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LIÇÃO Nº 2 – O PROPÓSITO DO FRUTO DO ESPÍRITO

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A Bíblia chama de “fruto do Espírito Santo” ao conjunto de ações que fazem o homem que aceita Cristo como seu Senhor e Salvador diferente dos que não tomaram esta decisão.

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INTRODUÇÃO

– A salvação é um processo que traz o homem à comunhão com Deus, pois retira o pecado do homem, que era o que fazia separação entre ele e Deus (Is.59:2).

Este processo é uma verdadeira transformação, que muda o homem completamente, atingindo o homem como um todo – corpo, alma e espírito. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Co.5:17).

– A transformação radical que alcança uma pessoa que é salva foi bem ilustrada pelo Senhor Jesus, que afirmou que quem n’Ele crer passa da morte para a vida (Jo.5:24), das trevas para a luz (Jo.3:21).

Assim sendo, a salvação, necessariamente, vem acompanhada de uma mudança de atitudes, de uma mudança de hábitos, de uma mudança de práticas.

O homem que alcança a salvação passa a ter um novo conjunto de qualidades, um novo conjunto de atitudes, “não anda mais segundo a carne, mas, segundo o Espírito” (Rm.8:1).

Este novo conjunto de ações, que estão de acordo com a vontade de Deus, é o que o apóstolo Paulo denominou de “o fruto do Espírito” (Gl.5:22) e que será o assunto de todo este trimestre.

I- LIÇÕES ESPIRITUAIS DO CONCEITO DE FRUTO

– Sabemos que, para nos ensinar as realidades espirituais, que só podem ser discernidas espiritualmente (I Co.2:12-15), Deus, através da Sua Palavra, usou de figuras naturais, de realidades terrestres, a fim de que nossa mente pudesse bem entender a Sua revelação (Jo.3:12).

As parábolas de Jesus são um exemplo deste eficaz método de ensino divino, mas não foi apenas nas parábolas que Deus Se utilizou desta técnica, que nos permite conhecer as coisas eternas que são, precisamente, aquelas que não podemos perceber através de nossos sentidos físicos (II Co.4:18).

– Uma destas figuras foi a do fruto, conceito que foi amplamente utilizado nas Escrituras Sagradas e que é o objeto de nossa lição presente, pois se trata da base do conceito de “fruto do Espírito Santo”.

A primeira vez que a palavra “fruto” é utilizada na Bíblia foi em Gn.1:11, na narrativa da criação dos vegetais terrestres, no terceiro dia da criação.

Naquela oportunidade, Deus mandou que surgissem na terra ervas verdes que dessem semente, como também árvores frutíferas que dessem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra.

– Esta descrição bíblica mostra-nos, claramente, algo que, séculos depois, seria bem compreendido pelos botânicos (a botânica é a parte da biologia que estuda os vegetais, ou seja, as plantas), que o fruto é um órgão dos vegetais cuja função é proteger e fornecer nutrição para as sementes, que são resultado da fecundação das células reprodutoras dos vegetais, pois há a imediata associação entre o fruto e a semente na ordem divina de criação.

Além desta função para a perpetuação, ou seja, para a continuidade dos vegetais sobre a terra, ao criar o homem, no sexto dia, Deus também determinou que estas sementes e frutos servissem de mantimento para o homem (e, por extensão, a todos os demais seres vivos, que, segundo se infere do início da narrativa do Gênesis, eram todos herbívoros, ou seja, somente se alimentavam de vegetais).

O fruto, portanto, está associado, nas Escrituras, às funções de garantia de êxito da fecundação e alimentação de outros seres (seja as sementes, que são novos vegetais em potencial, seja de outros seres, que constituem o próximo elo da chamada “cadeia alimentar” ).

A primeira nota que devemos levar em consideração ao falarmos do fruto é que o mesmo somente se forma após a fecundação, ou seja, o fruto é uma parte dos vegetais superiores (somente os vegetais mais desenvolvidos, ditos superiores, também denominados de “angiospermas”, têm frutos) que resulta da transformação do ovário da flor.

“…O ovário da flor transforma-se em fruto, que guarda e protege a semente até que as condições externas estejam adequadas para a germinação…”(Biologia-Vegetais. Angiospermas. Disponível em: escolavesper.com.br/angiospermas.htm Acesso em 16 jan.2004).

Portanto, não podemos falar em fruto se não tiver havido fecundação. Ora, em termos espirituais, a fecundação, ou geração, ocorre no momento do novo nascimento. Somente poderemos falar em fruto do Espírito Santo se tiver havido o novo nascimento.

É por isso que Jesus dá tanto valor à frutificação, porque ela é uma demonstração de que houve o novo nascimento, que lhe antecede necessariamente.

A segunda observação a ser feita é a de que o fruto tem uma função de proteção da semente, ou seja, o fruto é uma estrutura da natureza que tem a finalidade de guardar a semente até que ela tenha condições de germinar, de se desenvolver dando origem a um novo ser.

Espiritualmente falando, vemos que o fruto do Espírito Santo é um modo pelo qual o desenvolvimento da nova criatura surgida em Cristo Jesus seja garantido e tenha êxito e sucesso.

Assim como o fruto guarda a semente para que ela possa se tornar uma nova planta, da mesma maneira o fruto do Espírito Santo permite que o crente possa crescer espiritualmente, pois os hábitos e qualidades que irá ter, a partir de então, são instrumentos para a contínua aproximação do crente a Deus, fazendo-o refletir, cada vez mais, a glória do Senhor (II Co.3:17,18).

Não é, aliás, por outro motivo que Nosso Senhor afirmou que, através das nossas boas obras, os homens glorificam a Deus (Mt.5:16).

A terceira observação que temos a fazer é a de que o fruto tem uma função de nutrição, ou seja, o fruto foi feito para alimentar não só a semente, que é um novo ser em desenvolvimento, como também os outros seres, entre os quais o homem, como Deus deixou bem claro na parte final da criação (Gn.1:29,30).

Espiritualmente falando, o fruto do Espírito Santo em nossas vidas tem esta função de proporcionar alimento espiritual para a humanidade.

É através do fruto do Espírito por nós produzido que o mundo poderá reconhecer Jesus, o pão da vida (Jo.6:35,48), que é o único alimento que pode sustentar o homem espiritual.

Por este motivo, Jesus disse que nos escolheu, para que tenhamos fruto e um fruto permanente (Jo.15:16).

A quarta observação que podemos fazer com relação ao fruto é que o fruto é o resultado de um processo fisiológico posterior à fecundação, ou seja, é uma demonstração de que existe vida depois da fecundação.

O fato de ter surgido um novo ser, que está na semente, não significa que a planta-mãe tenha morrido, mas, bem ao contrário, porque ela está viva, o ovário da flor transforma-se em fruto, para guardar e alimentar a semente até que ela tenha condições de germinar.

A frutificação do crente é, também, a demonstração de que nele há vida, de que ele está vivo, de que ele está em comunhão com o Senhor. Jesus deixou-nos bem claro que Ele é a vida (Jo.1:4;11:25) e que, sem que estejamos em comunhão com Ele, não poderemos dar fruto (Jo.15:2-6).

O fruto é uma demonstração de vida e, por isso, é um critério seguro para avaliarmos alguém do ponto-de-vista espiritual.

João determinava aos seus discípulos que produzissem frutos dignos de arrependimento, ou seja, para o maior de todos os homens, não havia como se demonstrar que alguém estava, realmente, arrependido dos seus pecados, senão através da verificação de suas ações e atitudes (Mt.3:8).

Também é através das ações e atitudes que devem ser analisados os candidatos ao ministério na igreja local (I Tm.3:1-13).

OBS: “…As coisas cultivadas são entidades vivas. Por semelhante modo, dentro do cultivo do Espírito, são produzidas em nós as qualidades e os atributos do Deus vivo, e através dessas coisas é que vivemos.

Conforme vamos vivendo, gradualmente vamos assumindo a forma de vida do próprio Deus, pois o produto que está sendo produzido é um filho de Deus, que será conduzido à glória (ver Hb.2:10).…” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. v.2, p.823).

A quinta observação a ser feita com relação ao fruto é a de que o fruto tem como centro a semente, ou seja, existe em função da semente, para guardá-la e alimentá-la, até que ela tenha condições de germinar e dar origem a um novo ser.

Da mesma maneira, o fruto do Espírito Santo tem como centro a Palavra de Deus (a semente também simboliza a Palavra do Senhor, como vemos em Mc.4:14).

Todas as ações e atitudes que caracterizam o fruto do Espírito estão em plena consonância com as Escrituras, são o cumprimento da Bíblia Sagrada na vida de cada crente.

Não é possível que alguém produza o fruto do Espírito e não seja um cumpridor da Palavra de Deus, pois o fruto existe em função da semente.

A sexta observação que podemos fazer com respeito ao fruto é a de que ele é o resultado de uma transformação.

O ovário da flor transforma-se em fruto. O fruto do Espírito Santo é consequência de uma transformação, que é a salvação do homem que aceita a Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.

O fruto do Espírito Santo não é o resultado de uma reforma, de uma deformação, nem de uma formação, mas é produto de uma transformação, de um novo nascimento, nascimento da água e do Espírito.

A educação, a aculturação ou qualquer outra operação humana não tem o condão de fazer produzir o fruto do Espírito Santo. Observemos que o novo ser (a semente) não participa da operação do fruto, que a alimenta e a protege sem que a semente tenha qualquer participação neste processo, a não ser a recepção dos seus benefícios.

De igual modo, o novo homem, salvo por Jesus, é envolvido pelo Espírito Santo, que produz este fruto, dando-lhe guarida e nutrição sem que tenha havido qualquer merecimento por parte do salvo.

É Jesus o instrumento pelo qual nos advém o fruto do Espírito Santo (Fp.1:11-ECA).

OBS: Reproduzimos aqui a referência mencionada da ECA (Edição Contemporânea de Almeida), tal como se encontra na Bíblia de Referência Thompson: “…cheios do fruto de justiça, o qual vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.”

“…Isto nos permite compreender, de imediato, que a vida espiritual, na totalidade de seu desenvolvimento, não consiste em resoluções morais e esforços humanos.

Pelo contrário, o ser humano do crente vai sendo transformado segundo a natureza divina (ver Ef.3:19).

E esse processo de transformação moral está muito além da capacidade do homem mortal decaído. O alvo, por semelhante modo, é por demais elevado, e a vereda é por demais inclinada para o alto para que o homem possa atingi-la como uma realização humana.

Não obstante, torna-se necessária a cooperação do livre-arbítrio humano, pois, de outro modo, nada ocorrerá.…” (Fruto do Espírito. In: CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.822)

– A sétima observação a respeito do fruto é a de que ele permanece até que as condições externas façam com que a semente germine por si só.

O fruto, na vida natural, tem um tempo determinado de atuação, que cessa quando a semente, por si só, é capaz de germinar, ou seja, de morrer e gerar um novo ser, que, por sua vez, dará origem a outras sementes, que serão novos seres, como nos ensinou o Senhor (Jo.12:24).

Ora, do ponto-de-vista espiritual, sabemos que nós, homens, não temos condição alguma de proporcionar a salvação de nossas almas (Sl.49:7,8), de modo que, se fôssemos depender de nós mesmos para alcançarmos, por nossas próprias forças, a salvação, a nossa transformação, estaríamos perdidos, pois, sem Jesus, nada podemos fazer (Jo.15:5).

Desta maneira, se, no mundo natural, o fruto tem um tempo limitado de existência, no mundo espiritual, o fruto é permanente, pois jamais as condições externas farão com que o homem possa germinar por si só.

Por isso, o fruto do Espírito é algo permanente, como bem nos explicou o Senhor (Jo.15:16).

OBS: Embora confunda a noção de fruto do Espírito Santo com a de dom do Espírito Santo (o que é algo que não é peculiar aos católicos, mas também existente entre os evangélicos ditos tradicionais ou reformados), o Catecismo da Igreja Romana, em seu parágrafo 1830, é feliz ao dizer que as ações e atitudes decorrentes da atuação do Espírito Santo na vida do cristão são “…disposições permanentes que fazem o homem dócil para seguir os impulsos do Espírito Santo.” (nosso destaque).

II – DANDO FRUTOS SEGUNDO A ESPÉCIE

– Mas, não é apenas na sua função que o fruto nos traz preciosas lições espirituais.

Também na sua estrutura, o fruto apresenta-se como uma figura das mais eloquentes das ilustrações bíblicas das realidades eternas. A botânica ensina-nos que o fruto possui uma cobertura, denominada pericarpo, constituída por três camadas.

 Esta cobertura pode ser seca e fina, o que faz com que o fruto seja seco (o que ocorre com o trigo, a noz, a avelã e a semente de girassol), como também pode ser suculenta, o que faz com que o fruto seja carnoso.

São muitas as variedades de frutos carnosos: as bagas (tomate, uva), as drupas (pêssego, ameixa, azeitona) e os pomos (pera, maçã, marmelo).

Espiritualmente falando, temos que o fruto do Espírito Santo tem a mesma natureza da sua cobertura, ou seja, o fruto é de acordo com a sua espécie.

O Espírito Santo somente pode produz fruto digno de arrependimento, fruto consonante com a Sua natureza, com as qualidades evidenciadas em Gl.5:22.

Já se a cobertura do fruto não for o Espírito Santo, não adianta querer enganar os homens, pois se saberá, claramente, através da qualidade, que o fruto não é o do Espírito, mas, sim, teremos evidentes frutos pecaminosos e ruins.

– A variedade do fruto na natureza, também, mostra-nos que, na casa de Deus, as pessoas, ainda que desfrutem da mesma natureza e qualidade, nem sempre serão iguais, ou antes, manterão a sua individualidade, complementando-se uns aos outros, pois a variedade é mantida mesmo no seio do povo de Deus.

A igreja não é um conjunto de robôs em série, mas, muito ao contrário, a reunião de pessoas diferentes, com diferentes formas e maneiras de agir e viver, ainda que dotadas da mesma natureza.

Sobre isto, Paulo dissertou mais de uma vez, procurando deixar claro aos crentes de seu tempo (e, por extensão, aos crentes de todos os tempos, inclusive nós, que vivemos os últimos momentos da Igreja sobre a face da Terra), que há uma diversidade, uma variedade entre os crentes, pois, num corpo, não há uma identidade entre os membros (I Co.12:12-20), assim como há uma variedade de dons, operações e ministérios (I Co.12:4-6).

– Outro aspecto importante que observamos na botânica é que o fruto é o fim, o término de todo um processo fisiológico.

Os vegetais superiores concluem todo o processo de sua vida com a formação do fruto, que é o resultado de todo um ciclo vital.

Desde o momento que a semente germina e passa a formar um novo ser (morrendo, como nos fala Jesus), há somente um objetivo, uma finalidade: a formação do fruto. O fruto, como se vê, portanto, é o fim, o propósito, o objetivo de todo o processo. Espiritualmente falando, também vemos que o fim último da vida cristã é a produção do fruto do Espírito Santo.

Todo o processo de concessão da vida espiritual tem como finalidade a formação deste fruto. Jesus foi claro ao afirmar que nos escolheu para que vamos, demos fruto e o nosso fruto permaneça (Jo.15:16).

Mediante a permanência do fruto é que poderemos ter uma vida de comunhão com Deus a ponto de tudo o que pedirmos a Deus, Ele nos conceda (Jo.15:16).

Ao contrário do que advogam os pensadores da Nova Era, só seremos, efetivamente, “deuses”, na medida em que estivermos produzindo fruto, ou seja, na medida em que dependermos exclusivamente do Senhor e façamos a Sua vontade e jamais o contrário.

– Somos de Cristo para que demos frutos para Deus (Rm.7:4). Quem não dá fruto do Espírito Santo não pode ser mantido no meio do povo de Deus e, por isso, é extirpado dele (Jo.15:2).

Jesus deixou isto bem claro tanto na parábola da vinha (Lc.13:6-9), quanto no episódio da figueira infrutífera, que secou mediante a maldição do Senhor (Mt.21:18-22; Mc.11:12-14 e 19-24).

Aliás, é esta a única oportunidade do ministério de Jesus Cristo em que O vemos lançando uma maldição, a demonstrar o quanto desagrada ao Senhor a existência de vidas infrutíferas no meio do Seu povo. Para agradar a Deus em tudo é indispensável que frutifiquemos em toda a boa obra (Cl.1:10).

III – A VIDA CONTROLADA PELO ESPÍRITO

– Além da noção de “fruto”, que nos vem da botânica, também temos de falar sobre a noção de “caráter”, esta já relacionada não com as ciências naturais, mas com as ciências humanas, mais especificamente da psicologia, que cuida do assunto ao tratar da personalidade, isto porque o fruto do Espírito dá a própria identidade do servo de Cristo Jesus, tem a ver com a própria caracterização de alguém como um salvo, pois é este o propósito da produção deste fruto, fazer-nos “novas criaturas”, fazer-nos “filhos de Deus”.

– Sabemos que cada ser humano é diferente do outro, que não existe um indivíduo idêntico a outro, porque Deus não produz homens em série, como costumamos ver nas indústrias, mas, sim, dentro de Seu supremo poder, cria cada homem individualmente, como vemos, aliás, no relato da criação de nossos primeiros pais, cada um feito separadamente e com cuidado especial de Deus (Gn.2:7; 2:21,22).

Por isso, cada homem deve responder individualmente perante o Senhor (Ez.18:30; Rm.14:10; Ap.20:13).

– Como ensinam os psicólogos, porém, esta individualidade do homem, conhecida como personalidade, deve ser dividida, basicamente, em dois elementos básicos: o temperamento e o caráter.

“…Muitas teorias utilizam o conceito de caráter como uma parte integrante da personalidade e que define uma forma definida de conduta, que não é inata mas constituída pela história de vida de cada sujeito, considerando a condição social, ambiente familiar, educação e todos os aspectos importantes para a construção das características de cada um.

O temperamento é definido como um estado orgânico e neuropsíquico constitucional e que define atitudes e atividades espontâneas, sendo inato. As influências do temperamento dos seres humanos são do sistema nervoso, composição bioquímica, hereditariedade e características físicas, enquanto que o caráter é influenciado pelo ambiente.

Estas características definem o temperamento como algo imutável, embora possa ser controlado e dominado. O caráter é construído ao decorrer da vida do indivíduo e pode ser modificado.…” (Caráter e temperamento. Enciclopédia Digital. Disponível em : http://www.google.com/search?q=cache:W5TrgY3YUFAJ:paginas.terra.com.br/educacao/vestcult/enciclopedia/caratertemperamento.htm+car%C3%A1ter,+personalidade,+temperamento&hl=pt-BR Acesso em 28 nov.2004).

– Percebemos, portanto, que o indivíduo nasce com uma constituição (que é única no mundo) que trará o seu temperamento, enquanto que será moldado pelo ambiente em que vive em seu caráter.

Este é um dos fatores pelos quais, embora sejamos crentes em Cristo Jesus, não somos iguais uns aos outros. Pelo contrário, cada um, embora tenha em si a mesma essência, ou seja, o espírito vivificado por Cristo, que nos torna conscientes e sensíveis à voz do Senhor, tementes à Sua Palavra e que nos impede de viver pecando, somos diferentes uns dos outros, a ponto, inclusive, de o apóstolo Paulo ter comparado a Igreja a um corpo humano, que é uma unidade, mas cujos membros são bem diferentes uns dos outros.

Embora tenhamos a mesma essência, temos uma FORMA diferente, para aqui se utilizar da feliz expressão utilizada pelo pastor Rick Warren.

OBS: “…Não nos damos conta de como cada um de nós é verdadeiramente único. As moléculas de DNA podem se reunir em um número infinito de formas.

A possibilidade de você algum dia vir a encontrar alguém exatamente igual a você é de 1 para 10 elevado a 2 400 000 000ª potência. Se você escrever esse número com cada zero da espessura de uma polegada, seria necessário uma tira de papel com 60 mil quilômetros !

Para que você coloque isso em perspectiva, alguns cientistas acreditam que o número de todas as partículas do Universo não passa de 10 seguido de 76 zeros, um número muito menor que as possibilidade de seu DNA.

Sua singularidade é um fato científico da vida. Quando Deus o fez, Ele quebrou a forma.

Nunca houve nem haverá alguém exatamente igual a você.(…). Você foi formado pelas experiências que teve na vida, estando a maioria delas além de seu controle. Deus as permitiu para o seu propósito na sua formação.…” (WARREN, Rick. Uma vida com propósitos, p.213).

– Desta maneira, quando falamos que ocorre uma mudança na pessoa quando ela aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, não queremos dizer, com isto, que a pessoa passa a ser idêntica a tantas outras que seguiram o Senhor Jesus.

As pessoas, quando aceitam a Cristo, não deixam de ser indivíduos, não perdem a sua individualidade, a sua distinção das demais pessoas, pois quem a fez foi Deus e operando Ele, quem pode impedir ? (Is.43:13).

Embora a salvação seja a manifestação da graça de Deus (Tt.2:11), sabemos que Deus não pode negar a Si mesmo (II Tm.2:13b), de forma que a salvação jamais representaria a aniquilação do ser humano que foi criado pelo Senhor, mas a sua submissão à vontade do Senhor.

– A salvação, portanto, não altera a individualidade do salvo, e, portanto, não muda o seu temperamento, que é a parte da personalidade que está ligada à criação, mas, como se trata de uma mudança radical, pois, como ensina o Senhor Jesus, quem é salvo passa da morte para a vida (Jo.5:24), temos uma transformação completa não no temperamento, mas no caráter.

– “…Em contraste ao temperamento, que é principalmente herdado, o caráter é ‘menos herdado’ e é moderadamente influenciado pelo aprendizado social, pela cultura e eventos casuais da vida únicos ao indivíduo(…)

Três traços principais de caráter foram distinguidos:

autodirecionamento,

cooperatividade e

autotranscendência(…).

Autodirecionamento quantifica a intensidade com a qual o indivíduo é responsável, confiável, disponível, objetivo e autoconfidente.(…).

A cooperatividade quantifica a intensidade com a qual os indivíduos se consideram partes integrantes da sociedade humana.(…).

A autotranscendência quantifica a intensidade com a qual as pessoas se consideram partes integrais do universo como um todo. …” (NATRIELLI, Décio Gilberto. Neurobiologia da personalidade.http://www.google.com/search?q=cache:PkzTLCHLmRkJ:www.psiquiatriageral.com.br/psicopatologia/Neurobiologia_da_Personalidade.htm+car%C3%A1ter,+personalidade,+temperamento&hl=pt-BR Acesso em 28 nov.2004).

– Vemos, pois, que, para os psicólogos, o caráter é aquilo que é adquirido ao longo da vida, aquilo que é apreendido pelo homem no seu convívio com o ambiente onde vive, ou seja, aquilo que incorpora, conscientemente ou não, ao longo da sua história.

Ora, a Bíblia mostra-nos, claramente, que o homem, ao fazer opção entre servir a Deus ou não, acabou optando por conhecer o mal, o que lhe foi altamente desfavorável, pois, em assim fazendo, morreu espiritualmente, pois pecou e isto fez divisão entre ele e Deus.

Em virtude deste pecado, o homem se sujeito ao domínio do pecado (Gn.4:7; Jo.8:34), de tal maneira que, adquirindo a consciência, o homem, que se encontra dominado pelo pecado, cuja natureza é pecaminosa (que é a “carne” mencionada em varas passagens bíblicas, notadamente em Romanos), acaba pecando e construindo um caráter contrário à vontade de Deus.

– O homem sem Deus, portanto, dotado de uma natureza pecaminosa, outra coisa não faz senão desobedecer ao Senhor e satisfazer aos desejos da carne, praticando atitudes e ações que revelam um sentimento de autossuficiência e de egoísmo (são “amantes de si mesmos”, cfr. II Tm.3:2), que levam a um caráter altamente reprovável, despido de

 autodirecionamento (não segue a sua vontade, mas o curso deste mundo – Rm.7:15; Ef.2:2), de

cooperatividade (não leva em conta o próximo, mas única e exclusivamente a si próprio, aos seus deleites – Lc.8:14, I Tm.5:16; Tg.4:1) e de

autotranscendência (são cegos e não reconhecem a Deus como o Senhor de todas as coisas – Mt.15:14; Jo.9:41; Rm.2:17-29).

– Entretanto, quando o homem aceita a Cristo, ocorre uma verdadeira transformação no seu ser.

O espírito do homem (que é a parte do homem encarregada da ligação do homem com Deus, que é responsável pela consciência e pela fé natural) é vivificado em Cristo (I Co.15:22), pois, com o perdão dos pecados mediante o sacrifício de Cristo no Calvário, que é aceito pelo homem que se converte a Jesus, somos justificados e passamos a ter paz com Deus (Rm.5:1).

Vivificado, o espírito passa a controlar a alma e o corpo e se submete ao Espírito Santo, mantendo com Ele comunhão pelo qual clama “Abba, Pai” (Rm.8:9-17). Neste momento, ocorre o que Jesus denominou de novo nascimento (Jo.3:3).

– A partir do novo nascimento, o homem passa a ter um novo ambiente, que é o ambiente da comunhão com o Senhor, pois o próprio Senhor vem habitar no crente (Rm.8:9, Jo.14:23) e isto fará com que seja modificado o seu caráter.

Sim, a experiência da salvação transformará a parte da personalidade do homem que é adquirida, ou seja, o caráter, que passará a ser igual a de todos os demais crentes, pois “…há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação.

Um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.” (Ef.4:4-6).

– Entretanto, cada um continua a ser diferente um do outro, porque a individualidade, como vimos, não pode ser destruída nem aniquilada, de tal sorte que o mesmo apóstolo Paulo, após enfatizar a unidade de caráter entre os crentes, faz questão de dizer que “…a graça de Deus é dada a

cada um de nós, segundo a medida do dom de Cristo.…” (Ef.4:7) e, em outra passagem, “…o corpo é um e tem muitos membros e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo(…)o corpo não é um só membro, mas muitos…” (Rm12:12,14).

– Assim, se adquirimos um novo caráter, o caráter cristão, que é o que Paulo denomina de “o fruto do Espírito”, que é idêntico a todos os crentes, pois resultado da atuação do mesmo Espírito que habita em cada

um deles, não devemos nos esquecer de que cada crente tem seu temperamento, que o faz diferente um do outro, mas que, necessariamente, tem de estar sob o controle do Espírito Santo.

Assim, cada crente é diferente um do outro, pois tem um temperamento distinto do de cada irmão em Cristo, e este temperamento não é modificado pela salvação, pois é resultado de obra divina,

que não pode ser aniquilada pelo próprio Deus, mas este temperamento é dirigido e controlado pelo Espírito Santo, de forma que as ações e as obras do crente não são feitas em detrimento da doutrina, pois há um controle do Espírito sobre o nosso espírito e do nosso espírito sobre o nosso temperamento.

OBS: “…Você é a única pessoa na Terra que pode usar suas habilidades. Ninguém mais pode assumir o seu papel, porque ninguém mais possui a configuração exclusiva que Deus lhe deu. A Bíblia diz que Deus equipa você com tudo o que [você necessita] para fazer a sua vontade.(Hb.13:21 – A Bíblia Viva).…” (WARREN, Rick. Uma vida com propósitos, p.211).

– O segredo, portanto, de apresentarmos um caráter cristão e de controlarmos o nosso temperamento para que este caráter se forme e, portanto, que produzamos o fruto do Espírito, é o de nascermos de novo,

de realmente crermos em Jesus e deixarmos que o Espírito Santo domine a nossa vida, que submetamos o nosso espírito ao Espírito Santo e, desta forma, apesar de nosso temperamento, produziremos o fruto do Espírito.

Por isso, não podemos concordar com pessoas que querem servir a Deus “do jeito que são”, que “Deus respeita o meu modo de ser”, pois não é isto que dizem as Escrituras.

Embora reconheçamos a individualidade de cada um e de que ninguém é igual a ninguém, não podemos concordar com a teoria de que “ninguém é de ninguém”. Somos de Cristo e a Ele pertencemos, se é que realmente cremos n’Ele como nosso Salvador. Somos Sua propriedade, porque fomos comprados por Ele por bom preço (I Co.6:20a).

IV – A SINGULARIDADE DO CARÁTER CRISTÃO

– Vimos já, pela botânica e pelo que ensinam as Escrituras, que cada um produz fruto segundo a sua espécie.

Ora, se somos crentes sinceros e verdadeiros, ou seja, se somos salvos e passamos a ser, então, chamados filhos de Deus (Jo.1:12; Rm.8:16; I Jo.3:1), necessariamente teremos de revelar esta nossa espécie, produzindo, portanto, o fruto do Espírito Santo, tendo ações e obras que comprovem que agora pertencemos a Deus, que somos participantes da natureza divina (II Pe.1:4).

– Jesus, mesmo, nas Suas últimas instruções aos discípulos, ressaltou que o salvo é parte integrante da natureza divina, é uma vara, um ramo da videira verdadeira, que é o próprio Cristo (Jo.15:1,5) e que, nesta condição, o crente, obrigatoriamente, tem de frutificar, sob pena de ser lançado fora (Jo.15:5,6).

– Sendo assim, é impossível que alguém que tenha, realmente, fé em Cristo e tenha, por meio desta fé, sido justificado e alcançado a salvação (Rm5:1), não venha a ter obras que demonstrem existir o fruto do Espírito (Tg.2:17,20).

Quem está em Cristo, quem o diz é o próprio Senhor, dá muito fruto e um fruto permanente, que denuncia a sua filiação divina, a ponto de levar os homens ímpios a glorificarem a Deus (Mt.5:16).

– O fruto do Espírito, ou seja, o caráter cristão é algo distintivo e que faz com que os salvos sejam distinguidos dentre todos os homens.

Os salvos são sal da terra e luz do mundo e, portanto, suas presenças são notadas entre os homens. Ainda que, como sal, os crentes não sejam visíveis e aparecidos (e eis um sinal de que alguém pode ser um falso crente:

quando começa a querer aparecer demais…), o fato é que suas presenças, a exemplo do sal, incomodam, dão sabor, fazem com que feridas sejam atacadas e isto sem que o crente se esforce por fazê-lo, mas pela própria natureza da sua condição de crentes.

Como luz do mundo, o crente ilumina o lugar onde se encontra, faz aparecer as trevas, e isto também sem fazer força, pela própria natureza da sua condição.

Por isso é que os crentes são aborrecidos pelo mundo, detestados e odiados (Jo.15:18,19), porque as obras dos ímpios são más e nisto consiste a sua própria condenação:

em amar mais as trevas, mais a podridão denunciada pela presença do salvo, do que a luz ou a cura espiritual (Jo.3:.19-21).

– Além de o fruto do Espírito Santo fazer com que os crentes sejam aborrecidos pelo mundo, também tem como consequência gerar uma separação entre o crente e o que não é crente.

A Bíblia revela que a igreja primitiva, que é o modelo bíblico para toda igreja local, era uma comunidade que tinha identidade própria, que era diferente de todos os demais grupos que havia em Jerusalém.

Embora os crentes não se apartassem do povo de modo físico, tanto que não cessavam de pregar o Evangelho de porta em porta, de rua em rua, tanto que os próprios membros do Sinédrio testemunharam que “toda a Jerusalém estava cheia desta doutrina” (cfr. At.5:28), a verdade é que, pelo seu modo de viver distinto, “…ninguém ousava ajuntar-se com eles, mas o povo os tinha em grande estima.” (At.5:13b).

Uma conduta de acordo com a Palavra do Senhor causa temor , i.e., respeito junto aos incrédulos que, deste modo, não se atrevem a se infiltrar no meio do povo de Deus e, mais do que isto, reconhecem o valor e a presença de Deus no meio da comunidade de servos do Senhor.

OBS: Vemos, assim, com grande preocupação a perda deste sentimento do povo incrédulo com relação aos crentes na atualidade. Há alguns anos atrás, quando alguém se identificava como crente, era tratado com certo respeito e temor pelos demais.

Hoje em dia, lamentavelmente, dizer que alguém é evangélico já quase nada representa para os ímpios, até porque muitos “evangélicos” vivem exatamente como os “não-evangélicos”.

Esta falta de temor é resultado da inexistência na vida de muitos que se dizem crentes do fruto do Espírito, das qualidades que o deveriam tornar diferente dos demais que dizem não crer em Jesus.

– Esta é a realidade que nos vem das Escrituras. O crente tem um comportamento, uma conduta diferente dos demais homens, porque tem uma natureza diferente, é de uma espécie diferente.

Enquanto o crente é filho de Deus, o ímpio é filho do diabo (Jo.8:44); enquanto o crente é luz, o ímpio é treva; enquanto o crente tem vida, o ímpio está morto.

Portanto, não pode, mesmo, haver comunhão entre o crente e o descrente. Assim, não podemos admitir o discurso de que o crente deve assumir a forma do descrente, até para “ter maior facilidade na evangelização”.

Não temos, em absoluto, que tomar a forma do mundo. A Bíblia diz que não devemos nos conformar com o mundo (Rm.12:2), mas buscar transformá-lo.

A mensagem de que o crente deve, na medida do possível, apresentar-se como uma pessoa do mundo, “sem discriminação”, é uma mensagem satânica, ao arrepio do que ensina a Palavra.

Não devemos temer a oposição do mundo, mas ver nela uma confirmação até do caráter genuíno de nossa fé. Jesus não nos deixou ignorantes sobre este aspecto, mas, em momento algum, disse que deveríamos recuar.

Muito pelo contrário, deixou-nos o exemplo de manter nossa conduta e nossa lealdade ao Senhor mesmo que isto venha a custar a nossa própria vida: “…se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele.” (Hb.10:38b).

– Mas, ao mesmo tempo em que a Bíblia diz que o caráter do cristão deve ser sempre o mesmo, também nos deixa claro que caráter tem a ver com obras, com atitudes, com ações, mas que indicam uma transformação interior, uma verdadeira salvação. Não devemos nos impressionar com a aparência, mas, sim, com a reta justiça (Jo.7:24).

Devemos analisar as pessoas pelos frutos que produzem, ou seja, devemos verificar quais são as suas atitudes, qual é o seu caráter, não simplesmente o que está aparecendo em torno delas.

Não nos preocupemos com os sinais, prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua vida.

É pelos frutos que reconheceremos quem é crente e quem não o é, pois Jesus disse que aquele que não produzisse fruto, seria lançado fora da videira verdadeira. O caráter cristão permite-nos vislumbrar quem tem, ou não, comunhão com o Senhor e isto é que é importante, pois a comunhão com Deus representa a libertação do pecado e a consequente aceitação por Deus.

V – OS PROPÓSITOS DA FRUTIFICAÇÃO ESPIRITUAL

– Tudo que Deus faz tem um propósito (Ec.3:1). Deus é um ser moral e, como tal, sempre age tendo em vista a concretização, a realização de um objetivo, de uma finalidade.

Não foi diferente quando planejou a salvação do homem e, nesta salvação, instituiu a transformação do caráter cristão, a produção do fruto do Espírito Santo.

– Deus, ao resolver salvar o homem, quis, por Seu imenso amor a esta criatura, libertá-lo do pecado e restabelecer com este ser a comunhão primitivamente constituída.

Para tanto, mandou Seu Filho para que pagasse o preço pela nossa redenção, que impunha o derramamento de sangue inocente.

Mas, pago este preço, antes que remova estes céus e terra, depois de devidamente restaurados, para estabelecer um novo universo onde habite a justiça, o Senhor quis mostrar ao homem, de modo irrefutável, as vantagens e a excelência que há em servi-l’O mediante a aceitação da Sua graça pelo sacrifício vicário de Cristo.

– Assim, ao determinar a descida do Espírito Santo, para vir habitar em cada crente, em cada um que aceitasse Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, Deus quis demonstrar o que é a comunhão com Deus, qual é a excelência que se está propondo e trazendo a cada ser humano.

Para tanto, constituiu na Terra um povo que fosse a imagem deste Deus amoroso, que fosse o reflexo deste Deus misericordioso que quer salvar o homem.

– A Igreja, portanto, é a imagem de Deus na Terra, é o corpo de Cristo, é a nação que reflete “ o resplendor da glória do Pai, a expressão imagem da pessoa do Pai” (Hb.1:3a).

A Igreja é este espelho e “…todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Co.3:18).

– Ora este reflexo do brilho de Cristo e, consequentemente, do Pai, pois Eles são um (Jo.10:30), a Igreja somente pode ter graças ao fruto do Espírito.

É através desta mudança de caráter, desta transformação das atitudes por parte dos salvos, que as pessoas percebem a presença de Deus na vida de cada cristão, a ponto de serem iluminadas e despertadas a respeito da realidade divina, tanto que glorificarão a Deus que está nos céus por causa destas obras (Mt.5:16).

– O caráter cristão é a maior evidência, a maior demonstração de que Deus habita no crente, de que Deus tem poder para salvar o homem e transformá-lo.

Paulo, na sua defesa perante o rei Agripa, tinha plena convicção a respeito disto, tanto que, mesmo preso e ameaçado de morte pelos judeus, pôde dizer com autoridade espiritual que dava testemunho de sua fé tanto a grandes, quanto a pequenos, permanecendo no amor de Deus (At.26:22).

– O primeiro milagre de Jesus bem demonstra esta realidade espiritual. Após ter transformado a água em vinho, nada aconteceu enquanto o mestre-sala não provou a água feita vinho.

Após a prova por parte do mestre-sala é que tivemos a publicação do milagre e a sua divulgação (cfr. Jo.2:9-11). Somente depois que o crente é experimentado e suas ações sentidas pelos que estão à sua volta, que se poderá, efetivamente, evangelizar e demonstrar a boa qualidade da vida espiritual em Cristo Jesus.

– O fruto do Espírito, portanto, é uma necessidade para a evangelização da Igreja, que é a tarefa primordial do povo de Deus, pois a Igreja foi constituída para cumprir a grande comissão.

É por isso que o adversário procura tanto fazer desaparecer dos ensinos na casa do Senhor este tema, pois, sem que haja uma verdadeira preocupação dos crentes em ter um verdadeiro e genuíno caráter cristão, jamais se terá uma efetiva e genuína pregação do Evangelho.

– Mas o fruto do Espírito, também, se apresenta como uma necessidade para que a Igreja cumpra a sua outra importante tarefa na Terra, que é a do aperfeiçoamento dos santos.

Como disse Paulo na passagem de II Co.3:18, ao refletirmos a glória de Deus como um espelho, nós somos transformados de glória em glória,

ou seja, quando produzimos o fruto do Espírito, quando somos conscientes da necessidade de produzir boas obras, passamos a nos dedicar mais ao Senhor, passamos a querer buscá-l’O com mais intensidade e assim, dia após dia crescemos espiritualmente, pois nos afeiçoamos cada vez mais à vontade do Senhor.

O fruto do Espírito começa a ser produzido com maior perfeição e isto representa aperfeiçoamento espiritual, crescimento na fé.

Somente um crente cioso e inclinado a se autoexaminar continuamente e a melhorar ininterruptamente seus caminhos diante do Senhor pode alcançar crescimento espiritual.

– Na medida em que praticamos boas obras, na medida em que passamos a demonstrar o caráter cristão, estaremos, também, trazendo o bem às pessoas que nos cercam.

O crente é sal da terra e luz do mundo e, portanto, iluminará os ambientes que frequenta, como também conservará a pureza ou curará os males do lugar onde está.

A Bíblia diz que o crente é a nascente de um rio de água viva (Jo.7:38) e, como nos ensina a geografia, o rio é um elemento primordial para que se constitua um núcleo humano de habitação, para que se construa uma sociedade, uma comunidade.

O crente, portanto, é um elemento que traz a vida para as pessoas, que permite com que as pessoas possam ser despertadas para a realidade da necessidade da comunhão com Deus e com o próximo,

mas isto tudo somente pode ocorrer se houver a produção do fruto do Espírito, sem o que este rio não nascerá, sem o que este rio não será água corrente, mas apenas uma cisterna rota, de água parada, mal cheirosa e produtora de doenças (Jr.2:13).

OBS: Aqui cabe indagar a respeito de alguns crentes que vivem pedindo oração para saírem do local onde moram, onde estudam, onde trabalham, porque ali o lugar é ruim, tenebroso, perigoso, imoral etc.

Ainda que não possamos generalizar, é preciso que estes crentes reavaliem as suas condutas, pois se as suas presenças não melhoraram coisa alguma daquele lugar, como podem eles se dizer crentes, à luz do que estamos estudando?

– Por fim, como diz o próprio Jesus, vemos que a presença de crentes frutíferos leva os ímpios a glorificarem a Deus (Mt.5:16).

A Igreja, aqui, em perfeita consonância com o Espírito Santo, faz com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus.

O trabalho do Espírito Santo é o de glorificar a Jesus (Jo.16:14), assim como o trabalho de Cristo na Terra foi o de glorificar o Pai (Jo.17:4).

Nós, como corpo de Cristo, temos de prosseguir neste trabalho de glorificação do Pai e isto só será possível através das nossas boas obras.

Quando deixamos de produzir o fruto do Espírito, simplesmente estamos impedindo que o trabalho da Igreja seja feito e é por isso que o Jesus não nos admitirá no Seu povo se tal trabalho não for realizado.

Quando nos recusamos a dar glória a Deus já é ruim (como nos mostram os tristes exemplos bíblicos de Nabucodonosor e de Herodes), imagine impedir que os outros glorifiquem a Deus?

Tomemos, pois, muito cuidado e passemos a ser verdadeiros e genuínos crentes em Cristo Jesus, produzindo o fruto do Espírito.

Caramuru Afonso Francisco

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