Algumas vezes nos deparamos com afirmações bíblicas que muitos poderiam considerar contraditórias. Entretanto, à medida em que meditamos na Palavra de Deus, ele abre os olhos do nosso entendimento afim de compreendermos a sua vontade.
Tomamos por exemplo a ordem de Jesus aos discípulos: "rogai ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara" (Mt.9.38). A lógica humana nos diz que, sendo Deus o Senhor da obra, não seria necessária, e poderia até ser incoveniente, nossa interferência na questão pedindo que ele mande trabalhadores. Analisemos ainda as palavras de Jesus em Mateus 6. No versículo 8, ele afirma que o Pai sabe das nossas necessidades antes que peçamos algo. Entretanto, nos versículos de 10 a 13, o Senhor nos ensina a fazer diversos pedidos ao Pai: que venha o seu reino, que nos dê o pão, que nos livre do mal, etc. Levando em consideração que o Pai já sabe que precisamos de tudo isso, parece desnecessária nossa oração de petição. Porém, Jesus não pensava dessa maneira. Ele dizia: "Pedi e dar-se-vos-á." (Mt.7.78). Tiago escreveu: "Não tendes porque não pedis." (4.2). É verdade que muitas vezes Deus nos dá algo que não havíamos pedido. Entretanto, esta não é a regra geral.
Em síntese, perguntamos: Se Deus já sabe das nossas necessidades, por quê precisamos pedir? Entendemos que, se Deus nos desse tudo o que precisamos independentemente de nosso pedido, estaríamos sujeitos aos seguintes inconvenientes:
1 – Não sentiríamos nossa necessidade. Deus quer que nos sintamos dependentes dele. As necessidades que sentimos são fatores que contribuem para a nossa humildade diante de Deus.
2 – Não reconheceríamos a ação de Deus. Se o Senhor agisse sempre em nosso favor sem que orássemos, incorreríamos no erro de pensar que conseguimos algo por nossos próprios méritos, esforços ou capacidades. Deus zela para que a sua glória não seja dada a outrem (Is.42.8).
3 – Não seríamos gratos ao Senhor. Não tendo reconhecido sua ação, não lhe renderíamos graças. Estaríamos assim incorrendo no pecado da ingratidão.
4 – Não teríamos comunhão com Deus. Este é o ponto mais importante desta abordagem. E creio ser este um dos motivos mais relevantes pelos quais Deus instituiu o ato de orar. Se ele nos suprisse plenamente sem que orássemos, nossos momentos de comunhão com Deus se reduziriam drasticamente. O nosso relacionamento com Deus através da oração é mais importante do que a bênção que porventura estejamos buscando.
Concluímos, portanto, que, embora o Senhor, em sua onisciência, já saiba de todas as nossas necessidades, ele espera que reconheçamos nossa dependência dele, que apresentemos a ele nossas petições e possamos, depois, reconhecer sua ação em nossas vidas e render a ele toda a honra e glória. Quantas vezes nos "privamos da graça de Deus", impedindo sua ação em nosso favor! O Senhor quer a nossa participação para desencadear muitas bênçãos, não só do nosso interesse pessoal, mas, principalmente, de interesse do seu Reino. Entra aqui a questão de pedir que Deus mande trabalhadores para a seara.
Cabe ainda, a cada um de nós, uma das perguntas mais freqüentes de Jesus durante seu ministério terreno: "Que queres que eu te faça?"
"E esta é a confiança que temos nele, que, se pedimos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve" (I Jo.5.14).
"Pedi e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra." (João 16.24).
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Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
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