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LIÇÃO Nº 10 – O PODER DA EVANGELIZAÇÃO NA FAMÍLIA

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A evangelização da família é um grande desafio para o cristão.


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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo dos aspectos específicos da evangelização, estudaremos a evangelização na família.

– A evangelização da família é um grande desafio para o cristão.

I – A FAMÍLIA COMO CAMPO DE EVANGELIZAÇÃO

– Continuando o estudo dos aspectos específicos da evangelização, hoje estudaremos a evangelização na família.

– A família é a obra-prima da criação divina neste mundo. Quando observamos a narrativa da criação nos capítulos 1 e 2 do livro do Gênesis, vemos que a última coisa a ser criada pelo Senhor foi a família (Gn.2:24).

– A família foi criada para ser o ambiente adequado para a manifestação de Deus ao homem, para que se implementasse a comunhão entre Deus e o homem, a coroa da criação terrena (Sl.8:5), tanto que, na viração do dia, vinha sempre ter um encontro especial com o primeiro casal (Gn.3:8).

– A família foi criada para ser um ambiente de comunhão, não só com Deus, mas, também, com os próprios integrantes da família, a começar dos cônjuges, que, unidos pelo casamento, seriam uma só carne (Gn.2:24), reproduzindo, assim, a própria comunhão que existe entre as Pessoas divinas.

– No entanto, com o pecado, a família não só perdeu a comunhão com Deus, como também a própria plenitude da comunhão entre seus integrantes, como vemos na mútua acusação que ocorreu no primeiro casal, no momento em que Deus lhes indaga se haviam pecado, ou não.

O próprio Senhor, ademais, disse que haveria uma desigualdade dali para frente entre marido e mulher, como fruto da iniquidade, que outra coisa não é senão injustiça (Gn.3:16).

– A partir da entrada do pecado no mundo, a família passou a ser um ambiente onde surgiriam conflitos e problemas, a ponto de o profeta Miqueias ter dito que os inimigos são os da sua própria casa (Mq.7:6), o que foi repetido pelo Senhor Jesus (Mt.10:36).

– Com efeito, a entrada do pecado no mundo fez com que a família fosse também atingida, tanto assim que, logo no limiar da história da humanidade, o próprio modelo divino de família tenha sido abandonado, como vemos com o surgimento da bigamia por intermédio de Lameque (Gn.4:19) e o próprio desvalor do casamento por parte da geração antediluviana (Gn.6:1,2; Mt.24:38).

– No entanto, o Evangelho, que são as boas novas de salvação, ao trazer comunhão do homem com Deus, também permite que a família seja igualmente redimida e que se tenha não só a comunhão com o Senhor, mas, também, a comunhão entre os seus integrantes.

A salvação na pessoa de Jesus Cristo também faz com que a família seja resgatada e volte a se tornar um ambiente de manifestação da presença do Senhor, um verdadeiro altar de adoração e, sobretudo, um importante polo de disseminação da mensagem da salvação.

– O Senhor Jesus é o próprio exemplo deste papel que o Evangelho pode desempenhar na família. A palavra de Miqueias (Mq.7:6), pelo próprio Senhor repetida (Mt.10:36), foi uma real experiência na vida terrena do Salvador.

– Quando observamos a família terrena do Senhor Jesus, contemplamos que, desde cedo, os seus integrantes não criam em Cristo como o Messias.

Maria, Sua própria mãe, embora tenha guardado todas as promessas a respeito de Jesus desde o momento da Sua concepção em seu ventre (Lc.2:19,51), ao longo dos anos, foi perdendo o seu fervor e acabou convencida pelos seus outros filhos (meio-irmãos de Jesus), que não criam em Jesus (Jo.7:5), que Jesus não era o Cristo e que havia enlouquecido, tanto que foram prendê-l’O, o que obrigou o Senhor Jesus a dizer que Seus familiares eram os que criam n’Ele (Mt.12:46-50; Mc.3:21,31-35; Lc.8:19-21).

– Esta circunstância perdurou durante todo o ministério terreno do Senhor. Maria, durante a crucificação, parece ter voltado a crer em Jesus como o Cristo, tendo sido deixada aos cuidados de João (Jo.19:25-27), em mais uma comprovação de que Seus irmãos não estavam em condições de acolher a mãe ante a sua incredulidade.

– No entanto, o Senhor Jesus não poderia deixar a Sua família em perdição. Como poderia ser o Salvador se nem Sua família havia se convertido?

Por isso, Jesus somente subiu aos céus depois de ter obtido a conversão de Seus irmãos, o que parece ter começado a acontecer quando apareceu a Tiago depois de ter ressuscitado (I Co.15:7), episódio que, certamente, teve influência na conversão do restante de Sua família, que se converteu totalmente, a ponto de terem sido batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes (At.1:14).

– O exemplo da família do Senhor Jesus mostra como há imperiosa necessidade de evangelizarmos a nossa família e de que como é esta uma tarefa árdua, mas que deve estar na prioridade de nossa vida como cristãos.

Assim como o Senhor não subiu aos céus enquanto não obteve a conversão de Seus familiares, de igual modo devemos nos esforçar para obter a conversão dos membros de nossa família.

– Esta tarefa é árdua porque o Senhor Jesus traz divisão na família. Cristo mesmo afirmou que Ele viria trazer dissensão nas relações familiares (Mt.10:35) e isto se dá pelo simples motivo de que não há comunhão entre a luz e as trevas.

Assim, quando alguém se converte a Cristo, num lar onde os demais não são convertidos, surge uma separação espiritual que gera dissensão. Cabe ao que foi salvo superar esta dissensão, por intermédio da evangelização, a fim de que os seus familiares possam também crer em Jesus, tendo isto como uma prioridade na sua vida cristã.

– A evangelização na família é árdua, porque o lar é o local onde há intimidade, onde as pessoas sabem exatamente como somos. Em família, não há lugar para a hipocrisia, porque ali nós nos revelamos, nós nos apresentamos em toda a nossa realidade.

É por isso que, em Gn.2:25, é dito que o primeiro casal andava nu e não se envergonhava, ou seja, nada havia de secreto entre ambos.

– Eis porque o primeiro modo de evangelizarmos nossos familiares é o exemplo, a nossa nova vida em Cristo.

Aquele que recebe a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, precisa passar a ter uma vida santa e sincera para, através da sua transformação, levar os demais familiares a crer na mensagem do Evangelho.

São os familiares os primeiros a notar a mudança, o fato de a pessoa ter se tornado uma nova criatura, que é o que importa (Gl.6:15).

– Assim, em meio ao embate, ao conflito espiritual que surge para aquele que passa a servir a Deus numa família onde os demais são inconversos, o testemunho tem um papel fundamental e decisivo.

– O apóstolo Paulo fala desta realidade ao afirmar, no seu ensino sobre os casamentos após a conversão de um dos cônjuges, que cabe ao cônjuge que se converteu santificar o outro (I Co.7:4).

Esta santificação nada mais é que ser o canal de bênçãos para o lar, nada mais é que demonstrar a santidade através de suas atitudes e obras para os demais integrantes do lar.

– Ao entregar Sua mãe aos cuidados de João, Jesus mostrava a Sua mãe todo o Seu amor para com ela, mesmo num momento delicado como era o da Sua morte. Quando o Senhor expirou e Maria pôde ouvir do centurião que Cristo era verdadeiramente o Filho de Deus, ela teve a certeza de que as promessas haviam sido cumpridas, de que seu filho era realmente o Messias, dissipando-lhe todas as dúvidas.

Foi através do testemunho do Senhor que Maria pôde efetivamente se converter.

– Ao Se apresentar a Tiago como ressurreto, o Senhor Jesus pôde demonstrar a Seu irmão que as profecias haviam se cumprido e que Ele vencera o pecado e a morte e isto fez com que Tiago se convertesse e, tanto ele quanto Maria, levassem à conversão dos demais irmãos do Senhor Jesus (José, Judas, Simão e suas irmãs – Mt.13:55; Mc.6:3).

Jesus dá um testemunho da Sua vitória sobre o mal e isto foi decisivo para a conversão de Seus familiares.

– Da mesma forma, é através do nosso testemunho, mesmo em meio aos embates e aos conflitos que surgirão no seio familiar em razão da nossa conversão, que poderemos iniciar a evangelização daqueles que, integrantes de nosso núcleo familiar, ainda não receberam a Cristo Jesus como Salvador de suas vidas.

– Devemos mostrar, pela nossa conduta, que realmente morremos para o mundo e que ressuscitamos para Deus, que estamos mortos para o pecado e que agora vivemos para Deus.

Esta transformação será demonstrada pelo nosso comportamento e, ao mostrar nossa fé pelas nossas obras entre aqueles que mais nos conhecem, teremos o mesmo êxito que teve o Senhor Jesus com os Seus familiares, levando-os à salvação.

– Assim como o testemunho é a primeira e principal arma para a evangelização na família, a hipocrisia religiosa é uma poderosíssima ferramenta para a manutenção de nossos familiares na perdição.

Ao longo dos anos, temos observado que muitos crentes não têm seus familiares convertidos por causa de sua “vida dupla”, por causa de seu “duplo ânimo”, algo que é condenado pelas Escrituras (Tg.4:8).

– Pessoas que, na igreja local, entre os crentes, é uma coisa e que, em casa, são outras bem diferentes.

Pessoas que são verdadeiros “anjos” no meio dos irmãos em Cristo, mas que se comportam como verdadeiros “demônios” em suas casas. Tais pessoas são vigorosos agentes de Satanás, que levam ao descrédito do Evangelho e que, com isso, promovem o afastamento de seus familiares da pessoa de Jesus Cristo.

– Esta conduta, para tristeza nossa, é uma constante, inclusive e especialmente, na vida de obreiros do Senhor, notadamente os mais antigos, dentro daquela máxima de que se devia dar prioridade à obra de Deus em detrimento da família, como se ensinou durante muito tempo entre nós.

– Tal ensinamento, qual seja, de que o obreiro, o ministro devia dar prioridade à igreja local em detrimento de sua família, não tem qualquer respaldo bíblico.

Muito pelo contrário, o que as Escrituras ensinam é que quem não governa bem a sua casa não pode ser ministro do Evangelho (I Tm.3:5), a indicar, pois, que a primeira igreja local de qualquer ministro é a sua própria família, o primeiro campo de evangelização de um crente.

– Assim, desprezando os familiares, não demonstrando cuidado nem amor para com seus filhos e cônjuge, muitos obreiros vivenciaram o desvio espiritual e/ou a inconversão de seus familiares, fracassando totalmente em levá-los ou mantê-los do lado de Cristo Jesus.

Nem poderia ser diferente, pois, ao fazê-lo, estavam a desmentir a própria mensagem de salvação que pregavam nos púlpitos.

– Foi por isso mesmo que o apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, disse que quem não cuida dos seus familiares é pior do que o infiel (I Tm.5:8), porque negou a fé, vez que, tendo aparência de piedade, negam a eficácia dela com suas atitudes tresloucadas e totalmente contrárias à Palavra de Deus.

– O que tem bom testemunho, porém, é uma bênção para o lar e para os familiares. O apóstolo Pedro foi claro ao dizer que, pelo nosso bom porte, ganharemos nossos familiares para Cristo (I Pe.3:1).

O testemunho, sem palavra, é capaz de fazer com que nossos familiares cheguem a Cristo, pois eles notarão o poder de Deus para a salvação, a transformação operada por Jesus e, por causa disso, também alcançarão esta tão grande salvação.

– Amados irmãos, o que estamos a dizer é extremamente sério: a família é um campo de evangelização e, se recebemos a Cristo como Senhor e Salvador, ou seremos um ganhador de almas, através do nosso testemunho; ou seremos instrumento de escândalo e, como tal, sujeitos ao ai de Cristo (Cf. Mt.18:7), tornando-nos piores do que os infiéis.

– Além do bom testemunho, os familiares devem ser evangelizados através do diálogo e do aproveitamento de todas as circunstâncias do dia-a-dia da vida para que se fale de Cristo Jesus e de Sua obra redentora.

É evidente que não pode o familiar tornar-se um “chato”, alguém que só fale de Evangelho em todas as suas conversas com seus familiares, até porque a comunicação na família é abrangente e atinge vários aspectos.

– Noé demonstrou ter excelente e ótima comunicação com seus familiares, tanto que os convenceu do iminente juízo que Deus traria sobre a Terra, fazendo-os entrar na arca e, assim, livrando-os do dilúvio, apesar de toda a oposição que enfrentou de toda aquela geração. Noé pôde mostrar a seus filhos e à sua mulher a pecaminosidade em que se encontrava o mundo e a necessidade de se ter uma vida piedosa diante do Senhor.

– Devemos pedir a Deus sabedoria, que promete dá-la a todos quantos lha pedirem (Tg.1:5), para que possamos despertar os nossos familiares sobre a realidade espiritual do mundo onde vivemos e da iminência do juízo vindouro, para que, a exemplo de Noé, nossos familiares também sejam poupados da hora da tentação que há de vir sobre os que habitam na Terra (Ap.3:10).

– Entretanto, em todas as oportunidades em que isto for possível, deve o salvo aproveitar para mostrar, na conversa que terá com seus familiares, qual é a vontade de Deus a respeito de cada tema, de cada atitude que se pretende tomar, de cada comportamento, revelando, assim, que o Senhor quer abençoar a família, mas que é preciso se comprometer com Ele e com Sua Palavra para que se atinja este patamar no seio familiar.

– Outro meio importantíssimo para ganharmos nossos familiares é cumprindo o nosso papel na família. De nada adianta dizermos que somos agora de Cristo se não exercemos as funções determinadas por nós pela Palavra de Deus no núcleo familiar, uma vez que são as Escrituras que testificam do Senhor Jesus (Jo.5:39).

– Assim, como maridos, devemos amar nossas mulheres assim como Cristo amou a Igreja, sendo a cabeça do casal.

Como mulheres, devemos ser sujeitas a nossos maridos, assim como a Igreja é sujeita a Cristo, edificando a casa e não a destruindo. Como pais, devemos ensinar nossos filhos na doutrina e admoestação do Senhor, não lhes provocando a ira. Como filhos, devemos honrar nossos pais, obedecendo-lhes no Senhor.

– Outro importante ponto que temos na evangelização de nossos familiares é fazendo contínua intercessão por eles, a exemplo do que fazia Jó com respeito a seus filhos (Jó 1:5).

Nunca deixemos de orar pelos nossos familiares, pela sua salvação, pois, muitas vezes, por causa mesmo de nossa vida pregressa, criamos suspeitas e desconfianças entre os de nossa casa, o que dificulta a conversão deles, pois, como é cediço, o profeta não tem honra em sua própria casa (Mt.13:57; Mc.6:4). Assim, em muitos casos, ao lado de nosso testemunho, teremos aliar a oração e o jejum em prol da conversão de nossos familiares, a fim de que outrem possa lhes transmitir a mensagem do Evangelho e seja ela acolhida pelos nossos.

– Nesta iniciativa de evangelização de nossos familiares deve-se, sempre que houver ocasiões favoráveis, fazer com que cultos sejam realizados em nossos lares, oportunidade em que um terceiro, estranho ao lar, possa trazer uma mensagem evangelística que possa levar à conversão dos familiares inconversos.

Deve-se, inicialmente, aproveitar algumas ocasiões que não sejam diretamente vinculadas a um culto, como celebrações familiares (aniversários, bodas de casamento etc.), momentos de dor e aflição (doença de familiar, por exemplo), para, na medida em que se diminui a resistência ao Evangelho, conseguir-se oportunidades para que haja a realização de cultos como eventos exclusivos, ou seja, reuniões previamente marcadas para a adoração ao Senhor.

– Deve-se, também, aproveitar algumas circunstâncias e situações para que se leve o familiar para a igreja local, para a participação no culto, onde poderá ele receber ao Senhor Jesus como seu único e suficiente Salvador. É preciso sempre insistir nisto, mas com sabedoria e de modo a não provocar um aborrecimento.

– Ainda dentro da linha de que o profeta não tem honra em sua própria casa, é, também, por vezes, interessante aproximar algum irmão em Cristo do familiar para que este efetue o trabalho de evangelização, logicamente que com a cooperação daquele que pretende levar seu familiar para Cristo, fazendo surgir uma amizade com o irmão em Cristo e o familiar, sempre bisando demolir as resistências ao Evangelho.

II – A EVANGELIZAÇÃO DOS FILHOS PELOS PAIS SALVOS

– Até aqui temos visto a questão da evangelização no que concerne aos familiares inconversos de alguém que recebe a Cristo Jesus e que passa, por isso mesmo, a gerar uma dissensão espiritual em seu lar.

– Agora, falaremos de outro tipo de evangelização na família, aquela que abarca a evangelização dos filhos de pais salvos, ou seja, de pais que, servindo a Jesus, passam a ter filhos, filhos que precisam ser evangelizados.

– Os filhos são herança do Senhor (Sl.127:3) e, portanto, são um galardão, uma recompensa que Deus dá aos pais, que devem, por isso mesmo, tratar com muito cuidado aquilo que se lhes foi dado, pois terão de prestar contas ao Senhor desta dádiva recebida.

– Precisamos entender que Deus tem filhos, mas não tem netos. Portanto, se “filho de peixe, peixinho é”, “filho de crente crentinho NÃO é”. O fato de os pais serem salvos não significa que seus filhos, por tabela, também o serão. Por isso, os filhos têm de ser evangelizados pelos pais salvos, para que possam receber a Cristo Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.

– Certa feita, ouvimos um ensinamento do saudoso pastor Carlos Padilha de Siqueira (1926-2014) de que fora perguntado por uma irmã, cujo filho fazia 2 anos de idade, quando deveria começar a ensinar-lhe a Palavra de Deus, tendo, então, este grande homem de Deus lhe respondido de que ela já tinha perdido 2 anos nesta empreitada.

– Com efeito, a partir do momento em que os pais salvos têm conhecimento de que terão um filho, já devem iniciar a sua evangelização. Com a criança ainda no ventre de sua mãe, devem começar a orar pela salvação do seu filho, como também transmitir-lhe mensagens, notadamente a mãe, pois, como ensinam os médicos e psicólogos, o feto já ouve a voz de seus pais (notadamente da mãe) e é capaz de perceber os sentimentos que seus pais nutrem por ela.

– Assim, desde a concepção, os pais devem falar de Cristo para seus filhos e, a partir do nascimento, demonstrarem todo amor, carinho e afeto por esta criança, educando-a nos caminhos do Senhor.

– Não é outro motivo que Moisés orienta o povo de Israel a ensinar seus filhos na lei de Deus, aproveitando todas as oportunidades para fazê-lo. Em Dt.6:6-9 e 11:18-20, vemos as orientações que o Senhor mandou aos israelitas a respeito disto, por intermédio do libertador de Israel, orientações que são repetidas pelo apóstolo Paulo em Ef.6:4.

– Segundo estas orientações, vemos que o exemplo dos pais é o primeiro fator na evangelização de seus filhos. Moisés diz que os pais deveriam ter as palavras ordenadas por Deus em seu coração, que deveriam pô-las no coração e na alma, bem como atá-las por sinal na sua mão e como testeiras em seus olhos (Dt.6:6; 11:18).

– Não é possível que os pais evangelizem seus filhos, ensinem-lhes a Palavra de Deus se, primeiro, não vivê-la.

De que adianta os pais ensinarem seus filhos que se deve falar a verdade, se eles frequentemente veem seus pais mentirem? De que adianta os pais ensinarem seus filhos que não se deve prostituir, se vivem uma vida dissoluta em termos morais?

– Eis o motivo por que muitos não evangelizam seus filhos, preferindo terceirizar esta tarefa para os professores da Escola Bíblica Dominical, precisamente porque não têm o exemplo, o testemunho que, como se verifica no texto bíblico, é o pressuposto para o ensino da doutrina aos filhos.

– Após o exemplo, a própria vivência do Evangelho, os pais devem aproveitar todas as oportunidades que tiverem no diálogo com seus filhos. Por isso, o texto diz que devem “intimar os filhos e delas falarás assentado em sua casa, andando pelo caminho, deitando-se e levantando-se” (Dt.6:7).

– Intimar é chamar com autoridade, tanto que somente as autoridades podem intimar as pessoas, obrigando-as a comparecer a um determinado ato.

Os pais precisam ter autoridade para ensinar a Palavra de Deus a seus filhos e esta autoridade nada mais é que o exemplo, pois Jesus tinha autoridade em Seu ensino (Mt.7:29), porque primeiro ensinava e depois fazia (At.1:1), o contrário do que ocorria com os escribas (Mt.23:3).

– Uma vez de posse do exemplo, os pais devem criar seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor (Ef.6:4), aproveitando todos os momentos de comunicação para incutir na mente de seus filhos a Palavra do Senhor.

Daí porque o texto bíblico diz que se deve intimar os filhos “assentado em casa, andado pelo caminho, deitando-se e levantando-se”, expressões que revelam que não há tempo ou momento apropriado para falar do amor de Deus e das boas novas de salvação aos filhos.

– A evangelização dos filhos pelos pais salvos, verifica-se, exige que haja comunicação e diálogo constantes no lar, algo que, lamentavelmente, tem rareado, e muito, em nossos dias.

O fato de ambos os pais, normalmente, terem de trabalhar e de os filhos terem múltiplas atividades durante o dia faz com que o tempo para a conversa entre os integrantes da família tenha diminuído sensivelmente, o que é extremamente danoso para o ambiente familiar, inclusive para a evangelização.

– Faz-se preciso que os pais tenham um tempo reservado para dialogar seus filhos, saber como foi o dia de cada um, criando um clima de confiança e cumplicidade que permita que se saibam os sentimentos de parte a parte, a fim de evitar o surgimento de pessoas estranhas que tenham proeminência e tragam aos filhos valores outros que não os constantes da Bíblia Sagrada.

– É efetivamente preocupante que o desenvolvimento da tecnologia tenha subtraído ainda mais o tempo que pais têm com seus filhos, pois, não bastasse a ausência durante quase todo o dia por causa do trabalho, o fato é que, quando a família está reunida em casa, isto ocorre tão somente fisicamente, pois a televisão, a internet e o telefone celular acabam por fazer com que as pessoas fiquem no mesmo ambiente físico mas sem qualquer comunicação.

– Ora, como poderá haver evangelização sem que haja sequer um diálogo entre pais e filhos? Como ter um ambiente em que se fale das coisas espirituais, se o pouco tempo da família em casa é consumido por programas de televisão, filmes e pela navegação na internet?

– A evangelização exige, também, que, além dos diálogos entre pais e filhos, onde se aproveite para mostrar a vontade de Deus em cada situação da vida familiar, faz-se preciso que se tenha o culto doméstico, esta reunião raríssima nos lares dos sedizentes cristãos na atualidade.

– É mister que cada família seja um verdadeiro “lar”, palavra latina que indicava o cômodo da casa dos antigos romanos onde era feita a adoração aos “deuses lares”, ou seja, aos antepassados e onde somente tinham acesso os familiares, sendo vedada a presença dos escravos naquele local da casa.

– Devemos ter um momento em que a família adore a Deus, na sua intimidade, onde todos expressem suas agruras, seus lamentos, sua gratidão e toda a sua devoção ao Senhor.

Não precisa ser uma reunião tão longa quanto a que se tem na igreja local, mas é fundamental que os familiares invoquem o nome do Senhor em casa, que sintam a presença de Deus, que tenham a sua “viração do dia”, a exemplo do que ocorria com o primeiro casal no Éden antes de sua queda.

– São os pais que devem ensinar a doutrina bíblica para seus filhos, é sua responsabilidade.

Foi isto que o Senhor mandou Moisés ensinar ao povo de Israel e não tivessem os pais israelitas observado este mandamento divino, certamente não se teria mais uma nação israelita na atualidade, já teriam eles sido assimilados pelos gentios ao longo dos séculos.

De igual modo, se a Igreja não cuidar para que suas famílias sejam altares de adoração a Deus, verdadeiras escolas bíblicas, lamentavelmente veremos a absorção de nossos familiares pelo mundo e pelo pecado.

OBS: Por sua biblicidade, transcrevemos aqui trecho de exortação dada pelo ex-chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, João Paulo II, a respeito deste tema:

“…A missão de educar exige que os pais cristãos proponham aos filhos todos os conteúdos necessários para o amadurecimento gradual da personalidade sob o ponto de vista cristão e eclesial.

Retomarão então as linhas educativas acima recordadas, com o cuidado de mostrar aos filhos a que profundidade de significado a fé e a caridade de Jesus Cristo sabem conduzir.

Para além disso, a certeza de que o Senhor lhes coníia o crescimento de um filho de Deus, de um irmão de Cristo, de um templo do Espírito Santo, de um membro da Igreja, ajudará os pais cristãos no seu dever de reforçar na alma dos filhos o dom da graça divina.…” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio n.39. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_19811122_familiaris-consortio.html Acesso em 01 mar. 2004).

– Naturalmente que, além do intransferível dever dos pais em ensinar a Palavra de Deus a seus filhos, evangelizando-os, deve, também, a igreja local servir como suporte e auxílio para a evangelização na família e, neste ponto, papel preponderante tem a Escola Bíblica Dominical.

– A Escola Bíblica Dominical, já vimos na lição anterior, é uma atividade evangelística de grande importância no evangelismo infantil.

Embora não possa substituir o papel dos pais (como, lamentavelmente, tem acontecido na atualidade, diante da total inércia e omissão dos pais na evangelização dos seus filhos), é, sem dúvida, um lugar onde se complementa o ensino doutrinário dado pelos pais e onde se podem suprir omissões, lacunas e imperfeições do ensino doutrinário doméstico.

– Os pais devem levar seus filhos à Escola Bíblica Dominical e participar, ao longo da semana, das atividades relativas à lição.

Uma boa estratégia é a de os professores de Escola Bíblica Dominical estabelecerem tarefas que os filhos devem realizar durante a semana com relação à lição e os pais acompanharem a execução destas tarefas contando a história bíblica que será estudada, fazendo, com os filhos, a leitura do texto da lição, das leituras sugeridas ao longo da semana, enfim, aproveitando a própria lição da EBD para ensinar os filhos na doutrina e admoestação do Senhor.

– Os pais, também, devem tomar todo o cuidado para que seus filhos possam participar das atividades da igreja local, aquela aberta aos congregados, bem como criar mecanismos para que se criem laços de amizade e de relacionamento com a membresia, evitando, assim, que haja o surgimento de uma indevida comunhão com pessoas estranhas à fé, com “más companhias” que possam servir de instrumentos do inimigo para a perdição dos filhos.

– É evidente que este cuidado não significa que devemos impedir nossos filhos de ter um relacionamento social, até porque o cristão é “sal da terra” e “luz do mundo” e tais qualidades jamais podem ser obtidas sem que se tenha o convívio com os incrédulos, pois “estamos no mundo” e o Senhor Jesus não pede que dele sejamos tirados, pois, se assim fosse, jamais poderíamos evangelizar (Jo.17:11,14-16).

Paulo, mesmo, diz que é impossível que tenhamos uma situação em que não teremos relacionamento com qualquer inconverso (I Co.5:9,10), mas se levarmos nossos filhos a ter um envolvimento com a igreja local e com a obra de Deus, certamente estaremos impedindo que eles venham a ser influenciados pelo mundo e pelo pecado.

– Além da Escola Bíblica Dominical, é preciso que os diversos departamentos da igreja local também sejam um suporte para a evangelização dos filhos dos casais cristãos, dando o devido suporte doutrinário e bíblico para que possam eles crer em Cristo Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.

– Neste ponto, aliás, temos observado também grandes falhas nas igrejas locais, que, como verdadeiros clubes sociais, têm introduzido em seus departamentos pessoas única e exclusivamente por serem filhos de membros, sem se ater para o fato de que estejam, ou não, convertidos, de que tenham recebido a Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas.

– Faz-se mister que os departamentos das igrejas locais tenham como integrantes única e exclusivamente pessoas que sejam salvas, que tenham já demonstrado sua conversão ao Senhor.

O acolhimento de congregados, entre os quais se incluem os filhos de crentes, deve ser feito com comedimento e restrições, com o objetivo evangelizador, a fim de que os filhos de crentes não se sintam salvos única e exclusivamente por causa de sua filiação biológica, repetindo, assim, o mesmo erro dos judeus que se achavam salvos tão somente pelo fato de descenderem de Abraão (Mt.3:9; Jo.8:37,39).

– Na evangelização no lar, é preciso que sejamos claros na realidade de que Deus só tem filhos, não tem netos e que temos todos de receber a Cristo como Senhor e Salvador para sermos salvos e morarmos para sempre com o Senhor nos céus.

– Este suporte da igreja local na evangelização dos filhos pelos pais é figurada na lei de Moisés pela determinação de leitura da lei a cada sete anos, leitura que deveria ser para todo o povo, inclusive as crianças, exatamente para suprir eventuais lacunas, omissões e imperfeições do ensino doutrinário doméstico (Dt.31:10-13).

– Como a leitura era feita por sacerdotes e levitas, devidamente instruídos na lei (Cf. Ne.8:5-8), também se exige que este suporte, feito tanto pela Escola Bíblica Dominical como pelos departamentos da igreja local, deva ser realizado por pessoas devidamente instruídas nas Escrituras, daí porque se exigir que as lideranças dos departamentos infantil, de adolescentes e de jovens das igrejas locais sejam ocupadas por pessoas aptas a ensinar a doutrina, requisito que não tem sido muito levado em conta na atualidade…

III – A EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DA FAMÍLIA

– Para terminarmos este estudo, é preciso ver agora a família como um polo de evangelização, como um ambiente para a evangelização das pessoas.

– Tendo sido criada como o ambiente adequado para a manifestação de Deus entre os homens, como o lugar da comunhão entre Deus e o ser humano, é evidente que a família é, por natureza, um polo de evangelização, um grupo que é formado para levar a mensagem da salvação a toda criatura.

– A Igreja é chamada de “família de Deus” (Ef.2:19), a nos mostrar que a Igreja funciona como uma “família” e, sendo como é uma agência evangelizadora (como vimos na lição 3), tem-se que a família é um local onde se tem a evangelização como uma atitude normal e própria.

– A família tem um papel na sociedade. Ela é a célula-base da sociedade e, a partir da família, pode-se contribuir para o bem-estar de toda a sociedade.

Ora, se a família, naturalmente, traz bem-estar para o meio social, que não poderá fazer uma família que serve a Deus em benefício do ambiente que está à sua volta?

– Assim, por exemplo, como escreveu o ex-chefe da Igreja Católica Apostólica Romana, João Paulo II:

“…As famílias, quer cada uma por si quer associadas, podem e devem portanto dedicar-se a várias obras de serviço social, especialmente em prol dos pobres, e de qualquer modo de todas aquelas pessoas e situações que a organização previdencial e assistencial das autoridades públicas não consegue atingir(…) a família cristã é chamada a oferecer a todos o testemunho de uma dedicação generosa e desinteressada pelos problemas sociais, mediante a «opção preferencial» pelos pobres e marginalizados.

Por isso, progredindo no caminho do Senhor mediante uma predilecção especial para com todos os pobres, deve cuidar especialmente dos esfomeados, dos indigentes, dos anciãos, dos doentes, dos drogados, dos sem família.” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, n.44,47).

– A família deve, em suas atitudes, mostrar que nela reina o Senhor Jesus, praticando boas obras, de forma a que as pessoas possam ver, nela, a glória de Deus (Mt.5:16).

A família precisa ser particularmente presente no amparo daqueles que estão necessitados, que estão a sofrer dificuldades, tanto materiais quanto espirituais, levando-lhes uma palavra de salvação, levando-lhes o Evangelho, inclusive convidando tais pessoas a participarem de cultos nos seus lares, fazendo da casa um verdadeiro “ponto de pregação”.

– Todos os membros da família devem se ajudar na evangelização de pessoas que cada integrante esteja a fazer, unindo os seus esforços para ganhar almas para o Senhor Jesus.

Ainda citando João Paulo II: “…Entre os deveres fundamentais da família cristã estabelece-se o dever eclesial: colocar-se ao serviço da edificação do Reino de Deus na história, mediante a participação na vida e na missão da Igreja.

(…) o fundamento da participação da família cristã na missão eclesial, é agora o momento de ilustrar o seu conteúdo na tríplice e unitária referência a Jesus Cristo Profeta, Sacerdote e Rei, apresentando por isso a família cristã como

1) comunidade crente e evangelizadora,

 2) comunidade em diálogo com Deus,

 3) comunidade ao serviço do homem.” (op.cit., n.49,50).

– A partir de seu próprio exemplo e de suas obras, a família se torna um referencial para todos os que estão à sua volta e, deste modo, terá condições de se aproximar das pessoas e ser um elemento que as possa levar até Jesus Cristo, convidando as pessoas para participar de reuniões no seu próprio interior bem como as levando até a igreja local, onde elas possam receber a Cristo Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

OBS: “…Na medida em que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé torna-se comunidade evangelizadora.

Escutemos de novo Paulo VI: «A família, como a Igreja, deve ser um lugar onde se transmite o Evangelho e donde o Evangelho irradia. Portanto no interior de uma família consciente desta missão, todos os componentes evangelizam e são evangelizados.

Os pais não só comunicam aos filhos o Evangelho, mas podem também receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido. Uma tal família torna-se, então, evangelizadora de muitas outras famílias e do ambiente no qual está inserida»…” (JOÃO PAULO II. op.cit., n.52. end.cit.).

– É evidente que a família somente poderá ser um polo de evangelização, se realmente estiver servindo ao Senhor, se forem um exemplo para toda a comunidade, para todos os que estão à sua volta, sem o que será não um polo de evangelização, mas, sim, um instrumento de escândalo, que será empecilho na evangelização dos vizinhos e das pessoas que com ela mantenham relacionamento.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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