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LIÇÃO Nº 11 – A EVANGELIZAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

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A evangelização deve superar as deficiências de algumas pessoas para alcançá-las.

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INTRODUÇÃO

– Na sequência dos aspectos específicos da evangelização, estudaremos a evangelização das pessoas com deficiência.

– A evangelização deve superar as deficiências de algumas pessoas.

I – A REALIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

– Seguindo o estudo dos aspectos específicos da evangelização, estudaremos a evangelização das pessoas com deficiência.

– Inicialmente, devemos entender que são pessoas com deficiência e, para tanto, utilizaremos do conceito da lei 13.146/2015, o chamado Estatuto da Pessoa com Deficiência, que define pessoa com deficiência como sendo “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (art. 2º).

– Notamos, portanto, que a pessoa com deficiência é alguém que, por causa de algum impedimento, tem barreiras para que interaja com as demais pessoas, que participe da sociedade.

 É importante observar que a deficiência exige um “plus” por parte das demais pessoas para que haja a devida integração destes que sofrem este obstáculo para conviver com o próximo.

– A primeira pergunta que, naturalmente, exsurge é porque há pessoas com deficiência, já que Deus fez o homem perfeito, à Sua imagem e semelhança (Gn.1:26,27) e tudo quanto criou viu que era muito bom (Gn.1:31).

– A resposta, à evidência, é o pecado. Quando o pecado entrou no mundo, nele também ingressou a corrupção do organismo humano, pois o corpo, feito do pó da terra, deveria a ele tornar (Gn.3:19), de modo que, a partir de então, o corpo começou a degenerar, não tendo mais a manutenção de seu estado original, tal como criado por Deus, o que fez com que surgissem as doenças e anomalias que geram as deficiências de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

– Isto é importante assinalar porque muitas pessoas, ao se depararem com as deficiências (que, segundo o IBGE, representam cerca de 6,2% da população brasileira, havendo estudos que indicam que cerca de 23,9% dos brasileiros tem algum tipo de deficiência), queiram “culpar” Deus por isto e, mesmo, a desacreditar na existência de Deus que “permitiria” tais anomalias, o que representaria a uma “prova” de que não há bondade ou um bem supremo.

– Entretanto, é bom que se mostre que a presença de pessoas com deficiência é consequência do pecado do homem, não é algo querido por Deus, mas, sim, efeito da desobediência da humanidade e de sua rejeição ao Senhor.

– Tanto assim é que, entre os gentios, fruto da comunidade única pós-diluviana que se rebelou contra o Senhor e foi dispersa no episódio da torre de Babel (Gn.11:1-9), cedo se construiu a ideia de que as pessoas com deficiência eram “malditas”, eram “maldições”, de sorte que não era raro encontrar, entre estes povos, medidas de extermínio das pessoas com deficiência, a fim de “afugentar a ira dos deuses”, sendo exemplo típico desta cruel atitude o abandono de crianças que apresentassem algum tipo de defeito na chamada “Via Láctea”, onde tais pessoas eram deixada ali até que morressem, crianças que, aliás, passaram a ser acolhidas e adotadas pelos cristãos.

– Em Esparta, uma das principais cidades gregas, esta atitude de desconsideração e extermínio de pessoas com deficiência era também adotada.

“…De acordo com registros existentes, de fato, o pai de qualquer recém-nascido das famílias conhecidas como homoio (ou seja, “os iguais”) deveria apresentar seu filho a um Conselho de Espartanos, independentemente da deficiência ou não.

Se esta comissão de sábios avaliasse que o bebê era normal e forte, ele era devolvido ao pai, que tinha a obrigação de cuidá-lo até os sete anos; depois, o Estado tomava para si esta responsabilidade e dirigia a educação da criança para a arte de guerrear.

No entanto, se a criança parecia ‘feia, disforme e franzina’, indicando algum tipo de limitação física, os anciãos ficavam com a criança e, em nome do Estado, a levavam para um local conhecido como Apothetai (que significa “depósitos”).

Tratava-se de um abismo onde a criança era jogada, “pois tinham a opinião de que não era bom nem para a criança nem para a república que ela vivesse, visto que, desde o nascimento, não se mostrava bem constituída para ser forte, sã e rija durante toda a vida” (Licurgo de Plutarco apud Silva, 1987, p. 105).…” (GARCIA, Vinícius Gaspar. As pessoas com deficiência na história do mundo. 02 out. 2011. Disponível em: http://www.bengalalegal.com/pcd-mundial Acesso em 30 maio 2016).

– Note-se, portanto, que é uma atitude própria de quem rejeita e se rebela contra Deus, que por não glorificar a Deus nem Lhe dar graças, tem seus discursos desvanecidos e seu coração insensato obscurecido (Cf. Rm.1:21), não reconhecer a própria pecaminosidade como causa da existência de deficiências e, o que é pior do que tudo, considerar a própria pessoa com deficiência como “culpada” ou, então, Deus como “culpado”, tomando a atitude de exclusão e de indiferença diante desta realidade, impedindo a inserção de pessoas com deficiência no convívio social e não demonstrando qualquer interesse em ajudá-las e dar-lhes condições para que possam ter uma existência digna sobre a face da Terra.

– A primeira menção de uma deficiência na Bíblia Sagrada é a esterilidade de Sarai, a mulher e meia-irmã de Abrão, em Gn.11:30. Sarai era infértil, não tinha condições de procriação, o que era, sem dúvida, uma deficiência de ordem física.

 É extremamente elucidativo que a primeira pessoa mencionada nas Escrituras como tendo uma deficiência tenha sido aquinhoada pelo Senhor com um milagre, tornando-se mãe com 90 anos de idade (Gn.17:17; 21:2), quando, inclusive, já tinha cessado o costume das mulheres (Gn.18:11) e que seja uma pessoa que é inserida precisamente no plano divino para a redenção humana, tornando-se a mãe do “filho da promessa”, daquele que não só deu origem à nação de onde viria o Salvador, mas que fez parte da própria linhagem do Cristo.

– Isto nos prova que casos há em que o Senhor elimina a deficiência através de um milagre para confirmar a Palavra de Deus (Mc.16:20), precisamente para comprovar que o Evangelho é a boa nova da salvação, que Jesus veio salvar a humanidade, não só trazendo o perdão dos pecados mas, também, a eliminação das consequências trazidas pelo pecado, entre as quais se encontram as doenças e as deficiências. Os milagres de cura das enfermidades e deficiências são uma demonstração de que Jesus veio realmente retirar o império da morte e o domínio do pecado sobre o ser humano.

– Não é por outro motivo que vemos, no ministério terreno de Cristo Jesus, a cura de enfermidades e a remoção de deficiências (Mt.4:23,24; 8:16; 9:35; 12:15,22; 14:14; 19:2; 21:14; Mc.1:34; 3:10; Lc.4:40, 6:18,19; 7:21; At.10:38), algo que prosseguiu através dos apóstolos (At.4:9; 5:16; 8:7; 28:8).

– Por causa disso, entendem alguns, equivocadamente, que não se deve pensar na evangelização de pessoas com deficiência, mas, sim, na cura de suas deficiências, pois, como a deficiência é fruto do pecado, o Evangelho deve promover-lhes a cura, de modo que não teria sentido criar, na igreja, um trabalho de evangelização de pessoas com deficiência, mas, sim, que estas pessoas sejam curadas.

– Chegamos mesmo a ouvir de alguns que a preocupação na evangelização das pessoas com deficiência seria uma demonstração de esfriamento espiritual, de apostasia, pois, em vez de estarmos a buscar a cura divina dos deficientes, estaríamos nos conformando com o estado de coisas e nos limitando a pregar-lhes o Evangelho.

– Tal pensamento, porém, não tem razão de ser nem base bíblica, apesar de ser, a princípio, sedutor. É evidente que o Evangelho não traz apenas a boa notícia da salvação do homem, que é a sua essência, como também a notícia de que as enfermidades podem ser curadas pelo Senhor Jesus, como também as deficiências removidas.

O Evangelho completo, autêntico e genuíno não só diz que o Senhor perdoa as nossas iniquidades, como também que sara as nossas enfermidades (Sl.103:3), expressão que não pode ser tida como simples “paralelismo hebraico”, ou seja, que conteria a mesma ideia com palavras diferentes, mas que apresenta a redenção tanto do homem interior como do corpo, como fica evidente no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo como na igreja dos tempos apostólicos, como vemos no livro de Atos dos Apóstolos, que não é apenas um livro histórico mas, também, um livro prescritivo, um modelo a ser seguido pela Igreja até o dia do arrebatamento da Igreja.

– No entanto, devemos nos lembrar que pregar o Evangelho é, em primeiro lugar, pregar a salvação, pregar o reino de Deus, pregar Jesus Cristo, pregar a Palavra de Deus.

O objetivo da missão salvífica de Cristo é restaurar a amizade entre Deus e o homem, restabelecer a comunhão entre Deus e o homem, tornar-nos um com Deus por meio de Cristo Jesus (Jo.17:21).

Em sendo assim, ainda que Cristo possa e queira curar as enfermidades e remover as deficiências, o primeiro passo que temos de dar é a de pregar o arrependimento dos pecados, assim como fizeram o Senhor (Mc.1:14,15) e os apóstolos (At.2:38; 9:20; 10:36-46; 13:16-41).

– Se a mensagem primeira a ser pregada é a da salvação, é evidente que temos de falar de Cristo para as pessoas com deficiência, antes que esta deficiência possa ser removida, de sorte que falar que pregar aos deficientes é conformar-se com a deficiência não faz qualquer sentido, é “colocar a carroça na frente dos bois”.

Precisamos falar que Jesus salva e, depois, que Jesus cura. Para falar que Jesus salva temos, evidentemente, que evangelizar as pessoas com deficiência e, nesta evangelização, levar em conta as deficiências, pois, se assim não fizermos, não teremos como comunicar-lhes a mensagem da salvação e isto nada tem que ver com conformismo com a deficiência.

– Tanto assim é que o Senhor, sempre que curava alguém, dizia ao que recebia o milagre a expressão: “A tua fé te salvou” (Mt.9:22; Mc.5:34; 10:52; Lc.7:50; 8:48; 17:19: 18:42), expressão que também é traduzida como “a tua fé te curou”, já que o verbo grego empregado “sódzo” (σωζω), tanto pode significar “salvar” como “curar”.

Ao dizer estas palavras, o Senhor Jesus deixa bem claro que primeiro vem a salvação, salvação que se obtém mediante a fé em Cristo, para depois vir a cura, a remoção da deficiência, de sorte que devemos, sim, nos preocupar em alcançar as pessoas com deficiência para pregar-lhes a salvação, o perdão dos pecados, sem que isso signifique que não levemos também a mensagem de que Jesus pode e quer remover as deficiências num segundo momento.

– Ademais, se a Bíblia diz que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4), não nos afirma que Jesus queira que todas as pessoas sejam curadas ou tenham suas deficiências removidas.

A propósito, a segunda menção de uma pessoa com deficiência no texto sagrado é a de Isaque, que teve sérios problemas de visão (Gn.27:1), seguido de Jacó, que ficou coxo por obra do próprio Deus, como sinal da sua conversão (Gn.32:25,31), algo que é lembrado até hoje pelos filhos de Israel que não comem o nervo encolhido que está sobre a juntura da coxa (Gn.32:32).

– Deste modo, embora não possamos deixar de pregar o Evangelho completo, o que envolve a pregação da cura divina como confirmação da Palavra de Deus, não podemos jamais achar que as pessoas com deficiência não devam ser evangelizadas enquanto tal, seja porque a pregação da salvação deve preceder a da remoção das deficiências, seja porque nem sempre as deficiências serão removidas, quando a sua permanência implique na glória de Deus e na própria propagação da Sua mensagem salvadora aos homens.

– A própria condição de Jacó como uma pessoa com deficiência, sendo ele o pai dos filhos de Israel, já demonstrava a posição divina com relação a tais pessoas.

A deficiência é uma demonstração da pecaminosidade do homem, é uma realidade que faz o ser humano lembrar que é pecador e que precisa da salvação em Cristo Jesus, é um fato que nos faz aproximar de Deus e, por conseguinte, aproximar-nos do próximo, visto que quem ama a Deus, ama o próximo.

– Por isso mesmo, vemos que Deus ama a pessoa com deficiência como qualquer outra pessoa e que não a deseja excluí-la do plano da salvação, de modo que temos de também alcançá-las com a mensagem do Evangelho, até porque estão elas incluídas na expressão “toda a criatura” da Grande Comissão.

– Já vimos que, entre os gentios, as pessoas com deficiência são vistas como “maldição”, como pessoas a serem exterminadas, mentalidade que ainda vigora no mundo gentílico, o mundo sem Deus nem salvação.

Apesar dos discursos de “inclusão social” dos deficientes, discurso este promovido e que dá origem a políticas públicas, tendo por base normas jurídicas como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas que expressamente reconhece que “a deficiência é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”, o fato é que, cada vez mais, são promovidas iniciativas que procuram “exterminar” as pessoas com deficiência, numa atitude de “eugenia”, ou seja, de promoção para o nascimento de pessoas saudáveis, o que nada mais é que a tentativa humana de tentar pôr fim à deficiência, o que tem levado a verdadeiras aberrações como a manipulação genética e a defesa do “aborto eugênico”, ou seja, o mesmo extermínio do passado, hoje com roupagens mais tecnológicas, mas que revelam a mesma maldade do ser humano, a inspiração satânica para a destruição do ser humano.

OBS: Esta mentalidade macabra está, por exemplo, na iniciativa tomada por alguns de pedir ao Supremo Tribunal Federal a autorização para que haja aborto de crianças de mães que sejam detectadas com o zika vírus, ante a possibilidade que tais crianças nasçam com microcefalia.

Vemos, portanto, como o discurso em favor da “inclusão social” das pessoas com deficiência é ilusório no mundo sem Deus e sem salvação, tanto que há, na verdade, a defesa do extermínio dos deficientes, se possível, antes que venham a nascer.

– Entre os israelitas, povo que foi escolhido para ser a propriedade peculiar de Deus entre os povos, a atitude para com os deficientes não podia ter a mesma situação que a vivida entre os gentios, já que, estando debaixo da lei de Deus, teriam de ter atitudes de acordo com a vontade do Senhor. O próprio fato de Jacó ter se tornado uma pessoa com deficiência era uma indicação clara aos israelitas de que eles não deveriam excluir os deficientes de seu convívio, considerando-os como parte integrante do povo e objeto das mesmas bênçãos e promessas de Deus.

– Alguns, porém, podem querer objetar isto, ao lembrar que o Senhor proibiu que os deficientes pudessem exercer o sacerdócio levítico. Com efeito, em Lv.21:17-23, é proibido que qualquer que tivesse alguma deformidade pudesse oferecer sacrifícios, exercer o ministério sacerdotal.

 Não seria esta, pois, uma atitude discriminatória e que representaria uma exclusão das pessoas com deficiência em Israel?

– Não, não e não! É oportuno observar que a proibição era tão somente do exercício do ministério sacerdotal, mas não do convívio na sociedade e, muito menos, das bênçãos e promessas dirigidas ao povo de Israel.

O sacerdócio levítico era figura do sacerdócio de Cristo e, portanto, não poderia permitir mesmo que houvesse alguma falta, alguma deficiência física entre os sacerdotes, pois eles tipificavam a condição de pureza espiritual e ausência de pecado do Senhor Jesus.

– Tanto não havia discriminação que, embora não pudessem oferecer sacrifícios ao Senhor, os filhos de Arão que fossem deficientes tinham todo o direito de comer das coisas santas (Lv.21:22) e sabemos que este direito de comer significava que tinham comunhão, que deveriam ser incluídos no convívio dos levitas, a nos provar, portanto, que, bem ao contrário do pensamento gentílico, as pessoas com deficiência eram chamadas a ter comunhão com o povo de Deus, a serem incluídas nas bênçãos e promessas de Deus.

– O filósofo judeu e comentarista da lei Maimônides (1113-1204) explica esta proibição afirmando que: “…“…a maioria das pessoas não estima uma pessoa pela sua forma verdadeira, mas por seus membros e por sua roupa e o Templo era para ser considerado com grande reverência por todos…” (Guia dos Perplexos 3:45 apud DORFF, Rabi Elliot. Mishaneh Ha-Bryyot: uma nova aproximação judaica às deficiências. Disponível em: http://www.uscj.org/JewishLivingandLearning/SocialAction/Accessibility/MishanehHaBriyyotANewJewishApproachtoDisabilities.aspx Acesso em 30 maio 2016) (tradução nossa de texto em inglês).

OBS: Transcrevemos aqui o texto de Maimônides: “… Um sacerdote que tivesse uma falta não tinha a permissão para exercer seu ofício e não somente aqueles que tinham uma falta eram excluídos do serviço, mas, de acordo com as interpretações talmúdicas deste preceito, aqueles que tinham alguma aparência anormal, pois a multidão não estima o homem pela sua forma verdadeira mas pela perfeição dos membros do corpo e pela beleza de suas vestimentais, e ‘o templo era para ser considerado em grande reverência por todos’…” (Guia dos Perplexos 3:45, p.511. Disponível em: http://www.teachittome.com/seforim2/seforim/the_guide_for_the_perplexed.pdf Acesso em 30 maio 2016) (tradução nossa de texto em inglês).

– Em Lv.19:14, vemos claramente que a lei de Moisés determinava a inclusão das pessoas com deficiência.

Ali se determina que o surdo não seria amaldiçoado nem se poria tropeço diante do cego, mas se teria temor ao Senhor, ou seja, é uma atitude de reverência e de obediência a Deus a atitude compassiva e inclusiva em relação à pessoa com deficiência. Como afirma o autor católico romano José Luiz Gonzaga do Prado:

 “…Quando falam da deficiência física como tal, os textos do Primeiro Testamento exigem um respeito total à dignidade da pessoa com qualquer deficiência. E ligam o respeito à dignidade do deficiente à ideia de temor de Deus ou do SENHOR.

 Como o mais fraco, qualquer que seja a sua limitação, não incute medo, temor ou respeito, deve-se temer a Deus, que está do seu lado e o defende, já que ele não tem como fazê-lo.

(…) O deficiente visual ou auditivo não pode cobrar tua falta de respeito, não te ouve ou não vê o que fazes, mas o teu Deus está aí em defesa deles.

Teu Deus é Javé, o SENHOR, o Deus histórico, o Deus que ouve o clamor dos explorados (Ex 3,7-14), o Deus defensor dos fracos; por isso é a ele que deves temer, respeitando a dignidade da pessoa com deficiência.…” (A deficiência na ótica bíblica. Mar-abr. 2006. Disponível em: http://www.vidapastoral.com.br/artigos/temas-biblicos/a-deficiencia-na-otica-biblica/ Acesso em 30 maio 2016).

– Em vez de considerar, como os gentios, a pessoa com deficiência como maldita, a lei de Moisés, que expressava a vontade de Deus, considerava maldito precisamente quem discriminasse e desconsiderasse a pessoa com deficiência, como se verifica de Dt.27:18.

– Outra demonstração de que Israel deveria tratar as pessoas com deficiência de modo inclusivo é o gesto de Davi em acolher na sua mesa Mefibosete, neto de Saul e filho de Jônatas, que era aleijado de ambos os pés (I Sm.9:1-13), a quem Davi restituiu todas as propriedades de Saul e que comia de contínuo à mesa do rei.

Como já dissemos, a refeição era uma prova da comunhão e Davi, ao tratar Mefibosete como uma pessoa de sua intimidade, como alguém que tinha comunhão com ele, sendo um homem segundo o coração de Deus, ensina-nos, com clareza, que a vontade divina é a inclusão das pessoas com deficiência, que elas possam também estar em comunhão conosco e com Deus, pertencendo à Igreja, ao corpo de Cristo.

– Se as pessoas com deficiência não podiam exercer o sacerdócio, podiam, sim, ser profetas, porta-vozes do Senhor para Israel.

Em mais uma demonstração que nem sempre a deficiência deve ser removida, o Senhor tornou o profeta Ezequiel em um mudo, para dar uma prova ao povo que estava no cativeiro da Babilônia de que Ezequiel era mesmo o profeta do Senhor, apesar de o povo estar fora da Terra Prometida.

Até a destruição do templo e de Jerusalém, Ezequiel foi uma pessoa muda, que somente falava quando transmitia a mensagem do Senhor (Ez.3:26,27; 24:27; 33:22).

– Houve doutores da lei, chamados “Sábios Rabínicos”, que eram também deficientes, como Naum, o Ginzo; Dosa ben Harkinas; Rav Joseph e Rav Sheshet, que eram cegos.

– Apesar desta inclusão determinada pelos mandamentos da lei mosaica, observamos na sociedade judaica que, no mais das vezes, as pessoas com deficiência viviam da caridade pública, tendo de mendigar para sobreviver. É o que vemos, por exemplo, nos casos do cego Bartimeu (Mc.10:46) e do coxo que ficava na porta Formosa do templo (At.3:2,3). Assim, a despeito do que continha a lei, havia uma certa desconsideração também entre os judeus com relação aos deficientes.

OBS: “…Na Judeia antiga, dos tempos de Jesus Cristo, o destino das pessoas que tinham qualquer deficiência era esmolar para conseguir sobreviver.

Os cegos, os amputados, os paralíticos pelas mais variadas causas, acabavam expostos pelos caminhos, ruas, logradouros e praças públicas. Lucas afirma: “Vai já pelas praças e pelas ruas da cidade e traze cá os pobres e os aleijados, e cegos e coxos.”

Mateus corrobora a imagem ao afirmar: “E eis que dois cegos que estavam sentados junto à estrada”…” (Jesus e as pessoas com deficiência. Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.crfaster.com.br/JC.htm&gws_rd=cr&ei=5nBMV5i9LcWWwAT6zrPYBw Acesso em 30 maio 2016).

– Isto será vigorosamente combatido pelo Senhor Jesus, pois “…segundo os relatos dos evangelistas, Jesus realizou ao redor de 40 milagres notórios.

Deles todos, pelo menos 21 são relacionados a pessoas com os mais variados tipos de deficiências físicas ou sensoriais e doenças crônicas.…” (Jesus e as pessoas com deficiência. end.cit.), a mostrar como devemos atentar para as pessoas com deficiência, como o Evangelho também é para elas.

OBS: Segue a relação dos 21 milagres relacionados com pessoas com deficiência:

Cego de nascimento…………………….João 9:1-7

Cego em Betsaida……………………….Marcos 8:22-26                                

Cego Bartimeu de Jericó……………. Marcos 10:46/ Lucas 8:35-43

Dois cegos de Jericó………………….. Mateus 20:29-34

Dois cegos de Cafarnaum…………… Mateus 9:27-31

Cegos na Galileia……………………….Mateus 15:29-31

Cego e mudo (endemoniado)……… Mateus 12:22

Mudo de Cafarnaum…………………..Mateus 9:32-34

Mudos na Galileia………………………Mateus 15:29-31

Surdo-mudo na Decápole…………… Marcos 7:31-37

Surdo-mudo em Cesaréia…………… Marcos 9:16-26/ Lucas 9:37-43

Coxos na Galileia……………………….Mateus 15:29-31

Leprosos de Cafarnaum……………..Mateus 8:1-4/ Marcos 1:40/ Lucas 5:12-14

Dez leprosos……………………………..Lucas 17:13-1

Hidrópico……………………………….. Lucas 14:1-6

Mulher com espinha curvada…….. Lucas 13:11-13

Homem de “mão seca”……………… Mateus 12:9-13/ Marcos 3:1-6/ Lucas 6:6-11

Paralítico (servo do centurião)…… Mateus 8:5-13

Paralítico em Betsaida………………João 5:5-9

Paralítico de Cafarnaum…………. Mateus 9:1-8/ Marcos 2:1-12/ Lucas 5:17-26

Outros deficientes na Galileia……Mateus 15:29-31

 

– Vemos, assim, que Jesus é o precursor do “atendimento prioritário” que o Estatuto das Pessoas com Deficiência prevê aos portadores de deficiência (art.9º do referido Estatuto), algo que deve ser bem pensado pela Igreja, que existe para imitar Jesus Cristo (I Co.11:1).

Os apóstolos tinham este mesmo sentimento de Cristo, tanto que vemos, por exemplo, Pedro, em Lida, dando atenção especial a Enéias (At.9:33,34) e Paulo, em Listra, a um varão leso dos pés, coxo desde o nascimento (At.14:8).

Temos dado prioridade a estas pessoas na evangelização? Temos atraído as pessoas com deficiência para as nossas igrejas locais, como ocorria na igreja em Jerusalém (At.5:16)? Pensemos nisto!

II – COMO EVANGELIZAR AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

– Como vimos na definição legal de pessoa com deficiência, a deficiência é um impedimento de longo prazo de e longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Portanto, a deficiência cria barreiras que podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade.

– Se assim é, na evangelização das pessoas com deficiência, devemos transpor estas barreiras que impedem a participação plena e efetiva na sociedade, a fim de que possamos comunicar a mensagem do Evangelho.

– Transpor barreiras é, portanto, o papel que deve ter o evangelizador quando estiver a lidar com pessoas com deficiência.

Por isso, por exemplo, no tocante aos cegos, deve o evangelizador criar condições para que a Palavra de Deus seja acessível aos deficientes visuais, seja disponibilizando a Bíblia em áudio, seja disponibilizando a Bíblia e outros tipos de literatura em braile.

– Com relação aos surdos, devemos criar mecanismos para que eles possam compreender a mensagem do Evangelho, como, por exemplo, a alfabetização de evangelizadores na língua de sinais, para que possa haver uma comunicação que permita a evangelização, bem assim disponibilizar material que possa ser lido pelos evangelizados.

– Com relação às pessoas com deficiências de locomoção, é mister que vamos ao seu encontro a fim de que possam ser evangelizadas, bem assim que os templos e os pontos de pregação tenham a devida acessibilidade, a fim de que possam ser frequentados por estas pessoas.

A propósito, o Estatuto da Pessoa com Deficiência exige esta acessibilidade, inclusive para as edificações já existentes ao tempo de sua entrada em vigor.

OBS: Transcrevemos os artigos do Estatuto a respeito: “…Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas de uso coletivo deverão ser executadas de modo a serem acessíveis.(…). Art. 57.

As edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo como referência as normas de acessibilidade vigentes.…”

– É importante salientar que, em nosso ordenamento jurídico, considera-se discriminação contra a pessoa com deficiência não somente toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, como também a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas (Art. 4º, § 1º do Estatuto da Pessoa com Deficiência), de modo que a falta de criação de condições para que possamos dar acesso às pessoas com deficiência à mensagem do Evangelho, bem como aos locais de culto, constitui-se não só em uma falta diante de Deus, mas, também, diante dos homens.

– Como afirma o pastor metodista Ronan Boechat de Amorim:

 “…Os portadores de deficiência física, motora, mental ou múltipla (portadoras de duas ou mais deficiências) têm sido um grupo de pessoas que a sociedade teimava em não enxergar, mantendo-as devidamente “guardadas” (protegidas e escondidas) em casa. Hoje, graças a Deus, essa história está mudando: os portadores de deficiência estão se organizando para exigir cidadania, que começa pelos direitos constitucionais básicos de qualquer brasileiro: educação, saúde, trabalho, lazer e o direito à mobilidade, ou seja, que ruas, calçadas, elevadores, banheiros, transporte coletivo, táxi, escolas, acesso a prédios etc, sejam adequados a eles.

Muito particularmente aos portadores de deficiência física (…) O Evangelho não conhece fronteiras. Saiu da Palestina e do judaísmo para alcançar os samaritanos e os gentios, incluindo sucessiva e crescentemente mulheres, crianças, os escravos, os pobres, negros, índios e os povos dos “confins da terra”.

Mas um grupo em especial não recebeu e nem tem recebido a atenção necessária por parte da Igreja: os portadores de deficiência. Ainda são poucas as igrejas que têm se despertado para acolher, evangelizar, ensinar e tornar as pessoas portadoras de deficiência participantes ativas dos cultos, das classes da Escola Dominical, dos ministérios e outras programações.

Diante da história de descaso com os portadores de deficiência e dos muitos desafios missionários, poucas igrejas se deram conta da necessidade de facilitar o acesso de pessoas cadeirantes (que se locomovem em cadeiras de roda).…” (A igreja e as pessoas portadoras de deficiência – um estudo para a Escola Dominical. 18 abr. 2009. Disponível em: http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1589 Acesso em 30 maio 2016).

– Esta negligência da Igreja com relação às pessoas portadoras de deficiência é inadmissível e não é uma atitude que deva existir, pois, afinal de contas, Jesus sempre Se preocupou com elas em Seu ministério terreno, o mesmo se dando em relação aos apóstolos.

– Como afirma o já mencionado pastor metodista: “…Ir missionariamente ao encontro das pessoas portadoras de deficiência física, evangelizá-las e adequar nossas instalações físicas e programas para atendê-las e discipulá-las não é um favor para atender a um suposto “modismo” da inclusão social e nem uma concessão pura e simplesmente a um grupo que exige atenção especial da igreja. Atender carinhosa, solidariamente, criteriosa e estruturalmente aos portadores de deficiência é missão. Jesus veio para salvar a todas as pessoas, inclusive as portadoras de deficiência.

Devemos começar imediatamente a nos preparar para evangelizar, acolher e discipular as pessoas portadoras de deficiência.

Mesmo que em nossa Igreja não exista nenhuma pessoa portadora de deficiência, temos de sinalizar para a comunidade externa (para o bairro, para o mundo!) que essas pessoas são bem-vindas em nossa Igreja.

Ao construir, planejemos os acessos para todos. Inclusive salas de Escola Dominical no térreo ou elevadores e rampas para as salas noutros pavimentos.

As pessoas portadoras de deficiência não podem ir aonde não conseguem entrar, não conseguem permanecer num lugar se não são percebidas e incluídas no grupo e na programação. Imaginemos uma pessoa surda participando de um de nossos cultos sem que haja o cuidado da igreja para ela possa perceber o que se passa e o que é cantado e pregado. Imaginemos uma pessoa cadeirante em nossa igreja que tenha necessidade de usar o banheiro.

Se não houver instalações físicas adequadas e a atenção amorosa e solidária da igreja, melhor pra ela ficar em casa. Já é um desafio chegar à Igreja (sobretudo se tiver de pegar transporte público!), imagine chegar lá e não valer a pena, não ouvir, nem ver, nem locomover-se até salas ou outras dependências, nem aprender nada.

É ultrajante!!! Se em nossa Igreja houver uma ou duas pessoas portadoras de deficiência, vamos nos aproximar dela(s) e buscar atendê-la(s) para que ela(s) se sinta(m) não como “um peixe fora d´água”, mas como um irmão ou irmã, parte do corpo que é enxergado, cuidado, incluído, alimentado e capacitado para ser discípulo(a) de Jesus.

Se nos abrirmos para fazer missão junto às pessoas portadoras de deficiência e lado a lado com elas, uma pessoa portadora de deficiência bem atendida contará para outras, e, o Senhor nos abençoará acrescentando a nós os que vão sendo salvos.

 Precisamos deixar que o Espírito Santo tire as escamas de nossos olhos que nos impedem de enxergarmos as pessoas portadoras de deficiência.…” (end.cit.).

– Nosso comportamento com relação às pessoas com deficiência deve ser a mesma que tiveram aqueles quatro amigos que levaram o paralítico até Jesus numa casa em Cafarnaum (Mt.9:1-8; Mc.2:3-12; Lc.5:18-36), não medindo esforços para poder pô-lo diante do Senhor Jesus, mesmo que, para isto, tenham tido de subir até o telhado da casa e nele abrir um buraco para que pudessem, depois, descer a cama até onde estava o Senhor.

– É importante observar que, nesta oportunidade, o Senhor Jesus ressaltou que o mais importante é a salvação da pessoa do que a remoção da sua deficiência, deficiência que só foi removida para comprovar o poder que Jesus tinha para perdoar pecados.

– Muitos de nós, porém, estamos agindo como aquela multidão que estava na casa em Cafarnaum, ou seja, completamente indiferentes às pessoas portadoras de deficiência. Certamente aqueles amigos do paralítico tentaram, de algum modo, entrar na casa, mas ninguém se sensibilizou com a situação do paralítico, o que levou os amigos dele a tomarem esta atitude drástica.

Pensemos com toda a franqueza: em nossas igrejas locais, estamos agindo como os amigos do paralítico ou como a multidão que ouvia Jesus?

– Precisamos nos sensibilizar com as pessoas portadoras de deficiência e procurar conhecer a sua realidade, aproximarmo-nos delas, para que, entendendo como veem o mundo, possamos eficazmente evangelizá-las.

Como afirma o pastor Ronan Boechat de Amorim: “…Precisamos ler e pesquisar. Precisamos ver, mas sobretudo precisamos ouvir e aprender. Há muitos livros publicados e tem sido diversa a publicação de reportagens e entrevistas em jornais e revistas, bem como a exibição em programas na televisão(…) Precisamos criar na igreja uma agenda para tratarmos desse assunto. Seja na Escola Dominical, nas reuniões de ministério, palestras pelos ministérios da Ação Social e Ação Docente e Evangelização, etc…

Que a igreja seja um fórum abençoado para discutir e promover o acesso físico às facilidades públicas, direito à vida e à não discriminação das pessoas com deficiência, liberdade de ação, respeito às pessoas portadoras de deficiência, igualdade dos direitos, respeito, cidadania, vida independente e inclusão na comunidade.

Visitar e conversar com pessoas portadoras de deficiência e suas famílias também é muito importante. Uma boa e franca conversa tem muito a nos ensinar como igreja e como cristãos. É boa a visita a projetos de igrejas ou Ongs que promovem a inclusão das pessoas portadoras de deficiência.

Quando a gente aprende a gente se torna uma pessoa de visão mais ampla. Uma pessoa melhor, mais esclarecida e mais solidária.…” (end.cit.).

– Evidentemente que, para alcançarmos as pessoas com deficiência, devemos treinar os evangelizadores, precisamente porque precisam eles entender como tais pessoas veem o mundo e o compreendem, para que lhes sejamos acessíveis.

– Além disso, a Igreja deve evangelizar as pessoas portadoras de deficiência sendo solidárias com elas, mediante uma ação social e um engajamento pela sua valorização perante a sociedade, expressando, assim, o amor de Deus em nossas atitudes e comportamentos, engajamento este que, certamente, levará com que as pessoas portadoras de deficiência cheguem à conclusão de que Jesus as ama e que também quer salvá-las.

– Outro grande desafio é a evangelização das pessoas portadoras de deficiência mental. Elas também precisam ser evangelizadas, pois há diversos graus de deficiência e, portanto, havendo alguma consciência, sabemos que o deficiente mental também peca e, por isso, precisa de Cristo Jesus para ser salvo, salvação que é plenamente possível, tanto que o profeta Isaías diz que até mesmo os “loucos” andarão no caminho santo (Is.35:8).

Como afirma o comentarista bíblico Matthew Henry, ao comentar esta passagem: “…Aqueles que andam nele são ‘os que trilham caminhos retos’, que conseguem escapar à corrupção que existe no mundo. 3. Será um caminho reto.

Os caminhantes que decidirem viajar por ele, ‘… até mesmo os loucos’, que têm pouca capacidade em outras coisas, terão direções tão claras da Palavra e do Espírito de Deus neste caminho, que ‘… não errarão’…” (Comentário bíblico Antigo Testamento Isaías a Malaquias edição completa. Trad. de Degmar Ribas Júnior, p. 162).

– Esta possibilidade de o deficiente mental ter algum grau de consciência, torna imperiosa a sua evangelização, sendo certo que pessoas que trabalham com pessoas com esta deficiência testemunham a possibilidade de compreensão destas pessoas, como, por exemplo, a irmã Paula Carneiro, conselheira provincial do Instituto das Irmãs Hospitaleiras, ordem religiosa católica romana de Portugal: “…A experiência mostra que mesmo os doentes com deficiência mais acentuada reagem de modo positivo ao acompanhamento espiritual:

 “Às vezes, um deficiente intelectual profundo com imensa dificuldade em comunicar, que emite sons e tem agitação psicomotora, consegue estar em silêncio naquele espaço de oração, tranquilo, com serenidade. Isso demonstra que existe um sentido espiritual e religioso que nós não conseguimos abarcar nestas pessoas’.

‘De facto, Deus é tão bom e tão próximo das pessoas que consegue fazer-se manifestar a uma pessoa com pouca compreensão, e nós apenas servimos de mediadores’…” (ROQUE, Ângela. É possível evangelizar quem tem debilidade mental? Disponível em: http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=31&did=151441 Acesso em 30 maio 2016).

– Tem-se aqui mais um horizonte desafiador para a Igreja no cumprimento da Grande Comissão. Que Deus nos capacite para que, a exemplo de Nosso Senhor e Salvador, não sejamos indiferentes às pessoas com deficiência, pois elas são também chamadas à salvação, como nos deixa claro Nosso Senhor na parábola da grande ceia (Lc.14:15-24).

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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