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Credo apostólico, meramente palavras ?

O-Poder-da-Fe-II

Devemos compreender o que estamos expressando ao professarmos a nossa fé, pois a fé não deve ser uma fé sem lógica, boba ou cega; enganam-se os que assim pensam.

De acordo com a Bíblia fé não é um “envolvimento cego, irracional”, sem conhecimento daquilo que se está crendo, (Os. 6:3), não é sem razão que a Bíblia declara que o povo de Deus é destruído por falta de conhecimento (Os.4:3).

Uma coisa é um equilibrista que estendeu um cabo de aço de um pico de monte alto ao outro, e você já o viu atravessar por ele por 99 vezes, e então te pergunta o equilibrista: “Acredita que eu possa passar por aquele cabo pela centésima vez? Você responder sim!

Outra coisa é alguém que está ali, e que nunca fez isso, se empolgar em querer fazer o mesmo e você acreditar plenamente que ele conseguira fazer isso. Isto não é fé.

O que é fé então?

Para responder essa pergunta de maneira compreensiva é necessário usarmos três palavras latinas que os teólogos da igreja cristã ortodoxa usaram, para expressar a fé salvífica. São elas: notitia, assensus e fidúcia.

Fé Notitia

É o primeiro elemento da fé é uma fé como notícia como ouvir dizer, ouvir falar. Aqueles dois discípulos que estavam a caminho de Emaús, ouviram dizer pelas mulheres e depois, por outros que foram ao sepulcro, que Jesus havia ressuscitado (Lc. 24:21-24), mas não foi suficiente para mantê-los em Jerusalém como Jesus havia ordenado (Lc. 24:13), ou para a judéia, onde os encontraria depois de ressurreto (Mt. 28:7).

Fé Assensus

É o segundo elemento da fé é uma fé em que ela assenta em sua razão é uma fé de reconhecimento. De alguma maneira quando Jesus conversa com estes mesmos dois discípulos a caminho de Emaus, Ele (Jesus Cristo), lhes abriu as escrituras começando por Moisés e passando por todos os profetas, de modo que, ardia em seus corações (assensus, reconhecimento que tudo que estava na lei e nos profetas a respeito de Jesus Cristo teria e terá que se cumprir) quando Jesus lhes falava (Lc. 24:32).

Fé Fidúcia

É o terceiro elemento da fé salvífica é uma fé com compromisso, com envolvimento, com confiança. No capítulo 24 do evangelho de Lucas versículos 33-35 vemos a expressão:

“E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, Os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor e já apareceu a Simão, e lhes contaram o que lhes aconteceram no caminho e como deles foi conhecido no partir do pão”.

Esta é a fé que salva, uma fé que embora já sendo noite (havia toda uma dificuldade para se fazer alguma obra a noite (Jo. 9:4), pois naquele tempo não se tinha as ruas iluminadas como temos hoje, pois o próprio Senhor Jesus disse:

“…Não são doze as horas do dia? Se alguém caminhar de dia, não tropeça, vê a luz deste mundo), ele não mediram esforços para voltarem na mesma hora, aqueles 12 quilômetros, ate Jerusalém tendo agora uma fé não somente de ouvir falar (noticia), de reconhecimento (assensus), mas uma fé de envolvimento de confiança (fidúcia).

Fé só de ouvir falar (notícia), não pode salvar; fé só de reconhecimento (assensus), de reconhecer o poder de Deus, não pode salvar, o apostolo São Tiago diz que até os demônios creem em Deus e estremecem (Tg.2:19).

Não são poucos os que não entendem a pergunta:

 “Você crê na Igreja?”,

“na Igreja” no primeiro sentido, deve ser negativa. Rigorosamente falando a Igreja não é objeto de fé.

O objeto único de fé bíblica, da fé entendida como confiança total, como entrega incondicional, só pode ser Deus. Uma tal entrega a algo ou alguém que não seja Deus, leva, em última instância à escravidão mais radical do homem.

Quando o homem se entrega a uma criatura dando-lhe o amor absoluto que só se pode dar a Deus, como no caso do pecado “mortal”, essa entrega traz consigo a morte, do homem naquilo que constitui sua finalidade última: a comunhão com Deus.

Por esta razão, porque a forma “credere in”, rigorosamente falando só se pode aplicar nos símbolos de fé mais antigos, ela é reservada para a Pessoas da SS. Trindade:

“Eu creio em Deus”. “Eu creio em Jesus Cristo”, “eu creio no (= em o) Espírito Santo”. Quando se referem à Igreja os símbolos de fé não dizem:

“Eu creio na Igreja” (“credo in Icclesiam”), mas “Eu creio a Igreja” (“credo Icclesiam”), isto é, creio na existência da Igreja.

Veja como santo Agostinho difere:

  • credere Deum (crer na existência de Deus; e pode crer na existência de qualquer pessoa ou coisa).
  • credere Deo ( crer na autoridade de Deus; e pode-se crer também na autoridade de qualquer outra pessoa).
  • credere in Deum (crer em Deus).” ( https://books.google.com.br/books?id=WUoyBZiWSWIC&lpg=PA69&ots=yhTgmVgtd5&dq=credere%20in%20so%20para%20Deus&hl=pt-BR&pg=PA71#v=onepage&q=credere%20in%20so%20para%20Deus&f=true. Acesso em: 05/janeiro/2016).

Podemos concluir então que:

– credere Deum (crer na existência de Deus; e pode crer na existência de qualquer pessoa ou coisa), fé como notícia – notitia.

– credere Deo (crer na autoridade de Deus; e pode-se crer também na autoridade de outra pessoa), fé como reconhecimento – assensus.

– credere in Deum ( crer em Deus), crer com confiança total, sem reservas, com amor incondicional  – fidúcia.

Logo então, só se pode afirmar “CREDERE IN DEUM” quando se tratar de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Quando se fala o credo apostólico, que está em latim se diz:

“Creio in Deum Pai,

 Creio in Deum Filho

Creio in Deum Espírito Santo”.

Mas quando vai falar da Igreja fala-se:

“Credere Icclesian” (não tem “in Icclesian”).

Logo entendem-se ser errado pronunciar:

“Credere in pastor”, “credere in papa”, “credere in Pedro”, “credere in Maria”, “credere in Icclesiam”; você pode dizer “credere (creio) pastor”, “credere papa”, “credere Pedro”, “credere Maria” , “credere Icclesian”. Até mesmo o catolicismo, teologicamente, tem atentado para isso.

Porque todas as vezes que alguém dizer: “CREDERE IN”, a não ser ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, cai no pecado da idolatria e os idólatras não herdarão o Reino de Deus (1 Co.6:10; Gl. 5:19,20; Ap.22:15).

Deus vos abençoe.

De seu conservo, 

Adauto Matos.


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