APÊNDICE Nº 1 – ALGUMAS MINUDÊNCIAS SOBRE A GRANDE TRIBULAÇÃO
A Grande Tribulação é um tempo terrível da história da humanidade.
Texto áureo
“E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”. (Dn.12:1).
INTRODUÇÃO
– Tendo em vista ter sido dedicada somente uma lição sobre a Grande Tribulação, entendemos serem oportunas algumas considerações complementares sobre este terrível período da história humana.
– A Grande Tribulação é um tempo terrível da história da humanidade.
I – A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM
– No presente trimestre, estamos a estudar a doutrina das últimas coisas. Neste estudo, dedicou-se apenas uma lição para se falar da Grande Tribulação, este período de sete anos entre o arrebatamento da Igreja e a vinda de Jesus em glória, a chamada 70ª semana de Daniel.
– Diante da circunstância de que uma lição é insuficiente para a apresentação de tudo o que as Escrituras falam a respeito deste período, entendemos ser oportuno apresentar alguns aspectos em complementação a este estudo.
– Quando examinamos as Escrituras, percebemos que este período da história humana está permeado de algumas circunstâncias relevantes e que gostaríamos de, ainda que sucintamente, analisar, à luz das Escrituras e da própria História.
– Verifica-se na Bíblia Sagrada que este período se iniciará com um acordo entre o Anticristo e Israel, acordo este que permitirá o funcionamento do templo de Jerusalém. Para que isto ocorra, faz-se necessário que se criem algumas condições, quais sejam: a criação de um governo mundial que tenha o Anticristo como seu máximo expoente; a reconstrução do templo de Jerusalém na área que hoje é ocupada pela Esplanada das Mesquitas e uma condição de fortalecimento de Israel como nação no cenário da política internacional, a ponto de o Anticristo preferir fazer um acordo com os israelenses, mesmo tendo o domínio do cenário mundial.
– Por isso mesmo, faz-se necessário que focalizemos, para bem entender a Grande Tribulação, precisamente estes fatos: a reconstrução do templo de Jerusalém; a manifestação do Anticristo e a consequente formação do governo mundial e, por fim, um episódio que parece indicar a origem do fortalecimento de Israel, que é a guerra de Gogue e Magogue descrita nos capítulos 38 e 29 de Ezequiel. São estes aspectos que analisaremos neste estudo.
– O templo é a própria demonstração pública e notória da presença de Deus no meio do povo de Israel e não há como Deus tratar com este povo se não houver templo.
– Assim que selado o pacto entre Deus e Israel (o chamado pacto mosaico – Ex.19:3-9), recebeu este povo a incumbência de erigir o tabernáculo. Depois, quando ingressou na Terra Prometida, enquanto o tabernáculo esteve presente e ativo, Deus tratou conforme o pacto palestino (Dt.28).
Em seguida, com a dispersão do tabernáculo, tivemos o selo do pacto dravídico (II Sm.7:12-16) e a construção do templo de Salomão. A seguir, com o cativeiro da Babilônia e a retirada de Israel do cenário político por setenta anos, de igual modo, o templo desapareceu.
Por fim, quando o povo retornou à Palestina, vimos que o templo foi, igualmente reconstruído, reconstrução que assinalou o ponto de partida da profecia-chave da escatologia, qual seja, a profecia das setenta semanas de Daniel, como tivemos ocasião de dissertar em lições anteriores.
Como se não bastasse isso, foi a partir de uma afirmação a respeito do templo que Jesus proferiu o Seu sermão escatológico.
– Não temos, portanto, motivo algum para duvidar de que devemos, para bem compreendermos o cumprimento das profecias relativas aos últimos dias, observarmos a questão do templo de Jerusalém, pois é a partir dele que bem nos conduziremos em nossa vigilância com respeito aos episódios finais da história humana.
– Apesar de o templo ter sido destruído, as esperanças dos judeus de reconstruí-lo não sucumbiram. Os judeus têm, em seu calendário religioso, uma festividade chamada de “Tishah B’Av” (nome que significa “9 do mês de Av”, data em que celebrada esta festividade, pois Av é o quinto mês do calendário judaico), apesar de ser um dia de jejum em que se lamenta a perda dos dois templos, é, simultaneamente, a lembrança da promessa de sua restauração, pois os judeus sabem que a sua esperança messiânica inclui a restauração do templo de Jerusalém.
“…É bastante conhecido o seguinte provérbio rabínico, assim como as variantes dele: ‘Aquele que não chora a Destruição de Sion não viverá para ver a sua alegria’…”( AUSUBEL, Nathan.Tishah B’Av. In: A Judaica, v.6, p.889).
OBS: “…Nossos sábios ensinam que, como os judeus foram exilados de sua Terra natal por causa do ódio infundado, a Diáspora se encerrará quando eles praticarem o amor com desprendimento. O Primeiro Templo foi destruído porque o povo menosprezou a Torá.
O Segundo Templo foi destruído porque os judeus se desprezaram. O Terceiro Templo será erigido quando os judeus aprenderem a seguir a Torá, realizando atos de caridade e bondade entre si.
Há uma tradição segundo a qual o Messias, que será o construtor do Terceiro Templo, nascerá em Tisha B’Av. Este dia de luto e jejum, em que comemoramos a destruição de ambos os templos, será então revertido e o celebraremos com grande júbilo. A prece para a reconstrução do Templo e o fim da Diáspora judaica é dita todos os dias pelos judeus do mundo inteiro. Três vezes ao dia rezamos o Shemone Esré (Amidá) com a seguinte meditação:
“Que seja Tua Vontade, Senhor nosso D’us e D’us de nossos antepassados, que o Templo Sagrado seja reconstruído, rapidamente, em nossos dias. Outorga-nos nosso quinhão na tua Torá, e que possamos servir a Ti com reverência, como nos dias de outrora e nos anos passados.…” (Revista Morashá. Aprendendo com a destruição.http://www.google.com/search?q=cache:F4CyGitX3sQJ:www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_vie.asp%3Fa%3D274%26p%3D2+reconstru%C3%A7%C3%A3o,+templo,+Messias&hl=pt-BR Acesso em 22 set. 2004).
A passagem não só mostra o desejo ardente dos judeus em restaurar seu Templo, como explica como os judeus se deixarão enganar pelo Anticristo.
– Ora, depois da destruição do templo de Jerusalém, o local ficou durante muitos anos à deriva, praticamente deserto. Verdade é que, alguns anos depois, houve a tentativa de reedificá-lo, na rebelião de Simão Bar Kochba, que se autoproclamou Messias (133-135 d.C.) e cujo único resultado prático foi a expulsão completa dos judeus da Palestina.
Cerca de seis séculos, depois, porém, com a conquista da região pelos árabes, o califa Omar, um dos sucessores de Maomé, fez construir no exato local onde havia existido o templo de Jerusalém, a mesquita de “Al Aqsa” (em árabe, a Rocha ou o Rochedo), também conhecida como “mesquita de Omar”, verdadeiro cartão postal de Jerusalém na atualidade (é a famosa mesquita de abóbada dourada), considerado o lugar mais sagrado do islamismo depois de Meca e de Medina:
“…Há três Lugares Sagrados de adoração para os Muçulmanos em todo o mundo. São eles: a Mesquita da Kaaba em Meca (Makkah), a Mesquita do Profeta Muhanunad (paz esteja com ele) em Medina, e a Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém.…”(M.Yiossuf ADAMGY(coord.). Apresentação do Islão aos não-muçulmanos. http://www.google.com/search?q=cache:d1H6oO2OvksJ:www.aliasoft.com/temas/islam.html+Al-Aqsa,+Alcor%C3%A3o&hl=pt-BR Acesso em 23 set.2004).
Aliás, a mesquita de Al-Aqsa seria a mesquita distante mencionada no Corão 17:1 (cujo texto transcrevemos: “…Glorificado seja Aquele que, durante a noite transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita (em Makka) e levando-o à Mesquita de Alacsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais.
Sabei que Ele é Oniouvinte, o Onividente.…”). Assim, como já dissemos, continua intacto o cumprimento da profecia de Jesus, no sentido de que Jerusalém será pisada pelos gentios até que o tempo dos gentios, que é a dispensação da graça, se complete.
OBS: “…Uma das cláusulas do tratado de paz assinado entre Israel e Jordânia permite a este último país destinar cerca de 500 funcionários para manter a mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém, de onde se supõe que Maomé, o profeta dos muçulmanos, empreendeu sua viagem ao céu montado no cavalo Buraq.…” (Agência EFE. Ministro jordaniano: Israel será culpado por ataques de Al-Aqsa. http://www.google.com/search?q=cache:5VtzMHZg3OwJ:noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI371548-EI308,00.html+%22Al+Aqsa%22&hl=pt-BR&lr=lang_pt Acesso em 21 set.2004).
– Em 1948, entretanto, Israel ressurgiu como nação organizada juridicamente, o Estado de Israel, ainda que sem o controle total de Jerusalém, mais precisamente da chamada “parte velha da cidade”, que, pelo plano de partilha da ONU, ficaria sob o domínio árabe. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, porém, Israel tomou vários territórios árabes, inclusive Jerusalém, que, em 1980, à revelia de todas as nações do mundo, foi declarada a “eterna e indivisível capital do Estado de Israel”.
Desde então, Israel controla militarmente Jerusalém, embora os judeus ainda não possam sequer visitar a chamada “Esplanada das Mesquitas”, onde fica a mesquita de “Al Aqsa”, cujo ingresso é permitido somente a muçulmanos.
Tanto assim é que, em 2001, o então líder oposicionista Ariel Sharon tentou entrar no local, cercado de seguranças, não tendo conseguido concretizar seu desejo.
Seu gesto gerou uma violenta crise política em Israel, que o acabou conduzindo ao governo de Israel, onde se encontra até hoje, mas também deu início a uma nova escalada terrorista que não tem tido fim e que os árabes palestinos têm denominado de “intifada de Al Aqsa”.
Mais uma vez, fatos relacionados com o local do templo precipitam acontecimentos políticos com repercussão internacional…
– Enquanto isso, diversos setores judeus entendem que Israel somente estará restaurado se, ao lado de um governo independente, estabelecido na Palestina e que tenha Jerusalém como capital, também volte a ter o templo localizado no monte Moriá, o que, aliás, voltou ao debate em Israel depois que o governo israelense manifestou seu interesse de abandonar a chamada “Faixa de Gaza”, no ano que vem.
“…O ministro jordaniano de Assuntos Religiosos e Questões Islâmicas, Ahmed Hilayel, advertiu hoje, quarta-feira, que Israel será o “único responsável” se for cometido algum tipo de atentado extremista contra edifícios sagrados muçulmanos em Jerusalém.
Hilayel respondia assim a uma recente advertência de colegas israelenses, que aludiram à possibilidade de que templos como a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro santuário mais sagrado do Islã, fossem alvo dos extremistas judeus.
“Sobre Israel cairá toda a responsabilidade de qualquer tipo de agressão contra a mesquita de Al-Aqsa de parte de colonos ou outros extremistas judeus”, disse o ministro, citado pela agência oficial de notícias local Petra.
“Uma agressão deste tipo poderá resultar em um novo espiral de violência” no Oriente Médio, acrescentou. …” (Agência EFE. Ministro jordaniano: Israel será culpado por ataques de Al-Aqsa. 25.08.2004.http://www.google.com/search?q=cache:5VtzMHZg3OwJ:noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI371548-EI308,00.html+%22Al+Aqsa%22&hl=pt-BR&lr=lang_pt Acesso em 21 set.2004).
OBS: “…Numa entrevista concedida ao segundo canal israelense, o ministro israelense do Interior explicou que o plano dos extremistas visa impedir o deslocamento israelense da Faixa de Gaza, dando assim uma imagem angélica do governo e fazendo crer à sua boa vontade em avançar em direção a uma solução.
Segundo o jornal Haaretz, os serviços de informação israelense levaram a sério as ameaças lançadas pelos grupos extremistas judeus de destruírem Al Aqsa utilizando um avião sem piloto ou conduzido por um kamikaze judeu, no momento de um grande fluxo na mesquita.
Mas os extremistas judeus ameaçam também de virem em massa e investirem contra a mesquita, se o governo de Sharon persistir no seu plano deslocamento da Faixa de Gaza.(…).
Já a instituição Al Aqsa pela proteção dos lugares sagrados pediu no domingo passado, num comunicado, que se proibisse imediatamente a entrada de judeus na Esplanada e dentro das mesquitas, e chamou os guardiões das mesquitas a estarem em alerta contra este tipo de ataques, também lançou um apelo à nação Árabe e muçulmana, as suas instituições e associações populares à estarem vigilantes e assumirem suas responsabilidades em relação a proteção da mesquita de Al Aqsa.(…).
No seu comunicado, a instituição Al Aqsa afirma que as ameaças contra os lugares sagrados não são novas, mas as recentes declarações do ministro do Interior exigem uma vigilância ainda maior, acrescentando :
“os avisos do ministro do Interior representam uma confirmação que a mesquita de Al Aqsa está em perigo, não porque ele disse, mas porque este que se coloca como protetor dos lugares sagrados é o próprio ministro sionista, que autorizou os extremistas judeus a entrarem na mesquita dia 23 de junho do ano passado.”
Sheikh Kamal al Katib [vice-presidente do movimento islâmico, observação nossa] afirmou que o grito lançado pelo movimento islâmico após 1996 “Al Aqsa está em Perigo”, não é absolutamente um grito ao vento, ou uma tentativa de insuflar a população, como os inimigos afirmaram na época, mas este grito foi lançado após um estudo detalhado e uma análise da situação.
Se hoje a ameaça que pesa sobre Al Aqsa vem do fato de existir problemas internos dos sionistas que encontram nesta ameaça uma tentativa de fazerem pressão, o perigo continuará no local mesmo se a crise política entre os sionistas chegue ao fim, porque os colonos judeus consideram que a mesquita de Al Aqsa deve ser demolida para construirem o terceiro templo sobre suas ruínas.(…).
Sheikh Sabri[ Ikrima Sabri, mufti geral das Terras Santas, um dos principais sacerdotes muçulmanos, observação nossa] lançou um apelo ao governos e aos Estados do mundo islâmico, lhes pedindo que assumam sua responsabilidade pela proteção dos lugares sagrados, e notadamente Al Aqsa, que é o ponto central sobre o qual se concentram os planos e objetivos sionistas atuais, assim como ele chamou as organizações e institiuções internacionais a assumirem seu papel de defesa e de proteção do povo Palestino contra as agressões da Ocupação israelense.… (PALESTINA1.COM.BR. Os sionistas preparam a destruição de Al-Aqsa.02 ago.2004. Trad. de Elaine Guevara www.palestina1.com.br.id?=348. Acesso em 21 set.2004.).
Diante de um texto tão expressivo, vindo dos inimigos de Israel, será que temos alguma dúvida quanto ao cumprimento das profecias bíblicas?
– Recentemente, a tensão entre israelenses e palestinos alcançou o maior nível nos últimos anos, precisamente porque tem aumentado o número de judeus que estão indo até a Esplanada das Mesquitas para orar pedindo a restauração do templo de Jerusalém. São cada vez mais constantes os confrontos entre judeus e muçulmanos no local.
OBS: “…Novos confrontos entre muçulmanos e policiais israelenses foram registrados na manhã desta segunda-feira na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. Várias pessoas ficaram feridas. A tensão é grande na região por causa da celebração da festa judaica dos Tabernáculos.
Os policiais foram enviados ao local depois de terem utilizado bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os fiéis e jovens manifestantes, que atiravam pedras, antes de buscar refúgio na mesquita de Al-Aqsa, cercada pelas forças de segurança.
Os palestinos e as autoridades muçulmanas do local, venerado pelas duas religiões, temem o aumento do número de visitas de fiéis judeus à Esplanada das Mesquitas por ocasião da festa dos Tabernáculos, uma ideia incentivada que é incentivada por alguns rabinos nacionalistas.
A Esplanada, onde fica a mesquita de Al-Aqsa, é o terceiro local sagrado do islã. Os judeus também a veneram como o Monte do Templo, que é considerado o local mais sagrado do judaísmo.
Nas últimas semanas foram registrados vários confrontos no local. Os palestinos expressam preocupação com o número crescente de visitantes judeus e com as reivindicações de soberania de algumas autoridades israelenses.
Os muçulmanos acusam as autoridades israelenses de uma tentativa de assumir o controle total da Esplanada, o que o governo de Israel nega.…” (Confrontos na Esplanada das Mesquitas deixam feridos. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/esplanada-das-mesquitas-em-jerusalem-tem-novos-confrontos.html Acesso em 28 nov. 2015).
– Portanto, vemos que os fatos que estão acontecendo nos nossos dias indicam, claramente, um objetivo de boa parte dos israelenses em recorrer, inclusive, à força, para destruir a mesquita de Al-Aqsa e, assim, reconstruir o templo de Jerusalém. Como isto se dará ou quando, não temos como precisar, mas sabemos que isto ocorrerá.
OBS: “…Existem duas organizações em Israel, que estão se movimentando para reconstruir o Templo de Deus, em Jerusalém.Uma delas chama-se The Temple Institute, e está reconstruindo todos os utensílios do Templo de Deus. Já reconstruíram a Arca de Deus, o candelabro de sete lâmpadas, o altar do incenso, e estão quase acabando de reconstruir todos os utensílios, e as vestes sacerdotais. Estão reconstruindo o peitoral do juízo, que deve ser usado pelo Sumo Sacerdote.
A outra organização chama-se The Temple Mount and Land of Israel Faithful Movement, e está fazendo um movimento de divulgação da causa da reconstrução do Templo de Deus, e apelando ao Governo de Israel e aos membros do Kneset (Congresso de Israel), para que tomem providências com vistas à reconstrução do Templo.…” (O templo de Deus em Jerusalém deve ser reconstruído. http://www.google.com/search?q=cache:IJ0vU6VCroUJ:www.familiadedeus.org.br/o_templo_de_deus.htm+reconstru%C3%A7%C3%A3o,+Templo,+Messias&hl=pt-BR Acesso em 22 set.2004).
O Temple Institute foi criado em 1987 e tem trabalhado para recriar, segundo as especificidades bíblicas, todos os utensílios do templo, tendo, inclusive, já completado a elaboração do éfode (a veste do sumo sacerdote). Maiores informações podem ser obtidas no site desta organização – www.templeinstitute.org.
“…Mesmo em meio a guerra atual com o Hamas em Gaza, os membros do Instituto do Templo continuam com sua campanha mundial pela reconstrução do Beit HaMikdash (Templo Sagrado), também chamado de Terceiro Templo.
Ele recebe esse nome por que o original, edificado por Salomão, terminado em cerca de 950 a.C. foi destruído na invasão babilônica em 586 a.C., sendo substituído pelo Templo construído pelo governador Herodes, que estava em pé nos dias de Jesus, e foi demolido no ano 70 pelo exército romano.
No ano passado, o movimento pela reconstrução ganhou novo fôlego, quando foram retomados os sacrifícios rituais no local, depois novos sacerdotes levitas foram treinados pelos rabinos para recomeçar os rituais descritos no Antigo Testamento, incluindo os que exigem a novilha vermelha. Por fim, anunciou-se que todas as 102 peças do interior do templo estão prontas, incluindo o véu de separação do Santo dos Santos.
A única peça faltante é a arca da aliança, que os rabinos acreditam estar enterrada no monte do Templo e que poderia ser recuperada assim que Israel retomar controle do local.…” (Grupo judeu começa arrecadação para a construção do Terceiro Templo. Disponível em: https://noticias.gospelprime.com.br/arrecadacao-construcao-terceiro-templo/ Acesso em 28 nov. 2015).
– Com efeito, quando analisamos as profecias escatológicas, a começar pela profecia das setenta semanas de Daniel, vemos que, após ter sido dito que, depois que o Messias não fosse mais, haveria a destruição da cidade e do santuário, haveria guerra até o fim e estariam determinadas assolações (Dn.9:26).
Mas, ao se falar na última semana, a profecia afirma que, no meio da semana, seria cessado o sacrifício e a oferta de manjares e, então, haveria a “abominação da assolação” (Dn.9:27), algo que é repetido pelo profeta em Dn.12:11, onde é dito que “será tirado o sacrifício contínuo e posta a abominação desoladora”.
– Ora, não é preciso ser “expert” (i.e., especialista, entendido) para observar que se o sacrifício contínuo será tirado, é porque, num determinado tempo, ele foi posto. Mas, para que o sacrifício seja posto, mister se faz
que o templo seja reerguido, pois somente no templo se podem fazer sacrifícios. Desde a destruição de Jerusalém e do seu templo por Tito, os judeus nunca mais sacrificaram e nem o farão, a menos que o templo seja reconstruído. Portanto, para que a profecia de Daniel se cumpra, é mister que o templo volte a existir, o terceiro templo, já que os dois primeiros não mais existem.
– Muitos intérpretes da Bíblia procuram compreender que a referida profecia se cumpriu no tempo do rei sírio selêucida Antíoco Epifânio, que fez cessar o sacrifício contínuo no templo de Jerusalém e colocou no templo uma imagem de Zeus (o principal deus grego), que seria a “abominação desoladora” no ano 168 a.C.
Entretanto, se isto pode ser considerado, como vimos supra, como uma figura do cumprimento da profecia, jamais pode ser considerado como cumprimento da profecia.
Em primeiro lugar, porque Daniel menciona a abominação desoladora depois da destruição da cidade e do santuário, na profecia das setenta semanas, a indicar, pois, que se trata de um fato relativo à última semana e não ao período que vai desde a retirada do Messias até as assolações.
Em segundo lugar, Jesus, aproximadamente 198 anos depois da profanação realizada por Antíoco Epifânio, mencionada a “abominação da desolação de que falou o profeta Daniel” como algo futuro (Mt.24:15), de forma que não tem cabimento considerar que a profecia se cumpriu com a profanação praticada pelo rei sírio.
OBS: A propósito, a profecia relativa a Antíoco Epifânio deve ser muito mais propriamente considerada como localizada em Dn.8:11.
– Como se já não fosse suficiente o próprio testemunho de Cristo no sermão profético, temos que, também, Paulo, ao falar sobre os últimos dias aos tessalonicenses, lembra-lhes que o filho da perdição, o homem do pecado, se assentará como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus (II Ts.2:4), dando a entender, também, com absoluta clareza, que, nos dias do homem do pecado, haverá o templo de Deus, que outro não pode ser senão o terceiro templo.
É interessante notar, aliás, que Antíoco Epifânio não se fez adorar no segundo templo, de modo que isto ainda nunca aconteceu no templo de Jerusalém. A este episódio, ademais, Jesus Se referiu, ainda que de passagem, quando disse aos judeus que vinha em nome de Deus (ou seja, no nome do Pai) e seria rejeitado, mas outro viria em seu próprio nome (ou seja, dizendo-se Deus) e seria aceito pelo povo judeu (Jo.5:43).
– Tudo demonstra, portanto, que, num período que não sabemos quando, assim como Jesus partiu e 40 anos depois, o templo foi destruído, o templo será, uma vez mais, reconstruído, pois não há como ocorrer os fatos preditos para o final dos tempos sem que exista o templo de Jerusalém.
Para que o Anticristo sele um acordo com Israel, para que rompa este acordo e promova a profanação do templo, é preciso que o templo exista e, por isso, devemos estar alerta, ainda mais quando se cogita com grande intensidade esta questão no Oriente Médio.
– Discute-se muito se o templo será reconstruído antes ou após o arrebatamento da Igreja, discussão, aliás, que é mais um dos pontos de debate entre os chamados pré-tribulacionistas (que creem que a Igreja não passará pela Grande Tribulação) e os mídi-tribulacionistas (que creem que a Igreja passará a primeira metade da Grande Tribulação).
Segundo estes últimos, naturalmente que a Igreja verá a reconstrução do Templo, já que será no instante em que o Anticristo romper seu pacto com Israel que ocorreria o arrebatamento da Igreja. Para os primeiros, porém, a Igreja não passará pela Grande Tribulação e, portanto, não se sabe se a Igreja verá, ou não, a reconstrução do Templo, porquanto o fator que determinará o arrebatamento da Igreja será o domínio do mundo pelo Anticristo e as profecias não são claras para indicar se a reconstrução do Templo se fará já sob o domínio político do Anticristo ou um pouco antes.
Esta última posição é a posição oficial das Assembleias de Deus e na qual acreditamos, pois entendemos que a Igreja não passará pela Grande Tribulação.
– De qualquer forma, temos de observar que o que era impensável há alguns anos, ou seja, a substituição das mesquitas pelo templo judeu já não é algo tão impossível assim.
A escalada do terrorismo islâmico cria um ambiente propício para a aceitação ou, pelo menos, tolerância com um episódio desta magnitude, sem se falar que, dependendo da forma que isto ocorrer, pode ter até o temor e o receio por parte dos islâmicos, inclusive em termos religiosos (por exemplo, um terremoto poderá ser interpretado como um castigo divino).
Além do mais, não podemos nos esquecer de que a vontade das potências sempre prevaleceu no cenário político internacional e a força política estará do lado do Anticristo. Além do mais, tratar-se-á de um acordo de paz, com as devidas contrapartidas por parte de Israel.
Por fim, o desenvolvimento tecnológico da atualidade permite construções-relâmpago, a gerar um fato consumado.
O certo é que este templo será reconstruído e os judeus voltarão a fazer sacrifícios. Por oportuno, é importante observar que os judeus têm, ainda hoje, absoluto controle dos seus levitas, sendo, pois, facilmente identificáveis os “cohens”, ou seja, os que poderão exercer o ofício sacerdotal consoante a lei de Moisés num futuro templo.
– Este terceiro templo, como vimos, é uma necessidade. Mas não é apenas uma necessidade por força de que as profecias bíblicas devem se cumprir, mas também pelo próprio fato de que, com o arrebatamento da Igreja, estar encerrada a dispensação da graça.
Na nossa atual dispensação, o povo de Deus é a Igreja, que é o corpo de Cristo (I Co.12:27). Assim, não se faz necessário que haja qualquer sacrifício ou cerimonial, porquanto a Igreja é o próprio templo do Espírito Santo (I Co.6:19).
Por isso, não se faz necessário que haja o templo em Jerusalém, pois chegou a hora em que os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo.4:23).
– Entretanto, com o arrebatamento da Igreja, temos que Deus irá passar a tratar com os homens de outro modo. Para os gentios e judeus, que são os dois povos que ficarão sobre esta Terra, Deus passará a tratar com juízo, “o dia da vingança do nosso Deus” (Is.61:2).
Ainda que Israel vá sofrer, o fato é que esta semana, este tempo de angústia, servirá para extinguir os seus pecados e transgressões (Dn.9:24) e, como Deus tornará a tratar com Israel e, por Israel, voltará a Se manifestar ao mundo, vez que o tempo dos gentios se completou, é imperioso que retorne o templo.
Por isso, reconhecendo a obscuridade do tema, somos do entendimento particular que não há como o templo voltar a funcionar senão depois do arrebatamento da Igreja.
– Este terceiro templo será reconstruído pelos judeus e nele serão restaurados todos os cerimoniais da antiga aliança. Não é à toa que foram descobertos manuscritos muito mais antigos que os conhecidos das Escrituras e que, em pouco mais de 50 anos de existência, Israel tenha ressuscitado a língua hebraica, que hoje já é a mais falada pelos israelenses. Tudo isto se dá porque tudo está sendo preparado por Deus para que o culto do templo seja retomado.
– Este terceiro templo será autorizado pelo Anticristo, que, então, estará governando o mundo, direta e indiretamente. Um tratado de paz entre a potência controlada pelo Anticristo e Israel permitirá que o templo funcione sem qualquer importunação (inclusive dos muçulmanos) e Israel poderá professar a sua fé livremente, enquanto que o governo do Anticristo estará instituindo o culto à sua pessoa, nos mesmos moldes que os Césares implantavam o culto ao imperador ao lado das religiões próprias de cada povo dominado.
OBS: Neste particular, existem alguns estudiosos que entendem que uma das forças interessadas na reconstrução do Templo de Jerusalém é a Companhia de Jesus, a mais poderosa ordem da Igreja Romana e cujos tentáculos estariam hoje por detrás de amplos setores da economia e da tecnologia mundiais e que, inclusive, é a ordem do atual chefe da Igreja Romana, o Papa Francisco.
Eis o que dizem a respeito o pastor João Flávio e o presbítero Paulo Cristiano, do Centro Apologético de Pesquisas Cristãs(CACP), com base em material coletado e apostilado por Mary Shultze: “…O objetivo maior da Ordem Jesuíta é a reconstrução do Templo de Jerusalém, a fim de lá entronizar o papa de Roma, de onde este deverá governar o mundo. [Leiam Apocalipse 13.
Nesse tempo, nenhuma criatura vivente poderá ficar fora do alcance do “homem da iniqüidade ” assentado no Trono de Jerusalém e, por isso, tivemos de chegar á era da informática, quando qualquer súdito do futuro governante mundial poderá ser localizado em poucos segundos.] Essa reconstrução e importante demais e podemos explicar o porquê. Para isso precisamos fazer uma ligeira biografia do homem que fundou a Ordem Jesuíta e que foi canonizado como santo católico.(…) Quando Inácio de Loyola fundou a
Ordem Jesuíta, uma das primeiras coisas que ele fez foi ir para Jerusalém, a fim de lá estabelecer o seu quartel general, facilitando, desse modo, a entronização do papa naquela cidade.(…).
Fundou a sua Ordem (1536) e foi prostrar-se aos pés do papa, a fim de lhe pedir a bênção, jurando defender o papado, até o final dos tempos. O papa (Pio II) comprou a idéia, deu-lhe a bênção e, assim, foi sacramentada a Ordem religiosa mais fanática, perigosa e destruidora que o mundo já conheceu.…” (Conheça o Papa Negro, dos Jesuítas, por Mary Shultze. http://www.cacp.org.br/cat-papa-negro.htm Acesso em 22 set.2004). Sem querer concordar com o que se diz, esta passagem apenas nos mostra que há outros setores interessados na reedificação do Templo além dos judeus.
– Ao fim de três anos e meio, porém, o Anticristo exigirá que os judeus também o cultuem no seu templo, que, sem sombra de dúvida, será, àquela altura dos acontecimentos, o mais notório dos locais religiosos de todo o mundo. Diante da recusa dos judeus com esta exigência, o Anticristo dominará o templo e lá se fará adorar como Deus, o que será a chamada “abominação desoladora”.
Conforme os melhores estudiosos, a exemplo do que ocorreu nos reinados de Acaz e de Manassés, o templo de Jerusalém será obrigado a permitir altares e cultos ao Anticristo ao lado do culto oficial, uma espécie de “templo ecumênico”, bem dentro do espírito sincretista do “espírito do anticristo”, que já temos sentido nos nossos dias. Então, se cumprirá o que foi profetizado por Daniel e reafirmado por Jesus.
– Sem o domínio do templo, os judeus entrarão em grande depressão nacional e passarão a ser incansavelmente perseguidos pelo Anticristo e só não serão totalmente destruídos porque o próprio Jesus virá livrá-los no final deste período de três anos e meio, período este mencionado em Dn.12:12 e Ap.12:14.
Nesta libertação operada por Jesus, o terceiro templo será destruído, porque o monte das Oliveiras será fendido ao meio e haverá um abalo sísmico que, provavelmente, destruirá esta edificação (Zc.14:4,5). O terceiro templo, então, terá durado sete anos, o mesmo tempo de construção dos outros dois templos, a demonstrar a sua inferioridade em relação a eles.
– Aliás, esta inferioridade do terceiro templo é uma de suas principais características, pois, embora seja necessário, este templo não surgirá da vontade operativa de Deus, mas, sim, da Sua vontade permissiva. Será, pois, um templo que será uma obra humana, resultado do esforço humano, do povo de Israel, como, aliás, tudo que se realizar no período da Grande Tribulação, onde a soberba da humanidade atingirá o seu clímax.
Por isso, este templo terá tão pequena duração e não resistirá à oposição do Anticristo, sendo profanado. Eis algumas características que nos permitem demonstrar que este templo, ao contrário dos dois anteriores, não terá qualquer brilho do ponto-de-vista espiritual:
a) será um templo que nascerá ou se conservará com base na liderança do filho do pecado (Dn.9:27), ao contrário dos outros dois templos, que foram desejos humanos confirmados por Deus, através de profetas (II Sm.7:12,13; Ag.1:7,8).
b) será um templo que será construído por um povo que, embora já existente do ponto-de-vista material, ainda estará morto espiritualmente (Ez.37:8), sendo, pois, um templo feito sob a carne, ao contrário dos dois outros templos, que foram feitos sob o Espírito de Deus.
c) será um templo que reintroduzirá a lei de Moisés, num período em que a lei já não tem mais qualquer vigor, vez que foi cumprida em Cristo (Jo.1:17), com a instituição de um sumo sacerdote ilegítimo, pois o sumo sacerdócio ora vigente não é mais o da ordem de Levi, mas, sim, o da ordem de Melquisedeque, cujo titular ainda vive e viverá para todo o sempre (Hb.7:17,21). Será, portanto, um templo meramente religioso, a exemplo de tantos outros construídos pelos gentios.
d) será um templo cujos sacrifícios não terão qualquer valor, pois, no período de sua existência, a salvação não se dará mediante os seus sacrifícios, mas pela fé em Cristo Jesus, acompanhada da própria morte do crente (Ap.7:14;13:10).
e) será um templo que exaltará a figura do ser humano e não a de Deus, como, aliás, tudo o que ocorrer no período da Grande Tribulação. Será construído em tempo recorde, anunciando, assim, toda a multiplicação da ciência e da tecnologia, mas, simultaneamente, terá a menor de todas as durações, por que a glória humana é passageira (I Pe.1:24).
f) será um templo que nunca terá ou presenciará a glória do Senhor. Ao contrário dos outros dois templos, que presenciaram a glória do Senhor (II Cr.7:1,2; Ag.2:9), este templo nunca terá nem presenciará a Sua glória.
II – O RENASCIMENTO DO IMPÉRIO ROMANO – O GOVERNO MUNDIAL LIDERADO PELO ANTICRISTO
– Deus escolheu o profeta Daniel, o único homem da história humana a ser estadista de três impérios (babilônico, medo e persa), para revelar não só os fatos finais relativos aos judeus, mas também aos gentios. Nas suas profecias, indica que o último grande império da humanidade seria o Império
Romano (Dn.2:40;7:7) que, ferido de morte (cfr. Ap.13:3), ressurgiria no final dos tempos para dar lastro ao governo do homem que se faria Deus e quereria ser adorado como tal no templo de Jerusalém.
– O Império Romano dividiu-se em 395, quando Teodósio criou o Império Romano do Ocidente, com sede em Roma e o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla (atual Istambul, na Turquia). Em 475, o Império Romano do Ocidente desapareceu, quando Odoacro invadiu Roma, fato que marca o fim da Antiguidade ou Idade Antiga.
Em 1453, foi a vez dos turcos otomanos invadirem Constantinopla e darem fim ao Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, fato que pôs fim ao período conhecido como Idade Média.
A partir de então, na Europa, formaram-se os chamados Estados Nacionais, que lutaram pelo controle do mundo até se digladiarem na Primeira Guerra Mundial e, depois, na Segunda Guerra Mundial, quando, quase que totalmente destruídos, entregaram o controle do mundo aos Estados Unidos da América e à União Soviética.
Mas, a partir de 1957, porém, com o Tratado de Roma (sempre Roma…), os países europeus iniciaram uma integração, que deu origem ao Mercado Comum Europeu, depois transformado em Comunidade Europeia e que hoje é a União Europeia, que, a partir de 29 de outubro de 2004, tem uma Constituição própria e uma estrutura organizada como de um país único (pelo menos nas relações internacionais), Constituição também assinada em Roma.
A ferida mortal foi curada e o gigante romano está se reerguendo, num momento em que a União Soviética não mais existe e os Estados Unidos passam por uma indisfarçável decadência. As profecias estão se cumprindo! Jesus está voltando!
– Por ser o último império mundial e, portanto, aquele império que encerrará a rebelião que as nações têm contra Deus, o Império Romano é mencionado algumas vezes nas Escrituras Sagradas. Com efeito, o Império Romano é aquele que representará a máxima oposição à soberania divina, assim tendo sido ao longo da história, tendo a dureza do ferro para trazer toda aquela mentalidade avessa à submissão ao Senhor, que caracteriza o mundo desde o desafio de Babel e que só terá fim quando o próprio Deus intervir diretamente na história e promover ao julgamento das nações e, posteriormente, ao julgamento de todos os seres humanos que não creram em Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas.
– Estudiosos da Bíblia veem a primeira referência a este império na profecia de Moisés em Dt.28, quando o grande líder de Israel falava sobre as maldições destinadas ao povo de Deus se não servisse fielmente ao Senhor.
Ali é dito que uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, viria e destruiria completamente a Israel, o que, realmente, ocorreu quando da destruição do Segundo Templo, no ano 70 d.C., quando se iniciou a mais longa diáspora sofrida pelo povo judeu e que, apesar do início do retorno à Palestina com o movimento sionista no final do século XIX e a criação do Estado de Israel em 1948, ainda não terminou definitivamente (a população judaica no mundo é de cerca de 14 milhões de pessoas e cerca de 5 milhões mora na Palestina).
– O profeta Daniel fala deste império minudentemente e mostra toda a sua importância, pois é durante este império que ocorrerá a máxima rebelião contra o Senhor da parte das nações e quando se dará fim à direção humana da história, pois este império, como afirmam o sonho de Nabucodonosor e a visão dos animais, que haverá a direta intervenção divina nos destinos do mundo.
– O Império Romano é identificado com as pernas de ferro e de barro da estátua do sonho de Nabucodonosor. É interessante observar que as pernas estão ligadas de forma indissociável das coxas, a provar que muito da direção deste novo império se deveria ao império anterior.
Roma, embora tenha dominado a Grécia e os reinos decorrentes do Império de Alexandre, assimilou muito da cultura grega. Os romanos, com exceção do direito, onde eram superiores e onde se encontra o grande legado seu à humanidade, eram em tudo inferiores aos gregos, tanto que até sua religião foi assimilada.
– A dupla natureza do material de que eram feitas as pernas nos demonstram a dupla face do Império Romano, durante toda a sua existência. O ferro representa a dureza, a inflexibilidade, a praticidade e a ausência de uma excelência de valor.
O ferro é um metal que simboliza a utilidade, mas que não tem um valor elevado, precioso. A civilização romana não se notabilizou pela excelência de conhecimentos científicos, nem artísticos, muito menos pela beleza de sua arquitetura ou algo similar. Mas, devemos reconhecer, os romanos sempre foram um povo de uma dureza muito grande, sem muita negociação, adepto do uso da força e da construção de um conjunto de regras e normas. O famoso provérbio “dura lex, sed lex” (a lei é dura, mas é lei) é uma sentença que bem reflete a alma romana.
OBS: “…A razão ou mistério por que o Império Romano se representou no ferro, diz particularmente Daniel que foi porque, assim como o ferro lima, bate, corta e doma os metais, sem haver algum que lhe possa resistir, assim o Império Romano e o poder invencível de suas armas havia de abater, desfazer, sujeitar e dominar todos os outros impérios.
Et regnum quartum erit velut ferrum; quomodo ferrum comminuit et domat omnia, sic comminuet et conteret omnia hoec. E quadra maravilhosamente no Império Romano a figura das duas pernas e pés da estátua em que foi representado; não só porque, assim como os pés da estátua sustentavam e tinham sobre si o peso e grandeza de toda ela, assim o Império Romano teve sobre si e em si o peso e grandeza de todos os outros impérios que nele se uniram e ajuntaram, mas porque o mesmo peso e grandeza, como acima vimos, foi causa de que o Império Romano se dividisse em dois impérios ou duas partes iguais do mesmo, com a qual divisão, pondo um pé no Oriente outro no Ocidente, um em Roma outro em Constantinopla, ficaram verdadeiramente sendo estas duas partes do Império Romano como duas colunas naturais de ferro, sobre as quais toda a máquina daquele portentoso colosso se sustentava. …” (VIEIRA, Antonio. História do futuro. v.II, l.I, cap.I. http://www.google.com/search?q=cache:P35BW3Ce9SIJ:www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/futuro2.html+%22hist%C3%B3ria+do+futuro%22,+Vieira&hl=pt-BR Acesso em 16 set.2004).
– Mas, ao mesmo tempo em que os romanos se notabilizaram pela sua força militar, pela sua dureza, também sempre demonstraram extrema fragilidade. As lutas políticas foram uma constante na história romana.
Ao mesmo tempo em que se levantavam imperadores absolutos e que, na grandiosidade de seu poderio, cometiam os maiores desatinos, também não são poucas as notícias de rebeliões populares e de investidas contra os governantes, numa sucessão inimaginável para os impérios anteriores.
Os romanos revelam, assim, com clareza, a própria fragilidade do poder humano. Esta fraqueza é representada pelo barro, de onde, aliás, Deus fez o homem. Apesar de toda a engenharia política que sempre caracterizou a estruturação institucional romana, em todas as fases do Império, nunca se obteve a harmonia e a estabilidade almejados.
Assim como ferro e barro não se misturam, assim também a força militar e a inflexibilidade normativa jamais conseguiram se aliar, de modo definitivo, aos apetites de poder, às vaidades e às emoções e sentimentos dos indivíduos e dos grupos sociais.
A condução da política, o tratamento do poder, no Império Romano e nos reinos dele originados, sempre tem sido um constante vai-e-vem. Como chegou a considerar o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, a democracia moderna, nascida como sistema de governo precisamente no mundo da civilização nascida do Império Romano, tem sido a melhor maneira de se governar precisamente por ser a pior delas, já que é imagem e semelhança do ser humano, igualmente imperfeito e ruim.
OBS: “…A história ! Grande e magnífica lição ! Percorre os séculos passados, em que a barbárie sem piedade dos padres, auxiliada pela ignorância dos homens, agitava e perturbava o mundo; em que os habitantes dos campos, rasgados, nus, metiam horror aos próprios bandidos, que nada mais tinham a pilhar senão os cadáveres que jaziam sobre o solo.
Recorda as épocas de desastres, de confusão, de isolamento, em que as mais insignificantes herdades e lavouras eram fortificadas pelos ingleses, franceses e romanos, miseráveis a soldo dos reis e dos nobres, encarniçados sobre a sua presa: estavam todos de acordo para pilhar o lavrador, massacrar os povos e, caso admirável, horrível, os próprios animais, habituados ao toque de rebate, sinal da chegada dos soldados, corriam sem condutores para os seus covis.
As nações aprenderão a julgar os imperadores e os reis, déspotas inflexíveis, inexoráveis, impelindo milhões de homens para guerras cruéis, com o fim único de sustentar as mais injustas pretensões, aumentar o número dos seus escravos, multiplicar as suas riquezas, satisfazer o luxo desenfreado dos seus cortesãos, saciar a avidez das suas amantes e, finalmente, para ocuparem o espírito inquieto, desconfiado, de um tirano devorado pelo aborrecimento.
Os povos conhecerão as grandes verdades da história; aprenderão por que audácia ímpia, por que pactos sacrílegos os papas e os reis foram as causas mais graves das desgraças da Europa, durante dois mil anos de tirania e fanatismo.…” (LACHATRE, Maurice. Os crimes dos Papas: mistérios e iniqüidades da Corte de Roma, p.13).
“…Passa finalmente o mesmo Profeta a declarar o mistério ou significação do barro de que os dedos eram compostos em uma parte juntamente com outra de ferro, e diz assim: … quod vidisti ferrum mistum testæ ex luto. Et digitos pedum ex parte ferreos, et parte fictiles: ex parte regnum erit solidum, et ex parte contritum. Quod autem vidisti ferrum mistum testæ ex luto, commiscebuntur quidem humano semine, sed non adhærebunt sibi, sicuti ferrum misceri non potest testæ.
Nas quais ,palavras diz Daniel que o barro dos pés dá estátua significava a debilidade e fraqueza a que o Império Romano, depois de tanta potência, havia de descair, principalmente na sua última idade e declinação, que é o estado em que o vemos.
Adverte, porém, o Profeta que não eram os dedos totalmente de barro, senão compostos parte de barro e parte de ferro, porque nesse mesmo estado de sua declinação, debilidade e fraqueza conservaria o Império algumas partes sólidas em que permanecesse a dureza e fortaleza do antigo ferro de que todo antes era formado, que é, ao pé da letra, o que se tem visto e experimentado no Império Romano, desde o tempo de sua maior declinação a esta parte, em tantas ocasiões de guerras e batalhas contra Turcos, contra hereges e contra alguns príncipes cristãos, nas quais em defesa da própria e da Igreja têm pelejado os exércitos imperiais com grande valor, disciplina e constância, e alcançado de seus inimigos gloriosas vitórias. E a mesma oposição tão bizarra com que as armas do Império nas fronteiras de Alemanha e Hungria, e o mesmo Imperador em pessoa estão hoje resistindo às invasões do Turco e poder otomano, que outra cousa são ainda, senão partes e partes muito sólidas daquele mesmo ferro?
Mas vindo às partes de barro: estas são (diz Daniel) aquelas províncias e nações que, sendo partes do antigo Império Romano, se desuniram e tiraram de sua sujeição, e formaram novos reinos, os quais, ainda que em si mesmos sejam muito poderosos e fortes, e verdadeiramente se possam chamar partes de ferro, em respeito porém do Império de que se apartaram e que tanto desuniram e enfraqueceram com sua separação, não são nem se podem chamar senão partes de barro.
E tal é hoje o Reino de França, o de Inglaterra e da Suécia, e o mesmo de Castela ou Espanha, em respeito do Império Romano.
E porque não cuidasse alguém que a união que se perdeu pela separação das coroas se recuperou e supriu pela conjuração do sangue, casando os imperadores nas casas reais dos outros príncipes e os reis na dos imperadores, e sendo estes muitas vezes eleitos das mesmas famílias que do Império se apartaram, acode Daniel a esta objeção, dizendo:
Commiscebuntur quidem humano semine «misturar-se-ão e ligar-se-ão no sangue», sed non adhærebunt sibi «mas nem por isso se unirão nem ligarão entre si», sicuti ferrum misceri non potest testæ, «bem como o ferro se não pode unir nem ligar com o barro.» A tanta
miudeza como isto desceu o Profeta, acrescentando em todas estas circunstâncias novas e admiráveis confirmações à verdade da sua Profecia.
Quantas vezes se intentou na Europa que entre os imperadores e reis da Cristandade se estabelecesse uma liga firme, interpondo-se para isso a autoridade dos Sumos Pontífices, e quantas vezes se liaram os mesmos príncipes entre si por meio de recíprocos casamentos, sem jamais se conseguir a união desejada! Que imperador ou que rei houve na Cristandade há muitos anos que, se gota por gota lhe distinguirem o sangue, não tenha cada um dos outros príncipes quase iguais partes nele?
E que guerras vimos ou sabemos entre estas coroas, em que o sangue que de uma e outra parte se defende, e ainda o que se derrama, não seja o mesmo? Tão misturado anda o sangue nestas últimas relíquias do Império Romano, mas tão resumido sempre, e por isso o mesmo império tão enfraquecido! …” (VIEIRA, Antonio História do futuro. v.II, l.I, cap.I. http://www.google.com/search?q=cache:P35BW3Ce9SIJ:www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/futuro2.html+%22hist%C3%B3ria+do+futuro%22,+Vieira&hl=pt-BR Acesso em 16 set.2004).
– O Império Romano assumiu, assim, uma feição totalmente diversa de todos os outros impérios que o antecederam, ainda que fosse continuador da mentalidade rebelde de Babilônia, do espírito administrativo da Medo-Pérsia e da direção e cultura da Grécia. Daí porque ter sido visto por Daniel como um “animal espantoso e muito forte” (Dn.7:7), um “animal terrível” (Dn.7:19).
Como foi explicado ao profeta, o Império Romano “…será diferente de todos os reinos e devorará toda a terra e a pisará aos pés e a fará em pedaços…” (Dn.7:23).
O Império Romano, realmente, teve uma extensão nunca dantes conhecida até então, mas não chegou a dominar toda a terra, como está descrito, o que se fará no término de seu período, quando surgir o seu último líder, que “…proferirá palavras contra o Altíssimo e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.” (Dn.7:25).
– Na profecia das setenta semanas, foi revelado que “…e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele firmará um concerto com muitos durante uma semana…” (Dn.9:26b-27a).
Esta profecia mostra, claramente, que Jerusalém seria destruída pelo povo do príncipe que viria e que, na última semana, selaria um acordo com Israel. Ora, todos sabemos que quem destruiu Jerusalém foi Tito, que era o príncipe dos romanos, filho que era do imperador Vespasiano. Portanto, o povo que destruiu Jerusalém é o mesmo povo que irá selar o acordo com Israel, e este povo outro não é senão o povo romano, o povo do Império Romano, o último império mundial.
– No Novo Testamento, o Império Romano não é esquecido. Não nos esqueçamos de que Jesus veio ao mundo em plena “pax romana”, como é conhecido o período vivido pelo mundo entre a vitória de Augusto sobre Marco Antonio, em 31 a.C., até a morte de Cláudio em 55 d.C., quando o Império Romano desfrutou de relativa tranqüilidade externa e interna. Jesus, como já tivemos ocasião de estudar neste trimestre, confirmou e corroborou a profecia das setenta semanas, de forma que, ainda que indiretamente, reforçou o entendimento de que o Império Romano seria o último império mundial.
Paulo, também, ao ensinar sobre as últimas coisas aos tessalonicenses, também disse que a manifestação do filho da apostasia teria de ocorrer antes que se ultimasse a história, o que também é uma confirmação daquilo que fora revelado a Daniel.
– No Apocalipse, mormente no capítulo 13, temos profecias a respeito deste Império. O mencionado capítulo fala das duas bestas que se levantarão nos últimos tempos e que representam o Anticristo e o Falso Profeta. Ao falar das nações (e o mar que se encontra em Ap.13:1 é uma figura das nações, como se vê também em Dn.7:2), é dito que subiu uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, cada um com um diadema, o que nos remete, naturalmente, à visão das dez pontas do animal espantoso e dos dez dedos dos pés da estatura do sonho de Nabucodonosor, a nos falar, portanto, que o Anticristo terá como base precisamente o Império Romano ou, como é mais adequado dizer, de dez reinos que vêm do Império Romano, que dele descendem, que dele surgiram.
Esta besta, aliás, é vista como semelhante ao leopardo, revelando assim uma influência advinda da cultura helenística (o leopardo, como vimos, é o animal que simboliza o Império Grego), que tinha pés como os de urso (o urso nos leva até o Império Medo-Persa, a mostrar que o reino da besta terá uma estrutura administrativa que se herdou daquele império, com absoluto controle sobre toda a administração, que nada mais é que a burocracia moderna) e uma boca de leão (o leão nos remete ao Império Babilônico, ou seja, as palavras deste reino, deste domínio serão sempre palavras impregnadas da rebeldia contra Deus, da insubmissão ao Altíssimo).
Depois desta referência no capítulo 13, João fala de Babilônia (Ap.14:8; 16:19; 17:5; 18:2,10.21), que, por isso, é identificada como sendo uma figura simbólica do último império mundial, que, afinal de contas, representa todo o esquema de poder originado em Babilônia.
OBS: “…Embora Babilônia venha sido identificada das mais diversas formas (…), ela representa, na verdade, o presente sistema mundial – o mundo que a Bíblia diz estar no maligno(1 Jo 5.19), o que é simbolizado pela besta vestida de escarlate. A ‘grande meretriz’ é, portanto, uma outra maneira de se visualizar o mesmo sistema, representado pela estátua de Babilônia, vista no sonho de Nabucodonosor, e interpretada por Daniel no capítulo dois de seu livro.…” (Stanley M. HORTON. A vitória final: uma investigação exegética do Apocalipse, p.235).
– Ao analisarmos as profecias bíblicas referentes aos gentios, imediatamente nos vem uma interrogação, que é por demais natural: se o Senhor disse que haveria apenas mais quatro impérios mundiais, como explicar que o Império Romano tenha desaparecido, pelo menos desde a Idade Média (ou seja, desde 1453) e que, até agora, nada tenha acontecido com relação aos episódios relatados nas Escrituras com respeito aos últimos dias? Não estaria havendo equívoco na interpretação dos fatos?
– Esta questão tem sido levantada ao longo dos séculos e não são poucos aqueles que têm procurado “rearrumar” as visões proféticas de Daniel e, assim, fazer com que os fatos já tenham se cumprido ao longo da história da humanidade.
Destes, os mais conhecidos são os “amilenistas”, que procuram identificar as visões proféticas de Daniel com a história antiga e, assim, considerar que as profecias se cumpriram com o “triunfo” do Cristianismo sobre o Império Romano, após o final das perseguições com a subida de Constantino ao poder em 314 e que o final da história estaria dependendo apenas da conversão de todo o mundo a Cristo.
Esta é a visão defendida, desde o século IV, pela Igreja Romana (prestem atenção no adjetivo gentílico “Romana”, ele é muito elucidativo…) e a principal responsável pelo verdadeiros silêncio e menosprezo que tem a escatologia naquele movimento religioso.
– Também merece menção aqui a visão pós-tribulacionista de Ellen White, a principal construtora da doutrina adventista. Para estes, estamos na iminência do término do “juízo investigativo”, que seria uma expiação que Jesus estaria fazendo dos pecados no “santuário celestial” desde 1848 (data que foi marcada para a volta de Cristo pelo fundador do movimento adventista, William Miller).
Segundo esta interpretação, que é parte da tentativa de salvação da designação de data feita por Miller, o Império Romano nada mais seria que o Papado que se uniria aos Estados Unidos, representantes do “protestantismo apóstata” para a perseguição dos “fiéis”, que seriam os que guardariam o sábado, não creriam na imortalidade da alma e não se deixariam enganar pelo espiritismo, ou seja, os adventistas do sétimo dia. Contudo, como bem explica Abraão de Almeida, “…1.
Não há como justificar o reinado do Papa sobre ‘todos os que habitam sobre a Terra’ (Ap.13:8) e durante tantos séculos, pois a Bíblia afirma que a Besta reinará pouco tempo: Ap.17:10.(…).
- O Império Romano (do Ocidente) não se dividiu em apenas dez reinos, após o ano 476, mas em dezenas de reinos. Algumas listas chegam a relacionar 65 reinos diferentes, resultantes das invasões bárbaras do lado ocidental do império…” (Deus revela o futuro, p.49-50).
OBS: Alguns estudiosos das Escrituras, não vinculados ao adventismo, também entendem que o Anticristo virá dos Estados Unidos da América, que, assim, seria o verdadeiro Império Romano, inclusive fazendo questão de dizer que o símbolo americano é a “águia careca”, lembrando de alguns versículos que mencionam a águia ao se referir ao último império mundial.
Respeitando estes entendimentos, contudo, não vemos como possa o último império mundial não ter sede senão em Roma, sede não só do tratado que criou a União Européia, mas também local onde se assinou a sua Constituição.
Além do mais, a Europa foi o palco deste Império, não havendo qualquer motivo bíblico para que não persista sendo. Por fim, o cenário político internacional está a demonstrar um distanciamento contínuo entre Estados Unidos e União Européia, bem como o início de uma decadência americana, que é proporcional ao crescimento da Europa.
– No entanto, uma correta interpretação das profecias com relação à história das nações deve observar a própria concordância com as profecias relacionadas ao povo judeu, pois, como vimos, não podemos nos esquecer de que as últimas coisas são acontecimentos relativos a ambos os povos, porquanto o terceiro povo, que é a Igreja, é o povo característico da dispensação da graça, iniciada com a morte e ressurreição de Cristo Jesus, que representou um hiato, um intervalo no desenrolar dos acontecimentos proféticos.
É nesta distinção entre Israel e Igreja, constante das Escrituras mas que ficou opaca e despercebida de boa parte dos cristãos durante séculos, diante do discurso “amilenista”, que era o discurso oficial da Igreja Romana, que se encontra um dos fatores mais importantes para o despertamento e avivamento que tomaram conta da Igreja a partir do século XIX, com o surgimento das chamadas doutrinas “dispensacionalistas” ou “pré-tribulacionistas”.
OBS: “…Uma segunda doutrina principal do dispensacionalismo é uma distinção nítida e específica entre Israel e a Igreja. Esta distinção é considerada básica para qualquer compreensão correta da Escritura.’ Realmente, a eclesiologia, ou a doutrina da Igreja, disse Ryrie, ‘é a pedra de toque do dispensacionalismo (Charles C. Ryrie.Dispensationalism today, p.29) .
(…) o Israel natural e a Igreja também são contrastados no Novo Testamento.(…). Isto significa que todas as promessas a Abraão e sua descendência devem ser literalmente cumpridas no próprio povo de Israel, a nação. Visto que algumas destas promessas ainda não foram plenamente cumpridas, o serão nalgum tempo futuro. Destarte, Deus decerto ainda terá um um período de tratamento especial com Sua nação da aliança, Israel.…” (Millard J. ERICKSON. Opções contemporâneas na escatologia: um estudo do milênio, p.98-9).
– Assim, se formos até a profecia das setenta semanas, veremos que o povo do príncipe que haveria de vir destruiria a cidade e o santuário.
Ora, sabemos que quem destruiu Jerusalém foram os romanos e, portanto, o Império Romano estará existindo quando do acordo que se fará entre Israel e o Anticristo por uma semana. Deste modo, assim como o templo de Jerusalém será uma realidade naqueles dias, embora ele não exista na atualidade, assim também se deve pensar com respeito ao Império Romano, até porque, assim como Israel já é um fato, o mesmo se pode dizer a respeito do Império Romano.
– Como revelou o Senhor através de Daniel, este quarto império é um “animal espantoso e muito forte”, é um “animal terrível”, pois, além de toda a estratégia humana, nele também funciona o adversário de nossas almas, as hostes espirituais da maldade.
Não houve império que lutasse tanto contra os fiéis do que o Império Romano. Seja nas perseguições dos imperadores romanos, dos Papas e da Inquisição, seja no sincretismo criado pela Igreja Romana, seja no humanismo desenfreado das filosofias e doutrinas surgidas na Europa ao longo dos séculos, nunca se lutou tanto contra a obra de Deus como durante o desenrolar da história nas “pernas de ferro e de barro”.
– Assim, quando tudo se considerava resolvido, quando se dizia que a Europa havia deixado de ser o “berço do poder”, os dedos dos pés de ferro e de barro começam a mostrar as suas unhas e a despontar, exatamente como diziam as profecias bíblicas a respeito do animal espantoso e terrível.
Quando os países europeus ainda dependiam dos recursos americanos para sobreviver (o chamado “Plano Marshall”), em 19 de setembro de 1950, alguns países criam a União dos Pagamentos Europeus, a fim de criar um sistema que lhes permitisse facilitar o fluxo de riquezas.
Em 18 de abril de 1951, é criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, com vistas a estabelecer uma política comum a respeito destes dois produtos fundamentais para a economia de qualquer nação. Em 25 de março de 1957, diante do sucesso daquela comunidade, é assinado o Tratado de Roma (sempre Roma…), surgindo o Mercado Comum Europeu, cujo objetivo era criar uma área de livre comércio, uma união econômica entre os países da Europa.
Este Mercado Comum Europeu acabou se tornando a Comunidade Europeia e, por fim, a União Europeia, que, em 29 de outubro de 2004, recebeu, em Roma (sempre Roma…), a sua Constituição, que acabou não sendo referendada, mas não impediu que houve uma centralização de poder, inclusive com a criação do cargo de Presidente da União, pelo Tratado de Lisboa, assinado em 2007.
– A União Europeia é, hoje, formada por 28 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República Tcheca, Romênia e Suécia).
Seus membros conservam a independência como países (o ferro não se mistura com o barro, os dedos são independentes, embora estejam ligados…), mas, principalmente após o Tratado de Lisboa de 2007, passaram a ter um papel único diante das outras nações, no campo da política internacional, da defesa e da segurança. Destes 28 países, 19 possuem uma única moeda, o euro, que foi criado em 1º de janeiro de 2002 e que tem rapidamente ocupado espaço que antes era do dólar norte-americano.
A chamada “Eurolândia” é formada por Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta e Portugal e, também passaram a ter uma política econômica única.
– A União Europeia apresenta-se, pois, como um poderoso bloco econômico que tem grande relevância no cenário político internacional, principalmente depois que a União Soviética desapareceu e que os Estados Unidos têm demonstrado sérios problemas de aceitação no mundo, além de uma decadência econômica crescente.
Indiscutivelmente, é a União Europeia um novo e importante ator no cenário político internacional, um núcleo de poder político e econômico relevante e que só tende a crescer no mundo. Com relação ao Oriente Médio, então, diante da imensa rejeição experimentada pelos americanos na área, bem como pela perda de prestígio vivida pela Rússia, bem assim pela distância que tem a China da questão, tem-se cada vez como mais certo que é da Europa que virá alguma solução de pacificação daqueles conflitos, tudo como dito pela Bíblia Sagrada.
OBS: A propósito, a Igreja Católica Apostólica Romana é plenamente favorável à unificação da Europa, como se vê neste trecho da Exortação Apostólica Ecclesia in Europa: 12.
Olhando para a Europa como comunidade civil, não faltam sinais indicadores de esperança: neles, mesmo entre as contradições da história, podemos com um olhar de fé individuar a presença do Espírito de Deus que renova a face da terra. Os padres sinodais, no termo dos seus trabalhos, descreveram-nos assim: « Constatamos com alegria a crescente abertura dos povos uns aos outros, a reconciliação entre nações por longo tempo hostis e inimigas, o alargamento progressivo do processo de união aos países do Leste Europeu. Reconhecimentos, colaborações e intercâmbios de todo o tipo estão em desenvolvimento, de maneira que, pouco a pouco, se cria uma cultura, antes, uma consciência europeia, que esperamos possa fazer crescer, especialmente nos jovens, o sentimento da fraternidade e a vontade da partilha.
Registamos como positivo o facto de todo este processo se desenvolver segundo métodos democráticos, de modo pacífico e num espírito de liberdade, que respeita e valoriza as legítimas diversidades, suscitando e apoiando o processo de unificação da Europa.
Saudamos com satisfação aquilo que foi feito para determinar as condições e as modalidades do respeito dos direitos humanos. Por fim, no contexto da legítima e necessária unidade económica e política na Europa, enquanto registamos os sinais de esperança oferecidos pela consideração dada ao direito e à qualidade de vida, formulamos ardentes votos por que, numa fidelidade criativa à tradição humanista e cristã do nosso continente, seja garantido o primado dos valores éticos e espirituais »…”(JOÃO PAULO II. Ecclesia in Europa. http://www.google.com/search?q=cache:7-y-opr9Rt8J:www.geocities.com/CapitolHill/Senate/4801/Clericais/EuropaClerical.html+Europa,+religi%C3%A3o,+secularismo&hl=pt-BR Acesso em 30 set.2004)
– Sob o aspecto espiritual, entretanto, é onde vemos como a Europa tem se tornado o cenário apropriado e adequado para o surgimento do Anticristo e do Falso Profeta. Desde o término da Idade Média, a Europa tem sido o berço do chamado “secularismo”, que nada mais é que a busca da construção de uma vida desvinculada da religião ou da religiosidade.
O Renascimento (séculos XIV a XVI) e o Iluminismo (século XVIII) foram dois movimentos culturais que tiveram, como princípio básico, pôr o homem no centro das preocupações da ciência e da filosofia, bem assim evitar qualquer referência a Deus ou à religião como base para o estabelecimento da organização social, política ou cultural.
Pouco a pouco, em todos os aspectos da vida humana, abria-se mão de qualquer influência religiosa, não raro se confundindo, propositadamente, os abusos e os abomináveis privilégios e injustiças obtidos pela Igreja Romana e pelas igrejas oficiais em geral ao longo da história europeia, como demonstração de que o mundo, enquanto vivesse vinculado a um credo religioso, seria intolerante e atrasado.
– No século XIX, então, este movimento atingiu o seu apogeu. Filosofias e doutrinas radicalmente contrárias a Deus e a tudo o que representava religiosidade surgiram no cenário europeu. Karl Marx e Friedrich Engels, pais do chamado “socialismo científico”, consideraram que a religião era o “ópio do povo”, enquanto que Augusto Comte, o “pai da sociologia”, considerava que a ordem e o progresso exigiam o fim das “crenças e superstições teológicas”, devendo exsurgir uma nova religião, que fosse o “culto da humanidade”.
O alemão Friedrich Nietzsche ousou afirmar que “Deus havia morrido” e os cientistas, cristalizando o entendimento de três séculos, consideravam que a religião e a Bíblia eram inimigos do conhecimento e da ciência, adotando, entre outras teorias, a teoria evolucionista de Charles Darwin, que pretendia ter desmentido a narrativa bíblica da criação do universo.
– A Europa vive, hoje, um completo secularismo, um distanciamento enorme de todo e qualquer sentimento religioso, o que, aliás, foi admitido até pelo próprio Papa João Paulo II, quando da realização do Sínodo da Europa (reunião dos bispos e cardeais do continente europeu), que chamou o fenômeno de “apostasia silenciosa”.
OBS: O retrato caótico da situação espiritual da Europa foi muito bem reproduzido na Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, de 1999, cujo trecho reproduzimos: “…7(…)De entre muitos aspectos, amplamente citados também durante o Sínodo, quero recordar a crise da memória e herança cristãs, acompanhada por uma espécie de agnosticismo prático e indiferentismo religioso, fazendo com que muitos europeus dêem a impressão de viver sem substrato espiritual e como herdeiros que delapidaram o património que lhes foi entregue pela história.
Por isso, não causam assim tanta maravilha as tentativas de dar um rosto à Europa excluindo a sua herança religiosa, e de modo particular a sua profunda alma cristã, estabelecendo os direitos dos povos que a compõem sem enxertá-los no tronco irrigado pela linfa vital do cristianismo. No continente europeu, certamente não faltam prestigiosos símbolos da presença cristã, mas, com a afirmação lenta e progressiva do secularismo correm o risco de reduzirem-se a meros vestígios do passado.
Muitos já não conseguem integrar a mensagem evangélica na experiência diária; aumenta a dificuldade de viver a própria fé em Jesus num contexto social e cultural onde é continuamente desafiado e ameaçado o projecto de vida cristã; em vários sectores públicos, é mais fácil definir-se agnóstico do que crente; dá a impressão de que o normal é não crer, enquanto o acreditar teria necessidade de uma legitimação social não óbvia nem automática.… (…)9.
Na raiz da crise da esperança, está a tentativa de fazer prevalecer uma antropologia sem Deus e sem Cristo. Esta forma de pensar levou a considerar o homem como « o centro absoluto da realidade, fazendo-o ocupar astuciosamente o lugar de Deus e esquecendo que não é o homem que cria Deus, mas é Deus que cria o homem.
O ter esquecido Deus levou a abandonar o homem », pelo que « não admira que, neste contexto, se tenha aberto amplo espaço ao livre desenvolvimento do niilismo no campo filosófico, do relativismo no campo gnoseológico e moral, do pragmatismo e também do hedonismo cínico na configuração da vida quotidiana ».
A cultura europeia dá a impressão de uma « apostasia silenciosa » por parte do homem saciado, que vive como se Deus não existisse. Neste horizonte, ganham corpo as tentativas, verificadas ainda recentemente, de apresentar a cultura europeia prescindindo do contributo do cristianismo que marcou o seu desenvolvimento histórico e a sua difusão universal.
Estamos perante o aparecimento duma nova cultura, influenciada em larga escala pelos mass-media, com características e conteúdos frequentemente contrários ao Evangelho e à dignidade da pessoa humana. Também faz parte de tal cultura um agnosticismo religioso cada vez mais generalizado, conexo com um relativismo moral e jurídico mais profundo que tem as suas raízes na crise da verdade do homem como fundamento dos direitos inalienáveis de cada um. Os sinais da diminuição da esperança manifestam-se às vezes através de formas preocupantes daquilo que se pode chamar uma « cultura de morte »” (JOÃO PAULO II. Ecclesia in Europa. http://www.google.com/search?q=cache:7-y-opr9Rt8J:www.geocities.com/CapitolHill/Senate/4801/Clericais/EuropaClerical.html+Europa,+religi%C3%A3o,+secularismo&hl=pt-BR Acesso em 30 set.2004)
“…O secularismo que é um “Sistema ético que rejeita toda forma de fé e devoção religiosas e aceita como diretrizes apenas fatos e influência derivados da vida presente”, tem sido, sem dúvida, a base da sociedade atual. Em grande parte da Europa, por exemplo, a igreja cristã está acabando. Estatísticas mostram que é cada vez menor o número de pessoas que vão à uma igreja, e isso sempre começa pela juventude.
O site americano de pesquisa Religion and Ethics, em um artigo divulgado em maio passado, mostra que: “a Europa é o lar do secularismo, onde as pessoas colocam sua confiança na razão, na ciência, e no poder do indivíduo, e não na religião”.
Canon Robin Gill do departamento de Teologia da Kent University afirmou: “O que nós estamos vendo no momento, é que o maior declínio de pessoas (indo à igreja) está entre os mais jovens”. Na Alemanha, um dos países mais seculares do mundo, em 1991, em uma pesquisa onde pessoas foram questionadas sobre suas convicções religiosas, 20% dos que moravam no noroeste daquele país eram, ou ateus, ou agnósticos. Já no leste alemão, a ex República Democrática Alemã, o número subia para 63%. Isso em 91, de lá para cá estes dados só têm se multiplicado.…” (SALES, Marco Antonio. Deus existe ? http://www.google.com/search?q=cache:WnzkYjY3S_0J:www.livreemcristo.com.br/estudosdet.cfm%3Festudo%3D50+Europa,+religi%C3%A3o,+secularismo&hl=pt-BR Acesso em 30 set. 2004)
– Mas há, ainda, um fator característica da história europeia, que é o profundo sentimento antissemita que tem sido cultivado ao longo dos séculos entre os herdeiros do Império Romano. As Escrituras já indicam que, em plena “pax romana”, os judeus já tinham sido alvo de perseguição, pois o imperador romano Cláudio (o quarto imperador romano, que reinou de 41 a 54) expulsou todos os judeus de Roma (At.18:2).
Os escritos de Flávio Josefo, também, mostram que, entre os intelectuais romanos, havia muito preconceito contra os judeus, a ponto de tê-lo levado a escrever obras em defesa dos judeus e de, a todo instante, em suas Antiguidades Judaicas, apresentar argumentos contra aqueles que denegriam a imagem dos judeus no seu tempo.
– Com o triunfo do Cristianismo, porém, o que parecia ser um alento para a diminuição deste sentimento antissemita, foi a sua própria cristalização. Não tardou a que os cristãos considerassem os judeus como “assassinos de Cristo” e a promover, ao longo dos séculos, inúmeras perseguições.
O próprio termo “antissemitismo”, que surgiu em 1879, é de origem europeia, cunhado pelo alemão Wilhelm Marr. Este sentimento alcançou seu clímax com o nazismo de Adolf Hitler e o chamado “holocausto”, que foi a morte de mais de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial na Europa. Entretanto, mesmo depois deste horror, o sentimento antissemita não diminuiu entre os europeus.
Antes, pelo contrário, tem sido um sentimento cada vez mais crescente, a ponto de vários grupos político-partidários que o defendem abertamente estarem, em diversos países europeus, aumentando suas votações nos últimos anos.
É este sentimento avesso a Israel, que também se intensifica pelo crescimento das populações imigrantes islâmicas na Europa, que vai se firmando e renascendo no território que era o Império Romano. Assim, não é de se estranhar que a maior parte da população europeia seja seduzida por alguém que, a exemplo de Hitler, dos Papas e de tantos reis que surgiram na Europa, levante armas contra os judeus num futuro não muito distante…
– Aliás, os atentados perpetrados por terroristas na França em 2015 fizeram evidenciar o antissemitismo crescente neste país, que se gaba ser a nação europeia mais tolerante, pois é assustador o número de judeus franceses que estão abandonando o país e imigrando para Israel.
OBS: “…Em 2014, mais de 7.000 pessoas trocaram a França por Israel, quase o dobro do total do ano anterior. Um total de 500 mil judeus vive na França, o que deixa o país em terceiro lugar, atrás dos Estados Unidos e Israel, em termos de total de sua população judaica.
Mas também se tornou o país do qual chega a maioria dos imigrantes para Israel. “Nós agora estamos preparados para a chegada de 15 mil”, diz Nathan Sharansky, chefe da Agência Judaica.…” (Um número crescente de judeus franceses está se mudando para Israel. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/derspiegel/2015/01/27/um-numero-crescente-de-judeus-franceses-esta-se-mudando-para-israel.htm Acesso em 28 nov. 2015).
– Pelo que vimos até aqui, podemos afirmar, sem medo de errar, que os movimentos políticos internacionais que têm fortalecido e criado a União Europeia estão a demonstrar que é ela o Império Romano das profecias bíblicas.
Muitos questionam esta posição, afirmando que a União Europeia tem 28 países-membros e que as profecias bíblicas falam em dez nações, seja ao falar dos dez dedos dos pés da estátua, seja ao falar das dez pontas do animal espantoso, ou, então, quando diz que a besta que subiu do mar tinha sete cabeças e dez chifres. Assim, a União Europeia não poderia ser a estrutura sobre a qual se levantará o Anticristo.
– Ousamos discordar destes que não consideram a União Europeia como o novo Império Romano. Em primeiro lugar, devemos aqui repetir a lição do pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, segundo o qual, “…não se trata do próprio império restaurado, como muitos precipitadamente afirmam. O texto de Daniel 7.24 afirma que esses países se formarão ‘daquele’ mesmo reino.…”(Antonio GILBERTO.
Daniel e Apocalipse: compreendendo o plano de Deus para estes últimos dias, p.50-1) (destaque original). Assim, devemos entender que o Império Romano ressurge como uma força política internacional com centro em Roma, com base na Europa Ocidental, como foi o Império Romano. É a estrutura de poder que reaparece, ainda que sob novas roupagens.
OBS: A União Europeia, aliás, começou com apenas seis países. “…A Comunidade Europeia nasceu em Roma, no dia 25 de março de 1957, mediante a assinatura do Tratado de Roma, que estabeleceu para Bélgica, França, Itália, Holanda, Luxemburgo e República Federal Alemã [a antiga Alemanha Ocidental, extinta em 1989, quando se uniu à Alemanha Oriental e voltaram a formar a Alemanha, observação nossa] uma união aduaneira envolvendo troca de mercadorias e livre circulação de pessoas, de matérias primas, de capitais e facilidades de comunicação.
Foi, por muito tempo, conhecido como ‘os seis’, em razão de seu imutável número de membros durante quinze anos.…” (ALMEIDA, Abraão de. Deus revela o futuro, p.11).
– Em segundo lugar, é importante observar que os dez dedos dos pés, as dez pontas e os dez chifres apenas indicam que serão dez os governos, dez as nações que imporão o Anticristo aos demais, que darão o poder ao Anticristo. Até a Constituição de 2004, as decisões na União Europeia eram tomadas apenas por unanimidade, ou seja, a União Européia só poderia escolher seus dirigentes, estabelecer políticas, emitir opiniões ou decisões se todos os países estivessem de acordo. A partir de 29 de outubro de 2004, entretanto, foram permitidas as decisões por maioria, desde que não haja veto de quatro nações ou de 65% da população.
Portanto, a partir de agora, pode muito bem ocorrer que dez países de dentro da União Europeia (veja, são dez nações daquele Império, como enfatizou o pastor Antonio Gilberto) entreguem o poder a alguém. Aliás, é este o processo estabelecido para a escolha do presidente da Comissão Europeia, cujos poderes foram consideravelmente aumentados. Além do mais, é dito que os dez chifres recebem poder juntamente com a besta, ou seja, é mantida uma esfera de poder a estas nações, apesar da subida da besta (Ap.17:12).
– Tanto assim é que as Escrituras dizem que, neste processo de entrega de poder ao Anticristo, haverá o abatimento de três pontas, ou seja, após o consenso das dez nações, três serão desconsideradas (Dn.7:8,20), pois, como disse o Senhor, no seio deste Império sempre haverá divisão, pois o ferro não se mistura com o barro(Dn.2:41-43).
Além do mais, num sistema que exclui Deus e se rebela contra tudo o que se chama Deus, não pode ver, mesmo, união, pois isto é próprio de quem serve ao Senhor. As nações continuarão a existir separadamente, o que reforça, ainda mais, a ideia de que a União Europeia é a estrutura institucional para o Anticristo, pois é uma organização que mantém a soberania e a independência entre os Estados-membros.
Na interpretação do sonho de Nabucodonosor, Daniel diz que Deus intervirá nos “…dias destes reis…” (Dn.2:44a), no plural, a mostrar que ainda existirão os governos de cada nação.
– As Escrituras informam que o Império Romano, ou antes, as nações dele surgidas irão entregar o poder a uma pessoa, que a Bíblia chama de “besta que subiu do mar”, de “príncipe”, de “homem do pecado”, “filho da apostasia”.
Será um líder político que, recebendo o poder deste grupo de nações, terá o mesmo poder que tinha o imperador romano quando da destruição de Jerusalém (pois Daniel o chama de príncipe na profecia das setenta semanas, chamando de povo do príncipe aos romanos que destruíram Jerusalém), ou seja, alguém que tem influência e domínio sobre as nações, controlando-as, apesar de muitas serem formalmente independentes e livres.
– Ademais, é importante considerar que o Tratado de Lisboa de 2007 criou o cargo de Presidente da União Europeia, cuja tendência é amealhar cada vez mais poder nesta estrutura institucional;
– Vemos que a estrutura institucional, ou seja, o conjunto de regras, pessoas, poderes e todos os elementos necessários para que a besta suba já existe. A União Europeia está aí, a “…chaga mortal que foi curada…” (Ap.13:3). Falta apenas a indicação dos dez países e a ascensão do “homem do pecado”. Vigiemos, pois, porque a vinda do Senhor está muito, muito próxima.
III – O ANTICRISTO
– A palavra “anticristo” aparece apenas quatro vezes nas Escrituras, três vezes na primeira carta de João (I Jo.2:18,23 e 4:3) e uma vez na segunda carta do mesmo apóstolo (II Jo.7), a mostrar que se trata de uma expressão própria do “apóstolo do amor”. Entretanto, apesar desta exiguidade dos textos, foi a expressão adotada pelos estudiosos da Escatologia para denominar este último ditador do sistema mundial gentílico, até porque se trata de uma expressão que sintetiza, como nenhuma outra, tudo o que representa esta personagem.
“Anticristo” significa tanto “contra Cristo” como “em lugar de Cristo”, ou seja, este último dominador do sistema mundial gentílico será alguém que tentará se dizer Cristo, que tentará se apresentar como o Messias, o Ungido de Deus, como o Enviado de Deus, como o próprio Deus, ao mesmo tempo em que procurará se voltar contra tudo o que representa o verdadeiro Deus, contra tudo o que estiver relacionado a Jesus, o verdadeiro e único Messias.
– Entretanto, é oportuno observar, que João, ao mencionar esta personagem e a denominar de “anticristo”, fez questão de ressaltar que haveria muitos “anticristos” (I Jo.2:18). Esta sutil distinção é muito importante e sua desconsideração tem levado muitos, ao longo dos séculos, a ter visões distorcidas e errôneas a respeito desta personagem.
– Em primeiro lugar, é bom observarmos que o “anticristo”, no singular, diz respeito a uma personagem que ainda não havia aparecido nos tempos do apóstolo João, que foi o último escritor do Novo Testamento, cujo falecimento é marcado por volta do ano 100.
Destarte, não tem qualquer fundamento a identificação do “anticristo” com o imperador romano Nero, que foi o primeiro grande perseguidor da Igreja e que reinou de 54 a 68, portanto falecido antes da redação desta carta de João.
O apóstolo diz que “…é já a última hora e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos…”(I Jo.2:18), a indicar, portanto, que Nero poderia ter sido “um dos anticristos”, mas que não era o “anticristo”, que ainda estava por vir.
– Em segundo lugar, a colocação no singular da expressão “anticristo”, indica que esta personagem será única, ou seja, uma pessoa diferente das demais que surgirem antes dela. Disto temos certeza não só por causa do número singular, que indica a quantidade um, como nos ensinam os gramáticos, como também pela existência do artigo definido “o”, que, além de também estar no singular, também aponta para alguém em especial, para uma pessoa determinada, que não se confunde com as outras.
– Em terceiro lugar, vemos que as expressões “vem o anticristo” e “muitos se têm feito anticristos” revelam, de forma clara, que o anticristo é uma pessoa, é um ser humano, não um sistema ou uma estrutura de poder, como chegam alguns estudiosos a defender, apresentando o que se denominou de “teorias impessoais”, ou seja, interpretações que dizem que o anticristo será um sistema, uma forma de governo, uma estrutura de poder, não uma pessoa em especial.
– O sistema mundial gentílico existe desde Caim. Desde Caim, há o “mundo”, este sistema dominado pelo pecado e que se rebela contra Deus. Este sistema não era desconhecido do apóstolo João, que, aliás, também foi quem cunhou a expressão “mundo” para designá-lo (I Jo.2:2,15- 17;3:1,13,17;4:1,3,5,9,14,17;5:4,5.19).
João chama de “mundo” ao sistema que já existia e que estava imerso no pecado, um sistema que não conhece a Deus, que aborrece o crente, que está no maligno. Portanto, quando afirma que “vem o anticristo”, jamais se referia a este sistema mundial, a que dá o nome de “mundo”, pois este “mundo” já existia, tanto que Jesus havia vindo para propiciação dos seus pecados (I Jo.2:2). Se diz que o anticristo ainda vem, é porque ele é uma pessoa, não o sistema de onde ele virá, pois o sistema já existia, embora não fosse eterno (cfr. I Jo.2:15-17).
– O anticristo ainda não havia vindo, embora já fosse a última hora, mas “…muitos se têm feito anticristos…”, ou seja, até o aparecimento do anticristo, muitos haveriam de se fazer anticristos, ou seja, a exemplo do que ocorreu com o Cristo, que foi tipificado, prenunciado, figurado por algumas pessoas(José, Moisés, Josué, Davi, entre outros) também o anticristo será figurado, tipificado, representado, prenunciado por algumas personagens históricas, quase sempre líderes políticos e/ou religiosos ao longo da história da humanidade, que terão posições de mando dentro da estátua do sonho de Nabucodonosor, o sistema mundial gentílico.
Assim, Nero e outros déspotas cruéis que surgiram ao longo da história são apenas os “anticristos”, postos no plural, figuras, tipos da terrível personagem que ainda está por aparecer.
– O anticristo, como já vimos, é um ser humano, é uma pessoa. Na visão dos quatro animais, Daniel diz que na ponta havia olhos, como olhos de homem, a comprovar que se trata de alguém e não de reinos, estruturas ou sistemas, como defendem alguns.
Este homem, porém, será diferente de todos os outros homens, porque será uma pessoa usada pelo inimigo como nenhuma outra em toda a história. Como afirma o apóstolo Paulo, o anticristo operará segundo a eficácia de Satanás, de onde virá todo o seu poder, sinais e prodígios (II Ts.2:9).
Assim, ao contrário dos outros “anticristos”, o anticristo será um instrumento direto do adversário, alguém que será um mero instrumento da vontade do diabo, que atuará com todo o poder do inimigo, que se manifestará numa intensidade nunca antes vista, porque não haverá a resistência que hoje ainda existe para tal manifestação (cfr. II Ts.2:7).
– Por causa desta afirmação bíblica, de que o anticristo estará sob a plena operação do inimigo, há quem entenda que o anticristo não será propriamente humano, mas uma espécie de encarnação do adversário, um ser demoníaco humanizado.
Não podemos concordar com este pensamento, uma vez que a Bíblia diz, claramente, que o anticristo é um homem (Dn.7:8; Ap.13:18), embora saibamos que será um homem diferente(Dn.7:24), que se entregará totalmente ao domínio de Satanás, fazendo parte, assim, da chamada “trindade satânica”, ao lado do próprio diabo e do falso profeta (de que falaremos no final este estudo).
– Admitir que o diabo possa se humanizar, seria admitir que teria poderes de criação, algo que as Escrituras afirmam que é prerrogativa exclusiva de Deus (Gn.1:1, 2:1; Jó 38 e 39).
A chamada “encarnação” de Jesus é, propriamente, como bem assevera o pastor Ailton Muniz de Carvalho, uma “autocriação”, ou seja, Deus Se fez homem, tomou a forma de homem (Jo.1:14; Fp.2:7), porque é o Criador de todas as coisas.
Os anjos, conquanto possam se materializar e parecer homens, jamais se humanizaram, não podem fazê-lo, o que inclui, também, os anjos caídos, entre eles o ex-querubim ungido, que Paulo afirma que é capaz de se travestir como anjo de luz(I Co.11:14), mas jamais virar um homem propriamente dito.
OBS: “…a Besta não será o Diabo, nem um homem ressuscitado, mas um homem personificando o Diabo.…” (GILBERTO, Antonio Daniel e Apocalipse: compreendendo o plano de Deus para os últimos dias, p.154).
– Todavia, se não podemos admitir interpretações que levem à conclusão de que o anticristo será o próprio diabo encarnado, não temos razão para entender ter certo embasamento interpretações que veem o anticristo como um homem geneticamente construído (o que explicaria não só a sua superioridade biológica em relação aos demais homens, como também a própria falta de afeição e de moralidade decorrentes de uma ausência de vida familiar), bem como alguém que, desde a sua própria concepção, tenha sido planejado e dedicado ao inimigo em cultos ocultistas e satanistas.
Não há, mesmo, razão para duvidar de que o anticristo, desde o instante de sua concepção, seja colocado sob o direto controle do adversário para a sua tenebrosa missão. Não nos esqueçamos de que, acima de tudo, esta personagem estará cumprindo as Escrituras e, portanto, toda a demonstração de força e de poder que Satanás desenvolver em torno da sua vida ocorrerá não só porque Deus o permitirá, mas, sobretudo, para que a Palavra do Senhor seja cumprida (Jr.1:12).
– Além de ser um homem, vemos, pelas Escrituras, que o anticristo será um líder político, ainda que diferente dos que já apareceram sobre a face da Terra em virtude desta conexão específica com o próprio Satanás.
Assim, o anticristo terá, simultaneamente, duas fontes de poder: uma advinda do sistema mundial gentílico, construído pelo homem pecador desde o início dos tempos e que se encontra sob o domínio do pecado; outra, advinda do próprio diabo, que dará poderes sobrenaturais a este homem (Ap.13:2 “in fine”).
– Afirmamos que o anticristo é um líder político, porque a Bíblia, ao se referir a ele, tanto em Daniel como em Apocalipse, descreve o seu surgimento de entre as nações que reviverão o Império Romano. Em Dn.7:7,8, é dito que o animal espantoso e terrível tinha dez pontas e que, “…entre elas subiu outra ponta pequena…”, ou seja, o anticristo surgirá de entre as dez nações que estarão controlando o poder decisório da União Europeia (ou bem pode ser que sejam dez nações que, juntamente com a União Europeia, estarão controlando a política internacional). Seu poder, portanto, nasce da política, tem sua base na política, é o ápice de todo o sistema que começou a ser organizado por Caim, sob o domínio do pecado, e que tem se perpetuado através dos séculos.
– Em Ap.13:1, é dito que a besta subiu do mar e que tinha sete cabeças e dez chifres, chifres estes que estavam coroados (diademas são coroas) e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia.
O fato de João ter sido colocado sobre a areia do mar é uma demonstração de que o poder teria origem terrena, e não celestial (João estava no céu, para onde fora levado a partir do capítulo 4 de Apocalipse, cfr. Ap.4:1).
A besta ter subido do mar confirma, uma vez mais, esta origem terrena de seu poderio e, mais, a natureza política dele, porquanto o mar representa as nações da Terra (cfr. Dn.7:2,17).
Aqui, também, a exemplo do texto de Daniel, vemos que a besta se sobressai dentre as nações, tendo como fonte de poder dez chifres, ou seja, dez reinos, pois são os chifres que estão coroados e não as suas cabeças. As cabeças, em número de sete, por sua vez, com o nome de blasfêmia nelas, confirmam que, a exemplo do que foi predito em Dn.7:24, após se consolidar no poder, o anticristo abaterá três dos dez países que lhe entregaram o poder e passará a ter base nestes sete países restantes que, com ele, estabelecerão os parâmetros de seu governo, que envolvem, em primeiro plano, a instituição de uma religião mundial, como veremos infra.
– Com relação ao caráter do anticristo, a Bíblia não nos deixa qualquer dúvida a respeito de quem ele será. Em primeiro lugar, diz que se trata de alguém que tem olhos como os olhos de um homem (Dn.7:8).
Já falamos supra de que isto indica que o anticristo será alguém que terá uma visão superior aos dos demais homens, terá um discernimento muito mais aguçado, uma perspicácia muito mais intensa, uma inteligência e capacidade mental muito maiores do que as dos demais homens, pois operará não por si mesmo, mas usará o poder e a eficácia do astuto tentador, que é maior do que o homem (Sl.8:5).
– Em segundo lugar, a Bíblia diz que o anticristo será alguém que tem uma boca que fala grandiosamente (Dn.7:8; Ap.13:5).
Isto nos mostra que, como todo líder político, o anticristo terá o “dom da palavra”, ou seja, terá grande capacidade de comunicação, principalmente de comunicação com as massas, com a população, com uma eloqüência e facilidade de convencimento incomuns.
Não nos esqueçamos de que o diabo é a “mais astuta de todas as alimárias do campo” (Gn.3:1) e que tem alto poder de persuasão. O anticristo sobrepujará todos os líderes políticos e/ou religiosos da história da humanidade neste item.
O domínio da comunicação e a eloqüência são fundamentais para a vida dos nossos dias. “Quem não se comunica, se trumbica”, dizia o apresentador de televisão Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que, com sua maneira irreverente de ser, elaborou esta sentença que é uma realidade nua e crua dos nossos dias.
O anticristo terá um enorme poder de persuasão e convencimento e, como se isto fosse pouco, será ajudado nesta empresa pelo falso profeta e por todas as miríades de demônios e espíritos malignos que estarão agindo livremente naqueles dias. Técnicas de retórica e de neurolinguística têm se desenvolvido com intensidade nos últimos anos (e, lamentavelmente, tem sido recurso cada vez mais empregado por pregadores na atualidade…) e serão elas amplamente dominadas pelo iníquo.
Através da comunicação, o homem torna comum o seu pensar, desenvolve a sua própria humanidade. O anticristo, com esta capacidade, dominará a mente e a vontade de milhões e milhões de pessoas em toda a Terra.
Adolf Hitler, um dos anticristos que tipificam o iníquo, foi quiçá um dos primeiros homens a fazer uso dos meios de comunicação de massa e de uma política estruturada de propaganda e divulgação de suas idéias e arrastou uma das nações mais desenvolvidas e cultas do mundo, a Alemanha, e, com ela, o mundo todo, ao desastre do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. O que não fará o anticristo, que será muito mais poderoso e eficaz que o Führer do Terceiro Reich ?
– Em terceiro lugar, a Bíblia diz que não somente o anticristo terá capacidade incomum de eloquência e persuasão, com amplo domínio da comunicação, como também utilizará esta habilidade para proferir palavras contra o Altíssimo (Dn.7:25), para blasfemar contra Deus, o Seu nome e os Seus (Ap.13:6). A mensagem do anticristo outra não é senão a de rebeldia e insubmissão a Deus e a tudo quanto Ele representa. O anticristo será o pregador do “evangelho da rebelião”, será o principal divulgador da mensagem contrária ao Senhor e à Sua Palavra.
O anticristo trará uma mensagem de divinização do ser humano, de total independência de Deus. Dirá que os homens não precisam servir a Deus nem à Sua Palavra, que as Escrituras não têm qualquer validade, que os homens são deuses, são senhores do seu próprio destino, que as crenças advindas do Evangelho de Jesus Cristo não podem ser seguidas e devem ser abandonadas.
Dirá que o homem evoluiu e que não mais precisa atender às exigências prescritas na Bíblia, que, certamente, será um livro no qual não se mais crerá naqueles dias.
– Ao mesmo tempo em que o anticristo fará o povo desacreditar nas Escrituras e na crença em Deus, também, sutilmente, apresentar-se-á como a solução dos problemas espirituais da humanidade, mostrar-se-á como o redentor do ser humano, como o escolhido para trazer aos homens a sua tão almejada salvação.
Por isso, é ele o anticristo, pois, simultaneamente, atacará o evangelho de Jesus, levantar-se-á contra tudo que se relaciona a Cristo, bem como se apresentará como o seu substituto, como o verdadeiro elo entre o homem e a sua salvação, conduzindo, assim, o povo a adorar a si próprio e ao diabo.
Nesta tarefa, a propósito, será auxiliado pelo falso profeta, que será o verdadeiro porta-voz e o agente convencedor do povo na adoração ao anticristo e ao diabo.
– Neste ponto, observemos que todos os movimentos religiosos da atualidade, de uma forma ou de outra, apresentam crenças na vinda de um salvador, de alguém que proporcione a evolução espiritual da humanidade e promova a solução para os seus problemas espirituais. Senão vejamos:
- a) judaísmo – o judaísmo, religião dos judeus, está ainda aguardando o Messias, uma vez que rejeitam que Jesus o seja. O retorno de Israel a Palestina foi um fator que reavivou, como nunca, a crença messiânica entre os judeus que, a partir do final do século XVIII, havia experimentado um certo esfriamento.
O surgimento do anticristo, certamente, fará com que muitos judeus o identifiquem como sendo o Messias, o que permitirá, inclusive, que haja o pacto que será firmado entre o anticristo e Israel no início do governo do anticristo (cfr. Dn.9:27). Esta aceitação, aliás, foi predita por Jesus (Jo.5:43).
- b) hinduísmo, budismo, Nova Era – estes três movimentos religiosos crêem que estamos na iminência do surgimento de mais um “espírito iluminado”, de um “Buda”, de um “mestre ascensional”, superior aos anteriores (identificados, quase sempre, como tendo sido os fundadores de religiões, como Buda, Confúcio, Lao-Tsé, o próprio Jesus e Maomé), chamado no movimento teosófico, que é o principal sistematizador das idéias que hoje representam o movimento “Nova Era”, de “Maytreya”, que, no “limiar da Era de Aquário”, virá para trazer evolução espiritual ao homem. Alguns dizem que será o próprio Cristo reencarnado, enquanto outros insistem em dizer que será um espírito mais evoluído que o de Cristo.
- c) islamismo – O islamismo, também, crê que, antes do juízo, reinará sobre os árabes o “imam Mahdi”, um representante de Alá, que reinará por sete anos e trará prosperidade e estenderá o Islão até os confins da terra, chamado de “o justo líder da humanidade”. Segundo as crenças muçulmanas, que se encontram nos chamados “Haddith”, que são ditos de Maomé reduzidos a escrito após a sua morte, este imam será anunciado com sinais e prodígios, para que seja reconhecido pelo povo.
- d) cristianismo apóstata – Mas, também, entre os que se dizem cristãos, há muitos que também estão aguardando a vinda de um outro salvador. Mas, como isto seria possível, já que o cristão deveria aguardar a vinda de Jesus?
Como o próprio Jesus nos avisou, nos últimos dias, haverá a “igreja de Laodiceia”, aquela que, embora fosse desgraçada, cega e nua, achava-se rica e achava que de nada tinha falta (Ap.3:17).
Os que não atenderem ao convite de Cristo e não se humilharem diante do Senhor, também serão enganados pelo anticristo, porque, na sua apostasia, buscarão alguém que diga ser o Cristo ou que prometa levar a Cristo de um outro modo.
Já não são poucos aqueles que têm trocado Jesus pelos falsos mestres e profetas, que, dentro de sua apostasia, conduzirão seus discípulos aos braços da besta. Porventura, não estão muitos que se dizem cristãos a seguir homens ao invés de olhar para Jesus ? A confiar em visões, revelações e unções de homens do que a seguir o que manda a Palavra do Senhor ?
Bastará que estes homens que estão sendo cegamente seguidos por estes apóstatas, como se fossem João Batista, apontem para o anticristo, para que todos estes da chamada “igreja paralela”, como a denomina o pastor Osmar José da Silva, caiam nos braços do “filho da perdição”, seguindo o triste caminho trilhado, nos dias do ministério de Jesus, por Judas Iscariotes.
A falsa idria, disseminada entre muitos segmentos que se dizem cristãos, de que Jesus só virá depois de uma era de paz, prosperidade e devoção mundiais será uma mentira que seduzirá estes pseudo-cristãos, diante do discurso do anticristo.
– Pelo que se verifica, portanto, todo o mundo religioso está aguardando, com ansiedade, o surgimento deste salvador, deste homem que terá condições de resolver os problemas da humanidade, de preencher o vazio espiritual, ético e de perspectivas que existe no mundo de hoje, o que nos mostra que tudo está pronto para que o anticristo seja recebido de braços abertos por aqueles que se recusam a aceitar a mensagem da salvação em Jesus Cristo.
– Em quarto lugar, a Bíblia diz que o anticristo é a besta (Ap.13:1), palavra que corresponde ao original grego “thérion”, que significa “fera”, “animal selvagem”. Esta expressão mostra bem qual será o caráter do anticristo:
alguém que não tem outro instinto, outra intenção senão a de devorar, destruir e despedaçar as suas vítimas. Com efeito, o anticristo, para aqui se utilizar de expressão de R.N. Champlin, “…fará todos aqueles outros [homens, observação nossa] parecerem crianças, paralelamente à sua imensa perversão moral…”(O Novo Testamento interpretado, com. a Ap.13:1, v.6, p.548).
– Não se poderia esperar de um homem que agirá segundo o poder e eficácia de Satanás algo diverso do que faz o diabo, cujo trabalho, disse-nos Jesus, é matar, roubar e destruir (Jo.10:10).
Por isso, aquilo que o atual líder da Igreja Romana tem identificado como sendo uma “cultura de morte”, para denominar o modo de vida que anda sendo propagado no mundo, principalmente no Ocidente (como a defesa do aborto, da pena de morte, da desconsideração dos embriões humanos como pessoas, a falta de preocupação com calamidades como as enfermidades e a fome entre os mais pobres e humildes, entre outros comportamentos de nosso tempo), nada mais é que mais um dos prismas da atuação do chamado “espírito do anticristo”.
– O anticristo é chamado de besta, isto é, de fera, porque não terá dó nem piedade de quem quer que seja. As Escrituras já afirmam que, tendo sido apoiado por um conjunto de dez nações para subir ao poder, logo se encarregará de abater a três delas (Dn.7:24).
Sendo o mais exímio líder político de todos os tempos, o anticristo exercerá o poder na sua forma mais nua e crua, sem qualquer traço de moralidade ou de ética. Como odeia tudo que se relaciona com Deus, será um implacável e sanguinário perseguidor dos santos naquele dia (isto é, dos que se converterem a Cristo durante a Grande Tribulação), bem como de Israel, que é propriedade peculiar de Deus (Ex.19:5,6).
Fará, por isso, guerra aos santos e os vencerá e destruirá (Dn.7:25; Ap.13:7). Sua crueldade não encontrará similar em toda a história da humanidade e, observemos, a história traz-nos retratos de grandes carnificinas, como as dos milhares de mortos durante as dez perseguições romanas contra os cristãos, dos milhares de mortos durante a Inquisição na Idade Média, dos sucessivos martírios em massa de judeus na Europa nas Idades Média e Moderna, do holocausto de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas, dos mais de trinta milhões de mortos por Stálin na União Soviética, mas, pasmem todos, nada disto se compara ao banho de sangue que está preparado para ocorrer durante o governo da Besta. A crueldade é uma marca tão proeminente do seu governo que as Escrituras costumam identificar o anticristo com o nome de Besta, não cessando de lembrar que vem de um império cuja característica principal é o de devorar e partir em pedaços as presas (Dn.7:23).
OBS: Certos estudiosos das Escrituras não cessam de afirmar que, entre os satanistas, existe a crença de que, durante o governo do anticristo, será necessário um contínuo sacrifício ao diabo, que será representado, precisamente, pelas vidas humanas que serão ceifadas por ordem do governo satânico:
“…Os satanistas compreendem que a Nova Ordem Mundial do Anticristo não poderá ser estabelecida sem que uma quantidade enorme de sangue humano seja derramada. Qualquer morte que tenha sido planejada pode ser contada como um sacrifício para esse propósito: guerras, abortos, infanticídios, eutanásia, e, eventualmente, o martírio.…” (O Papa João Paulo II usa outro símbolo satânico da magia negra do anticristo durante a sua viagem a Israel. http://www.espada.eti.br/n1360.asp Acesso em 6 out.2004).
– Ainda falando sobre a consideração do anticristo como sendo a besta, é importante observar que, ao contrário de Daniel, que não minudenciou as características do animal terrível e espantoso e terrível, que representava o império romano e de onde saía a ponta pequena, que era o anticristo (Dn.7:7), João descreveu como era a besta, a saber, “…semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão…”(Ap.13:2).
Por esta descrição, de pronto, vemos que o anticristo terá as características dos impérios mundiais que antecederam o império romano, pois os animais vistos por João correspondem aos três animais da visão de Daniel, ainda que mencionados em ordem inversa ao da visão do profeta estadista.
– Esta caracterização da besta como uma reunião dos três animais primeiramente vistos por Daniel permite-nos concluir, sem sombra de dúvida, que o anticristo é, como já dissemos supra, o suprassumo do sistema mundial gentílico, o ápice da rebeldia contra Deus, o auge da apostasia e do pecado. Também nos mostra
que o anticristo, para cumprir a sua missão satânica, se valerá de tudo aquilo que, ao longo dos séculos, foi sendo criado e acumulado pelo chamado “espírito do anticristo”, tudo aquilo que foi longamente planejado e preparado pelo diabo para tentar se opor ao plano divino da salvação.
– O fato de os animais serem mencionados em ordem inversa ao da visão de Daniel é explicado pela circunstância de que ao profeta foi apresentado o cenário sob o aspecto cronológico, enquanto que ao apóstolo, foi apresentado o cenário sob o aspecto hereditário, ou seja, a partir da proximidade das influências vividas pelo último império.
Assim, o governo do anticristo desfrutará de heranças que lhe vieram, de imediato, do Império Grego (filosofia, cultura humanística em geral), do Império Medo-Persa (administração, certa influência religiosa do zoroastrismo, com seu dualismo e a deificação do mal, muito apropriado à doutrina a ser defendida pelo anticristo) e do Império Babilônico (a religiosidade pagã, a rebeldia contra Deus e a deificação do homem).
– Em quinto lugar, o anticristo é chamado de “o homem do pecado”(II Ts.2:3). Outra característica do anticristo será a de que ele será um pecador e, mais do que isto, alguém que levará às últimas consequências a defesa da natureza pecaminosa do homem.
Ao contrário de Jesus, cuja mensagem sempre foi a de exaltação do homem mediante a sua submissão a Deus, por intermédio da obediência (Fp.2:5-9), o anticristo defenderá exatamente o contrário, será o exemplo do “super-homem”, do “homem que se exalta a si próprio”, que declara total independência diante de Deus, que se afirma ser deus e como tal quererá ser considerado.
O anticristo é a própria encarnação do protótipo do homem autossuficiente, soberbo e rebelde contra Deus, aquele que defenderá a ideia de que o “homem é a medida de todas as coisas”, de que o homem é livre para fazer o bem ou o mal. Seu aparente sucesso e êxito neste “pensamento evoluído” fará milhões e milhões de pessoas a adorá-lo na esperança de também alcançar este “nível espiritual” de autossuficiência e poder.
OBS: No século XIX, surgiu na Alemanha o filósofo Friedrich Nietzsche, que ficou célebre pela sua frase: “Deus morreu”. Nietzsche, que influenciou muito o pensamento do século XX, em especial aqueles que se levantaram contra o cristianismo, na sua obra “O anticristo” (veja o sugestivo nome de sua obra…) defendeu que o cristianismo criava um homem doente, um homem enfermo e que já era hora de se levantar o ser humano, o que somente seria possível se fosse destruído o cristianismo e a Igreja.
Nietszche dizia que o que os cristãos consideravam pecado era a própria natureza humana e que esta “natureza humana” deveria ser novamente buscada. É exatamente isto que o anticristo fará durante seu governo.
– Em sexto lugar, o anticristo é chamado de “o filho da perdição”(II Ts.2:3). Esta característica do anticristo faz-nos lembrar do discípulo traidor de Jesus, Judas Iscariotes, que também é assim chamado na Bíblia Sagrada (Jo.17:12). Por causa disso, há alguns que entendem que o anticristo será alguém que apostatará da fé, ou seja, que tenha servido a Jesus em algum tempo de sua vida e, posteriormente, a exemplo de Judas Iscariotes, venha a trair a Jesus.
No entanto, mais do que uma comparação a Judas, o título dado pelas Escrituras, reforça o título que vem imediatamente antes, ou seja, “homem do pecado”.
Como “filho da perdição”, o anticristo estará a serviço do diabo, será o “filho da trindade satânica”, estará incumbido de fazer uma missão designada pelo próprio Satanás, que é a de promover a morte, a destruição e de impedir a salvação da humanidade. O anticristo estará exclusivamente a serviço do diabo, não tendo qualquer preocupação ou interesse em fazer bem ao homem.
Como filho da perdição, no discurso eloqüente de exaltação do homem, no humanismo de suas pregações, estará escondido o propósito de destruição e de extermínio da raça humana.
Ele não é o “filho do homem”, mas, bem ao contrário, o “filho da perdição”, aquele que se vendeu ao diabo em troca de poder e glória passageiros. Executará com tanta dedicação e obediência seu malévolo trabalho que chegará antes que seu mentor ao destino reservado a Satanás, pois, ao lado do falso profeta, terá a honra de inaugurar o lago de fogo e enxofre (Ap.19:20 “in fine”).
– Em sétimo lugar, o anticristo é denominado de “o iníquo” (II Ts.2:8). Uma das principais características do anticristo será a injustiça, a iniquidade. O governo do anticristo estabelecer-se-á sob a promessa de paz e segurança sobre todos os povos da Terra, mas somente virá destruição e horror. O anticristo não saberá o que é moralidade nem ética.
Descumprirá acordos estabelecidos (primeiramente, abaterá três das dez nações que o apoiaram, posteriormente quebrará o pacto estabelecido com Israel e, segundo alguns intérpretes, travará guerras com nações que chegarão a apoiá-lo, pois as lutas narradas nos capítulos 10 e 11 de Daniel não teriam sido, segundo estes estudiosos, completa e totalmente cumpridas no período interbíblico, mas também revelariam conflitos do período da Grande Tribulação), não respeitará quaisquer dos valores preconizados pelos direitos humanos ou pelo direito internacional, impondo-se única e exclusivamente pela força de seu poder.
Neste ponto, aliás, temos visto, ao longo da história, que, no cenário político internacional, a lei sempre tem sido a força e que o direito internacional, tão penosamente construído, não tem qualquer validade ou peso, como vimos, recentemente, no episódio da guerra do Iraque… Como já dizia o primeiro-ministro britânico (por sinal, de origem judaica) Benjamim Disraeli (1804-1881): “A Inglaterra não tem amigos, tem interesses.”
– Talvez não exista texto mais instigante para os estudiosos das Escrituras do que Ap.13:18: “Aqui não há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”.
Em torno deste texto, que muitos têm considerado uma verdadeira “charada bíblica”, muitos têm, ao longo dos séculos, procurado descobrir quem é o anticristo. Esta busca pela identificação do anticristo, porém, quer-nos parecer que é uma daquelas atitudes que não deve haver entre os que estudam as Escrituras, mormente a doutrina das últimas coisas.
– O objetivo do estudo da escatologia, como vimos na primeira lição do trimestre, não é a satisfação da curiosidade humana, mas as profecias bíblicas têm alvos muito mais altos e excelentes, relativos à manutenção de um padrão de vigilância para os servos do Senhor, bem assim para nosso entendimento do controle de Deus sobre a história.
Assim é que, quando indagado sobre o fim do mundo, Sua vinda e a destruição do templo de Jerusalém, Jesus, que havia provocado os discípulos com a Sua profecia a respeito do templo, prontamente respondeu aos reclamos dos apóstolos com o Seu mais longo sermão, o sermão profético (Mt.24 e 25), enquanto que, no mesmo monte das Oliveiras, pouco antes de ascender aos céus, quando interpelado sobre a restauração do reino a Israel, por ser isto mera demonstração de curiosidade dos discípulos, a esta indagação não ofereceu qualquer resposta (At.1:6,7).
Destarte, este deve ser o nosso norte quando indagarmos a respeito da doutrina das últimas coisas: estamos apenas querendo satisfazer uma curiosidade ou, ao contrário, querermos ter consciência e noção daquilo que o Senhor já nos revelou na Sua Palavra ?
– Parece-nos que a Bíblia Sagrada está interessada em que saibamos que o anticristo virá, que será o pior de todos os governantes que já houve sobre a face da Terra e que os santos que viverem sob seu governo fatalmente perecerão, pois será permitido que sejam vencidos por ele.
Quanto a saber quem é o anticristo, é algo que as Escrituras não estão muito interessadas em declarar, limitando-se a dizer que será um homem e um homem que, como nunca, exaltará a figura do homem.
O número da besta, o famoso 666, nada mais é que a demonstração desta exaltação do homem diante de Deus. Seis é o número do homem, como permite inferir o próprio texto de Ap.13:18 e o anticristo será o clímax, o ápice deste sistema mundial gentílico, que prega e vive uma rebeldia contra Deus.
– Muitos têm, porém, sido identificados como tendo sido o anticristo ao longo dos séculos. Falaremos, muito rapidamente e sem profundidade, sobre algumas das ideias a este respeito, mais a título de informação, até porque são muitos os que se embaraçam nesta busca pela identificação do anticristo, devendo, pois, os ensinadores da Palavra de Deus na igreja ter algum respaldo para desembaraçar os que se envolvem nestas vãs contendas e genealogias (cfr. I Tm.1:4).
– Alguns identificam Nero como sendo o anticristo. Para tanto, buscam demonstrar a alegação seja pela soma dos algarismos romanos do nome do imperador, seja pelo fato de ter sido o primeiro grande perseguidor dos cristãos.
Há, ainda, quem alegue que o anticristo será uma reencarnação de Nero, como se reencarnação existisse… Todavia, Nero só pode ser considerado como sendo daqueles “…muitos que se têm feito anticristos…” (cfr. I Jo.2:18), pois, quando João escreveu sua primeira carta, Nero, certamente, já não mais vivia. Assim, se o apóstolo dizia que o anticristo ainda viria, Nero, com certeza, não era o anticristo.
– Alguns identificam o anticristo como sendo um Papa que surgirá por ocasião do arrebatamento da Igreja. Para tanto, buscam demonstrá-lo pelo fato de o Papa se intitular o “Vigário de Cristo”, a “Cabeça Visível da Igreja”, sendo, portanto, alguém que usurpou o lugar que é de Jesus, sendo, pois, alguém que está “em lugar de Cristo” e cujos dogmas e mandamentos, ao longo dos séculos, contraria a Palavra de Deus, sendo, pois,
alguém que é “contra Cristo”, pois se volta contra a Palavra, que é Cristo. Além disto, em sua coroa, o Papa ostentaria a expressão latina “VICARIVS FILII DEI”, que significa, “em lugar do Filho de Deus”, cuja soma dos algarismos romanos dá 666 (V-5, I-1, C-100, I-1, V-5, I-1, L-50, I-1, I-1, D-500, I-1, ou seja, 5+1+100+1+5+1+50+1+1+500+1= 666).
Esta interpretação, como não poderia deixar de ser, alcançou grande aceitação durante a Reforma Protestante e grandes comentadores das Escrituras desta época ou logo após, como Adam Clarke, não têm dúvidas de dizer que o Papa é o Anticristo.
– No entanto, se bem verificarmos os textos bíblicos, podemos afirmar que o Anticristo não será o Papa. Quando muito, o Papa será o Falso Profeta (e olha lá, como veremos infra). A Bíblia diz que o anticristo surgirá de uma aliança política, com base em dez nações, o império romano revivido.
Ora, só o fato de o império romano ter se estabelecido, através da União Europeia, sem que, para tanto, fosse importante a figura do Papado, já é um fator que descarta esta hipótese. O Papa, hoje, tem uma função política importante, mas que nem de perto se equivale ao que havia na Idade Média.
Tudo nos mostra que o Papado serviu de repositório do poder político na Europa até o surgimento dos Estados Nacionais e, a partir de então, seu poderio político declinou consideravelmente.
OBS: Como se não bastasse isso, o pastor e grande escritor evangélico Abraão de Almeida, aponta várias razões para que o Papa não seja o Anticristo, em síntese que vale a pena transcrever: “…1. Não há como justificar o reinado do Papa sobre ‘todos os que habitam sobre a Terra’ (Ap.13.8) e durante tantos séculos, pois a Bíblia afirma que a Besta reinará pouco tempo:Ap.17.10(…)
- O Império Romano (do Ocidente) não se dividiu em apenas dez reinos, após o ano 476, mas em dezenas de reinos.
Algumas listas chegam a relacionar 65 reinos diferentes, resultantes das invasões bárbaras do lado ocidental do império.(…)
- Na interpretação da profecia de Daniel, capítulos 2 e 7, não se pode ignorar que o Império Romano se dividia em Oriental e Ocidental, e que a perna esquerda da estátua corresponde justamente ao Oriente, mais precisamente à Grécia. Esta perna esquerda só caiu em poder dos turcos em 1453, para recuperar a sua independência em 1821.
A Grécia não poderá estar ausente dos dedos, pois ela é o ‘metal’ referido em Dn.7.19 [e a Igreja Grega não reconhece o Papa desde 1054, com o Cisma do Oriente, observação nossa].(…)5.O tempo do governo da Besta é ainda futuro(…)nunca, em toda a história da Igreja, cumpriram-se as profecias de Dn.9.24 e 27(…)” (ALMEIDA, Abraão de. Deus revela o futuro, p.50-1).
– Outros têm identificado o anticristo com o Presidente dos Estados Unidos da América, sendo esta, aliás, a linha preferida de pensamento do movimento adventista. Dizem que os Estados Unidos, como superpotência mundial, trarão ao mundo o líder mundial que conseguirá resolver o conflito do Oriente Médio e que comandará toda a economia e política internacionais.
Esta linha de pensamento encontrou enorme guarida notadamente após 1989, quando a União Soviética sucumbiu e os Estados Unidos passaram a ser a única superpotência mundial. Naquela ocasião, o então presidente norte-americano George Herbert Bush afirmou que se estava ingressando numa “nova ordem mundial” e o historiador Francis Fukuyama escreveu o livro “O fim da história”, dizendo que havia triunfado o sistema capitalista e democrático defendido pelos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Para aumentar ainda mais a “força” deste pensamento, os norte-americanos conseguiram reunir todos os países do mundo contra o Iraque, na chamada Guerra do Golfo Pérsico, cristalizando sua supremacia política, econômica e militar.
– No entanto, de lá para cá, os Estados Unidos iniciaram um processo claro de decadência tanto econômica quanto política e militar, como se vê de forma patente nos dois governos de Barack Obama, o atual presidente norte-americano.
– Não temos como deixar de observar que não há como entender que, no atual processo político, dez nações europeias venham a se aliar aos Estados Unidos da América e a conceder-lhe um poder, quando tudo caminha para o contrário, desde o início dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O anticristo não parece ser alguém que morará na Casa Branca, mas um legítimo sucessor dos Césares que habitavam em Roma, onde foi criada a União Europeia.
– Entendemos que não dá para identificar quem será o anticristo, que cargos ocupará antes de ser consagrado como novo líder mundial, com o decisivo apoio da União Europeia, mas de uma coisa temos de ter certeza: será alguém que se manifestará num instante em que o Espírito Santo deixar de operar como tem operado até aqui(II Ts.2:7,8), ou seja, ao término da dispensação da graça, o que significa afirmar que a Igreja poderá até conhecer quem este homem será, mas não passará um minuto sequer sob o seu tacão.
– Sendo a própria contrafação de Jesus, ou seja, a Sua própria negação, o Anticristo será preparado por Satanás, assim como Deus preparou Jesus, para uma missão a ser realizada na face da Terra. Entretanto, enquanto a missão de Jesus era “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc.21:27), o Anticristo tem como missão exatamente o contrário: matar e destruir a humanidade, bem como roubar a sua chance de salvação.
– Diz-nos o apóstolo Paulo que o anticristo se oporá a tudo quanto se chama Deus ou se adora (II Ts.2:4). Ora, como seu trabalho é matar e destruir os homens, para que isto seja possível, será preciso, em primeiro lugar, destruir a fonte de vida da humanidade, que outra não é senão o Senhor Jesus (Jo.10:10). Assim, a primeira tarefa do Anticristo será destruir todos aqueles que adoram a Deus, todos aqueles que crerem em Deus no período de seu governo.
– Por isso, o profeta Daniel afirma que, além de proferir palavras contra o Altíssimo, o anticristo destruirá os santos do Altíssimo (Dn.7:25), bem como João afirma que fará guerra aos santos (Ap.13:7). Seu primeiro trabalho, portanto, será o de perseguição contra aqueles que crerem em Jesus naqueles dias. Mas haverá quem creia em Jesus naqueles dias, uma vez que a Igreja terá sido arrebatada antes que o anticristo governe a Terra ?
Sim, a Bíblia, não só nesta passagem, mas em outros textos, permite-nos afirmar, com clareza, que haverá quem creia em Cristo durante a Grande Tribulação, tanto judeus quanto gentios. Não será, entretanto, algo fácil e amplo, como temos hoje na nossa atual dispensação.
Bem ao contrário, a operação do Espírito Santo será extremamente limitada (como teremos ocasião de estudar na lição sobre a Grande Tribulação) e, como se não bastasse, a salvação não dependerá apenas da fé, mas a fé deverá ser acompanhada pelo martírio, pois, nesta época, como nos afirma claramente o texto sagrado (Ap.13:10), a morte do crente será uma condição necessária para a salvação, porquanto será permitido que o anticristo vença os santos deste período (Ap.13:6), que outra coisa não é senão a sua destruição (Dn.7:25).
– A perseguição nos dias do anticristo será a pior que já houve em todos os tempos da história (cfr.Dn.12:1; Mt.24:21,22).
Além de dispor de uma tecnologia que nunca houve igual, o que permitirá um absoluto controle sobre toda a população, o que inclui até o controle de todas as relações econômicas (como veremos infra), o Anticristo terá a seu favor, ainda, a fidelidade de amplos setores da população, bem como toda uma gama de poderes sobrenaturais que lhe serão dados pelo próprio diabo que, aliás, terá sido precipitado sobre a face da Terra (Ap.12:9,10), juntamente com seus anjos, o que caracteriza este período como de uma opressão demoníaca que nunca houve semelhante em toda a história humana.
Tudo isto estará a serviço do anticristo para a destruição e morte dos santos daquele período e, segundo as Escrituras, será permitido que os santos sejam derrotados.
Assim, não nos iludamos com o fato de que haverá salvação na Grande Tribulação, pois, se, ante a operação plena, ampla e livre do Espírito Santo, como a que se dá nos nossos dias, onde o espírito do anticristo não tem condições de manifestar o homem do pecado, porque há um que ainda resiste (que é o Espírito Santo) e onde a vitória sobre o mundo é garantida ao crente (Rm.8:37; I Co.15:57;I Jo.5:4), alguém não consegue ser fiel a Deus, como poderá sê-lo diante de circunstâncias totalmente adversas?
– Além de perseguir os santos, o Anticristo terá o papel de criar uma nova religião. O iníquo, diz-nos o profeta Daniel, proferirá palavras contra o Altíssimo e cuidará mudar os tempos e a lei (Dn.7:25).
Já o apóstolo João afirma que o anticristo proferirá blasfêmias contra Deus, contra o Seu nome, o Seu tabernáculo e os que habitam no céu.
Destarte, a exemplo de Jesus, o Anticristo também apresentará a sua doutrina ao povo, mas, enquanto o Senhor veio cumprir a lei dada a Moisés por Deus (Mt.5:17) e vinha em nome do Senhor, ou seja, sob a autoridade divina (Jo.12:13), o Anticristo virá em seu próprio nome (Jo.5:43), recusando toda e qualquer autoridade de Deus e desafiará o próprio Deus, trazendo uma nova lei e uma nova maneira de se ver o mundo, pois, como ensinam os sociólogos, a religião é um modo global de explicação da realidade por parte do homem.
– A mudança dos tempos mencionada pelo profeta Daniel tem sido interpretada por alguns como sendo uma mudança do calendário por parte do anticristo.
Como todos sabemos, o calendário predominante no mundo é o chamado calendário gregoriano, criado pelo papa Gregório XIII, que alterou o calendário juliano, que havia sido estabelecido pelo ditador vitalício romano Júlio César.
O calendário gregoriano é cristão, porque fixa o ano do nascimento de Jesus como sendo o ano 1 da chamada Era Cristã. O Anticristo, na sua luta contra tudo o que representa ou possa lembrar o Senhor Jesus, deverá alterar o calendário, estabelecendo outra data como marco do calendário, a exemplo do que ocorre com os outros calendários utilizados no mundo, como o calendário islâmico ou o calendário judaico. Este fato ocorreu quando da Revolução Francesa, em 1789, quando os revolucionários, no seu afã de desvincular o Estado da Igreja Católica, criaram um novo calendário e uma nova contagem dos anos a partir da Revolução.
– A mudança dos tempos não será, porém, uma simples mudança de calendário, mas uma total manipulação da história e de sua divulgação, a exemplo do que ocorreu nos regimes ditatoriais, o que será extremamente amplificado pelo total controle dos meios de comunicação que terá o anticristo no controle do governo mundial.
Como afirmam as Escrituras, o anticristo sempre operará com sinais e prodígios de mentira (II Ts.2:9), de modo que não será nenhuma surpresa a supressão ou distorção de fatos históricos a fim de denegrir a imagem de Cristo, dos cristãos, de Israel e de tudo que se relaciona com Deus.
O anticristo agirá segundo o poder de Satanás, que é o pai da mentira (Jo.8:44) e, portanto, a mentira será algo corriqueiro e comum no seu proceder. Aliás, desde os tempos de Adolf Hitler e seu famigerado ministro da Propaganda, Josef Goebbels, que se diz que, em política, uma mentira dita muitas vezes acaba se tornando verdade…
– Outra missão de que o anticristo se incumbirá no seu governo será a de destruir Israel. O anticristo, no início de seu governo, será reconhecido por muitos judeus como sendo o Messias(Jo.5:43), pois conseguirá que se termine o conflito no Oriente Médio, além de permitir que Israel reconstrua ou mantenha reconstruído o seu templo em Jerusalém.
Haverá, como dizem as Escrituras, um pacto entre o anticristo e os judeus (Dn.9:27), com duração de sete anos.
Todavia, no meio do período, os judeus tomarão consciência de que foram enganados, pois o anticristo irá quebrar o pacto e exigir ser adorado no templo reconstruído, como um verdadeiro deus, o que não será admitido por Israel e, em razão desta oposição, o anticristo, após conseguir ser adorado como deus no templo reconstruído, determinará a destruição completa de Israel, com o início da pior perseguição que os judeus já tiveram em toda a sua história. Os judeus somente não serão destruídos totalmente porque o próprio Jesus voltará pessoalmente para livrar Israel (Is.11:4; II Ts.2:8; Ap.19:15,20,21).
Como Israel é propriedade peculiar de Deus (Ex.19:5,6), o Anticristo será encarregado de destruí-lo totalmente, mas também não o conseguirá, porque há promessa de Deus que o remanescente será salvo (Rm.11:26).
– O Anticristo, também, estabelecerá um sistema econômico mundial, completando a integração e globalização que já vemos nos nossos dias. O apóstolo João diz que o anticristo imporá um sistema de transações comerciais em todo o mundo que dispensará a moeda tal qual a conhecemos, pois, para que se compre e venda será necessário ter um sinal na sua mão direita ou nas suas testas (Ap.13:16).
O governo, então, terá, a exemplo do que ocorria nos regimes comunistas, pleno controle de todas as transações comerciais que se realizarem. Cada vez mais pessoas, em todo o mundo, vêm defendendo um controle sobre as operações financeiras e comerciais realizadas, a fim de evitar operações ilegais, como o tráfico de drogas, tráfico de armas, terrorismo, lavagem de dinheiro, corrupção governamental. No tempo do anticristo, isto será uma realidade.
– Este controle do sistema econômico, que permitirá um planejamento econômico internacional e uma integração entre todas as nações do mundo, numa espécie de mercado comum internacional (que é o grande sonho da recém-criada Organização Mundial do Comércio), todavia, trará um efeito colateral dos mais desagradáveis:
a perda da liberdade individual. Aliás, o desenvolvimento acelerado da tecnologia, principalmente da telemática, tem gerado uma drástica redução das liberdades individuais. Os Estados Unidos da América, que são considerados como sendo o país da máxima democracia, desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nunca estabeleceram tanto controle sobre os cidadãos como foi, inclusive, denunciado ppor Edward Snowden, funcionário que trabalhava para o órgão de segurança interna norte-americano. Na União Europeia, onde as medidas adotadas nos Estados Unidos foram consideradas excessivas, após os atentados terroristas de Madrid em março de 2004, também foram tomadas medidas semelhantes e, após os atentados terroristas na França, em 2015, a tendência é de haver ainda maior controle.
A partir deste controle das liberdades individuais, teremos plenas condições de ver cumpridas as palavras do texto bíblico, no sentido de que ninguém que se recuse a receber o sinal da besta possa viver em sociedade, pois, sem poder comprar ou vender, será, evidentemente, excluído da sociedade.
– Vemos, assim, amados irmãos, como será extremamente difícil a vida de quem quiser ser fiel a Deus neste período. Não poderá comprar ou vender, o que significa afirmar, dentro de um sistema econômico globalizado, que não poderá sequer adquirir alimentos para sobreviver. Sem ter o sinal da besta, estará excluído de toda a vida social, o que hoje entendemos pelo fato da informatização crescente de todas as nossas atividades.
Por sua recusa a receber o sinal da besta, será facilmente identificado como alguém que não aceita o governo do Anticristo e, certamente, logo será delatado pelos partidários do governo e sofrerá todas as torturas e sofrimentos dos perseguidos políticos.
Quem quiser ser fiel até o fim, acabará sendo morto, pois a condição que a Bíblia coloca para que alguém alcance a salvação será a de jamais aceitar o sinal da besta, pois, quem o fizer, estará irremediavelmente perdido (cfr. Ap.14:9-11).
– Este sistema econômico será, sem sombra de dúvida, o sistema capitalista, um capitalismo que estará sensivelmente melhorado em suas distorções, já que haverá um controle central de movimentação de capitais e uma sensível redução dos custos e dos imprevistos que, hoje em dia, caracterizam a economia mundial.
Como todo sistema capitalista, teremos uma inevitável acumulação de riquezas nas mãos de uns poucos, dos grandes empresários, dos potentados econômico-financeiros, os mercadores mencionados no capítulo 18 do Apocalipse, que lamentarão a queda do sistema, precisamente porque “…se enriqueceram com a abundância de suas delícias.”(Ap.18:3).
Estes mercadores, diz o texto sagrado, “…choram e lamentam(…) porque ninguém mais compra as suas mercadorias.”(Ap.18:11). Neste sistema econômico, o máximo lucro será a única tônica, não havendo qualquer respeito seja pela dignidade, seja pela própria figura do ser humano, que estarão reduzidos a simples mercadorias (Ap.18:13 “in fine”). Nos nossos dias, notadamente aqui no Ocidente, já temos sentido o impacto da chamada “globalização” e a crescente mercantilização de todos os relacionamentos humanos (nem as igrejas escapam…). O Anticristo cristalizará este estado de coisas, que não encontrará sequer oposição, ante o cruel e rígido controle das consciências que se exercerá neste iníquo governo.
– O Anticristo estabelecerá uma “nova ordem mundial”, pois, ante a unificação da economia a partir do controle que terá sobre a superpotência da época, que é o império romano revivido, com governos próprios mas dependentes do Anticristo (ou seja, uma confederação, que outra não é senão a União Europeia), o Anticristo construirá uma forte aliança de nações que estarão sob sua liderança e influência. Fazendo uso de organismos internacionais, sobre os quais terá pleno controle, o anticristo fará com que cada pedaço deste planeta esteja sob seu domínio, direto ou indireto.
Teremos, então, um controle total do mundo nas mãos do Anticristo, que terá o poder militar, o poder político, o poder econômico e o poder religioso em suas mãos.
– Outra missão do Anticristo será a de realizar sinais e prodígios de mentira, com toda a eficácia de Satanás. Ao contrário dos outros líderes políticos que surgiram ao longo da história, o Anticristo se apresentará com poderes sobrenaturais.
Entendem alguns que seu primeiro sinal será uma suposta ressurreição (no que o fará mais semelhante ainda a Jesus Cristo), assim interpretando a passagem de Ap.13:3.
Ferida de morte, a besta, à vista de toda a humanidade (algo que era impensável durante boa parte de nossa dispensação, mas que o desenvolvimento tecnológico torna hoje plenamente possível), parecerá que o Anticristo terá ressuscitado, o que, sem dúvida, trará enorme temor a todos os povos.
Como se não bastasse este sinal, a Bíblia diz que o Anticristo fará maravilhas, demonstrará poderes sobrenaturais, que confirmarão a sua alegação de deidade e que levarão milhões a adorá-lo.
Este poder será, inclusive, exercido também pela outra besta, o Falso Profeta, que dirá o estar exercendo em nome do Anticristo e chegará, mesmo, a fazer fogo descer do céu em nome do Anticristo (cfr. Ap.13:13), o que nos leva a lembrar do episódio do monte Carmelo, quando o profeta Elias orou pedindo a Deus que fizesse cair fogo do céu, o que foi suficiente para que o povo, que até então seguia a Baal, mudasse de parecer e concordasse em entregar todos os 400 profetas de Asera e 450 profetas de Baal para que Elias os matasse (cfr. I Rs.18:36-40).
De igual modo, o povo daqueles dias, ao ver o sinal do Falso Profeta, adorarão o Anticristo sem pestanejar, considerando-o como um deus.
– O Anticristo, além de ser adorado, promoverá também a adoração ao diabo, que ocupará o lugar de Deus no seu sistema religioso. O Anticristo virá em seu próprio nome, mas, como é tributário de todo o poder, sinais e prodígios, que lhe serão entregues pelo próprio diabo (Ap.13:2). Assim, além de se fazer adorar como deus, contribuirá enormemente para que o diabo também seja adorado, fazendo mesmo com que o nome de Deus seja substituído pelo diabo.
O diabo, então, executará, através do Anticristo, o que sempre quis, qual seja, o de levar toda a humanidade a adorá-lo em lugar do Senhor.
O satanismo, pois, será uma prática estimulada e incentivada na falsa religião que será promovida pelo Anticristo. O “espírito do anticristo” tem trabalhado intensamente nos nossos dias, tanto que o satanismo tem sido, de longe, o culto que mais tem crescido, sob as mais diversas variantes, nas últimas décadas.
OBS: “…A geração da era chip e dos vídeos games têm se mostrado a geração mais violenta de todos os tempos. Porque, em cada aparentemente inofensiva fita de game, estão milhões e milhões de dólares de investimento satânico com o objetivo de apenas destruir as mentes de nossos filhos dentro de nossos próprios lares.
Além de uma escola de violência explícita, está uma escola implícita de pornografia. Lesbianismo e homossexualidade, ainda que você não veja, o que é até natural: as mensagens satânicas são subliminares, só as crianças entenderão. Infelizmente, uma coisa é certa:
o satanismo está controlando a mente de nossas crianças através das mensagens ocultas transmitidas pelos jogos de game e computador aparentemente inocentes.
O diabo não está brincando, ele que sabe que seu tempo está chegando ao fim e precisa destruir as crianças o quanto mais rápido possível, porque sabe que eles serão os jovens dos últimos dias.(…) A Disneylândia é a maior indústria do satanismo do mundo, lá tudo é sacrificado a Lúcifer.
Seus executivos trabalham 24 horas por dia com o intuito de satanizar o mundo. Esta é uma das formas que o filho da perdição tem para alistar o seu exército com milhões e milhões de fiéis.…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. O Messias está voltando. 2.ed., p.172-3).
“…Mas o Satanismo não tem como objetivo primário destruir a Igreja, mas, sim, preparar o reino do Anticristo e criar as bases para a sua ação.
Mas o grupo evangélico, constituído de cristãos verdadeiros, com discernimento e percepção do mundo espiritual, são aqueles que são um obstáculo em seu caminho.
Eles farão de tudo para se desvencilhar dos verdadeiros cristãos, de forma a cumprir os seus objetivos, e isso através da técnica de neutralização, tornando-os inoperantes, sem expressão, sem autoridade e sem poder. Muitos são os líderes evangélicos que já sucumbiram diante das estratégias, da tentação da carne, do vil metal e do poder.
O pecado mais comum que eles têm usado tem sido a prostituição, o adultério e a conduta sexual ilícita. Outros forma comprados por dinheiro oferecido por satanistas, por satanistas que, ao mesmo tempo, são políticos inescrupulosos, tendo como objetivo final destruir ministérios evangélicos sérios e de grande alcance.
Ainda outros líderes cristãos foram enfeitiçados pela fascinação e pela sedução do poder e trocaram a fidelidade, a transparência, a honestidade e a verdade por um conjunto de mentiras.…” (ITIOKA, Neuza. A noiva restaurada, p.144-5).
– A missão do Anticristo, por fim, será aumentar, multiplicar o pecado do mundo. Enquanto Jesus veio tirar o pecado do mundo (Jo.1:29), o Anticristo, o “homem do pecado”, “ o iníquo”, será o grande incentivador, estimulador e promotor do pecado em todo o mundo.
Arrastará atrás de si multidões imensas para a prática de todas as transgressões que puderem ser imaginadas. Levará os homens para a idolatria, pois quererá e conseguirá ser adorado por eles. Levará o povo à avareza, porquanto incentivará a acumulação de riquezas e a total desconsideração dos seres humanos, que serão tratados como simples mercadorias, sem qualquer dignidade. Levará o povo à prostituição e a toda espécie de impureza e perversão sexuais, pois estabelecerá uma nova ética e moral, que entenderá como preconceituosa e totalmente errada a moral estabelecida pelas Escrituras.
O aumento do pecado será tanto que, passados três anos e meio de seu governo, será atingida a medida da paciência de Deus e, a partir de então, serão mandados os juízos da ira de Deus sobre a Besta e seus seguidores (Ap.15:6-11;18:1-8).
– Antes de falarmos algo mais sobre a doutrina do anticristo, de que já tratamos no item anterior, cumpre-nos aqui falar daquele que será o principal propagador desta doutrina no mundo naqueles dias, a saber, o falso profeta, também chamado de segunda besta.
– O falso profeta não é mencionado nas profecias de Daniel, pelo menos de forma explícita, mas sua atuação e descrição encontram-se minudenciadas no livro do Apocalipse. Como dissemos, o anticristo, dentro de uma missão de mentira e confusão, terá muitas semelhanças com Jesus Cristo, daí porque ser denominado de “anticristo”, que significa “em lugar de Cristo” entre outros significados possíveis. Jesus, diz-nos as Escrituras, teve um precursor, um profeta que preparou o Seu caminho, que foi João Batista (Mt.3:1-3).
João Batista, que o próprio Jesus afirmou ter sido o maior homem que já habitou sobre a face da Terra (Lc.7:28). João Batista era profeta, ou seja, era um porta-voz de Deus, que, com eloquência e unção do Espírito de Deus, levou o povo ao arrependimento, preparando, assim, a missão salvífica de Jesus.
– O diabo, também, levantará um falso profeta, de igual eloquência e com poder de atração das massas, como foi João Batista. Esta segunda besta é, como vimos, descrita no livro do Apocalipse, no mesmo capítulo 13 que traz o perfil do anticristo.
– Em Ap.13:11, João, que estava sobre a areia do mar, viu subiu da terra uma outra besta, que tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro e que falava como o dragão. De pronto, percebemos, claramente, que esta segunda besta é, também, um ser humano, não um sistema, pois, no texto original grego, a palavra
“outra” se apresenta como sendo “allo”, que significa “outra da mesma natureza”, ou seja, ao falar sobre esta besta, diz-nos o apóstolo, que se tratava de um ser da mesma natureza da primeira besta, que há pouco havia sido vista por ele, de forma que, se o anticristo é uma pessoa, assim também será o falso profeta.
– Esta segunda besta surgiu da terra e não do mar, ou seja, ao contrário do anticristo, que terá a origem de seu poder através de um concerto das nações, através de uma aliança política, o poder do falso profeta será resultado de um movimento diferente, terá outra origem que não o cenário político internacional. Virá da terra, que, aqui, simboliza a areia do mar, ou seja, a porção seca do mar, mas que com este mar tem contacto.
João estava na praia, praia que existe como uma continuação do mar, como uma parte visível de um solo que estava antes submerso pelas águas do mar.
Isto mostra, portanto, que o falso profeta tem seu poder fora do cenário político internacional, não será um líder político, mas, na verdade, os poderes ocultos que levaram ao poder o anticristo (a areia submersa no mar) serão os mesmos poderes que, de forma visível (a areia da praia, a terra), trarão proeminência ao falso profeta.
– Nos últimos anos, temos assistido a uma grande movimentação dos diversos movimentos religiosos de todo o mundo no sentido de promoção de uma aliança para que as religiões possam interferir nos assuntos políticos e obter, através desta aliança, a paz e a segurança que o mundo tanto precisa.
Os conflitos armados surgidos após o final da Guerra Fria e o chamado “confronto de civilizações” entre o Ocidente secularizado e o Oriente místico (notadamente os países islâmicos e, até bem pouco tempo atrás, a Índia) tem gerado a convicção em muitas lideranças religiosas de que se faz necessário a intervenção dos grupos religiosos para a promoção da paz mundial. Em 2000, nas Nações Unidas, isto foi debatido e tem recebido grande apoio a ideia de criação de uma organização das religiões unidas, que seria um fórum onde as lideranças religiosas procurariam, dentro de sua área, promover os mesmos objetivos das Nações Unidas.
– Ao mesmo tempo em que isto ocorre, algumas lideranças religiosas tradicionais e de grande reconhecimento internacional, como o Papa (chefe da Igreja Católica Apostólica Romana), o Dalai-Lama (principal liderança religiosa budista do mundo), os Patriarcas de Constantinopla (chefe da Igreja Católica Ortodoxa Grega) e Moscou (chefe da Igreja Católica Ortodoxa Russa) têm tomado iniciativas frequentes de aproximação com outras religiões e credos, bem assim tentado influenciar círculos políticos e intelectuais com a idéia de que é preciso promover um diálogo inter-religioso intenso e que neutralize as divergências religiosas que sempre são utilizadas como pretexto ou combustível para a maior parte dos conflitos armados hoje existentes.
A própria Igreja Romana, desde o Concílio Vaticano (1962-1965), adotou como um de seus princípios o chamado “ecumenismo”, que tem por finalidade voltar a congregar todas as igrejas cristãs sob uma única liderança.
– O falso profeta, portanto, não será uma liderança política, já que não subiu do mar, mas será o resultado de um movimento religioso paralelo, que já se tem sido organizado pelo “espírito do anticristo” nos nossos dias e que terá como função instituir a religião mundial, a religião única que adorará o anticristo.
– O falso profeta foi visto como tendo dois chifres semelhantes aos de um cordeiro. Ora, o fato de ter a aparência de um cordeiro é a indicação de que surgirá com uma aparência de pureza, de santidade, de grande religiosidade.
O falso profeta aparecerá como um homem santo, um homem que se encaixará, perfeitamente, nas descrições religiosas de devoção, de espiritualidade elevada e de santidade. Uma das principais características das falsas religiões é se prender à aparência.
Sabendo disto, o diabo promoverá o surgimento de um homem que “será semelhante ao cordeiro”, ou seja, terá a aparência, o perfil, o comportamento exterior de um santo homem.
Entretanto, o texto bíblico que será semelhante, ou seja, não será como o cordeiro, apenas parecerá com ele.
Seu interior, porém, será iníquo, extremamente mau, pois, diz-nos o texto sagrado, que este falso profeta falará como o dragão, ou seja, no seu interior, a exemplo do que ocorre com a outra besta, este falso profeta estará totalmente dominado e envolvido pelo diabo, que será quem falará por ele. Estamos diante de um profeta, ainda que falso. Sua missão será ser o porta-voz do próprio diabo. Quando o falso profeta abrir a boca, será o próprio diabo que estará falando.
– Isto nos mostra, de modo claro, que o falso profeta terá o mesmo grau de entrega a Satanás que o anticristo. Jesus diz-nos que a boca fala do que o coração está cheio (Mt.12:34;15:11,17-19). Se o falso
profeta fala como o dragão, será porque estará cheio, impregnado do dragão, ou seja, será alguém que terá dedicado toda a sua vida a Satanás, motivo por que, assim como o anticristo, será igualmente lançado vivo no lago de fogo e enxofre ao término da Grande Tribulação (Ap.19:20).
– O trabalho do falso profeta, que é o terceiro elemento da “trindade satânica” será o de promover a adoração do anticristo pela humanidade.
À frente da liderança religiosa do mundo, o falso profeta promoverá o reencontro do poder político com o poder religioso, pois, uma vez no controle dos movimentos religiosos mundiais, fará com que todos reconheçam o poder do anticristo.
Por isso, é dito em Ap.13:12 que exercerá todo o poder da primeira besta na sua presença, ou seja, levará todas as religiões do mundo a reconhecer o anticristo como sendo um verdadeiro deus, o salvador do mundo.
Como já mostramos supra, em todos os principais movimentos religiosos do mundo há a esperança e crença na vinda de um salvador, de um representante divino e o papel do falso profeta será convencer os religiosos de seu tempo de que este homem aguardado é o anticristo.
Para tanto, terá imensa habilidade, astúcia e eloquência, já que falará como o dragão, a antiga serpente (Ap.12:9; 20:2), que é a mais astuta de todas as alimárias do campo (Gn.3:1).
– O falso profeta fará, também, sinais e maravilhas, a fim de levar o povo a adorar o anticristo. Entendem alguns que será o falso profeta quem explicará a suposta ressurreição do anticristo (cfr. Ap.13:12 “in fine”), mostrando aos homens que esta ressurreição será verdadeira e a prova de que o anticristo é um deus, um homem superior e que merece adoração.
Diz-nos, porém, a Escritura Sagrada que o falso profeta fará cair fogo do céu, o que, certamente, provocará na população a mesma reação que tiveram os israelitas no monte Carmelo, bem como aparentemente dará vida a uma imagem do anticristo, que mandará que seja construída para que todos a adorem (o que nos faz lembrar a grande estátua mandada construir por Nabucodonosor – eis a herança da religiosidade rebelde de Babilônia neste reinado do anticristo…), sinais que, juntamente com outros que são mencionados mas não enumerados, darão suporte para o estabelecimento da religião mundial de adoração ao anticristo.
– O falso profeta será uma espécie de mentor intelectual do anticristo, sendo aquele que concederá ao anticristo a orientação necessária para que ele cumpra a sua missão satânica. O texto sagrado faz-nos entender que a ideia do sinal como requisito para compra e venda será do falso profeta.
Assim como Jesus era orientado e dirigido pelo Espírito Santo (Mt.4:1), o anticristo será orientado e dirigido pelo falso profeta, que, por isso, é chamado por alguns estudiosos de o AntiEspírito Santo.
– O falso profeta será uma liderança religiosa, como vimos. Defendem alguns, entre estes os adventistas, que o falso profeta será o Papa, chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. Apesar de o Papa não ter mais o poder político de outrora, é, sem dúvida, uma importante liderança religiosa, cuja sede, aliás, fica em Roma, onde nasceu a União Europeia.
É inegável que, a partir de 1958, quando subiu ao trono papal João XXIII, os Papas têm aumentado sua influência ao redor do mundo, inclusive com as demais lideranças religiosas, sob os parâmetros traçados no Concílio Vaticano II, que estabeleceu o ecumenismo e o diálogo inter-religioso como princípios a serem seguidos pelos católicos romanos.
Entretanto, não devemos nos esquecer que, como já dissemos supra, outras lideranças religiosas têm se sobressaído no mundo (como o Dalai Lama) e, de qualquer modo, o falso profeta se imporá pela sua aparência e, dentro de um sistema de organizações inter-religiosas, qualquer um pode aparecer e surgir como sendo um homem santo e devoto pronto a trazer paz e harmonia a todas as religiões do mundo.
– Visto então quem será o principal orientador da doutrina do anticristo, podemos, agora, ainda que de forma sucinta, dizer do que consistirá esta doutrina. A exemplo do que ocorreu com Jesus que, no início de Seu ministério, apresentou Sua doutrina ao povo no sermão do monte, o anticristo apresentará os seus ensinamentos corriqueiramente, rotineiramente, pois, como já vimos, o poder de comunicação será uma das principais características suas (Dn.7:25; Ap.13:5).
– Enquanto Jesus apresentou, no limiar de seu discurso, Seu propósito de nada mudar da lei, mas sim cumpri-la (Mt.5:17), o anticristo trará como tônica de sua doutrina a mudança da lei (Dn.7:25). A lei aqui nada mais é que a Palavra de Deus (Sl.1:2; Sl.119:18; Is.8:20). O anticristo, portanto, terá como ponto
doutrinário o abandono da Palavra de Deus, a mudança de tudo aquilo que é ensinado e prescrito na Bíblia Sagrada. O anticristo transformará em discurso oficial, em prática dominante tudo aquilo que contrariar o que ensina a Bíblia Sagrada. Será a prevalência de todas as condutas que já têm sido acatadas e toleradas nos nossos dias.
– A doutrina do anticristo terá como tônica não o amor, mas a força, o poder. O anticristo mostrará a sua suposta deidade através de poder, sinais e prodígios de mentira. Assim, sua doutrina enfatizará a ideia de que o que é divino, é sobrenatural, que o que demonstra poder é o que está certo. Desta forma, a exemplo do que muitos já entendem, erroneamente, a correção e a santidade serão identificados pelos resultados, pela aparência.
Enquanto Jesus ensina que devemos observar os frutos para descobrir o que há no interior das pessoas, o anticristo defenderá a ideia de que a espiritualidade é uma espiritualidade de resultados, ou seja, de que devemos julgar pela aparência, pelos sinais, pelos prodígios, pelas maravilhas.
Assim agindo e ensinando, o anticristo, que, assim como o falso profeta, fará maravilhas e sinais diante de todos os homens, conquistarão a esmagadora maioria dos homens, que passarão a adorar o anticristo em função dos sinais e maravilhas realizados.
– A doutrina do anticristo promoverá a idolatria e a sensualidade. As práticas idolátricas dos pagãos serão restabelecidas. O anticristo será adorado, mas, a exemplo do que ocorria na Roma antiga, não será proibida a adoração a outros deuses e a outras divindades, nem muito menos cerceada qualquer prática ocultista, que, ao revés, será incentivada, pois, como sabemos, a missão do anticristo é substituir o Senhor pelo diabo como objeto de adoração.
Nesta recuperação de práticas pagãs, certamente ressurgirá a prostituição cultual e todas as práticas sexuais que acompanhavam os rituais dos antigos deuses da fertilidade, o que será considerado natural, já que, naqueles dias, a doutrina do anticristo defenderá a libertinagem sexual e a promiscuidade, vez que a moral das Escrituras Sagradas será considerada ultrapassada e negadora da própria humanidade.
– A doutrina do anticristo defenderá que o homem é o centro do universo, que todos os homens são pequenos deuses e têm condição de evoluir, a partir do instante em que seguem os exemplos dos “espíritos iluminados”, dos “espíritos mais adiantados”.
Esta idéia, que hoje é propagandeada pela Nova Era, é o cerne, a essência da doutrina do anticristo. Este “humanismo” nada mais é que o desejo que o diabo já incutiu na mente do primeiro casal(Gn.3:4,5): a falsa proposta de o homem ser igual a Deus e, nesta busca, tornar-se escravo do diabo.
O anticristo defenderá esta idéia, pois, diz-nos a Bíblia, levantar-se-á contra tudo o que se refere a Deus (II Ts.2:4). A idéia de que o homem é um pequeno deus, de que ele é quem deve determinar o que é certo ou errado, de que o Deus judaico-cristão não existe ou é mau e de que o diabo não é mau e está pronto a ajudar o homem a evoluir serão ensinamentos diabólicos que, já existentes nos nossos dias, alcançarão autoridade e capacidade de convencimento durante a Grande Tribulação.
O anticristo apresentar-se-á aos homens como o exemplo vivo de que vale a pena crer nesta doutrina, de que isto realmente dá certo e os homens serão por ele enganados e levados por ele à perdição eterna.
– A doutrina do anticristo, também, promoverá a ganância e o amor às coisas materiais. A prosperidade, o sucesso econômico-financeiro serão tidos como demonstração de evolução espiritual, como resultado de uma vida correta no caminho da evolução.
Ademais, em virtude do absoluto controle exercido sobre os homens pelo anticristo, a adoração à besta será um pré-requisito para o sucesso, para o êxito na vida secular.
Muitos buscarão o enriquecimento, até porque, num ambiente idólatra, a avareza, que nada mais é do que idolatria, prolifera naturalmente. O materialismo dos nossos dias (inclusive dentro das igrejas evangélicas, sob a capa de “teologia da prosperidade”) é uma preparação para o advento desta doutrina.
– Outro aspecto da doutrina do anticristo será o antissemitismo. O anticristo, a princípio, apresentar-se-á aos judeus como o messias e, para tanto, tomará todo o cuidado, devidamente orientado pelo falso profeta, para que seu perfil, ideias e vida sejam compatíveis com os quadros e perfis que os judeus, em sua tradição, vêm moldando para o Messias ao longo dos séculos.
Quando, porém, recusarem os judeus em adorá-lo, o anticristo convencerá todo o mundo de que Israel deve ser destruído. Para tanto, apresentará uma doutrina antissemita, que será a síntese melhorada de todas as ideias satânicas contra o povo escolhido de Deus que
se têm levantado ao longo dos séculos. A ideia de que Israel representa o motivo do atraso do desenvolvimento do mundo e é o responsável pelas guerras e pelos sofrimentos vividos pela humanidade serão a tônica pela qual o anticristo conseguirá congregar todas as nações contra Israel na batalha do Armagedom.
IV – A GUERRA ENTRE ISRAEL E MAGOGUE
– Um evento escatológico importante é da guerra que ocorrerá entre Magogue e Israel, conflito este descrito no livro do profeta Ezequiel, nos capítulos 38 e 39. Este conflito, que foi esplendidamente estudado pelo pastor e membro da Academia Brasileira Evangélica de Letras, Abraão de Almeida, em seu “best seller” Israel, Gogue e o Anticristo, fala-nos de uma guerra que será travada entre Israel e um grupo de nações que se unirá a Magogue, que pretenderá invadir a Palestina “no fim dos anos” (cfr. Ez.38:8).
– Em primeiro lugar, devemos tomar cuidado para não confundirmos este conflito descrito no livro do profeta Ezequiel com dois outros eventos distintos, a saber:
- a) a batalha do Armagedom, que é o conflito que haverá entre os exércitos do Anticristo e Israel, que ocorrerá no final da Grande Tribulação (recomendamos leitura comentários lição 9 do 4º trimestre de 2004 na seção Dicas da Semana do Portal Escola Dominical)
- b) a rebelião final de Gogue e Magogue, ou seja, o conflito que haverá entre os que se rebelarem contra o reino de Cristo, no final do milênio, que é descrita em Ap.20:7-10 (recomendamos leitura comentários lição 10 do 4º trimestre de 2004 na seção Dicas da Semana do Portal Escola Dominical)
– Isto é importante considerar porque muitos, diante do colapso da União Soviética, em 1989, puseram, indevidamente, em descrédito muitos dos estudos que foram realizados a respeito da guerra entre Israel e Magogue, seja porque a interpretação a respeito deste conflito foi relacionada à manutenção do regime comunista no planeta até aquele episódio, seja porque muitos tenham associado o regime comunista ao Anticristo (notadamente teólogos norte-americanos), duas interpretações que nada têm a ver com o vaticínio bíblico de Ezequiel 38 e 39.
– As Escrituras dizem-nos que, no final dos anos, isto é, nos últimos dias (que todos sabemos que é o período histórico que se inicia com o final da dispensação da graça e vai até o final da história, no término do milênio), “…Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal…” (Ez.38:2,3) “…conceberá um mau desígnio e dirá: Subirei contra a terra das aldeias não muradas, virei contra os que estão em repouso, que habitam seguros.
Todos eles habitam sem muro e não têm ferrolho nem portas, a fim de tomar o despojo, e de arrebatar a presa, e tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se habitam, e contra o povo que se ajuntou dentre as nações, o qual tem gado e possessões, e habita no meio da terra.” (Ez.38:10b-12).
– Percebe-se, portanto, que esta personagem que a Bíblia denomina de Gogue e que é o príncipe de Meseque e de Tubal, resolverá invadir a Palestina, que é a terra de aldeias, quando haverá uma relativa sensação de paz no meio do povo de Israel (“o povo que se ajuntou entre as nações”), buscando dominar os recursos naturais existentes na região.
– A primeira dificuldade que se tem é a identificação de quem seja Gogue. A Bíblia diz que se trata de uma pessoa, de uma autoridade, o príncipe de Meseque e de Tubal, lugares situados na terra de Magogue.
– Para que tenhamos condição de saber a que lugar o texto sagrado está se referindo, devemos verificar a relação de nações surgidas da confusão das línguas em Babel, o chamado “índice das nações”, que se encontra no capítulo 10 do livro de Gênesis.
– Lá está dito que, entre os filhos de Jafé, um dos filhos de Noé, estavam Magogue, Tubal e Meseque (Gn.10:2). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, ao comentar esta relação de nações, indica que Magogue foi o pai dos citas, povo bárbaro que vivia, na época de Josefo (século I d.C.), na região que hoje pertence à Rússia, enquanto que Tubal teria dado origem aos iberos, povo que habitou a região da Península Ibérica (Portugal e Espanha atuais) e Meseque teria sido o pai dos capadócios, povo que habitou a Capadócia, região que hoje pertence à Turquia. (Cf. JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso. v.1, p.29).
– O texto bíblico diz que Gogue é o príncipe de Tubal e de Meseque, que se encontram na terra de Magogue. Portanto, trata-se de uma autoridade que tem sua base na região que foi ocupada pelos citas na época de Josefo, ou seja, a Rússia, que é o principal país que se situa ao norte de Israel, pois a profecia bíblica de Ezequiel diz claramente que este invasor virá do norte (Ez.39:2) e, como foi muito bem demonstrado pelos estudiosos, em especial o mencionado pastor Abraão de Almeida, se traçarmos uma linha reta de Jerusalém rumo ao norte, esta linha passará por Moscou, a capital russa.
– Mas como dizer que Gogue é uma autoridade da Rússia, se, como vimos, Tubal seria a nação dos iberos e Meseque, a nação dos capadócios, duas regiões bem distantes da Rússia e que nem sequer se situam precisamente no norte de Israel (pelo menos a Península Ibérica)?
– Muitos estudiosos, inclusive, ao analisarem o fato de Gogue ser chamado de “príncipe de Tubal e de Meseque”, associam os nomes bíblicos de Tubal e de Meseque, não aos filhos de Javé, ou seja, às nações surgidas da descendências destes dois filhos de Javé, mas, sim, a nomes de lugares, pois a referência à descendência, à nacionalidade, somente se dá na expressão “terra de Magogue” e, portanto, Tubal e Meseque seriam apenas nomes de locais.
– Assim, Tubal e Meseque, em Ez.38:2, não representariam as nações surgidas de Tubal e de Meseque, mas cidades da terra de Magogue, mas cidades que, edificadas por descendentes de Magogue, fazem menção, em seus nomes, a estes irmãos de Magogue, a título de homenagem, como se vê, por exemplo, no caso de Caim, que, ao edificar uma cidade, deu a ela o nome de seu filho Enoque (Gn.4:17).
– Estas denominações proféticas destes locais, Tubal e Meseque, correspondem, nitidamente, em mais das inúmeras demonstrações da infalibilidade das Escrituras, às localidades hoje conhecidas como Tobolsk e Moscou, que, não coincidentemente, são duas das principais cidades da Rússia.
– Com efeito, Tobolsk foi fundada pelos russos em 1587, quando eles começaram a ocupar a Sibéria (nome que recebe a parte norte da Ásia e que se confunde com a própria Rússia asiática), sendo, desde então, considerada a capital histórica da Rússia asiática, o símbolo do domínio russo sobre esta parte da Ásia.
– Moscou, por sua vez, capital do principado de Moscóvia, é a capital de toda a Rússia desde a unificação dos vários principados da região, o que se deu em 1495 sob o reinado de Ivã III.
Antes, em 1453, logo após a queda de Constantinopla, Moscou fora considerada a nova capital da cristandade pelos cristãos orientais, a “terceira Roma”, o que demonstra como é antiga a pretensão dos russos de se arvorarem em estandarte da Cristandade Oriental e, assim, terem direito sobre a Terra Santa, o que, aliás, vem se intensificando desde o final da União Soviética e, ultimamente, após a subida ao poder de Valdimir Putin, atual presidente russo.
– Deste modo, percebemos, com clareza, que Gogue é o chefe da Rússia, ou seja, o governante da Rússia que, nos últimos tempos, resolverá invadir Israel.
– Os russos ainda são detentores do segundo maior arsenal nuclear do planeta e têm o segundo maior exército do mundo(só o exército chinês é mais numeroso), além de serem os maiores produtores de petróleo fora da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Sua importância é tanta que, após a queda da União Soviética, os sete países mais ricos do mundo (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália, Japão e Grã-Bretanha, que formam o G-7) não hesitaram em convidar a Rússia a integrar o grupo, que passou a ser conhecido como o G-8, grupo este que é responsável pelas decisões que influenciam a política econômica de todos os países do planeta.
– Ademais, os interesses da Rússia no Oriente Médio são evidentes e o protagonismo russo só tem se intensificado depois da chamada “Primavera Árabe”, movimento que, a partir de 2010, que derrubou uma série de governos no Oriente Médio, em especial na guerra civil da Síria, cujo governo é sustentado pelos russos. Além do mais, a aproximação entre Rússia e Irã é inegável e o Irã é, hoje, o maior inimigo de Israel.
– As Escrituras falam que Gogue, chefe de Tubal e Meseque, na terra de Magogue, invadirá Israel querendo tomar-lhe as riquezas.
Ora, vimos que Tubal e Meseque, na terra de Magogue, é a Rússia e, portanto, o que a Bíblia nos diz é que o governante da Rússia invadirá Israel, querendo tomar-lhe as riquezas. Para tanto, chefiará uma aliança de nações. Isto é o que está escrito e o fato de o comunismo ter sido extirpado da face da Terra em nada abala isto, porquanto a Rússia existia como potência antes da Revolução Comunista de 1917 e prossegue existindo como potência depois do final da União Soviética.
– O texto sagrado afirma que, quando da guerra entre Israel e Magogue, os habitantes de Israel habitarão seguros e sem muros. Sabemos que, atualmente, Israel está construindo um muro para isolá-lo dos territórios palestinos, muro este que foi, inclusive, objeto de desaprovação da Corte Internacional de Justiça. A principal exigência de Israel é ter garantias de segurança diante dos vizinhos.
Tudo indica, portanto, que, num plano de paz, esta questão deverá ser dirimida e, de algum modo, será dada segurança a Israel.
– Verdade é que ainda muito falta para que se tenha um clima de paz entre Israel e árabes, mas o fato é que os acontecimentos estão se precipitando e o texto sagrado diz que isto acontecerá. Quando se sentir que há segurança, será a hora de vir a guerra promovida por Gogue.
– Mas, além da existência de Gogue e de uma situação de segurança em Israel, o conflito entre Israel e Magogue exige que haja uma política de alianças entre a Rússia e outros países, que são identificados, na profecia de Ezequiel, como sendo, “persas e etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete, Gômer e todas as suas tropas, a casa de Togarma, da banda do norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.” (Ez.38:5,6).
– Os acontecimentos internacionais têm demonstrado uma nítida formação de uma aliança política entre a Rússia e estes países mencionados em Ezequiel.
Além da aliança existente entre Rússia e Irã, a Rússia mantém também atualmente alianças firmes com a Etiópia, tendo perdido, com a queda do regime de Muamar Khadafi, a ascendência que tinha junto a Líbia, Líbia, porém, que se encontra praticamente sem governo, o que nada impede que algum grupo que consiga proeminência tenha o apoio russo, até porque a Rússia está cada vez mais interferindo na região.
– A profecia bíblica que estes países, Irã, Etiópia e Líbia estarão com “escudo e capacete”, ou seja, a expressão bíblica indica que participarão da operação militar desencadeada pela Rússia com soldados, pois escudo e capacete são equipamentos utilizados pelos soldados, o que nos permite vislumbrar que se tentará uma guerra convencional, talvez até porque, provavelmente, Israel estará privado de armamento nuclear em virtude dos acordos de paz que vigorarem nesta época.
– A expressão bíblica, também, nos informa de que o apoio destes países, que não fazem fronteira com Israel, será com soldados que, de alguma maneira, serão transportados para a Terra Santa, o que, muito provavelmente, se dará mediante a poderosa frota naval e submarina que é possuída pelos russos ainda hoje.
– A próxima nação aliada mencionada pela profecia bíblica é Gômer, que é o filho mais velho de Jafé, irmão de Magogue (Gn.10:2), que teve três filhos, Asquenaz, Rifá e Togarma (Gn.10:3). Segundo Josefo, estes povos são os reginianos, os paflagonianos e os frígios (op.cit.v.1, p.29), ou seja, abrangem a região que hoje é a Turquia.
– A Turquia é um dos países-chave do Oriente Médio e que é dotado de peculiaridades especiais. Os turcos conquistaram toda a região do Oriente Médio ao término da Idade Média, tanto que foi a invasão e conquista turca de Constantinopla, em 1453, que pôs fim ao Império Romano do Oriente, que se constitui no marco histórico que encerrou a Idade Média.
– O Império Otomano, que se consolidou com esta conquista, foi uma das grandes potências orientais, até 1918, quando surgiu a Turquia moderna, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, pois os turcos lutaram, naquela guerra, ao lado dos alemães.
– A história do Império Otomano, que chegou a ter em seu poder boa parte da Europa Central e Europa Oriental, sempre foi uma história de beligerância seja com as potências européias ocidentais, principalmente França e Grã Bretanha, seja com a Rússia.
– A Turquia, um país majoritariamente islâmico, foi o primeiro país islâmico a se secularizar, ou seja, a instituir uma organização política desprendida da religião islâmica, o que fez com que se aproximasse do Ocidente como nenhum outro país muçulmano do Oriente Médio.
– Na Guerra Fria, os turcos acabaram se aproximando dos Estados Unidos e, inclusive, ingressaram na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental construída contra a União Soviética, apesar de suas divergências antigas com a Grécia, o que causou uma das maiores crises político-militares do Ocidente no caso de Chipre, onde defendeu e chegou a ocupar a parte daquela ilha que é formada por maioria turca.
– Apesar de sua aliança com os Estados Unidos, a Turquia chegou a resistir aos americanos na guerra contra o Iraque e passou a se distanciar de Israel depois da subida ao poder do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, sob o comando de Tayyip Erdogan, atual presidente do pais, está a introduzir uma forte islamização do país, tendo como objetivo a restauração do “califado islâmico”, ou seja, do papel de Estado muçulmano existente durante o Império Otomano.
– Apesar de as relações entre Rússia e Turquia estarem atualmente estremecidas, o fato é que a Bíblia afirma que a Turquia se aliará à Rússia, circunstância que ainda não existe. Entretanto, diante do nítido enfraquecimento das relações entre Turquia e Estados Unidos, pelo apoio dos norte-americanos aos curdos (os curdos são um povo que pretende a sua independência e cuja parte principal do território que reclamam se situa precisamente na Turquia), bem como pela recusa da entrada da Turquia na União Europeia, a Rússia será o caminho natural para a Turquia nas suas relações internacionais.
– A aliança entre Rússia e Turquia será fundamental, pois, para ter acesso ao Oriente Médio, eventuais tropas russas deverão atravessar, necessariamente, a Turquia, como, aliás, ocorreu com as tropas americanas que combateram no Iraque. Somente após a autorização turca para o uso de bases militares da OTAN pelos americanos, puderam os americanos consolidar o ataque ao Iraque na última guerra.
– Como podemos, pois, observar, os movimentos da política internacional, apesar da derrocada do comunismo, continuam sinalizando para um estado de aliança político-militar entre a Rússia e as nações que a profecia bíblica indica serem aquelas que auxiliarão na frustrada invasão da Palestina, na guerra que será promovida por Gogue, príncipe de Tubal e de Meseque, na terra de Magogue, contra o povo de Israel.
– A profecia bíblica indica que a guerra entre Israel e Magogue se dará “ no final dos anos”, o que, como já salientamos, diz respeito ao período escatológico, às últimas coisas.
– A Bíblia relata que se estará uma época de paz na Palestina, ou seja, de uma pretensa paz, o que nos permite dizer que esta guerra se dará ou no período imediatamente anterior ao início da Grande Tribulação ou, mesmo, já no limiar da Grande Tribulação.
– Na profecia das setenta semanas de Daniel, é dito que, após a retirada do Messias, haveria a destruição da cidade e do santuário, bem assim “…e até o fim haverá guerra e estão determinadas assolações” (Dn.9:26).
– Esta descrição do profeta se dá entre a retirada do Messias, que pôs fim à sexagésima nona semana, e antes do anúncio do pacto entre o Anticristo e Israel na última semana. Portanto, a existência de guerras em Jerusalém e a vinda de assolações sobre os que nestas guerras estarão envolvidos é uma característica do período em que o “relógio de Israel está parado”, ou seja, desde o início da dispensação da graça até o instante em que o Anticristo celebrar o seu acordo de paz com o povo de Israel.
– A guerra predita em Ezequiel 38 e 39 é uma das guerras deste período e toda a profecia demonstra que Deus usará esta guerra para levar a juízo estas nações que têm uma longa história de perseguição e de luta contra o povo judeu.
– Por isso, vê-se, claramente, que a guerra entre Israel e Magogue se encontra inserida no instante histórico em que Deus estará fazendo um acerto de contas com os inimigos de Israel, mostrando ao mundo que é o Deus de Israel e que Israel é Seu povo escolhido.
– Desta forma, cremos que esta guerra ocorrerá no limiar da Grande Tribulação, que é o instante determinado por Deus para este ajuste de contas, quando o relógio do tempo volta a correr em relação a Israel, o que somente se dará após o arrebatamento da Igreja.
– Mas por que a Rússia iria atacar Israel, principalmente agora que não mais é uma superpotência mundial e, como tal, não há mais o plano de dominação completa do mundo, como havia na Guerra Fria?
– Dentro das modificações que ocorrerão no final da dispensação da graça no cenário político internacional, a Rússia ficará em situação extremamente difícil.
Com efeito, premida, de um lado, pelo fortalecimento da União Europeia, que a esta altura da história terá consolidado sua supremacia e estará pronta para entregar o poderio ao Anticristo e, de outro, sem força no Oriente Médio, que alcançará a paz tão desejada na Palestina, o que se fará mediante a intermediação da própria União Europeia, que, logicamente, em troca desta intermediação, obterá condições altamente favoráveis no que concerne aos recursos naturais da região(em especial, o petróleo), Gogue não terá outra alternativa senão recorrer à guerra para se suprir dos recursos naturais formidáveis daquela região, a começar do petróleo, cujo controle será absolutamente necessário, mormente porque já se estará num período de grande escassez das reservas petrolíferas do mundo.
– Não nos esqueçamos de que toda guerra tem, na motivação econômica, um dos seus principais fatores, como, aliás, é evidente na atual política levada a efeito pelos Estados Unidos no Iraque.
– A Bíblia é clara ao anunciar que a motivação primordial de Gogue são os recursos da Palestina, pois, como diz o profeta Ezequiel, a guerra será feita “… a fim de tomar o despojo e de arrebatar a presa(…) contra o povo que tem gado e possessões, e habita no meio da terra” (Ez.38:12).
– É dito, ainda, na profecia que Sebá, Dedã e os mercadores de Társis e todos os seus povoados (é este o significado do termo “leõezinhos” em Ez.38:13) dirão a Gogue: “ Vens tu para tomar o despojo ? Ajuntaste o teu bando para arrebatar a presa ? para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e as possessões para saquear grande despojo ?” (Ez.38:13).
– Ora, “Sebá, Dedã e os mercadores de Társis” é uma expressão bíblica que indica não só os povos aliados de Gogue (Sebá e Dedã estão associados a Cusi ou Cuxe, ou seja, aos etíopes – Gn.10:7, I Cr.1:9 , comerciantes ativos no Oriente – Ez.27:15,20), como também os árabes (os mercadores de Társis tanto são associados aos comerciantes do norte da África, às colônias fenícias fundadas ao longo do Mar Mediterrâneo quanto às tribos árabes nômades com suas famosas caravanas no tempo do profeta e que só deixaram o nomadismo com o surgimento de Maomé), a indicar, claramente, que o interesse de Gogue será, sobretudo, econômico nesta invasão.
– Sabemos que a economia russa é extremamente dependente do exterior e dos seus recursos minerais, tanto que foi esta uma principais causas da derrocada do regime comunista e das crises vividas após o fim da União Soviética até o presente.
– Vivendo um regime ditatorial e se vendo sem condições de subsistir dentro de concessões favoráveis na região do Oriente Médio, não restará a Gogue senão recorrer à guerra, animado até pelo plano de paz do Oriente Médio, para tentar impor pela força um estado favorável à sua economia, exatamente como fizeram os Estados Unidos ao ocuparem o Iraque.
– Como bem salientou o pastor Abraão de Almeida em seu “Israel, Gogue e o Anticristo”:“ Por que a Rússia invadiria Israel ? Não é difícil responder a esta pergunta.(…)A Rússia não desconhece, também, as potencialidades econômicas que representam o petróleo palestino e outros produtos minerais de inestimável valor para a indústria química.” (5.ed.atualiz., p.114).
– Além deste objetivo econômico, a conquista da Palestina representará para a Rússia, a esta época, a única alternativa para fazer frente ao crescimento vertiginoso da União Europeia, o Império Romano restaurado, pois, assim, não só terá um papel proeminente no chamado “centro do mundo”, como também, até do ponto-de-vista religioso, poderá impor na região uma supremacia cristã ortodoxa.
– Não nos esqueçamos de que, depois da derrocada do comunismo, a Igreja Ortodoxa Russa readquiriu um lugar de destaque na Rússia, que só tem aumentado desde então. Como afirmou, em entrevista ao jornalista italiano Pierlucca Azzaro, o reitor da Universidade Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Antaloiy Turkonov, “…Na Rússia, a Igreja cristã-ortodoxa e a diplomacia governamental têm uma relação forte, e essa relação faz com que a ação diplomática seja marcada por uma maior moralidade, que supera o pragmatismo e as lógicas de poder.
Já é praxe comum que os líderes da diplomacia da Federação Russa frequentem o patriarcado. Essa é também a chave de leitura da recente visita do patriarca Aléxis II ao nosso Ministério das Relações Exteriores.
O patriarca nos alertou para o perigo particularmente insidioso implícito nas ilações sobre o presumido conflito global de civilizações, entre o mundo muçulmano e o mundo cristão. Na realidade, trata-se de um conflito em que estão interessados apenas círculos restritos de radicais, de um lado, e de forças que buscam especular sobre esse conflito, de outro.
A Igreja Ortodoxa russa, com sua experiência multissecular de colaboração entre os cristãos ortodoxos e o mundo muçulmano, quer dar sua grande contribuição, no mínimo preciosa, para afastar a hipótese desse conflito de civilizações, pregando a tolerância e assumindo o compromisso de educar as jovens gerações para o respeito da pessoa e para o valor supremo da vida humana.…” (30Dias. O novo primado da política externa.(28 set.2004) http://www.google.com/search?q=cache:YR4DzYXjX-kJ:www.30giorni.it/br/articolo.asp%3Fid%3D3905+%22patriarca+de+Moscou%22&hl=pt-BR Acesso em 24 nov.2004).
– A Igreja Ortodoxa Russa, aliás, tem sido extremamente resistente ao movimento ecumênico desenvolvido pelo Vaticano, tendo, inclusive, ameaçado de se retirar do Conselho Mundial das Igrejas mais de uma vez. Vemos, portanto, que a derrota de Gogue representará, também, o desaparecimento do único foco de resistência ao ecumenismo no chamado “cristianismo apóstata”, qual seja, o do ramo ortodoxo alinhado à Igreja Ortodoxa Russa, deixando o caminho aberto para o trabalho do Falso Profeta.
– Como se não bastasse isso, temos que a guerra entre Israel e Magogue tem dois efeitos que têm tudo a ver com o programa bíblico previsto para a ascensão ao poder do Anticristo, através do Império Romano restaurado. Senão vejamos.
– Com a guerra, Magogue será fragorosamente derrotado, assim como seus aliados. A derrota militar, conforme é descrito na Bíblia, será acachapante, porque será desencadeada por uma intervenção divina, o que surpreenderá o mundo e deixará todas as nações boquiabertas.
– Não é de se admirar que isto ocorra, pois não foi outra coisa o que aconteceu na chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel, de forma verdadeiramente sobrenatural, derrotou os árabes e conquistou os territórios que nunca mais lhe foram tomados, seja porque hoje os mantêm em seu poder (Faixa de Gaza, Cisjordânia, colinas de Gola e Jerusalém), seja porque os devolveu espontaneamente por força de acordo de paz (a Península do Sinai, devolvida ao Egito em 1977).
– Esta intervenção divina, também, faz-nos entender até uma inexplicável falta de menção na Bíblia de uma reação dos muçulmanos ao desaparecimento do complexo de Al-Acsa, que é necessário para que ressurja e seja mentido o templo de Jerusalém.
– Gogue e Magogue são mencionados no Corão como sendo um povo perigoso, violento, sobre o qual um servo de Deus construiu uma muralha para impedi-lo de se chegar até os fiéis (18:83-98). No entanto, segundo o texto sagrado dos muçulmanos, nos últimos dias, Deus permitirá que a muralha seja transposta e que muitos infiéis sejam destruídos (21:96).
Assim, os muçulmanos interpretarão a derrota de Gogue como sendo esta vingança divina vaticinada no Corão e, assim, de alguma maneira, aceitarão a vitória militar israelita como o cumprimento da vontade de Alá, até porque os russos não são muçulmanos e, portanto, aos olhos dos árabes, infiéis, destinados ao castigo divino.
– Diante desta vitória militar indiscutível, Israel sairá extremamente fortalecido no cenário político internacional, o que lhe dará forças para assinar um tratado de paz com a potência que, então, estará governada pelo Anticristo.
É importante observar que uma potência só sela um tratado com outro país, de igual para igual, quando este outro país demonstra força e a vitória militar de Israel sobre a Rússia e seus aliados será uma grande demonstração de força, que impedirá qualquer reação por parte dos países vizinhos, que, aliás, não terão participado da peleja, pois já estarão compromissados com uma paz com Israel (quem sabe até patrocinada pelo Anticristo).
– Assim, esta guerra tem uma consequência inevitável: o fortalecimento de Israel e a criação das condições para que mantenha um templo em Jerusalém e restabeleça o seu culto, bem como tenha uma existência independente do sistema econômico da besta, pelo menos em termos de combustível (cfr. Ez.39:9,10), sem que o Anticristo possa, de imediato, se opor a isto, diante do quadro político surgido da vitória militar.
– O segundo efeito é a própria derrota militar da Rússia e de seus aliados. A derrota na guerra contra Israel enfraquecerá a Rússia de tal sorte que, somente assim, poderá o Anticristo impor as suas condições sobre ela. A Rússia é o maior temor da União Europeia, que não tem meios para enfrentar o “grande urso” (assim é chamada a Rússia). Entretanto, ante a derrota militar que sofrerá, a Rússia perderá todo o seu poderio militar e terá de se submeter ao poderio do Anticristo.
– Assim, esta guerra tem uma segunda consequência inevitável: o enfraquecimento da Rússia e a sua retirada do caminho do Anticristo para a instituição de um governo mundial.
– Por isso, ainda que se apresente improvável nos dias atuais (se bem que não tão improvável assim…), o fato é que haverá uma invasão russa na Palestina que estará desfrutando de uma momentânea paz, a fim de que se criem as condições para que Israel desponte no cenário político internacional como uma nação respeitada do ponto-de-vista militar e para que a Rússia deixe de ser uma potência cujo poderio político-militar possa fazer frente à União Europeia.
– A guerra entre Israel e Magogue, portanto, é um evento escatológico importante, do início da Grande Tribulação, que será um dos principais fatores ao nascimento do pacto entre o Anticristo e Israel, no início da última semana de Daniel.
– Desta forma, os movimentos políticos e militares da Rússia devem ser alvo da atenção da Igreja, pois a Rússia se constitui numa das importantes árvores para as quais devemos olhar e que nos mostram nitidamente que a nossa redenção está próxima.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco