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Jovens – Lição 10 – Permaneçam firmes na Palavra da Verdade

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Conscientizar a respeito da importância de recordar as veredas antigas;

Aprender sobre a autenticidade da Palavra de Deus;

Saber o valor da Palavra profética.

Palavras-chave: Esperança, alegria, crescimento e firmeza.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Valmir Nascimento:

O coração pastoral de Pedro o impeliu a admoestar seus leitores para que não se esquecessem dos ensinos que haviam recebido.

Apesar de estarem firmes na fé, eles deveriam manter vivas na memória as verdades da Palavra de Deus.

Esse é o segredo para que o cristão não seja enganado pelos falsos mestres, dando lugar à falsidade.

Não há como refutar as heresias e os modismos se o crente não estiver submetido ao estudo constante da Palavra de Deus, sendo sempre recordado dos princípios basilares da fé.

O apóstolo sabia que se os crentes não se voltassem para as antigas verdades, seriam enganados pelas novas mentiras.

As heresias surgem exatamente quando se desprezam as verdades tradicionais e buscam-se modismos religiosos.

Relembrando Verdades Antigas

Um chamado à lembrança (1.12,13)

Olhando para a segunda carta de Pedro fica patente o compromisso dele em manter os seus leitores firmados na Palavra do Senhor.

Ele tem para si a obrigação de conservar a sua audiência ciente das exortações da parte de Deus:

“… não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade” (v.12).

Apesar de serem conhecedores da verdade, e de estarem confirmados nela, o apóstolo tinha por importante reavivar na memória de seus leitores alguns princípios importantes da Palavra de Deus.

Isso porque, em algumas ocasiões o ser humano esquece a verdade por lapso mental, mas na maioria das vezes o faz deliberadamente.

Esse parece ser o caso aqui, visto que o apóstolo havia acabado de advertir sobre o esquecimento da purificação dos seus antigos pecados (1.9).

Tiago sabia perfeitamente disso, tanto que em sua carta ele conclama seus leitores para que sejam cumpridores da palavra, e não ouvintes esquecidos, que se enganam a si mesmos (1.22).

Tiago compara tais pessoas ao homem que contempla o seu rosto no espelho e logo em seguida se esquece da sua própria imagem (1.23-25).

O pastor Pedro não se furta em sua responsabilidade pastoral de prover para a igreja da época o ensino de valores elementares da fé cristã.

 Ele tinha por justo (apropriado, necessário) despertar os crentes com admoestações (v.13), pois queria gravar na mente e nos corações de seus leitores a palavra da verdade.

Ele não estava preocupado em atender os anseios de seus leitores pregando novidades, mas em transmitir a perene mensagem de Deus.

Aqui reside a diferença notável entre o verdadeiro pastor que se preocupa com suas ovelhas e o pregador aventureiro.

O pastor sempre falará a verdade com amor, mesmo que sua pregação e ensino sejam considerados impertinentes e duros demais por aqueles que a ouvem.

Enquanto isso, o pregador aventureiro escolhe suas mensagens de acordo com a expectativa da sua plateia e em sintonia com o desejo dos seus ouvintes.

Esse tipo de pregador vive das novidades e firma seu ministério baseado em modismos.

O problema é que uma igreja que vive de modismos é biblicamente frágil e espiritualmente instável, pois se esqueceu dos próprios fundamentos da fé.

A verdade não somente aceita a recordação e a repetição, como também precisa desses processos de atualização em nossas mentes.

Na perspectiva bíblica, é preciso lembrar os atos divinos e as palavras sagradas como diretrizes para vivermos o presente e esperarmos o futuro.

Por tal razão, Deus estabeleceu aos israelitas a obrigatoriedade de ensinarem continuamente a lei para os seus filhos.

As palavras deveriam ser reiteradas em casa, no caminho, na hora de deitar e no momento de se levantar.

Deveriam também ser atadas por sinal na mão, na testa e escritas nos umbrais e portais da casa (Dt. 6.6-9).

Foi por causa desse padrão recordativo que os israelitas puderam manter a sua identidade religiosa e cultural diante dos demais povos.

O ato de rememorar é importante para nós porque temos a propensão ao esquecimento.

No aspecto ético, sermos recordados constantemente de certas regras morais é crucial para fugirmos das ações imorais, nos mantendo no caminho correto.

Dan Ariely mostra isso em seu livro A mais pura verdade sobre a desonestidade i.

Embora não seja cristão, o autor chegou em suas pesquisas comportamentais a várias conclusões que encontram ressonância nas Escrituras, sendo a principal delas a propensão do ser humano para a desonestidade, baseado naquilo que a teologia cristã denomina de depravação total.

As pesquisas de Ariely também o levaram a constatar que uma das principais formas de evitarmos as condutas desonestas é por meio da recordação.

Lembretes morais sugerem que nossa disposição e tendência para trapacear poderiam ser diminuídas se recebêssemos constantes recordações sobre padrões éticos.

Ele cita, por exemplo, a importância ética de recordamos os Dez Mandamentos. Em um de seus experimentos na Universidade da Califórnia (UCLA), Ariely pegou 450 estudantes e os separou e dois grupos.

A um dos grupos foi sugerido aos participantes que se lembrassem das regras contidas nos 10 mandamentos, ao outro não.

Submetidos aos mesmos testes sobre honestidade, no grupo que não foi incentivado a lembrar dos mandamentos bíblicos constatou-se a típica trapaça generalizada.

Enquanto isso, o outro grupo convidado a se lembrar dos mandamentos, não houve qualquer ação desonesta.

Como podemos manter as nossas mentes sempre vivas, recordando constantemente as verdades de Deus?

Criando hábitos que nos coloquem constantemente em contato com a Palavra do Senhor, seja por meio da leitura da Bíblia e de bons livros, assim como frequentando a comunidade de fé, a fim de ouvirmos a pregação e o ensino das Escrituras.

Consciência da morte (1.14,15)

Pedro prossegue dizendo: “Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado” (v.14).

O apóstolo está se referindo à morte, à partida deste mundo terrenal. Tabernáculo é uma alusão ao seu corpo físico.

Como todos os cristãos primitivos, Pedro estava muito consciente da transitoriedade da vida ii.

Ele sabia que o seu tempo estava se findando, e em vez de ser levado ao desespero e à angústia, o seu propósito é cumprir até ao fim a missão que lhe foi confiada.

Jesus havia lhe dito: “… e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.32).

De acordo com Warren Wirsbe, Pedro sabia que morre¬ria em breve, de sorte que desejava cum¬prir suas responsabilidades espirituais antes que fosse tarde demais.

“Uma vez que não sabemos quando vamos morrer, devemos começar a ser diligentes hoje mesmo!”iii

O apóstolo queria que mesmo depois da sua morte suas palavras se mantivessem vivas na mente de seus leitores (v.15). Como era comum, esse era o “testamento” do apóstolo iv.

Mas, em vez de deixar uma herança de bens materiais, ele estava deixando um legado para a posteridade, um ensino rico e de grande valor para a Igreja.

Isso porque, sabia ele que o mais importante não era ele e sim a mensagem de Deus. Os homens passam, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (1 Pe 1.25).

A Autenticidade da Palavra

Um ensino verdadeiro (1.16a)

Em seguida, Pedro inicia uma vigorosa defesa da autenticidade da sua mensagem, a fim de contrapor os ensinos distorcidos que estavam sendo disseminados.

Cefas tinha uma profunda convicção de que tudo aquilo que havia dado a conhecer sobre Jesus, notadamente sobre o seu retorno glorioso, eram ensinos verdadeiros, firmados na realidade, não se tratando de invenções humanas.

Ele diz: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas…” (v.16).

A expressão fábulas é uma referência negativa às históricas falsas e caluniosas a respeito dos deuses v.

Importante lembrar que nos tempos do Novo Testamento os mitos eram responsáveis por moldar a cultura e a visão de mundo das pessoas.

A mitologia grego-romana idealizava estórias, deuses e heróis na tentativa de dar sentido à vida.

Igualmente, os falsos mestres também estavam se valendo de fábulas para fundamentar suas doutrinas inverídicas e destruidoras.

Pedro quer fazer a distinção entre o falso e o verdadeiro, entre o mito e a realidade.

Como os demais apóstolos, Pedro não só ensinava a verdade, como também queria manter a pureza da Palavra, batalhando contra toda e qualquer pessoa que a corrompesse.

Afinal, o homem tem a terrível tendência de acreditar na mentira e de ser levado pelo engodo. A história do primeiro casal no Éden é a prova cabal disso!

Com razão, A. W. Tozer escreveu que “o coração é herético por natureza e corre para o erro com a mesma naturalidade com que um jardim vira mato” vi.

E assim, “o jardim negligenciado logo será tomado pelas erva daninhas; o coração que deixa de cultivar a verdade e de arrancar o erro, em pouco tempo, passa a ser um deserto teológico;

a igreja ou a denominação que cresce e descuida do caminho da verdade logo se perde e se atola em algum vale lodoso do qual não tem como fugir” vii.

Pedro, é claro, não quer que isso ocorra. Ele está disposto a evitar com todas as suas forças que as ervas daninhas cresçam no solo da comunidade cristã, e se isso tiver acontecido, está comprometido a arrancá-las de maneira vigorosa.

É este o mesmo sentimento e atitude que devemos ter em nossas igrejas. Não há como transigir com as fábulas e os enganos teológicos, pois destroem a verdade de Deus e minam a espiritualidade cristã.

O escritor sagrado está esclarecendo que a fé cristã, diferentemente do misticismo gnóstico, não segue essas fábulas.

Ele destaca que os ensinos sobre o poder de Jesus e sobre a gloriosa vinda de Jesus não foram inventados como obras de ficção. Diferentemente das mitologias pagãs, a fé cristã se baseia em fatos e em firmes evidências.

Embora a fé pessoal – a confiança íntima – independa de provas e de certezas, as crenças e convicções cristãs possuem explicações plausíveis.

O cristianismo, afinal, encontra-se enraizado na história e é corroborado pela ciência e pela filosofia, tendo os cristãos à sua disposição ampla evidência da sua veracidade viii.

Essa compreensão nos ajuda a rejeitar duas visões equivocadas sobre a fé cristã: o Cristo da Fé e o Jesus Histórico.

O chamado Cristo da Fé é baseado na ideia de que Jesus nada mais seria do que uma invenção humana, e que os Evangelhos não passariam de mitos.

Segundo essa perspectiva, Jesus nunca teria existido, mas é a criação do imaginário popular.

Enquanto isso, o chamado Jesus Histórico defende a historicidade de Jesus, mas contesta o seu poder e divindade. Tanto uma visão quanto outra estão equivocadas.

Jesus não foi somente um simples personagem que apareceu no século primeiro e promoveu uma mudança extraordinária cultural, mas sim o Filho Encarnado de Deus que viveu dentro da história, e voltará em poder e glória.

O testemunho ocular (1.16b-18)

A primeira prova utilizada por Pedro que atesta a veracidade da sua mensagem é o seu testemunho ocular.

A expressão “nós vimos a sua majestade” (v.16) refere-se ao episódio em que ele, juntamente com Tiago e João, presenciou a transfiguração de Jesus no monte santo, conforme registrado nos Evangelhos (Mt 17.1-13; Mc 9.2-13; Lc 9.28-36).

Naquele tempo, o testemunho ocular possuía a sua validade como prova. Desse modo, se a verdade era estabelecida pelo testemunho de duas ou três pessoas, certamente o testemunho dos três apóstolos merece total credibilidade ix.

Eldon Fuhrman explica que estes homens foram influenciados até o final do seu ministério por essa visão.

Tiago morreu como mártir por causa do seu testemunho; João disse que viram a sua glória e Pedro insistiu ter ouvido a voz de Deus.

Assim, “a sua visão da majestade de Cristo e a voz de Deus afirmando a filiação de Cristo eram evidências verdadeiras que distinguiam a encarnação da segunda pessoa da Trindade das afirmações espúrias dos mitos pagãos acerca da descida dos seus deuses à terra” x.

Além de ter um vislumbre da glória do Filho de Deus, ouviu a voz do Pai que dizia:

“Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido”. Mais que uma experiência pessoal do apóstolo, a transfiguração de Cristo foi uma revelação especial de Deus, que honrou e testificou do Filho. Jesus, afinal, é a revelação mais completa de Deus.

Pedro está mostrando que a experiência no Monte da Transfiguração é um elemento crucial para demonstrar a autenticidade dos ensinos cristãos, pois ele viu, ouviu e sentiu a manifestação sobrenatural de Deus.

O valor da experiência

A experiência de Pedro nos faz perceber a importância da experiência na vida cristã.

Juntamente com as Escrituras, a tradição e a razão, a experiência sempre foi considerada uma importante fonte da teologia cristã, embora menosprezada por algumas vertentes da cristandade xi. Coube exatamente aos segmentos avivados, inclusive o pentecostalismo, enfatizarem esse aspecto espiritual, destacando o encontro e o relacionamento pessoal com Deus.

Craig Keener confirma isso ao dizer que “a contribuição mais distintiva do pentecostalismo clássico à igreja global foi a restauração de todo o quadro de dons espirituais como um pré-entendimento experiencial a partir do qual lemos as Escrituras” xii.

Não há como menosprezar o papel da experiência dentro da espiritualidade.

Afinal, como assevera César Moisés, “a experiência religiosa ou do Espírito (…) está na origem de todo pensamento teológico e também no início de qualquer religião, inclusive e, sobretudo, das monoteístas e bíblicas (judaísmo e cristianismo)” xiii.

As experiências com Deus autenticam a veracidade das Escrituras em nós.

No caso de Pedro, a experiência de vislumbrar a transfiguração foi ímpar do ponto de vista pessoal, mas ao mesmo tempo fez ele voltar os seu olhos para as profecias antigas sobre o Messias, tanto que ele vai destacar este aspecto logo na sequência.

Noutras palavras, a experiência deu vida ao Texto Sagrado, ao menos para a compreensão do apóstolo.

Hoje, para nós, é relativamente simples olharmos em retrospectiva e assimilarmos a compreensão de que Jesus estava cumprindo as profecias do Antigo Testamento. No entanto, fazer isso naquela época era algo difícil.

Keener observa que “havia uma diversidade de profecias sobre a era messiânica e obra do Messias, e havia poucos modos de distinguir seguramente o que era literal do que era figurado”.

Assim, os primeiros cristãos aprenderam os textos certos de Jesus (veja Lc 24.25-27,44,45) e do que eles constataram que havia se cumprido nEle.

Em outras palavras, diz Keener, “eles liam o texto à luz de sua experiência de Jesus, que encaixava bem demais e era divino para ser um acidente ou algo fabricado.

Sua experiência os ajudou a organizar uma variedade de profecias para entender como elas se encaixavam” xiv.

Enquanto os mestres da lei olhavam para as profecias e não conseguiam ver nelas Jesus, os discípulos olhavam para Jesus e viam nEle o cumprimento profético, exatamente por causa das experiências que passaram.

O teólogo pentecostal Gordon Fee assinalou que “não basta reunir todas as passagens e compará-las com algum conjunto de pressuposições doutrinárias, pois, no caso do Espírito, estamos lidando com a questão da experiência primitiva cristã”.

No final das contas, prossegue Fee, “a única teologia que importa é que se traduz em vida” xv.

Sabemos que Deus existe e que a sua Palavra é verdadeira não somente porque são plausíveis ou por causa das evidências externas, mas também porque temos o testemunho interno do Espírito Santo (Rm 8.16) e experimentamos o seu poder.

O crente pentecostal tem no encontro com Deus e na relação com o sobrenatural o aspecto central da sua espiritualidade.

Não obstante, embora os pentecostais incentivem a experiência espiritual, fazem-no com um olho atento às Escrituras, frisou Robert Menzies xvi.

Além de serem confirmadas, as nossas crenças básicas ganham vida e vigor quando são vivenciadas na prática.

Não sem razão, a Bíblia contém um conjunto de histórias e narrativas das experiências de homens e mulheres de Deus.

O livro de Atos dos Apóstolos, em especial, com suas magníficas narrativas de batismo no Espírito Santo, falar em novas línguas, curas e milagres, dentre outros eventos miraculosos, fornecem para a igreja contemporânea um modelo de vida e experiência pentecostal.

O Valor da Palavra Profética

Palavra confirmada e iluminada (1.19)

A segunda prova utilizada por Pedro que atesta a veracidade da sua mensagem são as profecias, por isso ele diz que devemos estar atentos às palavras dos profetas.

O apóstolo está se referindo aos vaticínios de Deus constantes do Antigo Testamento, pois eles precedem e ao mesmo tempo confirmam o Evangelho, tornando a sua verdade ainda mais incontestável.

Kistemaker pronuncia que “a expressão palavra é abrangente o suficiente para incluir, além das profecias sobre à segunda vinda de Cristo, todas as muitas profecias cumpridas em relação à sua vida aqui na terra” xvii.

O cumprimento profético é uma evidência inconteste da veracidade das Escrituras e da onisciência de Deus.

A Bíblia contém centenas de profecias feitas séculos antes dos próprios eventos, muitas delas sobre o nascimento, obra e morte de Jesus.

Há predileções do nascimento virginal de Cristo (Is 7.14; Mt 1.23), do local de seu nascimento (Mq 5.2; Mt 2.6), da maneira de sua morte (Sl 22.16; Jo 19.36), e do local de seu sepultamento (Is 53.9; Mt 27.57-60).

No dia de Pentecostes (At 2), Pedro testificou o cumprimento daquilo que fora predito pelo profeta Joel (Jl 2.28).

Será que tudo isso aconteceu por coincidência ou acaso? Evidentemente que não!

Os ateus e céticos precisam ter muita fé para acreditar que isso tenha acontecido de maneira aleatória.

Pedro compara a palavra profética a uma lâmpada que ilumina na escuridão.

Assim, os cristãos são encorajados a se deixarem iluminar por ela, pois como expressou o salmista: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105).

Note, porém, que segundo Pedro a luz ilumina “até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”. Jesus é a brilhante Estrela da Manhã (Nm 24.17; Ap 22.16), que voltará em glória e poder.

Quaisquer que sejam os pormenores da interpretação dessa passagem, afirma Michael Green, a ênfase principal é manifesta: “durante todas as nossas vidas estamos peregrinando neste mundo de trevas.

Deus graciosamente nos forneceu uma lâmpada, as Escrituras. Se prestarmos atenção a elas para a repreensão, a advertência, a orientação e o encorajamento, andaremos em segurança, Se as negligenciarmos, seremos engolfados pelas trevas.

O decurso in¬teiro da nossa vida deve ser governado pela Palavra de Deus” xviii.

Palavra inspirada (1.20,21)

Concluindo o seu raciocínio, Pedro agora explica porque a Palavra de Deus é digna de confiança (vv.20,21). Para entendermos melhor a sua explicação, devemos começar pelo verso 21, pois este dá sentido ao anterior.

 

O apóstolo está dizendo que as Escrituras não foram produzidas pela mente humana, mas inspiradas pelo Espírito Santo de Deus.

Pedro demonstra que a profecia é fruto da inspiração divina, em claro contraste com as fábulas e com os ensinos dos falsos profetas que serão mencionados no capítulo seguinte.

O sentido do texto é que os autores humanos eram “levados adiante” (gr. pheromenoi), conduzidos pelo Espírito ao comunicarem as coisas de Deus.

Eldon Furhman declara que “a iniciativa divina em produzir as Escrituras foi realizada por influência determinante e constrangedora do Espírito Santo em agentes humanos seletos” xix.

Desse modo, a totalidade das Escrituras é inspirada, pois seus autores as escreveram sob a supervisão e orientação do Espírito Santo (2 Tm 3.16).

Sobre esta passagem, Buist Fanning diz que dela surge, de forma sucinta, mas poderosa, a doutrina da “inspiração cooperativa”, o ensino de que a Escritura é o produto de uma autoria divina e humana, e ambas têm os seus devidos papéis.

 “Foram os seres humanos que transmitiram, pois foram eles que escreveram a Escritura, e ela reflete o estilo de escrita, o pano de fundo da condição religiosa, histórica e cultural deles” xx.

Mas, além disso, foi o Espírito que dirigiu os seus escritos, de forma que aquilo que produziram não foi a própria exposição deles, mas a de Deus xxi.

Por essa razão, “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (v.20).

Visto que as Escrituras são o resultado da revelação e inspiração do Espírito Santo, ela deve ser interpretada como o auxílio da Terceira Pessoa da Trindade.

Com efeito, a iluminação divina – para ler o texto – é a conclusão necessária da inspiração divina na escrita do texto sagrado xxii.

Nas palavras de Warren Wirsbe: “Uma vez que a Bíblia não veio a existir pela volição humana, também não pode ser compreendida pela volição humana” xxiii.

Isso nos faz perceber que ao leitor não é dado o direito de dar ao texto sagrado o sentido que melhor lhe convém.

Devemos ler a Bíblia com o propósito de entender o propósito de Deus, com o auxílio do Espírito Santo, pois sendo Ele o agente de inspiração, é também Ele quem nos ensina a interpretá-la corretamente e aplicá-la à vida.

Somente com a iluminação do Consolador conseguimos compreender as verdades de Deus. Essa passagem refuta os falsos mestres e pregadores que alegam possuir “revelações especiais” de Deus.

No entanto, isso não quer dizer que Pedro esteja proibindo o cristão de ler a Bíblia sozinho.

Pedro está condenando a distorção do sentido do texto bíblico, por meio de interpretações individuais.

Segundo Wirsbe, a palavra traduzida por “particular” significa “pertencente a alguém” ou “próprio”.

Sendo assim, “essa afirmação sugere que, uma vez que todas as Escrituras foram inspiradas pelo Espírito, devem apresentar coerência, e nenhum de seus textos pode ser separado do todo” xxiv.

Afinal, “ao isolar um versículo de seu contexto verdadeiro, é possível usar a Bíblia para provar praticamente qualquer coisa, sendo essa, exatamente, a abordagem empregada pelos falsos mestres” xxv.

Notas e referências do Capítulo 10

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno

Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

i ARIELY, Dan. A mais pura verdade sobre a desonestidade. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2012. 

ii GREEN, 1983, p. 75.

iii WIRSBE, 2007, p. 570.

iv Cf. KEENER, 2017, p. 826.

v Idem. 

vi TOZER, A. W. Homem: habitação de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2007, p. 146.

vii Idem.

viii HOWE, Thomas; HOWE, Richard. A veracidade do cristianismo. Em: BECKWITT, Francis; CRAIG, Willian L. MORELAND, J. P. Ensaios apologéticos: um estudo para uma cosmovisão cristã. São Paulo: Hagnos, 2006, p. 38.

ix ARRINGTON; STRONSTAD, 2015, p. 935. 

x FUHRMAN, 2016,p. 270.

xi Cf. OLSON, Roger. Histórias das controvérsias na teologia cristã. 2000 mil anos de unidade e diversidade. São Paulo: Editora Vida, 2004, p. 92.

xii KEENER, Craig.  A hermenêutica do Espírito: lendo as Escrituras à luz do Pentecostes. São Paulo: Vida Nova, 2018, p. 70.

xiii CARVALHO, César Moisés. Pentecostalismo e pós-modernidade: quando a experiência sobrepõe-se à teologia. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 353.

xiv Ibid., p. 82.

xv FEE, Gordon. Paulo, o Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 20.

xvi MENZIES, Robert. Pentecostes: essa história é a nossa história. Ebook Kindle. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, posição 184.

xvii KISTEMAKER, 2006, p. 361.

xviii GREEN, 1983, p. 85.

xix  FUHRMAN, 2016, p. 271. 

xx FANNING, Buist. Teologia de Pedro e Judas. Em: ZUCK, Roy (ed.). Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 514. 

xxi Idem.

xxii Ibid., p. 270.

xxiii WIRSBE, 2007, p. 574.

xxiv WIRSBE, 2007, p. 574.

xxv WIRSBE, 2007, p. 574.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1670-li%C3%A7%C3%A3o-10-permane%C3%A7am-firmes-na-palavra-da-verdade.html

Video: https://www.youtube.com/watch?v=_oXols2kiWU

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