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LIÇÃO Nº 10 – ADORANDO A DEUS EM MEIO À CALAMIDADE

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O grande livramento dado a Judá na época de Josafá mostra que as adversidades não têm o condão de nos fazer deixar de adorar ao Senhor.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo de exemplos bíblicos de provisão divina, estudaremos hoje o episódio do livramento de Judá do ataque dos moabitas e amonitas no reinado de Josafá.

– O grande livramento dado a Judá naquela oportunidade mostra que as adversidades não podem ter o condão de nos fazer deixar de adorar ao Senhor.

I – O REINADO DE JOSAFÁ

– Na sequência do estudo de exemplos bíblicos de provisão divina, hoje analisaremos o miraculoso livramento que Deus deu a Judá no reinado de Josafá, quando numeroso exército de moabitas e amonitas quis invadir Jerusalém.

– Josafá, cujo nome significa “Javé julga”, foi o quarto rei de Judá, o reino do sul, formado pelas tribos de Judá e Benjamim e que, também, recebeu a migração dos levitas que moravam no reino do norte (Cf. II Cr.11:13-16),

depois da divisão do reino, ocorrida após a morte de Salomão, como castigo divino pela idolatria praticada por este (I Rs.12:1-17; II Cr.10), que foi o quarto e último rei da monarquia unida, iniciada com Saul, que teve, posteriormente, Isbosete e Davi como reis (ainda que Isbosete não tenha reinado sobre a tribo de Judá – Cf. II Sm.2:8-10).

– Josafá era filho de Asa, que foi o primeiro rei de Judá que foi fiel ao Senhor (II Cr.14:1,2), tendo abolido a idolatria, como também a prostituição cultual (os “rapazes escandolosos”), cuja existência estava vinculada à prática idolátrica, levando o povo a servir ao Senhor novamente.

– Josafá assumiu o reinado, porém, num momento de instabilidade espiritual, pois seu pai, Asa, havia se indignado contra um profeta Hanani, que repreendera o rei por ter confiado no rei da Síria e não em Deus, mandando-o prender e maltratá-lo e, como consequência desta ação, de verdadeira rebeldia contra o Senhor, visto que o profeta nada mais era que porta-voz divino, Asa adoeceu e acabou por morrer da sua doença, que atingiu os seus pés, sem ter se retratado pelo que fizera (II Cr.16:10-13).

– Josafá, portanto, presenciara a rebeldia de seu pai e como Deus havia castigado o monarca e, portanto, bem sabia da necessidade de ter uma vida íntegra diante do Senhor.

– Sabendo desta situação, Josafá bem iniciou o seu governo.

Por primeiro, sabendo do clima de guerra constante que havia entre Judá e Israel (o reino do norte, das dez outras tribos), tratou de cuidar da defesa do país, pondo soldados em todas as cidades e fortalezas existentes (II Cr.17:1,2).

– No entanto, o texto sagrado é bem elucidativo ao dizer que o Senhor foi com Josafá, não porque ele tivesse feito as necessárias medidas de defesa, mas porque o rei teria andado nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, não tendo buscado a Baalim, mas, antes, buscou ao Deus de seu pai e andou nos Seus mandamentos e não segundo as obras de Israel (( II Cr.17:3,4).

– Quando andamos de acordo com o Senhor, Ele certamente fará companhia a nós, andará conosco.

Como diz o profeta Amós, não há como dois andarem juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3) e, para podermos andar com o Senhor, faz-se absolutamente necessário que estejamos de acordo com Ele, ou seja, vivamos uma vida de santidade e de obediência à sua Palavra.

Foi o que fez Josafá: ele buscou ao Senhor e não a Baalim, ele não aderiu à idolatria que, inclusive, naquele momento histórico, estava prevalecendo e ganhando uma expressão nunca antes existente no reino do norte, onde estava a reinar ninguém mais, ninguém menos que Acabe, que, com sua mulher Jezabel, estava levando todo o reino do Norte a adorar Baal (I Rs.16:29).

– Pode existir a corrupção que houver, pode haver o aumento de pecado que houver, o fato é que aqueles que se mantiverem em santidade, que não contaminarem as suas vestes espirituais, sempre terão a companhia do Senhor e serão, por isso mesmo, devidamente preservados, conservados e mantidos em comunhão com Deus, não sofrendo as agruras dos desobedientes, sendo o remanescente fiel que alcançará a glorificação (Ap.3:4).

– Josafá, talvez tendo bem firme em sua mente o exemplo de seu pai, não titubeou: buscou ao Senhor, quis seguir o exemplo de Davi, um “homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14), um rei que era a própria provisão divina para Seu povo (I Sm.16:1).

Quando buscamos ao Senhor, tornamo-nos uma verdadeira provisão divina para os que nos cercam, somos uma bênção, precisamente o propósito que Deus tem para cada um de nós quando nos chama e atendemos ao Seu chamado para servi-l’O (Gn.12:1-3).

Não é por outro motivo que somos descendentes espirituais de Abraão (Gl.3:29).

– Não há como entendermos toda a provisão divina para os Seus servos sem, antes, verificarmos que isto é decorrência de uma vida de santidade e de obediência à Palavra de Deus. Josafá era fiel a Deus e, por isso, alcançou o que alcançou durante a sua vida, o seu reinado.

Não queiramos ter o desfrute das bênçãos de Deus se não estivermos de acordo com Ele, se não O tivermos como nosso companheiro de jornada.

Jesus disse que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos, mas, antes de fazer esta promessa, lembrou que deveria ser ensinado aos Seus discípulos que era mister todas as coisas que Ele havia mandado (Mt.28:19,20).

Precisamos do Senhor das bênçãos e não apenas, como, lamentavelmente, hoje se prega, das bênçãos do Senhor.

– Diante desta atitude de Josafá, as bênçãos passaram a segui-lo. Por primeiro, o Senhor confirmou o reino na mão de Josafá.

A autoridade de Josafá foi reconhecida, a ponto de ter recebido presentes de todo o povo e ter conseguido amealhar riquezas e glória em abundância (II Cr.17:5).

– Este aspecto da vida de Josafá, ou seja, a sua excelente situação econômico-financeira, não é esquecida pelos pregadores da teologia da prosperidade, que procuram, diante deste quadro, dizer que a obediência ao Senhor traz, inevitavelmente, a prosperidade material.

– É indiscutível que Josafá teve, sim, prosperidade material e que isto foi resultado de sua obediência a Deus, mas o que os “teólogos da prosperidade” não mostram, no texto sagrado, são duas coisas importantíssimas.

– A primeira é que o objetivo primeiro de Josafá foi defender o seu reino, pois tinha plena consciência de que era o monarca e alguém da linhagem de Davi, de onde viria o Messias, devendo, portanto, ocupar-se da manutenção da integridade do país.

– A segunda é que o que Deus fez foi, precisamente, confirmar o reino, tendo sido o enriquecimento material algo secundário, que não era o alvo de Josafá, nem o de Deus, tanto que Josafá não pôs o coração nas riquezas, mas, sim, nos caminhos do Senhor, tanto que tirou os altos e os bosques de Judá, locais onde havia resquícios de idolatria (II Cr.17:5).

– Como se isto fosse pouco, ao longo de seu reinado, Josafá até que apresentou algum interesse em coisas materiais, chegando, inclusive, a aliar-se a Acazias, filho de Acabe, numa empreitada comercial marítima, com vistas a ter uma esquadra que pudesse ir até Társis e fazer como que uma concorrência aos fenícios de Tiro e Sidom, empreitada que redundou em grande fracasso, porque o próprio Deus destruir estes navios, já que Josafá demonstrou um interesse material que comprometia a sua santidade, já que fizera aliança com a casa de Acabe (II Cr.20:35-37), a mostrar, pois, que o enriquecimento material jamais pode ser tido como finalidade ou objetivo na vida de um servo de Deus e que o Senhor, em hipótese alguma, está à disposição para satisfação de tais interesses.

– Confirmado no reino, Josafá tratou de promover a educação doutrinária do povo de Judá. Josafá não queria apenas buscar ao Senhor, mas que tinha o desejo que todo o povo tivesse a mesma intimidade que tinha com Deus e, por isso, no terceiro ano de seu reinado, príncipes e levitas para que ensinassem a lei do Senhor a toda a população (II Cr.17:7-9).

– Que exemplo nos dá Josafá para os governantes, tanto os governantes seculares como os eclesiásticos.

Não se pode fazer uma nação próspera e fiel a Deus sem que se tenha educação. Judá, nos dias de Josafá, realmente foi uma “pátria educadora”. Josafá sabia que, por falta de conhecimento, o povo pode ser destruído (Os.4:6).

Que bom seria que se desse prioridade à educação tanto na sociedade, quanto na igreja!

– Devidamente fortificado, Josafá, então, resolveu fazer paz com o reino do norte, com o reino das dez tribos, o reino de Israel, que, até então, desde a divisão ocorrida após a morte de Salomão, jamais estivera em paz com Judá.

Esta iniciativa de Josafá foi o seu grande erro, a sua grande falha.

A aliança que firmou com Acabe chegou ao ponto de fazer com que seu filho Jeorão, que o sucederia no trono, se casasse com uma das filhas de Acabe, chamada Atalia, casamento este que seria catastrófico para Judá, pois daria ocasião para que a casa de Davi fosse posta em risco e que Judá caísse na idolatria e no culto a Baal, o que somente ocorreu após a morte de Josafá e que, por isso, não será objeto de nossa análise nesta lição.

Mas isto nos serve de advertência para que não busquemos jamais a comunhão com as trevas, pois é impossível luz e trevas terem comunhão (II Co.6:14).

– Esta atitude equivocada de Josafá foi objeto da repreensão do Senhor por parte do profeta Jeú filho de Hanani, o profeta que havia profetizado contra Asa (II Cr.19:1-3), não tendo Josafá repetido o erro de seu pai, nada fazendo contra o homem de Deus.

– Josafá, também, tratou de estruturar o sistema judiciário de Judá, estabelecendo juízes na terra, em todas as cidades fortes, tendo orientado os magistrados de como deveriam proceder (II Rs.19:5-11).

Assim, não só se preocupou em ensinar ao povo a lei de Deus, como também em fazê-la aplicar, cumprindo, assim, um dos deveres primordiais do Estado, que é a do castigo dos maus (Rm.13:3,4).

– Josafá, em suas orientações aos juízes, disse que eles deveriam ser tementes ao Senhor, andassem com fidelidade e com coração inteiro, tendo plena autoridade para fazê-lo, já que dava exemplo.

– Cumprindo o próprio significado de seu nome, qual seja, “Javé julga”, Josafá não apenas havia dado condições para que o povo tivesse conhecimento da lei do Senhor, não podendo, assim, alegar inocência ou desconhecimento, como também criou as circunstâncias necessárias para que houve a devida aplicação da lei pelos juízes, a fim de castigar os transgressores, que poderiam ser efetivamente punidos, uma vez que tinham tido conhecimento do teor da legislação. É assim que Deus age.

Faz-se preciso que, primeiro, ensinemos a Palavra de Deus para que, depois, possamos corrigir (II Tm.3:16,17).

– Josafá mostrava, assim, que era um fiel servo de Deus, que tinha como alvo buscar a presença de Deus e criar as condições para que o seu povo também pudesse buscá-l’O. Temos tido este mesmo comportamento? Pensemos nisto!

II – A ADVERSIDADE CHEGA AO REINADO DE JOSAFÁ

– Tudo parecia caminhar muito bem no reino de Judá sob o governo de Josafá. Havia prosperidade material; o país estava em paz e em segurança, tanto que as nações vizinhas tinham medo dos judaítas (II Cr.17:10) e havia, também, paz interna, já que o povo era ensinado na lei do Senhor, o que proporcionava uma vida social pacífica e proveitosa, como também havia uma justiça atuante, que, ao castigar os transgressores, trazia ainda mais tranquilidade e segurança a todos os habitantes.

– No entanto, é dito que os filhos de Moabe, os filhos de Amom e alguns outros dos amonitas vieram à peleja contra Josafá e logo vieram alguns até a presença do rei dizendo que estes estrangeiros vinham contra Josafá em uma grande multidão (II Cr.20:1,2).

– A notícia vinda dava conta que o exército inimigo era muito numeroso, com pessoas de várias nacionalidades e que, inclusive, já se encontrava em Hazazom-Tamar, que é En-Gedi, oásis localizado a oeste do Mar Morto, distante cerca de 83,4 km de Jerusalém.

– A região não havia sido fortificada por Josafá, pois era uma região considerada de difícil acesso, mas o fato é que o exército já estava lá e, em grande número, marchava para tomar o país.

Josafá sabia que a batalha seria extremamente difícil, apesar de ter à sua disposição uma treinada gente de guerra. Josafá havia sempre buscado ao Senhor e sabia que nada poderia ser feito sem que o Senhor lhe fizesse companhia.

– Ante esta constatação, Josafá teve medo, pois bem conhecia a dificuldade do momento e, então, se pôs a buscar ao Senhor e apregoou jejum em todo Judá (II Cr.2:3).

– Temos aqui uma clara demonstração de que o objetivo de todo servo de Deus é sempre o de buscar a Deus, seja nos momentos de dificuldade, seja nos momentos de alegria e de bonança.

Josafá sempre tinha buscado ao Senhor, e, agora, apesar da notícia alarmante que recebera, manteve esta busca.

Verdade é que agora estava precisando de uma providência urgente do Senhor, mas o fato é que não foi buscar a Deus apenas no instante da calamidade, mas costuma fazê-lo sempre e, agora, o fazia mais uma vez.

– Será que podemos dizer que somos como Josafá? Ou, como a grande maioria das pessoas, somente nos lembramos do Senhor nos momentos de adversidade e de dificuldade?

Verdade é que o dia da adversidade tem a finalidade pedagógica de nos fazer lembrar de que Deus cria tanto este quanto o dia da prosperidade (Ec.7:14), mas não podemos querer recorrer ao Senhor apenas quando estivermos passando por lutas.

– Josafá não só buscou ao Senhor como também apregoou jejum em todo Judá. Nos momentos de grande adversidade, precisamos dar um reforço à oração e este reforço é o jejum.

Josafá podia apregoar jejum em todo Judá, porque os judaítas estavam sendo devidamente instruídos na lei do Senhor, tinham sido ensinados sobre o valor e a importância do jejum.

– Nos dias em que vivemos, o jejum é uma prática que está em desuso. Vivemos dias terríveis, dias de multiplicação da iniquidade, o princípio de dores mencionado pelo Senhor Jesus em Seu sermão profético, os dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, onde é ainda mais necessário que busquemos ao Senhor, que clamemos a Ele para que possamos resistir no dia mau e nos mantenhamos firmes (Cf. Ef.6:13) e, ante tais circunstâncias, como deixar de orar mais insistentemente e reforçarmos a oração com o jejum?

– O jejum é um reforço à oração notadamente para os momentos de urgência, de intensa necessidade.

Quando isto acontecia no meio do povo de Deus, o jejum era proclamado e foi o que fez Josafá e o povo, que conhecia a lei do Senhor, atendeu a esta convocação, ajuntou-se para pedir socorro ao Senhor, não só os habitantes de Jerusalém, mas de todas as cidades de Judá (II Cr.20:4).

– O salmista diz quão suave é que os irmãos vivam em união, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre (Sl.133).

Foi o que experimentaram os judaítas. Todos vieram buscar ao Senhor em Jerusalém, todos foram orar e jejuar em prol do livramento. Todos demonstraram a sua fé e confiança em Deus.

– Percebamos que Josafá poderia, humanamente falando, preocupar-se em trazer as tropas das cidades fortes, a gente de guerra em que tinha investido parte considerável de seu governo. Poderia ter convocado uma reunião com os seus comandantes militares ou, quem sabe, pedir a ajuda de Israel ou de outros povos vizinhos, já que vivia em paz com todos eles.

Entretanto, Josafá, que tinha como prioridade servir a Deus e sabia que o mais importante é ter a companhia do Senhor, deixou todas estas atitudes de lado e foi buscar ao Senhor.

– Josafá sabia que tinha um exército bem preparado. Josafá sabia que poderia contar com os aliados que havia formado durante o seu governo, mas o rei sabia que nada disso seria producente se o Senhor não estivesse com ele.

Certamente, Josafá conhecia o que havia escrito Salomão: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl.127:1).

– Cada um de nós precisa fazer a sua parte. Josafá havia se esmerado em construir um sistema de defesa em todo Judá, sistema esta feito com tanta dedicação que todos os povos vizinhos respeitavam os judaítas e deles tinham medo.

Josafá não tinha sido negligente na defesa de seu país e agora apelava a Deus uma vez que não tinha soldados preparados.

Não, não e não! Josafá tinha um exército bem treinado, mas sabia que isto nada valia se não se tivesse a proteção divina, se não se buscasse ao Senhor.

– A provisão divina é a criação de condições pelas quais Deus cumpre os Seus propósitos.

Devemos, assim, saber quais são os propósitos divinos, reconhecer a Sua soberania e o fato de que estes propósitos serão atingidos, mas estarmos à disposição para que sejamos instrumentos do cumprimento e da realização destes propósitos, tudo fazendo para contribuir para o seu alcance.

– Por isso, não podemos querer a intervenção divina senão para o cumprimento de Seus propósitos e na parte em que não poderemos fazer coisa alguma, pois, o que está ao nosso alcance fazer, temos de fazer e não pedir que Deus faça por nós.

Como diz o sábio: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec.9:10).

– Não foi por outro motivo que o Senhor Jesus mandou que as pessoas que O haviam seguido até a sepultura de Lázaro tirassem a pedra, algo que elas poderiam fazer (Jo.11:39).

Entretanto, ressuscitar Lázaro era algo que somente cabia a Cristo e, por isso, as irmãs de Lázaro deveriam tão somente crer, como, Marta, aliás, foi instada pelo Mestre a fazê-lo, quando quis objetar a ordem de tirar a pedra.

– Fazer o que devemos e podemos fazer e deixar que Deus faça o que somente Ele pode fazer é a atitude correta com relação à Divina Providência, é a atitude de fé que se exige de todo aquele que quer agradar ao Senhor (Hb.11:6).

Quando fazemos o que está ao nosso alcance, mesmo nada vendo ou compreendendo, mostramos que confiamos em Deus.

Quando esperamos que Deus realize o que não podemos fazer, também mostramos nossa confiança no Senhor, vendo o invisível uma vez mais.

– Querer que Deus faça o que nós podemos fazer é considerar que Deus é servo e não, Senhor.

É uma indevida inversão de papéis, algo inadmissível para quem se diz servo de Deus, pois está a tratar ao Senhor como serviçal.

– Querer fazer o que somente Deus pode fazer é, também, agir como se fôssemos Deus, como se pudéssemos viver independentemente do Senhor, algo, também, que é inadmissível para quem se entende ser um “pobre e necessitado” que depende do cuidado do Senhor (Sl.40:17).

– Judá ajuntou-se para pedir socorro ao Senhor. Se raro está o jejum, que dirá o jejum coletivo, que, algumas vezes, vemos retratado nas Escrituras Sagradas.

Seria extremamente interessante que o povo de Deus, que a Igreja se dedicasse a momentos como este, não para que se tenha um jejum ritualístico, mas, ante as imensas dificuldades que estamos a enfrentar, pudesse, a exemplo de Judá naqueles dias, também se dedicar a um dia de clamor pelo nosso país, pela obra de Deus.

Busquemos ao Senhor, clamemos a Ele e, certamente, o Senhor nos responderá (Jr.33:3).

– Quando o povo estava reunido, orando e jejuando, o rei Josafá se pôs em pé na congregação de Judá e de Jerusalém, na casa do Senhor, diante do pátio novo e fez uma oração audível a todo o povo.

– Josafá, sendo o governante, era o primeiro a clamar a Deus, era aquele que estava a dar exemplo diante de todo o povo.

Por isso, tinha ele autoridade sobre todo o povo e todos tinham ido a Jerusalém, de todas as cidades, para este momento de oração e jejum.

Josafá dava exemplo! Não há como se liderar se não se for exemplo para os liderados. Não há lugar para “faz o que eu mando, mas não faz o que eu faço”.

– Notamos que, para orar, o rei Josafá se pôs em pé, prova de que não há, como alguns defendem, uma posição única para a oração.

Podemos orar em pé, sentados, deitados, ajoelhados. O importante não é a posição física, mas, sim, a posição espiritual, se, realmente, estamos nos prostrando diante do Senhor, se nosso homem interior está se submetendo a Deus e à Sua autoridade para pedir algo.

– O povo estava pedindo socorro ao Senhor. Não estava a exigir coisa alguma, nem tampouco a “pôr Deus contra a parede” ou outras tolices que temos nos acostumado a ouvir e, lamentavelmente, em púlpitos de nossas igrejas locais, mentiras criadas pelos falsos pregadores da teologia da confissão positiva.

O povo não foi exigir o “cumprimento da aliança” ou qualquer outra coisa. Vejam que Judá estava servindo a Deus, estávamos num período de avivamento espiritual, mas o povo, que bem conhecia a lei do Senhor, não veio exigir coisa alguma, mas, sim, pedir socorro ao Senhor.

– Tanto assim é que Judá inicia a sua oração se dirigindo ao “Senhor, Deus de nossos pais”, ou seja, reconhecia que Deus era Senhor e ele, tão somente, um servo. Era o rei, mas, diante de Deus, era apenas um servo.

Josafá ainda reconhece que se tratava do Deus de seus pais, ou seja, o Deus que havia formado a nação de Israel.

– Ainda em continuidade ao reconhecimento da soberania divina, Josafá diz que o Senhor está nos céus (II Cr.20:6), expressão que mostra que o rei bem sabia da soberania e majestade de Deus, que está no controle de todas as coisas.

Foi assim, aliás, que o Senhor Jesus ensinou Seus discípulos a iniciar a oração, lembrando que Deus é nosso Pai e que está nos céus (Mt.6:9).

– É importantíssimo sempre lembrarmos que Deus é nosso pai (no caso, Josafá lembra que era o Deus de seus pais) e que Ele está nos céus, pois, assim, não teremos qualquer dúvida de que tudo o que ocorre conosco é para o nosso bem, pois, “ qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra?

E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt.7:9-11).

Deus é soberano e quer o nosso bem e, portanto, se formos efetivamente Seus filhos, teremos sempre a Sua bênção, tudo concorrerá para o nosso bem.

– Observemos, bem, que estamos a falar dos filhos de Deus e, para ser filho de Deus, é mister que, primeiro, creiamos em o nome de Cristo Jesus, recebendo-O como Senhor e Salvador e nascendo da vontade de Deus e não da carne (Jo.1:12.13) e que nos submetamos a Ele, aceitando a Sua disciplina, isto é, o Seu ensino e correção (Hb.12:5-11).

– Prosseguindo em sua oração, Josafá chama o Senhor de Dominador sobre todos os reinos das gentes e que na Sua mão havia força e poder e não haveria quem Lhe pudesse resistir (II Cr.20:6).

O rei enfatiza, ainda mais, a soberania divina e reconhece que ninguém pode contrariar a vontade divina, nem o próprio rei, muito menos o povo de Judá.

– Hoje em dia há um total descaso de muitos com respeito à soberania divina. Muitos, sem qualquer respaldo bíblico, creem num Deus serviçal, num Deus que está pronto a atender aos caprichos do ser humano, que é “obrigado” a satisfazer a vontade do homem.

Este suposto Deus mais se assemelha ao “gênio da lâmpada” da história de Aladim do que à realidade que nos é revelada pelas Escrituras Sagradas. Deus é o Dominador de toda a terra e ninguém Lhe pode resistir.

Devemos, isto sim, clamar pela misericórdia divina e nos esforçarmos para, a cada dia, passarmos a querer o que Deus quer.

Jesus ensinou-nos a pedir que a vontade de Deus seja feita assim na terra como no céu e, o que é emblemático, é que tal pedido nos mostra que a vontade de Deus deve ser feita primeiramente em nós.

– Quando falamos em provisão divina, nunca devemos nos esquecer de que esta provisão é a criação de condições para que se cumpra a vontade de Deus e não a nossa, como alardeiam irresponsavelmente os falsos pregadores das teologias coirmãs da prosperidade e da confissão positiva.

Devemos, isto sim, comportar-nos como espelhos da glória de Deus (II Co.3:18), como astros que refletem a luz do Sol da Justiça (Fp.2:15; Ml.4:2).

– Notamos que, até aqui, Josafá, antes de apresentar qualquer pedido ao Senhor, reconhece-Lhe a soberania, poder e majestade, ou seja, deixa tudo nas mãos de Deus, desde já sabendo que a palavra final é a do Senhor e não do povo de Judá ou de seu rei.

Quanta diferença com as pseudo-orações que ouvíamos na atualidade, onde há uma série de “determinações”, “decretos” e outras tolices…

– Josafá, então, lembra o fato de que foi Deus quem quis que os israelitas ocupassem a terra de Canaã, fazendo, inclusive, com que os moradores primitivos dela fossem retirados e que, portanto, salvo melhor juízo, não seria da vontade divina que os amonitas, moabitas e seus aliados que vinham em numeroso exército exterminar o povo que o próprio Senhor havia posto na terra (II Cr.20:7), ainda mais que estava o povo, naquele momento histórico, a cumprir a lei do Senhor e os ditames tanto do pacto do Sinai quanto do pacto palestiniano ( Dt.27, 28 e Js.8:30-35).

– Josafá não procede a uma “cobrança” de Deus, nem tampouco “põe Deus contra a parede”, mas apenas constata, neste diálogo com o Senhor, que era da vontade de Deus que os judaítas habitassem a terra em que estavam e que, portanto, como Deus não muda (Ml.3:6), não havia motivo para que o povo fosse de lá desarraigado. Não se trata de “cobrança”, mas, sim, de constatação e convicção do orante na fidelidade divina.

– Josafá, então, revela esta atitude de fé e confiança em Deus ao dizer que, por esta mesma fidelidade divina, estava a clamar ao Senhor, juntamente com o povo, em Jerusalém, no templo construído por Salomão, já que fora o próprio Deus quem dissera, quando da inauguração daquela casa de oração, que ouviria o clamor do povo quando este suplicasse por Seu auxílio nos momentos de angústia (II Cr.20:8,9).

– Assim como Deus havia dito a Salomão após a inauguração do templo, Josafá e todo o povo judaíta estavam se humilhando e orando pedindo o socorro de Deus (II Cr.7:11-16).

Por isso, é imprescindível que creiamos na Palavra de Deus, que façamos da Bíblia Sagrada nossa única regra de fé e prática, pois são as Escrituras que testificam de Cristo (Jo.5:39) e não podemos duvidar das Suas promessas.

– Ante a constatação da soberania e da fidelidade divinas, bem como da sua fé em Deus, Josafá, então, passa a fazer o pedido que havia motivado todo aquele jejum nacional, a nos lembrar, portanto, que tanto a oração e, máxime, a oração reforçada por um jejum devem sempre ter um alvo específico, um objetivo, uma finalidade, não podendo ser algo ritualístico e automático, que nada representará senão uma abstinência alimentar totalmente infrutífera do ponto de vista espiritual.

– Josafá, então, diz ao Senhor que estavam vindo para destruir o povo os filhos de Amom, de Moabe e os das montanhas de Seir, com o intuito de lhes fazer tirar a herança que haviam recebido do próprio Deus e, então, pede que o Senhor julgasse aqueles inimigos, visto que não tinha Judá força para enfrentá-los e não sabia Josafá o que fazer, mas aguardavam a orientação do Senhor (II Cr.20:10-12).

– Que coragem a de Josafá! Diante de todo o povo, sendo o rei, confessa a sua nulidade, a sua incapacidade, a sua impotência, um gesto extremamente ousado. Não poderia o povo desanimar diante desta confissão?

Não poderia alguém se rebelar contra o rei que demonstrava tamanha fraqueza? Josafá, porém, estava bem ciente do que dizia e o povo, que servia ao Senhor, bem compreendia as palavras de seu monarca.

– Josafá, como já dissemos, não fora negligente com a segurança e defesa de seu país. Fizera tudo que estava ao seu alcance, mas a situação imprevista surgira e num patamar que estava acima de suas forças e, deste modo, não havia a quem recorrer senão ao Senhor.

Quem faz tudo o que veio às suas mãos não tem qualquer constrangimento, ainda mais em se tratando de um servo de Deus, para reconhecer o momento em que se deve tão somente crer, tão somente esperar em Deus.

– Embora estivesse sem saber o que fazer, embora não tivesse o que fazer, Josafá não desanimou, nem se desesperou. Eis a grande diferença entre quem serve a Deus e quem não o faz. Quando se chega ao limite, o servo de Deus olha para o Senhor, põe seus olhos n’Aquele em quem confia, enquanto que o incrédulo recorre a outros subterfúgios, não raras vezes dando cabo da sua própria vida.

Confiemos em Deus, olhemos para Jesus e tenhamos, então, o bom ânimo de que necessitamos para vencer o mundo como Cristo venceu (Jo.16:33).

– Josafá orava a Deus, de pé e em voz alta, mas todo o povo, inclusive as crianças e as mulheres, também estava orando, acompanhando o seu rei, em pé e, certamente, confiando em Deus.

III – DEUS INTERVÉM PARA LIVRAR JUDÁ

– Diante de tamanho clamor de todo o povo de Judá, o texto sagrado nos diz que veio o Espírito do Senhor no meio da congregação sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de Asafe (II Cr.20:14).

– Quando o povo de Deus se reuniu e começou a invocar ao Senhor em jejum coletivo, orando, o Espírito Santo Se fez presente e usou de um profeta, de um dos filhos de Asafe, para trazer uma mensagem ao povo. Deus sempre está no meio da congregação, no meio do povo.

– Nos dias da lei, como estes que estamos a analisar, Sua presença era limitada, episódica, usando de um profeta em especial. Em nossos dias, porém, a presença do Senhor está em cada um de nós, pois somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19), bem como do Pai e do Filho (Jo.14:23).

Não recebemos mais a visita do Espírito Santo, como os israelitas, mas, sim, somos habitação d’Ele (Jo.14:17).

– Como é bom termos a presença do Espírito Santo, porque onde Ele está, de modo participativo e em comunhão com aquele que O recebe como habitação, temos o reino da liberdade (II Co.3:17), não podendo o pecado nos prender mais, nem tampouco o maligno nos tocar (I Jo.5:18).

– Entretanto, ainda hoje, mesmo diante da situação muito mais intensa e profunda vivida pelo povo de Deus na dispensação da graça, ocasiões há, também, em que o Espírito Santo vem de modo especial sobre alguém,

no meio da congregação, a fim de demonstrar a Sua presença, o Seu poder ou a Sua ciência, quando da manifestação dos dons espirituais (I Co.12), quando, então, também, podem ser trazidas mensagens de consolação, exortação e edificação à Igreja (I Co.14:3), notadamente quando se está diante de situação de urgência como a que era vivida por Judá nos dias de Josafá.

Daí a importância de convocação de reuniões de jejum e consagração coletivos na Igreja que tenham objetivos específicos e o resultado será o mesmo que teve o povo judaíta naquele tempo.

– Notemos, ainda, que aquele que foi escolhido pelo Espírito Santo para profetizar era um dos filhos de Asafe, ou seja, os descendentes de Asafe, ele próprio um salmista e que foi um dos encarregados de organizar o louvor no que viria a ser o templo construído por Salomão, organização que já se iniciou durante o reinado de Davi.

Asafe era, também, um profeta (I Cr.25:2) e isto nos mostra, assim, que havia décadas que aquela família de levitas se dedicava a servir a Deus e a se colocar à disposição do Senhor, inclusive no que tocava à profecia.

Era uma família consagrada a Deus. É fundamental, para que tenhamos saúde espiritual nas igrejas locais, que as famílias que a compõe, também tenham este grau de dedicação espiritual que Asafe transmitiu a seus descendentes, dedicação que já durava mais de um século.

– Deus respondeu imediatamente ao rei Josafá e a todo o povo que orava com ele. Podemos, então, aguardar que Deus sempre responda de forma imediata? Não, não e não!

O momento vivido por Judá era de urgência, o inimigo estava se aproximando e, por isso, Deus responde naquele mesmo momento, logo após a oração do rei, mas isto nem sempre acontece.

Deus responde no tempo oportuno, no tempo apropriado e, por isso, devemos ter confiança no Senhor e não nos abalarmos quando sobrevenha um silêncio da parte do Senhor às nossas petições.

Lembremos que Abraão, que é chamado de amigo de Deus (Tg.2:23), ficou sem ouvir a voz do Senhor durante um tempo indeterminado, enquanto esteve no Egito e, depois, por 13 anos, desde quando teve Ismael até um ano antes do nascimento de Isaque (Gn.16:15-17:1).

– Alguém pode dizer que este silêncio mencionado foi fruto da desobediência de Abraão, já que, nas duas oportunidades em que Deus Se calou, ele cometeu atos impensados e sem prévia consulta ao Senhor, o que é verdade, mas há outros exemplos nas Escrituras em que há um silêncio inquietante e ele não pode sequer ser associado à desobediência.

Que falar do silêncio de Deus em relação a Elias durante o tempo em que o ribeiro de Querite minguava e o profeta isto percebia, ainda que alimentado diariamente, e por duas vezes ao dia, pelos corvos? Nem sempre o silêncio decorre de desobediência. O que devemos saber é que Deus fala e age quando for necessário. Ao contrário do que diz conhecido provérbio popular, “Deus não tarda nem falha”.

– O profeta Jaaziel levantou no meio do povo e trouxe uma mensagem de esperança e de vitória.

Mandou que o povo não temesse nem se assustasse por causa da grande multidão que vinha ao seu encontro porque a peleja não seria deles, mas, sim, de Deus e que deveriam ir ao encontro do inimigo no dia seguinte, sendo certo que achariam os adversários no fim do vale, diante do deserto de Jeruel, mas, naquela luta, não teriam os judaítas de pelejar, mas deveriam estar em pé e ver a salvação do Senhor. Mais uma vez mandou que o povo não temesse nem se assustasse e que saísse ao encontro do inimigo, porque o Senhor seria com eles (II Cr.20:15-17).

– Por primeiro, a mensagem divina mostra como o Senhor nos conhece por dentro, sabe do nosso íntimo, bem conhece a nossa estrutura (Sl.103:14).

Por duas vezes, pediu que o povo não tivesse medo nem se assustasse, pois era um sentimento de pavor que tomava conta dos judaítas.

A expressão “não temas” é repetida na Bíblia Sagrada por 365 vezes, ou seja, há um convite divino para que não tenhamos medo e confiemos em Deus a cada dia do ano.

Nosso dia-a-dia não pode ser abalado com medo do que está por vir, pois estamos debaixo das mãos do Senhor. Aleluia!

– Por segundo, a mensagem divina não esconde que havia uma luta acima das forças e capacidade do povo de Judá. Vinha, realmente, uma grande multidão ao encontro de Judá e a luta era inevitável.

Não havia como se fugir da realidade. Deus jamais altera a realidade dos fatos. Há, sempre, uma realidade a ser enfrentada. Por isso, fujamos de todo discurso que procure distorcer a realidade, que gere ilusões ou ficções.

Deus não foge da realidade, nem nos ensina a fazê-lo, mas, sim, a enfrentá-la confiando n’Ele e sabendo que nenhuma realidade poderá ser obstáculo ao cumprimento dos desígnios divinos.

– As falsas teologias da prosperidade e da confissão positiva estão umbilicalmente ligadas a correntes de pensamento que vão no caminho diametralmente oposto, em especial, a chamada “Ciência Cristã”, que Mary Baker Eddy fundou em 1866, em que considerou a doença como uma “ilusão”, que deveria ser superada, algo puramente “mental” e “inexistente”.

Não é à toa, pois, que estes falsos pregadores tenham conseguido arrastar atrás de si multidões com esta mentira, querendo fazer as pessoas entender que não há dificuldades nem podem elas ser “aceitas” por um servo de Deus.

A mensagem de Jaaziel vai no sentido completamente oposto: havia, sim, uma grande luta a ser enfrentada, o inimigo era numeroso, mas se deveria confiar em Deus para obter a vitória.

– Por terceiro, como havia uma realidade a enfrentar, o povo deveria ir para o campo de batalha. Teriam de encontrar os inimigos e o Senhor já diz onde se daria o encontro, para mostrar que estava no absoluto controle de todas as coisas.

Entretanto, embora no campo de batalha, não teriam de lutar, pois Deus estava assumindo a luta para Si, o que, entretanto, não dispensava o povo de ir até onde estava o inimigo.

– Grande lição nos dá esta mensagem de Deus por intermédio de Jaaziel. Era necessário que povo fosse ao encontro do inimigo. O servo de Deus, o povo do Senhor não pode se acovardar, não pode recuar.

Deus não tem prazer naquele que recua (Hb.10:38), como também não permite que os covardes participem do número daqueles que com Ele morarão eternamente (Ap.21:8).

Por isso, amados irmãos, jamais temamos enfrentar o inimigo, jamais nos furtemos a participar da batalha espiritual, que não é contra a carne nem o sangue, mas contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12).

– Nesta luta, devemos estar devidamente armados e preparados, mas sabendo que quem comanda e quem vence é o Senhor, que está conosco.

Da mesma forma que não é agradável a Deus a covardia, também a soberba não é atitude que deva existir entre quem se diz servo de Cristo Jesus. Devemos fazer como Davi, ir até o inimigo, mas dizer que o fazemos em nome do Senhor dos Exércitos (I Sm.17:45).

– O povo deveria ir até onde estava o inimigo, mas devia saber que a luta não era dele, mas, sim, do Senhor.

O Senhor pelejaria por Judá. O Senhor peleja por nós, mas isto não nos autoriza de irmos ao encontro do inimigo. Temos feito isto?

– Ante a mensagem divina, Josafá prostrou com o rosto em terra, humilhando-se diante do Senhor e reconhecendo a Sua soberania.

Todo o povo começou a adorar a Deus juntamente com o seu rei e os cantores e músicos começaram a louvar ao Senhor. Que culto maravilhoso! O povo de Judá agradecia a Deus pela Sua pronta palavra e demonstrava confiar naquilo que havia sido dito.

– Josafá, então, ordenou que os soldados fossem até o campo de batalha, devidamente armados, mas, na frente, postou os cantores e músicos, para que louvassem a Deus. Por que agiu desta maneira?

Porque o Senhor disse que a luta era d’Ele e de mais ninguém. Ora, se Deus estava com eles e haveria de lutar, nada mais justo que todos os cantores e músicos louvassem a Deus, que estava à frente do povo no local do encontro com o inimigo.

– Josafá ensina-nos que, nos momentos de ida para o encontro com o inimigo, nos momentos de embate com o maligno, devemos estar em atitude de adoração a Deus, em plena comunhão com Ele, pronto a servi-l’O, mas, também, devidamente armados, não, como os soldados de Judá, com armas de guerra materiais, mas com a “armadura de Deus” (Ef.6:13-18), com as “armas poderosas em Deus para destruição das fortalezas” (Ii Co.10:4), com as “armas da justiça” (II Co.6:7). Como está o nosso arsenal, amados irmãos?

– Nos dias em que vivemos, muitos, como já dissemos, estão iludidos, achando que não há guerra espiritual alguma, que não é realidade a luta contra o maligno, a ação maligna com suas hostes espirituais.

Outros, embora reconheçam haver esta luta, acovardam-se, não vão para o campo de batalha. Outros, ainda, acham que podem, por si sós, combater o maligno, esquecendo que devemos fazê-lo em nome do Senhor, que é Ele quem peleja por nós, embora tenhamos de ir ao encontro do adversário.

Mas há aqueles que, indo ao encontro do inimigo, confiando em Deus, não se encontram devidamente armados e, por conseguinte, não conseguirão resistir no dia mau e ficar firmes (Cf. Ef.6:13).

Por isso, tantos hoje fracassam espiritualmente. Tomemos cuidado, amados irmãos.

– É interessante notar que a ordem de Josafá não foi fruto exclusivo de sua vontade. O rei se aconselhou com o povo (II Cr.20:21), pois sabia que Deus havia Se manifestado, pelo profeta, no meio da congregação e, portanto, todos poderiam ajudar na correta interpretação da mensagem e no seu fiel atendimento.

O povo não era apenas apto para clamar e jejuar juntamente com o rei, mas, também, a entender e compreender a mensagem divina.

– Josafá, como líder do povo, tomou a iniciativa de estimular o povo à fé em Deus e em Sua Palavra, dizendo que o povo deveria crer para estar seguro e alcançar a verdadeira e genuína prosperidade, mas, também, foi ouvir o povo e o resultado foi que, como o povo estava unido diante do Senhor, se teve o correto entendimento da profecia, o que foi fundamental para o êxito e para o livramento.

– Nos dias em que vivemos, em que cada crente é templo do Espírito Santo, a liderança não pode agir de modo diferente.

É preciso, também, que se aconselhe com o povo, que tome a iniciativa do estímulo à fé em Deus e na Sua Palavra, mas que não aja ditatorialmente, sem qualquer consulta aos irmãos.

É preciso lembrar das palavras de Salomão: “Não havendo sábia direção, o povo cai, mas, na multidão de conselheiros, há segurança” (Pv.11:14) e “Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão” (Pv.15:22).

Quantas igrejas locais estão a sofrer e até a perecer pela falta da observância deste ponto, gerando o que o pastor Antonio Gilberto, recentemente, em vídeo que gravou para a Campanha de Evangelização da CPAD do 3º trimestre de 2016, chamou de “desmando”. Que Deus nos guarde!

– Quando o povo de Judá começou a louvar a Deus e a ir em direção ao inimigo, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os da montanha de Setr e foram eles desbaratados, ou seja, como aponta o original hebraico, “quebrados”, “derrotados”.

A vitória foi determinada por Deus e temos aqui, uma vez mais, um exemplo daquele ensino do saudoso pastor Severino Pedro da Silva: “Deus começa quando começamos”. O povo começou seu caminho para ir ao encontro do inimigo louvado a Deus e Deus já os derrota no mesmo momento do início da caminhada.

– O povo de Judá agiu por fé, pois não estava vendo o inimigo, sabia que o inimigo seria encontrado diante do deserto de Jeruel, no fim do vale e que as armas não poderiam ser utilizadas, pois os soldados estavam depois dos cantores e músicos, que eram precisamente os que comandavam o louvor a Deus, mas eles não temiam, confiavam no que Deus lhes havia falado e, por isso, desde já rendiam graças ao Senhor.

– Do mesmo modo, mesmo indo ao encontro do inimigo, mesmo sabendo que a luta é das mais renhidas, nós devemos, devidamente armados com as armas espirituais, ir em espírito de adoração e de louvor ao embate, que é o nosso cotidiano, o nosso dia-a-dia. Temos feito isto?

– Os inimigos foram confundidos pelo Senhor e acabaram lutando entre si e se matando uns aos outros. Quando Judá chegou à atalaia do deserto, olharam para a multidão e todos eram corpos mortos, que jaziam em terra e nenhum escapou (II Cr.20:23,24).

– O trabalho do povo foi tão somente recolher os despojos, tantas riquezas que foram precisos três dias para que se fizesse o saque de tudo quanto foi trazido pelos inimigos. Deus transformara o momento de angústia e de ameaça de destruição em oportunidade de enriquecimento material e de abastecimento para o povo.

O que seria um mal se tornou em bem, porque se estava diante de um povo fiel a Deus, obediente e temente ao Senhor.

– Após o saque de três dias, o povo de Judá, então, reuniu-se no vale de Beraca, palavra cujo significado é “louvor”, para louvar ao Senhor, daí porque ter sido este vale chamado de “Beraca”.

– O povo completou, assim, a adoração com o agradecimento, com a ação de graças, algo que, lamentavelmente, muitos que dizem servir a Jesus Cristo na atualidade não realizam. Devemos ser agradecidos, diz o apóstolo Paulo (Cl.3:15) e a gratidão é algo que deve sempre estar presente na vida espiritual de cada cristão, pois o momento sublime de nossa peregrinação, que é a celebração da ceia do Senhor, nada mais que é uma “eucaristia”, ou seja, uma “ação de graças”.

Nos céus, o louvor dos remidos é, em primeiro lugar, um louvor de gratidão pela salvação (Ap.5:13,14).

– Depois que agradeceram a Deus no vale de Beraca, voltaram para Jerusalém, louvando a Deus, com alaúdes, harpas e trombetas, para a casa do Senhor, tendo Josafá à frente. Depois de agradecerem, continuaram a adoração e o louvor até irem ao templo, em Jerusalém, que era a “residência oficial” do Senhor naquele tempo.

A gratidão foi apenas o inicio do louvor, precisamente o clima celestial presenciado pelo apóstolo João quando arrebatado ao céu. É por isso mesmo que a “ação de graças” deve ser uma constante em nossa dimensão terrena, pois é apenas o início de nossa adoração eterna que se dará na Jerusalém celestial.

– Eis a importância e o significado de termos participação constante na ceia do Senhor, que é a celebração solene desta “ação de graças”, que é apenas uma periódica manifestação pública de uma comunhão que deve existir a cada momento de nossas vidas.

Aquele que dá pouco valor à celebração da ceia, que não tem prazer em solenemente, segundo a ordenança de Cristo, declarar que está em comunhão com o Senhor e com a Sua Igreja, é alguém que não dá valor algum à gratidão e que, portanto, muito menos poderá rumar até as mansões celestiais.

Só os vivos, só o povo de Deus esteve agradecendo no vale de Beraca e só os que ali celebraram puderam chegar a Jerusalém. Os mortos, que eram os inimigos, não fizeram nem uma coisa nem outra. Lembremos disto!

– Como se isto fosse pouco, a vitória fez com que os reinos vizinhos de Israel passassem a ter medo de Judá, pois souberam que o Senhor havia lutado em favor dos judaítas e o reino de Josafá ficou quieto, dando Deus repouso em redor.

Deus não somente deu vitória sobre os inimigos, como também estabeleceu paz para Judá, dissuadindo qualquer ação belicosa.

Nosso Deus continua a fazer isto, pois Jesus nos deu a Sua paz, a paz verdadeira, que Satanás e seus anjos jamais pode tirar de nós (Jo.14:27). Paz, lembramos, não é ausência de problemas, mas, sim, comunhão com o Senhor.

– Ajamos como Josafá e o povo de Judá e, também nós haveremos de desfrutar o livramento do Senhor, pois o Senhor Jesus nos promete livrar do maligno, mas, para tanto, precisamos ter consciência de que devemos ser tementes a Deus, ter uma vida de oração, reforçar esta oração com o jejum, confiar no Senhor, estar unidos e, armados, irmos ao campo de batalha, onde o Senhor pelejará por nós.

Enquanto Deus peleja por nós, jamais devemos nos esquecer de adorar, louvar e agradecer ao Senhor.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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