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LIÇÃO Nº 6 – DEUS, O NOSSO PROVEDOR

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Isaque, o filho da promessa, foi alvo da provisão divina.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência da análise de exemplos bíblicos de provisão divina, hoje estudaremos a vida de Isaque.

– Isaque, o filho da promessa, por sua fidelidade a Deus e dentro do seu papel de patriarca, também foi alvo da provisão do Senhor.

I – ISAQUE, O SEGUNDO PATRIARCA

– Depois de termos estudado, em três lições, como a provisão divina se manifestou na vida de Abraão, haveremos agora de estudar a vida de Isaque, o segundo patriarca.

– Abraão teve Isaque quando tinha cem anos de idade (Gn.21:5), ou seja, trinta anos após ter sido chamado por Deus em Ur dos caldeus para que fosse o início de uma nova nação, na qual fossem benditas todas as famílias da terra (Gn.12:1-3).

– Isaque é, portanto, o primeiro herdeiro conforme a promessa (Cf.Gl.3:29), o primeiro a nascer já debaixo da aliança firmada entre Deus e Abrão (Gn.15:18), marcado pela circuncisão (Gn.17:1-14), tanto que a contagem dos quatrocentos anos para que se começasse a formar a nação de Israel inicia com seu nascimento (Cf. Gn.15:13) assim como é Isaque o primeiro descendente de Abraão a ser circuncidado ao oitavo dia de nascido (Gn.21:4).

– Isaque cresceu e foi desmamado (Gn.21:8) e, para celebrar o seu desmame, Abraão fez um grande banquete.

Neste dia, porém, que deveria ser somente de festa e alegria, Sara percebeu que Ismael, o filho de Abraão com Agar, zombava de Isaque e, ante esta circunstância, Sara exigiu que Abraão despedisse tanto Agar quanto Ismael, proposta que desagradou a Abraão mas que foi confirmada pelo Senhor (Gn.21:8-13).

– Isaque, já no seu desmame, enfrentou oposição. Ser “herdeiro conforme a promessa” é sofrer oposições neste mundo.

Mal havia deixado de depender de sua mãe, Isaque já passou a sofrer hostilidades e isto será uma marca na vida deste patriarca, que é, assim, figura tanto de Cristo quanto da Igreja, pois, como disse Nosso Senhor, no mundo teremos aflições (Jo.16:33).

– Em idade que não se pode precisar, mas que é inferior a trinta e oito anos (pois foi com esta idade que Isaque perdeu a sua mãe – Gn.23:1), Isaque tem uma profunda experiência de fé quando é levado ao sacrifício por seu pai Abraão.

Neste episódio, narrado em Gn.22:1-19, vemos alguns pontos que demonstram como o episódio não serviu apenas para que Abraão atingisse o apogeu da sua fé, mas para que Isaque também alcançasse seu amadurecimento espiritual.

– Por primeiro, vemos que Isaque prontamente atendeu ao chamado de seu pai para irem adorar a Deus em local que seria pelo Senhor mostrado. Este gesto mostra que Isaque era alguém que dava prioridade às coisas espirituais, não titubeando em acompanhar seu pai para um ato de adoração, ainda que nem seu pai soubesse onde se daria tal adoração.

– Por segundo, vemos que Isaque era um filho obediente. Mesmo seu pai não sabendo dizer onde iria adorar ao Senhor, Isaque não questionou e seguiu ao comando de seu pai.

Era alguém que honrava e obedecia a seus pais, que lhes tinha amor. Este amor de Isaque pelos seus pais é também demonstrado quando o texto sagrado diz que somente após se casar é que Isaque se consolou da morte de sua mãe (Gn.24:67).

– Por terceiro, vemos que Isaque era pessoa acostumada a oferecer sacrifícios a Deus, a adorá-l’O.

Era um frequente e habitual adorador. Temos certeza disto porque, em direção ao monte Moriá, indaga seu pai a respeito da falta do cordeiro, a indicar, assim, que tinha pleno conhecimento de como se sacrificava (Gn.22:6-8).

Isto também mostra que Abraão esmerou-se em educar seu filho na doutrina e admoestação do Senhor, cumprindo, assim, o seu indeclinável dever de pai. Podemos dizer o mesmo a nosso respeito, pais?

– Por quarto, vemos que Isaque não questionou o inexplicável gesto de Abraão de tê-lo amarrado e o deitado sobre o altar para imolá-lo. Abraão era sobremodo idoso, enquanto que Isaque era bem mais jovem, cem anos mais jovem.

Poderia, sem maiores problemas, escapar do seu pai, até porque, a quaisquer olhos humanos, o que Abraão estava a fazer era uma loucura, oferecer um sacrifício humano, e do filho da promessa, ao Senhor.

Isaque, porém, submeteu-se à vontade do seu pai, demonstrando, assim, plena confiança em Deus. Sabia ele que era o filho da promessa e que, apesar de não entender coisa alguma que se passava, algo haveria de acontecer para que se mantivesse a promessa divina de pé.

– Por quinto, Isaque testemunhou a reafirmação da promessa divina em relação a Abraão e pôde contemplar a alegria de seu pai ao ver o “dia de Cristo” (Jo.8:56).

Não sabemos se Isaque ouviu as palavras que Deus dirigiu a Abraão ou mesmo se pôde compartilhar desta visão sobrenatural do “dia de Cristo” por parte de seu pai, mas, certamente, mesmo que não tenha visto e ouvido, recebeu as informações de seu pai, o que representou para ele um grande alento, que, indubitavelmente, promoveu o seu amadurecimento espiritual.

– Isaque compartilhou da experiência do ápice da fé de seu pai e pôde entender, como ninguém, que Deus é o provedor, Aquele que proveu o cordeiro para Si e, com isto, poupou a própria vida do segundo patriarca. Não é de se admirar, portanto, que Isaque seja um exemplo bíblico de provisão divina e que sua conduta seja um exemplo para todos nós.

– Depois desta experiência profunda, Isaque tem uma grande tristeza, qual seja, a morte de sua mãe Sara, ocorrida quando ele tinha apenas trinta e oito anos de idade (Gn.23:1). Durante dois anos haveria de chorar a morte de sua mãe, pois só foi consolado a respeito dela quando se casou com Rebeca, o que se deu quando tinha quarenta anos (Gn.25:20).

– Passados estes dois anos, Abraão resolve arrumar uma mulher para Isaque e toma o cuidado de que o casamento não se desse com qualquer das pessoas nativas de Canaã, mas que se buscasse alguém de sua parentela em Harã, também chamada de Padã-Arã (Cf. Gn.25:20).

Por que Abraão não queria que Isaque se casasse com qualquer dos moradores de Canaã? Precisamente porque queria manter o propósito divino de separação das nações que desagradavam a Deus.

O Senhor já havia dito que daria a terra de Canaã à nova nação precisamente por causa da injustiça dos habitantes primitivos daquela terra (Gn.15:16), injustiça que nada mais era que a consequência da vida dissoluta que era seguida pelos descendentes de Cão.

– Abraão ensina-nos, com este gesto, que não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14) e que, portanto, não pode haver a constituição de uma família entre alguém que serve a Deus e alguém que não O serve, o conhecido “jugo desigual”.

O casamento, sendo como é, a mais íntima comunhão existente entre um homem e uma mulher, figura até da comunhão entre Deus e o Seu povo, entre Cristo e a Igreja, jamais pode se dar entre pessoas que não estão do mesmo lado na vida espiritual.

– Uma família que queira gozar da provisão divina precisa estar estruturada dentro dos parâmetros divinos. Abraão mostra a seu filho Isaque que não haveria como ele cumprir a vontade do Senhor e fazer parte da promessa de que, nesta linhagem, seriam benditas todas as famílias da terra, se não começasse formando uma família de acordo com a Palavra de Deus, sem “jugo desigual”.

– A história do casamento de Isaque e Rebeca é mais um exemplo de provisão divina. Eliezer foi buscar uma mulher para o filho de seu senhor e pede a Deus que o dirija nesta empreitada (Gn.24:12) e o Senhor ouve o damasceno e vemos que o Senhor proveu Isaque de uma esposa, Rebeca.

Quando temos a disposição de formar famílias de acordo com os mandamentos divinos, saibamos que Deus nos provê de um cônjuge, como fez com Isaque.

Salomão é claríssimo a respeito ao dizer: “O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do Senhor” (Pv.18:22).

– Casando-se com Rebeca, Isaque foi consolado com respeito à morte de sua mãe. Seu pai Abraão, então, casou-se novamente com Cetura, tendo outros filhos, mas, antes que os tivesse, deu tudo o que tinha para seu filho Isaque, reconhecendo ser ele “o filho da promessa”.

Isaque, assim, herdou todo o patrimônio de seu pai e passou, então, a ser efetivamente um “patriarca” a partir de então. Abraão morreu com cento e setenta e cinco anos, quando Isaque tinha setenta e cinco anos de idade (Gn.25:7).

– No entanto, Isaque enfrentou logo uma grande dificuldade. Rebeca, sua mulher, era estéril.

Durante vinte anos, Isaque batalhou em oração pedindo que o Senhor cumprisse a promessa de que dele haveria de surgir uma grande nação (Gn.25:21) e isto durou vinte anos, porquanto somente com sessenta anos de idade é que Isaque se tornou pai (Gn.25:26).

– O fato de Isaque ser o filho da promessa, de ter presenciado, em experiência profunda, a reafirmação da promessa de Deus a seu pai Abraão, não impediu que se casasse com uma mulher estéril, determinada pelo próprio Senhor e não o dispensou de orar insistentemente a Deus, durante vinte anos, para que se cumprisse o que já havia sido prometido pelo próprio Senhor.

– Temos aqui uma grande lição, qual seja, a de que, embora tenhamos promessas de Deus e saibamos que Ele é fiel para cumpri-las, isto não nos isenta de orar e de orar insistentemente, pois temos o dever de orar e nunca desfalecer (Lc.18:1).

A oração é uma demonstração de nossa confiança em Deus, é uma prova de fé.

– Isaque, durante vinte anos, persistiu em oração, sem nunca pretender, a exemplo do que fizera seu pai, criar um “atalho” para dar um herdeiro, nem sequer questionar ao Senhor o porquê daquela situação, procurando entender que seu herdeiro seria outrem que não alguém nascido de suas entranhas.

Isaque, ele próprio o filho da promessa, sabia muito bem o poder de Deus para fazer cumprir as Suas promessas e, pacientemente, aguardou o “tempo de Deus”.

– As Escrituras dizem que Deus ouviu as orações de Isaque e Rebeca teve aberta a sua madre, em mais uma intervenção divina miraculosa, para confirmar que a nação que estava sendo formada era uma nação que vinha à existência pela vontade de Deus, uma nação que seria Sua “propriedade peculiar” (Cf. Ex.19:5,6).

A esterilidade tanto de Sara quanto de Rebeca tinha, precisamente, a finalidade de mostrar que esta nação era formada por Deus, logicamente que com a contribuição humana, mas que era fruto da soberana vontade do Senhor.

– Já na gestação, o Senhor trouxe uma revelação ao casal. Rebeca notou que havia uma luta dentro de seu ventre e, indagando ao Senhor o que seria aquilo, recebeu de Deus a notícia de que, em seu ventre, havia dois povos, sendo que um seria mais forte do que o outro e que o maior serviria ao menor (Gn.25:22,23).

– Vemos aqui que Rebeca, também, era uma mulher de oração. Que belo quando o casal busca ao Senhor, quando ambos são pessoas dedicadas à oração.

O resultado disto é que sempre terão revelações do Senhor e, por conseguinte, a oportunidade de se guiarem conforme a vontade de Deus, seguindo-Lhe a orientação.

– Desde antes mesmo do nascimento de seus filhos, Rebeca (e, certamente, Isaque, pois isto chegou ao seu conhecimento por sua mulher) ficou a saber que o menor haveria de dominar sobre o maior, ou seja, que não seria o seu primogênito aquele que herdaria as promessas de Abraão.

– O Senhor revelou isto a Rebeca e tal circunstância não só nos fala da presciência divina, como também tem outra importante lição a nos dar, qual seja, o de que a escolha de Deus independe das obras humanas.

Antes mesmo de os filhos de Rebeca nascerem, o Senhor já revela que amaria a um e aborreceria ao outro (Cf. Ml.1:2,3; Rm.9:10-13), o que fica evidenciado que não são as obras de alguém que ganham a simpatia e o amor do Senhor.

– Quando se cumpriram os dias para o nascimento, nasceram os gêmeos: o primogênito foi chamado “Esaú”, porque era cabeludo, também chamado de “Edom”, porque era ruivo; o mais novo, que nasceu segurando no calcanhar de seu irmão, foi chamado “Jacó”, que significa “suplantador”, ou seja, “aquele que toma o lugar de outrem mediante astúcia“, palavra também que é tida como uma forma abreviada da expressão “Deus protege” (Gn.25:24-26).

– Temos aqui mais uma demonstração da provisão divina para Isaque. A provisão fala da presciência de Deus, mostra que Deus sabe, de antemão, o que vai acontecer e que providencia aquilo que é bom e útil ao homem com vistas ao seu futuro, pois tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto (Rm.8:28).

– Indiferente à própria revelação divina, Isaque passou a considerar o seu primogênito, Esaú, até porque este tinha um comportamento que o agradava, sendo caçador (Gn.25:27,28), enquanto que Rebeca, talvez mais atenta ao que Deus lhe revelara, tinha predileção por Jacó, ainda que tal predileção parece ter sido dada também pela conduta caseira do filho caçula (Gn.25:27,28).

– Temos aqui um comportamento que jamais poderia ter sido tomado por Isaque e Rebeca. Não pode haver predileção de filhos por parte dos pais. Todos devem ser considerados igualmente, todos são bênçãos do Senhor (Sl.127:3).

Agindo parcialmente, Isaque e Rebeca acabaram criando uma situação que representou a própria destruição do seu lar, visto que, em virtude do conflito surgido entre eles, tanto Jacó quanto Esaú se apartaram de seus pais, que morreram solitários, sem a companhia de qualquer deles (Gn.35:29).

– Notamos, portanto, que, quando saímos da direção divina, desconsideramos a Sua Palavra, não levamos em conta a Sua provisão, trazemos para as nossas vidas dificuldades e consequências não queridas pelo Senhor, mas que são resultado de nossa própria desobediência, de nossa própria vontade.

Por isso, o Senhor Jesus nos ensina a pedir que a vontade do Senhor seja feita em nossas vidas (Mt.6:10) e o apóstolo Paulo diz não mais viver, mas Cristo viver nele (Gl.2:20).

II – ISAQUE EXPERIMENTA A PROVISÃO DIVINA NA TERRA DE CANAÃ

– Isaque estava a peregrinar na terra de Canaã quando sobreveio um grande fome na Terra, similar àquela que havia sido vivida por Abraão logo no início de sua peregrinação em Canaã e Isaque, então, foi até a terra dos filisteus, em Gerar (Gn.26:1).

– O Senhor, então, aparece a Isaque e lhe manda que não fosse ao Egito, mas que deveria habitar em Canaã, prometendo que, se peregrinasse naquela terra, o Senhor seria com o patriarca, pois daria aquela terra à sua descendência (Gn.26:1-4).

– Em mais uma adversidade vivida por Isaque temos uma aparição do Senhor ao patriarca, a primeira registrada nas Escrituras Sagradas. Em meio às dificuldades, se não deixarmos a oração, teremos oportunidade de vivenciar uma maior intimidade com o Senhor.

Os “herdeiros conforme a promessa” crescem espiritualmente nos momentos de tribulação. Como diz a poetisa sacra Frida Vingren (1891-1940): “Quando aqui as flores já fenecem, as do céu começam a brilhar.

Quando as esperanças desvanecem, o aflito crente vai orar; os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação e, do céu, as lindas melodias se ouviram na escuridão” (terceira estrofe do hino 126 da Harpa Cristã).

– Como diz João Crisóstomo (347-407): “…Eu não quero, diz o texto, que você faz essa longa viagem; mas quero que você fique aqui; eu não quero que você esteja em angústia, mas vou cumprir as promessas feitas a seu pai; eles vão recebê-lo em seu cumprimento. As promessas que foram feitas a ele, é você quem vai realizá-las.

Não vá para o Egito; mas habite a terra que eu mostrarei a você; fique neste lugar como peregrino.…” (Sobre Gênesis, 51ª homilia, com. Gn.26:1-35, n. 5101. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em francês).

– Estas palavras ditas por Deus são, para Crisóstomo, uma grande alegria. Diz este pai da Igreja: “…Não há condição mais feliz do que a promessa recebida de Deus a este justo (Isaque, observação nossa): Eu estarei com você e te abençoarei. Isso vai mostrar que você é o mais feliz, o mais rico de todos os homens; reinará abundância em torno de você; darei para você a glória mais deslumbrante; este é o inefável esplendor; esta é a perfeita segurança; é o princípio de todos os bens…” (Sobre o Gênesis, 51ª homilia, com. Gn.23:1-35, n. 5102. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em francês).

Crisóstomo mostra-nos, claramente, que a verdadeira provisão divina é a comunhão com o Senhor, a intimidade com Ele, resultado de nosso temor a Ele.

Por isso, aliás, o salmista e o proverbista dizem que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Sl.111:10; Pv.1:7; 9:10), pois, quando tememos a Deus, somos dirigidos e orientados por Ele e podemos, assim, saber como nos conduzir durante a nossa peregrinação terrena e, assim, desfrutarmos da Divina Providência.

– Isaque cumpriu a vontade do Senhor e Lhe obedeceu, habitando em Gerar (Gn.26:6), apesar de ser um local onde já haviam ocorrido conflitos entre os filisteus e o seu pai Abraão.

– Obedecer é melhor que sacrificar e Isaque optou, uma vez mais, pela obediência.

Assim também devemos agir. Ser obedientes à voz do Senhor, ainda que as circunstâncias pareçam ser desarrazoadas e nossa experiência nos mostre que, em seguir a voz de Deus, teremos problemas.

O importante, porém, é estarmos no centro da vontade de Deus, pois, assim fazendo, temos a certeza da vitória.

Quem crê que Deus é provedor, não pode sair do centro da Sua vontade.

– Em que pese a obediência à voz do Senhor, Isaque cometeu um deslize, repetindo gesto de seu pai, mentindo e dizendo que Rebeca era sua irmã (Gn.26:7-11).

Vemos aqui, aliás, o que disse, certa feita, o educador francês André Berge (1902-1995), a saber: “os defeitos dos filhos são filhos dos defeitos dos pais”.

É por isso que, como bem afirma o professor Felipe Aquino, teólogo católico da Comunidade Canção Nova:

“…Se, portanto, os nossos defeitos geram os defeitos dos nossos filhos, temos que nos corrigir naquilo que em nós não está correto.…” (A educação dos filhos. O relacionamento dos pais. Disponível em: https://pt-br.facebook.com/PFelipeAquino/photos/a.151244855005594.32418.138129156317164/450233045106772/ Acesso em 16 out. 2015).

– Abimeleque, o rei de Gerar, descobriu a mentira de Isaque quando o viu brincando com sua mulher, tendo-lhe severamente repreendido, inclusive apontando o risco de que Rebeca poderia ter sido tomada por alguém, o que, dizia o rei dos filisteus, representaria um delito para todos os filisteus.

Apesar de não servirem a Deus, os filisteus demonstraram ter um grande senso de moralidade, considerando o adultério como um delito que atacava toda a sociedade, algo que, em nossos dias, é completamente ignorado, inclusive por alguns que cristãos se dizem ser, que, inclusive, adotam a prática do divórcio irrestrito, a revelar quão longe estão dos mais comezinhos princípios de moralidade…

– Apesar deste deslize moral, Isaque, confiando em Deus, plantou em Gerar, apesar da seca existente e o Senhor o abençoou, de modo que colheu cem medidas de cada plantada, uma produtividade imensa que fez com que Isaque obtivesse um grande enriquecimento, que trouxe, como consequência, a inveja dos filisteus (Gn.26:12-14).

– Temos aqui uma outra lição muito importante: a bênção de Deus sobre os “herdeiros conforme a promessa”, decorrentes da obediência e comunhão com o Senhor, desperta a inveja dos incrédulos.

A bênção de Deus é que enriquece e Ele não acrescenta dores (Pv.10:22), mas isto não significa que não venhamos a sofrer com a inveja dos ímpios, pois, no mundo, temos aflições (Ec.4:4; Jo.16:33).

– Neste mundo em que vivemos, devemos estar prontos para enfrentar os invejosos quando formos abençoados pelo Senhor, inclusive no aspecto econômico-financeiro, quando a prosperidade for resultado da conjugação da bênção divina com o nosso trabalho e dedicação.

Deus não acrescenta dores, mas o próprio Senhor Jesus foi claro ao dizer que teríamos aflições neste mundo bem assim o apóstolo Paulo ter dito que temos de ter paz com todos os homens enquanto isto depender de nós (Rm.12:18), prova de que nem sempre isto está ao nosso alcance, até porque vivemos em contínua batalha contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:11-13).

– Por causa da inveja, os filisteus entulharam e encheram de terra todos os poços que haviam sido cavados por Abraão (Gn.26:15), tendo, também, Abimeleque pessoalmente mandado que Isaque se retirasse de Gerar (Gn.26:16).

– Isaque não questionou a ordem de Abimeleque, nem se vingou do gesto dos filisteus de entulharem e encherem de terra os poços que haviam sido cavados por seu pai Abraão, embora pudesse fazê-lo, já que tinha pleno conhecimento do pacto que havia sido firmado entre seu pai e o rei de Gerar a respeito (Cf. Gn.21:22-34).

– Isaque confiava em Deus e sabia que d’Ele somente é a vingança (Dt.32:25; Rm.12:19; Hb.10:30).

Sabia que sua prosperidade fora bênção de Deus e que o Senhor, que é fiel, prometera abençoá-lo e, por isso, ante a ordem de Abimeleque, muda-se para o vale de Gerar (Gn.26:17).

Por isso, Alexandre Maclaren bem fez ao chamar Isaque de “o primeiro apóstolo da paz a qualquer preço”.

– Nos dias em que vivemos, muitos dos que cristãos se dizem ser estão a fazer parte do grupo daqueles que “não levam desaforo para casa”. Não confiam em Deus e tentam, pela força do seu próprio braço, fazer valer os seus direitos, as suas razões. Que tal fazermos como Isaque?

– O servo de Deus deve buscar sempre a paz, pois é imitador de Cristo, o Príncipe da Paz, tem a paz do Senhor Jesus, uma paz diferente da do mundo (Jo.14:27).

Uma característica dos discípulos de Cristo é o fato de serem pacificadores (Mt.5:9).

– No vale de Gerar, Isaque toma uma importante medida: repete os atos de seu pai Abraão.

Cavou os poços d’água que seu pai havia cavado e que haviam sido tapados depois da morte de seu pai, dando, inclusive, os mesmos nomes que seu pai lhes havia dado (Gn.26:18).

– Isaque dá-nos uma grande lição a respeito da manutenção da tradição, daquilo que foi feito pelos nossos pais e que não conflita com a Palavra de Deus.

Vivemos dias em que as pessoas querem “inovações”, “novidades”, mas Isaque, sabendo que seu pai tinha pacto com Deus, procurou seguir os mesmos caminhos tomados pelo velho Abraão e que haviam sido confirmados pelo Senhor.

Que bom quando seguimos os passos dos homens bons que nos antecederam, passos que são confirmados pelo Senhor (Sl.37:23).

Por isso, o apóstolo Pedro nos convida a seguirmos os passos do Senhor Jesus (I Pe.2:21), como também o salmista orienta os jovens a observar o seu caminho conforme a Palavra do Senhor (Sl.119:9). Temos feito isto?

– Os filisteus haviam entulhado e enchido de terra os poços, mas não podiam eliminar as águas ali existentes.

Tudo quanto o inimigo tenta fazer para nos prejudicar não pode, em momento algum, afastar-nos de Deus, separarmo-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Cf. Rm.8:31-39).

Por isso, apesar dos estorvos, das dificuldades e dos esforços que serem obrigados a dispender por causa das ações dos adversários, não desanimemos, mas busquemos tirar o entulho e a terra e, como consequência, assim como Isaque, reencontraremos “águas vivas” (Gn.26:19).

– Quando as “águas vivas” foram encontradas, os pastores de Gerar porfiaram pelo poço, querendo a água para si (Gn.26:20). É sempre assim: quando o servo de Deus encontra algo que era desprezado e impedido pelo inimigo, o inimigo quer dele se apossar e luta por aquilo a que não se dava qualquer valor.

Este poço, por causa da contenda surgida em torno dele, foi chamado “Eseque”, que significa “contenda”.

– Não podemos nos iludir. Sempre haverá uma contenda entre o inimigo e o servo de Deus. Não há comunhão entre luz e trevas, entre a justiça e a injustiça.

A luta é uma constante característica de nossa peregrinação terrena. Por isso o profeta Miqueias diz que não é aqui o nosso descanso (Mq.2:10), como também o poeta sacro Adriano Nobre diz que somente na terra de além é que terminaremos as lutas de aquém (refrão do hino 2 da Harpa Cristã).

– Isaque, mostrando sua confiança em Deus, diante da contenda surgida, abandona este poço e cava outro, ali também encontrando água.

Entretanto, os pastores de Gerar voltaram a contender, querendo também para si este outro poço, que recebeu o nome de “Sitna”, cujo significado é inimizade.

Vemos que a continuação de uma contenda se transforma em inimizade, motivo pelo qual devemos sempre fugir das contendas, inclusive das contendas de palavras (I Tm.6:4; II Tm.2:14), pois contenda gera inimizade e não podemos ser inimigos de pessoa alguma sobre a face da Terra (o que não impede que alguém seja nosso inimigo).

– Uma vez mais, Isaque não partiu para a violência. Resignadamente, foi cavar outro poço e, desta feita, não houve contenda por causa deste poço e, por isso, chamou o seu nome de “Reobote”, cujo significado é “alargamento”, porque esta ausência de conflito foi vista por Isaque como sendo uma providência divina e uma confirmação do seu crescimento na terra que estava prometida à sua semente (Gn.26:22).

– Isaque soube esperar no Senhor e foi recompensado por isso. Tinha plena consciência que a vida sobre a face da Terra é cheia de percalços, aflições, injustiças e lutas, mas isto não pode nos desanimar de permanecer obedecendo a Deus.

Apesar dos conflitos com os filisteus, Isaque continuou a obedecer ao Senhor e a confiar n’Ele e o resultado é que obteve crescimento e, após algumas lutas, um momento de paz.

– O escritor aos hebreus revela-nos o porquê deste comportamento de Isaque.

Ele não visava a prosperidade material que havia obtido, nem tampouco prevalecer sobre os filisteus pela posse da terra que o Senhor havia prometido para os seus descendentes, mas, sobretudo, seu alvo era a pátria celestial, a cidade que tem fundamentos, cujo artífice e construtor é Deus (Hb.11:9,10,13-16).

– O segredo, portanto, para não partirmos para a contenda e para a inimizade, em meio aos embates desta vida, é fazer como fez Isaque:

obedecer a Deus, confiar em Deus e estar desprendido das coisas desta vida, tendo como alvo a cidade celestial. Quem age assim, não sucumbirá à tentação de lutar com o seu próprio braço, com as suas próprias forças para se libertar das injustiças de que é vítima.

– Como afirma Alexander Maclaren: “…Um tal espírito calmo, forte na não-resistência, pronto para produzir em vez de brigar, era estranhamente fora de lugar nestes dias e terras selvagens.

Ele (Isaque, observação nossa) obedeceu ao Sermão do Monte milênios antes de ele ter sido falado. Se, a partir de temperamento ou de fé, ele (Isaque, observação nossa) é o primeiro exemplo do tipo cristão por excelência no Antigo Testamento.

Por que deveria haver alguma dúvida de que o espírito de mansidão, que não vai atender a violência pela violência, é o espírito cristão.

A moral cristã altera a perspectiva de excelências morais e exalta a humildade acima das “virtudes heroicas” admiradas pelo mundo. As violetas e lírios no jardim de Cristo ofuscam as rosas voluptuosas e girassóis ostensivos.

Neste dia, quando há um recrudescimento do militarismo, e somos tentados a canonizar o soldado, precisamos mais do que nunca a insistir que o tipo mais alto é o “Cordeiro de Deus”, que era “como uma ovelha diante de seus tosquiadores.

 “Lutar pelos meus direitos não é o ideal cristão, nem é a melhor maneira de protegê-los.

Isaque cansará os filisteus e obterá o seu bem por fim e terá escapado de muito atrito e muitas más paixões.…” (O livro de Gênesis. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/maclaren/genesis/the-first-apostle-of-peace-at-any-price.html Acesso em 26 ago. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).

– Todo este comportamento de Isaque levou Abimeleque, o rei de Gerar, juntamente com seu amigo Auzete e o príncipe do seu exército, Ficol, a acabar por selar um pacto com Isaque, reconhecendo ser o patriarca “o bendito do Senhor” (Gn.26:26-29).

– Isaque, ao confiar na provisão divina, ao deixar nas mãos do Senhor a sua vida, acabou por ser reconhecido como um abençoado e pôde trazer bênção para os filisteus, tornou-se uma bênção, cumprindo, assim, o desígnio divino para a sua vida, já que era ele o “herdeiro da promessa de Abraão”.

OBS: “…Isaque ganhou a amizade de seus adversários por sua paciência, como os versos depois do texto dizem.

Suas consciências e os corações foram tocados, e eles ‘viu claramente que o Senhor estava com ele, “e os levou para a aliança”.

É melhor transformar inimigos em amigos do que vencê-los e tê-los como inimigos ainda.

‘Eu vou derrubá-lo, a menos que você me ame “não soa uma maneira muito esperançosa de cimentar relações pacíficas. Mas “quando os caminhos do homem agradam ao Senhor, faz que até os seus inimigos tenham paz com ele.

” Mas Isaque ganhou mais do que o favor dos filisteus por sua tranquilidade e mansidão, porque “o Senhor apareceu-lhe”, e assegurou-lhe que, sem defesa e sem resistir como estava, ele tinha uma defesa forte, e não precisava ter medo:

“Não temas, porque Eu sou contigo.” O ornamento de um espírito manso e tranquilo é, aos olhos de Deus, de grande valor, e isso não apenas para ‘uma mulher’; ela traz visões de Deus, e garantias de segurança tranquila para quem cuida dela.

O Espírito de Deus se resume à semelhança de uma pomba, e este pássaro da paz aninha-se apenas “na onda fascinante’ de um coração que se acalmou da altercação e da ira, como um tranquilo mar de verão.… (MACLAREN, Alexander. op.cit. end. cit.)

– Quando nos desprendemos das coisas materiais, quando mantemos a nossa comunhão com Deus, somos, realmente, “benditos do Senhor” e, desta forma, faremos com que as pessoas glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.

É este o verdadeiro papel do cristão, segundo nos ensina o Senhor Jesus, o de ser sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13-16). Temos correspondido a este papel?

Não é à toa que Alexandre Maclaren tenha dito que Isaque era um cristão por excelência antes do tempo.

– Que Deus nos permita entender, como Isaque entendeu, o significado de Ele ser o nosso Provedor e que possamos, desta maneira, levar os homens a glorificar o nosso Pai que está nos céus.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

2 Comentários

  • gilson ramalho

    A paz do Senhor, agradeço a Deus pelo sr, por nos trazer tantas explicações a respeito das licões, isso me ajuda muito na escola bíblica dominical, eu sou professor, e as aulas ficam bem mais faceis de entende-las, Deus o abençõe sempre e que continue nos dando essa graça do seu entendimento.abraços.

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