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LIÇÃO Nº 12 – QUEM AMA CUMPRE PLENAMENTE A LEI DIVINA

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Deus é amor e, portanto, ninguém que se diga filho de Deus, que tenha recebido a mesma natureza do Senhor, pode viver sem demonstrar este amor dentro de si.

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Parte 01

Parte 02

INTRODUÇÃO

– “Três palavrinhas só, eu aprendi de cor: Deus é amor, trálálálálálá, lalá”. Este pequeno e conhecido corinho infantil traz uma das maiores verdades, senão a maior verdade revelada por Deus ao homem: Deus é amor (I Jo.4:8b).

– Apesar de ser algo conhecido de todos, lamentavelmente não é uma realidade que se possa atingir com o intelecto ou com a mente.

Somente aqueles que se convertem e recebem o Espírito Santo em suas vidas é que podem, efetivamente, ter o amor divino e, assim, desenvolver as nove qualidades apontadas nas Escrituras como sendo o fruto do Espírito.

  1. OS QUATRO TIPOS DE AMOR

– Numa das mais sucintas, mas muito profundas, definições de Deus na Bíblia, o apóstolo João, que é chamado de “apóstolo do amor”, disse que Deus é amor (I Jo.4:8b).

Em seu evangelho, João, que desfrutou como ninguém da intimidade com Jesus Cristo (cfr. Jo.14:23), deixou-nos, igualmente, a mais sucinta síntese do plano da salvação, no chamado “texto-áureo” da Bíblia.

Nele, uma vez mais, o apóstolo mostra qual é a essência de Deus, ao nos dizer que “Deus AMOU o mundo de tal maneira” e, assim, nos enviou Seu Filho Jesus Cristo.

– Ora, se Deus é amor, como pode gerar filhos que não tenham o mesmo amor?

Como sabemos, os filhos têm a mesma herança dos seus pais. Jamais alguém que seja feito filho de Deus (Jo.1:12), que tenha sido gerado da água e do Espírito (Jo.3:5), que seja participante da natureza divina (II Pe.2:4), não tenha, pois, o amor divino.

A prova de que alguém é, realmente, um filho de Deus está, precisamente, em ter este amor. Jesus deixou-nos isto muito claro ao dizer que Seus discípulos seriam reconhecidos pelo amor(Jo.15:12; I Jo.2:10,11; 3:10,11).

OBS: “…O caminho que ultrapassa a todos os dons e ao qual todos os membros da comunidades devem aspirar é o amor. ‘ Deus é amor’ ( I Jo. 4,8), Jesus é o enviado do amor (Jo. 3,16), e o centro do Evangelho é o mandamento do amor ( Mc 12,28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus ( Rm. 13,8-10).

O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a discernir as situações e a criar gestos oportunos, capazes de responder adequadamente aos problemas.

Os outros dons dependem do amor, não podem substituí-lo, e sem ele nada significam. O amor é a força de Deus e também a força da pessoa aliada a Deus. É a fortaleza inexpugnável que sustenta o testemunho cristão, pois ‘ tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’.

O amor é eterno e transcende tempo e espaço, porque é a vida do próprio Deus, da qual o cristão já participa. É maior do que a fé e a esperança, que nele estão contidas.” (BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral, nota a I Co 13:1-13, p.1474).

— O amor mencionado nas Escrituras como sendo a essência divina é o chamado amor “agape” (άγάπη), assim denominado pela palavra grega utilizada em o Novo Testamento para esta espécie de amor. Com efeito, no grego, pelo menos quatro são as palavras usadas para “amor”, a saber:

a) “eros” (ερως) – esta palavra não é encontrada no Novo Testamento e vem de “Eros”, que era uma das divindades menores da mitologia grega (o “cupido” dos romanos).

Este amor é o amor carnal, o instinto sexual, a atração física. Desta palavra grega temos palavras em português como “erotismo”, “erótico”, que bem descrevem a natureza deste amor.

Este amor, de forma distorcida, é o difundido no mundo de hoje, dando origem a toda sorte de imoralidade e impureza sexual.

OBS: “…Nossa sociedade confunde o amor e a luxúria. Ao contrário da luxúria, o amor de Deus é dirigido exteriormente às outras pessoas, e não interiormente, a nós mesmos.

É totalmente desinteressado. Esse tipo de amor é contrário às nossas inclinações naturais.…” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, nota a I Co.13:4-7, p.1802).

b) “storge” (στοργή) – amor existente entre pais e filhos, fruto da afeição parental, o amor mais sublime que existe entre os homens, como afirma o Senhor em Sua Palavra como vemos em Is.49:15 ou Is.66:13, ou quando considera a Deus como Pai.

c) “philia” (φιλία) – esta palavra já é encontrada no Novo Testamento(II Pe.1:7, “amor fraternal” na Versão Almeida e Corrigida). É o amor emocional, sentimental, decorrente de uma atitude de simpatia, de empatia, é a amizade.

Este tipo de amor permite-nos gostar daquilo que nos agrada. É um amor que nasce do valor que damos ao ente amado. É o amor característico entre os seres humanos.

d) “agape” – também se encontra esta palavra em o Novo Testamento. É a palavra utilizada todas as vezes em que se menciona um amor que tem como origem o próprio Deus, a começar do chamado ” texto áureo da Bíblia”.

É um amor que não leva em consideração o valor do ente amado, que não se importa em satisfação própria, mas que tem prazer tão somente no benefício do ente amado.

OBS: João Ferreira de Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia para a língua portuguesa, querendo manter a distinção entre “philéo” e “agape” do texto original grego, traduziu “filéo” por “amor” e “agape” por “caridade”.

O uso da palavra “caridade” acabou causando alguma confusão, pois, através dos séculos(a Bíblia foi traduzida por Almeida no século XVII), a palavra “caridade” acabou adquirindo um outro significado, qual seja, o de ajuda aos pobres e necessitados, o de dar esmolas.

Por causa disso, foi a palavra substituída na Versão Revista e Atualizada de Almeida e em outras traduções posteriores.

De qualquer maneira, quem utiliza o texto da Versão Revista e Corrigida de Almeida, não pode se confundir: “caridade” no texto quer dizer “amor divino”, tanto assim que Paulo faz questão de dizer que “caridade” não é “dar esmola aos pobres” (cfr. I Co.13:3).

– O amor de Deus é diferente do amor que tem nascimento no homem. Como disse Jesus a Nicodemos, quem nasce de novo, nasce da água e do Espírito, não nasce da carne, ou seja, da natureza pecaminosa do homem.

O homem é um ser sensível (embora, muitas vezes, o pecado esteja em estágio tão avançado que o homem se torna tão embrutecido que seja muito custoso encontrarmos alguma sensibilidade) e, como tal, ele chega a amar pela sua própria natureza.

Mas este amor proveniente do homem, este amor que tem fruto na natureza pecaminosa do homem, não é o amor de que estamos aqui a falar.

– Este amor que nasce do homem é egocêntrico, ou seja, busca os seus próprios interesses.

Amamos porque o ente amado nos faz bem, nos traz algum benefício. Amamos aquelas pessoas cuja companhia nos é agradável; amamos as coisas que nos trazem satisfação.

Por isso, por exemplo, muitos amam o dinheiro, porque ele traz aos que o possuem coisas agradáveis, permitem a satisfação de suas necessidades.

Quem busca a Deus única e exclusivamente para ter benefícios desta comunhão vive este amor humano.

Ama a Deus porque Ele lhe proporciona saúde, riqueza, prosperidade, mas, se vierem as dificuldades, as lutas e as provações, estas pessoas deixam de amar o Senhor, precisamente porque este amor não é o verdadeiro amor divino, o amor “agape”, mas apenas um amor emocional, sentimental, nascido na natureza carnal.

– O amor proveniente de Deus, o amor peculiar à natureza divina é o amor que leva em consideração o outro, não a si próprio. Deus não ama o homem porque tenha o homem algum valor diante de Deus.

O homem e toda a sua justiça, como bem descreveu o profeta, não passa de trapo de imundícia (Is.64:6). Diante do Senhor, o homem é como um vapor, é como a erva do campo (Tg.5:14; I Pe.1:24).

Apesar disto tudo, Deus nos ama e nos quer bem a todo instante e, neste amor, humanizou-Se e Se fez maldito para nos proporcionar o restabelecimento da comunhão perdida por causa do pecado e, assim, tornar possível que voltemos a viver eternamente na Sua companhia!

– A busca e o desenvolvimento deste amor no nosso ser é o caminho a ser seguido pelo cristão. Formar Jesus em nós (cfr. Gl.4:9) nada mais é que conseguirmos amar como Jesus nos amou (Jo.15:9,10,12).

Por isso, Paulo insistiu tanto com os coríntios para que trilhassem o caminho mais excelente, que é, precisamente, o da aquisição e prática do amor (I Co.12:31).

OBS: “…É impossível ter esse amor a menos que Deus nos ajude a colocar nossos próprios desejos naturais de lado, de forma que possamos amar a não esperar nada em troca.

Desse modo, quanto mais nos tornarmos semelhantes a Cristo, mais amor mostraremos para com os outros.” (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, nota a I Co.13.4-7, p.1602).

– É preciso ter amor para ser filho de Deus (I Jo.4:7) e, por isso, o amor é o pressuposto, é o elemento primeiro e indispensável para que alguém seja um cristão e possa ser um vaso de bênçãos nas mãos do Senhor.

O verdadeiro fruto do Espírito Santo, portanto, o resultado do novo nascimento outro não é senão a criação do amor divino no homem e a sua demonstração aos semelhantes e a todo o Universo.

OBS: “… O essencial na autêntica fé cristã é o amor segundo uma ética que não prejudique o próximo e que persevere na lealdade a Cristo e à Sua Palavra.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a I Co.13:4-7, p.1761).

II – AS CARACTERÍSTICAS DO AMOR DIVINO (AMOR “AGAPE”)

– Mas quais são as características deste amor que nos é dado pelo Espírito Santo no momento em que nascemos de novo (Rm.5:5)? Paulo apresenta-as no capítulo 13 de I Coríntios e, resumidamente, poderemos elencá-las aqui.

– O amor é sofredor (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor proveniente de Deus não se importa com o sofrimento, com o padecer.

Quem ama, sofre se este sofrimento representa o bem do ente amado. O amor divino é altruísta, ou seja, vê o benefício do outro e vive em função do outro, não de si mesmo. “… A caridade é sofredora, tendo paciência com pessoas imperfeitas.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, nota I Co.13.4-7, p.1190).

Por causa do amor divino, Jesus tudo padeceu e sofreu para nos salvar. Paulo adverte-nos que o amor tudo sofre (I Co.13:7).

Quem não admite o sofrimento, quem não tolera o padecer (como os defensores da confissão positiva ou da teologia da prosperidade), não ama e, portanto, não é filho de Deus. Nós admitimos sofrer?

Nós somos capazes de sofrer? Eis um belo termômetro do amor divino em nós!

– O amor é benigno (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor proveniente de Deus não é malicioso, não tem má-fé, más intenções (ou, como se diz, “segundas intenções”).

Quem ama sempre é movido pela boa-fé, pela pureza de propósitos, de intenções e de pensamentos. “…Como temos pensado? O que temos imaginado? É algo puro e próprio de alguém que tem uma mente limpa e que só deseja o bem dos que o cercam?

Se não há este tipo de pensar, de vontade e de intenção, não podemos dizer que amamos e, assim, não seremos um autêntico filho de Deus. Jesus bem demonstra esta qualidade ao perdoar aqueles que O cravavam na cruz!

– O amor não é invejoso (I Co.13:4), ou seja, quem tem o verdadeiro amor não cobiça o que é do próximo, não se incomoda com o sucesso, o êxito e o bem-estar do seu semelhante.

A inveja, diz-nos a Escritura, é a podridão dos ossos (Pv.14:30b) e, em razão dela, ocorreu o primeiro homicídio.

Queiramos o progresso e o sucesso do próximo, alegremo-nos com a alegria do outro, não cobicemos as suas bênçãos, nem a sua posição.

Jesus, sendo o próprio Deus, fez questão de prometer e destinar aos Seus servos maior êxito e maior sucesso ministerial do que o d’Ele próprio (Jo.14:12).

Se não aguentamos o bem do próximo, o sucesso do nosso vizinho, do nosso irmão, do nosso companheiro de trabalho, cuidado, este é um sinal evidente de que nós não amamos e que, portanto, não é um verdadeiro filho de Deus.

– O amor não trata com leviandade (I Co.13:4), ou seja, não busca a vanglória, não tem o objetivo de alcançar a vaidade, o poder pelo poder, a satisfação pela satisfação.

Muito pelo contrário, o verdadeiro amor sempre tem uma finalidade: o de obter a glorificação de Deus. Jesus tudo fez neste mundo para que o nome do Senhor fosse glorificado (Jo.17:4) e deve ser este o comportamento de todo verdadeiro cristão (Mt.5:16).

Quais têm sido os objetivos, os fins perseguidos por nós? Se é a vanglória, a glória vã, a glória humana, a glória do mundo, passageira e transitória, este é um fator que está a indicar que não se tem amor, que não se é um filho de Deus.

– O amor não se ensoberbece (I Co.13:4), ou seja, o amor não gera orgulho. O amor proveniente de Deus não cria uma autossuficiência no homem, não o faz sentir melhor do que os outros, não faz nascer um senso de superioridade em quem ama.

Por isso, reafirmamos que nenhum dom espiritual ou o batismo com o Espírito Santo podem gerar no crente uma sensação de santidade diferenciada em relação aos demais crentes.

Isto não pode ocorrer, pois, se o crente batizado com o Espírito Santo ou portador do dom espiritual permanece no amor de Jesus (Jo.15:9,10), o amor não gera o orgulho.

O orgulho só exsurge quando se acha iniquidade no ser orgulhoso, exatamente do mesmo modo que ocorreu com o diabo (Is.14:12-14 c.c. Ez.28:15). Jesus dá-nos o exemplo, pois é o professor da humildade (Mt.11:29).

– O amor não se porta com indecência (I Co.13:4), ou seja, quem ama não é indecente, segue os bons costumes, demonstra pudor, recato e respeito.

Quem ama é puro, tem autoridade moral, sendo transparente e de excelente reputação.

Será, sim, criticado, mas as críticas que lhes forem feitas, apenas servirão para evidenciar o seu bom testemunho e o bom porte apresentado diante de Deus e dos homens (I Pe.2:12).

Jesus mostrava esta autoridade (Mt.7:29; Jo.8:46) e nós devemos ser Seus imitadores (I Co.11:1).

Podemos dizer que nos portamos com decência? Só os decentes são autênticos filhos de Deus.

– O amor não busca os seus interesses (I Co.13:5). Como já dissemos, o amor proveniente de Deus é altruísta, leva em conta o outro, não está interessado em si mesmo, nem em seu próprio benefício, mas antes quer o benefício do outro.

“… À diferença do amor passional e egoísta, a caridade (agapé) é um amor de dilecção, que quer o bem do próximo. A sua fonte está em Deus, que amou primeiro ( I João 4,19), e entregou Seu Filho para reconciliar consigo os pecadores…” (A Bíblia de Jerusalém – Novo Testamento, nota s, p.470).

Jesus é o exemplo supremo de desprendimento e de busca exclusiva do interesse do outro (Rm.5:8).

Será que temos corrido em busca do benefício dos outros, ou temos pensado apenas em nós mesmos?

Se somos egoístas, se o “eu” prevalece nas nossas atitudes, não amamos e, portanto, não somos autênticos filhos de Deus.

– O amor não se irrita (I Co.13:5), ou seja, o amor apresenta uma mansuetude, uma tranquilidade, irradia uma paz que é diferente das promessas de paz oferecidas pelo mundo.

A paz daquele que ama é, precisamente, a paz de Cristo (Jo.16:33), a paz verdadeira.

O amor não é irritante, não provoca contendas, divisões, nem se envolve em competições e em tarefas de destruição do próximo. O amor tudo suporta (I Co.13:7).

Temos tratado as pessoas com brandura, com ternura? Damos respostas brandas, oportunas, ou somos estúpidos e irritadiços?

A agitação da vida moderna tem-nos feito estressados, nervosos, “estourados”?

Quem ama, não importa qual circunstância esteja vivendo, não se irrita, não causa contenda, nem provoca dissensões. Somos coerdeiros daquele que é o Príncipe da Paz (Is.9:6).

– O amor não suspeita mal (I Co.13:5), ou seja, quem ama não faz suposições maldosas contra o próximo, não é preconceituoso, não julga precipitadamente pela aparência, não se acha superior aos demais.

Jesus determinou que não devemos julgar com base na aparência, mas de acordo com a reta justiça (Jo.7:24).

O amor tudo crê (I Co.13:7), é crédulo, não é desconfiado nem tendencioso. Será que temos tratado as pessoas sem preconceitos, sem suspeitas, ou temos estado com nossos espíritos prevenidos, levando em conta tão somente a aparência do próximo, como se fôssemos juízes dos demais (Tg.4:12).

Jesus nunca suspeitou os outros mal, a ponto de, mesmo sabendo que estava sendo traído, ter chamado Judas de amigo (Mt.26:50).

– O amor não folga com a injustiça (I Co.13:6), ou seja, o amor não compactua com a injustiça, nem a admite ou tolera.

Quem ama, não pratica a injustiça, pois o filho de Deus é um praticante da justiça (I Jo.3:10). Jesus, a quem devemos imitar, é justo (At.3:14). Somente quem pratica a justiça poderá habitar no tabernáculo do Senhor (Sl.15:1,2).

Temos sido justos com nossos semelhantes? Temos dado a cada um o que é seu?

– O amor folga com a verdade (I Co.13:6), isto é, o amor sempre opta pela verdade, jamais se manifesta através ou por intermédio da mentira ou do engano.

Por isso, Deus, que é amor, também é verdade (Jr.10:10). Jesus, como Deus que é, também é a verdade (Jo.14:6).

A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e, por isso, quem ama tem prazer em obedecer aos mandamentos do Senhor. Aliás, permanecer no amor de

Deus é obedecer a estes mandamentos (Jo.15:10). Temos falado a verdade? Temos desejado a verdade, ou temos nos enganado e enganado aos demais?

Temos prazer e vontade em cumprir a Palavra de Deus, ou estamos a questioná-la? Quem ama, alegra-se com a prática da verdade.

– Como podemos perceber pelas características do amor divino, que é o amor do Espírito Santo que é derramado nos corações dos filhos de Deus (Rm.15:30; Cl.1:8), fazem deste amor algo bem prático, isto é, o amor divino não é uma teoria, não é um estado mental, mas é um conjunto de ações concretas, de atitudes efetivas que devem ser feitas pelos servos de Deus, não apenas faladas, pensadas ou meditadas. “…Nos vv.4-7, a caridade é descrita por uma série de quinze verbos.

É caracterizada não de maneira abstrata, mas pelo comportamento que ela suscita.…” (A Bíblia de Jerusalém – Novo Testamento, nota u, p.471).

– Como Jesus deixou bem explícito na parábola dos filhos (Mt.21:28-32), o filho que agrada a Deus é apenas aquele que faz o que o Pai deseja, não o que fala que vai fazer e não faz.

Jesus não somente ensinou, mas também fez (At.1:1; 10:38). O amor divino não é um amor de palavras, de língua, mas um amor de ações, de atitudes e gestos concretos que revelam este amor (I Jo.3:18; Tg.2:14-26).

– Preocupamo-nos muito, nestes nossos dias tão difíceis, com pessoas que se dizem crentes, mas que se recusam a ajudar os necessitados, mesmo os domésticos da fé.

Estes, segundo as Escrituras, não são verdadeiros filhos de Deus (I Jo.3:17). As obras não salvam pessoa alguma, mas quem ama, pratica boas obras. “…

Discipline-se na prática do amor (agape) em cada atitude, pensamento, palavra e ação.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. Verdade em ação no livro de I Coríntios, p.1197).

OBS: “…Essa seção descreve o amor divino através de nós coo atividade e comportamento, e não apenas como sentimento ou motivação interior. Os vários aspectos do amor, neste trecho, caracterizam Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Sendo assim, todo crente deve esforçar-se para crescer nesse tipo de amor.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, nota a I Co.13:4-7, p.1759).

III – AMOR A DEUS – A DIMENSÃO VERTICAL

– Após termos visto que o amor é uma característica indispensável para quem diz ser filho de Deus, é como se fosse o próprio DNA espiritual do cristão sincero e verdadeiro, devemos observar que este amor não é apenas a essência da comunhão entre Deus e o homem, o próprio núcleo da vida espiritual, mas é, como afirma Paulo, o primeiro “gomo” do fruto do Espírito (Gl.5:22), ou seja, necessariamente este amor, como já falamos supra, tem de se traduzir em atitudes, em ações, tem de se manifestar fora do indivíduo.

– Não foi por outra razão que Deus, ao entregar a Moisés a lei, estabeleceu que o resumo de todos os mandamentos fosse “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt.6:5).

Só assim poderia haver a guarda de todos os mandamentos e, por conseguinte, temor a Deus e vida (cfr. Dt.6:1,2), mandamento que foi endossado por Cristo, quando indagado a respeito do que era mais importante na lei (Mt.22:37).

OBS: É interessante notar que a declaração de Dt.6:5 vem imediatamente após a declaração de Dt.6:4, conhecida entre os judeus como a “Shemá”, a profissão de fé israelita.

O mestre judeu Baal Hatorim (1270-1350) sugere que esta profissão de fé significa testemunho e que, cada um dos judeus, quando recita a “Shemá” (que, no ritual judaico, deve ser pronunciada por todo judeu pela manhã e pela noite), testemunha a divindade de Deus e aceita o jugo do Seu reino. Ora, se assim considerarmos, vemos, claramente, que o amor é a demonstração concreta do testemunho de um servo de Deus.

– Assim na lei de Moisés, apesar de todo o seu rigor, está bem especificado que o fundamento, a essência do relacionamento de Deus com o homem é o amor e que este amor não se limitava tão somente ao interior do homem que aceita Cristo, mas que se espraia aos semelhantes, tanto que Jesus fez questão de complementar a inquirição do doutor da lei com uma afirmação extremamente relevante: “e o segundo, semelhante a este, é: amarás o próximo como a ti mesmo.” (Mt.22:39).

– Deste modo, vemos que o amor divino, quando passa a existir no ser humano, o que somente é possível mediante a salvação, gera uma fonte de água que jorra para a vida eterna (Jo.4:14).

Se é fonte de água que jorra, é água em movimento; se é água em movimento, é água que atinge outros lugares; se é água que atinge outros lugares, é água que leva a vida eterna até estes outros lugares. O homem salvo possui amor que se manifesta:

a) em direção a Deus – dimensão vertical

b) em direção aos outros homens – dimensão horizontal

c) em direção a si mesmo – dimensão interior

– A primeira forma pela qual o amor divino se expressa na vida do salvo é através do amor a Deus.

A primeira prova que temos de que alguém realmente se tornou um filho de Deus é o fato de que ele passou a amar a Deus e amar a Deus é simples de ser verificado.

“Vós sereis meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo.15:14). “Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama.” (Jo.14:21a).

– Este “amor a Deus” é uma reação da “nova criatura” ao amor de Deus, pois nós somente amamos a Jesus porque Ele nos amou primeiro (I Jo.4:19).

Somente quem responde favoravelmente, com a fé em Jesus Cristo, ao gesto de amor divino no sacrifício da cruz do Calvário (Rm.5:8) é que poderá “reagir” com o amor a Deus, daí porque ser uma característica de quem recebe ao Senhor Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador.

– Amar a Deus significa submeter-se à vontade do Senhor, fazer aquilo que Ele nos manda na Sua Palavra.

Significa renunciar à vontade própria, ao ego, à sua individualidade para fazer aquilo que o Senhor determinou que fizéssemos.

Não é possível que alguém ame a Deus e não seja um observador da Palavra do Senhor.

– O amor a Deus é total e incondicional. Jesus disse que o amor deve ser de toda a alma, ou seja, toda a nossa personalidade, toda a nossa individualidade tem de ser sujeita ao Senhor e à Sua vontade.

Como sabemos, a alma humana é a sede de nossa personalidade, é o elemento que nos faz distintos uns dos outros e cujas principais faculdades são a vontade, o intelecto e o sentimento.

Ora, é a submissão de tudo isto a Deus que significa o nosso amor ao Senhor.

Quando amamos a Deus, colocamos nosso sentimento, nosso intelecto e nossa vontade a serviço do Senhor. Somente assim realmente demonstraremos que amamos a Deus.

– Quem reserva algo de seu ser para si, não entregando ao Senhor, não procede bem e não será uma pessoa que estará em perfeição diante de Deus.

A Bíblia registra-nos o exemplo do rei Amazias que serviu a Deus, mas não com coração inteiro (II Cr.25:2).

Apesar de um bom início de reinado, em que demonstrou misericórdia com relação aos familiares dos servos que haviam assassinado o seu pai, em que provou ser obediente a Deus e dispensou parte do exército que havia arregimentado, tendo sido honrado por Deus com a vitória militar, Amazias acabou sucumbindo à idolatria, precisamente porque não servia a Deus de coração inteiro.

Não tinha o amor de Deus em toda a sua plenitude na sua vida e, como reservara algo para si, acabou sendo iludido pelo adversário e sucumbindo na vida espiritual.

Muitos têm fracassado na fé, têm deixado de frutificar porque não amam de toda a alma, porque querem dar um espaço para o “eu”, quando deveriam renunciar a si mesmos (Mt.16:24) e deixar Cristo viver neles.

– Sigamos o exemplo do apóstolo Paulo e não mais vivamos, mas deixemos que Cristo viva em nós (Gl.2:20).

Lembremo-nos de que, para Israel viver na Terra Prometida, era necessário que fosse ao encontro dos seis “eus” para eliminá-los (amorreus, heteus, ferezeus, cananeus, heveus e jebuseus- cfr. Ex.23:23; 33:2; 34:11; Dt.20:17), ou seja, o “velho homem” (pois “seis” é o número do homem) é preciso ser confrontado e vencido em nossa peregrinação terrena rumo ao céu, mas,

também é preciso que os “cinco eus” (cananeus, heteus, amorreus, heveus, jebuseus – Ex.13:5) sejam retirados para que se possa verdadeiramente cultuar a Deus, ou seja, é nossa responsabilidade crucificarmos a carne para podermos servir ao Senhor, pois o número cinco significa, na Bíblia, responsabilidade.

– Ainda, é preciso que saiam os “dez eus” para que se cumpra a aliança firmada conosco por Deus (queneu, quenezeu, cadmoneu, heteu, perizeu, refains, amorreu, cananeu, girgaseu e jebuseu – Gn.15:21), ou seja, a totalidade de nosso ser deve ser entregue ao Senhor, pois “dez” significa “totalidade” e, por fim, é necessário que haja a completa destruição do “velho homem” para que alcancemos a perfeição, os “sete eus” que deveriam ser destruídos em Canaã (cananeus, heteus, heveus, ferezeus, girgaseus, amorreus e jebuseus – Js.3:10), já que “sete” é o número da perfeição.

– A obediência a Deus, que é a medida do amor a Deus que temos, não se apresenta apenas em atitudes externas, mas, o exterior deve revelar um interior obediente.

O exemplo de Amazias revela que a exterioridade desacompanhada de um interior totalmente comprometido com Deus, cedo ou tarde, sucumbe e dá lugar à verdadeira falta de comunhão e de amor a Deus.

Jesus provou o Seu amor para com Deus na obediência, obediência que não era apenas externa, mas interna, como se verifica claramente na agonia sofrida no jardim do Getsêmane (Mt.26:36-46: Mc.14:32-42; Lc.22:39-46; Jo.18:1).

Devemos servir a Deus para agradá-l’O, não para agradar aos homens (Gl.1:10).

Devemos fazer o que Deus nos manda com alegria, de coração, não para obtermos vantagens ou louvores da comunidade a que pertencemos.

O fariseu, da parábola do fariseu e do publicano, saiu do templo com a glória dos homens, mas sem qualquer justificação (Lc.18:9-14).

Que não nos iludamos e que apresentemos este amor a Deus nas nossas vidas.

Quem não ama a Deus, diz o apóstolo, de forma alguma poderá frutificar, pois não tem como avançar no amor em direção ao próximo ou a si mesmo (I Jo.4:20,21).

– Neste passo, é bom mostrarmos que o amor a Deus implica em submissão ao Senhor e, portanto, não tem qualquer respaldo bíblico o ensinamento da chamada doutrina da confissão positiva,

que coloca o salvo como alguém que está acima de Deus, que, em função da sua posição de salvo, tem direitos a reclamar diante de Deus que, por Sua fidelidade, ficaria obrigado a saciar todos os caprichos e desejos que

venham a ser apresentados pelo crente, um “supercrente” que alcançou uma dimensão de fé tal que tudo que quiser acontecerá, um verdadeiro “pequeno deus”.

O amor a Deus implica em submissão à vontade do Senhor, não em submissão do Senhor à nossa vontade.

A doutrina da confissão positiva inverte as coisas e gera um indevido e inadmissível “antropocentrismo”, ou seja, o homem passa a ser o centro das atenções de Deus e não mais Deus o centro das atenções do homem, algo que, aliás, é o cerne da doutrina da Nova Era.

Quem assim pensar e assim agir mostra, à evidência, que o amor de Deus não está nele e, portanto, que não se trata de um verdadeiro salvo na pessoa de Jesus Cristo.

IV – AMOR AO PRÓXIMO – A DIMENSÃO HORIZONTAL

– Deus fez o homem um ser social, por isso não é bom que esteja só (Gn.1:18).

Em sendo assim, o amor divino que se encontra no salvo não se limita apenas ao relacionamento entre Deus e o homem, mas também se manifesta em direção às demais pessoas que estão à volta do salvo, que, como vimos, não está só.

– Por isso, Jesus, ao responder à indagação daquele doutor da lei, fez a devida complementação, para mostrar que um bom relacionamento entre Deus e o salvo redunda num bom relacionamento entre o salvo e os demais seres humanos. Quem ama a Deus, ama o próximo (I Jo.4:21).

– O amor a Deus é pressuposto para que se tenha amor ao próximo. Não é possível amar o próximo sem que antes se ame a Deus.

Daí porque não podermos confundir o amor ao próximo com o mero exercício de filantropia, com dó ou qualquer outro sentimento que tenha em vista a ajuda circunstancial a outrem, como, aliás, defendem aqueles que acham que as boas obras de alguém ocasionam a este alguém algum progresso espiritual.

– Quem ama a Deus, ama o próximo, mas quem não ama a Deus, não ama o próximo. É mentira a afirmação de alguém que diz que está evoluindo espiritualmente pelo simples fato de ajudar os necessitados com esmolas ou com trabalho voluntário.

Estas atitudes de benemerência não significam amor ao próximo, pois o verdadeiro amor ao próximo é decorrência do amor a Deus e, portanto, é resultado da obediência à Palavra de Deus.

– Mas, do mesmo modo que estão errados aqueles que acham que as boas obras são suficientes para salvação, também estão enganados aqueles que veem numa vida religiosa devocional a salvação.

A Bíblia é claríssima: quem ama a Deus, ame a seu irmão e que quem aborrece a seu irmão e diz que ama a Deus é mentiroso e, portanto, alguém que não é filho de Deus, tanto que não morará eternamente com o Senhor na cidade santa, mas ficará do lado de fora pela sua mentira (Ap.21:8; 22:5).

– Amar o próximo não é dizer a alguém que o ama, mas um amor que se mostra por atitudes concretas, por ações efetivas, por obras.

Amor ao próximo não é amor de palavra nem de língua, mas amor por obras e em verdade (I Jo.3:18).

– Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja, sentir a sua dor, como se fosse nossa e, assim, suprir as necessidades imediatas do nosso semelhante, lembrando que ele é tão imagem e semelhança de Deus quanto nós.

O próximo é qualquer ser humano, como bem nos explicitou Jesus na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-37), e este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e qualquer barreira, toda e qualquer tradição.

– Amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista material, mas, sobretudo, levar este alguém a uma vida de comunhão com Deus, a um equilíbrio em todos os aspectos da sua vida.

Medidas emergenciais serão necessárias, como nos mostra a parábola do bom samaritano, mas é extremamente necessário que levemos o próximo a entender que deve, sobretudo, amar a Deus, para que também ame o próximo, como nós o amamos.

– O amor ao próximo é determinado pelo Senhor, é Seu mandamento (Jo.15:12) e tem como exemplo o próprio amor que Cristo apresentou a nós, ou seja, o da completa renúncia para que desfrutássemos da vida eterna.

Devemos assim amar os nossos irmãos: estarmos dispostos, inclusive, a dar nossa vida pelos irmãos, desde que isto os leve a uma vida de comunhão com Deus.

– Jesus nos amou primeiro, fez o que não podíamos fazer, mas nem por isso fez o que poderíamos e deveríamos fazer. Este é o limite do amor ao próximo: fazer aquilo que ele não pode fazer, mas ensinar-lhe a fazer o que pode e deve fazer.

– Quando amamos o próximo da forma determinada na Palavra de Deus, melhoramos sensivelmente o ambiente em que vivemos.

O período áureo da história da humanidade, que será o reino milenial de Cristo, será caracterizado por este amor, teremos, enfim, a “civilização do amor”, que tanto almejamos e que tão distante está da nossa realidade atual.

– Esta civilização do amor já está delineada nos dez mandamentos dados a Moisés, onde Deus revela o Seu caráter ao povo que escolhera. Com efeito, ao observarmos os mandamentos, veremos que quatro deles dizem

respeito ao relacionamento entre Deus e Israel (dimensão vertical: não terás outros deuses diante de mim, não farás imagem de escultura, não usarás o nome do Senhor em vão, guardarás o sábado), um é híbrido, pois

diz respeito ao relacionamento entre Deus e Israel e entre os homens entre si (honrar pai e mãe para que o Senhor prolongue a vida) e cinco são inteiramente voltados para o relacionamento entre as pessoas (não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho contra o teu próximo e não cobiçarás).

Aqui, uma vez mais, vemos que a fonte de um bom relacionamento com o próximo é o bom relacionamento com Deus, mas também vemos como é extremamente indispensável que haja atitudes concretas para mostrar este amor ao próximo.

OBS: “…Atribuindo o fundamento destas leis à responsabilidade do homem diante de Deus, e não tão somente diante da sua consciência, Moisés pôde assegurar o seu cumprimento total em todas as circunstâncias e em todas as épocas.

A transgressão de um mandamento da Torá não é apenas um crime contra a consciência ou o Estado, mas também um pecado religioso contra Deus, e se uma pessoa cumpre realmente os cinco primeiros mandamentos, dificilmente poderá transgredir os cinco últimos.…” (MELAMED, Meir Matzliah. A Lei de Moisés: Torá, com.Ex.20:1, p.215).

V – AMOR A SI MESMO – A DIMENSÃO INTERIOR

– Ao proferir o segundo grande mandamento, Cristo faz uma observação extremamente importante: “amarás o próximo COMO A TI MESMO”.

O amor divino, implantado no coração do homem pelo Espírito Santo, após o arrependimento dos pecados, não gera apenas uma fonte que jorra em direção a Deus, estabelecendo a comunhão entre o salvo e o Senhor, como vimos, nem somente em relação ao próximo, que é qualquer outro ser humano, mas também estabelece um canal que gera amor no próprio salvo.

– O cristão é uma pessoa que se ama, ou seja, alguém que se gosta, alguém que tem autoestima, alguém que não se despreza, que não se acha inferior, que não é uma pessoa mal resolvida consigo própria. Jesus foi bem claro ao afirmar que o crente ama a si mesmo e, por isso, ama o próximo. Quem não ama a si mesmo, não pode amar o próximo é o que Cristo Jesus está dizendo.

OBS: “…1. CONCEITO BÍBLICO DE AUTOIMAGEM

– “ver a nós mesmos como Deus nos vê”, isso porque muitas vezes nos vemos como as circunstâncias nos apresenta a nós mesmos.

Por exemplo, se fazemos uma prova e não alcançamos um índice desejado, passamos a nos enxergar como incapazes, devido a essa circunstância.

– “nos enxergar sob a ótica divina”, Deus nos vê diferente, Ele sabe do que somos capazes e o que valemos para Ele.

– “o que, de fato, a Palavra diz a nosso respeito”, a Palavra de Deus nos mostra como é a visão de Deus a nosso respeito.…” (Lição 6 – Autoestima, um ajuste no foco. Editora Central Gospel. 4 trim, 2016. Disponível em: http://marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br/2016/11/escola-dominical-central-gospel-esboco.html Acesso em 21 nov. 2016).

– Mas alguém poderá dizer: mas Jesus Se amava? Ele não Se entregou por nós? Ele não deixou a Sua glória? Como podemos dizer que Jesus Se amava?

– Ora, esta questão tem uma resposta afirmativa, pois Jesus jamais iria ensinar algo que não tivesse feito (At.1:1).

Jesus foi a pessoa que mais Se amou que já pisou nesta Terra. Como podemos afirmar isto? Pelo simples fato de que foi a única pessoa que não pecou (Hb.4:15).

A maior prova que damos de que amamos a nós mesmos é o fato de não pecarmos, de não sermos atraídos pela nossa concupiscência e, deste modo, garantirmos vida eterna para nós.

– Amar-se é procurar o melhor para si. Amar-se é buscar o que há de mais excelente para si.

Amar-se é criar condições para que haja o mais pleno desenvolvimento de seu ser, de sua essência e isto só é possível no ser humano quando eliminamos o fator que faz com que a natureza humana decaia e seja distorcida: o pecado.

Damos prova de que nos amamos quando nos santificamos, quando buscamos a santidade, quando nos separamos do pecado: “sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca, mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo” (I Jo.5:18a).

Amar-se é, portanto, separar-se do pecado, conservar-se irrepreensível, espírito, alma e corpo até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (I Ts.5:23).

– Não podemos confundir amar a si mesmo com “ser amante de si mesmo”, que é uma característica do ímpio e não do salvo (cfr. II Tm.3:2).

A palavra para “amante de si mesmo” é “philautos” (φίλαυτος), ou seja, aquele que tem amor humano (philia) por si mesmo, o que o filósofo Aristóteles explica que “não se trata tanto do amor-próprio, mas de amar indevidamente, tal como o amor às possessões materiais” (apud CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado, v.5, com.II Tm.3:2, p.386), ou, como assinala o próprio Champlin, “…quando amamos a nós mesmos, com exclusão do próximo, que teremos cometido o mal aqui [em II Tm.3:2] condenado…”(op.cit.).

Ser amante de si mesmo é colocar-se no lugar de Deus, passar a querer tirar vantagem de tudo para si, é se relacionar com os outros buscando tão somente o bem próprio, a satisfação própria, é idolatrar a si mesmo.

Quem, por exemplo, pratica boas obras para “crescer”, “evoluir” espiritualmente está sendo amante de si mesmo, pois não visa o bem do outrem, mas o próprio bem.

Usa o outro como meio para atingir o fim, que é o benefício próprio. É a atitude popularmente conhecida como “venha a nós, venha a nós, vosso reino nada”.

OBS: “…2.4. Subjugar o ego ou fortalecê-lo? Qual o posicionamento cristão adequado?

– “devemos amar ao próximo como a nós mesmos”, com essas palavras Jesus declara haver no homem um certo amor por si mesmo e em nenhum momento Ele condena isso.

– “o mesmo cuidado e a mesma devoção”, Embora Jesus não condene esse amor pessoal, Ele busca aproveitar isso em benefício das pessoas em geral.

A ideia de Jesus é que possamos ser equilibrados amando a nós e ao nosso próximo em igual medida.…” (Lição 6 – Autoestima, ajuste no foco. Editora CVentral Gospel 4trim2016. Disponível em: http://marcosandreclubdateologia.blogspot.com.br/2016/11/escola-dominical-central-gospel-esboco.html Acesso em 21 nov. 2016).

– Como é diferente esta circunstância do amor de si mesmo, que é o amor próprio, que Jesus põe aqui como algo que deve existir na vida do salvo.

Devemos nos amar a nós mesmos, e isto não envolve qualquer sentimento egoístico ou egolátrico, não busca a satisfação dos nossos interesses em detrimento dos outros, mas, bem ao contrário, é um sentimento absolutamente necessário para que nos mantenhamos em santificação.

– Quem ama a si mesmo, por exemplo, não se prostitui, pois a impureza sexual é um atentado contra o próprio corpo e, assim fazendo, não estaremos amando a nós mesmos, mas, ao revés, fazendo do nosso corpo um instrumento para o mal tanto para nós mesmos quanto para os outros.

Assim, por exemplo, se uma jovem se veste indecentemente para assanhar os que a virem, não mostrará que gosta de si, que se ama, como é dito pelo mundo pecaminoso, mas tão somente estará sendo um instrumento de Satanás para a morte e destruição de si mesma e do próximo.

– É preciso que o crente entenda que deve a amar a si mesmo e que quem não ama a si mesmo, é porque não ama a Deus e, por conseguinte, também não terá como amar o próximo.

O adversário de nossas almas tem procurado de forma intensa fazer os salvos acreditarem que nada são, que nada valem, buscando sempre incutir no salvo uma perda de autoestima, uma desvalorização. Repreendamos este sentimento em nome de Jesus!

– Sem cair no ufanismo igualmente ilusório dos arautos da confissão positiva, que fazem do crente um “supercrente” ou um “pequeno deus”, o que já vimos não ser verdadeiro, já que o amor a Deus impõe submissão ao Senhor e não uma atitude que faz com que Deus seja considerado um empregado alguém que esteja a serviço do crente, jamais poderemos ficar acabrunhados e nos achando a pior pessoa do mundo, numa depressão e sensação de impotência sem qualquer razão de ser.

Ainda que as Jezabéis da vida venham a nos pressionar grandemente e nos coloquem em dificuldade, não procedamos como Elias, ficando ao pé do zimbro, mas nos levantemos e prossigamos a nossa jornada rumo ao céu, sem desanimar, pois as aflições do mundo presente não são para comparar com a glória que nos está revelada (Rm.8:18), nem estamos sós nesta caminhada (Mt.28:20; Jo.14:18) e nosso companheiro é Aquele que já venceu o mundo (Jo.16:33).

Confiemos em Deus e nas Suas promessas e saibamos que quem está em comunhão com Deus não tem como ser derrotado!

Como diz conhecido cântico, “valorize o que você tem, você é um ser, você é alguém importante para Deus”, você é templo do Espírito Santo, filho de Deus, pronto para vencer o pecado e a morte e viver eternamente com o Senhor!

VI – O AMOR E A BEM-AVENTURANÇA DOS POBRES OU HUMILDES DE ESPÍRITO

– Temos visto que o amor é, em essência, o fruto do Espírito Santo. Quando o homem nasce da água e do Espírito, quando se torna uma nova criatura, o Espírito vem habitar no crente (Jo.14:17; Ap.3:20) e, sob o domínio completo do Espírito, o salvo passa a dar fruto (Jo.15:16).

Este fruto, tendo origem em Deus, só pode ser um fruto bom (Mt.7:17).

Este fruto, que é o amor, traz ao novo homem uma série de qualidades e de características que, juntas, trazem um caráter, um perfil peculiar ao salvo.

Este caráter foi descrito por Paulo em Gl.5:22, que afirmou que este fruto é ” caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Ao verificarmos estas qualidades, estas propriedades do caráter cristão, observamos que elas se combinam, precisamente, com o caráter apresentado por Jesus no sermão do monte, o mais conhecido discurso doutrinário de nosso Senhor (Mt.5:3-12).

– As qualidades do fruto do Espírito Santo têm de estar presentes na vida de um verdadeiro filho de Deus. São qualidades que resultam da própria existência do amor, que as origina.

Deste modo, não podemos ter alguém que se diga salvo e não tenha tais qualidades em sua vida. Quem serve a Deus, quem é salvo, produz o fruto do Espírito, que é um fruto bom.

Naturalmente, que não estamos a dizer que o salvo é uma pessoa perfeita, pois o ser humano é imperfeito e caminha para a perfeição (Ef.4:12,13). Deste modo, o cristão sempre terá que desenvolver uma ou outra qualidade, nesta sua luta diária contra a carne (Rm.8:1-17), contra o mundo (Jo.16:33; I Jo.5:4) e contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:10-13).

– A primeira característica do fruto do Espírito é o seu próprio pressuposto: o amor.

Sem que haja o verdadeiro amor na vida do crente, nenhuma das outras características poderá se manifestar na vida do homem.

O amor e o seu contínuo desenvolvimento, como vimos, é o que deve ser buscado pelo cristão a cada dia, até o dia do arrebatamento da Igreja.

Um amor que não é meramente teórico, que não é somente um belo discurso ou um estado mental, mas, sim, um amor prático, que faz boas obras e que faz os homens glorificarem a Deus que está nos céus(Mt.5:16).

– Este amor é resultado de nossa submissão ao Espírito Santo, de nossa aceitação de Cristo como nosso Senhor e Salvador.

Daí porque estar relacionado com a primeira bem-aventurança mencionada por Jesus no sermão do monte. “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt.5:3).

Somente quem reconhece a Jesus como Senhor e Salvador, que se humilha diante do Senhor, quem nega a si mesmo e passa a fazer a vontade de Deus, tem a salvação, entra no reino dos céus.

A “pobreza de espírito” ou ” humildade de espírito”, ou, ainda, “pobreza em espírito” nada mais é do que a qualidade decorrente do amor, esta qualidade fundamental do fruto do Espírito.

– Quando reconhecemos a soberania de Deus em nossas vidas, quando aceitamos nos submeter à vontade do Senhor, passamos a querer agradá-l’O, a querer servi-l’O e quem serve a Deus, quem faz a Sua vontade é o verdadeiro amigo de Deus.

“Vós sereis meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando.” (Jo.15:14).

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (Jo.15:13).

Quando damos a nossa vida a Jesus, quando renunciamos a nós mesmos, sufocamos o nosso “eu” (Mt.16:24), não mais vivemos, mas Cristo passa a viver em nós (Gl.2:20), somos “humildes de espírito” e, assim, capazes de ter o amor divino em nossos corações, que é a primeira qualidade do fruto do Espírito.

Esta é a primeira bem-aventurança (Mt.5:3, Lc.6:20) e é através dela que alcançamos o reino dos céus.

Quando o homem se esvazia de si mesmo, deixa o Senhor enchê-lo, recebe o amor de Deus e alcança a vida eterna.

OBS: “…requisito indispensável que precede toda honra: neles não habita o dom da humildade. Lembro-me de uma filosofia oriental vivida por um admirado mestre da filosofia oriental Zen budismo, cujo nome é Na-in, que viveu no Japão como grnade pensador no período do imperador Meiji (1868-1912).

Nai-in era visitado por quase todos os amantes da sabedoria de seu país. Certo dia, um famoso e prepotente reitor da universidade de Tóquio foi visitá-lo com pretexto de interrogar-lhe sobre muitas incertezas, todavia, Na-in sabia tudo e mais um pouco do tipo que não tem mais nada o que aprender.(…).

Nai-in, friamente, porém de forma educada, o recebeu e, juntos, foram tomar chá. Na-in começou quebrando o protocolo colocando o chá primeiro em sua xícara.

Em seguida, colocou de forma lente, porém contínua, todo o restante do chá que tinha no bule na xícara do ‘ilustre visitante’ até ele dizer: ▬ O senhor não percebe que há muito tempo está derramando o chá e que na minha xícara não cabe mais nada ?

O sábio mestre da filosofia Zen lentamente se levantou e, de maneira educada, disse:▬ Assim, meu amigo, está sua mente: transbordando de seus próprios conceitos.

Nela também não cabe mais coisa alguma, não sei o que o senhor veio fazer aqui.…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. O Cristo desconhecido, p.32).

Que não sigamos o exemplo deste reitor da universidade de Tóquio, mas, sim, a recomendação de Pedro: “humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a Seu tempo vos exalte” (I Pe.5:6).

Só assim teremos o amor que é a qualidade essencial do fruto do Espírito.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/34-licao-12-quem-ama-cumpre-plenamente-a-lei-divina-i

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