Estando em casa de Simão para o jantar, Cristo foi homenageado por uma mulher, chamada Maria, que derramou sobre ele todo o nardo contido em um vaso de alabastro. Toda a casa se encheu daquele perfume maravilhoso, atraindo a atenção de todos os presentes, inclusive dos discípulos, que disseram: "Que desperdício! Poder-se-ia vender este perfume e dar o dinheiro aos pobres." Ao que Cristo respondeu: "Aos pobres, sempre tendes convosco, mas a mim, nem sempre tereis." (Mateus 26)
Tal episódio de rara beleza nos impressiona e ensina. O ato de Maria surpreendeu a todos e até hoje surpreende. Jesus disse que onde o evangelho fosse pregado, aquela ação seria mencionada.
Naquele tempo, era comum as jovens fazerem suas economias para comprarem o nardo, um perfume muito caro. A essência ia sendo juntada em um vaso afim de ser utilizada na noite de núpcias. Pensando nesses detalhes, notamos o quanto era importante aquele vaso de perfume para sua possuidora. Representava sua economias, talvez até realizadas com sacrifício, e simbolizava também seus sonhos, seus ideais referentes ao matrimônio e à família. Quanto valor colocado e representado por um vaso de perfume!
O que Maria fez? Derramou todo aquele perfume sobre Cristo. Isso foi mais do que uma homenagem, foi uma entrega total. É como se ela dissesse: "Senhor, eu entrego a ti tudo o que sou. Eu entrego o melhor que possuo, meus sonhos, meus desejos, meus ideais, meus planos e objetivos." Foi um ato de dedicação absoluta. Notamos que ela não derramou um outro líquido que pudesse ser mais barato e conseguido com mais facilidade, como água, por exemplo. Maria deu o que ela possuía de mais precioso. Isso nos ensina a dar o melhor para Deus, fazer o melhor para ele, mesmo que nos custe um preço alto.
O ato de "derramar" nos traz três lições:
Dedicação exclusiva - Tendo derramado todo o perfume sobre Jesus, Maria não poderia mais prestar essa homenagem a outra pessoa. Tendo o compromisso que temos com Cristo, não podemos tê-lo com um ídolo. Nada restou do nosso perfume que possa ser dado a um outro deus.
Dedicação sem reservas - Ela não guardou um pouco do perfume para si mesma. Não haverá nenhuma área da nossa vida que não esteja sob o domínio do Senhor. Somos dele por completo.
Dedicação sem retorno - Uma vez derramado, o perfume não podia ser retomado ou recuperado. Não vamos, amanhã ou depois, pedir ao Senhor que nos devolva o que lhe entregamos. Não vamos desistir da nossa aliança com ele. Se derramamos nossa alma diante do Senhor não vamos tomá-la de volta. Nosso vínculo com Jesus é um casamento sem divórcio. Assim deve ser nossa dedicação ao Senhor. Entreguemo-nos completamente e definitivamente.
Aquele aroma maravilhoso se propagou pela casa e atingiu a todos. Assim é o efeito do testemunho silencioso de uma vida derramada na presença de Deus. Mesmo os que quiserem ignorá-la não poderão. Diante daquele exemplo de desprendimento, alguns disseram: "Que desperdício!" Essas palavras poderão ser ouvidas ainda hoje por aqueles que se dedicam ao Senhor. Alguém poderá dizer que estamos desperdiçando nosso tempo, nosso dinheiro, nossa juventude, nossa vida, etc.. Entretanto, nossa dedicação a Deus não é desperdício, é investimento. Tudo o que entregamos ao Senhor será como uma semente lançada ao solo. O ato de semear pode parecer um desperdício. Parece que o semeador está jogando fora as sementes. Porém, no dia da colheita, o trabalhador se alegra com o fruto do seu labor.
Naquele instante, até os pobres foram lembrados. O discurso daqueles defensores dos pobres parece até uma tese da Teologia da Libertação. O fato é que qualquer argumento será usado por aqueles que querem tirar nossa atenção do Senhor. Muitos querem que desviemos nossa visão de Jesus para nos dedicarmos a outras causas, que podem até ser nobres e feitas em nome de Cristo, mas não devem tomar o lugar de Deus em nossas vidas. É verdade que, quando ajudamos aos pobres, estamos fazendo a obra de Deus, e devemos fazê-lo, mas isso não substitui uma experiência pessoal com Jesus Cristo. O amor ao próximo é importante, mas não é tudo. O primeiro mandamento é o amor a Deus. Logo, se alguém vive se dedicando ao trabalho social, mas não é convertido nem obediente a Deus, está praticando obras mortas, sem valor espiritual. As obras de caridade não têm o poder de salvar ninguém. Contudo, se somos convertidos e fazemos boas obras, estas têm grande valor e por elas seremos recompensados. Notemos que Jesus não condenou a ajuda aos pobres. Ele disse que sempre teríamos os pobres conosco. Assim, poderíamos ajudá-los sempre. Entretanto, esta ajuda não substitui nosso culto e dedicação da vida ao Senhor através de um compromisso de obediência. Essa questão atinge também àqueles que acham que podem deixar de contribuir na igreja afim de ajudarem lá fora a quem precisa. Na realidade, as duas coisas são importantes e devem ser tratadas na ordem correta de prioridades.
O que nós estamos dando ao Senhor? Como estamos trabalhando pelo seu reino? Que Deus nos ajude a alcançar o nível de fazermos o melhor, de entregarmos o melhor e de colocarmos o Senhor acima de tudo em nossas vidas. Dessa forma, o bom perfume de Cristo será sentido em todos os lugares onde estivermos.
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Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
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