JUVENIS – Lição 1 – O Relativismo Moral
Querido (a) professor (a), um novo trimestre se inicia e com ele a oportunidade de ensinar aos juvenis acerca da Palavra de Deus, nossa grande aliada para lidar com as “questões difíceis do nosso tempo” – que é justamente o tema desta revista.
Portanto, abra o seu próprio coração para ser alimentado pela instrução e fé, que vem pelo ouvir dessa poderosa Palavra (Rm 10.17).
Em dado momento da história de Israel o Senhor lhes disse: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento […]” (Os 4.6 ARA).
Que isto não nos suceda em nossos dias, em nossa igreja, em nossa classe. Oremos e vigiemos quanto a isso.
Não apenas zelando por ler, tornando-nos meros conhecedores da Bíblia, mas também por sermos praticantes fervorosos dela.
Todos nós, envolvidos na obra do Senhor, ou com longa data de caminhada na igreja, precisamos tomar cuidado para não nos tornarmos como os sacerdotes Hofni e Finéias.
Eles se tornaram tão acostumados com a Casa de Deus, com as Escrituras, tão habituados a conviver em meio ao sagrado, até mesmo ocupando cargos eclesiásticos importantes, tão próximos das coisas de Deus, mas os seus corações acabaram se distanciando do Deus de todas as coisas.
Tal como Uzá, pelo costume com a obra do Senhor, esqueceram-se do poder extraordinário do Senhor da obra e do respeito que devemos ter a Ele (1 Sm 2.18-22; 1 Cr 13.9,10).
Portanto, prezado (a) professor (a), para começar este novo ciclo, sugerimos que você reserve um tempo para estar na presença do Altíssimo, refletindo sobre sua relação com Ele e a missão que Ele a ti entregou.
Interceda pela sua vida, por um renovo espiritual para você, que se estenda também para toda a sua classe, refletindo no seu ministério.
Esta primeira aula do trimestre abordará um tema muito em voga, especialmente nos círculos sociais acadêmicos de nossos jovens.
Por isso, esteja bem preparado para responder possíveis questionamentos e contrapontos dos alunos, mas sempre incentivando a participação e o diálogo aberto. Sua sala de aula precisa ser um ambiente em que eles se sintam seguros e a vontade para expressar suas dúvidas e opiniões, sem serem criticados por elas.
Você, mestre, é o maior responsável por cooperar na criação desta ambiência acolhedora e fértil para o conhecimento.
A fim de ajudá-lo no estudo mais aprofundado deste tema, sugerimos como subsídio o artigo do nosso comentarista Esdras Bentho, mestre em Teologia e autor de alguns livros pela CPAD para o portal de notícias CPAD News.
Relativismo e Cultura Cristã
O vocábulo “relativismo”, procede de dois termos latinos: “relatīvus” e “ismo”.
O primeiro que se traduz por “relativo”, “referente”, “respeitante”, “que indica relação”, procede do verbo “refērre” cujo sentido primário é “levar”, mas também “trazer”, “refletir”, “referir” e “relatar”.
O segundo, “ismo”, é um sufixo que tanto pode derivar do grego “ismos” quanto do latim “ismo”, mas que ambos denotam sistema, ou doutrina filosófica.
Para compreendermos o relativismo é necessário esclarecermos o conceito de relação (já presente na definição do termo) como categoria do pensamento e conexão objetiva entre uma coisa e outra.
Segundo o filósofo Edmund Husserl, o relativismo foi enunciado pela primeira vez por Protágoras de Abdera, filósofo pré-socrático, ao afirmar:
“O homem é a medida de todas as coisas, do ser daquelas que são e do não ser daquelas que não são”.
O sentido deste aforismo é que cada pessoa em particular depende das coisas, não de sua realidade física, mas de sua forma conhecida. Logo, o conhecimento é subjetivo, relativo e sensual, ou seja, “passa pelos sentidos”.
A questão levantada é se o homem tem ou não capacidade de conhecer a íntima natureza das coisas e a lei moral absoluta.
Se a expressão “o homem” tratar-se de cada ser ou do indivíduo, a forma de relativismo proposta é subjetiva, isto é, circunscrita à pessoa, ao individuo. Assim teríamos tantas verdades quanto são as pessoas.
Deve-se observar, entretanto, que o relativismo apresentado nesta afirmação protagoriana é relacionada ao “relativismo do conhecimento ou gnosiológico”. Segundo Protágoras, o conhecimento racional é absoluto, enquanto o sensível, é relativo.
Vejamos o relativismo na filosofia aristotélica e contemporânea.
Na filosofia aristotélica são relativas as coisas cujo ser depende de outras. Nesse conceito, o relativo é oposto ao absoluto, isto é, que existe por si mesmo. Absoluto, portanto, é a Causa sem causa, enquanto o relativo é uma consequência proveniente de uma causa e que depende dela para ser explicada.
O absoluto é autossuficiente, enquanto o relativo, não. O absoluto corresponde à existência de Deus e o relativo aos seres criados.
Modernamente, no entanto, o relativismo é a teoria que nega a existência de qualquer teoria, regra, moral, ética ou qualquer outro tipo de verdade que assuma para si o postulado de absoluto, inequívoco ou transcendente.
O relativismo, como observamos nos conceitos anteriores, assume diversas categorias ou classificações.Entre elas destacamos:
Relativismo Cognitivo (Conhecimento relativo)
Segundo o relativismo cognitivo, gnosiológico ou do conhecimento, toda opinião é justificável em razão de suas respectivas evidências.
Não existe qualquer questão objetiva as quais um conjunto de normas deva ser aceito.
O ateu, por exemplo, está certo por negar a existência de Deus; o cristão está correto ao afirmar que Deus existe.
O conhecimento do primeiro é materialista ou naturalista, o do segundo, teológico ou teleológico.
No entanto, todas as duas opiniões são relativas. Não se pode assegurar qual das duas é absolutamente verdadeira.
Mas, observemos que uma afirmação nega a outra. Portanto, as duas não podem estar certas. Uma está correta enquanto a outra está equivocada.
Uma atesta de acordo com a verdade, enquanto outra, segundo a mentira. O relativismo, por conseguinte, é contraditório.
De acordo com esta corrente, todas as formas de conhecimento são relativas ao mesmo tempo em que não explicam a toda realidade ou verdade, mas delas, apenas possuem partes ou relampejos.
Relativismo Ético (Ética relativa)
O relativismo ético acredita que nada é objetivamente mau ou bom, e que a definição de bem ou de mal, depende de um ponto de vista particular da cultura ou de um período histórico.
Segundo os relativistas, a moral e a ética são determinadas por condições mutáveis, diferentes e contraditórios.
Portanto, não se pode absolutizar o conceito de bom ou mau, bem ou mal. Não existe qualquer critério absoluto de moralidade ou ética; logo, qualquer norma ética e moral são arbitrárias e inconsistentes.
Relativismo Radical (Ceticismo)
O relativismo radical é a posição assumida pela corrente filosófica conhecida como “ceticismo”.
Segundo o ceticismo o homem não pode chegar a qualquer conhecimento objetivo, quer nos domínios das verdades de ordem geral, quer no de algum determinado domínio do conhecimento. Para o cético, tudo é relativo, pois não é possível afirmar com certeza sobre qualquer possível verdade.
Apesar da teoria relativista de nosso tempo, o cristianismo ensina os valores absolutos.
Os princípios e valores cristãos são opostos às normas e valores do mundo. Em primeiro lugar porque nós, os cristãos, cremos na existência de um só Deus, cujas leis regem não apenas o Universo, mas nossas vidas, planos e vontade.
A cultura mundana, no entanto, nega a existência de Deus, ou então vive como se Deus não existisse (Sl 14; 53).
Os valores cristãos possuem, pelo menos, três características principais. São universais, absolutos e imutáveis, pois procedem da vontade do Deus Pessoal Absoluto, Imutável e Universal. Vejamos em pormenor.
Universal. Os valores cristãos são universais em função de estarem fundamentados na moral divina. Nosso Deus é um ser moral.
Os atributos divinos atestam que o Senhor é santo (Lv 11.44; 1 Sm 2.2), justo (2 Cr 12.6; Ed 9.15), bom (Sl 25.8; 54.6), e verdadeiro (Jr 10.10; Jo 3.33).
Portanto, Ele é o padrão moral daquilo que é santo – oposto ao pecado –, daquilo que é justo – oposto a injustiça –, daquilo que é bom – oposto ao que é mau, e daquilo que é verdadeiro – oposto a mentira.
Tudo o que é puro, justo, bom e verdadeiro têm sua origem no caráter moral de Deus. Logo, os valores morais são universais porque procedem de um Legislador Moral universal.
Absoluto. Absoluto é aquilo que não depende de outra coisa, mas existe por si mesmo. Os valores cristãos são absolutos porque procedem de um Deus pessoal que não depende de qualquer outro ser para existir.
Ele é eterno (Dt 33. 27; Sl 10.16); existe por si mesmo (Êx 3.14), e tem a vida em si mesmo (Jo 5.26).
Deus também é absoluto porque não está sujeito às épocas (1 Tm 1.17; 2 Pe 3.8; Jd 25).
Ele governa eternamente o Universo (Sl 45.6; 145.13), e, seu reinado é de justiça (Hb 1.8). Portanto, as leis santas e justas de Deus são absolutas, porque procedem de um Legislador Absoluto.
Imutável. Imutável é a qualidade daquilo que não muda. Os valores cristãos são imutáveis porque o Senhor Deus é imutável.
Ele não muda (1 Cr 29.10; Sl 90.2), é o mesmo em todas as épocas (Hb 13.8; Tg 1.17). Suas leis se conformam ao seu caráter moral, pois Ele é fiel (2 Tm 2.13).
Portanto, os valores cristãos são imutáveis porque estão fundamentados no caráter perfeito e imutável de Deus.
Lembremos que:
A verdade é absoluta, mas o conhecimento que os homens possuem sobre ela pode ser relativo. Até fins da Idade Média, as autoridades eclesiásticas de então, acreditavam, fundamentado no livro de Josué, que a Terra era o centro do Universo.
Outros, acreditavam que a Terra era plana e que os mares eram habitados por serpentes aladas, sereias e outros terríveis monstros.
No Iluminismo e na época contemporânea, sabe-se que a Terra é que circula em torno do Sol e, não o contrário.
Que a Terra é uma esfera e não um cubo. O que mudou? A verdade ou o conhecimento do homem sobre ela? A Terra não mudou de cubo para esfera ou passou a girar em torno do Sol.
O nosso conhecimento que mudou, passando de falso para verdadeiro e, não a absoluta verdade de que a Terra é uma esfera e que circula ao redor do Sol.
A verdade é absoluta, não existem verdades relativas. A verdade de uma sentença matemática é universal: 5 + 5 = 10, isto em qualquer lugar a todas as pessoas.
A verdade é absoluta ou veraz. A palavra veraz é a raiz da palavra “veracidade”, que significa “verdade”, ou aquilo que é sempre verdadeiro, sem qualquer sombra de dúvida.
Quando você aprendeu a simples verdade de que 2+2=4, o seu professor estava falando com uma autoridade veraz.
Este é um fato que não tem que ser arbitrado, discutido ou justificado. Ele é verdadeiro.
É uma declaração irrefutável de um fato matemático. Como no exemplo acima, qualquer coisa que é verdadeira possui autoridade pelo fato de ser verdadeira. O apóstolo Paulo reconheceu isto: “Porque nada podemos contra a verdade… “ (2 Co 13.8).
A verdade tem Autoridade. Rejeitar a verdade é incorrer em julgamento: “Para que sejam julgados todos os que não creram na verdade (…)” (2 Ts 2.12).
Deus, o Pai, fala a Verdade: Deus sempre diz a verdade; portanto, as palavras dele têm autoridade veraz: “Deus não é homem, para que minta… porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria” (Nm 23.19).
A Bíblia é a Autoridade Veraz: É uma autoridade maior que qualquer posição na Igreja, na Ciência ou na Filosofia. (cf. Is 8.1). Deus engrandeceu o seu próprio nome e a sua Palavra acima de todas as coisas (Sl 138.2).
O Senhor lhe abençoe e capacite! Boa aula e um trimestre enriquecedor.
Dinâmica: Doce ou Azedo?
Objetivo: Refletir sobre o Relativismo e enfatizar posicionamento do cristão tendo como parâmetro a Palavra de Deus.
Material:
Balas doces e azedas para cada aluno
01 prato descartável (para as balas doces)
01 prato descartável (para as balas azedas)
Procedimento:
Antes da aula:
– Retirem o papel das balas.
– Coloquem as balas doces em 01 prato e as azedas em outro.
Na aula:
– Distribuam para cada aluno 01 bala doce.
– Peçam para que eles experimentem a bala e depois falem se é doce, azeda ou se tem outra característica.
Aguardem que todos emitam suas opiniões.
Observem a certeza ou dúvida dos alunos quanto a característica da bala.
Pode ocorrer opiniões divergentes e iguais.
– Depois, distribuam para cada aluno 01 bala azeda.
Realizem o mesmo procedimento já citado da bala doce.
– Depois, perguntem qual das duas eles gostam mais.
Façam este levantamento, escrevendo no quadro a quantidade dos que gostam da bala doce, da bala azeda e também dos que gostam das duas.
– A partir das respostas, exemplifiquem o relativismo de forma simples.
A primeira bala que era doce: alguns confirmaram que realmente era doce outros falaram mais ou menos. Da mesma forma a bala azeda. Aqui também encontramos gostos relativos e individuais quanto a preferência da bala.
No relativismo também é assim. As ideias, as opiniões e argumentos são relativos, isto é, não há certo nem errado, todas as opiniões são aceitas e respeitadas, pois não há parâmetro.
– Depois, enfatizem a importância de posicionamentos conforme a ética do Reino de Deus, que encontramos na Palavra de Deus.
– Vejam o que a Bíblia afirma:
Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não… Mateus 5:37
Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Isaías 5:20
Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/juvenis/857-li%C3%A7%C3%A3o-1-o-relativismo-moral.html
Dinâmica: http://atitudedeaprendiz.blogspot.com.br/
Video: https://youtu.be/wDr9ErEkFvg