LIÇÃO Nº 4 – O SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO
CREMOS
(…)
- No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus, plenamente Homem, na concepção e no Seu nascimento virginal, em Sua morte vicária e expiatória, em Sua ressurreição corporal dentre os mortos e em Sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo.3:16-18; Rm.1:3,4; Iz.7:14; Mt.1:23; Hb.10:12; Rm.8:34 e At.1:9) (Cremos da Declaração de Fé da CGADB).
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INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo de nossa Declaração Fé, analisaremos o item 3 do Cremos, que cuida da doutrina de Cristo, o que as Escrituras ensinam a respeito de Jesus, que, afinal de contas, é o assunto da Bíblia Sagrada (Jo.5:39).
Não é por outro motivo que os servos do Senhor foram chamados de “cristãos” (At.11:26).
– É fundamental compreendermos que a Bíblia nos ensina que Jesus, sendo o Deus Filho, ou seja, uma das três Pessoas divinas, fez-Se homem, em tudo semelhante a nós, mas que jamais pecou e que, ao vir a esta terra, pôde cumprir a lei e satisfazer a justiça divina, morrendo por nós e, assim, pagando o preço necessário para a nossa salvação.
A distorção sobre a real natureza de Jesus nesta obra tem sido, há séculos, uma das principais armas do inimigo para levar os homens para a perdição eterna.
I – JESUS É DEUS
– A primeira informação que as Escrituras nos trazem a respeito de Jesus é a de que Ele é Deus, é uma das Pessoas Divinas, o Filho.
O apóstolo João, ao escrever o seu evangelho, deixa-nos isto bem claro ao afirmar que “No princípio era o Verbo, e o Verba estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo.1:1), numa afirmação tão clarividente que tem, mesmo, tirado o sono de todos quantos procuram negar esta verdade bíblica, como é o caso das Testemunhas de Jeová.
Para que não houvesse qualquer dúvida de quem era este Verbo a que João se referia, o próprio evangelista no-lo diz no versículo 14 deste mesmo capítulo:
“E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
– Esta pequena amostra do que dizem as Escrituras a respeito da divindade de Cristo é já uma prova de que não é verdade a afirmativa que muitos fazem de que Jesus somente foi reconhecido como Deus pelos cristãos no Concílio de Nicéia, reunião promovida pelas lideranças cristãs no ano de 325, logo após o término das perseguições romanas contra a Igreja, ocasião em que se produziu a declaração histórica de que “Jesus Cristo é o Filho de Deus, gerado da substância do Pai, gerado, não feito, consubstancial ao Pai.”
Tal declaração não foi uma invenção daquele concílio, mas, sim, tão somente uma expressão do que já se cria desde o início da igreja, desde a igreja primitiva e que tinha sido alvo de questionamento por parte do presbítero Ário, de Alexandria, que passara a ensinar que Jesus não era Deus. Portanto, não foi uma doutrina inventada em Nicéia, nem o poderia ser, porquanto, como vimos, o apóstolo João, mais de duzentos anos antes do referido concílio, com a autoridade de quem havia convivido com o Senhor, foi categórico em afirmar que Jesus era Deus.
OBS: Este equívoco de que foi o Concílio de Nicéia quem determinou a doutrina da divindade de Cristo ressurgiu, com grande intensidade, no romance “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, que tanta polêmica e lucro para seus produtores proporcionaram nos últimos anos.
– As Escrituras são abundantes em demonstrar que Jesus é Deus. Em primeiro lugar, mostram-nos claramente que Jesus pré-existiu a todas as coisas, ou seja, que é eterno e a eternidade, como vimos na lição passada, nada mais é que um atributo divino.
Além da passagem já mencionada de Jo.1:1, vemos a atribuição da pré-existência eterna de Cristo em Cl.1:17, Mq.5:2, Jo.17:3, Jo.8:58, Pv.8:22-31; Ap.13:8, Tt.1:2, Ef.1:4 e Jo.1:3.
Tantas referências bíblicas, de autores e de épocas bem diferentes, não nos permitem concluir senão que a Bíblia ensina que Jesus é Deus e isto bem antes da declaração do concílio de Nicéia.
OBS: “…Alguns questionam e procuram afirmar que o Logos poderia ter tido um começo, ou poderia fazer parte da criação, sendo Ele a primeira coisa criada; isso, contudo, é totalmente contrário a qualquer noção já proferida no mundo antigo e também à luz da Palavra de Deus, mesmo nos tempos mais remotos, acerca da natureza do Logos.
Um Logos que tivesse tido começo não é o Logos da Antiguidade, nem o que aceitamos como sendo eterno, pois o que é eterno não pode admitir nenhum tipo de começo; este tipo de conceito é uma estranha criação de mentes cheias de preconceitos,
que produzem um Cristo conforme a imagem de suas próprias especulações, a fim de adaptá-lo a um sistema teológico interesseiro cuja mentalidade está tão limitada que condiciona Deus às limitações humanas, quando, em verdade, a mente humana jamais poderá alcançar ou esquadrinhar o eterno Senhor.…” (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.23-4).
– Como nosso espaço é reduzido e não temos como nos aprofundar em cada referência bíblica, deter-nos-emos na análise da passagem de Provérbios, até porque referido texto foi utilizado por Ário e seus seguidores para tentar negar a divindade de Cristo, como, aliás, ainda hoje é usada pelas Testemunhas de Jeová, que é dos segmentos religiosos que, na atualidade, com mais afincam procuram negar esta verdade bíblica.
– O texto de Provérbios fala-nos a respeito da “sabedoria”, “sabedoria” que é personificada, ou seja, que é equiparada a uma Pessoa.
No texto, que é poético e, portanto, cheio de simbolismo, o autor nos transcreve um verdadeiro hino da “sabedoria”, em que se diz que o Senhor a havia possuído (algumas versões dizem “criado”, pois o verbo, em hebraico, tem ambos os significados) no princípio dos seus caminhos e antes de suas obras mais antigas (Pv.8:22) e que, desde a eternidade, ela havia sido ungida, desde o princípio, antes do começo da terra(Pv.8:23).
Pelo que verificamos, portanto, a “sabedoria” aqui é uma Pessoa que já existia antes do começo da Terra, no princípio, o que corresponde, precisamente, ao que João nos fala a respeito da existência do Verbo no princípio.
– O que se diz, então, é que a Sabedoria foi gerada (Pv.8:24,25) antes que o mundo fosse criado e, por causa desta expressão, “gerada”, Ário negava que Jesus fosse Deus, porque seria criatura, embora a primeira criatura que tivesse sido feita por Deus, mas não o Criador.
No entanto, a expressão “gerar” não significa que tenha havido uma criação, mas, sim, que se manifestou posteriormente como uma Pessoa distinta, a partir do momento em que todas as coisas foram criadas.
Esta “geração” não é uma criação, mas, sim, uma manifestação, uma demonstração de sua existência.
Assim como o apóstolo João nos revela, o Verbo estava com Deus, o Verbo era Deus, mas a distinção entre Ele e o Pai só se fizeram sentir quando todas as coisas surgiram do nada, como Paulo bem explica em Colossenses, ao dizer que o Senhor é o primogênito de toda a criação, ou seja, o princípio da criação, Aquele através do qual tudo se fez (Cl.1:16,17).
Daí porque se ter dito, no Concílio de Nicéia, que Jesus foi gerado, ou seja, manifestado, posto em evidência pára as criaturas, sendo igual ao Pai, tendo a Sua mesma natureza divina.
– A “geração” de Jesus, sob o aspecto divino, nada mais é que a evidência, a manifestação de Sua existência no Seu relacionamento com o Pai, para as demais criaturas.
É neste sentido, aliás, que devemos entender, por exemplo, o que se encontra no Salmo 2, texto que é repetido em At.13:33 e Hb.1:5 e 5:5, segundo o qual Deus “gerou” o Filho, ou seja, como explica Russel Shedd,
“…A palavra gerei foi compreendida pelos apóstolos nos seguintes sentidos:
1) A ressurreição de Cristo assim nasceu para a eternidade, At.13:33;
2) O fato de Cristo também ter sido Filho de Deus desde a eternidade, Hb.1:5; 3) Cristo, como Filho, recebe de Deus Sua comissão, e a executa com obediência filial (Hb.5:5; Jo.20:21)…” (BÍBLIA SHEDD, com. ao Sl.2:7-9, p.775).
Aliás, isto é demonstrado claramente no texto de I Pe.1:19,20, que vale a pena transcrever:
“Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o Qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos, por amor de vós.”
OBS: “…A presença do Logos(Cristo), antes de todas as coisas, é fato consumado, que qualquer cristão convertido admite sem questionar. Ele é antes de toda a criação.…” (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.22).
– Tanto é este o sentido da expressão, que, antes, reforça do que nega a divindade de Jesus, que, ao analisarmos as Escrituras, veremos que todos os atributos divinos (os quais já vimos em lição anterior) são aplicados a Cristo, numa comprovação de que o Senhor é Deus. Senão vejamos:
a) onipotência – Mt.28:18
b) onisciência – Jo.2:24
c) onipresença – Mt.28:20
d) imutabilidade – Hb.13:8
d) eternidade – Cl.1:17
e) dignidade para ser adotado – Mt.4:10 combinado com Mt.28:9,17
f) criação – Jo.1:3; I Co.8:6; Cl.1:16
g) santidade – At.2:27
h) amor – Jo.15:3; Ef.3:19
i) verdade – Jo.14:6; I Jo.5:20
j) perdão de pecados – Mt.9:5; Lc.5:20
l) uso da expressão “Eu sou” – Jo.8:24,28; 13:19.
– Não bastassem todas estas evidências, temos que o próprio Jesus declarou ser Deus, tanto que, por este motivo, foi perseguido pelos escribas, fariseus e principais dos sacerdotes, que, por causa disso, procuravam matá-lo (Jo.5:18) e uma vez tentaram apedrejá-l’O (Jo.10:33).
Até hoje, um dos principais senões postos pelos judeus e pelos muçulmanos à figura de Jesus são, precisamente, as Suas declarações de que era Deus.
OBS: Como exemplo disto, reproduzimos aqui o que fala a respeito Nathan Ausubel, na Enciclopédia Judaica:
“…O passo mais dramático e drástico dado por Paulo foi, sem dúvida, para transformar Jesus o Messias — um conceito judaico — em Jesus ‘o Filho de Deus’ — uma apoteose pagã que não era, em absoluto, uma força de expressão ou um simbolismo (…) se os judeus, à exceção de alguns pequenos grupos, continuaram impermeáveis ao encanto apostólico cristão, foi porque eram adeptos incondicionais da Unidade — ‘a Unicidade’ — de Deus.
A concepção paulina de que Deus tinha um filho era inteiramente inaceitável e chocante para eles…” (AUSUBEL, Nathan. Cristianismo, origens judaicas do. In: A JUDAICA, v.5, p.217). Não é diferente a reação dos muçulmanos para esta evidência da Bíblia. Basta-nos, para tanto, reproduzir aqui três versículos do Alcorão:
“…E para admoestar aqueles que dizem: Deus teve um filho! A despeito de carecerem de conhecimento a tal respeito; o mesmo tendo acontecido com seus antepassados.
É uma blasfêmia o que proferem as suas bocas; não dizem senão mentiras!…” (18:4,5) e “…É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é.…” (19:35).
– Por fim, cabe apenas aqui enfocar, ainda que de passagem, que há circunstâncias no Antigo Testamento em que surge uma personagem que, pelas suas características, demonstra ser divina, normalmente denominada nas Escrituras de “o anjo do Senhor” (Gn.32:24,30; 48:15; Js.5:13-15; Jz.13).
Seriam, então, aparições do próprio Deus ao homem, as chamadas “teofanias”. Segundo alguns estudiosos, estas “teofanias” seriam aparições do próprio Filho antes de Sua encarnação, quando, então, se teria a “teofania suprema” (Jo.12:45; 14:9).
Mas, ao falarmos da encarnação, temos a outra dimensão da natureza de Jesus, Sua humanidade, de que trataremos em seguida. Estas aparições seriam mais uma demonstração de que Jesus pré-existiu à Sua introdução no gênero humano, ou seja, que, como Ele mesmo disse, antes que existisse Abraão, Ele já é (Jo.8:58).
II – JESUS É HOMEM
– Mas, além de dizer que Jesus é Deus, a Bíblia também nos ensina que, num determinado instante histórico, que as Escrituras denominam de “plenitude dos tempos” (Gl.4:4), “o Verbo Se fez carne e habitou entre nós”.
Jesus Se tornou homem, a fim de cumprir a promessa divina feita ao primeiro casal de que “da semente da mulher” nasceria um que esmagaria a cabeça da serpente (Gn.3:15).
– Esta afirmação divina no Éden é suficiente para nos demonstrar que Jesus realmente Se humanizou, tornou-se um homem, um descendente do primeiro casal, “a semente da mulher”, para que pudesse, enquanto homem, vencer o mal e o pecado e, sem qualquer dívida diante de Deus, por Sua santidade, morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça de Deus, proporcionando a nossa redenção e a possibilidade de termos os pecados perdoados.
– Dizer que Jesus não Se humanizou, que era, na verdade, um “ser especial”, um “espírito evoluído”, que habitou entre os homens, como alguns teimam em afirmar e com cada vez maior número de adeptos na atualidade, é o mesmo que dizer que Deus é mentiroso, que Deus não é fiel e que não cumpriu com a Sua promessa. Jesus Se fez homem, era absolutamente necessário que fosse um homem, para que se tornasse possível a vitória sobre o pecado e o mal.
– Se Jesus Se humanizou, temos, em primeiro lugar que, enquanto homem, Jesus teve um princípio de existência.
Enquanto Deus, Jesus não tem princípio nem fim (Ap.1:8), mas, enquanto homem, Ele teve um início de existência, foi concebido por obra e graça do Espírito Santo no ventre de Maria (Lc.1:31-35). Como todo e qualquer ser humano, Jesus foi concebido no ventre de Sua mãe, teve o início de uma existência.
– Entretanto, Jesus não poderia ser concebido como o foram os demais seres humanos a partir do primeiro casal, porque, em virtude do pecado, os homens passaram a ser concebidos em pecado (Sl.51:5), ou seja, herdavam a natureza pecaminosa de seus pais, tanto que, em vez de saírem à imagem e semelhança de Deus, como havia sido o primeiro casal, saíam à imagem e semelhança de seus pais (Gn.5:3).
Por isso, Jesus não poderia ser fruto de uma concepção resultante da relação sexual entre seus pais biológicos, visto que não poderia ser senão a “semente da mulher”, o “último Adão”, e, portanto, a exemplo do primeiro casal, criado por ação direta de Deus, sem mediação humana.
– É por este motivo que, ao longo da revelação progressiva de Deus, por meio da Sua Palavra, o Senhor foi anunciando ao Seu povo que o Salvador, o Messias, chamado de “semente da mulher”, seria alguém que seria o resultado da “concepção de uma virgem” (Is.7:14) e que a criança nascida, ao contrário de todas as demais, ao adquirir a consciência não se inclinaria para o mal, mas, sim, para o bem (Is.7:15,16).
– Tudo isto que fora profetizado cerca de setecentos anos antes do evento histórico aconteceu.
Maria concebeu, sem que conhecesse varão, e deu à luz ao seu filho primogênito, que foi chamado de Jesus por ordem divina. Jesus Se fez carne e habitou entre nós, sendo fruto da concepção de uma virgem.
Observemos bem que Jesus foi concebido em uma virgem, mas Sua mãe não ficou virgem para sempre.
A virgindade de Maria cessou com o nascimento de Jesus, assim como também a sua abstinência sexual em relação a seu marido, José.
A Bíblia diz que José não a conheceu até que Jesus nasceu (Mt.1:25), sendo certo, também, que José e Maria tiveram filhos, como o dizem os moradores de Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado (Mt.13:55; Mc.6:3).
– Enquanto homem, Jesus teve todo o desenvolvimento que qualquer ser humano tem. Como vimos, enquanto criança teve uma alimentação diferenciada, passou pela fase da inocência e, ao adquirir a consciência, demonstrou a única diferença que teve em relação a todos os demais homens: não tinha a natureza pecaminosa.
A exemplo de Adão e de Eva, fora criado sem a natureza pecaminosa, mantendo-se assim até a morte (Hb.4:15; 9:28).
Por isso, Jesus não foi igual ou idêntico aos demais homens, mas, como dizem as Escrituras, semelhante a nós, visto que havia um dado que os distinguiu de todos os demais homens:
a ausência de pecado (Hb.2:17) (recomendamos leitura nosso artigo na seção Estudos Bíblicos do Portal Escola Dominical: Jesus, gente como a gente, mas sem pecado).
– Enquanto homem, Jesus Se submeteu a todas as limitações humanas, sem exceção alguma.
A este fenômeno, segundo o qual Jesus, que é Deus, não Se utilizou de nenhuma das prerrogativas da divindade enquanto desempenhou o Seu ministério terreno (nem poderia fazê-lo, pois Deus havia prometido que um homem haveria de alcançar a vitória sobre o pecado e sobre a morte), os estudiosos da Bíblia denominam de “kenosis” ou “esvaziamento”.
Jesus não deixou de ser Deus quando Se tornou homem, mas, por livre e espontânea vontade, para cumprimento da vontade do Pai (Hb.10:5-9), veio a este mundo, despindo-Se da Sua glória (Fp.2:5-8), cumprindo a lei (Mt.5:17), fez-Se oferta e sacrifício ao Pai para a salvação dos pecadores (Is.53:4-9).
OBS: “…Ele [Cristo, observação nossa] se aniquilou, isto é, foi reduzido em seus atributos, sujeitando-se ao corpo humano.
Isto não quer dizer que perdeu ou desvencilhou totalmente da sua divindade, mas precisou sujeitar-se ao corpo humano e, portanto, ficou sujeito a certas limitações pelas quais passam os homens.
Mas, quando ressuscitou e adquiriu corpo glorioso, voltou a possuir plenamente todos os atributos, como o Pai.…” (SILVA, Osmar J. da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.23).
– Tudo quanto Jesus fez, no Seu ministério público, foi em virtude da unção do Espírito Santo sobre Ele (At.10:38).
Esta unção do Espírito sobre Ele se deu quando Ele foi batizado por João no Jordão, algo que foi atestado pelo próprio João que viu o Espírito descer sobre Ele como pomba, instante em que o Pai deu, também, testemunho do Filho (Mt.5:13-17; Mc.1:9-11; Lc.3:21,22; Jo.1:32-34).
Por isso, não tem o menor cabimento todo e qualquer escrito apócrifo que atribui milagres a Jesus na Sua infância, adolescência e juventude, pois Jesus nunca assumiu a Sua divindade no Seu ministério, mas, para cumprir a Palavra de Deus, esvaziou-Se desta Divindade, sendo um homem ungido pelo Espírito Santo para cumprir tudo quanto estava determinado a Ele na Sua obra (Jo.17:1-4).
– Muitos são os episódios na Bíblia Sagrada que mostram que Jesus realmente Se humanizou. Vejamos alguns:
a) Jesus era membro de uma família – Mt.1:18-25
b) Jesus teve um nome – Mt.1:21
c) Jesus teve genealogia – Mt.1:1-17(jurídica); Lc.3:23-28 (biológica)
d) Jesus teve profissão secular – Mc.6:3
e) Jesus foi cumpridor dos deveres cívicos – Mt.12:19-21;17:24-27; 22:15-21; Jo.19:6
f) Jesus teve cansaço – Mt.8:24; Jo.4:6
g) Jesus teve fome – Mt.4:2
h) Jesus teve sede – Jo.4:6; 19:28
i) Jesus manifestou sentimentos – Lc.10:21; Mc.3:5; Jo.11:35; Mt.8:31.
j) Jesus foi tentado – Hb.4:15; Mt.4:1-11
l) Jesus dependia da ajuda de Deus – Mt.14:23
m) Jesus morreu – Fp.2:8; Jo.19:30,34
n) Jesus foi ressuscitado por Deus – At.2:34; 13:30; Rm.8:11.
– É importante observar que a humanidade de Jesus não terminou com a Sua morte, como muitos pensam.
Ao ser ressuscitado, Jesus manteve a Sua humanidade, já, agora, porém, não mais esvaziada da Sua divindade, daí porque, a partir da ressurreição, estar em Jesus a Divindade e a Humanidade em plena atividade, pois Ele venceu a morte e o inferno (Ap.1:18).
Tanto a humanidade de Jesus não terminou que a Bíblia diz que seremos semelhantes a Ele (I Jo.3:2) e que quem é o mediador entre Deus e os homens, na atualidade, é Jesus Cristo homem (I Tm.2:5), pois só o homem Jesus pode entender o pecador (Hb.2:10-18).
III – OS TRÊS OFÍCIOS DE JESUS
– Uma das características humanas de Jesus, como vimos no item anterior, foi a de ter recebido um nome.
O anjo que anunciou o nascimento do Senhor disse que Ele deveria ser chamado de “Jesus”, porque salvaria o Seu povo dos pecados deles (Mt.1:21).
Evidentemente que a forma “Jesus” é a forma grega do nome hebraico “Yehoshua”, até porque o Novo Testamento foi escrito em grego e não na língua hebraica que, aliás, nem mais era falada pelo povo nos tempos de Jesus.
Apesar de este ser o Seu nome, logo após o início do Seu ministério terreno, Jesus passou a ser reconhecido como o “Messias”, ou seja, o “Ungido”, Aquele que havia sido separado por Deus para efetuar a redenção de Israel e de toda a humanidade.
Ora, a palavra “Messias” é hebraica (“Maschiach”), como se vê em Dn.9:25,26 e seu termo correspondente em grego é “Cristo” (Jo.1:41; 4:25).
Por isso é que Jesus passou a ser chamado Cristo (Mt.27:17,22), como também Filho de Davi (Mt.9:27; 12:23; 15:22; 21:9), outra expressão que demonstrava o reconhecimento de que Jesus era Aquele que havia sido prometido por Deus para a redenção de Israel.
– Vemos, portanto, que a expressão “Cristo”, “Messias” ou “Filho de Davi” não nos dá qualquer informação sobre a natureza divina ou humana de Jesus, mas, sim, revela que Ele tinha uma missão, uma obra a cumprir sobre a face da Terra.
Ele fora escolhido pelo Pai para realizar a salvação da humanidade, para resgatar o gênero humano, pagando o preço do pecado da humanidade em Si mesmo, reconciliando Deus com o homem e desfazendo, assim, a divisão ocasionada pelo pecado e fomentada pelo adversário de nossas almas (Ef.1:7-10; I Jo.2:2; 3:8).
Jesus tinha plena consciência disto, tanto que não Se cansava de dizer que viera para fazer a vontade do Pai, que tinha uma obra a realizar (Jo.5:30; 6:39; 12:27; 17:4; 18:37).
– Porque Jesus é o “Cristo”, o “Messias”, o “Filho de Davi”, ou seja, o “Ungido”, aquele que foi separado para a realização de uma tarefa, a obra da salvação da humanidade, não é surpresa observar que, como Jesus é o centro de todo o plano de Deus para a salvação do homem, n’Ele estivessem todas as funções que, ao longo dos séculos, o Senhor foi separando homens para a preparação da vinda do Cristo.
Expliquemo-nos melhor: Jesus é o centro, o ponto mais alto de todo o plano de Deus para a salvação do homem, mas este plano não se realizou de uma hora para outra. Foram necessários séculos, milênios para que da semente da mulher nascesse o Messias.
Por isso, enquanto o Messias não vinha, o Senhor Se revelou progressivamente aos homens, por intermédio de pessoas que escolheu. Estas pessoas escolhidas por Deus exerceram três funções distintas, a saber: sacerdote, profeta e rei.
Ao longo dos séculos, Deus escolheu alguns para estas funções, mas, e isto é importante, ninguém chegou a exercer plenamente estas três funções ao mesmo tempo.
Eram apenas servidores parciais, que preparavam o caminho do Cristo, Este, sim, que, como centro de toda a revelação divina, teria de exercer, a um só tempo, as três funções.
São estas três funções, que foram unicamente exercidas em toda a sua plenitude por Jesus, que constituem o que os estudiosos da Bíblia denominam de “os três ofícios de Jesus”, que nos esclarecem o papel desempenhado por Jesus no plano da salvação da humanidade.
– O primeiro ofício de que trataremos é o ofício de sacerdote, que parece ser o mais antigo de todos os ofícios.
Pelo menos, logo após a queda do homem, vemos Caim e Abel apresentando ofertas ao Senhor, administrando sacrifícios, o típico ofício sacerdotal.
Com efeito, o sacerdote é aquele que se faz mediador entre Deus e os homens, apresentando ofertas e sacrifícios ao Senhor.
Os patriarcas, homens chamados por Deus, exerciam o ofício sacerdotal (Abraão, Jó, Isaque, Jacó), como também, ao formar a nação que era Sua propriedade peculiar, determinou Deus que se separasse a tribo de Levi para dela tomar sacerdotes (Nm.3).
Mas, dentre os sacerdotes, o que se sobressai é Jesus, que a Bíblia expressamente chama de sacerdote (Hb.5:6-10; 6:20).
– A palavra “sacerdote” tem origem no latim “sakro-dots”, ou seja, “aquele que desempenha, que faz as cerimônias sagradas”.
Vemos, portanto, que o sacerdote é aquele que realizava os rituais e as cerimônias para que os homens se fizessem favoráveis a Deus (ou aos deuses, entre os povos antigos politeístas).
A função do sacerdote, pois, é mediar o relacionamento entre Deus e os homens, fazendo o necessário para isto.
– Dentre os sacerdotes, destaque tinha o sumo sacerdote, descendente de Arão, o primeiro sumo sacerdote, cuja função era, primordialmente, a de interceder a Deus por todo o povo, notadamente no dia da expiação, quando ingressava no lugar santíssimo e ali, depois de ter feito sacrifício antes por si mesmo, oferecia um sacrifício em nome de todo o povo, ocasião em que Deus aplacava a Sua ira e diferia, por mais um ano, a punição pelos pecados cometidos.
Era o sumo sacerdote quem aspergia sangue sobre o propiciatório, como era chamada a tampa de ouro da arca do concerto, que ficava dentro do lugar santíssimo, e este sangue trazia favor ao povo de Israel, pois, por causa deste sangue, o pecado do povo era coberto e Deus Se mostrava favorável (i.e., propício), não castigando o povo pelo pecado cometido.
– Pois bem, Jesus exerceu este ministério sacerdotal, pois foi Ele quem apresentou o sacrifício que tirou o pecado do mundo, que, aliás, era Ele próprio (Jo.1:29), o único sacrifício que removeu os pecados da humanidade e que proporcionou o retorno da comunhão entre Deus e os homens (Hb.10:1-18).
Jesus, como bem explicou o escritor da carta aos hebreus, é o sumo sacerdote por excelência, de uma ordem superior a dos sumo sacerdotes que descendiam de Arão, porque estes apenas, depois de terem feito um sacrifício por si, aplacavam, por um ano, a ira divina, cobrindo os pecados do povo (Sl.32:1), mas Jesus, bem ao contrário, sacrificou-Se a Si mesmo, uma vez por todas, para tirar o pecado do mundo, pecado que nunca mais será levado em conta por Deus.
– Em virtude deste sacrifício suficiente e que Se fez propiciação pelos pecados de todo o mundo (I Jo.2:2), Jesus assumiu o papel de mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5; Hb.8:6; 9:15; 12:24), intercedendo atualmente, à direita do Pai, pelos transgressores (Is.53:12; Rm.8:34).
Jesus é o sumo sacerdote, pois é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), que é composta de sacerdotes (I Pe.2:5,9; Ap.1:6; 20:6).
– O ofício sacerdotal de Jesus traz-nos algumas consequências importantes, que, pela exiguidade de espaço, não poderão ser discriminadas, mas cuja apresentação é suficiente para os objetivos preconizados nesta lição, a saber:
a) Como Jesus é o sumo sacerdote, é o único mediador entre Deus e os homens, não sendo, pois, possível qualquer mediação entre Deus e os crentes, a não ser pelo Senhor Jesus;
b) Como Jesus é o sumo sacerdote, o Seu sacrifício é o único que removeu o pecado do mundo e, por isso, não se pode mais crer em qualquer sacrifício para perdão dos pecados, mesmo um suposto sacrifício que repita de modo incruento o sacrifício do Calvário;
c) Como Jesus é o sumo sacerdote, só através dele obtemos o perdão dos pecados, motivo por que não há qualquer outro meio de salvação senão a fé em Jesus;
d) Como Jesus é o sumo sacerdote e como Ele está vivo, não pôde ter surgido outras formas de salvação depois da Sua morte, ressurreição e ascensão aos céus;
e) Como Jesus é o sumo sacerdote, todos os crentes são sacerdotes, não havendo, pois, diferença entre “leigos” e “sacerdotes” no seio da Igreja.
– O segundo ofício de que trataremos é o ofício de profeta, também dos mais antigos, visto que o primeiro profeta registrado nas Escrituras é Enoque, o sétimo depois de Adão(Jd.14), embora a primeira pessoa chamada de profeta na Bíblia seja Abraão (Gn.20:7).
– A palavra “profeta” é de origem grega e significa “o porta-voz”, ou seja, aquele que fala em nome de alguém, aquele que anuncia, traz uma mensagem de alguém, que interpreta a opinião de uma determinada divindade.
Aliás, antigamente, os hebreus chamavam o profeta de “vidente” (I Sm.9:9), ou seja, aquele que tinha a capacidade de “ver” a vontade divina, de entendê-la e anunciá-la ao povo.
– Ao falar sobre a vinda do Messias, Moisés disse que Ele seria profeta (Dt.18:18). Jesus, mesmo, disse que era profeta (Mt.13:57; Mc.6:4; Lc.4:24) e o povo assim O considerava (Mt.14:5; 21:11,46; Jo.4:9).
Jesus não só disse que era profeta, como anunciou a Palavra de Deus, o que O qualificou como sendo profeta.
Pregou o Evangelho, ou seja, as boas novas de salvação (Mc.1:14,16), tendo, por algumas vezes, dito explicitamente que o que falava era por determinação do Pai (Jo.7:16-18; 14:10; 15:15).
– Como porta-voz de Deus, o profeta, muitas vezes, fala do futuro, pois, para Deus não há futuro e, portanto, pode revelar, por meio de profetas, o que está para acontecer.
Jesus, enquanto profeta, também predisse o futuro, como, por exemplo, a destruição do templo de Jerusalém (Mt.24:2), profecia que se cumpriu literalmente no ano 70 d.C.
Muitas outras predições foram feitas pelo Senhor, inclusive as relativas aos sinais de Sua vinda, que estão se cumprindo plenamente nos nossos dias. As Escrituras, mesmo, dizem que o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap.19:10).
OBS: “…O testemunho de Jesus é o espírito de profecia. O testemunho de Cristo será levado a efeito por meio da ‘profecia’, conforme se vê no presente versículo [Ap.19:10, observação nossa].
O Espírito de Cristo é quem inspira a profecia deste livro do princípio ao fim (1.3; 11.6; 19.10; 22.7,18,19).
A palavra foco ocorre sete vezes no Apocalipse e a palavra ‘profeta’ por doze – portanto o livro traz o selo da profecia e a raiz desta se encontra em quase todo o restante da Bíblia e o seu fruto é reunido neste último livro da Bíblia…” (SILVA, Severino P. da. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed. , p.245-6). Bem se vê que, ao contrário do que defendem os adventistas, o espírito de profecia não é a sra. Ellen White.
– Jesus é o maior de todos os profetas, pois, sendo Deus, sendo o Verbo, ou seja, a própria Palavra (Ap.19:13), constitui-Se no mais fidedigno porta-voz de Deus aos homens, vez que é a própria Palavra de Deus que veio habitar entre nós.
Os ditos divinos estão plenamente contidos na boca do Senhor Jesus, que é a própria expressão da Divindade entre os homens (Cl.2:9; Hb.1:3).
Ao contrário dos demais profetas, que, por maiores que fossem, como é o caso de Moisés (Dt.34:10) e de João Batista (Lc.7:26,28), que tiveram falhas ao longo de suas vidas e de suas bocas saiu algo que não era proveniente da vontade de Deus (Nm.20:10-12; Lc.7:19), jamais se achou engano nos lábios de Jesus (Is.53:9).
– O ministério profético de Jesus é tão evidente que mesmo entre aqueles que Lhe negam a divindade, como é o caso dos judeus e dos muçulmanos, é ele reconhecido como um profeta, como um porta-voz divino, notadamente entre os islâmicos, que o têm como o maior profeta depois de Maomé.
OBS: Como exemplo da consideração de Jesus como profeta entre os muçulmanos, transcrevemos os seguintes versículos do Alcorão:
“…Dizei: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele. (2:136).”
– O terceiro ofício de Jesus é o de rei. Desde o início da monarquia em Israel, os reis eram ungidos.
Depois da rejeição de Saul, Deus mandou que Samuel ungisse a Davi e o Senhor prometeu que a descendência de Davi jamais deixaria o trono de Israel (II Sm.7:12-17).
Esta promessa se cumpre, precisamente, em Jesus que, segundo a genealogia, era o herdeiro presuntivo da coroa de Judá (Mt.1:1-17).
Como já vimos neste estudo, Jesus era chamado de “Filho de Davi”, por causa de Sua ascendência real, pois era o legítimo herdeiro da dinastia iniciada por Davi e que havia sido destronada com a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor.
A partir de então, nenhum mais herdeiro de Davi ocupou o trono de Israel, que passou a ser dominado por estrangeiros (salvo o breve intervalo dos macabeus, no período interbíblico). Jesus, portanto, é o legítimo herdeiro da coroa do reino de Judá e, como está vivo, continua com este direito, direito que será exercido por ocasião do reino milenial.
– A Bíblia, já nas profecias do Antigo Testamento, afirmava que o Messias seria descendente de Davi, a raiz de Jessé (Is.11:1,10).
Por isso, os judeus, até hoje, aguardam seu Messias como um nobre e pessoa de alta posição, tendo sido, aliás, este um dos motivos pelos quais Jesus não foi reconhecido como rei pelo Seu povo, embora tenha sido esta a acusação pela qual O levaram à cruz (Mt.27:37), o que serviu, inclusive, de testemunho de Sua condição real.
– A Bíblia diz que Jesus é Rei, não só rei dos judeus (Mt.2:2; 27:11; Lc.23:3; Jo.1:49), mas também Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap.19:16).
O principado está sobre os Seus ombros, ou seja, o governo do mundo Lhe foi destinado (Is.9:6) e, como Rei, governará o mundo com paz e justiça (Is.11).
Enquanto na Terra, Jesus disse que Seu reino não era deste mundo (Jo.18:36), mas dias virão em que o reino será restabelecido em Israel (At.1:6,7) e, de Israel, Jesus reinará sobre todo o mundo por mil anos (Ap.20:1-6).
Enquanto na Terra, Jesus não deixou que o fizessem rei (Jo.6:15), embora assim tenha sido aclamado quando entrou em Jerusalém pela vez derradeira (Jo.12:13).
– Mas, já neste tempo em que vivemos, o Senhor Jesus é o Rei da Igreja, pois governa a Igreja, de que é cabeça, como já dissemos.
Todo o poder Lhe foi dado nos céus e na terra (Mt.28:18) e todos quantos nasceram de novo por terem crido nEle passam a ver e a entrar no reino de Deus (Jo.3:3-5). Por isso, não mais vivemos, mas é Cristo que vive em nós (Gl.2:20).
Por isso, seguimos firmemente a lei de Cristo (I Co.9:21; Gl.6:2). Ora, se há uma lei de Cristo, é porque Ele legisla, Ele governa, ou seja, Ele é Rei!
– A dignidade real de Cristo foi transmitida à Igreja, cujo sacerdócio é real (I Pe.2:9; Ap.1:6; 5:10), tanto que reinaremos com Ele no milênio (Ap.20:4).
Tal dignidade, porém, advém não do fato de sermos melhores do que os outros, mas de nossa obediência ao Senhor, de nossa submissão a Ele. Nunca nos esqueçamos de que somos os ramos, mas Ele é a videira verdadeira.
Portanto, sem qualquer respaldo bíblico, os falsos ensinos que procuram nos convencer que, como somos “filhos do rei” ou “filhos do dono do mundo”, podemos, como quaisquer “filhinhos de papai” das elites (notadamente dos países subdesenvolvidos), ter uma vida desregrada e desregulada, tudo podendo fazer porque o “nosso Rei nos garante”, “somos filhos do rei”.
Lembremo-nos todos de que nossa dignidade real requer de nós submissão e observância da lei de Cristo, obediência e não privilégios.
– Como dissemos, nenhuma outra personagem da Bíblia Sagrada acumulou estes três ofícios a não ser Jesus.
João Batista, embora considerado pelo próprio Senhor como o maior de todos os profetas, foi apenas profeta, não tendo sido rei nem tampouco sacerdote (embora fosse de linhagem sacerdotal).
Moisés, embora tenha exercido funções sacerdotais (plenamente até a escolha de Arão e, depois, parcialmente a partir de então), bem assim sido profeta, não foi rei, tendo sido apenas o intermediário entre Deus e o povo.
Aliás, é interessante observar que, em Dt.33:5, na Versão Almeida Revista e Corrigida, parece-se afirmar que Moisés teria sido rei em Israel (Jesurum é o nome poético de Israel), mas a melhor tradução do texto é de que “o Senhor foi rei em Jesurum” e não, Moisés.
Moisés, embora tenha liderado o povo, nunca foi rei, no sentido que o próprio Moisés deu a esta função em Dt.17:14-20.
Samuel, outro grande homem de Deus, embora tenha sido profeta e sacerdote, também não foi rei.
Davi, por sua vez, embora tenha sido rei e profeta, não foi sacerdote. Elias, embora tenha sido profeta e até feito sacrifícios como um sacerdote, nunca foi rei.
Vemos, pois, que só Jesus assumiu estes três ofícios, para demonstrar a Sua preeminência, a Sua singularidade dentre os homens.
– “Cremos, professamos e ensinamos que o Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus e o único mediador entre Deus e os seres humanos, enviado pelo Pai para ser o Salvador do mundo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus:
“e dos quais é Cristo, segundo a carne, O qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm.9:5).
Cremos na concepção e no nascimento virginal de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme as Escrituras Sagradas e anunciado de antemão pelo profeta Isaías, e que Ele foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da Virgem Maria.
Gerado do Espírito Santo no ventre dela, nasceu e viveu sem pecado: “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb.4:15); que foi entregue nas mãos dos pecadores para ser crucificado pelos nossos pecados, mas ressuscitou corporalmente dentre os mortos ao terceiro dia e ascendeu ao céu, onde está à direita do Pai, e de onde intercede por nós e voltará para buscar a Sua Igreja.” (Início do Capítulo IV – Sobre a identidade do Senhor Jesus Cristo da Declaração de Fé da CGADB).
Ev. Caramuru Afonso Francisco