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    Jovens – Lição 3 – A Realidade Bíblica do Pecado

    Introdução

    Uma das características do cristianismo é o ensino de que o homem possui uma forte tendência a rejeitar o que é bom e praticar o que é mau. Tal prática desagrada e ofende a Deus, pois Ele nos criou para que fizéssemos o que é certo e justo.

    Essa prática do que é mau chamamos de pecado, algo que faz com que nos afastemos de Deus e sejamos condenados a uma existência de conflitos com aqueles que nos cercam e com aquEle que nos criou nesta vida, e ao inferno, na eternidade.

    I – O que É o Pecado

    1. Conceitos extrabíblicos sobre o pecado

    Uma das características do pecado é o obscurecimento do entendimento humano. Isso significa que qualquer coisa que lhe seja dita e que corresponda a uma reprovação por seus atos errados, poderá ser intelectualmente rechaçada por um coração orgulhoso.

    Há uma corrente de pensamento que defende ser o pecado um mecanismo de opressão de um grupo de pessoas por outro, de tal forma que, se os oprimidos estiverem livres dessa opressão, não cometerão o pecado. Para essa vertente, a pecaminosidade humana existe, mas é fruto de um produto da sociedade.

    Outra corrente ensina que ações como a violência e o desajuste sexual não têm uma origem espiritual, e sim material, pois se o homem é fruto de uma evolução, esses elementos são traços de características animais passadas geneticamente.

    Para outros pensadores, o pecado é uma ilusão a ser combatida por meio intelectual, pois para eles, se Deus não existe, logo, a ideia do pecado, que é uma afronta contra esse Deus, também não deveria existir.

    Na prática, a sociedade dos nossos dias rejeita a ideia da existência do pecado como um mal que aflige a humanidade e que deve ser combatido; dessa forma, atribui a ele mera percepção religiosa ou filosófica, não sendo, portanto, algo que deva fazer parte das preocupações dos homens.

    Tudo isso são evidências de que o pecado tem o poder de afetar o intelecto e as ações humanas, distorcendo a capacidade de entender e aceitar as coisas espirituais.

    2. O conceito bíblico sobre o pecado

    A Bíblia descreve o pecado como um ato de rebeldia contra Deus. Segundo o Dicionário Wycliffe, (2002, p. 1485), “pecado não é somente alguma coisa contrária ao que Deus disse que o homem não deveria fazer, mas é também algo contrário ao que Deus não quer que o homem faça, com base nos princípios revelados”.

    A expressão mais utilizada para definir o pecado é “errar o alvo”, ou seja, ter na sua frente um objeto e não conseguir acertá-lo, como se uma pessoa que tivesse em mãos um arco e uma flecha, ou mesmo uma funda, e não conseguisse atingir o alvo à sua frente, ou porque este estava em movimento, ou porque quem atirou a flecha ou a pedra não mirou de forma correta.

    Se você alguma vez já praticou algum esporte ou participou de alguma atividade recreativa cujo objetivo era acertar objetos em um ponto fixo, sabe do que estou falando.

    É um feito atirar e acertar uma bola de papel em um cesto de lixo de 20 centímetros de raio a uma distância de 3 metros.

    A bolinha de papel é leve e facilmente perde a força com que foi lançada por causa da resistência do ar.

    Se tentar fazer isso com outro objeto mais pesado, pode ter uma possibilidade de acerto maior, mas se errar, terá a mesma frustração. Se o alvo não for acertado, a tentativa é frustrada.

    Mas o pecado traz também a definição de se esquecer de Deus, e isso é tão danoso quanto errar o alvo.

    Adão e Eva até se lembraram das orientações de Deus para que não comessem do fruto, mas rapidamente se deixaram levar por outro discurso.

    Eles simplesmente se esqueceram de Deus, da sua presença, do fato de que os havia criado e que Ele sempre vinha conversar com o casal na viração do dia. Quando nos esquecemos de Deus e transgredimos a sua lei, nos colocamos contra Ele e seus mandamentos.

    Davi exemplifica muito bem o fato de que os escritores sagrados tinham consciência da existência do pecado: “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51.3).

    Ele se esqueceu de Deus quando esteve com Bate-Seba e quando ordenou a morte do marido dela, mas via diante de si as consequências do seu pecado.

    3. A origem do pecado

    É natural que queiramos saber como as coisas surgiram, desde objetos a grandes ideias. Nosso mundo foi criado por Deus, e nós também.

    Ocorre que uma de suas criaturas, Satanás, mesmo dotado de proximidade da glória de Deus, decidiu que seria semelhante ao Altíssimo, e por isso foi retirado de sua condição de perfeição, tornando-se a fonte de todo o mal.

    O profeta Ezequiel, falando acerca do rei de Tiro, profecia também atribuída a Satanás, diz que “perfeito eras em teus caminhos, desde o dia em que fostes criado, até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28.15). Esse verso nos mostra duas coisas:

    Satanás não é um deus, embora se ache um; e o pecado pode corromper até a mais perfeita criatura.

    Satanás, uma vez privado de sua glória por causa de sua rebeldia, se dirige para transmitir seu mal a outras duas criaturas que foram feitas por Deus, o homem e a mulher. Estes foram feitos à imagem de Deus, mas estavam sujeitos ao mal, pois não eram refratários ao pecado.

    Eles deveriam depender de Deus o tempo todo para que não pecassem, e justamente em um momento em que se esqueceram de Deus, foram fisgados pelo discurso de Satanás, pecaram contra o Eterno e foram julgados por essa desobediência.

    A partir daí, surgiram todas as desgraças que acometem a humanidade desde mentiras, assassinatos, acusações, guerras, desrespeito entre os casais, até morte. O pecado provém de Satanás, o pai da mentira, que peca e mente desde o princípio (Jo 8.44).

    4. O pecado original: uma análise bíblica

    A teologia cristã se vale de certos termos para apresentar conceitos gerais. Dentre esses termos utilizados está o chamado “pecado original”. Ele é utilizado para representar o início do pecado na raça humana.

    II – As Consequências do Pecado

    1. O homem foi criado bom

    Segundo as Escrituras, o ser humano foi criado perfeito, sem pecado. Chamamos isso de estado de inocência, no qual o homem e a mulher não tinham a consciência do mal. Eclesiastes 7.29 diz que “Deus fez o homem reto […]”.

    Mas mesmo tendo sido criado sem imperfeição alguma, o homem cedeu à tentação ofertada por Satanás e consumou seu pecado. A partir de sua desobediência a Deus, dando ouvidos à proposta de Satanás, o homem passou a ser mau.

    Observe que o homem usou da liberdade que tinha para desobedecer a Deus: Gênesis 3 nos conta que Satanás não obrigou o casal a comer do fruto que Deus lhes havia vedado, entretanto Adão e Eva, convencidos por Satanás, comeram da árvore.

    2. Degradação da raça humana

    A humanidade pode até negar a existência do pecado, mas não pode negar a consciência de que estão errados quando cometem um pecado. Gênesis 3.7 diz: “Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus […]”. O pecado tira a inocência do ser humano.

    Em vez de dar consciência ao homem, ou mais inteligência e sabedoria, o pecado degenera o pensamento, as relações sociais e obscurece a imagem de Deus no ser humano.

    Se eles buscaram ser parecidos com Deus, conhecedores do bem e do mal, logo perceberam que a decisão que tomaram, incitados por Satanás, lhes mostrou que o mal que desconheciam agora os dominava.

    Não conheceriam a diferença entre o bem e o mal como meros observadores, isentos de serem alcançados pela maldade.

    Eles levariam dentro de si aquela moléstia, e seus descendentes também. Os homens se tornaram violentos, gananciosos, assassinos, desrespeitosos de compromissos, doentes e insatisfeitos com o que possuíam. Criaram deuses para si e o adoraram, e nesses cultos degradaram a imagem e semelhança que tinham de Deus em si.

    3. Degradação do mundo em que vivemos

    É curioso perceber que o pecado afetou não somente a humanidade, mas igualmente o mundo em que ela vive. Questões como alterações climáticas, poluição, alterações na produtividade dos alimentos tem sua origem nos efeitos do pecado. O apóstolo Paulo nos diz que a criação aguarda ser redimida (Rm 8.23). E por qual motivo? Os problemas ambientais que vemos hoje são oriundos da pecaminosidade humana, seja por força de ações, seja por omissões.

    O descaso com o ambiente em que vivemos nos mostra o quanto nos afastamos de Deus, buscando usufruir da sua criação sem a devida responsabilidade ou senso de preservação.

    Mesmo a Terra Prometida por Deus a Moisés e ao povo foi alvo desse descaso. A Lei de Moisés designava que a terra deveria descansar no sétimo ano, após ter sido lavrada e as colheitas realizadas.

    Esse descanso era “um sábado ao Senhor” (Lv 25.4), mas os hebreus, desprezando esse mandamento, fizeram o possível para gastar o ciclo reprodutivo da terra, numa grave violação à lei do Eterno.

    Se antes eram escravos, e pela bondade de Deus, livres e donos de uma terra considerada pelo Criador como muito boa, agora se mostravam irresponsáveis com as orientações de Deus.

    Décadas se passariam até que os hebreus se reagrupassem e voltassem para restaurar a terra que eles mesmos haviam deteriorado. O preço do descaso para com as orientações de Deus no tocante ao meio ambiente lhes custou caro.

    4. Pecados de maior gravidade

    A palavra de Deus mostra que qualquer ação que ofenda a Deus é pecado. Possuir um olhar arrogante é tão pecaminoso quanto semear contenda entre seus irmãos (Pv 6.16-19).

    Ao que nos parece, há uma gradação na prática de pecados, e sem dúvida há pecados que possuem um poder destrutivo maior para quem o comete e para as pessoas que estão em seu entorno.

    Pecados de maior gravidade não se iniciam do nada. Eles tendem a ser a soma de pequenos outros pecados, e que vão “subindo” numa hierarquia maligna até se tornarem grandes pecados contra Deus e contra o ser humano.

    III – Consequências para quem Comete o Pecado

    1. As mortes física e espiritual

    Após criar o homem e colocá-lo no Éden, Deus advertiu que ele não comesse do fruto gerado pela árvore do conhecimento do bem e do mal, para que não morresse.

    Por ter dado mais ouvidos ao que Satanás lhes disse, e tendo desobedecido a Deus, homem e mulher se sujeitaram à morte, o fim da existência física.

    Não somente isso, mas todos os filhos de Adão e Eva herdaram a pecaminosidade de seus pais e a morte que os levou. Há aqui o que a teologia cristã chama de solidariedade.

    A partir de Adão, o pecado e a morte como consequência foram transmitidos aos seus descendentes. “Pelo que, por um homem, entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).

    Portanto, para a teologia cristã, solidariedade não é o ato de partilhar coisas com outras pessoas, de ser generoso, e sim a consequência que herdamos de nossos primeiros pais, Adão e Eva, de pecar e de morrer como resultado de nossas ações pecaminosas.

    Segundo a Carta aos Hebreus, “[…] aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27).

    Na morte, o ser humano tem as suas conexões com este mundo cessadas. Com a quebra da comunhão com Deus, vem também a morte espiritual, a separação entre o homem e Deus. Essa é a segunda grande consequência do pecado. Primeiro cessa-se a comunhão com Deus, e depois, cessa-se a vida.

    2. A perdição eterna

    A perdição eterna se dá após a morte física. Finda a existência do ser humano, resta-lhe uma eternidade com ou sem Deus. A perdição eterna é justamente a consequência de quem se esqueceu de Deus nesta vida, que não se arrependeu de seus pecados e não aceitou a mensagem do evangelho trazida por Jesus Cristo.

    Conclusão

    Diante de tudo o que vimos, não podemos considerar o pecado como algo neutro, como uma teoria humana que tenta justificar um comportamento o errado, ou como uma simples ideia religiosa que busca destacar a propensão humana às falhas de caráter.

    O pecado é uma ação ou comportamento que desagrada a Deus, que nasce no coração do homem e se estende às suas relações sociais e ambientais.

    O pecado contamina o homem, deturpa a imagem de Deus no ser humano e destrói a sua existência de diversas formas. Por causa de sua gravidade, era necessário que Deus provesse um meio pelo qual o homem pudesse ser salvo e voltasse a ter a comunhão que tinha com Ele. Sobre isso, falaremos acerca da salvação ofertada por Deus em Jesus.

    Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

    Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: COELHO, Alexandre. O Padrão Bíblico Para a Vida Cristã: Caminhando Segundo os Ensinos das Sagradas Escrituras. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

    Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2024/04/15/licao-3-a-realidade-biblica-do-pecado/