era quase sempre no mesmo lugar, em uma praça central do bairro, pelas imediações onde ficava localizada a Igreja, e a praça era sempre a de mais movimento, porém, outros irmãos durante a semana, que possuíam condições de tempo, iam por outros bairros do local, também fazendo uma ampla distribuição de folhetos e convidando a todos para o Culto da Vitória que era às Quintas Feiras, e convidavam também para o Grandioso Culto de Domingo, Cultos que o Senhor operaria o Seu poder.

E era desta forma que o convite ao pecador tinha de ser feito para convencer o pecador que ele iria receber do Senhor JESUS CRISTO, caso cresse em Sua Palavra, uma bênção.

Eu lembro que nós, crianças, ficávamos carimbando muitos e muitos folhetos que seriam distribuídos em larga escala por todo o bairro, era tão propagado e incentivado o trabalho de evangelização por folhetos e Cultos ao Ar Livre, que muitos de nós, jovens, sentíamos vergonha de ir para a rua, a praça distribuir folhetos, e estarem todos os Domingos nos Cultos ao Ar Livre, porque éramos, por alguns, hostilizados, mas a nossa mãe obrigava, a toque de caixa, a nossa presença e participação nos Cultos ao Ar Livre todos os Domingos, isto era um trabalho infalível, tão certo como o Culto de Doutrina toda Quarta Feira.

Gostávamos da carimbação de folhetos porque fazíamos uma grande farra, pois éramos em muitos meninos e meninas neste trabalho que parecia inocente, porém, já nos incentivava a estarmos trabalhando na causa do Mestre, e mais, tinha balas e doces para todos.

Estávamos inocentemente carimbando os folhetos, mas estávamos, também, participando da evangelização de almas para o Reino do Mestre, mesmo que indiretamente.

 Todas as coisas eram metódicas naquela época, contínuas, e os seus resultados também, nos Cultos ao Ar Livre não faltavam os cantores da Igreja, os testemunhos das bênçãos recebidas, bênçãos de livramentos, Curas Divinas e libertações demoníacas, a Corporação Musical da Igreja, a banda de música, tocava hinos da Harpa Cristã, olha! Era muito bom, eu tocava tarol, e tinha até ensaios para poder apresentar-se bem para que os hinos da Harpa fossem executados e tocassem na alma do pecador para que ele aceitasse a JESUS CRISTO como o seu único e suficiente Salvador.

Isto, lá nos idos de 1958 a 1960, porque foi, a partir desta época, que ingressei no evangelho de JESUS CRISTO quando a minha mãe aceitou a JESUS CRISTO em um Culto de Quarta Feira porque ela emprestava as cadeiras lá de casa para os Cultos.…” (É verdade! Hoje, não estamos evangelizando mais. Por que será?. Disponível em: http://portalebd.org.br/index.php/reflexoes/1148-e-verdade-hoje-nao-estamos-evangelizando-mais-por-que-sera Acesso em 11 maio 2016).

– Esta estratégia contava com três elementos importantes: o fato de as pessoas ocuparem locais públicos aos finais de semana, juntamente com seus familiares; haver nítidos locais de aglomeração da população, até porque havia delimitação bem precisa das diversas vilas e bairros das cidades, não havendo, ainda, o fenômeno das conturbações, ou seja, a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico…” (Conurbação. In: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Conurba%C3%A7%C3%A3o Acesso em 10 maio 2016).

– Em nossos dias, a realidade, máxime nas metrópoles, é um tanto quanto diversa.

Embora ainda haja aglomerações de pessoas, em mercados, feiras, o fato é que já não se tem tantos lugares ao ar livre em que as pessoas fiquem passando o tempo com seus familiares.

 Hoje, as pessoas passam a maior parte do tempo em suas residências ou, então, vão a lugares que já não estão mais ao céu aberto, como é o caso dos “shopping centers”, onde não há a possibilidade de realização de “cultos ao ar livre”.

– É evidente que a realização de “cultos ao ar livre” deve prosseguir, nestas regiões onde ainda há aglomeração de pessoas, em lugares públicos, mas, ao lado disto, devem ser tomadas novas estratégias, já que o número de pessoas que podem ser alcançadas nestes “cultos ao ar livre” diminuiu consideravelmente, sendo que os demais locais para onde “migraram” as pessoas são locais onde não é possível a realização desta tradicional forma de evangelização.

– Destarte, devem ser tomadas iniciativas que chamem a atenção das pessoas nestes locais onde não é possível a pregação ao ar livre, como forma de abordar as pessoas que estão se dirigindo a estes locais que não são mais ao céu aberto, chamando-lhes a atenção para a mensagem do Evangelho.

– Tivemos conhecimento de feliz iniciativa de jovens de uma determinada igreja local que começaram a proceder a eventos, muitas vezes de louvor, na entrada de um “shopping center”, o que chamava a atenção de muitas pessoas, que paravam para ouvir os louvores que eram entoados.

Ao término destas apresentações, havia o lançamento de convite para comparecimento a cultos da igreja local, como a entrega de panfletos, o que é uma importante estratégia para evangelizar nas cidades.

– Outro modo de evangelizar é, como diz o comentarista, aproveitar a realização de eventos esportivos, artísticos e culturais, onde há evidente aglomeração de pessoas, para ali também efetuar a evangelização, que deverá ser feita, também, mediante abordagem das pessoas que estão se dirigindo ou participando do evento, de forma muito sábia, levando-lhes a mensagem da salvação, seja mediante a entrega de panfletos, folhetos, seja através da chamada de atenção das pessoas mediante algumas atividades a serem desempenhadas pelos crentes, como a encenação de peça, a apresentação de louvores e coisas semelhantes.

– Foi o que se fez, por exemplo, por ocasião da realização da Copa do Mundo de 2014 nas cidades que foram sedes de jogos, quando se aproveitaram os jogos para a evangelização de todos quantos iam assistir aos jogos e os que estavam envolvidos com os referidos jogos.

– É evidente que as pessoas envolvidas nestes eventos precisam ser devidamente preparadas e treinadas para a evangelização, pois não podemos nos esquecer que as pessoas que estão nestes locais têm como objetivo participar dos eventos artísticos, culturais e esportivos e, portanto, é absolutamente necessário que a evangelização não se faça de modo a fazer com que a pessoa deixe de participar do evento a que ela veio participar.

É evidente que se a evangelização se der de modo a que as pessoas entendam que isto é um obstáculo à sua participação no evento, ela jamais terá sua atenção despertada para a mensagem da salvação.

 Afinal de contas, ela veio participar de um evento que, via de regra, teve um certo custo.

 Por isso, deve sempre haver uma estratégia para despertamento da atenção da pessoa sem que isto signifique a perda da participação no evento.

– Este treinamento e preparação devem também levar em conta o perfil das pessoas que participarão destes eventos, pois é fundamental que haja uma abordagem dentro do modo de vida destas pessoas, consoante já dissemos supra. É preciso “se fazer de tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”.

É preciso ter uma linguagem que seja compreensível às pessoas e uma atitude que não signifique um repúdio prévio por parte dos que serem ser alcançados.

– A abordagem nestes lugares onde há aglomeração de pessoas deve não apenas tentar alcançar a massa, num evangelismo impessoal, mas se tentar sempre uma abordagem pessoal, iniciando-se um diálogo que permita uma aproximação com cada uma das pessoas que se mostrarem interessadas, a fim de que não se esgote a evangelização na mera entrega de folhetos ou panfletos, como, infelizmente, no mais das vezes acontece.

– Tal abordagem com aproximação e início de diálogo sabemos que se trata de algo extremamente dificultoso em nossos dias, ante o “corre-corre” das pessoas e o distanciamento que existe entre elas, inclusive por conta da violência urbana, mas é algo que tem de ser tentado e que, com treinamento e preparação, fará com que se tenha algum êxito entre as pessoas abordadas.

– Mas, além da busca de aglomerações de pessoas, de locais estratégicos das cidades, é mister, também, irmos aos locais que se encontram marginalizados, ao que o chefe da Igreja Católica, o Papa Francisco, denominou de “periferias que precisam da luz do Evangelho”: “… Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de «saída», que Deus quer provocar nos crentes. Abraão aceitou a chamada para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12, 1-3).

Moisés ouviu a chamada de Deus: «Vai; Eu te envio» (Ex 3, 10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3, 17). A Jeremias disse: «Irás aonde Eu te enviar» (Jr 1, 7).

Naquele «ide» de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova «saída» missionária.

Cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.…” (Evangelii Gaudium, n.20. end.cit).

– É, portanto, indispensável que a Igreja vá ao encontro das pessoas que estão marginalizadas no “corre-corre” das cidades, como os enfermos, os encarcerados, os moradores de ruas, as prostitutas, os dependentes químicos e outros grupos marginalizados, cuja evangelização será objeto de lição específica neste trimestre.

– Sem nos adiantar quanto ao tema que será objeto de lição própria, é imperioso que, desde já, é forçoso admitir que a abordagem a estes grupos deve ser feito mediante um específico treinamento e preparação, visto que se tem grupos com características próprias, com uma “subcultura” que deve ser bem compreendida, sob pena de não se conseguir alcançar as pessoas evangelizáveis.

– Com respeito a este ponto, verifica-se que, máxime nas grandes metrópoles, há verdadeiras “subculturas” que devem ser devidamente alcançadas, e não só em grupos marginalizados.

 Hoje em dia, existem diversos “enclaves”, diversos “ambientes geográficos” em uma cidade, como é o caso de “colônias estrangeiras” com características próprias nas cidades, como também as “favelas” (que o linguajar “politicamente correto” prefere chamar atualmente de “comunidades”), onde o “modus vivendi” é assaz diferente do restante das cidades, com regras próprias e hábitos distintos, a serem devidamente observados pelos evangelizadores que devem se submeter a este diverso “modus vivendi” para poderem levar a essas pessoas a mensagem da salvação na pessoa de Cristo Jesus.

– Tais “periferias” precisam ser alcançadas e é muito triste vermos, na atualidade, que algumas igrejas locais têm negligenciado nesta tarefa de evangelização destes lugares que são mantidos à margem da sociedade.

 O evangelho é inclusivo, não exclusivista. Destarte, é imperioso que a Igreja vá ao encontro destas pessoas, não podendo ter a mesma mentalidade de indiferença e de falta de amor que o mundo tem em relação a estas pessoas.

Não nos esqueçamos de que o Senhor Jesus sempre ia ao encontro dos excluídos da sociedade de Seu tempo, como era o caso dos publicanos, das meretrizes, dos enfermos (inclusive dos leprosos).

Ter um comportamento de indiferença para com estas pessoas é tomar o partido dos escribas e fariseus, é ser inimigo da cruz de Cristo (Mt.9:11-12; Mc.2:15-17; Lc.5:29-31; Fp.3:18).

– A abordagem e aproximação com as pessoas é um elemento muito importante na evangelização urbana em nossos dias.

O distanciamento dos relacionamentos entre as pessoas atinge um nível tão intenso na atualidade que há uma verdadeira carência de convivência entre as pessoas, a ponto de as pessoas se sentirem solitárias mesmo estando no meio de uma multidão.

– Por isso, uma boa estratégia de evangelização é aproveitar momentos em que não há este “corre-corre” do dia-a-dia nas cidades para iniciar um diálogo, uma conversa, durante um período em que as pessoas necessariamente devem permanecer num determinado lugar (como num meio de transporte, numa fila de espera, numa sala de espera).

Durante este tempo, deve-se aproveitar a ocasião para se falar a respeito da salvação na pessoa de Cristo Jesus, com muita sabedoria, sem aborrecer a pessoa e, no final, convidando a pessoa a ler uma literatura, que se deve ter à mão, ou, então, a comparecer a uma igreja local.

– Esta abordagem e aproximação das pessoas é essencial para que haja efetivo sucesso na evangelização e, para tanto, nada mais importante do que evangelizarmos as pessoas que nos são próximas, ou seja, nossos colegas de trabalho, de escola, nossos vizinhos.

Dentro do atual distanciamento que vivem as pessoas, é mister que nós aproveitemos as pessoas que nos são próximas e, nesta proximidade, aproveitarmos para falar a elas de Jesus e da salvação.

– O pastor Arnaldo Mendonça, pastor das Assembleias de Deus – Ministério do Belém – Setor 64 (Parque Novo Mundo, São Paulo/SP), em ensinamento dado na sede do mencionado Ministério, no dia 1º de fevereiro de 2016, deu notícia de interesse estratégia de evangelização que vem adotando na igreja loca sob seu comando, que é o de fomentar que a membresia escolha alguma pessoa próxima para evangelizar durante um determinado tempo, inclusive fazendo contínuas orações intercessórias em favor desta evangelização, terminando por convidar esta pessoa a comparecer a um culto evangelístico, inclusive se dispondo a trazê-la.

Sem dúvida, trata-se de uma importante iniciativa, que, de certo modo, busca superar os obstáculos decorrentes do distanciamento que há entre as pessoas na atualidade, o que é muito mais forte nas cidades.

– Um outro meio de se evangelizar nas cidades é a evangelização nas residências, que são muito mais próximas uma das outras, permitindo, assim, que se possa evangelizar “porta-a-porta”.

Tal modalidade, embora seja válida, encontra hoje vários óbices, uma vez que, em virtude da violência urbana, as pessoas não mais se dispõem a abrir suas portas e conversar com desconhecidos, além do que, cada vez mais, há a formação de condomínios horizontais e verticais, onde se impede o acesso das pessoas às residências.

– Diante deste quadro, é cada vez mais importante que os crentes tenham relacionamentos com as pessoas, a fim de criar condições para que elas sejam alcançadas pelo Evangelho, criando um nível de intimidade que permita que sejam tais pessoas levadas a permitir que possam ser visitadas por grupos evangelizadores ou a frequentar as próprias residências dos evangelizadores, resultando daí a grande importância da realização de cultos nos lares dos crentes, como, aliás, era feito nos primórdios da evangelização em nosso país, onde as casas dos crentes, via de regra, eram “pontos de pregação”, para onde eram convidadas pessoas a ouvir a mensagem da salvação.

– Esta estratégia de evangelização no sentido de trazer as pessoas abordadas e que têm sido evangelizadas para o interior das casas dos crentes, onde possam participar de cultos está na base do que acabou se tornando o chamado “movimento celular”, que, no entanto, nada tem que ver com esta estratégia de evangelização, que é eficientíssima.

Com efeito, a partir dos “cultos nos lares”, os criadores do “movimento celular” acresceram uma série de práticas que não têm respaldo bíblico e que não devem ser seguidas.

A propósito, são os próprios teóricos do “movimento celular” que fazem questão de dizer que seu movimento não se confunde com os “cultos nas casas” ou os “cultos nos lares”.

– Esta estratégia de evangelização é muito eficiente, principalmente nos condomínios verticais e horizontais, onde não é possível a visitação “porta-a-porta”.

Em vez de tentar iniciar um diálogo com pessoas desconhecidas, o que é muito difícil nos dias hodiernos, máxime ante o quadro de violência urbana, torna-se muito mais proveitoso convidar pessoas próximas (notadamente vizinhos e colegas de trabalho e de escola) para que participem de reuniões em nossas próprias casas ou que nos acompanhem na casa de alguém, onde possam ser devidamente evangelizadas.

– É evidente que a pessoa, devidamente evangelizada, deva ser levada para a igreja local, visto que a vida cristã pressupõe a vinculação a um grupo social, a igreja local, a parte visível do “corpo de Cristo”, da igreja universal. Para tanto, é mister, como bem salienta o já mencionado pastor Arnaldo Mendonça, na reunião já também mencionada, não se pode ter o quadro que, lamentavelmente, se verifica na grande parte das igrejas locais, qual seja, o de reuniões onde não há qualquer clima evangelístico.

– Nos cultos da igreja local, é preciso que haja um foco evangelístico, ou seja, é preciso que, desde o momento do louvor, haja a finalidade de levar Jesus às pessoas.

Os hinos a serem entoados devem ser evangelísticos, devem falar do amor de Deus para com o homem, da necessidade da salvação, do arrependimento dos pecados, das promessas constantes do Senhor nas Escrituras.

 Há de se ter pregações que falem de Cristo, e Este crucificado, há de se ter uma membresia que esteja em santidade e que tenha uma vida de intercessão e que permita a plena manifestação do Senhor na reunião.

Assim fazendo, efetivamente as pessoas evangelizadas se converterão e entregarão suas vidas para Cristo.

– À evidência, se as pessoas evangelizadas, ao serem trazidas para a igreja local, não encontrarem este clima de adoração, de culto racional, mas apenas um “momento de entretenimento”, não terão como entregar suas vidas a Cristo e, diante disto, todo o trabalho de evangelização terá sido em vão. Pensemos nisto!

– Pelo que se pode perceber, portanto, a evangelização urbana deve ser feita mediante várias estratégias, buscando encontrar onde as pessoas estão, mas não se limitando apenas a pregar o Evangelho a elas de forma impessoal.

É preciso que, uma vez encontradas, tais pessoas sejam devidamente abordadas, haja uma aproximação a elas, visto que, a exemplo do homem meio morto da parábola do bom samaritano, precisam ser tratadas, amadas e amparadas.

Nesta aproximação, a ser feita com muita sabedoria, é que se deve fazer a evangelização propriamente dita, preparando-as para receber a Cristo num momento ulterior, em cultos nos lares ou na própria igreja local. Assim fazendo, estaremos, sem dúvida, cumprindo o ide do Senhor Jesus.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://www.portalebd.org.br/attachments/article/1527/3T2016_L4_esbo%C3%A7o_caramuru.pdf – Acesso em 27 de julho de 2016.

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