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JOVENS – Lição 13 – O DESERTO VAI PASSAR

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Mostrar o perigo de ficar no limiar da Terra Prometida;

Compreender que para receber os benefícios do Senhor é preciso ter fé;

Conscientizar de que um dia nossa jornada nesse mundo chegará ao fim.

Palavras-chave: Peregrinação no deserto.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor Reynaldo Odilo:

INTRODUÇÃO

Os israelitas estavam acampados nas campinas de Moabe, do outro lado do Jordão, em frente a Jericó, e, possivelmente, contemplando, ao longe, as fortes e altas muralhas da cidade.

Eles se posicionavam para entrar na Terra Prometida. Aquilo parecia um sonho dourado. O tempo do deserto passou.

Essa imagem parece muito com a descrição de um sonho registrado por John Bunyan, em seu fenomenal O Peregrino, ao narrar que Cristão e Esperançoso chegaram ao fim da jornada, à Terra da Noiva, e, nos primeiros instantes, atravessando o território, deleitaram-se bastante, ouvindo os pássaros cantarem e vendo as flores brotarem.

Bunyan relata que os peregrinos estavam, agora, fora do alcance do gigante Desespero e nem sequer avistavam mais o Castelo da Dúvida, mas já enxergavam, ao longe, a Cidade Celestial.

Naquela terra, disse ele, enquanto caminhavam, encontraram abundância de tudo aquilo que vinham buscando em toda a peregrinação.

Então, à proporção que iam se aproximando, perguntaram ao jardineiro sobre a propriedade dos jardins e pomares, ao que ele respondeu:

— São do Rei e foram plantados aqui para deleite dele mesmo, e também para consolo dos peregrinos.

Então os levou aos vinhedos, oferecendo-lhes as delícias que ali havia. Também lhes mostrou as veredas do Rei, onde ele gostava de ficar.1

Essa era a sensação que deveria envolver aquela grande multidão. O fim de uma jornada que durou cerca de quarenta anos, num ambiente onde os gentios, em regra, não se arriscavam a fixar residência, pelas condições extremamente desfavoráveis — um “grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra seca, em que não havia água” (Dt 8.15, ACF) —, estava acabando e, em breve, chegaria um tempo de delícias que o Senhor estava lhes preparando.

A geração que atravessou o Mar Vermelho a pé enxuto havia sido consumida durante a peregrinação. Entretanto, nenhum deles faleceu por falta do cuidado de Deus, mas por causa da desobediência; tentaram a Deus e caíram no deserto (Hb 3.16,17).

Agora, na hora crepuscular da caminhada, frente a frente com a bênção, o Senhor oferece-lhes uma visão extraordinária sobre o futuro.

Eles têm direito a uma herança pela fé. Deus fez com que avistassem a Terra Prometida, ouvissem os ecos e percebessem os cheiros daquele lugar que manava leite e mel.

O tempo do deserto terminou. É bem verdade que ainda existiriam conflitos para os hebreus, depois do Jordão, mas aqueles instantes ali eram de profunda paz e consolo; no fim de tudo, eles podiam crer, a conquista seria completa e absoluta.

I – CHEGANDO AO FIM DA JORNADA

1) A Antecipação da Herança

Buscar algo que se tem direito antes do tempo determinado, via de regra, não produz bons resultados duradouros. Está escrito:

“A posse antecipada de uma herança no fim não será abençoada” (Pv 20.21, ARA).

A história do filho pródigo, dentre muitas outras, apresenta essa realidade de maneira insofismável.

Essa perícope, que trata do pleito dos filhos de Rúben, Gade e de metade da tribo de Manassés para herdarem territórios que não faziam parte do perímetro descrito pelo Senhor, mostra-se como um exemplo cabal de precipitação.

O líder, Moisés, indignou-se bastante ao supor que os solicitantes queriam receber terras conquistadas por todos e, depois, desprezar o projeto de Deus.

Quando, porém, os requerentes explicaram o que desejavam, houve a concordância.

Pode então surgir a pergunta: Se era tão prejudicial ficar ao leste do Jordão, por que Moisés autorizou a antecipação da herança das duas tribos e meia?

A questão principal é que herança, inclusive aquela vinda de Deus, é algo que só recebe quem quer. As duas tribos e meia desprezaram todo o esforço empreendido e, por isso, pagaram um alto preço anos depois.

Flávio Josefo relata:

Números 32. Nesse mesmo tempo, as tribos de Gade e de Rúben e a metade da de Manassés, que eram muito ricas em gado e em todas as espécies de bens, rogaram a Moisés que lhes desse o país dos amorreus, conquistado algum tempo antes, porque era muito rico em pastagens.

Esse pedido fê-lo crer que o desejo deles era evitar, sob esse pretexto, o combate contra os cananeus.

Assim, disse-lhe que era apenas por covardia que lhe faziam aquele pedido, para viver em tranquilidade numa terra conquistada pelas armas de todo povo […].

Eles responderam que estavam tão longe da intenção de querer evitar o perigo quanto desejavam colocar, por esse meio, as suas mulheres, os seus filhos e os seus bens em segurança, para estar sempre prontos a seguir o exército aonde os quisessem levar.

Moisés, satisfeito com a explicação, concedeu-lhes o que pediam […], com a condição de que essas tribos marchariam com as outras contra os inimigos até que a guerra estivesse terminada.

 Assim, eles tomaram posse daquele país e ali construíram cidades fortificadas. Puseram nelas as suas mulheres, filhos e bens, a fim de estarem mais livres para tomar as armas e cumprir a sua promessa.2

Registre-se, entretanto, que, de acordo com Josué 4.12,13, apenas 40 mil rubenitas, gaditas e da tribo de Manassés combateram a favor de Israel, ao passo que o número total deles (Nm 1.20,24,34) era de 108.250 soldados.

Provavelmente, então, 68.250 guerreiros ficaram a leste do Jordão protegendo suas famílias e bens, enquanto Israel lutava as guerras do Senhor.

Dificilmente uma divisão traz benefícios! Aliás, está escrito: “Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Pv 18.1).

3) O Perigo de Ficar à Margem de Canaã

O território que anteriormente era ocupado por Seom, rei do amorreus, e Ogue, rei de Basã, tinha bastantes coisas favoráveis, como bons currais para o gado, pastagens em abundância, água em reservatórios, etc., mas isso não era tudo.

Havia um detalhe crucial: aquele lugar não era o território da promessa, pois para chegar era preciso, antes, atravessar o rio. Ló, quando viu as campinas de Sodoma e Gomorra, teve a impressão de que era o jardim do Senhor, mas o final foi a ruína precoce.

Ao que parece, igualmente, os rubenitas, gaditas e os homens da meia tribo de Manassés, embevecidos pela possibilidade de receberem antecipadamente “a parte da herança”, não perceberam o perigo que corriam em ficar, na verdade, com um território no “limiar da herança”.

Matthew Henry faz uma interessante constatação, alusiva a Números 34.1-15:

Aqui temos a definição da linha pela qual a terra de Canaã foi medida e limitada por todos os lados.

[…] Havia uma concessão muito maior prometida a eles, a qual, no devido tempo, teriam possuído, se tivessem sido obediente, chegando até o rio Eufrates, Deuteronômio 11.24.

E até lá o domínio de Israel estendeu-se, nos tempos de Davi e de Salomão, 2 Crônicas 9.26.

Mas o que aqui está descrito é apenas Canaã, que era a parte das nove tribos e meia, pois as outras duas e meia tribos já tinham se assentadas, vv. 14,15. […]

Aqueles que estivessem dentro destas as fronteiras, e somente a eles, os israelitas deveriam destruir. Até aqui a sua espada sanguinária devia ir, e não além.3

Como mencionado, o compromisso de Deus era abençoar o povo dentro das fronteiras delineadas, ficando as duas tribos e meia desprotegidas espiritualmente.

Eles estavam, conforme visto no item anterior, fora do tempo, e, como demonstrado aqui, fora do lugar.

Tempo e lugar, kairós e geografia, têm tudo a ver com a nossa vitória, pois a bênção constitui-se num fato determinado por variantes de obediência, tais como: modo, tempo e lugar.

No fim, havendo total concordância com Deus, a bênção “enriquece e não acrescenta dores”.

A geografia, portanto, aqui traduzida como “o lugar em que estamos”, também necessita ser a determinada pelo Senhor, a fim de o projeto frutificar, não bastando apenas fazer o que é certo.

Essa circunstância demonstra que o plano original de Deus não envolvia apenas a conquista da terra, mas, sobretudo, a vida comunitária e espiritual subsequente e, sem dúvida, as duas tribos e meia também faziam parte disso.

Moisés, porém, satisfez-se com o compromisso das duas tribos e meia de lutarem por Canaã, mas não buscou a Deus para saber a opinião dEle, tomando uma decisão politicamente correta, evitando, com isso, estabelecer outro conflito nesse momento.

Ademais — pode ter pensado —, criaria mais espaço do outro lado para as nove tribos e meia restantes.

Algo aparentemente muito bom. Entretanto, o futuro revelaria o erro daquela escolha, pois aqueles israelitas — separados do restante das tribos pelo Jordão e sem nenhuma defesa natural contra os inimigos —

foram os primeiros a se tornarem idólatras e, vulneráveis estrategicamente, também os primeiros a serem levados cativos à Assíria (1 Cr 5.25,26), para nunca mais voltar.

Escolhas cheias de boas intenções e compromissos, mas não calcadas no solo da vontade do Senhor, como aconteceu com os homens que decidiram construir a torre de Babel, e também neste episódio, podem até durar por algum tempo, mas não subsistem para sempre.

Nesse caso, embora Moisés tenha concordado, as duas tribos e meia tinham um sério problema conceitual: não anelavam verdadeiramente entrar na Terra Prometida, pois qualquer campina, em condições adequadas, serviria para eles viverem.

Além disso, poderiam raciocinar, os territórios estavam separados apenas por um rio; seremos vizinhos e amigos.

O discurso poderia até ser bonito e sincero, mas a realidade era outra, pois permanecer às margens da Terra Prometida não é o mesmo que estar lá. Que diferença com o espírito de Moisés, para quem conquistar Canaã era o projeto mais importante da vida!

3) Recordando a Viagem no Deserto

Depois da purificação do exército de Israel (Nm 31) e da resolução sobre as terras a leste do Jordão, que ficaram com Rúben, Gade e metade da tribo de Manassés (Nm 32), chegou a hora da despedida do grande líder.

Moisés, então, faz um longo discursos em que aborda a história de quarenta anos de travessia pelo deserto, começando com a saída do Egito (Nm 33), pois existem momentos que se deve fazer uma retrospectiva da vida.

Cuidadoso, Moisés fez um registro das peregrinações — as jornadas do Egito até as campinas de Moabe — a fim de analisar os progressos, as quedas, os aprendizados, propiciados ao longo dessa travessia.

Ele sabia que o tempo de sua partida era chegado e que aquela geração deveria absorver, ao máximo, os conselhos de Deus.

Lembre-se de que, após os acontecimentos do livro de Números, Moisés repetiu longamente tudo o que Deus falou (o livro de Deuteronômio) e, só então, passou pelos portais da eternidade, no monte Nebo.

Por enquanto, o grande legislador hebreu voltou-se a ler o relatório da caminhada no deserto, trazendo uma carga de informações geográficas (e também espirituais) valiosas,

demonstrando a consequência da desobediência do povo — a rota nunca seguiu para um lugar adiante, em progresso a um objetivo, mas andavam em círculos; no versículo 38,

Moisés dá uma pausa em seu detalhado relatório, a fim de mencionar um fato importante: a morte de Arão (ele é o símbolo de alguém que foi proibido de seguir adiante, por causa de rebelião).

Com aquela menção, Moisés recorda as centenas de milhares de pessoas falecidas na caminhada para, logo após, seguir até o versículo 49, com a chegada ao lugar em que se encontravam.

Olhar o passado produz excelentes ensinamentos sobre como viver no presente.

Por fim, o Senhor (vv. 50-56) advertiu o povo sobre as consequências para quem se tornar relapso em obedecer a Ele.

Aquelas palavras derradeiras tinham um forte peso, pois os ouvintes entenderam bem o que se passou. Certamente os israelitas souberam interpretar de modo coerente todo aquele relato histórico. O amor do Altíssimo por seu povo, a cada nova perícope das Escrituras, mostra os contornos de um Pai cuidadoso, que não quer que nenhum dos seus filhos se perca, mas cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4).

Deus, às vezes, deseja que seus servos “reduzam a marcha e puxem o freio de mão”.

Por isso, há horas em que o melhor a fazer é parar, ouvir a voz da experiência (interna ou externa) e refletir sobre a jornada. Esse exercício apresenta-se sumamente importante, conforme fez Moisés ao compor o Salmo 90, verbis:

Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. […] Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca.

Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor somos angustiados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades; os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.

Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um conto ligeiro. […]

Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio. […] Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal. Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória, sobre seus filhos.4

Espera esse o tipo de reflexão que Moisés, com a narrativa de Números 34, queria incutir no povo. Aliás, tal circunstância foi bem compreendida por Spurgeon, que afirmou:

Salmo 90. […] A condição de Israel no deserto é tão preeminentemente explicada em cada versículo […].

Moisés canta sobre a fragilidade do homem e a pouca duração da vida, comparadas aqui com a eternidade de Deus […]Depois de sua saída do Egito, o seu tempo foi absolutamente desperdiçado, e não era digno de ser o assunto de uma história, mas somente de um “conto ligeiro”; pois somente foi para passar o tempo, como contando histórias, que eles passaram aqueles anos no deserto; todo esse tempo eles estavam se consumindo, e outra geração estava surgindo […].5

Era o momento de reflexão, colocar a boca no pó, talvez ainda houvesse esperança.

II – UMA VISÃO EXTRAORDINÁRIA

1) Chegando ao Fim da Viagem

O povo tinha fixado o acampamento “nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, [na direção] de Jericó” (Nm 33.50).

Trinta e oito anos atrás, eles estavam em Cades Barneia (Nm 13) quando decidiram retroagir ao Egito. Naquele momento, a nação era formada por ex-escravos.

Nesse instante, porém, os sobreviventes do deserto não cogitavam voltar atrás, mas conquistar a promessa. Deus, vendo isso, não enviou doze espias a Canaã. A nova geração estava pronta para a maior empreitada de suas vidas.

Deus, em algum ponto da trajetória cristã, guia seus filhos por desertos tormentosos, e, na maioria das vezes, as pessoas envolvidas não compreendem o agir divino.

Na verdade, em regra, na Bíblia, as pessoas não compreenderam suas responsabilidades espirituais no tempo em que viviam, como bem percebeu Jacó Armínio, ao ensinar que todos os assuntos teológicos “excedem a capacidade e energia mental de todos os seres humanos, e dos próprios anjos”.6 

Tal incompreensão aconteceu não só com os hebreus peregrinos (Nm 13,14), mas também com a humanidade pré-diluviana, com os habitantes de Sodoma e Gomorra, com os moradores de Jerusalém que foram para o exílio, com os judeus da época de Jesus (Lc 19.43), dentre muitos outros.

Uma coisa é certa: podemos ficar calmos ante aos desafios, porque o Senhor nunca erra, nem se atrasa, ou permite que a luta da vida seja mais dura do que precisa.

2) A Herança pela Fé — uma Visão

Em Números 34.2, Deus está falando sobre o futuro, no qual os israelitas herdariam pela fé a Terra Prometida. A vinda do tempo de Deus para aquela geração não tardaria. As profecias bíblicas, agora, teriam seu cabal cumprimento.

Entretanto, vislumbra-se o Senhor estabelecendo os limites da Terra Prometida. Isso, certamente, tinha dois propósitos.

O primeiro era que o Altíssimo estava fornecendo uma visão, pela fé, que é um tipo de comunicação que faz o povo de Deus seguir em frente; afinal, só se anda até onde se pode enxergar.

À vista dos olhos dos israelitas, não havia nenhuma possibilidade de êxito, mas a visão espiritual fornecia a eles o combustível necessário para lançá-los às guerras iminentes.

Como dito anteriormente, curioso como nada foi dito sobre os que receberam sua herança com antecedência, à margem de Canaã.

Mas ainda existe outra questão de suma importância, que será analisada no próximo tópico.

3) A Herança pela Fé — uma Proteção

Se o Senhor, ao estabelecer os limites da herança imobiliária israelita, estava, por um lado, enxertando fé no povo, por outro, vacinava-o contra a cobiça. Nesse particular, Matthew Henry arrazoa:

Deus não desejava que o seu povo aumentasse o seu desejo de possessões mundanas, mas que soubesse quando tivesse o suficiente, e ficasse satisfeito com isto.

 Os próprios israelitas não deveriam estar sozinhos no meio da terra, mas deveria deixar lugar para que seus vizinhos vivessem a seu lado. Deus determinou os limites da nossa terra. Devemos, então, definir limites aos nossos desejos, fazendo com que o nosso pensamento e a nossa vontade estejam de acordo com nossa condição.7

Fazendo coro com o que apontou Matthew Henry, verifica-se que o Eterno não desejava que a aquisição de possessões mundanas fosse a força motriz de Israel — eles precisavam anelar, como Abraão, a cidade que tem fundamentos (Hb 11.10)!

Esse equilíbrio que o povo de Deus precisa ter, pode ser resumido nas seguintes expressões do apóstolo Paulo: “já aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11) e “em todas estas coisas somos mais do que vencedores” (Rm 8.37).

III – O FIM DA JORNADA

Números 35 e 36 trazem as derradeiras providências de Moisés para o povo, pouco antes da entrada em Canaã. Segue-se, após, a repetição da lei em Deuteronômio e a morte de Moisés, quando se encerra a história da caminhada de quarenta anos no deserto.

1) A Oferta aos Levitas

Depois de determinar a divisão da terra, o Senhor fez lembrar da necessidade de os levitas morarem em cidades próprias (Nm 35.1-8) e da existência, também, de cidades de refúgio (Nm 35.9-15).

A generosidade do povo para com os oficiais da adoração ao Senhor era uma questão muito importante, a fim de que o culto ao Deus verdadeiro que, naquela época, implicava muitos sacrifícios e ofertas rituais, não ficasse deserto, o que foi regiamente obedecido.

2) Estabelecimento Leis Justas

Em Números 35.16-34, o Senhor entregou, por intermédio de Moisés, as últimas leis penais (homicídio culposo e doloso), estabelecendo critérios de santidade e justiça para a vida em sociedade.

“Mais uma vez, a preocupação central aqui expressa diz respeito à pureza e santidade. Se as regras divinas para a vida cotidiana não fossem seguidas, a terra seria profanada (v. 33) e contaminada (v. 34)”;8  por isso, tais determinações seriam atendidas.

Por fim, tratou acerca da previsão de herança para mulheres (Nm 36, atualizando a “jurisprudência” anterior — Nm 27.1-7), estabelecendo um novo padrão universal de interpretação legislativa.

As mulheres, sempre discriminadas, agora teriam, dentro de certas condições, situação análoga à dos homens, constituindo-se num lampejo daquilo que surgiria, em relação às mulheres, quando o evangelho do Senhor fosse pregado no mundo.

As leis tinham, portanto, um propósito maior: apontavam, sobretudo, para a justiça que provém da cruz do Calvário. Eram justas, proféticas e messiânicas.

3) Conquistando o Impossível

Ao longo de quarenta anos, Israel palmilhou por uma estrada de muitas dificuldades.

Agora, às margens da Terra Prometida, receberia as últimas instruções de Deus e, debaixo da sua bênção, entraria em Canaã, para conquistar o que aparentemente era impossível.

Isso poderia ter acontecido há quase quatro décadas, mas, pela incredulidade da primeira geração de hebreus, a porta foi fechada.

Agora, o caminho estava aberto. Uma nova geração, que cresceu no deserto, marcharia vitoriosa.

O rio Jordão estava cheio, transbordando pelas suas ribanceiras, mas não haveria problema quanto a esse fato. Deus cumpriria brevemente o que prometeu.

A vida do povo de Deus é mesmo assim: são muitas estradas empoeiradas pelas quais se deve trilhar, tendo em vista o aprimoramento espiritual e conhecimento mais aproximado do caráter de Deus para, depois, poder tomar posse das bênçãos que estão preparadas para aqueles que o amam.

CONCLUSÃO

A caminhada do povo de Senhor, pelo deserto deste mundo, assemelha-se a uma odisseia, mas o seu fim sempre será glorioso.

O livro de Números, ao narrar a caminhada dos hebreus, com seus altos e baixos, constrói um protótipo extraordinário da experiência de fé de cada servo de Deus, em todos os tempos, podendo, pelos detalhes exuberantes, ser considerado O Peregrino (de John Bunyan) do Antigo Testamento.

Cabe a cada pessoa que se apropriar dessas histórias, assim, guardar as importantes aplicações práticas para o cotidiano da vida.                                                                        

 

Que Deus o(a) abençoe.

1   BUNYAN, John. O peregrino. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 143, 144.

2 JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 214, 215.

3 HENRY, Matthew. Comentário bíblico do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 554, 555.

4 Salmos 90.1,5-9,12,15,16.

5 SPURGEON, Charles. Os tesouros de Davi. vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 682, 690, 691, 701.

6 ARMÍNIO, Jacó. As obras de Armínio. vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 26.

7 HENRY, Matthew. Comentário bíblico do Novo Testamento. vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 555.

8 HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 413.

 

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1428-li%C3%A7%C3%A3o-13-o-deserto-vai-passar.html

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