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Jovens – Lição 5 – Prestando um culto santo a Deus

INTRODUÇÃO

Neste capítulo estudaremos sobre o Salmo 24. Esse salmo é uma peça litúrgica que celebra a entrada no santuário. Para a maioria dos estudiosos, o salmo remonta o contexto da chegada da Arca da Aliança até a tenda preparada para ela sobre o Monte Sião (2 Sm 6.1-15).

Outro grupo de estudiosos tem associado esse salmo à categoria de salmos messiânicos em razão das declarações dos versículos 7 a 10.

A primeira parte do Salmo 24 enfatiza a pessoa de Deus como o Todo-poderoso, Criador e mantenedor dos céus e da terra que Ele criou. O Senhor é soberano e todas as coisas pertencem a Ele.

Nós somos obras de suas mãos e, desde modo, devemos adorá-lo na beleza da sua santidade. Enaltecer o nome do Senhor e apontar as suas qualidades reveladas por intermédio de suas obras fazem parte da natureza desse salmo.

Em seguida, o salmo ensina a maneira correta como o povo deve se apresentar diante de Deus em santo culto.

Retoricamente, o salmista pergunta “Quem subirá ao Monte do Senhor?” (v. 3), isto é, quem é digno de se apresentar perante a face do Deus Todo-poderoso? Na sequência, ele mesmo responde no v. 4:

“Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente”.

Isso significa que os verdadeiros adoradores não se apresentam de qualquer maneira diante de Deus, nem oferecem a Ele um estilo de vida indigno.

E, por fim, o salmo enfatiza que o culto público é a expressão visível do divino na terra. Logo, deve haver reverência, disciplina, ordem e santidade quando prestamos culto a Deus.

Esse nível de organização se dá mediante uma liturgia agradável, espontânea e sincera, que reflete o interior daqueles que adoram a Deus em espírito e em verdade (cf. Jo 4.24).

I. O DEUS TODO-PODEROSO É O OBJETO DE NOSSA ADORAÇÃO

Por sua natureza litúrgica, o Salmo 24 é modelo quanto à forma correta de se adorar a Deus. Seu apelo litúrgico nos auxilia na prática do culto moderno. A começar pela forma reverente como devemos considerar o Senhor, objeto da nossa adoração.

Assim como Israel experimentou das maravilhas do Senhor no deserto e tomou posse da Terra Prometida, a Igreja do Senhor também é encorajada a atra­vessar o deserto deste mundo, corrompido pelo pecado, rumo à Terra Prometida.

Para tanto, não pode perder de vista a expectativa de quem é o Senhor, o Deus Todo-poderoso, a quem serve e adora.

Na perspectiva messiânica deste salmo, Ele é o Rei da Glória, o mesmo que foi traspassado na cruz, porém ressuscitou ao terceiro dia e em breve voltará para buscar a sua Igreja.

1. O Contexto do Salmo 24

Para a maioria dos estudiosos, o Salmo 24 é atribuído a Davi. No entanto, por se tratar de um salmo litúrgico, alguns eruditos consideram-no a junção de dois poemas distintos (vv. 1-6 e 7-10).

Talvez os versículos 7-10 fossem pré-exílicos, mas tenham sido reu­nidos em uma composição única, quando se preparou o salmo para uso em ocasiões litúrgicas.

Foi durante o período pós-exílio que as festividades da Lua Nova e do Ano Novo se tornaram religiosas especiais.

Nesse período, por igual modo, elas foram incorporadas à festa geral dos Tabernáculos.1
O salmo está estruturado da seguinte maneira:

1) A verdadeira natureza da adoração (24.1-6):

Nessa primeira estrutura, o salmista aponta a natureza da verdadeira adoração, considerando o objeto da adoração, isto é, o Deus Criador (vv. 1,2); e a vida de quem o adora (vv. 3-6).

Nesses versículos, o salmista aponta a soberania de Deus; a criação manifesta a glória de Deus,
bem como torna a humanidade inescusável a despeito da existência de um ser inteligente, Criador dos céus e da terra (cf. Rm 1.19,20).

Logo, nenhuma pessoa pode comparecer diante de Deus com as mãos sujas de pecados e com o coração impuro de maldades (vv. 3,6).

Aqui, a santificação é um requisito indispensável para apresentar-se diante do Rei da Glória (1 Pe 1.15,16).

O Rei não permitirá entrar em sua presença aqueles que amam e praticam a maldade (cf. Sl 1.5).

2) A Coroação do Rei (24.7-10):

Na segunda parte do salmo, o cenário é de um arauto que anuncia a chegada solene de um rei à entrada de uma fortaleza.

Quando homens tomam conhecimento da chegada do rei, todos devem temê-lo e reverenciá-lo. Nessa parte do salmo, os vv. 7-10 assumem caráter messiânico, pois Cristo estabele­cerá o seu Reino no mundo.

2. Deus É Soberano (vv. 1,2)

Os primeiros versículos do Salmo 24 apresentam a soberania de Deus como uma de suas qualidades essenciais que revelam a sua natureza.

Mesmo sendo o Criador do universo, Ele se inclina para ver o que acontece nos céus e na terra (Sl 113.5,6). Sua soberania se faz conhecida não apenas por quem Ele é, mas também pela criação, que revela os seus atributos, inclusive a sua onipotência e onisciência.

O Senhor estabeleceu o mundo e tudo o que nele há, Deus formou a nossa vida e forjou-nos segundo a sua vontade.

Apesar das nossas deficiências e limitações, provocadas na ocasião da Queda (Gn 3), Deus nos ofereceu perdão por seu infinito amor.

Nós somos criação direta do Deus Todo-poderoso e, portanto, devemos ser gratos a Ele, louvar e adorar o seu santo nome. É a Ele que devemos prestar culto.

Não somos onipotentes, onipresentes nem oniscientes, mas Deus é. Somos limitados, mas Ele é ilimitado e infinito. Por essa razão, devemos reconhecer a dependência que temos do Senhor e obedecê-lo de todo o nosso coração.

3. A Coroação do Rei (vv. 7-10)

De acordo com os estudiosos, os versículos de 7 a 10 deste salmo assumem uma perspectiva messiânica. Ao mencionar que Deus é o Rei da Glória, o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra, o salmista não apenas enaltece o nome de Deus em sua gló­ria, como também, inspirado pelo Espírito de Deus, anuncia que o Rei virá de forma gloriosa.

Por isso, como um arauto, ele convoca aos porteiros: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória” (v. 7).

Assim como ocorre no relato do Salmo 24, nosso Senhor virá de forma gloriosa para buscar os salvos na primeira fase da sua Segunda Vinda.

Cumprindo-se o seu propósito na Tribulação e completado os sete anos, nosso Senhor virá gloriosamente e, nesta ocasião, todo olho o verá.

A segunda fase da Segunda Vinda de Cristo é conhecida como “a gloriosa manifestação” (Tt 2.13, NVI) e é descrita em detalhes em Apocalipse 19.11-20. Esse evento com os seus santos para estabelecer o Reino acontece no final dos sete anos da Tribulação.3

Logo, o Salmo 24 é o prenúncio da Segunda Vinda gloriosa do Senhor para estabelecer o seu Reino sempiterno neste mundo, onde a justiça, a bondade e a paz reinarão sobre o coração dos homens.

Finalmente, nosso Rei será exaltado e reconhecido pelos homens como o verdadeiro Messias, aquEle que foi morto sobre a cruz, mas ressuscitou e está vivo pelos séculos dos séculos.

II. COMO SE APRESENTAR DIANTE DE DEUS EM SANTO CULTO

Por se tratar de um salmo litúrgico, o salmista concentra sua atenção também no modo correto como o povo de Deus deve se apresentar diante dEle para o adorar em santo culto.

A pergunta retórica do salmista sobre “Quem subirá ao Monte do Senhor?” (v. 3) destaca alguns aspectos importantes quanto à qualidade da adoração, bem como da condição espiritual do adorador.

Além do cumprimento das ordenanças cerimoniais prescritas por Moisés, o Salmo 24 considera que a adoração que agrada a Deus vem das mãos limpas de quem não vive na prática do pecado e emana de um coração puro que não maquina maldade.

Por conseguinte, há uma promessa de bênçãos e justiça da parte de Deus para os verda­deiros adoradores.

No Novo Testamento, esse tema é aprofundado, haja vista que desde então, somos templo do Espírito Santo e somos convidados a considerar a adoração além do espaço geográfico, uma adoração que deve ser praticada em espírito e em verdade (Jo 4.24).

1. Pureza de Coração (v. 3,4)

O salmista compreende que a verdadeira adoração ao Deus To­do-poderoso, soberano Rei da glória, não se resume ao cumprimento das práticas ritualísticas e cerimoniais.

De fato, a adoração a Deus no Antigo Testamento deveria ser, primeiramente, organizada, bem-pre­parada e de acordo com as ordenanças litúrgicas presentes na Lei, conforme Moisés, servo do Senhor, deixou registrado para que os sacerdotes e levitas cumprissem com afinco.

No entanto, não menos importante, a adoração que agrada ao coração de Deus, considerava e ainda considera a condição do adorador.

Assim aconteceu na ocasião em que Caim e Abel se apresentaram diante de Deus com suas respectivas ofertas.

A Bíblia relata que o Se­nhor atentou para o sacrifico de Abel, porém para a oferta de Caim não atentou Deus e isso o deixou muito insatisfeito.

Tal exemplo nos faz considerar que há uma expectativa da parte de Deus quanto à qualidade da adoração da pessoa que se aproxima dEle para buscar a sua face.

O próprio Davi, quando cometeu o pecado de contar o povo, pediu perdão e declarou que não ofereceria a Deus aquilo que não lhe custasse nada (1 Cr 21.22-26).

Mesmo tendo recebido de Ornã a doação de todos os materiais necessários para os holocaustos e oferta de manjares, Davi decidiu pagar por tudo. Inclusive, o espaço onde Davi construiu o altar para o sacrifício foi comprado por seiscentos siclos de ouro (v. 25).

O comportamento do rei atesta o seu reconhecimento como responsável pelo mal que havia acometido o povo, bem como a reverência no trata­mento das coisas espirituais relacionadas ao perdão divino.

Nessa mesma perspectiva, o Salmo 24 mostra que os adoradores devem se apresentar diante de Deus com as mãos limpas.

Em Pro­vérbios 6, dentre as práticas que Deus odeia, é mencionada as mãos que derramam sangue inocente (v. 17).

Mãos limpas e coração puro são exercícios diários indispensáveis para a vida cristã saudável e de intimidade com Deus.

2. Bênçãos e Justiça de Deus (vv. 5,6)

O versículo 5 ressalta que há uma promessa de bênçãos e justiça da parte de Deus para os verdadeiros adoradores.

Desde a antiguidade, o Senhor tem anunciado um tempo de recompensa para aqueles que decidem viver conforme a sua santa Palavra, de forma agradável a Ele.

O salmista confirma que a justiça e a pureza praticadas por aqueles que desejam adorar o Senhor com todo o seu ser, isto é, com o seu interior integralmente voltado para Ele, receberão o galardão que está reservado para aqueles que cumprem o maior dos manda­mentos:

“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força” (Dt 6.5, ARA).

Depois de apresentar-se perante Deus com o coração integro, agora sim o salmista pode oferecer os sacrifícios, os holocaustos, as ofertas de manjares e cumprir fielmente todos os cerimoniais e rituais prescritos na Lei, porquanto o seu coração é “perfeito” para com Deus.

O salmista é alguém que busca e serve a Deus com sinceridade. Não da boca para fora como quem deseja honrar o Senhor com os lábios, porém o seu coração está distante dEle (Is 29.13).

Essas pessoas receberão a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação (v. 5). A expressão: “Esta é a geração” (v. 6) indica o tipo de pessoas que o buscam, daqueles que buscam a face do Deus de Jacó.5

A referência a Jacó, aqui, é uma forma de elencar o encontro que esse servo teve com Deus quando foi transformado em Israel, o príncipe de Deus.

Nas Sagradas Escrituras, o nome “Israel” se refere aos descendentes de Jacó, segundo a carne (Êx 1.1-7). É também o remanescente do povo eleito que soube como manter o concerto que o Senhor estabelecera com Abraão, Isaque e Jacó (Rm 9.27).6

O grande ápice da adoração do salmista, além de comparecer diante de Deus com as mãos limpas e o coração puro, é quando alcança a maturidade de um relacionamento com o Senhor.

Nesse nível de vida espiritual, o estilo de vida é marcado pela estabilidade de um compro­misso com o cumprimento das Escrituras Sagradas de tal modo que o prazer do salmista é apenas cumprir a vontade de Deus, desfrutar de suas bênçãos e justiça divina, guardar a fé e nada mais (Sl 16.11).

3. É Tempo de “subir ao monte do Senhor”

O Salmo 24 aponta o modo como o adorador deve se aproximar de Deus e adentrar em sua presença. A expressão “subirá ao monte do Senhor” (v. 3) faz menção ao Templo de Deus, o local de adoração mais sagrado para o povo judeu.

A região do monte Moriá, local onde Abraão levou seu filho Isaque para sacrificá-lo ao Senhor, é designada como o mesmo local onde Salomão construiu o Templo (2 Cr 3.1).

A “região norte” do Templo, também conhecida como o “lugar san­tíssimo” é o lugar mais sagrado do Templo, haja vista que ali estava a Arca da Aliança por detrás de uma densa cortina que separava o lugar santíssimo do “lugar santo” onde ficavam o altar do incenso, a mesa dos pães e o candelabro de ouro, bem como dos demais espaços (Êx 26.33-35).

A construção do Templo, certamente, marcou a história dos isra­elitas, tendo em vista que desde então o povo teria um local sagrado onde poderiam prestar culto ao Deus Todo-poderoso que os libertou do Egito, a casa da escravidão, e os transportou para terra onde mana leite e mel (2 Cr 7.11-16).

Nesse lugar sagrado, os israelitas subiam para adorar a Deus e cumprir os cerimoniais prescritos na Lei. O fato é que todas essas ordenanças transitórias eram apenas o caminho para que o povo de Deus alcançasse algo mais excelente.

Deus não desejava permanecer em contato com os israelitas apenas por detrás de uma cortina, o Senhor queria estar presente diretamente com eles em comunhão.

Cristo assumiu de forma vicária o castigo que nos trouxe a paz e reconciliação com Deus. O véu do Templo se rasgou e rompeu-se a parede que nos impedia de ter contato direto com o Criador.

O escritor aos Hebreus diz que “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou” (Hb 10.19,20).

Em Cristo, podemos adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.24). Nesse sentido, quem “sobe ao monte do Senhor” vive integralmente um estilo de vida de um verdadeiro adorador.

CONCLUSÃO

Por fim, vale dizer que o Salmo 24 trata-se de uma poesia litúrgica pública que tem muito a nos ensinar, não apenas no que diz respeito à qualidade da adoração prestada no Antigo Testamento, mas, prin­cipalmente, no que diz respeito a uma vida agradável a Deus, por meio da observância contínua das Sagradas Escrituras.

O verdadeiro adorador não é conhecido pelas habilidades, dons e talentos que desempenha com destreza no serviço da obra de Deus.

Antes, o verdadeiro adorador é aquele cujas mãos estão limpas da culpa do pecado e cujo coração medita dia e noite na Palavra de Deus (Sl 1.2) para saber qual é a boa, agradável e perfeita vontade dEle para sua vida (Rm 12.1,2).

Nesse sentido, temos um compromisso ético com o Senhor e co­nosco que expressa a nossa vida de culto a Deus.

O momento em que passamos em comunhão, adorando a Deus em espírito e em verdade, pode alterar por completo a trajetória de nossa vida. Portanto, cultuar a Deus com os nossos irmãos se torna o melhor lugar do mundo.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

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Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2023/04/26/licao-5-prestando-um-culto-santo-a-deus/

Vídeo: https://youtu.be/Y4e2-M-b5sE

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