Data: 60 ou 61 d.C.
Local: Roma. Epístolas da prisão: Ef. Col. Fm. Fp.
Tema: Retorno do escravo Onésimo.
Epístola de caráter pessoal.
FILEMOM
Era um homem rico da cidade de Colossos. Seu nome grego significa "amável".
ESBOÇO
1 – Saudações e ações de graças – 1-7.
2 – Apelo de Paulo a favor de Onésimo – 8-21.
3 – Saudações finais – 22-25.
ESBOÇO COMENTADO
v.1,9,10,13 – Paulo estava velho e preso em Roma.
v.2 – Na casa de Filemom se reunia uma igreja. De acordo com os comentaristas, Áfia seria o nome da esposa de Filemom e Arquipo, seu filho.
v.8-20 – Retorno do escravo Onésimo.
Onésimo havia fugido para Roma. Era um escravo esperto e visionário. Foi logo para a capital do Império. Talvez tenha furtado de Filemom antes de fugir. Em Roma, encontra-se com o apóstolo Paulo e se converte ao evangelho. Em seguida retorna a Colossos junto com Tíquico, levando a carta a Filemom e também a epístola aos Colossenses - Col.4.9.
O nome Onésimo significa "útil", exatamente o que não tinha sido para Filemom, mas passaria a ser (v.11).
A carta enfatiza a transformação de uma vida. O convertido precisa reparar o erro cometido, se isso for possível. Para Onésimo, era possível voltar à casa do seu senhor. Portanto, devia fazê-lo. Restituir o dinheiro furtado, entretanto, não era possível (v.18).
Nessa carta, chama-nos a atenção a questão da escravidão. Paulo não condenou tal prática. Afinal, estava mandando o escravo de volta ao seu dono. Temos uma idéia de escravidão muito vinculada à prática portuguesa no Brasil. Entretanto, podemos amenizar esse conceito quando estudamos a respeito da servidão entre os judeus. Um judeu poderia se tornar escravo do outro como forma de pagar uma dívida. O contexto de Onésimo não era judaico, mas devemos observar que Paulo aconselhou Filemom a tratar o escravo como um irmão amado. Então, o texto não está endossando a prática de crueldades contra os escravos. Mesmo assim, a questão parece não estar ainda resolvida. Talvez esperássemos que Paulo "proclamasse a liberdade" de Onésimo. Contudo, não o fez. O fato é que o evangelho não é uma metodologia de revolução social, mas de revolução pessoal. Paulo não poderia simplesmente dizer que Onésimo estava livre. Onde ele iria morar? Quem garantiria o seu sustento. Então, o melhor a fazer era retornar à casa de Filemom.
Manter Onésimo como escravo é totalmente contrário à "teologia da prosperidade" e a "teologia da libertação". Entretanto, o cristão só não pode ser escravo do pecado nem do Diabo. (I Cor.7.20-21). Escrevendo aos Coríntios, Paulo mostra que não importa se o cristão é servo ou senhor. Contudo, se tiver oportunidade de se libertar, não deve perdê-la. A libertação dos escravos era ideal e desejável. Contudo, isso não poderia ocorrer de modo temerário, mas dependeria da situação de cada um. Do mesmo modo, muitos empregados hoje vivem em situação semelhante à de escravos. É verdade que ganham o seu salário mensal, mas este é tão "mínimo" que talvez fosse melhor morar na casa do patrão e ter roupa, comida e um teto. Proclamar a libertação de Onésimo seria como dizer a um empregado de hoje: "Saia desse serviço. Deus tem algo melhor para você." Poderíamos fazer isso sem ter algo a oferecer para a pessoa? Tal questão não pode ser definida através de uma regra, pois trata-se de algo pertencente ao plano de Deus para cada cristão individualmente. Acima de todas essas considerações, Deus tem todo controle sobre a história e pode permitir ou encerrar os períodos de escravidão de acordo com os seus soberanos e inescrutáveis propósitos. Lembremo-nos de Israel, o povo de Deus, que foi escravizado no Egito durante 430 anos, mas, no tempo certo foi liberto pelo Senhor. Nada disso acontece sem um propósito e sem uma razão, embora nem sempre a conheçamos.
v.17-19 – A epístola a Filemom mostra o empenho de Paulo a favor de um escravo, a fim de que seu senhor o recebesse pacificamente. O escravo convertido passa a ser chamado de irmão amado (v.16), filho (v.10) e fiel (Col.4.9). É fácil ver alguém se empenhando a favor dos abastados. Entretanto, o amor de Cristo deve nos fazer agir a favor dos menos favorecidos.
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Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
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BIBLIOGRAFIA
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