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LIÇÃO Nº 4 – PASTORES E DIÁCONOS

Os líderes nas igrejas locais precisam ser devidamente qualificados.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo da Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, estudaremos o seu terceiro capítulo, que trata das qualificações para o ministério, tanto do presbitério quanto do diaconato.

– Para alguém ser separado para o ministério, precisa preencher requisitos que são dados pela Bíblia Sagrada.

I – AS QUALIFICAÇÕES PARA O EPISCOPADO  

– Na continuidade do estudo da Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, hoje estudaremos o seu terceiro capítulo, onde o apóstolo dá orientações ao Timóteo quanto à seleção de lideranças para a igreja local.

– As igrejas locais, desde os tempos primitivos, possuíam uma liderança, porquanto é necessário que haja um governo, visto que nosso Deus não é Deus de confusão mas, sim, de paz, paz que deve existir em todas as igrejas dos santos (I Co.14:33).

– Para que haja paz, é preciso que se tenha ordem, que se tenha um governo. Sabemos que a Igreja tem como cabeça a Jesus Cristo (Ef.1:22; 5:23), mas, sendo a Igreja um corpo (I Co.12:27), é necessário que se tenha uma coordenação de todos os membros e, assim como no corpo humano, não é apenas o cérebro que dá conta desta coordenação e organização do corpo, também não é só Cristo Jesus quem executa o governo da igreja, notadamente das igrejas locais que, como grupos sociais que são, precisam ter ministros do Senhor Jesus para tudo bem organizar.

– Devendo administrar corretamente a igreja em Éfeso, Timóteo deveria receber orientações do apóstolo Paulo a respeito de quem poderia exercer posições de liderança naquela igreja, expediente que também deveria ser seguido por Tito, a quem o apóstolo havia incumbido de estabelecer lideranças nas igrejas locais de Creta (Tt.1:5).

Entende-se, portanto, porque, tanto a Timóteo, quanto a Tito, tenha o apóstolo Paulo dado orientações a respeito de quais requisitos são necessários para que alguém seja separado para as funções de liderança no rebanho do Senhor.

– Ora, em razão desta realidade social da igreja, da “igreja local”, tornou-se necessário que o governo da Igreja fosse exercido, em termos de grupo social, por salvos que, tendo os dons ministeriais, assumissem, também, “funções eclesiásticas”, que nada mais são que atividades para organizar o funcionamento da “igreja local”, a fim de que ela possa exercer, em sua localidade, as missões que o Senhor Jesus deixou para a “igreja universal”.

– As “funções eclesiásticas”, portanto, são atividades exercidas na igreja local por pessoas chamadas pelo Senhor Jesus, a fim de que se cumpram as tarefas que o Senhor determinou para os salvos, para os membros em particular de Seu corpo.

– Os que desempenham tais “funções” são chamados de “oficiais”, como nos ensina o pastor Altair Germano, citando o teólogo Wayne Grudem, “in verbis”: “…Os oficiais da igreja são pessoas publicamente reconhecidas como detentoras do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.…” (Eclesiologia: o governo eclesiástico na perspectiva bíblica, histórica e denominacional assembleiana. Disponível em: http://www.altairgermano.net/2014/01/eclesiologia-ogoverno-eclesiastico-na.html Acesso em 28 mar. 2014).

– Duas são as “funções eclesiásticas”, consoante verificamos em o Novo Testamento: os presbíteros (também chamados de bispos e de anciãos) e os diáconos.

Os diáconos surgiram ainda na igreja de Jerusalém, quando os apóstolos, não tendo condições de cuidar das necessidades materiais do povo, o que estava gerando murmuração, criaram esta função, que será objeto da próxima lição (At.6:1-6).

Esta estrutura foi reproduzidas em todas as igrejas locais, como se verifica da igreja em Filipos, consoante a saudação que dá o apóstolo Paulo em Fp.1:1.

– A função de “presbítero”, também chamado de “bispo” ou de “ancião”, também surgiu logo na igreja primitiva. Como já vimos, Barnabé e Paulo instituíram “anciãos” nas igrejas locais que haviam fundado na Ásia, reproduzindo, também, algo que já havia em Jerusalém, visto que também se nota que, em Jerusalém, havia também “anciãos”, conforme se verifica de textos como At.11:30, onde se verifica que a igreja de Antioquia ajudou os crentes de Jerusalém numa época de fome, tendo mandado a ajuda para os anciãos daquela igreja.

– São, portanto, estas as duas “funções eclesiásticas” criadas pelos apóstolos para existirem nas igrejas locais, funções estas que não podem ser confundidas com “títulos” e “cargos” que, ao longo da história da igreja, foram surgindo, numa “burocratização” que até se compreende diante do crescimento da igreja enquanto organização. No entanto, todos os títulos surgidos ao longo da história se resumem a estas duas “funções”.   

– Paulo inicia esta orientação a Timóteo dizendo que é perfeitamente legítimo e lícito que alguém deseje exercer uma função eclesiástica. Tal desejo de servir a Deus é resultado de uma perfeita compreensão da importância de tal função na realização da obra de Deus.

No entanto, devemos todos observar que quem escolhe o ministro é o Senhor Jesus e que, portanto, nosso desejo não vincula ao Senhor, de modo que devemos sempre fazer a vontade de Deus e entender que, apesar de desejarmos o episcopado, isto não significa que tal desejo seja atendido pelo Senhor.

– O primeiro requisito para o exercício do presbitério é a irrepreensibilidade. Diz o apóstolo Paulo que o bispo deve ser irrepreensível (I Tm.3:2), denotando, assim, explicitamente que a irrepreensibilidade deve ser uma característica indispensável para que alguém seja presbítero.

– Ser irrepreensível é não ser capaz de ser repreendido e isto é uma característica que só tem quem está em comunhão estreita e íntima com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Não poder ser repreendido é não poder ser objetado por quem quer que seja, crente ou ímpio, por conta dos atos que têm praticado. É ter uma vida cujas ações e atitudes denotam um caráter de santidade e de obediência à Palavra de Deus que não permita qualquer oposição, a não ser a natural oposição do adversário de nossas almas.

– O segundo requisito trazido pelo apóstolo para que alguém possa ser guindado ao ministério é que seja marido de uma mulher (I Tm.3:2) O que se está a exigir aqui é que o candidato ao ministério tenha um bom porte familiar, ou seja, que seja reconhecidamente um “pai de família”, um “chefe de família”,  ou, para se utilizar de uma típica expressão popular que já está fora de moda, “gente de família”.

– Para se ser “marido de uma mulher”, é preciso ser alguém que seja amoroso, tenha uma afetividade evidenciada e genuína, pois, caso contrário, sempre estará só na sociedade, pois sua mulher não quererá acompanhá-lo.

– O amor que a Palavra de Deus exige do marido, ademais, não é qualquer amor, mas um amor intenso e que seja de renúncia. Com efeito, o marido deve amar sua mulher como Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela (cf. Ef.5:25). O candidato a ministro deve amar sua mulher e estar pronto a se entregar por ela.

Reside aqui, aliás, um dos grandes equívocos que têm sido cometidos pelos obreiros nos nossos dias, a saber, o de menosprezo da família em favor da obra de Deus. Não pode ser presbítero quem não esteja disposto a se sacrificar por sua família.

– O obreiro deve ser o primeiro a zelar pela sua própria casa, deve ser o primeiro a instituir o culto doméstico e a gerar, em seus filhos, o prazer no serviço a Deus, a conseguir a cumplicidade e o apoio de sua mulher no exercício de suas funções na casa do Senhor.

– O obreiro deve ter uma vida familiar própria e peculiar, que não se misture com a casa de Deus, pois o texto bíblico é claro ao apresentar estes dois ambientes como ambientes paralelos, que não se misturam, mas que trazem, reciprocamente, vigor e autoridade ao ministro.

– Aqui também se tem uma outra característica inafastável do texto bíblico: a de que o presbitério é algo privativo de homens, pois só homens podem ser “maridos de uma mulher”. Não há, portanto, qualquer base bíblica para que mulheres sejam separadas para tal ofício.

O aparecimento de “presbíteras”, “pastoras” e até “episcoposas” em igrejas locais, inclusive algumas Assembleias de Deus, é nítida afronta ao texto bíblico, não tem qualquer embasamento doutrinário, é mais uma das heresias e falsos ensinamentos que têm adentrado no meio da igreja nestes dias de apostasia espiritual.

OBS: Registremos, aliás, que se fala muito em “bispas”, palavra que, entretanto, tem sido indevidamente utilizada. “Bispa”, conforme nos ensina o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “uma variedade de manga”. O feminino de “bispo” é “episcopisa”.

– O pastor Antonio Gilberto assim se manifestou sobre o ministério pastoral feminino: “…Não, não e outra vez não! Não existe! Ordenação… Mulheres no Santo Ministério, tanto venham. Inclusive muitas vezes elas fazem o trabalho melhor do que os homens. Mas ordenar para o Santo Ministério, não tem base nas Escrituras.

E como é que isso está acontecendo? É a igreja a culpada e a igreja vai prestar conta disso. A igreja que eu digo não é a igreja o prédio, os responsáveis vão prestar conta disso. Jesus nunca ordenou mulheres.

O apóstolo Paulo que é um paradigma, não separou, nunca ordenou mulheres. …” (Os desvios doutrinários e a importância da doutrina bíblica para a Igreja. Entrevista ao Seara News. 27 nov. 2012. Disponível em: http://searanews.com.br/prantonio-gilberto-a-importancia-da-doutrina-biblica-para-a-igreja/#.UzRThKIqN2Y Acesso em 27 mar. 2014).

– Merece também menção o pronunciamento do pastor Ciro Sanches Zibordi, a respeito do assunto: “…Amadas irmãs, peço-lhes que não fiquem bravas comigo. Talvez, se eu fosse uma mulher, as irmãs aceitariam melhor o que tenho exposto.

Mas quero lhes dizer que as irmãs podem e devem pregar o evangelho, orar pelos enfermos e desempenhar todas as tarefas de um seguidor de Jesus (Mc 16.15-18), pois também são cooperadoras de Deus (1 Co 3.9). O que lhes é vedado, não por mim, mas pela Palavra de Deus, é o desempenho de funções reservadas aos ministros …” [O que a Bíblia diz( ou não diz) sobre o chamado ministério pastoral feminino. Disponível em: http://cirozibordi.blogspot.com.br/2008/05/o-que-bblia-diz-ou-no-diz-sobre-o.html Acesso em 27 mar. 2014).

– O terceiro requisito para que alguém seja separado ao presbitério é a vigilância. O obreiro deve, como crente que é, ser uma pessoa vigilante.

– O crente deve ser vigilante, estar sempre atento a todos os movimentos que estão à sua volta, a fim de que não seja apanhado de surpresa pelo adversário, devendo, pois, de modo geral, estar vigiando, que é o que o Senhor recomenda expressamente a toda a Igreja (cf. Mc.13:37).

– Pois bem, se para o crente a vigilância já é um imperativo, que dirá para o obreiro, que se encontra em posição de eminência e com maiores responsabilidades na Igreja, pois, como afirma a Palavra do Senhor, “…a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.”(Lc.12:48).

– Estando em posição de destaque diante do povo de Deus e da sociedade, o obreiro deve ter redobrada vigilância, buscando viver aquilo que ensina e propala na pregação e ensino da Palavra do Senhor, sob pena de retirar toda a credibilidade de sua pregação.

– O obreiro deve ser vigilante na transmissão da doutrina para o povo de Deus. Os ministros do Senhor têm a incumbência de transmitir a Palavra de Deus, de ensiná-la e devem ser transmissores fiéis, meros condutores da Palavra que é de Deus e não deles. Muitos não têm vigiado e, por causa disso, a doutrina não tem sido transmitida devida e corretamente para o povo.

– Muitos não têm sido vigilantes e acabam transmitindo ao povo doutrinas de homens, pensamentos seus e até doutrinas de demônios, colocando veneno na panela, causando grande prejuízo espiritual ao povo do Senhor.

– O quarto requisito para o presbitério é a sobriedade, ou seja, o estado segundo o qual a pessoa não se encontra enebriada, embriagada, ou seja, encontra-se dentro de um perfeito reconhecimento da realidade que a cerca. A sobriedade é, precisamente, a noção de onde se está, do que se é, do que se pode, ou não, fazer. Ser sóbrio é, sobretudo, não se deixar levar pela sensação do poder.

– Ser sóbrio é não se deixar enebriar pelo poder, é não ceder à tentação de ter domínio sobre o povo de Deus (I Pe.5:3), é compreender que somente seremos alguém relevante e proeminente na casa do Senhor se agirmos como o homem que o próprio Jesus disse que foi o maior profeta dentre os nascidos de mulher, João Batista (Lc.7:28).

A qualidade que fez com que o Senhor considerasse João Batista o maior de todos os seres humanos pecadores foi somente uma: a humildade, pois, em pleno vigor de seu ministério, João soube, exatamente, qual era o seu lugar, ao afirmar que deveria diminuir para que Cristo crescesse (cf. Jo.3:30).

– O quinto requisito para o presbitério é a honestidade. A versão do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, a primeira versão em português feita pela Igreja Romana, datada de 1842, traduziu esta característica do obreiro como sendo “concertado”, ou seja, compromissado, comprometido, responsável por força de um pacto.

Parece-nos interessante trazer esta outra expressão para demonstrar a amplitude do termo “honesto”, que assume uma conotação, nos nossos dias, mais voltada ao aspecto financeiro, visão que não corresponde ao alcance do texto em foco.

– Ser honesto é ser comprometido com obrigações e responsabilidades assumidas, é cumprir rigorosamente com o que prometeu, com o que se comprometeu. A Ver~soa King James Atualizada traduz a palavra grega, que é “kósmios” (κόσμιος), como “respeitável”, ou seja, alguém que se dá ao respeito, que tem credibilidade, que vive aquilo que prega e ensina.

– O sexto requisito para o presbitério é a hospitalidade, que, inclusive, alguns estudiosos das Escrituras entendem ser um dom assistencial. Esta qualidade era fundamental nos tempos apostólicos, ante a total falta de infraestrutura para a acolhida de irmãos, já que o precário sistema de estalagens e de hospedagens daqueles dias confundiam-se com a prática do meretrício e de toda sorte de prostituição.

– Esta característica, nos nossos dias, onde a urbanização excessiva e a violência urbana fazem com que se tenha uma realidade totalmente distinta daquela vivida nos primeiros tempos da igreja, tende a ser negligenciada e até desprezada nas nossas igrejas locais, postura, entretanto, que não pode ser tolerada, se é que cremos que a Palavra de Deus é atemporal e que, portanto, não podem as mudanças sócio-culturais invalidá-la.

– Não deixamos de reconhecer que a exigência da hospitalidade, nos nossos dias, não tem o mesmo caráter que tinha nos tempos de Paulo e de Timóteo, mas, também, é inegável que a hospitalidade deve ser uma qualidade presente, notadamente, entre os ministros, a quem cabe, em primeiro lugar, acolher os irmãos e os visitantes em geral nas igrejas locais, algo que, lamentavelmente, tem sido totalmente desvirtuado atualmente.

– Ser hospitaleiro é muito mais do que estar disposto a receber alguém para dormir ou tomar uma refeição na sua casa. Ser hospitaleiro é estar disposto a acolher e acolher envolve mais do que suprimento de necessidades físicas ou higiênicas, mas significa poder transformar seu lar e sua pessoa num refúgio para quem está cansado, atribulado, angustiado e aflito.

– Ser hospitaleiro é ter condições de ser um verdadeiro “hospital”, ou seja, ser alguém que possa amainar a dor, o sofrimento, a doença, a necessidade do próximo.

– O sétimo requisito é a aptidão para o ensino. É fundamental que o presbítero seja pessoa que tenha condições de ensinar a Palavra de Deus e tem sido este um requisito que tem sido deixado de lado pelas igrejas locais, para grande prejuízo da Igreja do Senhor, em especial no Brasil, onde o vertiginoso crescimento da Igreja tem sido, indevidamente, aliado a um espontaneísmo e a um anti-intelectualismo que se confunde com a ação do Espírito Santo.

– Para quem alguém esteja apto para ensinar, é preciso, em primeiro lugar, que esteja disposto a aprender. Ser discípulo de Jesus é ser Seu aluno, pois a palavra “discípulo” quer dizer aluno. Jesus disse que os apóstolos deviam “fazer discípulos” (Mt.28:19-ARA e NVI), ou seja, pessoas que quisessem aprender.

– Então, o primeiro ponto que devemos observar no candidato a obreiro é se frequenta as reuniões de ensino da igreja local (culto de oração e doutrina, escola bíblica dominical, seminários, palestras etc.), se está aprendendo. Em seguida, devemos testá-lo no exercício do ensino da Palavra, dando-lhe oportunidades para que venha a fazer estudos bíblicos, a fazer explanações da Palavra do Senhor. Somente assim teremos observado se o crente está em condições de ser guindado ao ministério.

– O oitavo requisito para o presbitério é o de não ser dado ao vinho, ou seja, não pode ser portador de vício de qualquer espécie.  O que Paulo está aqui a advertir é que observe não a história do candidato ao presbitério, mas, sim, o seu momento espiritual presente, o atual instante de espiritualidade do candidato a obreiro.

– Quando o candidato se batizou em águas, ele dava frutos de arrependimento, ele demonstrava estar liberto de todo e qualquer vício (assim se espera que tenha ocorrido…), mas, e agora, como é a vida do candidato ao ministério? Tem ele sido um instrumento nas mãos do Senhor, ou tem se deixado dominar por algum vício, seja ele qual for?

– Não basta observar se o candidato ao ministério bebe, fuma, usa drogas, joga ou algo similar, o que é muito improvável que esteja ocorrendo, mas é preciso verificar se algo não lhe tem dominado, se ele não consegue se desvencilhar de certos vícios adquiridos durante a jornada de fé.

– Será que o candidato ao ministério não está preso a certas práticas que denotem certos vícios, tais como a avareza, ou o descontrole desmedido no consumo e na ostentação? Será que não tem demonstrado descontrole em aspectos morais, particularmente de moral sexual, não conseguindo resistir aos apelos da mídia no que respeita a pornografia ou sensualismo? Será que não tem se tornado um “workaholic”, sendo viciado em

trabalho, a ponto de ter deixado, em segundo plano, suas relações familiares e, até mesmo, a obra do Senhor? Será que não tem se prendido a certas práticas, como assistir a certo programa de televisão ou participar de certo evento, que não é pecaminoso em si, mas que leve para o segundo plano tudo o mais, inclusive a adoração ao Senhor?

– “Não dado ao vinho” é, portanto, uma característica muito mais ampla do que, simplesmente, certificar-se se o candidato ao ministério é um alcoólatra.

É a necessária verificação se o indivíduo tem cumprido o primeiro mandamento, que é o de amar a Deus sobre todas as coisas e se pode repetir, com sua vida, as próprias palavras do apóstolo, escritas à igreja de Corinto: ” todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (I Co.6:12).

– O nono requisito para o presbitério é o de não poder ser “espancador”, ou seja, não pode ser uma pessoa violenta, agressiva, que não hesite em ofender a integridade física do seu semelhante.

Não se pode querer que pessoas que estejam à frente do povo de Deus possam valer-se da brutalidade ou da força física para que sua vontade prevaleça. Como afirmou o profeta, a Igreja deve estar consciente que sua prevalência sobre o pecado e o mal não é por força nem por violência, mas pelo Espírito do Senhor (cf. Zc.4:6b).

– Impõe-se, também, com redobrada atenção, verificar como é o falar deste candidato, como ele trata o próximo, se atinge, ou não, com suas palavras, a integridade moral e psíquica do semelhante. Às vezes, embora não se espanque fisicamente, espanca-se impiedosamente com palavras, deixando marcas e cicatrizes profundas, que não saram tão rapidamente como se fossem ferimentos físicos.

– É imperioso que o obreiro seja manso e humilde de coração, assim como é seu Senhor (cf. Mt.11:29b), sendo equilibrado em suas palavras, que não vise ao “linchamento moral” de quem quer que seja, mas que busque, mesmo nas repreensões e correções, a edificação do errado, a cura do doente, a restauração do caído.

– O décimo requisito para o presbitério é o de não ser cobiçoso de torpe ganância, mas moderado. O obreiro deve ser alguém que tenha equilíbrio, que tenha moderação, não só sob o aspecto individual, mas, também, coletivo. É preciso observar como o pretendente ao presbitério tem se comportado em relação à comunidade, se tem sido um extremista, um fundamentalista, alguém que não encontre qualquer objeção em assumir uma atitude radical e desequilibrada.

– A moderação envolve a ponderação, a ausência de pressa na tomada desta, ou daquela decisão, um discernimento espiritual aguçado e que revele o intuito de sempre conseguir a edificação e o aperfeiçoamento dos santos nas suas atitudes. O equilíbrio, a moderação é algo que tem faltado muito em nossas igrejas locais, sendo qualidade que devemos buscar intensamente junto ao Senhor, Ele próprio um exemplo de equilíbrio, de sensatez e de temperança.

– O décimo primeiro requisito para o presbitério é que a pessoa não seja contenciosa, ou seja, deve ser uma pessoa que seja pacificadora, que seja conciliadora, inimiga de contendas, ou seja, que não tenha prazer, antes abomine as intrigas, as discussões, as polêmicas, os debates, as lutas, as porfias e as pelejas.

– O décimo segundo requisito para o presbitério é que a pessoa não seja avarenta, ou seja, que não tenha o “amor do dinheiro, (que) é a raiz de toda a espécie de males “( I Tm.6:10). Com efeito, se o candidato ao ministério tiver seu coração nas coisas materiais, for avarento, será um sério candidato a se tornar um falso mestre, que faça do povo de Deus mercadoria e negócio (cfe. II Pe.2:1-3).

– O décimo terceiro requisito para o presbitério é que a pessoa governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia. Já se falou aqui sobre a necessidade da verificação da vida familiar do candidato ao presbitério.

– Cabe, aqui, aliás, uma última observação, relativa à expressão do apóstolo, segundo a qual deve o obreiro ter “seus filhos em sujeição”(I Tm.3:4). Aqui, o original “filhos” diz respeito a filhos em tenra idade, ou seja, crianças que não têm ainda o discernimento nem a capacidade de escolher. Assim, não pode o obreiro ser penalizado porque um filho, já atingida esta capacidade de discernimento, escolha o caminho da perdição, pois isto é resultado do livre-arbítrio de cada um e não pode o pai responder pelos pecados de seus filhos.

– O décimo quarto requisito é que a pessoa não seja neófita, para que, ensoberbecendo-se, não caiam na condenação do diabo (II Tm.3:6). Ser neófito é ser iniciante na fé, é ser um novato, uma pessoa que está dando os seus primeiros passos na vida espiritual.

– Aqui estamos diante de uma constatação do próprio significado de “presbítero”, que significa “mais velho”, ou seja, a pessoa para exercer o presbitério precisa ter maturidade e, “in casu”, mais do que questão de idade biológica, falamos em “maturidade espiritual”. Somente os maduros podem exercer o presbitério, somente aqueles que já são crescidos espiritualmente.

– Por isso, o obreiro não pode ser uma pessoa que não tenha maturidade espiritual, pois, não tendo ainda uma experiência madura com o Senhor, facilmente, por causa de sua posição, será enganado pelo adversário de nossas almas e, inevitavelmente, será tomado pela soberba, que foi o pecado que levou o querubim ungido (cf. Is.14:13-15; Ez.28:210) e nossos primeiros pais (Gn.3:5,6) à perdição.

– Uma pessoa precisa ter adquirido maturidade espiritual para ser guindado até o ministério e a maturidade espiritual evidencia-se por uma vida que demonstre total dependência do Senhor, que produza não só frutos para arrependimento, mas um crescimento espiritual contínuo.

Não se deve, portanto, confundir maturidade espiritual com idade ou com tempo de conversão, pois, o escritor aos Hebreus chama de meninos crentes que, pelo tempo, já deviam ser considerados maduros na fé, mas não o eram (Hb.5:12).

– O décimo quinto requisito é que a pessoa tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.

É preciso, portanto, que o candidato a ministro não seja, apenas, alguém que seja bem visto nas quatro paredes do templo, alguém que se destaque como pessoa de grande espiritualidade, digna e honesta durante os cultos ou as demais reuniões e atividades da igreja local, mas, muito mais do

que isto, que seja uma pessoa que tenha um bom conceito, uma boa reputação entre os incrédulos, entre os ímpios, entre os que não aceitam a Cristo como Senhor e Salvador.

– O obreiro deve ser uma pessoa bem conceituada porque tem de transmitir, pelo seu porte, credibilidade às suas palavras, pessoa cujo falar seja considerado crível e respeitável entre os incrédulos que, afinal de contas, serão o principal alvo das pregações e das declarações que forem feitas pelo ministro no seu cotidiano como anunciador destacado do Evangelho de Jesus Cristo.

– Em Tt.1:6-9, Paulo volta a falar sobre os requisitos para o presbitério ou para o episcopado, praticamente repetindo o que escrevera em I Tm.3:1-7.

Talvez, tenhamos aqui apenas mais um requisito, que seria o décimo sexto, referente a ser “dispenseiro da casa de Deus”, reafirmando, assim, que o presbítero está a serviço dos irmãos da igreja local, é alguém que está a serviço de Cristo, a fim de que possa bem cuidar do rebanho do Senhor.

III – AS QUALIFICAÇÕES PARA O DIACONATO

– Mas o apóstolo Paulo não se limitou a dar orientações a Timóteo para a seleção dos presbíteros, bispos ou anciãos, mas, também, para os que fossem exercer o diaconato, função igualmente importante para a boa ordem das igrejas locais, tanto que criada pelos apóstolos ainda em Jerusalém, como se verifica de At.6:1-6, providência que foi seguida pelas igrejas locais, como se verifica, por exemplo, de Filipos (Fp.1:1).

– Os requisitos para a separação ao diaconato encontram-se em I Tm.3:8-10,13, no mesmo texto em que o apóstolo Paulo fala, também, dos requisitos para a separação ao presbitério.

– Muitos dos requisitos exigidos para o presbitério são repetidos para o diaconato, de modo que, quando houver repetição, não os analisaremos detidamente, pois já o fizemos supra.

– O primeiro requisito que se exige para o diaconato é a honestidade. Aqui a palavra empregada é diferente da utilizada em I Tm.3:2 para os presbíteros, cujo significado, consoante vimos na lição anterior, era “respeitável”. A palavra aqui é “semnous” (σεμνούς), cujo significado é “digno de respeito, sério, dignificado, acima de reprovação”.

Tem-se aqui uma intensidade na “boa reputação” que é um pressuposto para a função. Como já se disse, quem vai lidar com assuntos materiais, que, não raro, envolve valores econômico-financeiros, precisa não só ser honesto, mas parecer honesto.

– O segundo requisito para o diaconato é que “não seja de língua dobre”, ou seja, “de uma só palavra”. Como bom cristão, o diácono deve ter um falar digno de confiança, alguém cujo falar seja “sim,sim; não,não”, outra característica indispensável para quem trata de assuntos materiais. Somente a firmeza de palavra pode evitar a murmuração e a desconfiança em um grupo social como é a igreja local.

– O terceiro requisito para o diaconato é que “não seja dado a muito vinho”, expressão que tem causado alguma dificuldade, vez que, na literalidade do texto,  permitiria que o diácono bebesse algum vinho, o que, ao contrário, não é permitido em absoluto ao presbítero, como se vê de I Tm.3:3.

– O texto original grego, em I Tm.3:3, é “paroinos” (πάροινος), cujo significado é “bêbado”, “viciado em vinho”, ou seja, exige-se do presbítero que ele não beba vinho em hipótese alguma, que não tenha este vício e, conforme visto na lição anterior, o que se exige aqui é que o presbítero não tenha qualquer vício, não se deixe dominar por qualquer concupiscência, por qualquer paixão.

– O texto original em I Tm.3:8 é “mé oinó polló prosechontas” (μή οινω πολλω πρσέχοντας), que a Bíblia de Jerusalém bem traduz como “não inclinado ao vinho”, ao mostrar, portanto, que o que aqui se exige é também a ausência de vícios, ainda que se admita um menor rigor para com o diácono do que para com o presbítero, a demonstrar que a maturidade para o presbitério é um tanto maior do que para o diaconato, nada porém que justifique uma hierarquização ou um menosprezo para a função diaconal, como se tem verificado em nossos dias.

– O quarto requisito do diaconato é não ser ele cobiçoso de torpe ganância, mesma exigência feita para o presbitério. É evidente que quem cuida dos assuntos materiais não pode ser alguém que se deixe levar pela ganância, pelo desejo de enriquecimento, o que, certamente, é incompatível com a administração de bens materiais na igreja local.

– O quinto requisito do diaconato é a guarda do mistério da fé em uma pura consciência. O diácono deve ser um homem espiritual, cuja consciência é pura, limpa, de modo que pode, sempre, ingressar na presença de Deus (Hb.10:19-22).

– A espiritualidade do diácono, portanto, é algo que deve ser sem qualquer sombra de dúvida. Ele possui uma consciência pura, porque seu coração foi purificado da má consciência, porque ele efetivamente experimentou a salvação na pessoa de Jesus Cristo, teve perdoados os seus pecados e agora tem livre acesso ao Senhor. É alguém que é certo da sua salvação e que transmite esta certeza no dia-a-dia com os seus irmãos em Cristo.

– Como afirma o escritor aos hebreus, quem tem esta convicção retém firmemente a confissão da esperança, considera os outros para os estimular à caridade e às boas obras, não deixa a sua congregação, admoesta e deixa ser admoestado (Hb.10:23,24).

– Portanto, o candidato ao diaconato deve ter este testemunho na igreja local, para que possa ser separado para tão importante função. Deve ser alguém que demonstre ter fé em Deus, ser alguém que está a guardar esta fé com devoção e dedicação, que estimule os irmãos a praticar o amor e a fazer boas obras, condição “sine qua non” para quem vai exercer, como vimos na lição anterior, dons assistenciais como o ministério, a repartição e a misericórdia.

– O diácono deve, ademais, ser alguém que não deixa a congregação, ou seja, um membro que não seja volúvel, que, por qualquer motivo, deixa de congregar, de participar das reuniões, que não se engaja nos projetos da igreja local, mas alguém que é participativo.

– Por fim, o diácono deve ser uma pessoa que tenha diálogo com os demais irmãos, que aceite receber críticas, que saiba ouvir, pois isto é fundamental para quem tratará com questões como a assistência social, a ajuda aos necessitados, a distribuição dos recursos materiais na igreja local.

– Por isso, os candidatos ao diaconato, como se disse supra, devem ser primeiramente provados para ver se satisfazem estes requisitos, para que, então, possam ser inseridos no exercício da função, caso não sejam reprovados, pois aqui também se exige a irrepreensibilidade, requisito de que já falamos na lição anterior.

– O sexto requisito do diaconato é que seja marido de uma mulher, governando bem a seus filhos e a suas próprias casas. Tem-se aqui a reprodução da mesma exigência que se faz ao presbitério. O diácono também deve ser um “pai de família”, alguém que tem uma vida familiar exemplar, pois, não sabendo governar bem a sua própria casa, como poderá administrar os assuntos materiais da casa de Deus?

– Neste ponto, aliás, de se censurar o comportamento de se separar, com cada vez mais intensidade, diáconos solteiros, mais uma consequência desta mentalidade que diácono nada mais é que um primeiro degrau da carreira ministerial.  A separação de pessoas solteiras para o diaconato deve ser sempre uma exceção que confirme a regra bíblica.

– Após analisar os requisitos para o diaconato, o apóstolo Paulo diz que os que servem bem como diáconos adquirem para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus (I Tm.3:13).

– Esta afirmação do apóstolo confirma que não há uma hierarquia entre diáconos e presbíteros, mas que ambos exercem funções igualmente importantes na igreja local. Tanto assim é que o exercício tanto de uma função quanto de outra exige a oração com imposição das mãos (At.6:6), a mostrar que são atividades igualmente dignas e revestidas da mesma solenidade.

– Quem exerce a função diaconal adquire, desde já, uma “boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”, ou seja, não diz o texto sagrado que o diácono, por servir bem, está pronto para “subir na escala hierárquica”, para “ser promovido”. Não, não e não!  A função diaconal, por si só, já é uma “boa posição” e traz para aquele que a exerce “muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”.

– O diácono que serve bem é um referencial de fé em Cristo Jesus, é uma pessoa de confiança que estimula, pelo seu porte e comportamento, os demais a servirem a Deus com fidelidade. Que mais pode um membro querer na igreja de Cristo Jesus? O diácono que serve bem é luz do mundo e sal da terra, cumpre o propósito de Deus na salvação daqueles que creem em Jesus.

III – A IGREJA DE DEUS VIVO,  A COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE   

– Paulo conclui esta parte das orientações a Timóteo esclarecendo porque deveria ter cuidado na seleção das lideranças da igreja local de Éfeso. Não se tratava de um zelo meramente administrativo, nem de uma busca de ordenação humana. Tais cuidados deveriam ser tomados porque as igrejas locais nada mais eram do que porções da “igreja de Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”.

OBS: “…Nessas duas palavras podemos ver a dupla responsabilidade da Igreja do SENHOR JESUS CRISTO: Primeiro, a Igreja como “coluna”, tem a função de manter a “verdade” nas alturas, de modo que não fique escondida, mas fique em pleno equilíbrio.

Nesse aspecto temos a proclamação do evangelho. Segundo, como fundamento, a função da Igreja é sustentar com firmeza a “verdade”, para que ela não seja vencida pelas heresias. Aqui temos a confirmação do Evangelho.…” (FONTES. Luiz. O mistério da piedade. Disponível em: http://www.celebrandodeus.com/Artigos/artigo_piedade.asp Acesso em 13 maio 2015).

– A organização e administração eclesiásticas, embora estejam a tratar com as “igrejas locais”, com grupos sociais que se situam no tempo e no espaço e que interagem com a sociedade como um todo, jamais deve se esquecer que tais “igrejas locais” fazem parte de um organismo, fazem parte do “corpo de Cristo” (I Co.12:27), da “igreja universal”, que nada mais é que a “igreja de Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade”.

– Muitos, em nossos dias, têm se esquecido de que as igrejas locais são “agências do reino de Deus”, estão ligadas a Cristo Jesus e que, portanto, não podem ser tidas como meros grupos sociais e tratadas como tal. Muitos têm perdido o temor de Deus e achado que podem fazer o que quiserem nestes grupos, onde exercem posições de liderança, inclusive se projetando no meio social a partir de tais grupos.

– Paulo, porém, adverte Timóteo que ele deveria sempre se lembrar que estava diante de partículas da “igreja de Deus vivo”. Como ensina William Hendriksen: “… [Timóteo – observação nossa] deve lembrar-se de que não lhe é recomendado um negócio particular, mas a casa de Deus!

(…) Os crentes são a casa de Deus ou Seu santuário (I Co.3:16; 6:19; II Co.6:16), porque Deus habita neles. Daí, Paulo prossegue: que é a igreja do Deus vivo (não o templo dos ídolos mortos …) a coluna e o fundamento da verdade. Tendo sido chamada ‘casa de Deus’, agora notamos que a igreja em seguida é comparada a uma coluna e fundamento.

Como a coluna sustém o teto, melhor ainda (note o clímax) como o fundamento sustém toda a superestrutura, assim a igreja  sustém a gloriosa verdade do evangelho.…” (Comentários I Timóteo, II Timóteo e Tito. Trad. de Válter Graciano Martins, p. 173) (destaques originais).

OBS: “…Um dos principais destaques da epístola é a conduta honrada para testemunho da verdade. Assim o comportamento dos cristãos no governo da Igreja é de primordial importância, pois a Igreja é o sustento da firmeza da verdade; isto é, na sua esfera de testemunho diante do mundo. Cristo, a própria verdade, é o fundamento da Igreja (I Co. 3:11).…” (HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody – I Timóteo, p. 20).

– “…O grande amparo da Igreja é que ela é a Igreja do Deus vivo, o verdadeiro Deus em oposição aos falsos deuses, ídolos mudos e mortos. 1. Como a Igreja de Deus, ela é a coluna e firmeza da verdade’, isto é:

(1) Alguns entendem que a própria Igreja é a coluna e fundamento da verdade. Não que a autoridade das Escrituras dependa da autoridade da Igreja, como os papistas querem, porque a verdade é a coluna e fundamento da Igreja; mas é a Igreja que anuncia as Escrituras e a doutrina de Cristo, como a coluna à qual uma proclamação é afixada apresenta a proclamação. Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus (Ef.3:10).

(2) Outros entendem tratar-se de Timóteo. Ele, não só como pessoa, mas ele como evangelista, ele e outros ministros fiéis, são as colunas e a fundamento da verdade. O dever deles é manter, sustentar e divulgar as verdades de Cristo na igreja. Lemos que os apóstolos eram considerados como as colunas (G1.2:9).

[1] Vamos ser diligentes e imparciais em nossas próprias averiguações em torno da verdade. Vamos comprar a verdade a qualquer custo sem medir os esforços para descobri-la.

[2] Vamos ser cuidadosos para guardá-la e preservála. ‘Compra a verdade e não a vendas (Pv. 23:23), não te separes dela sob hipótese  alguma’.

[3] Vamos cuidar para divulgá-la e transmiti-la de maneira segura e incorrupta para a posteridade.

[4] Quando a Igreja deixa de ser a coluna e fundamento da verdade, vamos acabar abandonando-a; porque nosso respeito pela verdade deve ser maior do que o nosso respeito pela Igreja; já não somos mais obrigados a continuar na igreja quando ela deixa de ser a coluna e fundamento da verdade.…” (HENRY, Matthew. Comentário Novo Testamento Atos a Apocalipse edição completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 692).

– Mas qual é a verdade que a Igreja deve proclamar e os líderes das igrejas locais jamais devem se descuidar de transmitir? É o “mistério da piedade”, que é o próprio Cristo. Como ensina Hans Bürki: “…O mistério da beatitude não é ‘algo’, uma coisa, nem mesmo uma doutrina ou confissão ou conduta, é Ele (QI 15). O texto não afirma, como se poderia esperar, ‘o mistério, que foi revelado’, mas ‘o mistério, quem foi revelado’(QI 7).

Faz parte da maneira reservada com que “Ele”, o fundamento e centro da igreja, é introduzido também o singelo “e”, que abre o v. 16. O mistério é grande, declara Paulo em relação ao vínculo matrimonial de marido e mulher, e simultaneamente ele o aplica ao relacionamento entre Cristo e a igreja.

Em última análise o mistério consiste em uma relação: o amor existente entre Deus e ser humano. Baseia-se unicamente na iniciativa de Deus, gerando assim a resposta amorosa da pessoa: amamos porque ele nos amou primeiro. O Mediador Jesus Cristo, que a si mesmo pagou como resgate por amor, manifesta e concretiza o mistério do amor entre Deus e ser humano.…” (Cartas a Timóteo – I Timóteo: comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.49).

– Ao terminar as orientações a respeito dos requisitos para o exercício da liderança nas igrejas locais, o apóstolo Paulo faz questão de lembrar que tudo deve ser feito em obediência e em direção a Cristo, a cabeça da Igreja e, por isso, termina esta parte de sua carta com um hino a Jesus Cristo.

– “…O hino subdivide-se em três estrofes. Cada estrofe possui dois verbos na voz passiva. A forma verbal grega (aoristo passivo) expressa o surgimento de um fato, a continuação de um episódio iniciado no passado e não uma ideia geral. A forma passiva dos verbos atesta o agir avassalador de Deus e explicita o mistério da beatitude:

Ele foi revelado na igreja e apesar disso não pode ser compreendido e apreendido pelos homens. Cada par de afirmações se contrapõe, e ao mesmo tempo as três estrofes formam declarações paralelas. Todos os seis substantivos sem artigo contêm significado elementar e abrangente, que assinalam os ‘modos de ser’ celestial e terreno.

O hino começa no terreno (manifesto na carne; o ‘manifesto’ aponta ao mesmo tempo para a origem oculta, não indicada no hino), leva ao celestial (confirmado no Espírito), permanece na segunda estrofe na esfera celestial (visto pelos anjos) e retorna ao terreno (proclamado aos povos).

A terceira estrofe, por sua vez, permanece no terreno (crido no mundo) e termina no celestial (acolhido na glória). A esfera terrena: manifesto na carne, proclamado aos povos, crido no mundo. A esfera celestial: confirmado no Espírito, contemplado pelos anjos, acolhido na glória.…( BÜRKI, Hans. op.cit., p.49).

– A igreja é uma realidade tanto espiritual quanto terrena e as lideranças jamais podem se esquecer disto. Deverão prestar contas ao Senhor por tudo o que fizerem no exercício destas funções, podendo tanto receber a “coroa de glória” (I Pe.5:4), como ser reprovados em tal exercício, seja se salvando como que pelo fogo (I Co.3:15), seja sofrendo a condenação eterna (Jr.23:1,2; Ex.34:2).

– Que Deus guarde os líderes para que sejam fiéis, pois é isto que o Senhor exige de cada um que escolhe para o santo ministério (I Co.4:1,2), como também para que rejeitem as coisas que por vergonha se ocultam, não andem com astúcia nem falsifiquem a Palavra de Deus e assim possam se recomendar à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade (II Co.4:2).

Que todos os líderes, pastores e diáconos, possam fazer suas as palavras de João Crisóstomo (347407): “…Que nos tornemos dignos de ser os guardiães deste mistério…” (Hoimilia XI – I Tm.3:8,9. Cit. I Tm.3:14-16, n. 110. Disponível em: http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/index.htm Acesso em 13 maio 2015) (tradução nossa de texto original em francês).

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 

Site: http://www.portalebd.org.br/files/3T2015_L4_caramuru%20bruto.pdf

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