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Jovens – Lição 2- Sabedoria, proteção e confiança

INTRODUÇÃO

O livro de Provérbios apresenta a sabedoria na vida de quem a busca como uma construção de proteção e confiança em Deus.

Essa sabe­doria desenvolve a maturidade espiritual dos que desejam obedecer ao Senhor de todo o seu coração. Essa maturidade espiritual é in­dispensável para, ao longo de nossa jornada, fazermos as melhores escolhas, discernindo bem o tempo em que vivemos.

Neste capítulo, veremos que a sabedoria é como um verdadeiro escudo protetor da vida. Quem a busca de todo o coração é como quem ergue um escudo diante das armadilhas preparadas contra nós.

E, como consequência, também analisaremos a sabedoria como o desenvolvimento da maturidade espiritual de nossa vida. Dessa forma, o livro de Provérbios convida-nos a amadurecer na vida, de modo que a estabilidade espiritual seja uma realidade em nós. E, por fim, veremos que uma vida de sabedoria traz proteção existencial, mesmo num mundo de perigos e incertezas.

O convite para a sabedoria não pode ser ignorado por nós. Cons­tataremos que os capítulos 2 e 3 de Provérbios têm muito a dizer no contexto em que vivemos.

Essa sabedoria bíblica é sempre construtiva, positiva, pois tem como consequência erguer dentro de nós escudos de proteção que trazem estabilidade a nossa vida espiritual, emocional e social. Assim, quem coloca em prática a sabedoria de Provérbios protege-se e segue confiante num mundo de incertezas.

I – SABEDORIA COMO ESCUDO PROTETOR

A estrutura do capítulo 2

Os quatro primeiros versículos de Provérbios 2 apresentam a con­junção “se”. Essa conjunção traz a ideia de condição: “se aceitares”, “se clamares”, “se como a prata a buscares”.

Essas expressões trazem a ideia de que, para adquirir sabedoria, é preciso “aceitá-la”, “clamar por ela” e “buscá-la”.

A ideia que essas expressões passam é a de es­forço, de intensidade, de esforçar-se muito para obter sabedoria. Essa perspectiva de intensidade pode ser ilustrada, conforme nos lembra o comentarista bíblico Eric C. Wolf (CHAPMAN; PURKISER (et al), 2014, p. 363) com o texto do apóstolo Paulo por ocasião da sua carta aos Filipenses:

Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3.13,14).

A expressão “avançando para as que estão diante de mim” também revela uma ideia de esforço e de intensidade no Novo Testamento. Essa ideia de esforço para desenvolver maturidade espiritual é profundamente bíblica.

Ainda em Filipenses, o apóstolo Paulo enfatiza a mesma ideia de esforço em “[…] operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2.12,13).

Naturalmente, esse esforço não se resume apenas ao esforço próprio, pois a motivação quem gera é o Senhor: “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13).

Aqui, Paulo está escrevendo para uma igreja cujos membros experimentaram a nova vida no Espírito. Naturalmente, em linguagem paulina, não se espera nenhum esforço sem que estejamos imersos no Espírito.

E, de acordo com as palavras de Gordon D. Fee, a igreja é uma comunidade do Espírito (FEE, p. 129-30). Uma vez no Espírito, podemos operar nossa salvação, ou seja, intensificar os esforços para desenvolver a maturidade em Deus como uma atitude plenamente coerente com o ensino bíblico.

Essa mesma força de entendimento presente no Novo Testamento encontra-se no livro de Provérbios, especificamente no capítulo 2.

Para alcançar sabedoria, é preciso desejá-la, amá-la e buscá-la. Quando compreendemos que tal virtude é indispensável para a vida, tomamos a decisão de buscarmos, de corrermos atrás dela.

O mesmo capítulo mostra que, quando isso acontece, colhemos frutos desse esforço.

Atentemos para a conjunção no versículo 5: “Então”.

Essa conjunção aparece como conclusão lógica, o resultado da busca e do esforço pela sabedoria.

Aqui, quatro seções mostram esses resultados:

1) Os versículos 5-8 (“entenderás” e “acharás” sabedoria);

2) Os versículos 9-11 (entenderás justiça, juízo, equidade e boas veredas);

3) Os versículos 12-19 descrevem as bênçãos da sabedoria: livra­mento do mal caminho e da sedução da mulher estranha;

4) Os versículos 20-22 concluem o propósito do capítulo.

Podemos, portanto, resumir o capítulo 2 de Provérbios da seguinte maneira: os versículos 1a 4 trazem a condição para encontrar a sabe­doria, os versículos 5 a 9 mostram as bênçãos da sabedoria para quem a busca, os versículos 11 a19 descrevem essas bênçãos, e os versículos 20 a 22 concluem o capítulo.

A sabedoria como escudo

O versículo 7 revela que o Senhor reserva a sabedoria para os retos. E, de acordo com ela, o leitor de Provérbios tem a consciência da “retidão” e “justiça” na vida que, segundo estudiosos, corresponde à instrução ética de Deus (conforme a palavra hebraica yashar); bem como a “sinceridade” que revela o caráter de quem é genuíno e confiável.

Assim, de acordo com o livro de Provérbios, uma das características mais notórias é que o portador da sabedoria tem a retidão e a since­ridade como características marcantes, sendo essa a consequência de tornar-se sábio e carregar consigo uma virtude protetora que vem do alto.

Dessa maneira, a sabedoria como escudo aponta para os passos seguros da vida espiritual e moral. Isso significa que o sábio, segundo a perspectiva bíblica, terá a coragem de perseverar nessa sabedoria.

Em todo tempo, seremos tentados a tomar atitudes que fazem com que fiquemos vulneráveis tanto espiritual quanto moralmente.

O sá­bio, porém, tem na Bíblia o fundamento da sua sabedoria, bem como a vida no Espírito, e terá como prioridade conservar a sua maneira de agir de acordo com os conselhos eternos da Palavra de Deus. Essa posição proveniente da Bíblia no contexto de vida no Espírito permite-nos estar espiritual e moralmente seguros. Nesse aspecto, a sabedoria é um escudo.

Sabedoria no coração

“Porquanto a sabedoria entrará no teu coração” (v. 10). O que faz com que nossas atitudes espirituais e morais exalem a sabedoria é porque ela vem do coração.

Diferentemente do Ocidente — em que se vê o cérebro como o centro humano —, o coração é o centro do ser humano na sabedoria bíblica.

O significado hebraico de “coração” é muito mais amplo do que em nossa língua portuguesa. Na sabedoria bíblica, “coração” engloba intelecto, moralidade e emoção, ou poderíamos também dizer que conglomera pensamento, sentimento e vontade (Gn 6.5; Dt 4.9; 2 Sm 7.3).

Estudaremos mais detalhadamente sobre o “coração” no próximo capítulo.

O mais importante a destacar aqui é que, na perspectiva bíblica de sabedoria, ordenar o coração, isto é, o pensamento, a emoção/senti­mento e a vontade é uma atitude própria de quem “teme o Senhor” e, por isso, vive sabiamente.

No Novo Testamento, o Espírito Santo é nosso ajudador nesse trabalho de moldar, ordenar e desenvolver nosso coração e domar nossa natureza no sentido de sermos parecidos com Cristo (Rm 8.5; Gl 5.16-18,22).

Por isso, é impossível desenvolver uma vida de sabedoria sem o Espírito Santo. Assim, quando somos guiados pelo Espírito o “bom siso” certamente nos guardará, pois teremos a capacidade de pensar bem de acordo com a Palavra de Deus; a “inteligência” certamente nos protegerá, isto é, teremos a capacidade de aplicar o conhecimento divino à ação concreta de nossa vida (Pv 2.11).

Nesse sentido, nosso pensamento — submisso e dominado pela Palavra de Deus — ordenará nossos sentimentos e, consequentemente, nossos comportamentos revelarão que nosso ser interior é plenamente dominado pelo Espírito Santo (Rm 12.2).

Dessa forma, a sabedoria bíblica, quando aplicada à vida, revela que nosso coração está integralmente alinhado à vontade de Deus e de acordo com a operação do Espírito.

II – A SABEDORIA COMO MATURIDADE CRISTÃ

A Estrutura do capítulo 3

O terceiro capítulo é uma continuação do resultado da sabedoria revelado no segundo capítulo. Este mostra que um coração dominado pela sabedoria de Deus traz estabilidade moral, enquanto o capítulo 3

mostra que um coração dominado pela sabedoria divina permite-nos desfrutar da verdadeira felicidade e segurança.

Por isso, o capítulo 3 está estruturado em três discursos:

1) Versículos 1 a 10: a dedicação ao Senhor;

2) Versículos 11 a 20: a verdadeira felicidade de confiar no Senhor;

3) Versículos 20 a 35: a segurança na vida com Deus.

Cada um dos discursos acima vem acompanhado da expressão “Filho meu”. Essa expressão evoca proximidade, isto é, o propósito de que o ensino sagrado seja ouvido, compreendido e aplicado pelo discípulo-leitor à própria vida.

A respeito do capítulo 3, nosso foco será no terceiro discurso, mais especificamente os versículos 21-26, em que a estabilidade espiritual, como consequência da sua maturidade, é prometida.

Aqui, quem anda em sabedoria ergue um escudo interior para a peregrinação em fé e, embora peregrine por caminhos perigosos, a sua sanidade emocional e espiritual permanece no devido equilíbrio, pois a confiança estará no Senhor para caminhar no caminho da vida.

Sabedoria como maturidade cristã

Os versículos 21 e 22 mostram que o “bom siso”, isto é, o bom senso, a ponderação, a prudência, bem como a verdadeira sabedoria trazem clareza, discernimento e experiência de vida. Essa sabedoria está an­corada em Deus, no temor do Senhor (Pv 1.7).

O versículo 22 mostra que essa sabedoria traz vigor à alma e, ao mesmo tempo, exala beleza ao redor (“serão como joias ao seu pescoço”, NVT), pois uma vida de equilíbrio manifesta um ambiente de paz e tranquilidade em que todos em nossa volta são contagiados.

Esse vigor à alma traz segu­rança interior diante das muitas vulnerabilidades da vida; e a paz e a harmonia podem ser presenciadas pela nossa maneira de ser e de agir.

Assim, ao longo da Bíblia Sagrada, esse modo de viver revela o desenvolvimento da maturidade cristã. Essa maturidade revela-se na maneira como lidamos nas ações práticas no dia a dia de nossa vida.

Não por acaso, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo traz um exem­plo interessante da dinâmica e do desenvolvimento da maturidade:

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13.11).

Aqui, o apóstolo mostra que a vida cristã apresenta estágios, fases que, à medida que vão passando, amadurecemos.

O maior interessado em nosso crescimento e maturidade é Deus, pois uma vida amadurecida é uma vida protegida e segura.

A sabedoria que gera confiança

De maneira geral, o capítulo 3 ensina a importância de andar seguro. Quem anda debaixo da prudência, do bom senso e do equilíbrio tem um caminho mais seguro e estável para trilhar. Isso ocorre porque o Senhor é nossa esperança e segurança (v. 26).

O contrário, entretanto, também é verdadeiro. Os que não andam na presença do Senhor e, consequentemente, empreendem a fazer o caminho da tolice, da ignorância espiritual e dos instintos, terão o seu percurso sempre cheio de dúvidas infindáveis, desconfianças de tudo e todos, perigos e ausência de proteção. Por isso, o caminho do sábio e do justo sempre será oposto ao do ímpio (cf. Sl 1.1-6).

Assim, a lição de Provérbios é bem simples e muito clara: o caminho do ímpio é de destruição; o dos que guardam e buscam a sabedoria divina é de construção, de desenvolvimento, e o Senhor irá guardá-los e protegê-los nesse caminho de construção de maturidade tanto de dia quanto de noite. Desse modo, a confiança mostra-se como um elemento fundamental na perseverança cristã.

Ao longo de nossa jornada, encontraremos diversos obstáculos e até mesmo armadilhas. Contudo, o livro de Provérbios exorta-nos: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5).

Dessa forma, podemos aprender com o hino 577 da Harpa Cristã, nosso hinário oficial: “Quando tudo perante o Senhor estiver / E todo o teu ser Ele controlar / Só então hás de ver que o Senhor tem poder / Quando tudo deixares no altar”. Isso é a confiança proveniente da sabedoria bíblica.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Telma Bueno

Editora da Revista Lições Bíblicas Jovens

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz: Conselhos de Salomão no Livro de Provérbios: Um Convite à Sabedoria e às Promessas de Proteção. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2024/10/11/licao-02-a-biblia-a-fonte-de-doutrina/

Vídeo: https://youtu.be/L8do86Jt9Zg

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