LIÇÃO Nº 13 – SOBRE A FAMÍLIA E SUA NATUREZA
CREMOS (…) 16.
Cremos, também, que o casamento foi instituído por Deus e ratificado por nosso Senhor Jesus Cristo como união entre um homem e uma mulher, nascidos macho e fêmea, respectivamente, em conformidade com o definido pelo sexo de criação geneticamente determinado (Gn.2:18; Jp;2:1,2; Gn.2:24; 1:27).
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INTRODUÇÃO
– Numa feliz iniciativa, a Declaração de Fé da CGADB incluiu um item que fala da doutrina bíblica da família, alvo de ataques imensos por parte do inimigo de nossas almas na atualidade.
– A família, instituição divina, somente pode ter o modelo elaborado por seu criador, o próprio Deus, cujo manual outro não é senão a Bíblia Sagrada..
I – CONCEITO E ATRIBUIÇÕES DA FAMÍLIA
– O primeiro grupo social a que uma pessoa pertence é a família, grupo criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24) e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano.
A função da família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20).
– Os homens, mesmo, sem conhecer a Palavra de Deus, reconhecem o papel fundamental que a família exerce na vida de um homem.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma que “…a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.” (artigo XVI, nº 3), preceito que é repetido pela Constituição brasileira, que afirma que “…a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado…” (art.226).
Entretanto, apesar dos preceitos normativos solenes, o adversário tem realizado um trabalho terrível de destruição contra a família, até porque seu trabalho é o de matar, roubar e destruir (Jo.10:10).
– Deus não só criou a família como estabeleceu quais as regras e as condutas que devem ser observadas pelos membros da família.
As Escrituras trazem quais os parâmetros do relacionamento entre cônjuges, entre pais e filhos e entre irmãos. O segredo da felicidade no relacionamento familiar está em ter uma conduta conforme a Bíblia Sagrada.
– Como a família foi criada por Deus, é Ele quem deve estabelecer as regras, as normas ao homem, a quem cabe, simplesmente, obedecer.
A família não é nossa criação, nem pode ser estruturada segundo os nossos conceitos ou a nossa vontade. Existem princípios que devem ser seguidos.
Muito se fala, hoje, a respeito da diversidade de culturas, dos diferentes modos de vida das várias raças, tribos e nações em volta do mundo, mas isto não é suficiente para que consideremos que os princípios estabelecidos por Deus não devam ser observados por todos os homens.
Os homens, envolvidos em seus delitos e pecados, acabam distorcendo os princípios estabelecidos por Deus e cabe à igreja, como defensora destes princípios, imergir nas culturas dos povos de modo a que tais culturas sejam transformadas e voltem aos princípios estatuídos pelo Senhor.
Observemos que, entre os próprios judeus, a dureza de coração foi responsável pela existência de normas jurídicas sobre a família que estavam em desacordo com os princípios estabelecidos por Deus, como denunciou o próprio Senhor Jesus ao ser indagado sobre a norma do repúdio que vigorava, na época, em Israel (Mt.19:3-8).
– As Escrituras indicam que o homem não foi feito para viver solitariamente. Muito pelo contrário, a Bíblia é explícita ao dizer que , ao contemplar o homem, Deus afirmou que ” não é bom que o homem esteja só” (Gn.1:18), tendo, então, estabelecido a necessidade de criar a mulher, que serviria como uma adjutora, ou seja, como uma ajudadora, que estivesse diante do homem.
Esta explicitação do texto bíblico, em que se dá a narrativa da criação da mulher, especifica algo que o próprio Deus já havia delineado no instante em que decidiu criar o ser humano, porquanto, ao nos ser informada a intenção divina, é-nos dito que, no plano divino, estava o de dotar o homem não só de domínio sobre a criação na terra, mas também, de capacidade de reprodução (Gn.1:28), o que exigia a formação da família, único ambiente em que se poderia concretizar o desejo de Deus para o homem.
– É, precisamente, dentro deste escopo que devemos observar a família. Ela é uma instituição que foi criada por Deus para que o homem pudesse cumprir tudo aquilo que Deus havia planejado para que o homem fizesse.
Sem a família, seria impossível que o homem frutificasse e se multiplicasse sobre a face da Terra e, por conseguinte, que o homem pudesse dominar sobre a criação que estava na Terra.
É interessante notar que, ao exercer a sua primeira função de dominador sobre o restante da natureza terrena, o homem percebeu que estava só, sentimento este que foi observado por Deus.
Sem a providência divina de criação da mulher e, por conseguinte, da família, o homem não teria condições sequer de dominar o restante da natureza, pois, acometido que estava de um sentimento de solidão, de falta, não teria condições psicológicas e para se impor frente aos demais seres.
– Alguns estudiosos costumam dizer que a mulher é uma criatura mais excelente que o homem, porque é o resultado do suprimento de uma carência do homem, sendo, portanto, por assim dizer, um aperfeiçoamento da criação divina.
No entanto, se bem observarmos a narrativa bíblica, chegaremos à conclusão de que não é a mulher a criação mais excelente na humanidade, mas, sim, a criação da família, pois foi a criação desta instituição que significou a supressão da carência tanto do homem (que havia motivado a criação da mulher), como da própria mulher.
O texto bíblico é claro ao indicar que a tão-só criação da mulher era uma condição necessária, porém não suficiente para que se tivesse a solução da questão da solidão.
Esta solução, diz-nos o texto sagrado, somente se deu a partir do instante que Deus estabeleceu que homem e mulher, doravante, se uniriam, formando famílias, de modo a permitir que o propósito divino de domínio e frutificação fosse realizado e concretizado pela humanidade.
Assim, é a família a mais excelente criação divina para a humanidade, sendo, pois, assaz apropriado o título desta nossa lição, vez que o comentarista intitulou a família como sendo a “obra-prima de Deus”.
– Sem a família, pois, não pode o homem atingir o propósito estabelecido por Deus quando de sua criação. Não há como o homem atender ao que lhe é exigido pelo seu Criador sem que exista a família.
Sem a família, o homem não pode sequer ser considerado um homem no sentido estrito da Palavra e as consequências que têm vindo à sociedade moderna em virtude do intenso e progressivo processo de desintegração familiar que temos contemplado é uma prova do que estamos a dizer.
Via de regra, os criminosos mais hediondos que têm surgido, que nem sequer se portam como seres humanos, tamanha a sua bestialidade, verdadeiras bestas-feras em corpo humano, são pessoas que foram vítimas da ausência da instituição familiar no histórico de suas vidas.
A destruição da instituição familiar representa, assim, a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição.
Destrua-se a família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, toda a sociedade.
OBS: Uma das maiores demonstrações da dificuldade de nossos tempos está, precisamente, em observarmos que o adversário de nossas almas, o deus deste século, tem conseguido obnubilar a própria concepção de família no meio da humanidade, algo que, para não se dizer que se trata de implicância ou desvario dos crentes, é observado por diversas pessoas, inclusive o atual chefe da Igreja Romana, que, em 1981, assim afirmou: “…A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura.
Muitas famílias vivem esta situação na fidelidade àqueles valores que constituem o fundamento do instituto familiar.
Outras tornaram-se incertas e perdidas frente a seus deveres, ou ainda mais, duvidosas e quase esquecidas do significado último e da verdade da vida conjugal e familiar.
Outras, por fim, estão impedidas por variadas situações de injustiça de realizarem os seus direitos fundamentais.…” (JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Familiaris Consortio, nº 1. www.vatican .va Acesso em 01 mar.2004).
– Neste ponto, é importante esclarecermos que o objetivo da família é o de permitir o cumprimento do propósito divino estabelecido para o homem, qual seja, o domínio sobre a criação na Terra, bem como a frutificação e multiplicação na face da Terra e o suprimento da necessidade de companheirismo.
A família, portanto, tem como finalidade o suprimento de necessidades relativas à vida sobre a face da Terra, ou seja, a família não tem qualquer finalidade no tocante à vida eterna, como bem explicou Jesus quando questionado pelos saduceus, a indicar que, na eternidade, não haverá a instituição familiar humana (Mc.12:25), pois a família humana terá sido substituída pela Igreja, que é a família de Deus (Ef.2:19), o povo de Deus que habitará para sempre com o Senhor (Ap.21:3).
– Insistimos, neste ponto, porque há ensinamentos errôneos, sem qualquer respaldo bíblico, que têm campeado neste ponto da doutrina bíblica sobre a família.
Os adeptos do Reverendo Moon (Sun Myung Moon – 1920-2012), reunidos em torno da Igreja da Unificação, que, ultimamente tem aparecido sob a denominação de “Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial”, afirmam que Jesus falhou em Seu ministério, precisamente, no aspecto familiar, uma vez que teria morrido antes que constituísse uma família e, como a instituição familiar teria de ser restaurada, por isso se fez necessário surgir um novo Messias, que seria, precisamente, o Reverendo Moon, que constituiu família e tem, supostamente, restaurado a instituição familiar, mediante os casamentos que impõe a seus seguidores.
Este absurdo doutrinário somente tem cabimento a partir do momento que se considera que seria papel de Cristo a restauração da instituição familiar.
Entretanto, o texto áureo da Bíblia Sagrada mostra, claramente, que Jesus veio para restabelecer a comunhão entre Deus e o homem, para dar a vida eterna(Jo.3:16), vida eterna esta que não tem qualquer relação com a instituição familiar, que foi instituída para vigorar nesta Terra.
Não resta dúvida que o poder remidor de Cristo também restaura a vida familiar, fazendo com que ela volte aos princípios estabelecidos pelo Criador e que, através dela, muitas vidas sejam alcançadas pelo amor de Deus, notadamente pelos benefícios que a salvação traz à família e,
em consequência, à Igreja, que é formada por famílias, mas se trata de um reflexo da obra expiatória do Calvário, como, também, ocorrerá, por exemplo, com relação à própria natureza (cfr. Rm.8:20-23), mas não foi este o alvo de Jesus quando de Seu ministério, de modo que jamais poderemos dizer que Cristo fracassou neste ponto, nem que haja qualquer objetivo concernente à família para além desta nossa dimensão de vida.
– O Reverendo Moon chega ao absurdo de dizer que a família original, formada por Adão e Eva, foi criada sob os auspícios de Satanás e que a queda do homem teria sido em virtude da prática do sexo entre homem e mulher, o que contraria, totalmente, o texto de Gn.1:27,28.
OBS: Para que não fiquemos apenas em nossas palavras, transcrevemos parte de um discurso deste falso cristo, pronunciado quando esteve em nosso país em 1995: “…O amor de Adão e Eva não chegou a ser um amor de verdadeira felicidade, mas um amor de conflito.
Por termos a raiz de nossa vida neste tipo de amor, podemos deduzir que os conflitos no interior do ser humano provém daí. A Bíblia relata que Adão e Eva foram expulsos, começaram a multiplicar filhos.
Deus não podia ir atrás deles e dar a Bênção do matrimônio, já que Ele mesmo os havia expulsado. Devemos nos perguntar sob quem se casaram e devemos concordar que, porque eles caíram no pecado, se casaram sob os auspícios de Satanás. (…).
Hoje o fundador da Igreja da Unificação está aqui falando para os senhores. Se me perguntarem: “O que faz a Igreja da Unificação?” eu lhes direi que é um lugar onde se apresenta o amor verdadeiro de Deus, o lugar onde nós queremos que a nossa mente e o nosso corpo se unam no amor verdadeiro, o lugar onde queremos formar matrimônios ideais em absoluta unidade por meio de uma ideologia que pode fazer das pessoas irmãos inseparáveis, levando a cabo a missão que Deus nos encomendou.
(…) A cerimônia de matrimônios coletivos internacionais é a cerimônia para enxertá-los à semente do amor verdadeiro, à semente da vida verdadeira e à semente da linhagem verdadeira, que provém da unidade do amor de Deus e do homem.
A Bênção em forma de matrimônio é uma cerimônia para restaurar as famílias que têm se formado como matrimônios falsos, recebendo, devido à Queda, a semente de um amor, de uma vida e de uma linhagem falsos.
Fazendo as famílias do mundo inteiro participarem nestas novas cerimônias de matrimônio, queremos conectá-las com a grande bênção de Deus.…”( Sun Myung MOON. A verdadeira família e eu. http://www.unification.net/portugues/1995/950601.html Acesso em 01 mar.2004).
As palavras explicam-se por si mesmas: há uma total negação do texto bíblico e uma falsificação grosseira, a fim de tornar o Reverendo Moon, a pretexto da crise familiar de nossos dias, num novo messias.
– Também erram neste ponto, os mórmons, em sua quase totalidade reunidos na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que, também, por não compreenderem o significado da instituição familiar, criaram a figura do casamento eterno, um casamento que transcenderia esta vida e estabeleceria uma aliança entre homem e mulher para a vida vindoura.
Como afirma, solenemente, o documento de 1995 denominada “A Família, Proclamação ao Mundo”, os mórmons, erroneamente, consideram que “…Na esfera pré-mortal, os filhos e filhas que foram gerados em espírito conheciam e adoravam a Deus como seu Pai Eterno e aceitaram Seu plano, segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico e adquirir experiência terrena a fim de progredirem rumo à perfeição, terminando por alcançar seu destino divino como herdeiros da vida eterna.
O plano divino de felicidade permite que os relacionamentos familiares sejam perpetuados além da morte.
As ordenanças e os convênios sagrados dos templos santos permitem que as pessoas retornem à presença de Deus e que as famílias sejam unidas para sempre.…” http://www.lds.org/library/display/0,4945,2089-2-11-1,00.html Acesso em 02 mar.2004).
Tal doutrina é outra demonstração de total desconhecimento dos propósitos divinos para a família e que contrariam expressas palavras de Cristo, como acima já dissemos, que bem explicou a temporalidade do casamento e sua circunscrição a esta vida.
Baseado no fato de que, antes da queda, Deus criou o casamento e abençoou Adão e Eva, quando ainda não havia a questão do tempo, os mórmons creem que, ainda hoje, é possível estabelecer-se uma união que transcenda esta vida terrena, o que é totalmente contrário ao ensinamento de Jesus em Mc.12:25.
Aliás, não é de se surpreender com isto, pois tal doutrina, segundo dizem os próprios mórmons, teria sido mais uma das muitas “revelações” que teriam sido recebidas pelo seu fundador, Joseph Smith, como se vê claramente, na seção 132 do seu livro “Doutrinas e Convênios”, uma das três escrituras supostamente sagradas que esta seita acrescentou à Bíblia.
OBS: Para não dizer que estamos inventando este pensamento, transcrevemos um texto mórmon que tenta explicar esta doutrina antibíblica:
“…Uma das doutrinas mais belas e reconfortantes do Senhor, que nos dá paz e felicidade imensas e alegria ilimitada é o princípio conhecido como casamento eterno.
Essa doutrina diz que o homem e a mulher que receberem essa bênção e que se amarem profundamente, crescerem juntos com as provações, alegrias, tristezas e com a felicidade que tiverem juntos durante a vida poderão viver além do véu juntos para sempre com a família. Isso não é somente um sonho extremamente agradável, é a realidade.
Qualquer casal que tenha vivido as alegrias do casamento aqui na Terra desejaria essa bênção. Contudo, somente os que cumprirem as exigências feitas pelo Senhor receberão essa dádiva divina.
Presto testemunho de que as maiores alegrias que já tive e que ainda terei na vida têm origem nas ordenanças do Templo.
Decidam-se agora a receber as ordenanças do templo no momento certo. Não permitam que nada suplante essa resolução. …” (Richard G. SCOTT. Receber as bênçãos do templo. http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,49-2-18-11,00.html. Acesso em 01 mar.2004).
O “casamento eterno” somente tem validade se for realizado num templo mórmon e é cercado de sigilo. Este outro texto prova, claramente, que o princípio deste casamento eterno não está na Bíblia, mas, sim, nos escritos dos líderes mórmons:
“…O casamento eterno é um princípio que foi estabelecido antes da fundação do mundo e que foi instituído nesta Terra antes que a morte nela entrasse. Adão e Eva foram entregues um ao outro por Deus no Jardim do Éden antes da Queda.
A escritura diz: “No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou(…)”. (Gênesis 5:1–2) (grifo do autor) Os profetas têm ensinado de maneira invariável que o elemento mais perfeito e culminante do grande plano de Deus para abençoar Seus filhos é o casamento eterno.
O Presidente Ezra Taft Benson declarou: “A fidelidade ao convênio do casamento traz a mais plena alegria nesta vida, e recompensas gloriosas na vida futura”. (The Teachings of Ezra Taft Benson [1988], pp. 533-534).
O Presidente Howard W. Hunter descreveu o casamento celestial como “a suprema ordenança do evangelho”, e esclareceu que apesar de poder levar “muito mais tempo [para alguns], talvez até além desta vida mortal”, ele não será negado a nenhum indivíduo digno. (Teachings of Howard W. Hunter, ed. Clyde J. Williams [1997], pp. 132, 140) O Presidente Gordon B. Hinckley chamou o casamento eterno de “uma coisa maravilhosa” (ver “O Que Deus Ajuntou”, A Liahona, julho de 1991, p. 80) e uma “dádiva mais preciosa que todas as outras”. (“O Casamento que Perdura”, A Liahona, novembro de 1974, p. 49)…”(Elder F. Burton HOWARD. Casamento Eterno. http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,49-2-354-32,00.html Acesso em 01 mar.2004).
– Por fim, outro ensinamento totalmente divorciado da realidade bíblica é a que é defendida pelo espiritismo kardecista.
Em seu Evangelho segundo o Espiritismo, Alan Kardec defende a ideia de que a família nada mais seria do que um ambiente que propiciaria a espíritos meios de adiantamento e de atraso na sua caminhada em direção à luz.
Segundo os espíritas, dentro desta finalidade da família, não se pode compreender que não se creia na reencarnação, pois seriam necessárias diversas vidas para que os espíritos, que se aproximam por afeições e que, por isso, vivem formando famílias ao longo de suas supostas sucessivas existências, a fim de que obtenham o êxito em sua peregrinação pelo aperfeiçoamento.
Kardec chega, mesmo, a dizer que sua doutrina é superior à “doutrina da Igreja” porque seria o único pensamento que daria razão à eternidade dos laços familiares.
Ora, é precisamente por isso que não podemos aceitar a doutrina espírita kardecista, pois ela mesma admite que sua aceitação dá um sentido, uma finalidade aos laços de família que não é o propósito estabelecido por Deus e confirmado por Jesus.
A família não existe para criar um ambiente propício para que o homem possa alcançar, por seus próprios méritos, a salvação de sua alma, o que é impossível ao homem conseguir, mas tem um propósito estabelecido tão somente para esta dimensão terrena.
OBS: Vale a pena transcrever o trecho de Kardec a respeito, no qual o próprio criador do espiritismo kardecista mostra que sua doutrina não pode ser aceita, já que, para tanto, se teria de alterar o propósito bíblico estabelecido para a família: “…23.
Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem para seu futuro de além-túmulo:
– primeira, o nada, de acordo com a doutrina materialista;
– Segunda, a absorção no todo universal, de acordo com a doutrina panteísta;
– terceira, a individualidade com a fixação definitiva de sua sorte, segundo a doutrina da Igreja; e
– Quarta, a individualidade com progresso indefinido, segundo a Doutrina Espírita.
De acordo com as duas primeiras, os laços de família se rompem depois da morte e não há nenhuma esperança de reencontro; com a terceira, há a chance de se rever, contanto que se esteja no mesmo meio, esse meio pode ser tanto o inferno como o paraíso; com a pluralidade das existências, que é inseparável da progressão gradual, há a certeza na continuidade das relações entre aqueles que se amaram, e está aí o que se constitui a verdadeira família.…”(O Evangelho segundo o Espiritismo. Ide Editora. 296.ed., p.67).
Percebe-se, aqui, aliás, que o Espiritismo procura apresentar-se como um defensor da “verdadeira família”, tudo para justificar a ação dos chamados “espíritos familiares”, que é uma das marcas registradas deste movimento e cuja atuação é abominada pela Palavra de Deus desde a Antiguidade (Is.8:19).
– Entendida a finalidade da família e sua circunscrição a esta dimensão terrena de nossa vida, podemos, então, estabelecer quais seriam as funções da família, qual o seu papel diante da sociedade e de cada ser humano, segundo o propósito estabelecido por Deus.
– A primeira função da família é, conforme observamos na própria Palavra de Deus, a de propiciar a perpetuação da espécie humana.
A Bíblia diz que o ser humano foi feito macho e fêmea (Gn.1:27), para que houvesse a frutificação e multiplicação do gênero humano (Gn.1:28).
Assim, a primeira função da família é permitir a reprodução da espécie, para que se cumpra o propósito divino para o homem.
Tal afirmação bíblica é acolhida, sem restrições pela sociologia. Como afirmam os renomados sociólogos norteamericanos Paulo Horton e Chester Hunt, “…cada sociedade depende principalmente da família para a produção de filhos.
Teoricamente, são possíveis outros arranjos, e muitas sociedades têm sistemas para a aceitação de crianças produzidas fora de um relacionamento matrimonial.
Porém, nenhuma estabeleceu um conjunto de normas para o suprimento de filhos, exceto como parte de uma família.” (Sociologia, p.170-1).
Assim, em dias de profundo desprezo pela instituição do casamento, que, é, como veremos durante este trimestre, o meio legítimo para a constituição de uma família, tiveram os legisladores e juristas de estender o conceito de família, a fim de poder abrigar os filhos decorrentes de relacionamentos amorosos que têm surgido nestes nossos dias trabalhosos, tudo porque não se consegue conceber como se pode propagar a espécie senão num ambiente familiar.
OBS: Disto não escapou sequer o Brasil que, na Constituição de 1988, teve de criar duas novas espécies de família para que se impedisse a desproteção dos filhos.
Assim é que reconheceu como sendo família não só a oriunda da união estável entre homem e mulher, sem casamento, como também a comunidade formada por um dos pais e seus descendentes(artigo 226 da Constituição da República). Aliás, recentemente, na lei que criou a renda mínima, também se alargou o conceito de família.
– A segunda função da família é a de regrar o relacionamento íntimo e sexual entre homem e mulher.
A frutificação e a multiplicação não se fariam desordenadamente, a exemplo do que ocorre com a maior parte das espécies animais irracionais, mas o homem e a mulher, para poder se reproduzir e cumprir o desígnio divino, teriam de constituir solenemente a família, através do casamento (Gn.2:23,24).
Como afirmam os já mencionados sociólogos Horton e Hunt: “…a família é a principal instituição através da qual as sociedades organizam e regulam a satisfação dos desejos sexuais…todas as sociedades esperam que a maioria dos contatos sexuais ocorra entre pessoas que suas normas institucionais definem como tendo acesso legítima uma à outra…nenhuma sociedade é inteiramente promíscua.”(op.cit., p.170).
A história demonstra que onde a sociedade deixou de ter a família como o ambiente adequado para o relacionamento sexual, gerando, por conseguinte, a disseminação da imoralidade sexual e da prostituição, a civilização simplesmente desmoronou, a sociedade deixou de existir como tal.
São exemplos bíblicos do que estamos a dizer a geração dos dias de Noé, a geração dos dias de Ló nas chamadas cidades da planície (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), bem como o reino do norte, isto é, o reino de Israel nos dias do profeta Oséias.
– A terceira função da família é a chamada função de socialização, ou seja, a família é o meio pelo qual o ser humano é inserido na vida em sociedade.
É na família que o homem aprende as regras e a forma de convivência com os seus semelhantes e com o próprio Deus.
Ao estabelecer que o homem deveria frutificar e multiplicar-se sobre a face da Terra, Deus afirmou que isto deveria ser feito para que os homens pudessem sujeitar a criação terrena (Gn.1:28).
Ora, ao dizer que a frutificação e a multiplicação antecederiam ao domínio, Deus, implicitamente, estava afirmando que os filhos, resultado desta frutificação e multiplicação, deveriam ser conscientizados de que o homem havia sido criado para dominar a criação na Terra.
Esta informação, esta conscientização, que nada mais é senão a “educação” (palavra latina que significa orientação, direção, condução para um determinado lugar), é, portanto, uma das tarefas primordiais da família.
Esta função educadora da família, que, no ato da criação, foi apenas implicitamente indicada nas Escrituras, foi explicitamente considerada pelo Senhor na dispensação da lei, quando Moisés determinou que os pais nunca deixassem de instruir e de ensinar seus filhos os mandamentos dados por Deus a Israel (Dt.6:6-9), algo que, posteriormente, foi relembrado em forma poética pelo salmista (Sl.78:1-8).
– A quarta função da família é a chamada função afetiva, ou seja, a família é o local estabelecido por Deus para que o homem e a mulher não se sintam sós, mas possam se complementar, possam alcançar satisfação e prazer.
Diz-nos as Escrituras que foi para retirar este sentimento de solidão que se abateu sobre Adão após a nomeação dos animais que Deus criou a mulher e, em seguida, a instituição familiar.
A família é o lugar em que o homem e a mulher se sentem realizados do ponto-de-vista humano, em que se satisfazem todos os sentimentos e emoções que vêm da própria alma.
O homem é um ser social, não foi feito para viver sozinho e, somente na família, esta necessidade é suprida.
Como afirmou, com muita propriedade, a Constituição “Gaudium et Spes”, documento do Concílio Vaticano II, que foi a reunião que estabeleceu os atuais parâmetros da doutrina da Igreja Romana, …Deus não criou o homem solitário.
Desde o início, ‘ Deus os criou varão e mulher’ (Gn.1,27). Esta união constituiu a primeira forma de comunhão de pessoas. O homem é, com efeito, por sua natureza íntima, um ser social. Sem relações com os outros, não pode nem viver nem desenvolver seus dores.
Deus, portanto, como lemos novamente na Escritura Sagrada, viu ‘ serem muito boas todas as coisas que fizera’ (Gn.1,31).” (Gaudium et Spes, nº 12.In: Compêndio do Vaticano II. Ed. Vozes, p.154-5). Horton e Hunt afirmam que “…seja o que for que as pessoas precisam, uma delas é a resposta humana íntima.
A opinião psiquiátrica sustenta que provavelmente a maior causa isolada de dificuldades emocionais, problemas de comportamento e até de moléstia física é a falta de amor, isto é, a falta de um relacionamento cálido e afetuoso com um pequeno círculo de pessoas íntimas…”(Sociologia, p.171).
O conteúdo afetivo da família está demonstrado nas Escrituras quando se afirma que, na constituição da família, o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e se apegar à sua mulher (Gn.2:24).
São dois gestos de forte teor emocional e sentimental: deve-se deixar pai e mãe, ou seja, existe um vínculo, existe algo que prendia o homem à sua família, e, ao mesmo tempo, deve-se apegar à sua mulher, isto é, deve-se criar um vínculo, um “cordão de três dobras” no novo casal (Ec.4:12).
A existência deste relacionamento afetivo na família é tão característico que, para figurar o Seu relacionamento amoroso com o homem, Deus não usará outro símbolo senão o da própria família, pondo-se como Pai e Seu Filho como Noivo da Igreja.
OBS: A presença do afeto na família é tão peculiar a este grupo social que, na atualidade, em meio à própria descaracterização da família frente aos princípios bíblicos, que os juristas têm, cada vez mais, considerado que o que identifica uma família nos nossos dias é, precisamente, a existência da “afeição” entre os integrantes de um núcleo familiar.
Neste sentido, aliás, vale a pena aqui reproduzir o pronunciamento do pastor batista Gilson Bifano na 84ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira, realizada em 2003: “…Que é uma família?
Não podemos continuar aceitando a definição clássica de família como sendo tão somente quando vivem sob um mesmo teto um casal e um ou mais filhos.
Temos, como igreja, de rever nosso conceito de família, ampliar nossa visão e pensar nos vários tipos de família.
Temos em nossas igrejas: – famílias conjugais.
São aqueles casais sem filhos ainda ou que não tiveram filhos;
temos famílias nucleares, compostas de pai, mãe e filhos;
– temos famílias unipessoais (onde só uma pessoa mora numa casa, podendo ser um solteiro, uma viúva, ou uma divorciada).
– temos as famílias monoparenterais quando há somente a presença de um dos pais e a família ampliada ou extensa.
Quando nós, como igrejas, pensarmos nessa amplitude, teremos melhores condições de ajudar as famílias a serem a realização do plano de Deus para a sociedade.
Na Bíblia, encontramos exemplos de vários de tipos de família.
– famílias monoparenterais, como é o caso de Agar e Ismael, depois de serem expulsos por Sara.
– família de solteiros, como parece: Marta, Maria e Lázaro.
– também no Novo Testamento, encontramos a família nuclear formada por José, Maria, Jesus e seus irmãos.
– temos exemplo de uma família conjugal, um casal que aparentemente não teve filhos, como é o caso de Áquila e Priscila.
– vemos também no Novo Testamento o caso de Pedro, que possivelmente tinha a sua sogra por perto, e é exemplo de uma família ampliada.
Uma pastoral ou um ministério com famílias não deve ter como alvo somente os casais da igreja.…” (BIFANO, Gilson. A família e os desafios de um novo tempo. http://www.clickfamilia.org.br/familia/index_lista_resultado.asp?ID=620 Acesso em 05 mar.2004).
– A quinta função da família é a função protetora. Como ensinam Horton e Hunt, “…em todas as sociedades, a família oferece um certo grau de proteção física, econômica e psicológica a seus membros…” (op. cit., p.172).
É na família que nós encontramos proteção, ou seja, na família , nós temos um “lar”, um local onde somos acolhidos e desfrutamos de liberdade, um lugar onde está a nossa privacidade e intimidade.
Nos povos pagãos, era no ambiente familiar que se invocava a proteção das divindades dos antepassados, os chamados “deuses lares”.
Este ambiente de intimidade e de privacidade peculiares à família é a razão e fundamento de vários dispositivos legais adotados pelos povos civilizados, como as garantias da inviolabilidade do domicílio (ninguém pode penetrar na casa de alguém, mesmo que tenha ordem judicial para tanto, durante a noite) e do segredo de justiça que envolve as disputas forenses relativas a causas familiares.
Deus sempre tratou a família com integral respeito relativo a esta intimidade, algo que, lamentavelmente, não tem sido observado em algumas igrejas locais.
A família é inviolável, é o espaço criado por Deus para que as pessoas desfrutassem de sua intimidade e privacidade.
Em várias ocasiões, vemos o Senhor determinando este respeito, como, por exemplo, no episódio da Páscoa, em que as famílias deveriam ficar em suas residências, somente se permitindo que famílias pequenas se reunissem(Ex.12:3,4), ou, então, no milagre da ressurreição da filha de Jairo, quando se permitiu apenas que o núcleo familiar estivesse com Jesus e Seus discípulos mais íntimos (Lc.9:51).
O lar é um ambiente de proteção, de intimidade, resultado da vida de afeto que se estabelece entre os cônjuges e entre os cônjuges e seus filhos.
Mais uma vez, a família é usada como figura do relacionamento entre Deus e o homem, quando, no sermão do monte, Jesus afirma que devemos orar a Deus como nosso Pai e, portanto, num ambiente de intimidade (Mt.6:6).
– A sexta função da família é a função econômica.
Horton e Hunt, com propriedade, afirmam que “…a família é a unidade econômica básica na maioria das sociedades primitivas…”(op.cit., p.172).
Ainda que, na nossa sociedade atual, esta função econômica tenha perdido, consideravelmente, sua importância, vez que “.exceto na fazenda, a família já não é mais a unidade básica de produção econômica…tornou-se, na verdade, uma unidade de consumo econômico, fundada no companheirismo, afeição e recreação.…”(op.cit., p.176), o fato é que a subsistência da chamada “população economicamente inativa” (crianças, inválidos, idosos sem condições de trabalhar, desempregados crônicos etc.) continua sendo uma tarefa da instituição familiar, mormente em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, em que a infra-estrutura de assistência social é , ainda, sofrível.
Tanto assim é que a nossa Constituição comete, primordialmente, à família a tarefa de sustento das pessoas que não têm condições de trabalhar e de se sustentar (artigo 203 da Constituição da República:
“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social e tem por objetivos:…….V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não ter meios de prover á própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” – grifo nosso).
A função econômica da família foi estabelecida por Deus logo após a bênção que deu ao primeiro casal, ao determinar que a natureza estava à sua disposição para obterem o necessário mantimento (Gnm.1:29,30), mantimento este que passou a ser obtido com dificuldade e de forma penosa, depois do pecado do homem (Gn.3:17-19).
O cuidado que se deve Ter no sustento dos integrantes da família é algo que deve sempre estar na mente dos verdadeiros e autênticos crentes, porquanto foi o que se observou na vida de Jesus e de Sua família terrena (Mt.13:55; Mc.6:3).
– A sétima função da família é a função de “status”, ou seja, é através da família que o ser humano obtém a sua primeira posição na sociedade, posição esta que pode ser alterada, mas jamais alguém deixa de ocupar o lugar que lhe dá a estrutura social pelo fato de pertencer a uma determinada família.
Deus, ao estabelecer a família, determinou que seria através dela que o homem ocuparia a sua posição de dominador sobre a criação na Terra.
Também, ao estabelecer as regras que regeriam o povo de Israel, teve o cuidado de nunca permitir que as famílias e , consequentemente, as tribos de Seu povo se descaracterizassem e se misturassem entre si (Nm.27:1-11), tendo, também, sido proibido o aparentamento com os estrangeiros descompromissados com a lei do Senhor (Dt.7:1-4;Ed.9,10).
A família deve manter a sua posição diante de Deus, temos de servir a Deus e levar nossa família a também fazê-lo, para que, em nossas vidas, seja uma realidade a afirmação de Josué que é otítulo de nosso estudo neste trimestre: ” Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.
II – A FAMÍLIA COMO REFLEXO DAS RELAÇÕES ENTRE DEUS E O HOMEM
– Como já dissemos, a família, enquanto instituição divina, reflete tanto o caráter de Deus e a Sua natureza que foi utilizada pelo Senhor, em diversas oportunidades, como figura, como símbolo do relacionamento que deve haver entre Deus e os homens.
A família é como que um espelho, como que um reflexo, sobre a face da Terra, de como deve ser o relacionamento entre Deus e os homens.
Portanto, ao estudarmos o modelo bíblico da família, acabamos por estudar, também, como deve ser o nosso relacionamento com Deus.
Eis, aliás, mais um motivo para que o diabo tente, de todas as formas, distorcer o relacionamento familiar, porquanto, assim fazendo, deixará de permitir que o homem possa enxergar qual o propósito divino em relação a ele.
– Deste modo, como também já dissemos supra, quando falamos na “família de Deus”, estamos falando não da instituição familiar, que tem sua razão de ser e sua existência nesta dimensão terrena, mas, sim, do próprio relacionamento que deve existir entre Deus e o homem, da própria Igreja, deste organismo vivo e sobrenatural, cuja existência, prevista desde a fundação do mundo, foi-nos revelada nesta dispensação, num dos maiores mistérios de Deus (Ef.3:1-6).
– Ao analisarmos a relação entre Deus e o homem através da figura da família, veremos, em primeiro lugar, que Deus quis Se apresentar ao homem como Pai.
Foi deste modo que Jesus iniciou a Sua oração-modelo (Mt.6:9) e foi desta maneira que Se dirigiu a Deus na maior parte das vezes, seja em momentos de alegria (Lc.10:21), seja em momentos de angústia (Mt.26:39), seja no momento da morte (Lc.23:46).
Embora possamos dizer que a qualidade paternal de Deus não fosse desconhecida dos israelitas (cfr. Sl.89:26), é inegável que, somente com Jesus, teve a humanidade a devida conscientização desta característica da natureza divina e, por conseguinte, pode Ter coragem e alento para se achegar ao Senhor, através de Jesus Cristo,
a fim de se reconciliar com o Senhor, porquanto, não resta dúvida alguma, que é muito mais fácil se aproximar de Deus, mesmo sendo pecador e estando marcado pela culpa do pecado, sabendo-se que Ele é Pai e não um carrasco ou um vingador cruel, mesmo que, a exemplo do que dizem os muçulmanos, seja chamado constantemente de “Misericordioso”.
– Se Deus é Pai, temos algumas consequências que, como dissemos, dá alento e confiança ao homem para que se aproxime de Deus, a saber:
a) Se Deus é Pai, Ele ama.
– O amor do pai (ou da mãe) é um dos amores humanos mais puros e mais fortes.
As Escrituras, mesmo, testificam isto, ao dizer que a coisa mais difícil que pode ocorrer nos relacionamentos humanos é uma mãe deixar de amar seu filho (Is.49:15), ou um pai, ainda que seja mau, querer o mal para o seu filho (Mt.7:9-11).
Deus Se apresenta como Pai aos homens, exatamente para que os homens se conscientizem que não há amor como o amor de Deus.
b) Se Deus ama, Ele cuida de nós.
– Quando Deus Se identifica como Pai, está Se revelando ao homem como Aquele que cuida de nós, que não desampara, que não deixa o homem desfalecer, que sempre está em nossa companhia.
Como diz o poeta sacro, [Deus] ” não desampara nunca, nem me abandonará, se fiel e obediente eu viver.
Um muro é de fogo que me protegerá, ‘té que venha a mim o tempo de morrer. Ao céu então voando, Sua glória eu verei, onde a dor e a morte nunca vêm” (3ª estrofe do hino 198 da Harpa Cristã).
Pedro pôde dizer, conscientizado desta realidade: “Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” (I Pe.5:7). Deus cuida de nós, porque é nosso Pai !
c) Se Deus é Pai, Ele nos ensina.
– Deus é nosso Pai e, como todo pai, Ele nos ensina e nos instrui, de modo a que aprendamos como devemos viver de acordo com a Sua vontade.
O pai é o primeiro educador, é quem primeiro nos dita as regras de convivência. De igual modo, Deus é o nosso primeiro ensinador, é Ele quem nos diz, em primeiro lugar, como devemos caminhar , como devemos nos relacionar com Ele e com os demais homens.
Por isso, temos de ter uma vida devocional de oração e de meditação na Sua Palavra, para que Ele possa nos ensinar.
Devemos, também, fazer parte de uma igreja local, porque é ali que, através dos dons espirituais e ministeriais, Deus continua a nos educar dia após dia, ensinando-nos e instruindo-nos, guiando-nos para a Jerusalém celestial.
É por termos acesso a Seus ensinos e a Seus segredos, que não mais somos simples servos, mas passamos a ser Seus amigos (Jo.15:15).
d) Se Deus é Pai, Ele tem autoridade sobre nós.
– O pai é a autoridade constituída por Deus para dirigir a família.
O primeiro mandamento com promessa é, precisamente, o que determina que devemos honrar pai e mãe (Ex.20:12; Dt.5:16; Ef.6:2,3). Se Deus é Pai, Ele tem autoridade sobre nós e nós devemos honrá-l’O e respeitá-l’O.
Se Deus é Pai, nós não devemos resistir-Lhe, nem tampouco questioná-l’O, mas, simplesmente, obedecer-Lhe.
Deus não é nosso empregado, mas nosso Pai e, se Ele é Pai, quem manda é Ele, não nós. Ao contrário dos arautos da teologia da prosperidade ou da confissão positiva, se Deus é Pai, é Ele o Rei e, jamais, como afirmam, poderá um príncipe ou um filho de Rei se contrapor ao Rei , ao Senhor dos senhores.
e) Se Deus é Pai, Ele nos disciplina.
– Como consequência da própria autoridade que tem o pai, ele tem condições de impor castigos ao filho, não porque queira a sua destruição ou o seu mal, mas para que, através deste castigo, o filho possa ter uma lição diante do seu erro e, assim, não voltar mais a errar.
A disciplina, que somente vem após um ensino que foi repetido pelo menos duas vezes (cfr. II Tm.3:16), tem a finalidade de curar o mal existente, de promover o aperfeiçoamento do filho.
Deus, como Pai, também castiga Seus filhos, mas com este objetivo de correção e aperfeiçoamento, pois a disciplina é resultado direto do amor (Hb.12:6-11).
d) Se Deus é Pai, Ele gera ou adota filhos.
– Não é possível que alguém seja pai, se não tem condições de gerar ou de adotar filhos. Como Deus é Pai, sabemos que Ele tem condições de ter filhos, tendo, em primeiro lugar, demonstrado isto à humanidade ao revelar o Seu Filho Unigênito e, através d’Ele, trazer a notícia grata de que todos quantos O receberem, serão também feitos filhos de Deus (Jo.1:12), filhos por adoção (Rm8:15; Gl.4:5).
Por sabermos que Deus é Pai, podemos ter confiança que, se crermos em Jesus, alcançaremos a salvação, pois Deus é Pai e todo pai tem condições de gerar cada vez mais filhos. Como disse Jesus, os céus estão abertos para a humanidade !
e) Se Deus é Pai, Ele é responsável pelos filhos.
– Desde as mais antigas épocas, os pais são responsáveis pelos atos dos filhos, enquanto forem menores e estiverem sob sua companhia, algo que está previsto até hoje nas leis humanas, como, por exemplo, em nosso Código Civil (artigo 932, inciso I).
Tanto assim é que, para se livrar de alguma retaliação dos fariseus, os pais do cego de nascença curado por Jesus procuraram relevar o fato de que seu filho já era maior de idade (Jo.9:20-23).
Aliás, na lei de Moisés, para que não se tornassem igualmente culpados, os pais deveriam entregar os filhos obstinados e rebeldes para serem apedrejados pela comunidade (Dt.21:18-21).
Como Deus é nosso Pai, responsabiliza-Se por nós e, portanto, não precisamos ficar preocupados ou ansiosos, como já dissemos supra.
Devemos, sempre, lembrar que Deus tem compromisso com a Sua Palavra (Jr.1:12) e que tudo o que acontece em nossas vidas, contribui para o nosso bem (Rm.8:28).
Tenhamos, pois, a confiança de que, se os pais humanos, embora maus, não prejudicam os seus filhos, quanto mais o nosso Pai que está nos céus.
Ao contrário do que determinava a lei, Deus, como Pai, ainda que formos rebeldes e obstinados, não nos entrega à destruição, mas, bem ao contrário, sempre procura o nosso bem e crescimento espiritual (I Co.5:5; II Tm.2:13; Hb.12:10).
Agora, e isto é importante, a responsabilidade dos pais decorre do fato de os filhos estarem sob sua autoridade e companhia. Somente desfrutaremos das bênçãos divinas se estivermos debaixo das Suas asas (Sl.91:1), se fizermos o que Ele nos manda (Jo.15:14), pois, se O negarmos, Ele também nos negará (II Tm.2:12 “in fine”).
– Não bastasse a figura da paternidade e da filiação, vemos também que o relacionamento entre Deus e Israel (Os.2:16) e entre Cristo e a Igreja (Ef.5:22-32) são comparados ao casamento, que é a única forma biblicamente estabelecida para a formação de uma família,
porquanto o texto bíblico diz que o varão deve deixar seus pais e “se apegar” à sua mulher, expressão que denota um compromisso máximo entre um homem e uma mulher, a formação de “uma só carne”, e este compromisso máximo, como já dissemos, é o que se denomina de casamento.
– No casamento, há uma união que se estabelece pelo amor e amor altruísta (Cf. I Co.7:3-5), a ponto de o marido entregar seu próprio corpo para a mulher e vice-versa, exatamente o que ocorreu com Cristo e a Igreja, pois o Senhor Jesus Se entregou pela Igreja que, também, se entrega a Cristo Jesus,
tanto que o apóstolo Paulo diz não mais viver mas, sim, Cristo nele (Gl.2:20). Nós amamos a Cristo porque Ele nos amou primeiro (I Jo.4:19), devendo ser, pois, este amor desinteressado e de entrega ser a marca característica no relacionamento entre marido e mulher.
– No casamento, há a formação de uma “unidade” em uma “diversidade”, ou seja, homem e mulher passam a formar “uma só carne”, são duas pessoas que passam a ser um só, a ter o mesmo objetivo, a terem os mesmos planos.
Ora, é precisamente o estado de comunhão que há entre as Pessoas divinas e que deve haver entre Cristo e a Igreja (Jo.17:21).
– Por isso, marido e mulher têm de construir uma vida em conjunto, com os mesmos projetos e planos, com os mesmos objetivos, não se podendo, pois, concordar com muitos “casamentos” em que as pessoas continuam a ter planos próprios, objetivos próprios, onde a união conjugal é apenas um “espaço” na vida individual de cada um, algo completamente alheio ao estatuído pelo Senhor.
– Esta união, aliás, revela a necessária e indispensável heterossexualidade do casamento, pois somente há a formação de uma unidade quando se unem homem e mulher, porquanto a sexualidade, algo inerente à criação, pois foi Deus quem fez homem e mulher (Gn.1:27), somente se completa com alguém do sexo oposto.
Homem e mulher foram feitos para se completarem (Gn.2:18) e a unidade imprescindível no casamento somente se dá com esta reunião dos sexos opostos.
As “uniões de mesmo sexo” são uma aberração, uma demonstração de rebeldia ao estatuído pelo Senhor, algo que a própria Bíblia Sagrada diz ser resultado de um processo de recusa ao senhorio divino (Rm.1:24-27).
– O casamento, por fim, como já dizia o jurista romano Modestino (190-244), é uma “união divina e humana”, ou seja, como ele é o elemento fundante da família, sendo a família o primeiro lugar em que Deus escolheu Se manifestar ao homem, tem-se que, no casamento,
há uma participação do próprio Senhor, tanto que Salomão o denomina de “cordão de três dobras” (Ec.4:12), tendo o profeta Malaquias afirmado que, quando há um casamento, Deus Se faz testemunha desta união (Ml.2:14), a nos mostrar que o casamento é uma união que, ao gerar uma família segundo a vontade de Deus,
cria condições para que o próprio Deus entre em comunhão com o casal, levando a Sua bênção, já que o primeiro lugar que é alvo da bênção divina é a família (Gn.1:28; 9:1).
– Por isso, aliás, o casamento deve ser monogâmico, vez que só há um Deus, um Salvador e uma Igreja, como também não se pode, de forma alguma, equiparar o casamento instituído por Deus com qualquer outra forma de união criada pelo homem e que não possui este mesmo grau de compromisso e de doação (união estável, concubinato, uniões livres etc.).
– O item 16 do Cremos de nossa Declaração de Fé é taxativa ao nos mostrar que o casamento é a única forma de união criada por Deus e que foi a forma ratificada pelo Senhor Jesus (Mt.5:31,32; 19:3-10), havendo, ademais, expressa determinação das Escrituras para que o casamento seja venerado (Hb.13:4), e se alguém tem dúvida o que significa “veneração”, basta ver o comportamento dos romanistas para com seus santos e beatos para verificar quanto de respeito e de reverência devemos ter com relação ao casamento.
– Neste sentido, aliás, feliz foi a introdução de item no Cremos das Assembleias de Deus pela União de Ministros das Assembleias de Deus do Nordeste (UMADENE) no ano de 2012, que assim dizia:
“CREMOS (…) 5-A) Que o casamento heterossexual é uma instituição criada por Deus, visando as reproduções humanas, devendo ser respeitada e repudiada qualquer atitude que leve ao seu desmerecimento, constituindo-se pecado práticas sexuais extraconjugais (Gn 2.18-24; Mt 19.4-9; I Co 6.12-20; Hb 13.4).”
Devemos ter esta atitude de repúdio a tudo quanto represente desmerecimento e desqualificação do casamento, como, lamentavelmente, temos visto e, por incrível que pareça, mesmo entre os que cristãos se dizem ser.
A propósito, o desmerecimento do casamento foi o primeiro fator que levou à corrupção geral da geração antediluviana (Gn.6:1-5; Mt.24:37-39).
– ‘CREMOS, professamos e ensinamos que a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho (s) — quando houver — pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente:
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn.2:24). Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança e fê-los macho e fêmea:
“E criou Deus o homem à Sua imagem; e à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn.1:27), demonstrando a sua conformação heterossexual. A diferenciação dos sexos visa à complementaridade mútua na união conjugal:
“Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher, sem o varão, no Senhor” (I Co.11:11); essa complementaridade mútua é necessária à formação do casal e à procriação.
Reconhecemos preservada a família quando, na ausência do pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos.
Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser condenada por Deus nas Escrituras, bem como qualquer configuração social que se denomina família, cuja existência é fundamentada em prática, união ou qualquer conduta que atenta contra a monogamia e a heterossexualidade, consoante o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus.” (Início do Capítulo XXIV – Sobre a família da Declaração de Fé da CGADB).
Ev. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/951-licao-13-sobre-a-familia-e-sua-natureza-i