LIÇÃO Nº 5 – AS CONSEQUÊNCIAS DAS ESCOLHAS PRECIPITADAS
Abrão tem a revelação da provisão divina quando se ajusta ao plano divino.
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INTRODUÇÃO
– Abrão reconciliou-se com Deus depois que voltou do Egito.
– Esta reconciliação levou-o à revelação da provisão divina, depois que se ajustou ao plano divino, livrando-se de Ló.
I – ABRÃO RETORNA A CANAÃ
– O capítulo 13 de Gênesis começa com uma grande notícia: Abrão subiu do Egito para a banda do sul. Ele, sua mulher, tudo o que tinha. Entretanto, também ia com ele Ló.
– Abrão havia compreendido que não podia agir sem a direção divina. Entendera que sua ida ao Egito havia sido um erro e a vergonha que passara não correspondia ao plano de Deus para a sua vida.
– Observemos que o texto diz que Abrão veio do Egito “muito rico em gado, em prata e em ouro”, pois, ao dizer que Sarai era sua irmã, havia recebido de Faraó muitos bens, pois, ante a formosura de Sarai, que foi tomada para a casa do monarca, recebera “ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos” (Gn.12:16).
– Isto é uma demonstração eloquente de que nem sempre o amealhar de riquezas materiais é um sinal de que se está debaixo da bênção de Deus, de que se está a agir consoante a vontade do Senhor.
Abrão estava desagradando a Deus, porque não agira com fé, mas, sim, motivado pelo temor de morrer de fome, fazendo, assim, uma escolha precipitada, que foi a de partir para o Egito para cuidar do sustento material dos seus, independentemente da direção e orientação divinas.
– A propósito, o pastor escocês Alexander MacLaren (1826-1910), autor de um comentário do livro de Gênesis, afirma que a principal lição deste capítulo 13 do livro de Gênesis é, precisamente, a superioridade da sabedoria da busca espiritual em detrimento da busca do bem temporal. Diz o comentarista:
“…A prosperidade auxilia Abrão e Ló enquanto pensam mais em obedecer a Deus do que em rebanhos e manadas.…” (O livro de Gênesis. Gn.13. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/maclaren/genesis/the-importance-of-a-choise.html Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).
– Temos aqui uma precipitação, uma escolha precipitada, que é o título de nossa lição e que será o objeto de nossa reflexão. Já vimos que a provisão divina, a Divina Providência são as disposições pelas quais Deus conduz Sua criação para a perfeição.
Através da Divina Providência, Deus conserva e governa todas as coisas e devemos, assim, submeter a Ele todas as nossas ações, todos os nossos planos, pois, assim fazendo, estaremos sempre agradando-Lhe.
– Já a “precipitação” é uma atitude toda diversa. Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que se trata de “ato ou efeito de precipitar(-se)”; “queda, caída, descida rápida”; “extrema velocidade; grande pressa; afobação”; “rapidez em tomar uma resolução; irreflexão”.
Trata-se, portanto, de uma iniciativa que é tomada sem que se tenha qualquer diálogo com o Senhor, sem que se tenha qualquer orientação da parte de Deus.
O resultado disto é que, ao nos afastarmos do Senhor, “caímos” espiritualmente, há uma “descida espiritual”, pois Deus está nas alturas, Deus está nos céus e se nos distanciamos d’Ele, ficamos mais longe de lá.
– A “precipitação” foi a atitude tomada pelo diabo. Quando ainda habitantes das sublimes regiões da glória celeste, o adversário quis “subir acima do Altíssimo” (Is.14:14), tomar uma atitude contrária ao Senhor, sem a Sua orientação e, por isso mesmo, teve por juízo “ser levado ao inferno, ao mais profundo do abismo”, i.e., às regiões inferiores (Is.14:15), sendo este o seu caminho.
Expulso da glória celeste, foi mandado para os lugares celestiais (Ef.6:12), de onde será expulso para a terra quando do arrebatamento da Igreja (Ap.12:7-9), depois será preso por mil anos no abismo (Ap.20:1,2), de onde será solto por um pouco de tempo e, após ter incitado a última rebelião, será, para sempre, lançado para o lago de fogo e enxofre (Ap.20:10), que foi preparado para ele e seus anjos (Mt.25:41).
– Quando nos precipitamos, portanto, estamos tomando a mesma rota do diabo e isto, à evidência, não corresponde ao plano divino para as nossas vidas.
Ainda que se tenha aparente vantagem nesta atitude, como se vê no caso de Abrão, se formos observar o ponto-de-vista material, estaremos caminhando numa senda que nos levará à perdição eterna, algo que está em total contraditoriedade ao que Deus deseja para cada um de nós.
– Sobrevindo a fome, Abrão não buscou ao Senhor. Viu a dificuldade de sobrevivência e resolveu descer para o Egito, onde havia fartura, embora soubesse que se tratava de um povo de maus costumes e sem temor a Deus, tanto que manda que Sarai minta dizendo ser sua irmã, já que tinha pleno conhecimento da imoralidade reinante naquele país.
Agiu “precipitadamente”, fora da direção de Deus e o resultado foi a sua expulsão de forma vergonhosa e humilhante.
– Entretanto, Abrão reconheceu o seu erro, arrependeu-se e resolveu se reconciliar com o Senhor.
Por isso, foi até Betel, “até ao lugar onde ao princípio estivera a sua tenda, entre Betel e Ai, até ao lugar do altar que dantes ali tinha feito e invocou ali o nome do Senhor” (Gn.13:3,4).
– Quando agirmos com precipitação, devemos tomar a mesma iniciativa de Abrão, de preferência antes que soframos o dano pela nossa atitude irrefletida e impensada.
Lembremos do lugar onde caímos e nos reconciliemos com o Senhor, pedindo perdão não só a Deus mas a todos quantos tenhamos prejudicado com nossa ação.
É a atitude determinada pelo Senhor Jesus ao anjo da igreja de Éfeso como vemos em Ap.2:5. Foi o que fez Davi quando teve desmascarado o seu pecado pelo profeta Natã, com vemos no Salmo 51.
– Abrão lembrou da tenda e do altar, elementos que haviam sido abandonados pelo patriarca durante sua estada no Egito.
A tenda, que demonstrava o seu desprendimento das coisas desta vida e o altar, que revelava a sua comunhão com o Senhor.
– Quando agimos com precipitação, isto se deve ao fato de desmerecermos as “coisas de cima”, de deixarmos de dar prioridade ao reino de Deus e à sua justiça.
A precipitação é uma atitude tomada sem a devida orientação divina, ou seja, “deixamos Deus de lado”, “desconsideramos Deus em nossa existência” e, deste modo, passamos a agir como se Deus não existisse, que é, precisamente, a mentalidade que hoje predomina no mundo, o chamado “secularismo”, que é a construção de um projeto de vida que não leva em conta o Senhor.
– Se damos mais valor às coisas desta vida e não a Deus, ao Seu reino e à sua justiça, isto é sinal de que não mais estamos a utilizar a “tenda”, mas, sim, passamos a nos prender com as coisas deste mundo, deixamos de ver este mundo como algo passageiro e temporário, mas como o fim, o objetivo, a razão de ser de nossas existências.
Não é por outro motivo que o Senhor Jesus diz que os gentios, isto é, aqueles que não creem em Deus, têm como alvo de suas vidas o comer, o beber e o vestir (Mt.6:32).
– Esta visão que desconsidera o espiritual, a eternidade, nosso relacionamento com o Senhor é uma verdadeira cegueira espiritual, fomentada pelo inimigo de nossas almas (Cf. II Co.4:4), faz com que as pessoas queiram tão somente satisfazer suas necessidades materiais, biológicas, imediatas, levando-as à perdição espiritual.
– João Crisóstomo (347-407), um dos pais da Igreja, mostra claramente este desprendimento de Abrão após a vergonha sofrida no Egito. Diz Crisóstomo:
“Considerai ainda que a opulência e a prosperidade não inspiraram nele (Abraão, observação nossa) nem vaidade nem preguiça: ele retornou para o mesmo lugar que ele habitava antes de ir para o Egito…” (Sobre o Gênesis, com. Gn. 13:1-13, 33ª homilia, n. 3302. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em francês).
Abrão não levou em conta a prosperidade material alcançada, não se envaideceu, mas percebeu que o importante era dar prioridade ao plano divino em sua vida, nada mais do que isto.
Por isso, independentemente do progresso econômico experimentado, volta ao mesmo lugar onde caíra.
– Mas, além da desconsideração da tenda, Abrão, também, na sua atitude precipitada, deixou de lado o altar, o lugar da comunhão com Deus, o local onde dialogava e compartilhava a sua vida com o Senhor.
Evidentemente, ao tomar uma decisão sem consultar a Deus, o patriarca simplesmente cessou de dialogar com o Senhor, deixou de compartilhar sua vida com Ele. Deus foi deixado de lado, não foi consultado.
– Deus dá a provisão, ou seja, Ele, que sabe de todas as coisas, tem condições de nos indicar qual atitude devemos tomar, já que sabe o que está por vir, o que vai acontecer e, portanto, dará condições para que sejamos libertos do mal, tomemos atitudes que não nos prejudicarão.
Abrão, ao descer ao Egito e a contar uma mentira, pôs em risco o próprio plano divino na sua vida, já que Sarai, sua mulher, foi tomada para a casa de Faraó, pondo em perigo a família de Abrão e o seu casamento, que eram pressupostos essenciais para que dele se fizesse uma grande nação, como prometido pelo Senhor.
– Se Deus não tivesse intervindo, mandando pragas sobre os egípcios e permitindo que Faraó descobrisse a mentira de Abrão, tudo teria se posto a perder.
Logicamente que o plano de Deus para a salvação do homem não poderia ser impedido e a intervenção divina impediu este prejuízo, mas isto nem sempre poderá ocorrer em nossas vidas, de modo que jamais devemos perder de vista o altar, jamais devemos abandoná-lo, tendo uma vida devocional ativa e sincera, com meditação diária nas Escrituras e uma vida de oração e consagração.
– Abrão invocou o nome do Senhor, voltou a ter diálogo com o seu Criador e se reconciliou com Ele, mas, ainda, não se estava como Deus queria, porque havia o “fator Ló”.
Com efeito, o texto sagrado é claro ao dizer que “Ló também ia com Abrão e tinha rebanhos, vacas e tendas” (Gn.13:5).
– Neste ponto, é interessante observar o que diz o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714) a respeito deste gesto de invocação do nome do Senhor. Diz Henry: “…Todas as pessoas de Deus são pessoas de oração.
É tão difícil encontrar um homem vivo sem respirar, quanto um cristão vivo sem oração. Aqueles que desejam ser reconhecidos como justos com o seu Deus, devem ser constantes e perseverantes no serviços da religião.
Abraão não deixou a sua religião no Egito, como muitos fazem nas suas viagens.
Quando não podemos fazer o que desejamos, devemos nos preocupar em fazer o que pudermos, nos atos de devoção.
Quando nos faltar um altar, que não nos falte a oração, mas, onde estivermos, invoquemos o nome do Senhor.…” (Comentário bíblico edição completa: Gênesis a Deuteronômio. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p.80).
– “…Ele (Abrão, observação nossa) sentiu um forte desejo de reanimar sua fé e piedade como eram na sua adoração passada:
provavelmente estava a expressar humildade ou arrependimento por sua má conduta no Egito ou gratidão pelos livramentos dos perigos – aproveita a primeira oportunidade em seu retorno a Canaã para levar sua família a renovar a aliança com Deus e oferecer sacrifícios típicos que apontavam para as bênçãos da promessa…” (JAMIESON, Robert; FAUSSET A.R. e BROWN, David. Comentário crítico e explicativo de toda a Bíblia. Com. Gn.13. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/jamieson-fausset-brown/genesis/genesis-13.html Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).
– Como já dissemos em lição anterior, no instante em que atendeu ao chamado de Deus, Abrão cometeu um erro. Diz o texto sagrado que “foi Ló com ele” (Gn.12:4).
Ora, Ló, apesar de ser sobrinho de Abrão e que, certamente, era praticamente um filho adotivo para Abrão, não se encontrava no plano de Deus para Abrão.
Ló foi com ele, mas não era esta a determinação de Deus, que, de forma bem claro, mandara o patriarca deixar família, casa e parentela (Gn.12:1).
– Muitas vezes, carregamos conosco algo que nos é muito caro, muito querido, algo que até a sociedade impõe que carreguemos, mas este é um “Ló” em nossa vida, algo que Deus não mandou que carregássemos, mas que o fazemos por nossa livre e espontânea vontade.
Deus, na Sua infinita graça e dentro dos propósitos que fez para o homem, não elimina Ló, mas permite que o levemos.
Todavia, ao longo da jornada, verificaremos que esta não é a vontade de Deus.
Nossos “Lós” podem nos trazer companhia, mas serão, sempre, um obstáculo, um empecilho, um embaraço na nossa caminhada com Deus. Sigamos o conselho do escritor aos Hebreus e nos livremos do embaraço para que possamos correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1).
II – O “FATOR LÓ”
– Deus respeita o livre-arbítrio do homem, pois fez o homem dotado de responsabilidade e de liberdade, como bem se verifica do próprio ato criador (Gn.1:26). Destarte, Deus não impede que o homem tome as decisões que bem entender, ainda que contrárias à vontade divina.
– Por isso, Deus permitiu a Abrão que partisse de Ur com seu pai Harã e, posteriormente, que fosse a Canaã acompanhado de seu sobrinho Ló ou que fosse para o Egito.
Todas estas decisões encontravam-se fora do plano divino para Abrão, mas Deus deixou que o tempo mostrasse isso a Abrão. Nós não somos robôs, autômatos e Deus sempre respeitará a decisão que tomarmos, sendo certo, também, que responderemos por elas.
– Devemos, sempre, atender à vontade de Deus, ainda que isto nos venha a tomar decisões desagradáveis e que contrariem os nossos sentimentos.
Abrão não quis deixar seu pai Harã, o que era compreensível, dentro do sentimento de um filho leal e obediente, mormente numa sociedade patriarcal como era a dos dias de Abrão.
Entretanto, a obediência à voz de Deus exige de nós a ruptura com todos os valores que consistam em inobservância da Palavra de Deus.
Enquanto Abrão não fez a vontade de Deus, Deus a Ele não Se revelou de forma especial, o que somente se deu quando estava já na terra de Canaã.
Do mesmo modo, enquanto nós não nos desvencilharmos do que nos prende mas está fora do propósito divino para nós, Deus não poderá cumprir o propósito que tem assinado para nossas vidas.
– Ló era um obstáculo para a realização do propósito divino na vida de Abrão. Hoje, ao lermos a Palavra, sabemos, temos consciência de que Ló, que era praticamente o herdeiro de Abrão, não poderia ficar na casa do patriarca, que haveria de ter um filho , o filho da promessa.
Hoje o sabemos, mas Abrão não o sabia. Entretanto, Deus havia dito a Abrão que dele faria uma grande nação e, portanto, como a ordem era exclusiva a ele (e a sua mulher, que era carne de sua carne, osso de seus ossos), seu sobrinho não se encontrava nesta promessa e dela não poderia compartilhar.
Observemos que Ló é apontado na Bíblia como justo e que, portanto, não havia erro na vida de Ló. Simplesmente, o propósito de Deus para Abrão exigia a separação de Ló.
– Deus, então, na Sua infinita misericórdia, ante a persistência deste obstáculo, permitiu que houvesse um problema na convivência entre tio e sobrinho.
Diz o texto sagrado que a terra “não tinha capacidade para poderem habitar juntos, porque a fazenda era muita, de maneira que não podiam habitar juntos”.
Havia uma situação de incompatibilidade entre Abrão e Ló, não pelos seus sentimentos, não pelas suas vidas, mas por causa da falta de espaço. A prosperidade material de ambos havia tornado impossível a convivência.
Apesar desta constatação, nem um, nem outro ousaram propor a separação e o resultado foi que surgiu o conflito, a contenda.
OBS: ” Rashi (nome pelo qual é conhecido o comentarista bíblico e talmúdico Rabi Salomão ben Isaac, 1040-1105, observação nossa) detém-se no motivo desta contenda: os pastores de Lot deixavam seus rebanhos pastar nas terras dos cananeus e perizeus.
Alertados pelos pastores de Abrão, os primeiros alegaram que toda aquela terra fora prometida a Abrão e, como ele não tinha filhos, ela seria herdada por Lot, o que lhes dava o direito de já usufruírem dela.
Por isso a Torá diz : ‘e o Cananeu e o Perizeu viviam então na terra’, ou seja, Abrão não era o legítimo dono da terra, ainda…” (MELAMED, Meir Matzliah. TORÁ: A lei de Moisés., com. Gn.13, p.31).
– Devemos ser vigilantes e evitar a todo custo que haja contenda entre nós e os demais seres humanos.
Diz a Bíblia que devemos ter paz com todos, no que depender de nós (Rm.12:18). Assim, deve todo cristão perceber as situações em que há “falta de espaço”, ou seja, em que não é possível a convivência de duas pessoas, até por causa da prosperidade.
Se não percebermos estas situações, brevemente haverá conflitos e surgirá a contenda.
A contenda pode ser evitada, pois somos pacificadores (Mt.5:9). Abrão sabia que Ló não estava nos planos de Deus para ele, mas o mantinha por sentimento familiar, por afeição, mesmo havendo uma circunstância objetiva: a falta de espaço da terra para ambos.
Quando houver “falta de espaço”, tomemos a iniciativa e busquemos manter a paz, afastando-nos, criando espaço.
– Veio a contenda e, então, o patriarca acordou. Embora gostasse muito de Ló e o amasse, Abrão percebeu que não havia mais condições para que seu sobrinho com ele continuasse convivendo.
Abrão demonstrava estar crescendo espiritualmente, pois, ao propor a separação a Ló, não visou a vantagem, o benefício imediato, nem acusou o sobrinho de estar criando a contenda.
Ao invés de buscar culpados, de “fazer justiça”, analisou a situação, ponderou e verificou que o melhor era a separação, era fazer a vontade de Deus.
– Quantos crentes não arrumam sérios problemas na sua vida porque não querem enxergar as dificuldades por que estão passando do ponto-de-vista espiritual? Buscam culpados, procuram “fazer justiça”, mas, o que devem fazer, que é a o autoexame, a reflexão do propósito de Deus para suas vidas, não fazem e a contenda não cessa, só aumenta.
– Abrão acordou espiritualmente, viu que sua atitude de mantença de Ló contrariava a vontade de Deus e decidiu pôr fim à contenda, assumindo a responsabilidade pelo seu aparecimento, a ninguém culpando e nada visando a não ser o cumprimento da vontade de Deus.
III – A SEPARAÇÃO ENTRE ABRÃO E LÓ
– Abrão dirigiu-se a seu sobrinho e, lembrando que estavam numa mesma família, disse-lhe da necessidade de separação em virtude da contenda, algo que não era adequado para uma casa onde Deus estava reinando e guiando os passos de todos.
– Que belo exemplo! Será que temos tido a preocupação de, em nossas relações familiares, darmos testemunho do nome do Senhor?
Será que temos tido a preocupação, na igreja do Senhor, de testificarmos que “irmãos somos”? Esta foi a principal preocupação do patriarca, preocupação que lhe fez, inclusive, abrir mão do seu direito de escolha em favor de seu sobrinho.
OBS: Adam Clarke assim comenta a expressão “porque irmãos somos” proferida por Abrão, segundo o texto sagrado: “…Nós somos da mesma família, adoramos o mesmo Deus da mesma maneira, temos as mesmas promessas e buscamos o mesmo fim. Por que então deveria haver contenda?
Se ela parece ser inevitável nesta situação atual, deixe que a situação seja mudada num instante, pois nenhuma vantagem deste mundo pode contrabalançar a falta de paz…” ( Comentários, v.1, p.159. CD-ROM Master Christian Library) (tradução nossa).
” Este convite à paz, de Abrão, está dirigido a todos os homens da terra, assim como o proclamou o profeta Malaquias 2:10: ‘ Não é um mesmo o Pai de todos nós ? Não foi um mesmo Deus quem nos criou ?
Por que razão, então, despreza cada um de nós o seu irmão ? ‘ É necessário que as palavras de Abrahão e Malaquias se façam ouvir no seio de toda a família humana. ‘Somos irmãos ? Vivamos em união e harmonia 1 Somos filhos de um mesmo pai ! Por que odiarmos uns aos outros ? ‘ ” (TORÁ: a Lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah MELAMED, com. Gn.13, p.31-2).
– Quando não buscamos o que é próprio, quando não agimos com ganância ou cobiça, o Senhor abençoa-nos ricamente.
Abrão buscava vencer a contenda, eliminar aquela situação que era fruto de uma inobservância da ordem divina. Assim, confiante em Deus, propôs a seu sobrinho Ló que escolhesse que parte da terra queria para si.
Este gesto, humanamente errôneo, estava revestido da direção e da aprovação divinas. Ao sair para o lugar aparentemente melhor, não foi Ló que recebeu a visita e a promessa de Deus, mas, sim, Abrão. Por quê?
Porque Abrão agiu segundo a vontade de Deus. O crente deve, também, não buscar o que é propriamente seu, mas sempre considerar os outros superiores a si mesmo (Fp.2:3,4).
É este o sentimento que teve Nosso Senhor (Fp.2:5) e devemos ser Seus imitadores (I Co.11:1).
– Nesta atitude de Abrão, João Crisóstomo vê “a doçura do justo”, pois ele não busca o interesse próprio, como também não se separa voluntariamente de seu irmão, mas quando descobre que isto era contrário à vontade do Senhor e para que a contenda não se tornasse uma guerra perpétua. Temos tido esta “doçura” em nosso relacionamento com os irmãos?
– Além da doçura, Crisóstomo também viu na ação do patriarca a humildade, pois abriu mão do seu direito de escolher a terra, por ser o mais velho, o tio de Ló, em favor de seu sobrinho.
Diz o pai da Igreja: “…é extraordinário ver aquele ancião, a quem Ló devia todos os benefícios, tão favorecido pelo Mestre do universo, tratar de igual para igual com um jovem, com sue sobrinho, a ponto de lhe ceder a vantagem, de pegar aquilo que ele deixasse, a fim de tudo fazer para evitar a guerra e suprimir toda causa de disputa.
Procuremos todos imitá-lo, jamais tornemos públicos os elogios feitos a nós, não nos deixemos levar pelo nosso orgulho.
Distingamo-nos pela nossa modéstia, esforcemo-nos por sermos inferiores aos outros, em boras e palavras, jamais combatemos aqueles nos façam injustiça, mas, antes, enchemo-los de benefícios (isto é a plenitude de sabedoria)…”(Sobre Gênesis, 34ª homilia, com. Gn.13:1-13, n. 3401. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em francês).
– O verdadeiro servo de Cristo Jesus é humilde. É a primeira característica que o Senhor aponta em Seus discípulos no sermão do monte, a saber, a “pobreza de espírito” ou “humildade de espírito’ (Mt.5:3).
Jesus, mesmo, diz que ser a humildade de coração, a mansuetude, que também é a humildade, as Suas duas características principais a serem aprendidas pelos Seus servos, pois só assim se alcança descanso nas almas dos homens (Mt.11:29).
– Ló, entretanto, não teve este sentimento. Seus olhos eram puramente voltados para as coisas desta vida.
Ao contrário de Abrão, não havia tido a humildade de retroceder de sua “descida ao Egito” e mantinha aquela mesma visão horizontal que Abrão abandonara na sua reconciliação com o Senhor.
Ló havia deixado o Egito, mas o Egito não havia saído dele. Muitos que se dizem cristãos estão da mesma maneira que Ló. Tomemos cuidado, amados irmãos.
– Como diz Alexander MacLaren: “…Ló comete um erro, assim como este mundo, quando escolhe seu lugar de habitação pelo prisma das vantagens materiais.…” (O livro de Gênesis. Gn.13. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/maclaren/genesis/the-importance-of-a-choise.html Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).
– Com esta visão puramente materialista, Ló viu somente as campinas verdejantes da planície.
Viu a fortuna, a prosperidade material, a abundância de pasto para seus rebanhos. Não conseguiu ver a maldade e impiedade dos moradores de Sodoma e das demais cidades da planície.
– Uma visão puramente materialista é algo que pode ocorrer na vida de uma pessoa justa, como era Ló. Não podemos olhar com os olhos carnais, não devemos conduzir-nos por vista, mas por fé (II Co.5:7).
Como temos agido no cotidiano de nossas vidas? Verificadas as circunstâncias que nos cercam e raciocinado única e exclusivamente segundo as variantes e os fatores humanos, ou temos procurado entender o significado espiritual das situações em que nos encontramos?
Estamos olhando para os montes ou para o Senhor (Sl.121:1,2)?
OBS: Clarke assim comenta a escolha de Ló : “… Ele (Ló, observação nossa) certamente deveria ter deixado a escolha para o patriarca e deveria ter se guiado pelo seu conselho, mas ele tomou seu próprio caminho, confiando no seu próprio julgamento e se guiou apenas pela vista de seus olhos.
Ele contemplou toda a planície do Jordão, que era bem irrigada etc. então escolheu a terra, sem levar em conta o caráter dos habitantes ou quais as vantagens e desvantagens que isto poderia representar para ele nas coisas espirituais.
Esta escolha, como veremos na seqüência, trouxe-lhe não muito tempo depois a ruína do corpo, da alma e da família…” (Comentários, v.1, p.159-60. CD-ROM Master Christian Library)
” A grande falha de Ló foi amar as vantagens pessoais, mais do que abominar a iniquidade de Sodoma (vv.10-13).
(1) Se ele tivesse amado profundamente a retidão… isso o manteria separado dos maus caminhos e daquela geração ímpia. Ele, porém, tolerou o mal e optou por morar na cidade decaída de Sodoma (v.13).
Talvez tenha raciocinado que as vantagens materiais, a cultura e os prazeres de Sodoma compensariam os perigos, e que ele tinha forças espirituais suficientes para permanecer fiel a Deus.
Com isso em mente, ele juntamente com sua família, ficaram expostos à imoralidade e à impiedade de Sodoma. Só então, ele aprendeu a amarga lição de que sua família não era forte o suficiente para resistir às influências malignas de Sodoma…
(2) Os pais de família devem tomar cuidado para não se envolverem de igual modo, nem a seus filhos, com nenhuma ‘Sodoma’, para não se arruinarem espiritualmente, como aconteceu à família de Ló…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a Gn.13:12, p.52).
– Neste episódio, vemos que dois justos podem ter decisões completamente distintas, caso não estejam animados pelo Espírito de Deus.
Abrão conscientizou-se da necessidade da separação para que se cumprisse a vontade de Deus e o plano divino para sua vida. Buscava agradar a Deus.
– Ló, entretanto, que até ali havia estado com seu tio por livre e espontânea vontade, mesmo sendo justo, quis levar vantagem, quis tirar proveito da circunstância.
Era alguém que vagueava sem que tivesse qualquer chamada divina. Alguém que desfrutava das bênçãos por conta da fidelidade e resposta ao chamado de Abrão. Era um nítido “crente de carona”, aquele que é abençoado em virtude da vida santa e bem dirigida de quem está a sua volta.
– Que tipo de servo é o(a) irmão(ã). Tem atendido ao chamado de Deus na sua vida ou está indo na companhia de algum chamado?
Tem consciência do propósito de Deus na sua vida ou está apenas tirando vantagem, sobrevivendo e até prosperando por conta do chamado de outro?
Estejamos conscientes da vontade de Deus para nossas vidas. Isto deve algo sempre presente na mente do cristão. Daí porque, no Pai nosso, Jesus ter incluído a frase “seja feita a Tua vontade”, numa clara demonstração de que o crente deve estar plenamente ciente da vontade de Deus para ele, algo que Jesus prometeu sempre nos informar (Jo.15:15,16).
OBS: “… Ló escolhe a região onde estão localizadas cidades-estado como Sodoma e Gomorra; assim ele entra no âmbito de uma estrutura que se sustenta graças à exploração e opressão do povo.
Abrão, ao invés, fica aberto para uma história nova, fundada unicamente na promessa e no projeto de Javé. Não tomando a dianteira para escolher a sua parte, mais uma vez Abrão entrega-se a Deus na fé, para que este lhe aponte o caminho….”(BÍBLIA Sagrada. Edição Pastoral, nota a Gn.13:1-18, p.26).
– Após a escolha feita por Ló, Abrão teve mais uma manifestação de Deus. Deus apareceu a Abrão, diz o texto sagrado, “depois que Ló se apartou dele” (Gn.13:14), o que demonstra o que já dissemos, ou seja, que Ló era um obstáculo a mais a ser removido na vida de Abrão para que o plano de Deus pudesse se realizar plenamente.
O aparecimento de Deus a Abrão foi uma confirmação ao patriarca de que havia sido superada a fase de desobediência e de desatendimento à vontade de Deus na sua vida.
– Terminava um período de prova espiritual para Abrão, Deus renovou Suas promessas e o patriarca se encontrava vitorioso.
Havia vencido a mentira, o sentimento de autossuficiência, a ganância e dava um decisivo passo de fé na sua caminhada espiritual.
O homem que, ao sentir a fome, correra para o Egito, agora era um homem que abrira mão do seu direito patriarcal de escolher a melhor terra e resolvera viver na dependência exclusiva de Deus.
OBS: “…Depois da separação de Lot, Deus repete a promessa feita a Abrão anteriormente (Gên. 12:7), para enfatizar que a terra seira dada exclusivamente à sua semente, e não a Lot….” (TORÁ: A Lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah MELAMED, com. Gn.13:15, p. 32).
– Ponto interessante é que Abrão, ao se abster de escolher uma parte da terra, teve a promessa de Deus de receber toda a terra.
O Senhor prometeu-lhe a banda do norte, do sul, do oriente e do ocidente (Gn.13:14), ou seja, tudo (Gn.13:15). Assim continua ocorrendo na vida dos servos fiéis.
Se nos abstivermos das coisas deste mundo, se não buscarmos as coisas desta vida, teremos aqui cem vezes tanto e, no porvir, a vida eterna (Mt.19:27-29).
Nunca nos esqueçamos de que o que temos é muito mais valioso que o mundo inteiro e que a glória que nos está reservada não dá para comparar com coisa alguma desta vida (Rm.8:18). Como disse o poeta sacro Jonathan Bush Atchinson: “Metade da glória celeste, jamais se contou ao mortal !” (segunda parte do refrão do hino 625 da Harpa Cristã).
OBS: “… Todo o território que Abraão contemplou para o norte, o sul, o leste e o oeste, pertencia a ele, e então seria o mesmo transferido à sua posteridade. Deus nada lhe negaria. Sua misericórdia é tão vasta quanto o mar. A Abraão foi prometida a grandeza:
1- A grandeza inclui uma significativa missão espiritual e a visão de vê-la e reconhecê-la, para então ativar-se a fim de desenvolvê-la.
2- A grandeza de um homem reflete-se nas coisas que ele procura promover.
3- A grandeza de um homem é garantida por sua capacidade de persistir em seus propósitos e levar suas idéias à plena fruição.
4- A grandeza de um homem reflete-se em sua capacidade de sofrer perdas, mas recuperar-se e renovar o seu zelo.
5- Um grande homem está sempre em uma cruzada. Ele nunca descansa em Sião.
6- A vitalidade e a força não reside nas coisas materiais, mas na fé que cultivamos. Abraão erguia um altar por onde quer fosse.
7- Ao homem nômade foi prometida uma pátria grandiosa, por ser ele o homem escolhido para aquela hora, a fim de cumprir o propósito de Deus. A vontade de Deus sempre coincide com a verdadeira grandeza…” (CHAMPLIN, R.N. O Antigo Testamento interpretado, v.1, Gn.13.15, p.108)
– Não bastasse isso, Abrão recebeu, ainda, a promessa divina de que sua semente seria como o pó da terra.
Se os “filhos de Abraão” são inúmeros do ponto-de-vista carnal (veja-se a população de árabes e judeus através dos séculos), que dirá do ponto-de-vista espiritual, ou seja, todos os servos sinceros e fiéis a Deus que, durante as dispensações, têm se levantado para honrar e adorar o verdadeiro Deus. São multidões, milhões e milhões, como se vê no Apocalipse (Ap.5:11; 19:6).
– Quando se diz que a descendência de Abrão é como o pó da terra, vemos, também, aqui uma observação divina a respeito de Seus servos.
Assim como o pó é imperceptível aos olhos humanos, mas está presente e faz diferença onde se encontra, assim são os servos de Deus. Não há lugar onde não se encontrem servos do Senhor nesta face da terra.
Mesmo que haja perseguições, que haja preconceitos, que haja uma luta incessante do maligno para calar e desviar os servos do Senhor, sempre há aqueles que não se dobram a Baal e que exaltam e testificam do Senhor.
Conhecidas são instituições em todo o mundo, mesmo no Brasil, onde há verdadeiro preconceito e cruel perseguição aos servos do Senhor, mas, como o povo de Deus é como o pó da terra, por mais que pelejem contra eles, eles ali estão, vencendo em nome do Senhor e fazendo com que os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus por causa de suas boas obras (Mt.5:16).
É promessa de Deus desde os tempos de Abrão!
– Mas, após renovar Sua promessa com Abrão, o Senhor faz algo importante. Manda ao patriarca que se levantasse, que percorresse a terra, no seu comprimento e na sua largura. E por que deveria fazer isto?
Responde o Senhor: porque a darei a ti. Embora Deus a tivesse prometido, era necessário que Abrão nela peregrinasse, ou seja, que demonstrasse sua fé com ações, com atitudes, com obras.
É por isso que Tiago diz-nos que a fé sem obras é morta (Tg.2:17).
– Embora nada tivesse (e nada haveria de ter) em Canaã, Abrão deveria percorrê-la como se já a possuísse. Deveria andar nela como se ela já estivesse sob seu poder.
Somente agindo assim, mostraria a sua fé em Deus e poderia testificar de sua crença diferente para todos os povos, em especial os próprios cananeus. É isto que é viver por fé e não esperar que todos tomem atitudes em seu favor, a começar do próprio Deus.
– Quando Jesus prometeu uma pesca maravilhosa aos discípulos, foi necessário que eles lançassem as redes, pois, caso contrário, os peixes não viriam (Lc.5:4-6).
Jesus não tinha poder para que os peixes aparecessem nas redes dentro do barco? Certamente que sim! Mas, pergunto, qual seria a edificação daqueles pescadores que seriam chamados para o apostolado? Nenhum! Portanto, vejamos que a Abrão Deus ordenou que percorresse a terra da promessa.
Como Deus não muda, Ele continua mandando que ajamos, que percorramos a terra das promessas que nos foram feitas, em todo o seu comprimento e largura, para que, edificados e testificando da fé, dando glória a Deus (Rm.4:20), sejamos fortificados e fortifiquemos aos outros.
– Sem os obstáculos criados por ele mesmo, Abrão atende à ordem do Senhor, arma suas tendas e foi habitar nos carvalhais de Manre, edificando um altar ao Senhor (Gn.13:18).
Nesta atitude, diz John Wesley: “…Deus o mandou andar pela terra, ou seja, ele não deveria pensar em se fixar nela, mas se esperava que estivesse sempre em movimento, caminhando sempre em busca de uma Canaã melhor.
Em conformidade com a vontade de Deus, ele removeu a sua tenda e se conformou em ser um peregrino…” (Notas explicativas de Wesley. Com. Gn.13. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/wesleys-explanatory-notes/genesis/genesis-13.html Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).
Este entendimento de John Wesley é extremamente bíblica, pois o escritor aos hebreus vai, realmente, mostrar que este desprendimento do patriarca era decorrência de sua busca pela pátria celestial (Hb.11:9,10,13-16).
– A comunhão estava plenamente restabelecida. Voltavam a tenda e o altar. Não havia mais Ló nem a ganância, muito menos o medo e a inércia.
O nosso patriarca iniciava o percurso na terra, armando suas tendas e edificando seus altares. Recomeçava a vida de fé.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco