JOVENS- LIÇÃO 1 – DANIEL: UMA JORNADA DE FIDELIDADE
TEXTO PRINCIPAL
“E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres.” (Dn 1.3)
Entenda o Texto Principal:
– Aspenaz, chefe de seus eunucos. “Eunucos” significam os camareiros do rei. da família real. Compare a profecia a Ezequias: “Eis que vêm dias, em que tudo o que está em tua casa, e tudo o que teus pais entesouraram até hoje, será levado a Babilônia, sem restar nada, disse o SENHOR. E de teus filhos que sairão de ti, que haverás gerado, tomarão; e serão eunucos no palácio do rei da Babilônia.” (2Reis 20:17-18). [JFU]
RESUMO DA LIÇÃO
Daniel é um exemplo inspirador de fidelidade em uma cultura hostil.
Entenda o Resumo da Lição:
– A vida de fidelidade a Deus de Daniel pode nos ensinar lições que nos ajudarão a permanecer de pé mesmo que as circunstâncias ao nosso redor sejam de tragédia, dor e sofrimento.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 1.5-14
5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei.
– da comida do rei – É comum um rei oriental entreter, da comida de sua mesa, muitos servos e cativos reais (Jeremias 52:33-34). O hebraico para “carne” implica iguarias. estar diante do rei – como cortesãos atendente; não como eunucos. [Fausset, aguardando revisão].
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
– filhos de Judá – a mais nobre tribo, sendo aquela a qual a “semente do rei” pertencia (compare Daniel 1:3). [Fausset, aguardando revisão].
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
– nomes. Um fator determinante no processo treinamento babilônio era a mudança de nome. Isso era feito para ligar os aprendizes aos deuses locais, em vez de apoiar a antiga lealdade religiosa deles. Daniel significa “Deus é o meu juiz”, mas passou a ser chamado de Beltessazar, que significa “Bel protege o rei”.
Hananias significa “O Senhor é gracioso”, mas teve o nome mudado para Sadraque, “Ordem de Aku”, outro deus babilônio. Misael, que quer dizer “Quem é como o Senhor”, recebeu o nome de Mesaque, “Quem é como Aku?”.
Finalmente, Azarias, “O Senhor é meu ajudador”, tornou-se Abede-Nego, ou seja, “Servo de Nego”, também chamado de Nebo, deus da vegetação (cf. Is 46.1).
8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
– As comidas e bebidas dos pagãos eram dedicadas aos ídolos. Regalar-se com elas seria entendido como honrar essas divindades. Daniel decidiu em seu coração (Pv 4.23) não fazer concessões para não ser infiel ao chamado de compromisso de Deus (cf. Êx 34.14-15).
Além disso, alimentos que haviam sido proibidos pela lei (Lv 11) estavam entre os que os pagãos consumiam; partilhar deles implicava fazer concessões diretas (cf. Dn 1.12). Moisés também adotou essa postura (Hb 11.24-26), como também o fizeram o salmista (Sl 119.1151 e Jesus (Hb 7.26). Cf. 2Co 6.14-18; 2Tm 2.20.
9 Ora, deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
– Deus honrou a fidelidade e a lealdade de Daniel ao soberanamente agir de maneira favorável para com ele entre líderes pagãos.
Nesse momento, isso evitou que ele fosse perseguido e fez com que fosse respeitado, embora, mais tarde, Deus tenha permitido que Daniel viesse a sofrer oposição, o que também o dignificou (Dn 3.6). De um modo ou de outro, Deus honra os que o honram (ISm 2.30; 2Cr 169).
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que veria ele os vossos rostos mais tristes do que os jovens que são vosso iguais? Assim, arriscareis a minha cabeça para com o rei.
– pior gosto – parecendo menos saudável. seu tipo – da sua idade ou classe; literalmente, “círculo”. poríeis minha cabeça em risco – Um déspota oriental arbitrário poderia, em um ataque de ira por suas ordens terem sido desobedecidas, ordenar que o ofensor fosse imediatamente decapitado. [Fausset, aguardando revisão]
11 Então, disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
– Melsar (“despenseiro” em algumas traduções). O mordomo, ou mordomo-chefe, encarregado por Aspenaz de fornecer a comida diária aos jovens (Gesenius). A palavra ainda está em uso na Pérsia. [JFU].
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, fazendo que se nos dê em legumes a comer e água a beber.
– legumes. Essa palavra hebraica aparece na forma do plural no AT apenas aqui e no v. 16. EIa pode se referir a trigo ou cevada, ou a vegetais frescos.
13 Então, se examine diante de ti a nossa aparência e a aparência dos jovens que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os teus servos.
– Ilustrando Deuteronômio 8:3, “O homem não vive só de pão, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor”. [Fausset, aguardando revisão]
14 E ele conveio nisso e os experimentou dez dias.
– E ele consentiu-lhes nisto. O experimento foi tal, já que seria por tão pouco tempo, que ele correu pouco risco no assunto, como no final de dez dias ele supôs que seria fácil mudar seu modo de dieta se o experimento não fosse bem-sucedido. [JFU].
– OBS.: Todos os comentários, exceto os com citações, são da Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, Edição de Janeiro de 2017)
– Caso deseje, poderá baixar o MyBible: https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible.
– Daniel não era profeta, não esteve numa escola de profetas. A sua “profecia” foi resultado de seu relacionamento e compromisso com Deus e com o povo de Deus, Israel. Daniel era um hebreu comum colocado numa lata posição para fazer diferença. Daniel viveu numa época muito especial de Israel, onde a nação foi sitiada e tomada por Nabucodonosor, rei babilônico, que governou de 605 a.C. a 562 a.C. No exílio babilônico, Daniel foi instrumento de Deus, simbolizando a continuidade de Israel e representando os planos soberanos de Deus para as nações.
I – O LIVRO DE DANIEL
1- Panorama geral.
Os 12 capítulos do Livro de Daniel percorrem um longo período histórico que começa com a primeira invasão babilônica ao Reino de Judá (605 a.C.), até a queda da Babilônia diante de Ciro da Pérsia (536 a.C.).
O livro narra a trajetória de Daniel e de seus amigos, destacando os desafios culturais, políticos, morais e espirituais que eles suportaram em terra estrangeira. Ao longo de todo esse tempo, o profeta viveu e serviu com fidelidade a Deus perante as cortes imperiais, desde a juventude até a sua velhice.
Também registra as mensagens proféticas que o Senhor lhe revelou, inclusive interpretações de sonhos, visões de animais simbólicos e uma visão detalhada dos eventos escatológicos. Por isso, o livro é chamado de “Apocalipse do Antigo Testamento”.
– O livro de Daniel é diferente do resto dos livros que compõem o Antigo Testamento. Embora na Bíblia, em português, se encontre entre os profetas, no Canon Hebraico foi colocado entre os Escritos (Ketûbim);
Embora seja considerado entre os profetas, não contém mensagens proclamadas em nome do Senhor, à maneira dos profetas e, embora contenha parte de seu conteúdo de narrativa, não se trata de um livro histórico no sentido em que o são os livros de Reis, mesmo começando a partir de um ponto na história e se mostrando claramente interessado nela. Joyce Baldwin. Daniel Introdução e Comentário, p.15.
– O livro de Daniel usa sonhos e visões, sinais, símbolos e números para declarar o curso da história e chamar a atenção ao seu significado, mapeando seu curso à medida em que ela se encaminha para o final. “Por mais diferente que o livro possa ser em seus conceitos e métodos, há uma continuidade teológica com a lei e os profetas, especialmente na sua pressuposição de que o Deus que deu início à vida humana controla a história e a levará ao termo por Ele designado” Joyce Baldwin. Daniel Introdução e Comentário, p.15.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, teremos o privilégio e nos aprofundar nos estudos do Livro de Daniel. Considerado o “Apocalipse do Antigo Testamento”, em virtude das revelações e visões escatológicas que o Senhor deu ao profeta, Daniel é um livro histórico e profético.
Ele abrange o período no qual os israelitas estiveram exilados na Babilônia, destacando as experiências marcantes e desafiadoras de Daniel e seus amigos em terra estrangeira. Ao percorrermos os seus 12 capítulos, seremos conduzidos a uma compreensão mais profunda da relevância e urgência da mensagem de Daniel para os nossos dias. Daniel é um exemplo inspirador para os cristãos em geral e os jovens em particular.
Seu testemunho de vida nos encoraja a enfrentar as adversidades e a cultura secularizada, pluralista e neopagã que predomina na sociedade ocidental contemporânea. É um modelo de líder levantado por Deus numa cultura hostil. Na primeira lição, teremos uma visão panorâmica do livro e do seu contexto, e o início da vida dos jovens hebreus no cativeiro babilônico.
2 – Autoria e mensagem.
É dominante entre estudiosos judeus e cristãos que o autor deste livro é o próprio Daniel, conforme atestam as evidências internas (Dn 8.15; 27; 9.2; 10.2) e a referência de Jesus ao profeta (Mt 24.15).
Os seus registros históricos revelam um período crucial e angustiante para os israelitas, no qual viveram exilados em meio a uma cultura diferente e hostil.
O seu conteúdo vibrante compõe uma mensagem repleta de significados e ensinamentos. Destaca a necessidade de o crente manter a fé inabalável em momentos de adversidades e nos recorda de que podemos ser íntegros em qualquer ambiente. Mostra que Deus é soberano e o Senhor da história, pois o reino, o domínio e a majestade dos reinos lhe pertencem (Dn 7.27).
– Várias passagens indicam que o autor do livro é Daniel (8.15,27; 9.2; 10.2,7; 12.4-5), cujo nome significa “Deus é meu Juiz”. A partir de 7.2, ele escreve de maneira autobiográfica, na primeira pessoa do singular, e deve ser distinguido dos outros três “Daniéis” do Antigo Testamento (cf. 2Cr 3.1; Ed 8.2; Ne 10.6).
Quando ainda adolescente, talvez aos 15 anos de idade, Daniel foi retirado à força de sua nobre família em Judá e levado cativo para a Babilônia, onde passou por um processo de imersão na cultura babilônia que tinha a finalidade de prepará-lo para a tarefa de servir de mediador com os judeus que haviam sido levados para lá. Ali ele passou o restante de sua longa vida (85 anos ou mais).
Ele conseguiu tirar o máximo proveito do exílio, tendo sido bem-sucedido em exaltar a Deus pelo seu caráter e fidelidade.
Rapidamente por meio de nomeação real ele foi elevado ao posto de estadista e serviu como confidente de reis bem como profeta em dois impérios mundiais, ou seja, da Babilônia (2.48) e do Medo-Persa (6.1-2). Cristo ratificou Daniel como o autor desse livro (cf. Mt 24.15).
Daniel viveu além do tempo descrito em 10.1 (c. 536 a.C.). Parece bem provável que ele tenha escrito esse livro pouco tempo depois dessa data, mas antes de c. 530 a.C. A passagem de Dn 2.4b—7.28, que descreve profeticamente o curso da história dos gentios, foi originalmente e de modo apropriado escrito em aramaico, a língua usada nos negócios internacionais da época. Ezequiel, Habacuque, Jeremias e Sofonias foram os profetas contemporâneos de Daniel.
3- Estrutura e peculiaridades.
Por se tratar de um documento histórico, e ao mesmo tempo, profético, é possível dividir o livro em duas seções que formam um todo perfeito.
Na primeira parte (capítulos 1 a 6), são narrados os fatos e as experiências importantes na vida de Daniel dentro da Babilônia.
Na segunda (capítulos 7 a 12), estão as visões e as mensagens proféticas, que revelam acontecimentos dos séculos seguintes e até o tempo do fim. Uma das peculiaridades do Livro de Daniel é que, embora seja considerado um profeta, Daniel não profetizou diretamente ao povo, como outros profetas do Antigo Testamento.
Em vez disso, ele serviu como um conselheiro e intérprete de sonhos e visões para reis e governantes da Babilônia. Outra característica notável deste livro é o uso de duas línguas diferentes. A maior parte, do capítulo 2 ao capítulo 7, está escrita em aramaico.
Os capítulos 1 e 8 até o final do livro são escritos em hebraico. Essa mudança de língua reflete a natureza do livro, que abrange eventos ocorridos na Babilônia e profecias relacionadas a Israel.
– Daniel foi escrito para encorajar os judeus exilados ao revelar o programa de Deus para eles, tanto antes como depois do domínio dos gentios sobre o mundo.
De proeminência sobre todos os demais temas em todo o livro é o controle soberano que Deus exerce sobre todos os assuntos que dizem respeito a todos os governantes e suas nações e acerca da substituição deles. 2.20-22,44. (cf. 2.28,37; 4.34-35; 6.25-27).
Deus não foi derrotado ao permitir que Israel caísse (Dn 1), mas estava providencialmente pondo em movimento seus propósitos infalíveis para uma manifestação certa e plena de seu Rei, o Cristo exaltado. De modo soberano, ele permitiu que os gentios dominassem Israel, ou seja, a Babilônia (605-539 a.C.}, o Império Medo-Persa (539-331 a.C.), a Grécia (331-146 a.C.), Roma (146 a.C.-476 d.C.) e tudo o mais até o segundo advento de Cristo.
Esses estágios sob o domínio dos gentios está exposto nos caps. 2 e 7. Esse mesmo tema também abrange a experiência que teve Israel na derrota e, finalmente, na bênção de seu reino apresentada nos caps. 8—12 (cf. 2.35,45; 7.27).
Um aspecto-chave dentro desse tema geral do controle majestoso de Deus é a vinda do Messias para dominar o mundo em glória sobre todos os homens (2.35,45; 7.13-14,27). No cap. 2 ele é semelhante a uma pedra, e semelhante ao filho do homem no cap. 7.
Além disso, ele é o Ungido (o Messias) no cap. 9.26. O cap. 9 nos fornece a estrutura cronológica da época de Daniel até o tempo do reinado de Cristo. Um segundo tema entretecido na obra de Daniel é a apresentação do poder soberano de Deus por meio de milagres.
A era de Daniel está entre as seis apresentadas na Bíblia que põem um foco maior nos atos milagrosos de Deus, por meio dos quais ele realiza seus propósitos. Os outros períodos incluem: 1) a criação e o dilúvio (Gn 1—11); os patriarcas e Moisés (Gn 12—Deuteronômio); 3) Elias e Eliseu (lRs 17—2Rs 13); 4) Jesus e os apóstolos (os Evangelhos e Atos); e 5) o tempo da segunda vinda de Cristo (Apocalipse).
Deus, que tem o domínio eterno e a habilidade para agir de acordo com a sua vontade (4.34-35), é capaz de realizar milagres, sendo todos eles menores em grandeza do que o que ele exibiu quando agiu como criador em Gn 1.1. Daniel conta como Deus o capacitou para relatar e interpretar os sonhos que usou para revelar a sua vontade (caps. 2; 4; 7).
Outros milagres são:
1) o escrito na parede e a interpretação que Daniel faz dele (cap. 5);
2) sua proteção concedida aos três jovens lançados na fornalha de fogo (cap. 3);
3) a proteção e libertação de Daniel quando jogado na cova dos leões (cap. 6); e
4) suas profecias sobrenaturais (caps. 2; 7—8; 9.24-12.13).
II – COMPREENDENDO O CONTEXTO
1- O contexto histórico.
No pano de fundo histórico dos primeiros capítulos do Livro de Daniel, há um cenário de agitação e instabilidade decorrente da disputa pelo predomínio político na região. Em 605 a.C., após derrotar o Faraó Neco do Egito, na Batalha de Carquemis (Jr 46.2), a Babilônia estava se consolidando como grande potência mundial.
Liderada por Nabucodonosor, o exército babilônico invadiu e sitiou Jerusalém no terceiro ano do reinado de Jeoaquim (2 Rs 24.1-6).
Era o início das invasões babilônicas ao Reino de Judá e sua capital. Posteriormente, em duas outras oportunidades, a cidade voltou a ser invadida: em 597 a.C. (2 Rs 24.10-14), e a terceira, a maior de todas elas, em 586 a.C., ocasião em que a cidade foi arrasada e o Templo, destruído.
NABUCODONOSOR – Nebo protege o limite! Filho e sucessor de Nabopolassar, o fundador do império babilônico (605 a 562 a.C.).
Ele foi mandado por seu pai, à frente de um exército, para castigar Faraó-Neco, rei do Egito. Pouco tempo antes tinha este príncipe invadido a Síria, derrotado Josias, rei de Judá em Megido, e submetido toda aquela região, desde o Egito a Carquemis, cidade situada sobre o Eufrates superior, que, na divisão dos territórios de Assíria depois da destruição de Ninive, tinha passado para Babilônia (2 Rs 23.29, 30).
Nabucodonosor derrotou Neco na grande batalha de Carquemis, 605 a.C. (Jr 46.2 a 12), recuperou Coele-Síria, Fenícia e Palestina, tomou Jerusalém (Dn 1.1,2), e estava em marcha para o Egito, quando recebeu notícias da morte de seu pai – voltou, então, apressadamente para Babilônia, apenas acompanhado das suas tropas ligeiras.
Foi por este tempo que Daniel e seus companheiros foram conduzidos para Babilônia, onde bem depressa se tornaram notáveis sob a proteção de Nabucodonosor (Dn 1.3 a 20). o rei Jeoaquim, que tinha sido conservado sobre o trono de Judá, como rei vassalo de Nabucodonosor, revoltou-se, passados três anos, contra os dominadores (2 Rs 24). o imperador da Babilônia, pela segunda vez, marchou contra Jerusalém, que se submeteu sem grandes esforços (Jr 22.18, 19).
Jeoaquim foi morto, e em seu lugar foi colocado seu filho Joaquim, que dentro de três meses deu sinais de não estar satisfeito com o jugo, provocando assim a vinda de Nabucodonosor a Jerusalém pela terceira vez. o imperador babilônio depôs o jovem príncipe e mandou-o para Babilônia, conservando-o preso pelo espaço de trinta e seis anos.
Com o rei de Judá foi também uma grande parte da população, sendo também levados os principais tesouros do templo, que foram depositados no templo de Bel-Merodaque.
Depois reinou Zedequias, filho do rei Josias e tio de Joaquim, em Judá, como rei vassalo – mas fez um tratado com o imperante do Egito, apesar dos avisos de Jeremias (Ez 17. 15), cortando a sua aliança com o rei da Babilônia.
Veio novamente Nabucodonosor, e, depois de um cerco de dezoito meses, tomou a cidade de Jerusalém (586 a.C.). os filhos de Zedequias foram assassinados à vista de seu pai – depois foram tirados os olhos ao próprio rei, que foi levado para Babilônia, onde foi definhando até ao fim da vida (2 Rs 24.8 – 25.21).
Deve notar-se que o profeta Jeremias (Jr 32.4, 5 – 34.3) tinha predito a deportação de Zedequias para Babilônia, ao passo que Ezequiel (Ez 12.13) tinha profetizado que ele não veria aquela cidade. Ambas as profecias foram literalmente cumpridas, visto como Zedequias foi cruelmente privado da vista antes de ser arrastado a duro cativeiro naquela cidade.
Gedalias, judeu, foi nomeado governador de Jerusalém, mas pouco tempo depois foi morto, fugindo muitos judeus para o Egito, e sendo outros levados para Babilônia. À conquista de Jerusalém seguiu-se rapidamente a queda de Tiro e a completa submissão da Fenícia, 586 a C. (Ez 26 e 28).
Depois destes acontecimentos foram os babilônios contra o Egito, infligindo grandes penas a este país, 582 a.C. (Jr 46.13 a 26 – Ez 29.2 a 20). Dizia mais tarde Nabucodonosor: ‘Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?’ (Dn 4.30).
Este seu orgulho fundava-se em ter admiravelmente realizado a construção de grandes obras. Nessas obras estavam compreendidos mais de vinte templos, várias fortificações, a abertura de canais, extensos diques junto do rio, e os célebres jardins suspensos.
Em toda a Babilônia a descoberta de tijolos, achando-se neles gravados o nome de Nabucodonosor, é um atestado do seu espirito empreendedor, bem como da sua opulência e gosto.
As escavações que se têm feito em Babilônia nestes últimos anos, especialmente no inverno de 1908 a 1909, puseram a descoberto uma parte considerável do palácio de Nabucodonosor, cuja magnificência não foi exagerada.
Um dos muros exteriores, por exemplo, tem mais de 21 metros de espessura. Um dos mais lembrados incidentes da vida de Nabucodonosor é a construção da grande imagem na planície de Dura, recusando-se a adorá-la Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego.
Foram, por isso, estes jovens lançados numa fornalha de fogo, mas miraculosamente preservados de todo o mal (Dn 3).
Pelo fim do seu reinado, como castigo da sua soberba e vaidade, foi Nabucodonosor atacado de uma estranha forma de loucura, a que os gregos chamam licantropia – por essa doença imagina o enfermo estar transmudado em animal, abandonando então as habitações dos homens e indo para os campos viver uma vida de irracional (Dn 4.33).
O primeiro uso que fez da sua restaurada razão foi reconhecer a justiça do Poderoso Governador dos homens, e oferecer um cântico de louvor pela mercê que lhe foi concedida. Morreu em idade avançada, tendo reinado pelo espaço de quarenta e três anos.
Uma espécie de monoteísmo, com mistura de politeísmo, pelo que nos diz a Escritura, pode explicar a sua quase exclusiva devoção a um deus do seu país, que tinha o nome de Merodaque (Dn 1.2 – 4.24, 32, 34, 37 – 2.47 – 3.12, 18, 29 – 4.9).
Parece, em algumas ocasiões, ter identificado Merodaque com o Deus dos judeus (Dn 4) – mas em outras parece ter considerado o Senhor como uma das divindades locais e inferiores, sobre as quais governava Merodaque (Dn 3).
2- Um rei ímpio.
Jeoaquim era filho de Josias e sucedeu seu pai como rei de Judá aos vinte e cinco anos de idade (2 Rs 23.36).
Foi um rei ímpio que não andou nos caminhos do Senhor. O profeta Jeremias proclamou a mensagem de Deus, alertando Jeoaquim e o povo de Judá sobre a vinda do juízo divino devido à idolatria e à injustiça.
Ele exortou o rei e o povo a se arrependerem e a se voltarem para Deus. Jeoaquim não apenas rejeitou as palavras do profeta, mas também queimou o rolo no qual a Palavra de Deus estava escrita (Jr 36.20-26).
– JEOAQUIM – o Senhor eleva. Irmão e sucessor de Jeoacaz, rei de Judá. Ele deveu a sua coroa a Faraó-Neco, que lhe mudou o nome, de Eliaquim em Jeoaquim (2 Rs 23.34 a 36).
Por quatro anos foi tributário daquele monarca – mas, depois da batalha de Carquemis, em que Neco foi vencido por Nabucodonosor, foi Jeoaquim, e outros reis vassalos, compelido a aceitar a soberania do conquistador babilônio.
Quatro anos depois da submissão da Judéia, revoltou-se o rei Jeoaquim contra o imperador da Babilônia (2 Rs 24.1) – mas este, passado pouco tempo, o atacou e capturou, sendo sua intenção levá-lo primeiramente para Babilônia (2 Cr 36.6): tomando, contudo, outra resolução, mandou-o matar.
E assim, depois de um reinado iníquo de onze anos, de grandes perturbações, foi Jeoaquim morto, sendo o seu corpo arremessado para fora das portas de Jerusalém, com indignação, como Jeremias o havia anunciado, pois tinha feito ver ao rei o perigo e a loucura de revoltar-se contra Nabucodonosor (Jr 22.18,19 – 26.23).
O caráter do rei está descrito em poucas palavras em 2 Rs 23.37: ‘Fez ele o que era mau perante o Senhor’, sendo muitas das suas maldades a proteção que ele dava à idolatria e a perseguição aos profetas e sacerdotes (2 Cr 36.8 – Jr 26 – Ez 8).
3- Deus castiga seu povo.
Israel havia virado as costas para Deus. Em vez de arrependimento, os líderes e a nação endureceram o coração para não seguirem os seus estatutos (2 Cr 36.14).
Por essa razão, o Senhor estava disciplinando o povo da promessa, ao permitir o seu cativeiro e a destruição da cidade.
O profeta Daniel é enfático ao escrever que foi o Senhor que entregou o rei de Judá nas mãos de Nabucodonosor e permitiu que os utensílios do Templo fossem saqueados e profanados.
O Senhor corrige quem Ele ama (Hb 12.6) e toda a história está sob o seu controle. Ele é soberano sobre todas as coisas e até mesmo os ímpios podem ser usados para cumprir a sua vontade!
– O reinado de Zedequias, também conhecido como Matanias (c. 597-586 a.C.). Cf. 2Rs 24.17-25.21; Jr 52.4-27. Jeremias profetizou durante esse reinado (Jr 1.3) e escreveu Lamentações para lamentar a destruição de Jerusalém e do templo em .586 a.C. Ezequiel recebeu o seu chamado durante esse reinado (Ez 1.1) e profetizou do 592a.C. até a sua morte em 560 a.C.
A soberania divina sobre a História garante a sobrevivência de Israel, como o povo da aliança, preparando-os para a redenção futura, na vinda do Filho do homem; enquanto descreve o domínio de Deus sobre os reinos, reis e o destino das nações gentílicas.
O livro de Daniel é dirigido a uma comunidade que deve esperar sofrer por sua fé. Isso não deveria ser motivo de surpresa, ou uma indicação de abandono divino. Esse povo deve considerar as crises religiosas uma indicação da presença do mal no mundo.
E que a libertação virá de acordo com um cronograma estabelecido pelo soberano Senhor. O remanescente fiel deve obter conforto na compreensão de que Deus está trabalhando no desenrolar da história humana, embora isso possa exigir que os justos sofram por um tempo.
III. A RELEVÂNCIA DO LIVRO DE DANIEL PARA OS NOSSOS DIAS
1- Um livro para todas as épocas.
Olhando para a jornada íntegra deste jovem hebreu até a sua velhice, chegamos à conclusão de que o Livro de Daniel é para todas as épocas. Retirado à força de sua casa, quando ainda tinha cerca de quatorze anos, Daniel foi conduzido até uma terra estrangeira.
Dentro de uma cultura hostil, cercado por inimigos, enfrentou diversos ataques e desafios ao longo de sua trajetória. Esteve exilado por mais de setenta anos até o fim da vida. Enfrentou conspirações, mudanças culturais e políticas, sendo pressionado de diversas formas, mas não negando a sua fé.
Embora centenas de anos tenham se passado desde a sua época, sua trajetória é um exemplo inspirador para os dias em que estamos vivendo. O Livro de Daniel, por ser a Palavra de Deus, continua atual e a sua mensagem urge para esse tempo. A história de Daniel pode ser a nossa história!
– Assim como Daniel, em todo o tempo devemos honrar ao Senhor. O nosso testemunho e a nossa fidelidade a Deus devem ser a nossa melhor pregação no meio de uma cultura corrompida. Não precisamos defender o reino de Deus. O que precisamos fazer é viver segundo os padrões do seu reino dia a dia. Devemos priorizar pregar sempre com a vida e usar as palavras quando necessário.
Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.” (Mateus 5.16).
2. Um mundo transtornado.
O período do profeta foi um dos mais turbulentos em termos de mudanças geopolíticas na região do Oriente Médio e no Mundo Antigo. Ele viveu em um mundo cujas características se repetem hoje:
a) Mundo frágil e cheio de incertezas. Estudiosos têm caracterizado o período recente, principalmente pós-pandemia, como um mundo frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. A Babilônia era palco das transformações e agitações globais da sua época. Daniel viu impérios desmoronarem e reis caírem, enquanto as pessoas sobreviviam com expectativas aterrorizantes. A sua trajetória irá nos ensinar a encontrar resistência e coragem em dias ruins além de esperança numa época de desespero.
b) Mundo com constante transição de poder. Daniel serviu nos impérios babilônico e medo-persa com a mesma fé e fidelidade. Nenhum soberano o fez mudar suas convicções, tampouco o poder o seduziu. Com ele, somos lembrados de que os reis, presidentes e governantes desta terra passam, mas o Senhor permanece para sempre. Não importa quem esteja no poder político, o cristão mantém sua esperança sempre em Deus.
c) Mundo de conflitos e violência. Daniel viu de perto os horrores da destruição provocada pelas guerras entre nações e sentiu na pele o sofrimento decorrente do exílio. Semelhantemente, o mundo contemporâneo continua a ser palco de conflitos internos e internacionais, ações terroristas e violências de todas as formas, provocando dor e migração forçada. Isso nos faz recordar das pessoas que se encontram nessas situações, que precisam da nossa oração, apoio e busca por soluções.
d) Mundo hostil aos valores judaico-cristãos. É possível traçar um paralelo da época de Daniel com o panorama da cultura contemporânea, essencialmente hostil à visão de mundo judaico-cristã.
Da mesma forma que aquele jovem hebreu foi pressionado a abandonar sua crença em razão das pressões culturais e religiosas dentro da Babilônia, os cristãos de hoje estão enfrentando ataques severos da cultura anticristã, a exemplo do Relativismo e do Secularismo, dentre outras correntes filosóficas.
Como veremos no decorrer do trimestre, o Livro de Daniel nos ensinará a ter sabedoria e inteligência espiritual para combater as estratégias do inimigo no tempo presente.
– Precisamos nos preparar para viver em meio às ameaças das autoridades, pois o servo fiel enfrenta a realidade da luta espiritual. Pedro e João viveram essa realidade, foram presos e interrogados, mas fizeram a seguinte declaração: “Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos.” (Atos 4.19,20).
A Bíblia é clara em dizer: “Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” (Efésios 6.11,12).
“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2ª Timóteo 3.12)
3 – Devoção e testemunho público.
A inspiração do Livro de Daniel vai além da devoção pessoal. O seu testemunho nos mostra que a sua convicção não estava confinada ao ambiente privado, preferindo enfrentar os leões a renunciar uma confissão pública da fé. Ele é um grande exemplo bíblico de como podemos usar a sabedoria e o conhecimento de Deus para testificar em diversos lugares da sociedade.
– Razões para a igreja meditar em Daniel:
a. Deus é soberano sobre a história de Israel e das nações gentílicas, e a igreja é incluída neste plano divino.
b. A história da redenção é ressaltada em Daniel quando a disciplina de Deus sobre seu povo e o juízo divino sobre as nações pagãs descrevem Sua justiça e santidade, culminando num reino futuro de paz, governado pelo rei dos reis, o Messias.
c. A preservação de um remanescente fiel, diante da resignação de um povo rebelde, reafirma a aliança incondicional de Deus com Israel.
d. A fidelidade de alguns servos de Deus, ante o exílio, demonstra que é possível honrar a Deus com exclusividade, mesmo quando a situação é de extrema dificuldade.
e. As bases da fé cristã, centrada em Cristo Jesus, são explicadas pelo domínio de Deus sobre os eventos históricos.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel possui uma mensagem singular para a Igreja na atualidade. A sua vida na Babilônia é um exemplo de coragem, fé e integridade diante de circunstâncias adversas. Ele nos ensina a confiar em Deus em todas as situações e a buscar a sua vontade para a nossa vida.
– Se Daniel foi capaz de vencer suas lutas sendo fiel a Deus em todo o tempo, eu e você também podemos vencer as nossas lutas, nossos sofrimentos e nossas dores. O que Deus requer da nossa parte é fidelidade a Ele em todo o tempo apesar das circunstâncias.
Uma vida de fidelidade a Deus apesar das circunstâncias…
- HONRA ao Senhor em todo o tempo.
- Enfrenta a realidade da LUTA ESPIRITUAL.
- Coloca toda sua ESPERANÇA no Senhor.
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Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
Fonte: https://auxilioebd.blogspot.com/2024/06/ebd-jovenslicao-1-daniel-uma-jornada-de.html
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Y9gVJYtDisM