Jovens – Lição 13 – Promessas a Respeito do Messias como Servo Sofredor
Estes Quatro Cantos do Servo de YHWH, chamados também de…
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INTRODUÇÃO
Estes Quatro Cantos do Servo de YHWH, chamados também de poemas, são classificados como:
- primeiro: vocação (42.1-4),
- segundo: missão (49.1-6),
- terceiro: resistência (50.4-9) e
- quarto: martírio (52.13-53.12) – apresentam, assim, a caminhada e missão do Servo no meio do povo sofrido (Schwantes, 1987).
O capítulo 53 de Isaías reaparece totalmente (com exceção de um versículo) no Novo Testamento, se tornando um dos poemas mais importantes e influentes do Antigo Testamento nas Boas Novas do Evangelho.
O profeta retrata com detalhes o sofrimento vicário, expiatório e substitutivo de Cristo, que sofreu tanto a ponto de todos que presenciaram a cena de sua morte cruel acharam que a ira de Deus estava sobre Ele, e neste sentido estava mesmo, pois representava o juízo sobre a maldade de cada um de nós.
I – AS QUALIDADES DO SERVO
Sua justiça tem implicações sobre aqueles que são regenerados, que passam do estado de alienação pelo pecado à nova vida com Cristo e, justificados, torna o homem unido àquilo que ele está separado, ou seja, a Cristo, o justo; tornando aceitáveis aqueles que são inaceitáveis.
Esta obra não depende do ser humano, é graciosamente imputada sobre nós através de Cristo. Isto torna os seres humanos, conforme afirmou Lutero, simultaneamente justos e simultaneamente pecadores.
Esta compreensão livra os salvos da culpa do pecado, pois tira o olhar da miserabilidade humana e a coloca no Cristo justo e em seu ato justificante.
Por este motivo não pode haver mérito próprio no ser humano, quem assim procede, aumenta sua culpa e sua angústia e desespero no pecado.
Neste sentido, o único trabalho que compete ao ser humano, quanto à obtenção da salvação, é confiar nos méritos de Cristo pela fé. Desta forma, cabe aos seres humanos deixarem-se presentar pela graça divina, ou aceitar que se é aceito.
As suas Palavras presentes em nós, seus discípulos, são a certeza de respostas de oração (Jo 15.7) e de vida vitoriosa, porque a sua Palavra tem poder.
Teve poder para criar todas as coisas (“Disse Deus” Gn 1) e tem poder de sustentar todas as coisas, como escreveu Paulo: “Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele.” (Cl 1.17b), logo, suas Palavras em nós fazem toda diferença para uma vida triunfante.
A Palavra de Deus se refere aquilo que se ouve de Deus: quer através do estudo e meditação na Bíblia, que é a fonte principal de sua voz, quanto através do ensino e pregação de outros, da voz interior do Espírito Santo, de amigos e inimigos, das circunstâncias, dos sofrimentos, etc., basta apenas estar atento à Palavra como um presente a todos.
Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mc 10.45). Este é um dos melhores exemplos que Ele deixou para nós, pois a característica principal de um servo é não ser nem querer ser Deus (Fp 2.6), não estar no comando de nada, não tomar decisões, mas em tudo obedecer ao Senhor que está sobre tudo e todos. Foi assim que Jesus fez, voluntariamente se entregou (Fp 2.8).
A cruz como a mais terrível, humilhante e vil maneira de morrer, destinada aos criminosos mais cruéis e perigosos. A agonia e sofrimento do supliciado à cruz é a das mais horrendas. Mas foi justamente com esta morte que Ele pagou o preço de nossa eleição, redenção e justificação.
II – O NOSSO PECADO LEVOU SOBRE SI
Na igreja cristã pecado normalmente é concebido como falha moral e ética, como errar o alvo proposto por Deus, mas seu conceito vai muito além disto.
Ele é o estado de alienação (separação) entre Deus e a criatura, presentes na expulsão do paraíso, na hostilidade entre o ser humano e a natureza, na constante perversão da imagem de Deus no ser humano (Rm 1.22-25), transformando-a em ídolos, na procura de desejos distorcidos e auto prejudiciais.
O pecado, portanto, é o ato pessoal de afastamento de Deus, trazendo angústia e uma propensão à tragédia sobre o ser humano, sem que ele nem mesmo tenha consciência clara deste estado.
Ele precisará da “luz dos gentios” (Cristo conforme Is 9.2; 42.6; 49.6) iluminando sua mente para discernir sua condição, e confiando em Cristo resolver esta situação (Rm 1.17) e encontrar paz (Ef 2.16).
O que caracteriza o pecado não é meramente a desobediência à Lei, mas o fato dos atos pecaminosos expressarem a alienação (inimizade conforme Ef 2.16) do ser humano em relação a Deus (2 Co 5.18), ao próximo (Mt 5.24) e a si mesmo.
A única forma de ir vencendo a alienação é aplicar em tudo a lei do amor, que segundo Jesus, é o resumo da Lei. Assim, o pecado é vencido aplicando-se contra ele as palavras de Jesus; e a angústia é vencida no amor (1 Jo 4.18).
Portanto, para resolver a questão da separação e da inimizade (alienação) contra Deus, é que Cristo padeceu (Cl 1.20-22). Desta forma, o que reata o ser humano pecador com o Deus santo é a reconciliação efetuada por Cristo na cruz, conforme escreveu Paulo (Rm 5.10; Cl 1.21).
Somente um sistema divino de substituição poderia remover as consequências e a culpa do pecado no ser humano, com base nisso Ortlund afirma que: “Toda nossa culpa deve ir para Cristo e toda a nossa justiça deve vir de Cristo,” numa via de mão dupla, nós temos a oferecer nossas misérias, Ele oferece perdão, graça e amor.
Por isso “a cruz não traduz um ideal religioso imaginário; ela representa o poder, ela funciona.” Ela dá a vitória porque levou o autor da vida e levando-o traz consigo toda a vida para a humanidade.
Por isso ele salva pecadores, trata os transgressores como seus amigos, se coloca diante do Pai intercedendo pelos que os levaram à morte (inclusive eu e você), portanto, ele é o único que tem o direito de justificar os ímpios. (1 Pe 2.24).
III – SEU SOFRIMENTO, NOSSA CURA
Certamente não era a vontade do Deus da vida a morte do Servo; mas sua vontade de que seus servos não fossem mais dominados pelo poder da morte e do pecado é o motivo pelo qual ele permitiu sua morte para gerar vida.
A morte é a lógica que opera no mundo sem Deus, para inverter esta lógica, o Servo morre para trazer a vida.
O sofrimento não era dele, não o merecia, porque eram nossos, Ele nos substituiu na cruz. Deus havia transferido toda nossa culpa para Ele bem como a iniquidade de todos nós, que morreu pelos nossos pecados.
Assim, não há como construir justiça-própria, ainda que imaginária, achar que a superioridade moral nos salvará, que somos melhores do que os outros pecadores, isso não consegue nos compensar ou trazer méritos diante de Deus, apenas piora nossa condição (Is 64.6), porque todos pecaram (Rm 3.23) e continuamente pecam (Rm 7), conforme afirma Ortlund.
Portanto, a salvação é recebida de mãos vazias, apenas com fé, quem traz algo na sua mão corre o risco de afrontar o sacrifício perfeito. Quem não aceita esta condição, achando-se moralmente superior e, portanto merecedor, invalida o extenuante, imerecido e completo sacrifício de Cristo, sacrifício este que ninguém pode ou poderia pagar, somente Ele.
O sofrimento de Jesus tem a ver com sua capacidade de tomar “sobre si nossas enfermidades e as nossas dores” e “pelas suas pisaduras fomos sarados”, fato este que aponta para a completude da salvação que há em Cristo, que não apenas nos salva de nossos pecados e nos perdoa, mas também que nos assegura saúde física e emocional, não necessariamente deixamos de sofrer ou de ter enfermidades, dores e fraquezas, mas há uma cura substancial desta situação de precariedade humana, há uma restauração da mente e do corpo em Cristo, logicamente alcançável em sua completude e plenitude somente na vida eterna.
IV – SUA MORTE, NOSSA SALVAÇÃO
O profeta descreve o Servo Sofredor empregando linguagem que cabia aos leprosos excluídos do convívio da comunidade e abandonados, que ficavam a mercê da sorte.
Jesus, assim como os leprosos, sofreu uma das mais terríveis e amargas dores, a dor da solidão e do abandono, de alguém que foi rejeitado e de quem os homens escondiam o rosto.
A Sua pregação não teve muito crédito entre os seus conterrâneos (Is 53.1), pois foi contrária à hipocrisia e falsidade deles e por isso se tornou desprezível pelas autoridades religiosas, levando-o a ser injustamente insultado, açoitado, crucificado e consequentemente morto.
A rejeição que Israel lhe deu não seria suficiente para ofuscar o brilho de Sua glória. Sua missão messiânica tanto no início de seu ministério terreno quanto no futuro, era reconciliar Deus e o homem e levar Israel (e toda a humanidade) de volta para a casa do Pai, ou seja, reconciliar todos em todo mundo com Deus e assim providenciar uma tão grande salvação (Hb 2.3).
Portanto, a morte de Cristo é motivo de júbilo para aqueles que compreendem sua abrangência, estes tornam-se como crianças (Mt 18.4), entusiasmados e felizes e começam a cantar em gratidão por tão grande salvação (Hb 1.1-2; 2.3).
Tendo em vista essa grande alegria dos salvos, o profeta por duas vezes afirma esta realidade. (Is 35.10; 51.11). O grande valor e abrangência da morte de Cristo foi celebrado por Pedro em 1 Pe 1.18-21.
A mais extraordinária possibilidade para o ser humano, com a morte de Cristo, é que agora todos, através Dele, têm acesso a Deus, podendo experimentar não somente seu amor e cuidado, mas também uma comunhão e intimidade restauradora e curadora, conforme afirmou o autor aos Hebreus 10.19-22.
Este acesso e proximidade a Deus expulsa o desprezo pela vida e permite a retomada do amor por ela, conforme afirma Moltmann apazigua a consciência culpada pelo pecado, traz alívio e paz à alma conturbada com as inquietudes da vida e permite consolo e conforto aos que sofrem marginalizados com falta de acesso a bens extremamente necessários à vida.
Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 17 – nº 67 – julho/agosto/setembro de 2016.
Slides: http://pt.slideshare.net/natalinoneves1/2016-3-tri-lio-13-promessas-a-respeito-do-messias-como-servo-sofredor – Acesso em 20 de setembro de 2016.
Site texto: http://licoesbiblicas.com.br/index.php/2014-11-13-19-35-17/subsidios/jovens/434-13-08-2016 – Acesso em 20 de setembro de 2016.
Video 01: EBD NA NET – https://www.youtube.com/watch?v=Vv5R6CuxFkM – Acesso 20 de setembro de 2016.
Video 02: Canal da Escola Dominical EBD – https://www.youtube.com/watch?v=wxJQJXeybdI – Acesso 22 de setembro de 2016.