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Jovens – Lição 08 – Relacionamento sexual segundo a perspectiva cristã

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Compreender que o relacionamento sexual é para o casamento;

Conscientizar os jovens da perspectiva cristã a respeito do relacionamento sexual no casamento.

Palavras-chave: Cobiça e soberba.

I – Amor e Fidelidade Conjugal

Alguns livros que temos na Bíblia tiveram dificuldades para serem inclusos no cânon devido ao temática sexual.

Felizmente, foram inseridos e hoje servem como orientações para a satisfação correta do prazer criado por Deus.

Um desses livros é Provérbios. Dele foi extraído a perícope (5.15-19) para o estudo das orientações veterotestamentárias sobre o relacionamento sexual.

A escolha de uma esposa para desfrutar dos prazeres sexuais juntos

A cultura cristã usou por séculos alguns símbolos e imaginários espirituais com referências sexuais para caracterizar a relação entre a alma humana e Deus.

Na época da canonização dos livros do Antigo Testamento, alguns textos e livros foram questionados e por pouco não ficaram fora do cânon bíblico devido a textos que tratavam do relacionamento sexual entre o homem e a mulher.

O mais famoso é o caso da literatura do Cântico dos Cânticos, permeada por referências de amor, bastante difundido nos meios intelectuais cristãos e que teria inspirado a arte e a literatura medieval.

O texto em estudo é mal interpretado, uma vez que estudiosos bíblicos mais conservadores preferem espiritualizá-lo a considerar o seu real propósito.

No tópico anterior, o apóstolo Paulo rebate a grande promiscuidade sexual da cidade de Corinto com a recomendação da dinâmica da atividade sexual bem desfrutada dentro do casamento.

O esposo e a esposa têm diferentes deveres e obrigações, mas em 1 Coríntios 7.5, Paulo deixa claro que em na preservação da fidelidade, ambos estão em pé de igualdade.

Vemos em Provérbios 5.15-19 o reforço a essa recomendação.

Quando o poeta recomenda que se beba da água da própria cisterna se refere a um simbolismo oriental para esposa, comparada a uma fonte de águas.

Uma referência à mulher da tua mocidade (v. 18), ou seja, a mulher pela qual se enamorou, conheceu, teve um relacionamento amadurecido e, por fim, se casaram.

Os prazeres sexuais, por sua vez, são representados pela bebida dessa fonte.

Uma referência à formalização de uma vida a dois.

O pastor Jamiel de Oliveira Lopes destaca algumas consequências potenciais quando os jovens se envolvem sexualmente antes da formalização do casamento:

Algumas consequências do envolvimento sexual antes do casamento:

a) sentimento de culpa, que poderá tornar-se uma tortura constante, além da perda da comunhão com Deus, que só poderá ser restaurada mediante o perdão de Deus quando a pessoa mostra-se arrependida e deixa suas práticas pecaminosas (1 Jo 1.7,9; Pv 28,13);

b) Muitos jovens sucumbem por causa de doenças sexualmente transmissíveis;

c) Gravidez indesejada, que pode ocasionar aborto ou o nascimento de uma criança num lar desestruturado — um problema para a adolescente, que terá que interromper os estudos para ser mãe antes da hora.

Há aqueles que pregam o uso de preservativos, mas, no momento, o instinto fala mais alto que a razão, e são raros aqueles que pensam nisso.

O melhor é que os jovens fiquem com a Palavra de Deus e esperem o momento certo para desfrutar dessa bênção do Senhor, evitando perturbação posterior.

[…] os defensores do “sexo livre” se esquecem de que o adolescente e o jovem não estão preparados para encarar as consequências advindas dessa prática, tampouco os problemas sociais e espirituais que surgirão.

O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 6.12, afirma:

“Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei que nada me domine” (NVI). (LOPES, 2017, p. 432-434)

Portanto, a recomendação bíblica é um casamento planejado e sem culpas.

Um ambiente em que o casal possa desfrutar junto de uma vida abençoada por Deus.

No texto em estudo, o poeta compara a mulher com uma fonte.

Uma fonte é diferente de um lago parado, ela corresponde a um manancial que jorra água constantemente de forma que possa satisfazer a sede, quando necessário.

Assim, não se faz necessário a busca de outra fonte alternativa, uma vez que se está saciado.

Há um adágio popular que diz que:

“Uma ovelha é mantida segura em seu curral quando provida de um pasto verde e farto, ela estando farta, não procurará pasto fora”.

Por analogia, isso serve para os cônjuges que vivem em uma vida sexual saudável.

O prazer mútuo é o elo da fidelidade mútua

O casamento é recomendado para se evitar uma vida sexual livre e sem compromisso.

Mathew Henry coloca o casamento como meio de desfrute da satisfação e conforto de uma vida a dois:

Desfrutar com satisfação os confortos do casamento lícito, o que era ordenado para evitar a impureza, e por isso deveria ser usado no devido tempo, para que não acabasse sendo ineficaz para a cura daquilo que poderia ter evitado.

Que ninguém se queixe de que Deus lidou de maneira cruel consigo, proibindo-lhe os prazeres pelos quais há um desejo natural, pois Ele bondosamente providenciou a satisfação regular de tais desejos.

Não podes comer de todas as árvores do jardim, mas escolhe a tua, a que quiseres, desta poderás comer livremente; a natureza ficará satisfeita com isso, mas a luxúria não terá nada.

Deus, ao limitar o homem a uma só, estava tão longe de lhe impor quaisquer dificuldades, que na realidade buscava o seu melhor interesse; pois, como observa o Sr. Herbert:

 “Se Deus tivesse permitido tudo, certamente, o homem teria sido o limitador”.

Este é um provérbio conhecido pela igreja. Aqui Salomão explica isso, não somente prescrevendo como um antídoto, mas apresentando como um argumento contra a prostituição,

o fato de que os prazeres permitidos no casamento (ainda que a sagacidade dos ímpios, que colabora com o espírito da impureza possa tentar ridicularizá-los), transcendem, e muito os falsos prazeres proibidos da prostituição. (HENRY, 2015, p. 743)

O casamento tem a função de unir o casal para que tenham uma vida prazerosa e feliz.

Quando o prazer é compartilhado a fidelidade mútua é uma consequência natural.

Os desejos sexuais tem o desígnio de aproximar o casal por meio do prazer mútuo, com certa regularidade, mas esses prazeres devem ser explorados da maneira certa.

Para isso, é necessário que o casal converse sobre a maneira de satisfazer as necessidades sexuais um do outro, sem sacrificar a dignidade, afinal o prazer sexual não pode ser desfrutado de forma egoísta.

Uma das formas de visão egoísta da prática sexual é a masturbação.

Embora os sexólogos não admitam a possibilidade de pecado, e tenham essa prática como uma válvula de escape, defendendo a necessidade de liberação do líquido orgásmico, para proteção do próprio corpo, essa teoria não subsiste em si, uma vez que isso ocorrerá naturalmente com as chamadas poluções noturnas.

A Bíblia é categórica ao afirmar que:

“Todas as cousas me são lícitas, mas nem todas convêm.

Todas as cousas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Co 6.12, ARA);

“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5.16, ARA).

Uma das barreiras a serem rompidas é a disparidade no desejo sexual.

Em geral, o desejo masculino é mais frequente do que o feminino. Isso não é uma regra e varia de casal para casal.

Dependendo do grau de disparidade entre os cônjuges isso pode ser um problema e causar o desinteresse pelo ato sexual.

Por esse motivo, o casal precisa trabalhar junto e conversar com maturidade sobre o assunto.

A necessidade do casal deve estar acima da satisfação pessoal.

A disparidade pode ser causada por problemas físicos ou emocionais como impotência,

ejaculação precoce,

depressão,

angústia,

estresse,

ter recebido forte repressão sexual em determinada fase de idade, entre outros.

Nesse caso, o casal não pode desanimar ou desistir, mas deve procurar a ajuda de profissional habilitado para o caso.

Não pode deixar o orgulho ou a vergonha privá-los de sua intimidade pessoal. Hoje a ciência está bem avançada nessa área.

O casal precisa um ao outro no que se refere ao estímulo sexual, quais as partes são mais sensíveis do corpo do cônjuge e como ele gosta de ser tocado.

O casal não pode omitir isso ao outro, mas deve ter em mente que o prazer é o objetivo comum.

Os jovens precisam se conhecer antes do casamento e ter um conhecimento mínimo afetivo, observando seus limites, devido à prática da fornicação, identificada nos termos bíblicos também com a palavra grega porneia 1.

A liberação sexual antes do casamento não é prova de amor, como alguns se aproveitam para sedução.

Os jovens da igreja, em especial, têm sofrido com a influência da banalização cultural do sexo.

Existe a defesa do sexo sem controle e sem compromisso, desde que seja seguro pelo uso do preservativo.

Há um incentivo aos relacionamentos fortuitos em detrimento aos relacionamentos estáveis, responsáveis e ao vínculo afetivo.

Lopes (2017, p. 431) afirma que:

“Biblicamente falando, os casados honram o casamento com a fidelidade, e os solteiros, com a castidade (Hb 13.4).

Saber esperar é uma ordem bíblica (1 Ts 4.3-8). […] Quem ama espera (1 Co 13.7)”.

1.1 Paulo Apresenta a Perspectiva Cristã sobre o Casamento

A comunidade cristã hoje tem um texto escrito com orientações da perspectiva cristã sobre o relacionamento sexual graças à resposta de Paulo ao questionamento da comunidade cristã de corinto.

A principal dúvida dos cristãos coríntios era sobre a abstinência sexual e a castidade.

Dúvidas que surgiram devido à desigualdade entre a novidade de vida do novo cristão apresentada à igreja recém-criada com a cultura local.

Paulo apresenta a perspectiva cristã sobre o relacionamento sexual contrastando-a com a cultura local.

Paulo responde sobre um questionamento dos coríntios

Peixoto (2008, p. 20) afirma que

“as cartas aos coríntios são uma constante pergunta pelo que fazer e como fazer com a novidade da vida cristã”.

A dicotomia dos gnósticos diferenciava da crença da tradição judaica e dos ensinos de Paulo.

Eles acreditavam que a matéria era má e a distinguia do espírito, considerado bom. Isso provocava dúvidas nos habitantes de Corinto, inclusive os cristãos.

A doutrina gnóstica estava provocando nos moradores dois tipos de comportamento:

o primeiro, já citado, na lição anterior, levava as pessoas fazerem o que bem entendessem com o corpo, uma vez que a crença era de que não afetava o espírito;

o segundo comportamento, era o inverso, baseado na mesma crença dicotômica, já que o corpo era matéria má, melhor não fazer nada com ele para mortificá-lo.

Portanto, dois extremos, onde o primeiro comportamento pecava pelo excesso e o segundo por falta.

1 Coríntios 7.1 começa informando que Paulo estava respondendo a um questionamento da comunidade em relação isso:

“Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher”.

Essa era a orientação dos mestres ascetas da época.

Por isso, pode se ter a impressão de que o apóstolo está concordando com a crença de que o corpo era mal e precisava ser mortificado, ou seja, não toque em mulher para não se contaminar alimentando os desejos da carne.

Todavia, o apóstolo demonstrará que utiliza o pensamento para recomendar outra prática.

A perspectiva é masculina, não se pergunta isso em relação ao corpo feminino, o que caracteriza o pensamento machista também em Corinto.

Entretanto, como iremos ver à frente, isso também é resgatado por Paulo.

O comportamento ascético frutificou, e os membros da igreja começaram a aderir à abstinência sexual, mesmos os casados.

O entendimento era se o corpo é mau e desprezível o sexo que torna os dois corpos um só, também é inapropriado.

Isso se tornou em um grande problema, imagine um casal em que cada um dos cônjuges tem uma motivação ou libido diferente, em que um tinha o sexo como desprezível, enquanto o outro tinha por essencial e necessário.

Corre-se o risco do casal que tem o sexo por prazeroso buscá-lo em outra fonte.

Surge também, motivado por esse pensamento, o celibato, em que a pessoa tinha por meta nunca mais em sua vida fazer sexo, ou seja, abstenção total e permanente.

O celibato é uma opção bem específica e pessoal, mas que nem sempre era uma a própria pessoa que decidia, mas era imposta, principalmente pelos pais.

O apóstolo responde então a essas questões que são levantadas pelos coríntios, certamente, perguntaram por que estava provocando distúrbios na comunidade.

Provavelmente, o prejuízo dessas crenças e comportamentos para a igreja era desanimador.

Costa e Rodrigues (2008, p. 121) afirmam que entre os membros da comunidade existiam alguns que “procuravam impor absoluto ascetismo sexual à comunidade toda, proibindo as relações sexuais no casamento, excluindo a possibilidade de novos casamentos e até procurando romper casamentos já realizados”.

Eles acrescentam que alguns até se consideravam “já participantes da nova era, alguns coríntios imaginavam-se com a vida imortal dos anjos.

[…] não havia nenhuma necessidade de nova procriação e, portanto, não se justificavam mais as relações sexuais”.

Os extremos da igreja de Corinto ajudam a entender toda a argumentação do apóstolo em relação ao comportamento sexual.

Paulo responde aos questionamentos afirmando que tanto o casamento como o celibato eram opções legítimas para o cristão.

O celibato deve ser visto como o dom divino; se você não o tem, case-se; é melhor casar do que viver abrasado.

No entanto, o apóstolo recomenda que para se tomar essa decisão, deveria ser levado em consideração o histórico da própria cidade e da cultura que estava influenciando a igreja.

Não bastava tomar a decisão para se arrepender na sequência. O mais importante é a pessoa estar em paz e em obediência a Deus do que irracionalmente optar por sacrifícios tolos, que não agregam nada na vida espiritual, se baseados em crenças humanas e contrárias ao evangelho.

Paulo recomenda o casamento e orienta sobre o sexo entre cônjuges

Quando o cristianismo chegou à grande metrópole de Corinto era novidade e conseguiu vários fiéis.

No entanto, como afirma Peixoto (2008, p. 20): “Toda nova ideia interage com o contexto social, altera a realidade e é alterada ao contextualizar-se”.

Mesters e Orofino (2008, p. 51) afirmam que em Corinto, “a vida sexual era muito livre.

Chamar uma moça de coríntia era o mesmo que chamá-la de prostituta.

‘Viver a modo de coríntio’ era o mesmo que frequentar a prostituição”.

O apóstolo cita a prostituição tão acentuada na cidade como um perigo para aqueles que queriam ficar solteiros, como para os casais que estavam se propondo a se abster do relacionamento sexual.

Para muitos o prazer é culpa e o sexo é pecado, para alguns esse conceito vale até mesmo dentro do próprio casamento, sendo um mal necessário para que haja procriação.

 Assim, definido o número de filhos por família, uma vez gerados, abandona-se ou se evita a prática sexual. 

Parece um absurdo para os dias atuais, mas essa prática ainda acontece e não com pouca frequência tanto em igrejas, como também o meio secular.

No entanto, Paulo “reconhece que poucas pessoas têm disposição psicológica e fisiológica necessária para manter inativa sua capacidade sexual” (COSTA; RODRIGUES, 2008, p. 120).

Então, ele recomenda o casamento e a prática saudável da vida sexual do casal.

Inclusive, coloca a relação sexual como uma forma de obrigação, entendendo que uma vez casado o relacionamento sexual deve ser uma prática comum e constante, permitindo a exploração do corpo pelo seu conjugue, visando além da procriação o prazer de ambos.

Aqui Paulo surpreende com o tratamento igualitário em relação ao gênero quando ressalta a dignidade da mulher.

Ele coloca a esposa como possuidora dos mesmos direitos e responsabilidades, com voz, para decidir junto com o esposo o comportamento a ser adotado nas relações sexuais.

Paulo afirma que cada cônjuge tem o poder sobre o corpo do outro para desfrutar do prazer sexual e que essa recomendação não dá liberdade para abusos de nenhuma das partes, como se tivessem “direito” de fazerem sexo quando, como e onde desejar.

Por esse motivo, é importante o bom relacionamento entre o casal para um sexo prazeroso e sem constrangimento, e acima de tudo, com respeito à dignidade do outro.

Como Paulo havia sido questionado sobre o uso da abstinência sexual entre os cônjuges a pretexto de santificação, ele orienta que isso só pode ocorrer com o consentimento mútuo.

Um breve momento de abstenção para dedicação ao jejum e oração para não serem tentado à prostituição e a prática sexual ilícita.

Costa e Rodrigues (2008, p. 123) apresentam uma tabela que resume bem as recomendações e as concessões feitas pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 7.1-40:

 Fonte: Costa e Rodrigues (2008, p. 123).

Os problemas não eram fáceis de resolver. A comunidade cristã já experimentara a nova forma de viver, apesar das influências ainda presentes.

Muitos dos questionamentos que eram feitos ao apóstolo já tinham uma resposta praticamente pronta devido à tradição existente, quando isso ocorria ele usava termos como “eu recebi o que também vos entreguei” (1 Co 11.23).

Para questionamentos que eram novidade para a doutrina já estabelecida, ele utilizava outros termos como “digo eu, não o Senhor” (1 Co 7.12, ARA) e segundo a minha opinião” (1 Co 7.40, ARA).

Ainda hoje, existem questões que surgem nas igrejas que não tem uma resposta pronta e acabada.

Por essa razão, há a necessidade de pessoas experientes para orientar os fiéis e, mesmo assim, ainda é muito complicado resolver muitas questões sobre sexualidade, a igreja cristã cada vez mais se depara com confrontos que desafiam suas doutrinas.

Mesters e Orofino comentam sobre alguns problemas atuais:

Hoje, também há muitos problemas nesta questão do sexo e acontecem coisas que revelam uma confusão muito grande.

A TV e as revistas propagam um comportamento sexual bem diferente do que se ensinava antigamente.

Orientada pelas novelas, a juventude toma liberdades que dão susto nos pais.

Há maridos que saem do interior para procurar serviço na cidade e deixam a esposa em casa como “viúva de marido vivo”.

[…] E há muitos outros problemas graves:

relacionamento sexual instável, sexo sem compromisso, gravidez precoce e mãe solteira;

dimensão erótica da vida que invade tudo e promove costumes livres; camisinha, aborto, pílulas, passeata gay de milhões de pessoas, etc.

Tem gente que aprova tudo; tem outros que desaprovam tudo. Não são problemas fáceis de serem resolvidos. (MESTERS; OROFINO, 2008, p. 52)

Graças aos questionamentos da comunidade cristã em Corinto, as orientações paulinas sobre essas questões foram registradas por escrito, mas, como visto, ainda temos muitos desafios pela frente quando se trata da vida sexual da sociedade e os conflitos de ideologias com a comunidade cristã.

Um breve panorama a respeito de questões sobre sexualidade na história da igreja cristã

O cristianismo contribui para a evolução do pensamento mais restrito a cerca da relação sexual e conjugal, de origem judaica.

Ele utiliza da metáfora do vínculo entre a alma e Deus, da união entre Cristo e a Igreja, como uma antecipação do prazer do amor que se viverá no paraíso.

Diferente do pensamento disseminado pelos gregos estoicos, de desprezo pelo prazer sexual, o cristianismo oferece um significado espiritual ao ato sexual carregando de uma importância que contribui para a sua prática sem culpa.

Desse modo, o cristianismo valorizou o casamento e a castidade como vias espirituais, e passou a conceber a ligação entre os cônjuges como uma ligação de amor.

Ao atribuir um sentido espiritual à relação sexual, o cristianismo se diferencia das demais religiões monoteístas.

O sexo passa a ser valorizado pelo argumento teológico da encarnação, bem como a ideia do corpo como templo do Espírito Santo.

Outra alteração advinda com o cristianismo com os autores da Patrística foi a castidade perpétua, como via de ascensão espiritual e como estágio superior ao casamento.

Isso atraiu tanto homem como mulheres, mas especialmente elas, pois viam nessa alternativa a possibilidade de escapar de maridos indesejáveis, da morte prematura no parto e aproximação com o status masculino (PELAJA; SCARAFFIA, 2014, p. 4-15).

Durante a história da igreja o tema da sexualidade rendeu muitos e acalorados debates em sínodos e concílios da Igreja.

No mundo medieval, referências ao corpo e ao sexo estiveram no centro dos debates teológicos, inclusive com ampla discussão dos dias proibidos para a prática sexual, mas povoaram a arte e os textos literários (PELAJA; SCARAFFIA, 2014, p. 99).

No período moderno, o Concílio de Trento reforça o casamento como sacramento, bem como a superioridade do estado de castidade e virgindade.

A reforma mais significativa foi elevar o caráter público da cerimônia do casamento, que passa a ser formal e deveria ser celebrado na presença de um padre, e de testemunhas e nem a coabitação, nem a consumação deveriam vir antes da benção do sacerdote.

Cria-se a atribuição exclusiva da igreja na realização tanto da cerimônia nupcial como da normatização da sexualidade matrimonial.

A partir do século XVIII os estudos científicos passaram a ganhar espaço e coube à ciência desvendar os aspectos fisiológicos e morfológicos do corpo.

Assim criou métodos e categorias não só para diferenciar machos e fêmeas, mas para definir comportamentos, da mesma maneira que os limites entre normalidade e anormalidade (PELAJA; SCARAFFIA, 2014, p.221).

A partir do século XIX houve uma mudança significativa, pois o discurso sobre a sexualidade passou às competências científicas (médicas, biológicas, antropológicas e psicanalíticas), em contraponto ao domínio da Igreja que assumia o direito de impor normas sobre a sexualidade.

Assim, questionou-se o significado espiritual do sexo. Os tratados morais foram substituídos pela literatura científica e as competências em relação ao matrimônio passaram da alçada da Igreja para as mãos do Estado.

Surge então, o casamento civil e o divórcio como exemplos desse processo e transição. 

A sexualidade passou a ser tratada como de interesse público, com a ingerência crescente do Estado.

A masturbação e a homossexualidade passaram a ser encaradas como doenças, necessitando o seu estudo científico para alcançar formas de cura. Na mesma direção, a prostituição passou a ser combatida como forma de sanear a sociedade.

No final do século XIX e início do século XX, período marcado pela revolução demográfica, e pela revolução ideológica e cultural que a acompanhou.

Surgem métodos anticoncepcionais, portanto a sociedade passa a ser dominada por valores liberais e democráticos, a sobrevivência das famílias já não dependiam de um grande número de filhos e as regras sociais dos comportamentos sexuais impostos pela moral cristã cada vez é questionada.

A cultura passa a dissociar a procriação de sexualidade e procriação de matrimônio, desafio em proporções até então não enfrentados pela igreja cristã.

A pílula anticoncepcional mudou o comportamento e as práticas da sexualidade.

Além de possibilitar a escolha do momento desejado das mulheres serem mães, também tornou possível a separação entre sexualidade, amor e família como era possível até então somente aos homens.

Com isso, a propagação da satisfação dos desejos hedonistas pregado pelas ideologias modernas (PELAJA; SCARAFFIA, 2014, p. 231-263).

O atual pensamento secularizado relegou a sexualidade a uma questão do indivíduo, da pessoa, enquanto o pensamento religioso continua defendendo a dimensão espiritual cunhada no início do cristianismo.

1 Esse termo grego será explicado com detalhes no próximo capítulo.

Que Deus o(a) abençoe.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1510-li%C3%A7%C3%A3o-8-relacionamento-sexual-segundo-a-perspectiva-crist%C3%A3.html

Blog do comentarista da lição: https://natalinodasneves.blogspot.com/

Video 02: https://www.youtube.com/watch?v=U0TGIAlGMHY

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