Lição 8 – A igreja de Cristo
CREMOS
(…)
- Na Igreja, que é o corpo de Cristo, coluna e firmeza da verdade, uma, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares, chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus (I Co.12:27; Jo.4:23; I Tm.3:15; Hb.12:23; Ap.22:17).
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INTRODUÇÃO
– Após o pecado ter dominado a humanidade, Deus executou o plano já existente antes da fundação do mundo para propiciar a salvação do homem perdido, plano este que encontrou seu clímax na encarnação do Deus Filho, que morreu por nós na cruz do Calvário.
Depois da morte e ressurreição de Cristo, revela-se o mistério de Cristo(Ef.3:1-6): a Igreja.
– A Igreja é o novo povo de Deus, o povo formado por judeus e gentios que, pelo sangue de Cristo, passam a ter comunhão com Deus, perdoados que estão dos seus pecados, um povo espiritual, assim como o seu Senhor, um povo destinado a se reunir aos santos do passado para povoar a Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste, onde se reeditará a comunhão eterna e perfeita que havia entre Deus e a humanidade antes que o pecado entrasse no mundo (Ap.21:3).
I – CONCEITOS DE IGREJA E SUA ORIGEM
– Após termos estudado a respeito da salvação, passaremos a ver o que a Bíblia nos ensina sobre a realidade da humanidade após a consumação da obra da salvação.
As Escrituras revelam-nos que, com a vitória de Cristo sobre a morte e o inferno, forma-se um povo diferente, especial, zeloso e de boas obras, a saber, a Igreja.
– A palavra “igreja” surge, pela vez primeira, nas Escrituras, no evangelho segundo Mateus (Mt.16:18), quando é declarada pelo próprio Jesus que, assim, revela o “mistério de Cristo”, como o apóstolo Paulo chamou a “igreja” na epístola aos efésios.
É a palavra grega “ekklesia” (εκκλησια), cujo significado é “reunidos para fora”, “chamados para fora”.
A palavra “ekklesia”, porém, já havia sido utilizada na Versão Grega do Antigo Testamento (a chamada Septuaginta) para traduzir a palavra hebraica “qahal”, que as nossas versões em língua portuguesa costumam registrar como “congregação”, nome pelo qual era conhecida a reunião do povo de Israel, principalmente no tempo da peregrinação no deserto, quando Moisés costumava chamar todo o povo para algumas reuniões solenes à frente do tabernáculo que, por isso mesmo, era denominada de “tenda da congregação” (Nm.10:1-3).
– Notamos, pois, de início, que a palavra “igreja” fala de uma “reunião”, ou seja, um grupo de pessoas. Igreja não é um indivíduo, não é uma pessoa solitária, mas, sim, um grupo de pessoas, um conjunto de pessoas.
Desta forma, ficamos sabendo, já pela etimologia da palavra, que a salvação proporcionada por Jesus Cristo cria um novo grupo de pessoas, um novo povo.
Não se pode, pois, biblicamente falando, ser salvo e permanecer isolado, solitário na vida sobre a face da Terra.
Este novo povo, esta “igreja”, vem, portanto, realizar, concretizar aquilo que Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos” (Ex.19:5,6) era apenas uma figura, um símbolo, uma sombra (Hb.10:1).
– Mas “igreja” não é apenas uma “reunião”, mas é o conjunto dos “reunidos para fora”, ou seja, daqueles que foram chamados, convocados, para sair do lugar onde estavam, da sua habitação, como, aliás, acontecia toda vez que Moisés tocava as duas trombetas de prata no deserto, sinal de que todo o povo deveria sair das suas habitações e comparecer até a frente do tabernáculo.
A “igreja”, pois, não é um povo que se formou por vontade própria, mas que foi resultado de um chamado, de uma ação divina.
Por isso, Jesus diz que edificaria a Sua igreja e o apóstolo Paulo a denomina de “lavoura de Deus” e “edifício de Deus” (I Co.3:9).
A igreja não é uma criação humana, mas, sim, divina, é algo que se construiu pela vontade do Senhor. É uma “reunião” que não é obra de homem algum, mas do próprio Deus.
– A igreja não é uma reunião a esmo, sem propósito nem tampouco lugar. A igreja é o conjunto dos “reunidos para fora”, ou seja, é um povo que está “fora”, que se encontra em um lugar distinto e diferente do dos demais povos.
Ora, sabemos que a humanidade, por causa do pecado, encontra-se longe de Deus (Pv.15:29; Is.46:12; Mc.7:6), mas, quando aceita o chamado do Senhor, crendo em Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, pelo sangue de Cristo deixa de ficar longe e passa a estar perto do Senhor (Dt.30:14; Sl.145:18; At.2:39; Ef.2:13,14).
Por isso, a igreja é formada por aqueles que estão “fora” do pecado, “fora” do mundo, “fora” das trevas. Há, portanto, uma verdadeira oposição entre a “igreja” e o “mundo”.
– Não é por outra razão que a “igreja” é denominada pelos estudiosos como a “agência do reino de Deus na Terra”, precisamente porque é se distinguindo dos demais homens, saindo para “fora do mundo” que se passa a pertencer a ela, o que nos faz lembrar as palavras de Jesus a Nicodemos a respeito do novo nascimento, sem o qual não se pode ver nem entrar no reino de Deus (Jo.3:3,5).
A igreja é um povo que se encontra na face da Terra mas que pertence a um reino que não é deste mundo (Jo.18:36 “in initio”).
– Este primeiro significado de “igreja” é o que se chama, também, de “igreja universal”, entendida esta como a reunião de todos os homens que creram em Cristo em todos os tempos, a partir da obra redentora na cruz do Calvário, a “universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a), ao “corpo de Cristo” (I Co.12:27; Ef.4:12), a “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (I Pe.2:9), o conjunto de todos os que creram em Jesus Cristo ao longo da história e que se reunirá, pela vez primeira, quando do arrebatamento da Igreja, os quais serão apresentados ao Pai pelo Filho com as seguintes palavras: “Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.”(Hb.2:13 “in fine”).
– Mas, além deste significado primeiro da palavra “igreja”, também encontramos um outro significado nas Escrituras, notadamente a partir do livro de Atos dos Apóstolos, quando nos deparamos com a chamada “igreja local”, ou seja, a igreja que se encontra em um determinado lugar, significado este que surge, pela vez primeira, em At.8:1, quando se fala na perseguição que se iniciou contra “a igreja que estava em Jerusalém”, para,
logo em seguida, dizer que os membros desta igreja foram dispersos, com exceção dos apóstolos, passando a pregar a Cristo em todos os lugares, começando a narrativa por Samaria, para onde fora Filipe.
Neste significado, encontramos a palavra “igreja” no plural, como se lê, por exemplo, em At.9:31, que fala das “igrejas em toda Judéia, e Galileia, e Samaria”.
– A “igreja local” nada mais é que um conjunto de pessoas que dizem crer em Jesus Cristo e que professam a Sua doutrina e que se encontram numa determinada localidade.
É uma reunião de pessoas que, chamadas por Deus, passam a obedecer às Escrituras e aos ensinos do Senhor Jesus, e, por isso mesmo, pregam a Cristo e ensinam a Palavra de Deus a todos quantos vivem naquele determinado lugar.
A “igreja local”, portanto, é um grupo social, uma reunião de pessoas, uma partícula da “igreja universal”, do “corpo de Cristo”.
– O crescimento da igreja, a evangelização, o cumprimento do “ide” de Jesus fez com que a igreja, o corpo de Cristo, passasse a ser maior do que a “igreja local”, que, era, então, restrita a Jerusalém (ainda que, em verdade, desde o dia de Pentecostes, que é o início da evangelização desta dispensação, já tenhamos pessoas que tenham aceitado a Cristo e não tenham ficado em Jerusalém, vez que estavam na cidade apenas para aquela festividade).
Passou a haver muitas “igrejas”, cada uma em um local, em um lugar, mas todas unidas espiritualmente pela comunhão com o único e verdadeiro Deus, pelo Espírito Santo que os mantinha em unidade com o Pai e o Filho.
– Tem-se, portanto, na Igreja, que é o Corpo de Cristo, a reprodução da própria dupla natureza que encontramos em Cristo Jesus e que já foi objeto de nosso estudo neste trimestre.
Assim como Jesus é homem e Deus simultaneamente, sendo uma unidade e uma diversidade a um só tempo, também o Seu corpo, isto é, a Igreja, por Ele edificada, é, ao mesmo tempo, uma unidade, vez que se trata de o corpo de Cristo, o povo adquirido, a nação santa, mas também é uma pluralidade, pois são várias as igrejas, cada uma em um determinado lugar, em um determinado local.
O único povo de Deus apresenta-Se sob muitas formas, demonstrando que o único Deus (Rm.16:27; I Tm.1:17; Jd.25) é, também, multiforme (Ef.3:10; Hb.1:1; I Pe.4:10).
– Deus, que criou o homem como um ser social (Gn.2:18), providenciou para que esta unidade espiritual desde já instaurada pelo perdão dos pecados e pela salvação em Cristo Jesus não se mantivesse apenas como uma nação espiritual, pois isto seria insuficiente para a obra da evangelização e do aperfeiçoamento dos santos, tratando de estabelecer que a vida espiritual sobre a face da Terra, até a chamada individual de cada um para a eternidade, ou o arrebatamento da Igreja, com o término desta dispensação, se desse por meio da criação de um grupo social, onde os homens pudessem uns aos outros ajudar na dura e espinhosa jornada da fé: a “igreja universal” depende, pois, da “igreja local” para chegar, em bom termo, à sua “inauguração”, o que se dará no dia do arrebatamento da Igreja.
– Vistos estes dois conceitos de igreja, resta-nos ver o que a Bíblia tem a dizer sobre a origem da Igreja. Quando ela surgiu? Quando ela foi concebida?
Pois bem, assim como a salvação estava prevista desde antes da fundação do mundo, de igual modo a igreja já estava estabelecida por Deus ainda antes que o mundo existisse.
A igreja foi o “…mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são coerdeiros e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho.” (Ef.3:4-6).
A igreja era o grande mistério de Cristo que só foi revelado pelo próprio Senhor quando fez a famosa “declaração de Cesareia”, quando afirmou que edificaria a Sua igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt.16:18).
– A igreja, portanto, é um projeto exclusivamente divino, concebido, executado e sustentado por Deus.
É por isso que podemos ter a certeza, e a história tem demonstrado isto, que nada pode destruir a Igreja. Durante estes quase dois mil anos em que a igreja tem participado da história da humanidade, muitos homens poderosos se levantaram contra a Igreja, tentaram destruí-la e não foram poucas as vezes em que se proclamou que a Igreja estava vencida.
No entanto, todos estes homens passaram, mas a Igreja se manteve de pé, vencedora, demonstrando que não se trata de obra humana, mas de algo que é divino e contra o qual todos os poderes das trevas não têm podido prevalecer.
OBS: Diante de tantos exemplos históricos, relatemos dois episódios elucidativos desta realidade.
O imperador romano Juliano (331-363, imperador de 361 a 363) perseguiu impiedosamente os cristãos, depois que os cristãos já haviam sido reconhecidos por Roma, tendo ele mesmo abandonado o Cristianismo.
Pouco antes de morrer, numa campanha militar em 363, é dito que exclamou em alta voz: “venceste, ó Galileu”.
Na China comunista, os cristãos foram impiedosamente perseguidos e toda obra missionária naquele país foi impedida totalmente.
Com a abertura do regime a partir de 1979, pensou-se que o Cristianismo estaria dizimado naquele país e, para surpresa de todos, o número de cristãos no período difícil do governo de Mão-Tsé-Tung (1947-1979), dobrou naquele país. Ninguém pode prevalecer contra a igreja do Senhor Jesus!
– Concebida ainda antes da fundação do mundo, como primeiro momento da congregação de tudo em Cristo Jesus (Ef.1:10), a Igreja foi revelada por Jesus na famosa “declaração de Cesareia”.
No entanto, somente teria existência própria a partir do instante em que Jesus subiu aos céus, assentando-Se à direita de Deus, visto que a igreja é “o corpo de Cristo”.
Enquanto Jesus não ascendeu aos céus, não poderia haver uma verdadeira “igreja”, visto que Jesus ainda estava com os discípulos. A partir do instante, porém, em que ascendeu aos céus, passamos a ter a Igreja, Igreja que iniciaria a Sua missão evangelizadora a partir da descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, ato inicial da dispensação da graça e de apresentação da Igreja ao mundo.
Assim, podemos dizer que a Igreja começa efetivamente no dia de Pentecostes, visto que a Igreja nada mais é que “…a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe.2:9) e isto só se deu a partir do dia de Pentecostes.
OBS: O fato de o início da atividade da Igreja ter se dado no dia de Pentecostes, não quer dizer que ela tenha sido inaugurada neste dia, como bem atesta o pastor Osmar José da Silva, cujo pensamento ora transcrevemos:
“…A Igreja de Jesus Cristo é composta de bilhões vezes bilhões de almas, uma multidão que homem algum jamais poderá calcular.
Com certeza, a Igreja será inaugurada quando todos os remidos, de todos os tempos, juntamente com os santos que morreram desde o princípio da geração, e foram evangelizados por Cristo após a ressurreição, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor Jesus Cristo, que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai, dizendo: Hebreus 2.12:’…Eis-Me aqui, e aos filhos que Deus Me deu.’
Então haverá festa nos céus, todas as hostes celestiais se alegrarão juntamente com todos os seus servos.…” (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.110).
– Precisamos, também, distinguir a Igreja atuante da Igreja triunfante. Nas palavras de nossa Declaração de Fé:
“A Igreja atuante é aquela que ainda milita na terra, formada por todos aqueles que seguem a Cristo, lutam contra a carne, o mundo, o diabo, o pecado e a morte.
A Igreja triunfante é constituída dos irmãos que já partiram deste mundo, tendo vencido todos os seus inimigos e que agora estão com o Senhor Jesus.
Ele e nós pertencemos à mesma Igreja: “do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome” (Ef.3:15).
A Igreja atuante emprega armas espirituais no bom combate:
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (II Co. 10:4).
Ela permanece firme nessa batalha contra o mal, e isso vai durar até a vinda de Cristo.” (item 4 do Capítulo XI – da Igreja da Declaração de Fé da CGADB).
– Entretanto, ao contrário do que ensinam os romanistas, não há a mínima possibilidade de a “Igreja triunfante” interceder em favor da “Igreja atuante”, não sendo possível daí deduzir-se a intercessão e o subsequente culto aos santos, como ensinam romanistas, ortodoxos e anglicanos.
II – A ESTRUTURA DA IGREJA
– Jesus, ao revelar o Seu mistério, isto é, a Igreja, disse que a edificaria.
Assim, logo após a revelação deste novo povo de Deus, Jesus nos indica que se tratava de algo que era organizado, ordenado, de algo que tinha uma estrutura, sem o que não se trataria de uma “edificação”.
A Igreja é o “edifício de Deus”, é a “lavoura de Deus”, o “corpo de Cristo”, “a coluna e firmeza da verdade” (I Tm.3:15), a “nação santa”, expressões todas que indicam haver uma ordenação, uma estrutura, uma ordem nesta entidade criada pelo próprio Deus, que, como sabemos, é um Deus de ordem, não de confusão (I Co.14:33).
– A primeira coisa que observamos com relação à ordem, à estrutura da Igreja é de que o edificador é o próprio Jesus.
“Edificarei a Minha Igreja”, disse o Senhor Jesus.
Vemos, pois, que a igreja não é algo que deva ser estruturado e moldado segundo os caprichos, as habilidades, palpites, experiências ou sabedoria humanos, mas, sim, segundo o modelo traçado pelas Escrituras Sagradas.
Nos dias em que vivemos, onde tem tido grande avanço a ciência da administração, muitos têm sido tentados a implantar e criar “modelos”, “visões”, “estratégias” e tantas outras “inovações” para que se tenha uma igreja bem sucedida, exitosa e que sempre cresça.
Tenhamos muito cuidado com tudo isto, pois a Bíblia nos ensina que a Igreja tem como edificador a Jesus Cristo e a Ele só. Ele não disse que a igreja era d’Ele e de todos os Seus discípulos. Sua expressão é bem clara: “Edificarei a Minha igreja”.
Por isso, muito atual e oportuna a consideração feita pelo pastor Ariovaldo Ramos num artigo que deve ser lido por todos, onde afirma que muitos têm “tomado” a igreja de Jesus para si e que, por isso, o Senhor bem pode exclamar a tais líderes: “Devolvam a Minha igreja”.
OBS: “…Ouvi, certa feita, que um preletor, convidado para falar a pastores, começou sua pregação dizendo ter um recado diretamente de Cristo, e que o recado era:
Devolvam a minha Igreja! difícil julgar algo assim, teria mesmo o recado vindo do Senhor?
Pode ser que não, porém, para mim, faz todo o sentido ter vindo dele, pois, é assim que eu sinto a igreja hoje, como usurpada de Cristo Jesus.
Talvez isso não tenha nada a ver com você, em princípio, mas pense na Igreja que está no Brasil como um todo. É a sua igreja.…” (RAMOS, Ariovaldo. Devolvam a Minha igreja. Disponível em: http://www.invsc.org.br/Artigos/devolvam_minha_igreja.htm Acesso em 19 out. 2006).
3º Trim. de 2017: A razão da nossa fé: assim cremos, assim vivemos.
– A segunda observação a ser feita é a de que, além de ser o Edificador, Jesus é o fundamento da Igreja.
Na própria “declaração de Cesareia”, Jesus nos mostra que Ele é o fundamento da Igreja, ao dizer que “sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja” (Mt.16:18). Quem é esta pedra?
Esta pedra é o próprio Cristo, como nos indicam o texto, o contexto interno e a correlação com os demais textos bíblicos. Senão vejamos.
– O texto refere-se a um diálogo entre Jesus e Pedro, logo após Pedro ter dito que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Diante desta declaração, Jesus disse que aquilo havia sido uma revelação do Pai a Pedro e, acrescentando a revelação, disse que Seu discípulo era Pedro, ou seja, o nome que Jesus havia dado a Pedro tinha como significado “pedra”, mas que sobre “esta” pedra, ou seja, Jesus Se refere a Si próprio, pois usa o pronome demonstrativo “esta”, que indica a coisa ou a pessoa mais próxima da pessoa que fala (e a pessoa mais próxima de Jesus naquele instante, que era quem estava a falar, não era ninguém a não ser o próprio Jesus).
Assim, o próprio texto indica-nos que Jesus Se referia a Si mesmo quando indica qual seria a pedra fundamental da Igreja.
– Mas, fora a interpretação gramatical do versículo, temos o próprio contexto interno, ou seja, a relação com os demais versículos da passagem bíblica. Toda a passagem gira em torno da identidade de Jesus.
Jesus pergunta a Seus discípulos quem os homens dizem ser o Filho do homem.
Depois dos relatos advindos da população contemporânea de Jesus, o Senhor quer saber a opinião dos discípulos e Pedro, então, declara que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Jesus, então, adverte que aquilo não era algo que Pedro tivesse obtido pela sua própria inteligência, mas uma revelação divina e a complementa dizendo que o nome “Pedro” que Ele mesmo havia dado ao Seu discípulo era também um símbolo, uma indicação, revelando, então, que a verdadeira pedra, que era Ele próprio, além de ser o Cristo, seria o fundamento de um novo povo, a Igreja, “o mistério de Cristo”.
O contexto fala-nos da identidade de Cristo e, portanto, esta pedra só pode ser o próprio Jesus, pois é este o assunto que está sendo tratado na passagem bíblica.
– Mas não bastassem estas evidências textuais, o fato é que as Escrituras, mesmo, em outros textos, mostram que o fundamento da Igreja é Jesus Cristo e nunca o apóstolo Pedro.
O primeiro a nos indicar isto é o próprio Pedro, que, por ser quem estava dialogando com Jesus, é o mais apropriado intérprete das palavras do Mestre.
Pedro, bem ao contrário dos romanistas, tendo ouvido o que Jesus falou, ensinou, anos depois, que o fundamento da Igreja é Jesus:
“E chegando-vos para Ele — pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós, também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo…” (I Pe.2:4,5). Pedro, portanto, confirma que a pedra, o fundamento da Igreja é Jesus.
– O apóstolo Paulo também caminha no mesmo sentido, ao mostrar que o fundamento da Igreja é Jesus:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (I Co.3:11).
Dúvida alguma, pois, pode haver quanto ao verdadeiro fundamento da Igreja. A verdadeira Igreja, pois, não tem outro fundamento a não ser Jesus Cristo.
– Mas, além de fundamento, Jesus é, também, a cabeça da Igreja, ou seja, o Seu governante, o Seu rei, o Seu comandante (Ef.1:22; 5:23).
Jesus foi constituído Senhor sobre todas as coisas (Mt.28:18; Rm.14:9) e não deixaria de sê-lo com relação à Sua Igreja, que Ele comprou com o Seu próprio sangue (At.20:28).
Tendo criado a Igreja, nada mais natural que seja o seu Senhor, o seu Rei, o seu Governante.
Por isso, todos os membros da Igreja, por maior autoridade que tenham, não passam de ministros de Jesus, ou seja, de Seus servidores (Mt.20:25-28; Mc.10:34-37; Jo.13:13-17;Ef.3:7).
OBS: As versões mais novas das Escrituras em língua portuguesa têm utilizado a expressão “o cabeça da Igreja” ao invés da expressão “a cabeça da Igreja” que constava das versões mais antigas.
Deploramos esta modificação, pois não corresponde a uma correta tradução.
A expressão “o cabeça” tem a conotação de “líder rebelde”, de “líder de revolta” e, evidentemente, não é este o significado que as Escrituras trazem a respeito de Jesus diante da Igreja.
Ele é o líder legítimo e natural da Igreja. Além do mais, a expressão “a cabeça” está em perfeita consonância com a figura da Igreja como “corpo”, que é encontradiça e predominante na epístola aos efésios, onde aparecem as duas referências de Cristo como “cabeça da Igreja”.
– Por ser a cabeça da Igreja, é nas mãos do Senhor Jesus que está o governo da Igreja, o comando, a palavra final.
Por isso mesmo a Bíblia nos diz que é Ele quem constitui os ministros na Igreja (Ef.3:7; 4:11), sendo este, aliás, o sentido do ensinamento de que os ministros são “chamados por Deus”, constituídos por “vocação” e não por “formação acadêmica”, ensino este, aliás, que foi deturpado para um anti-intelectualismo que, durante muitos anos, foi o principal e equivocado “diferencial” entre os pentecostais e os evangélicos ditos tradicionais. Evidentemente que não tem qualquer respaldo bíblico o ensino de que o ministro é fruto de uma formação acadêmica, de que os “seminários teológicos formam ministros”, mas, também, não há qualquer amparo bíblico para se dizer que o ministro não deve ter formação alguma, pois é um “chamado de Deus”.
Quando alguém tem chamada de Deus, é vocacionado para o ministério, deve, sim, aprimorar seus conhecimentos e melhor se preparar para exercer o ministério. Deus não só chamou como bem preparou Moisés e Paulo, por exemplo.
– Jesus não delegou a pessoa alguma a liderança da Igreja. Diz a Escritura que Ele é a cabeça da Igreja.
Mandou-nos o Espírito Santo, Deus como Ele, para estar conosco e em nós, sendo esta Divina Pessoa responsável pela importante tarefa de não nos deixar esquecer o que foi anunciado pelo Senhor Jesus (Jo.16:13,14).
É, pois, na condição de Revelador de tudo quanto o Filho quer fazer na Sua Igreja, que o Espírito seleciona homens para o ministério (At.13:2) ou prescreve orientações para a Igreja (At.15:28).
Assim, se nem a uma Pessoa Divina é dada autonomia para dirigir a Igreja do Filho do Deus vivo, como ousam alguns homens querer arrogar para si a liderança da Igreja?
OBS: Não falemos do Papado, que se arroga o direito de ser “a cabeça visível da Igreja”, como se fosse possível a Igreja ter mais de uma cabeça, ou dos Presidentes mórmons, que se arrogam o título de Profetas e detentores atuais do Sumo Sacerdócio, ou, ainda, do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová.
Falemos dos “pastores-presidentes”, “apóstolos”, “querubins”, “anjos de fogo” e “bispos” que têm querido dominar o rebanho de Deus nos nossos dias, misturando suas vaidades, lascívias, ambições políticas e tantas outras coisas com a Palavra de Deus e buscando uma autoridade sobrenatural para impor suas sandices por sobre os servos do Senhor.
Vigiemos, estamos nos últimos dias, onde proliferam estes falsos cristos, falsos apóstolos e falsos profetas a tentar nos levar com eles para o fogo do inferno.
– Jesus estabeleceu na Igreja um governo, de modo que a existência de um governo na igreja(e tal governo só pode ser na igreja local) não se constitui em invenção humana nem em distorção doutrinária, mas no estrito cumprimento do modelo bíblico prescrito pela cabeça da Igreja.
Por isso, se o “mandonismo humano” não tem respaldo das Escrituras, também não tem guarida na Palavra de Deus outras iniciativas dos nossos tempos de um verdadeiro “anarquismo cristão”, que defende um modelo de igreja onde não haja governo algum, onde “todos são iguais”, onde “não haja ministério” nem qualquer disciplina ou ordem de qualquer natureza.
Isto nada mais é que afronta à Palavra de Deus, verdadeira rebeldia, rebeldia esta que as Escrituras dizem ser do mesmo valor que o pecado de feitiçaria (I Sm.15:23).
OBS: Por isso, sem qualquer sentido o “localismo” defendido por Watchmann Nee, que tem angariado tantos adeptos na atualidade e cuja literatura perniciosa tem encontrado guarida em nossas livrarias e editoras.
Também se encontram dentro desta distorção iniciativas como o gedozismo e suas variações no movimento celular.
– Nossa Declaração de Fé é explícita neste tema, “in verbis”:
“CREMOS, professamos e ensinamos que existe hierarquia no céu e na terra e também na Igreja, pois todos nós estamos sob autoridade; todos nós prestamos contas a alguém à autoridade.
O próprio Senhor Jesus Cristo disse: “Porque Eu desci do céu não para fazer a Minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou” (Jo.6:38).
A forma de governo da Igreja é bíblica e define quem exerce autoridade no que diz respeito ao serviço do culto coletivo e às questões doutrinárias e administrativas.…” (Início do Capítulo XIV – Sobre a forma de governo da Igreja da Declaração de Fé da CGADB).
– Neste governo, tem papel principal os apóstolos (Ef.4:11), que foram os “enviados” por Jesus para iniciar a pregação do Evangelho em todo o mundo, após o devido revestimento de poder.
As Escrituras dão a estes homens uma posição de proeminência. O apóstolo Paulo afirma que os crentes são edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Jesus Cristo a principal pedra da esquina (Ef.2:20).
Na visão que teve da santa cidade, João revela que o muro da cidade tinha doze fundamentos e os nomes deles eram os doze apóstolos do Cordeiro (Ap.21:14). Em Atos, vemos que a igreja primitiva perseverava na doutrina dos apóstolos (At.2:42).
– Verificamos, portanto, que o papel dos apóstolos foi muito importante, porque foram eles quem transmitiram aos convertidos os ensinos de Jesus, quem ensinaram a Palavra (At.6:4), ensinos estes que acabaram, por inspiração do Espírito Santo, complementando as Escrituras, com o Novo Testamento.
Daí a sua proeminência na estrutura da Igreja e, ainda que entendamos que continuou a haver apóstolos ao longo da história da Igreja, o papel destes sempre foi o de ensinar a Palavra, expondo-a ao povo e de organizar as igrejas locais, tendo muito mais autoridade espiritual geral do que propriamente o governo das igrejas locais, o que bem difere estes homens dos “apóstolos” de hoje em dia, que são muito mais “administradores” e “empresários da fé” do que qualquer outra coisa.
– Além dos apóstolos, encontramos os profetas (Ef.4:11), que são servos do Senhor aquinhoados com o ministério profético, que é o de exposição da Palavra de Deus com unção e graça de Deus para a sua aplicação ao caso concreto.
Os profetas, assim como os apóstolos, não têm uma atuação circunscrita a uma igreja local ou a um conjunto de igrejas locais, mas são revestidos de uma autoridade espiritual, que transcende os limites das igrejas locais.
São porta-vozes do Senhor para o corpo de Cristo e que dão as devidas orientações e prescrições ao povo de Deus com vistas à sua edificação, consolação e exortação, como vemos, por exemplo, nos casos de Ágabo (At.11:28; 21:10) e das filhas de Filipe (At.21:9).
– Mas Jesus também constitui na Sua Igreja pastores (Ef.4:11), denominação que, em o Novo Testamento, equivale a de bispos, anciãos e presbíteros, que são, propriamente, aqueles que governam as igrejas locais, “apascentando o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas, voluntariamente, nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto, nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (I Pe.5:2,3).
Os pastores têm o dom de presidência (Rm.12:8) e o de governos (I Co.12:28), devendo, pois, estar à frente das igrejas locais, cuidando do povo de Deus e não, como infelizmente hoje acontece, tão somente das finanças ou da própria sobrevivência, preferindo o ouro do templo ao templo, a oferta do altar ao altar (Mt.23:16-21).
– Os pastores, porém, não podem ficar solitários à frente da igreja.
Jesus constitui junto a eles mestres, para auxiliá-los no ensino da Palavra (Ef.4:11);
evangelistas, para auxiliá-los na pregação do Evangelho (Ef.4:11);
diáconos, para cuidar da assistência social e material na igreja local(At.6:1-3);
membros portadores de dons espirituais, para exortação, consolação e edificação da igreja(I Co.12,14);
músicos, para o louvor e adoração nas reuniões eclesiásticas(I Co.14:26;Cl.3:16);
membros portadores de dons assistenciais, para a ajuda material e espiritual aos necessitados(Rm.12:6-8).
A igreja é aquinhoada pelo seu Senhor com tudo o que é necessário tanto para a evangelização dos pecadores quanto para o aperfeiçoamento dos santos, pois a obra é d’Ele e não de cada um dos integrantes da igreja local.
É ele quem dá os talentos para que os Seus servos com ele negociem e possam ser achados fiéis e aptos a entrar no gozo do seu Senhor (Mt.25:14-30).
– “…Nossa estrutura constitui-se de pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos e cooperadores; estes últimos identificados também como auxiliares ou trabalhadores de acordo com a região.
O termo “obreiro” é genérico e usamos praticamente para todos os cargos e funções na Igreja.
Nosso modelo de governo de igreja tem por base as Escrituras Sagradas.” (Início do Capítulo XIV – Sobre a forma de governo na Igreja da Declaração de Fé da CGADB).
III – A FUNÇÃO DA IGREJA
– Após termos visto a estrutura da Igreja, é importante vermos para que serve a igreja, para que Deus constituiu a Igreja.
Muito nos preocupa a realidade atual em que muitos têm perdido a noção do propósito de Deus ao constituir a Igreja.
– O apóstolo Paulo afirmou que o eterno propósito de Deus feito em Cristo Jesus nosso Senhor é o conhecimento da multiforme sabedoria de Deus pelos principados e potestades nos céus, anunciando entre os gentios, por meio do Evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo (Ef.3:8-11).
– A primeira razão de ser da Igreja, portanto, é a pregação do Evangelho aos judeus e aos gentios, ou seja, a anúncio da boa-nova, da boa notícia de que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que todo aquele que n’Ele crê não pereça mas tenha a vida eterna (Jo.3:16).
Jesus deixou isto bem claro ao determinar aos discípulos que pregassem o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15).
-A Igreja existe para pregar o Evangelho, para continuar a pregação de Jesus (Mc.1:14,15).
Este, aliás, é um dos motivos pelos quais a Igreja é chamada de “o corpo de Cristo”, pois deve continuar a fazer o que Jesus fez.
Enquanto esteve em Seu ministério terreno, o Senhor ia por todas as partes de Israel pregando o Evangelho, mas, agora, já que os Seus não o receberam, mandou que a Igreja prosseguisse este Seu trabalho, continuando a pregar o Evangelho, só que agora a todas as nações, inclusive aos judeus.
– Igreja existe para pregar o Evangelho, mas, infelizmente, os nossos dias, dias de multiplicação da iniquidade (Mt.24:12), o amor de muitos, de quase todos está a esfriar e, por isso, muitos são os integrantes das igrejas locais que não mais evangelizam, que não mais pregam o Evangelho.
A propósito, muitas igrejas locais têm hoje “departamentos de evangelismo”, o que é uma verdadeira aberração, pois não pode uma parte da igreja local se dispor a evangelizar.
Isto não é tarefa de uma parte da igreja, mas de toda a igreja. Igreja que não evangeliza é como hospital que não aceita doentes, escola que não tem professores nem alunos, uma completa inutilidade.
OBS: Os “departamentos de evangelismo” deveriam ser um grupo que ordenasse, organizasse a atividade evangelística de toda a igreja local e não, como hoje em dia, um grupo de abnegados que ainda está a cumprir o “ide” de Jesus.
– Quando os discípulos foram dispersos de Jerusalém, aonde quer que chegavam imediatamente passavam a pregar o Evangelho. Não viam sentido algum em sua existência sem pregar a Cristo.
Todo salvo é um integrante da Igreja e, portanto, tem o dever de pregar o Evangelho.
Verdade é que não são todos os que têm o dom da eloquência, da oratória, não é de todos a exposição da Palavra, mas todos devem viver de modo digno, honesto, sincero, não perdendo a oportunidade de com seus atos, gestos, palavras e atitudes levar os homens a glorificar a Deus.
Quantos não perdemos tempo em tantas atividades com as pessoas que estão à nossa volta sem nunca lhes falarmos do amor de Deus, sem nunca mostrarmos para eles que somos diferentes e felizes porque temos Jesus em nossas vidas?
Quantas vezes não gastamos horas e horas dando conselhos e opiniões a estas pessoas sem aproveitarmos a ocasião para convidá-las a ir a um culto em nossa igreja local?
– Mas a Igreja não serve apenas para pregar o Evangelho. Tem ela também uma tarefa importantíssima que é a do aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:11-16).
O crescimento espiritual do salvo somente se dá na igreja local. Este é o modelo bíblico, de modo que sem qualquer respaldo nas Escrituras o falso ensino do “self-service”, tão em voga nos nossos dias, segundo o qual se pode servir a Deus “sozinho”, pois “antes só do que mal acompanhado”.
Muitos têm se decepcionado com escândalos, intrigas e injustiças nas igrejas locais, que, como todo grupo social de seres humanos, têm defeitos e problemas (que o digam as igrejas que receberam epístolas dos apóstolos…) e, em meio a estas decepções, não vigiam e se deixam enganar por esta doutrina demoníaca.
Precisamos uns dos outros para crescermos espiritualmente, para perseverarmos na fé.
– A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35),
preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10),
recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7),
saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16),
servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13),
suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13),
perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13),
sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21),
ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25),
não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9),
consolarmo-nos uns aos outros (I Ts.4:18),
exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (I Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às obas obras (Hb.10:24),
confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16).
Diante de tantas recomendações bíblicas, como podemos crer na doutrina do “self-service”?
– A igreja local, portanto, deve ser o lugar onde os santos se aperfeiçoam. Ora, sabemos que o crescimento espiritual deve ser feito na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (II Pe.3:18).
Desta maneira, a igreja local deve se estruturar de tal maneira que os seus integrantes venham a ter o mencionado crescimento espiritual, aumentando na graça e no conhecimento de Jesus.
Por isso, são atividades indispensáveis em uma igreja local a oração e o ensino da Palavra, precisamente o que tinha a prioridade na vida dos apóstolos (At.6:4).
– No entanto, é com tristeza que vemos, atualmente, nas igrejas locais, um sem-número de atividades, mas cada vez menos oração e ministério da Palavra.
As reuniões menos frequentadas são, precisamente, as de oração e de ensino (a frequência dos cultos de oração e doutrina, dos poucos cultos de vigília ainda existentes e da Escola Bíblica Dominical é cada vez mais menor).
As reuniões mais frequentadas, por sua vez, têm dado cada vez menos espaço à exposição da Palavra de Deus e à oração.
Desta forma, as igrejas locais estão muito mais parecidos com clubes sociais, suas reuniões são muito mais confraternizações do que um instante de adoração a Deus e de louvor.
OBS: Recentemente, dois episódios chamaram-nos a atenção. Num deles, ficamos espantados porque chegamos a uma pequena igreja da periferia da Grande São Paulo e, faltando quinze minutos para o início do culto, encontramos praticamente todos os crentes orando.
O espanto que isto nos causou revela quão distantes estamos do modelo bíblico (nem é preciso dizer que o culto foi uma bênção…).
No outro, ficamos a saber que uma determinada igreja comemorou seu aniversário e foram tantas as atividades previstas, que, no final da reunião, como ainda havia a previsão de “comes e bebes” pelo aniversário, entendeu-se por bem dizer que, naquela reunião, não haveria ministração alguma da Palavra.
O culto terminou sem que nem sequer uma saudação tivesse sido feita. A igreja faz aniversário e, para comemorar, corta integralmente o tempo da Palavra! Triste realidade a que vivemos…
– Igreja existe para evangelizar os perdidos e aperfeiçoar os santos. Temos lembrado disto em nossas igrejas locais?
Nossas igrejas locais têm levado pecadores ao encontro de Jesus? Nossos crentes têm crescido espiritualmente?
Ou as igrejas locais têm se voltado tão somente para si mesmas, transformando suas reuniões em encontros de confraternização, em momentos de emocionalismo, onde não há mais conversões nem demonstração do poder de Deus?
Se esta é a realidade, então não estamos diante de uma genuína e autêntica igreja.
– Além da evangelização dos pecadores e do aperfeiçoamento dos santos, a Igreja também tem a função de ajudar os necessitados, tanto material como espiritualmente.
Jesus cuidava dos pobres, tinha uma bolsa especialmente para eles (Jo.12:6,8) e os Seus discípulos, desde os primórdios da Igreja, demonstraram ser este um importante negócio (At.6:1-3).
Por isso, a igreja local deve ter um serviço de assistência social, primeiramente voltado aos seus próprios integrantes, mas que também deve se estender a todos os demais (Gl.6:9,10).
No entanto, apesar de ser uma tarefa indispensável para a Igreja, pois é demonstração concreta de que possui o amor de Deus em seu coração (Tg.1:27; 2:14-17; I Jo.3:17,18), jamais permitamos que as igrejas locais se transformem tão somente em associações de benemerência, em entidades assistenciais, onde a assistência social toma o lugar da pregação do Evangelho e do aperfeiçoamento dos santos.
Devemos, sempre, dar prioridade ao reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33).
OBS: Infelizmente, muitas igrejas locais têm se notabilizado na ação social, mas este ativismo social tem sufocado a evangelização e o aperfeiçoamento dos santos.
– Como a Igreja tem por finalidade o crescimento espiritual do cristão, temos que é sua tarefa a disciplina.
Cabe à igreja local o julgamento dos seus integrantes, poder que lhe foi outorgado pelo próprio Senhor (I Co.5:12).
Na convivência que os integrantes da igreja local mantêm, temos, sim, condições, como vimos na lição sobre a doutrina da salvação, de verificarmos se alguém está, ou não, produzindo frutos dignos de arrependimento e, portanto, se mantém, ou não, a comunhão com o Senhor (Mt.7:15-20; Ap.2:2).
Por isso, como é sua tarefa promover a pregação do Evangelho, apregoar a salvação e propiciar o crescimento espiritual, a igreja tem o dever de disciplinar a todos quantos não estão de acordo com a sã doutrina, porquanto a correção é uma demonstração de amor (Hb.12:5-11).
– A finalidade da disciplina é a de “ganhar o irmão” (Mt.18:15; II Tm.2:25).
A disciplina, embora cause tristeza de imediato, deve ser exercida de modo a levar o irmão em Cristo a se arrepender do seu pecado e a retornar à comunhão com Cristo e com a igreja.
Por isso, é antes de tudo uma demonstração de amor, não sendo disciplina qualquer atitude que não leve em conta a dignidade da pessoa humana, como, lamentavelmente, costuma ocorrer em muitos lugares.
– A disciplina é necessária porque a igreja local deve manter a santidade no seu meio, pois é um povo que está “fora do mundo”, faz parte de uma “nação santa”, de um povo que não está nas trevas, mas na luz do Senhor, onde, portanto, todas as obras são manifestas.
Ademais, cada integrante da igreja local é “templo do Espírito Santo”(I Co.6:19), “membro em particular do corpo de Cristo” (I Co.12:27).
Na verdadeira e autêntica igreja de Cristo, há uma real e concreta distinção entre os salvos e os ímpios (At.5:13).
Sem santidade, sem obediência à Palavra do Senhor, não há a operação de sinais e maravilhas, que confirmem a pregação do Evangelho (At.5:15,16).
IV – AS ORDENANÇAS DA IGREJA
– Ao instituir a Igreja, Jesus não só constituiu o governo da Igreja, como as suas funções, como também determinou que a Igreja realizasse dois ritos, duas cerimônias:
o batismo nas águas e a ceia do Senhor. Por isso, estas duas atividades da Igreja são denominadas de “ordenanças”, porque são ordens dados pelo Senhor para a Igreja.
– De imediato, devemos distinguir entre “ordenança” e “sacramento”, porque não poucos estudiosos das Escrituras, sob a influência da história e da tradição, confundem ambos os conceitos, identificando “ordenança” com “sacramento”, com o que, entretanto, não podemos concordar.
– A ideia de “sacramento”, nascida no interior da Igreja Romana, é totalmente diversa da de “ordenança”.
“Sacramento” é, no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, considerado como sendo “rito sagrado instituído por Jesus Cristo para dar, confirmar ou aumentar a graça [São sete: batismo, confirmação, comunhão, penitência, extrema-unção, ordem e matrimônio.].
Para completarmos este significado, ao lermos o Catecismo da Igreja Católica, lá encontramos que “…“Os sacramentos destinam-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus. Sendo sinais, destinam-se também à instrução.
Não só supõem a fé, mas por palavras e coisas também a alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados sacramentos da fé.”(art.1123) como também “Celebrados dignamente na fé, os sacramentos conferem a graça que significam…” (art.1127) e, por fim, “…Os sacramentos são ‘da Igreja’ no duplo sentido de que existem ‘por meio dela’ e ‘para ela’.
São ‘por meio da Igreja’, pois esta é o sacramento da ação de Cristo operando em seu seio graças à missão do Espírito Santo E são ‘para a Igreja’, pois são esses ‘sacramentos que fazem a Igreja…’( art.1118).
Nada mais diferente do que as ordenanças de Cristo. Senão vejamos:
- a) a ordenança é de Jesus; o sacramento, da Igreja Romana.
- b) a ordenança é uma demonstração de obediência a Cristo; o sacramento, uma demonstração do “poder da Igreja Romana”.
- c) a ordenança não aumenta nem diminui a graça de Deus, que se manifestou completamente em Cristo, onde é plenamente eficaz; o sacramento, supostamente traz a graça de Deus aos homens pela mediação da Igreja Romana, que, assim, complementaria a obra de Cristo.
- d) as ordenanças de Cristo são duas; os sacramentos, sete.
– Não podemos, pois, jamais aceitar que o batismo nas águas e a ceia do Senhor sejam “sacramentos”, mas, sim, “ordenanças” de Cristo para a Sua Igreja.
Como ordens dadas por Jesus, devem ser cumpridas nos exatos termos determinados por Cristo, pois se somos verdadeiramente salvos, guardamos os Seus mandamentos (Jo.15:14).
– A primeira ordenança de Cristo é o batismo nas águas, que é uma ordem a ser cumprida por quem se arrependeu dos seus pecados (At.2:38) e receberam de bom grado a Palavra de Deus (At.2:41).
Deste modo, não podem ser batizadas crianças recém-nascidas. vez que não têm o discernimento do que é, ou não, pecado e, portanto, não podem se arrepender dos seus pecados, como também não podem ser batizadas pessoas que não tenham demonstrado que, efetivamente, creram no Evangelho e nasceram de novo.
Só é lícito o batismo daquele que realmente creu de todo o seu coração (At.8:37).
– Nossa Declaração de Fé é explícita a respeito, “in verbis”: “Não aceitamos nem praticamos o batismo infantil por não haver exemplo de batismo de crianças nas Escrituras e por não ser o batismo um meio da graça salvadora, ou sinal e selo da aliança, que substitui a circuncisão dos israelitas.
Também por não ser possível à criança ter consciência de pecado, condição necessária para que ocorra arrependimento.
As crianças, em estado pueril, não preenchem esses requisitos. Sobre a circuncisão, o pensamento cristão bíblico é: “em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl.6:15).
Cremos e ensinamos que o batismo é apenas para os que primeiramente se arrependem dos seus pecados e creem em Jesus, sendo também necessário pedir para ser batizado: “Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Felipe: “É lícito, se crês de todo o coração.
E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (At.8:36-38).
Assim os candidatos ao batismo precisam exercer o arrependimento e a fé. O Novo Testamento mostra o batismo posterior à fé. Isso é visto no dia de Pentecostes e na campanha evangelística de Filipe em Samaria:
“como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres” (At.8:12).
Esses fatos não deixam margem para o batismo infantil.” (Item 4 do Capítulo XII – Sobre o batismo nas águas da Declaração de Fé da CGADB).
– Como só podem ser batizados nas águas aqueles que creram em Jesus (Mc.16:16; At.18:8), também observamos que o batismo nas águas não lava nem purifica pecados, mas somos justificados pela fé em Cristo (Rm.5:1).
Portanto, a salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo nas águas. Então, alguém que crê em Jesus e não é batizado nas águas está salvo? Depende.
Por que não se batizou nas águas? Porque não teve condição de fazê-lo, como o ladrão na cruz? Então, este estará salvo, assim como esteve o ladrão na cruz, pois creu e não foi batizado nas águas por motivo alheio à sua vontade.
Agora, se alguém creu em Jesus e, podendo, não se batiza porque não quer, este, na verdade, não será salvo, não porque não foi batizado, pois o batismo não salva pessoa alguma, mas, sim, porque, ao recusar ser batizado, mostra que, na verdade, não creu em Jesus, pois quem crê em Jesus, obedece-Lhe.
– O batismo nas águas deve ser feito por imersão, pois “batismo” significa “mergulho” e “mergulho” somente se dá por imersão.
Todos os casos mencionados nas Escrituras são de batismos por imersão. Além da imersão, exige Jesus que a pessoa seja batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt.28:19).
É esta a fórmula batismal, determinada por Jesus. A expressão “batismo em nome de Jesus” que se encontra no livro de Atos dos Apóstolos significa o batismo segundo a autoridade de Jesus, segundo a ordem de Jesus e, portanto, feita segundo a fórmula instituída pelo Senhor.
– O batismo nas águas não precisa ser feito em água corrente. Jesus não determinou que assim se fizesse e, portanto, não está inserido este requisito na ordenança.
Qualquer exigência neste sentido é humana, não provém da Palavra de Deus. Devemos lembrar que João Batista batizava no rio Jordão, mas o batismo instituído por Jesus não é o batismo de João (cfr. At.19:3-5), bem como, pelo menos em um registro de batismo nas águas nas Escrituras, há grandes razões para se entender que o batismo não se deu em água corrente, pois não havia rio na região de Gaza, onde o eunuco foi batizado por Filipe (At.8:38,39).
– O batismo nas águas é uma confissão pública que se faz da conversão e do novo nascimento. O batismo não é para salvação, mas, sim, para o salvo.
É uma declaração que o salvo faz de que faz parte da Igreja, de que tem Jesus como seu Senhor e Salvador. É, por isso, que o apóstolo Paulo diz que, no batismo nas águas, nos identificamos com a morte e ressurreição do Senhor (Rm.6:3-5).
Quando o salvo se batiza, além de estar obedecendo ao Senhor, o que lhe produzirá um fator de santificação e de crescimento espiritual, está socialmente se integrando à igreja local, bem como testemunhando a todos que é um discípulo de Jesus.
– “CREMOS, professamos e ensinamos que o batismo em águas é uma ordenança de Cristo para a Sua Igreja, dada por ordem específica do Senhor Jesus:
“Portanto, ide, ensinais todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19).
Reconhecemos esse ato como o testemunho público da experiência anterior, o novo nascimento, mediante a qual o crente participa espiritualmente da morte e da ressurreição de Cristo:
“Sepultados com Ele no batismo, n’Ele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos” (Cl.2:12).” (Início do Capítulo XII – Sobre o batismo em águas da Declaração de Fé da CGADB).
– A segunda ordenança é a ceia do Senhor, que foi instituída por Jesus na noite em que foi traído e iniciou a Sua paixão e morte (I Co.11:23).
Só podem participar da ceia do Senhor aqueles que estão em comunhão com Deus(I Co.11:24-27), ou seja, os integrantes da Sua Igreja, aqueles que creram em Jesus e já foram batizados nas águas, publicamente assumindo terem se tornado discípulos do Senhor.
Este ensino é muito importante pois, lamentavelmente, nos dias em que passamos, muitos são os que estão a “banalizar” a ceia do Senhor, tornando-a um ritual aberto a todos quantos queiram dele participar, mesmo os não-crentes.
Não participemos destas reuniões, pois são reuniões em que não há o discernimento do corpo do Senhor, ou seja, em que não há o entendimento do que representa a Igreja e a ceia do Senhor.
– A ceia do Senhor não é um ato que proporcione o perdão dos pecados, nem que venha a nos pôr em comunhão com Jesus.
O que nos mantém em comunhão com o Senhor é a santificação contínua e incessante, é a obediência à Palavra do Senhor.
A ceia existe para confessarmos publicamente que estamos em comunhão com Deus e uns com os outros.
A ceia é uma declaração presente e atual de comunhão, não a obtenção de uma santidade ou uma participação na natureza divina, como entendem, equivocadamente, os romanistas.
Participamos da ceia porque somos santos e estamos em comunhão com Deus, não para nos tornarmos santos ou passarmos a ter comunhão com Deus.
– A ceia do Senhor é uma cerimônia em que comemoramos a morte do Senhor Jesus, em que apontamos para a cruz do Calvário e nos lembramos que ali o Senhor morreu por nós, tomou o nosso lugar e, por meio de Seu sacrifício, podemos ter o perdão dos nossos pecados e a nossa salvação.
Assim como a Páscoa apontava para o futuro da redenção da humanidade, a ceia do Senhor aponta para o passado a nos indicar que a redenção já se fez.
– A ceia do Senhor é, portanto, um memorial (Lc.22:19; I Co.11:24,25), uma lembrança do sacrifício de Cristo no Calvário, sacrifício este que é único e que não mais se reproduzirá (Hb.9:25-28).
Portanto, não tem respaldo bíblico a ideia de que, na celebração da Ceia do Senhor, o pão e o vinho se tornam o corpo de Cristo e ocorre, novamente, o sacrifício do Calvário, como ensinam equivocadamente os romanistas.
– A ceia do Senhor, por fim, é uma proclamação da volta de Jesus.
Ao participarmos do pão e do vinho, estamos anunciando a vinda de Jesus (I Co.11:26).
Jesus instituiu a ceia do Senhor para a dispensação da graça. Com efeito, ela substituiu a Páscoa, que havia sido estabelecida pela lei de Moisés, mas somente será celebrada até a vinda de Cristo.
Então, conforme o Senhor nos prometeu, ocorrerá a “última ceia”, nas bodas do Cordeiro, para comemoração da complementação final da salvação da Igreja, com a glorificação (Mt.26:29; Mc.14:25; Lc.22:18).
Ao celebrarmos a ceia, portanto, lembramos da promessa de que um dia cearemos com o Senhor na glória, lembramo-nos de que Ele virá nos buscar. Aleluia!
– “CREMOS, professamos e ensinamos que a Ceia do Senhor é o rito da comunhão e ilustra a continuação da vida espiritual.
Tal ordenança foi instituída diretamente pelo Senhor Jesus após a refeição da Páscoa na companhia de Seus discípulos:
“Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o Meu corpo. E, tomando o cálice e dando graças, deu-lho dizendo: Bebei dele todos.
Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt.26:26-28).
Desde então, a Igreja vem celebrando esse memorial e proclamando a Nova Aliança.
Esse “Novo Concerto” é cumprimento das promessas divinas desde o Antigo Testamento, sendo o próprio Jesus “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29) e a nossa Páscoa:
“Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (I Co.5:7).” (Início do Capítulo XIII – Sobre a Ceia do Senhor da Declaração de Fé da CGADB).
– “ CREMOS, professamos e ensinamos que a Igreja é a assembleia universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas, cujos nomes estão escritos nos céus:
“À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb.12:23).
A Igreja foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: “sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt.16:18).
Essa pedra é o próprio Cristo: “Ele é a pedra que foi rejeitada por nós, os edificadores, o qual foi posta por cabeça de esquina” (At.4:11), tendo a doutrina dos apóstolos por fundamento e Jesus a principal pedra de esquina: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef.2:20).
Ela, a Igreja, é a coluna e firmeza da verdade. É a comunidade do Senhor.
Além de assembleia universal dos crentes em Jesus, o vocábulo “igreja” refere-se a um grupo de crentes em cada localidade geográfica.
Ensinamos que a igreja é uma e indivisível: um só corpo, um só Espírito, uma só fé e um só batismo.
A Igreja envolve um mistério que não foi revelado no Antigo Testamento, mas que foi manifesto aos santos na nova aliança.” (Início do Capítulo XI – Sobre a Igreja da Declaração de Fé da CGADB).
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/776-licao-8-a-igreja-de-cristo-i