Jovens – Lição 6 – A Grande Tribulação
A Grande Tribulação é o maior juízo que Deus lançará sobre a Terra por causa da iniquidade do gênero humano mesmo diante da graça divina revelada na pessoa de Jesus Cristo na atual dispensação.
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Acesse também Apêndice nº 1 – Algumas minudências sobre a Grande Tribulação
INTRODUÇÃO
– Toda dispensação termina com um juízo, oportunidade em que Deus trata com o homem diante da sua impiedade e rejeição aos mandamentos do Senhor. Na dispensação da graça não será diferente.
Ao seu término, Deus cobrará do homem a rejeição à maior e mais ampla oportunidade de salvação que já houve para a humanidade, ante a revelação completa da Divindade na pessoa de Jesus Cristo e a ampla atuação do Espírito Santo entre os homens. Será o “dia da vingança do nosso Deus” (Is.61:2).
– Deus é justo (Sl.145:17) e, portanto, em retribuição à rejeição da mais ampla oportunidade de salvação que já houve, mandará o maior juízo que já se abateu sobre a Terra.
A Grande Tribulação, assim, será um juízo que, ao contrário dos outros, terá a maior duração (sete anos) e os piores sofrimentos e males já vividos pela humanidade, vez que Deus permitirá que o diabo tenha ampla liberdade de atuação sobre a Terra. Será a ira de Deus manifesta aos homens.
I – A EXPRESSÃO “GRANDE TRIBULAÇÃO” NA VERSÃO ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA DAS ESCRITURAS SAGRADAS
– A expressão “grande tribulação”, que acabou sendo a mais utilizada pelos estudiosos das Escrituras Sagradas para denominar o período de juízo ao término da dispensação da graça, é encontrada em três passagens bíblicas na Versão Almeida Revista e Corrigida: At.7:11, Ap.2:22 e Ap.7:14.
Nas três oportunidades, o texto original grego usa a palavra “thlipsis”, que tem o sentido de aflição, angústia em virtude de uma pressão exterior, de um peso, de uma força muito forte vinda de fora de quem sofre este aperto, de quem é pressionado.
– Em At.7:11, a expressão surge no meio do sermão de Estêvão, em que o inspirado diácono menciona a aflição e a angústia vivia pela família de Jacó em virtude da fome que se abateu sobre o Egito e Canaã.
Tratava-se, portanto, de uma situação de fome, de grave risco de morte que sobreveio à família de Jacó que outra saída não teve senão ir ao Egito para tentar adquirir comida, onde ali se encontrou com José, sem saber que se tratava de José, que lhes deu a salvação em uma outra terra.
Esta “grande tribulação”, que foi a fome sofrida pela família de Jacó, era apenas uma figura da “grande tribulação” que se abaterá sobre os judeus que, tendo rejeitado e entregado Jesus (tipificado por José) às nações, não o reconheceram e,
depois de um tremendo sofrimento, o reconhecerão, confessarão os seus pecados (observemos que quem faz a confissão na narrativa bíblica é, precisamente, Judá, que é a principal tribo que restou do povo de Israel e que, inclusive, dá nome a todos os israelitas da atualidade, cfr. Gn.44:16-34) e
serão colocados no local da abundância, numa nova terra (a terra de Gósen representa este lugar de abundância numa terra restaurada no reino milenar de Cristo).
– Em Ap.2:22, a expressão é utilizada para descrever o juízo que Jesus mandaria sobre Jezabel e os que adulteraram com ela na igreja de Tiatira.
O juízo seria terrível, uma grande angústia, em virtude de estas pessoas terem pecado e não terem se arrependido dos seus pecados. São, portanto, pessoas que apostataram da fé, que preferiram o mundo a servir a Deus, apesar de terem sido, um dia, alcançados pela graça e misericórdia divinas através de Cristo Jesus.
Alguns estudiosos interpretam a igreja de Tiatira como sendo o período vivido pela Igreja durante a Idade Média, época em que se consolidou a paganização de parte da igreja, que deu origem às chamadas “igrejas apóstatas” (Católica Apostólica Romana e Ortodoxas),
mas o fato é que o texto bíblico, se é que pode ter esta aplicação histórica, é um alerta a todos quantos se deixarem seduzir, durante a dispensação da graça, pelas ofertas do mundo e apostatarem da fé.
Estes, que estiverem vivos quando do início da Grande Tribulação, também sofrerão os juízos mencionados para a igreja de Tiatira, uma vez que Jesus é o mesmo, ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8).
– Por fim, em Ap.7:14, temos a expressão que, propriamente, deu origem ao conceito utilizado na escatologia.
Neste texto, que pertence ao trecho do livro do Apocalipse que trata deste negro período futuro da história (o Apocalipse cuida da Grande Tribulação dos capítulos 6 a 19), é mostrado um grupo de pessoas que foram salvas de “grande tribulação”.
A Grande Tribulação é um período, portanto, de grande angústia, de grande sofrimento, sofrimento que levará os fiéis inevitavelmente à morte. Assim, vemos, neste texto, que, embora haja salvação na Grande Tribulação, seu preço será muito maior que o verificado na dispensação da graça.
II – A GRANDE TRIBULAÇÃO É UM JUÍZO DIVINO. A IGREJA PASSARÁ POR ELA?
– Como já estudamos, a profecia-chave da escatologia bíblica é a profecia das setenta semanas de Daniel. Sabemos já que a profecia do profeta Daniel se cumpriu até a 69ª semana, ou seja, falta uma semana para que seja integralmente cumprida, uma vez que a contagem das semanas parou quando da rejeição de Jesus por Israel.
OBS: “…Houve dois decretos ligados à reconstrução de Jerusalém, que muitos estudiosos da Bíblia confundem. Um em 457 a.C., de embelezamento do templo e restauração do culto, a cargo de Esdras (Ed cap.7). O outro foi o da reconstrução dos muros e, portanto, da cidade, a cargo de Neemias.
É deste que estamos tratando – foi baixado o ato em 445 a.C. A partir daí, começaria a contagem das setenta semanas proféticas.(…).
Os 434 anos vão de 397 a.C. até os dias da morte de Cristo. Logo depois ocorreu a destruição de Jerusalém pelos romanos, em 70 d.C. Conforme o versículo 26, após a morte de Jesus seguiu-se a destruição de Jerusalém.
Assim, de acordo com a profecia (v.26 – Dn.9:26, observação nossa), o Messias morreria antes da destruição da cidade, o que de fato ocorreu.(…). O ano 33 do nosso calendário corresponde ao 29 do calendário correto, mas inexistente.…” (Antonio GILBERTO. O calendário da profecia, p.64).
– Tendo ocorrido a rejeição do Messias, segundo a profecia das setenta semanas, o Messias foi retirado e não foi mais (Dn.9:26), sobrevindo a destruição de Jerusalém pelo povo do príncipe futuro, que destruiu a cidade e o santuário.
A partir de então, diz a profecia, estariam determinadas guerras e assolações e, indubitavelmente, a Palestina tem sido palco de guerras desde então e o povo judeu, que é o objetivo da profecia (cfr. Dn.9:24), tem sofrido perseguições impiedosas. Jerusalém tem sido pisada pelos gentios, porque estamos no tempo dos gentios e isto acontecerá até que este tempo se complete (Lc.21:24).
– Percebemos, portanto, que a Grande Tribulação é um período que se segue ao tempo dos gentios, à oportunidade que Deus deu aos homens de todas as nações para que recebam a Jesus (Jo.1:11,12; Rm.9:24-33; Ef.2:11-22), formando a Igreja, este novo povo, surgido na dispensação da graça e que é uma das suas características (Ef.3:4-6).
– Não foi por outro motivo que Jesus, ao ler o livro do profeta Isaías na sinagoga de Nazaré, suspendeu a leitura após o anúncio do “ano aceitável do Senhor” (Is.61:2a; Lc.4:17-19), não se referindo ao “dia da vingança do Senhor” (Is.61:2a).
O texto profético demonstra, claramente, que Jesus viria trazer, em primeiro lugar, a oferta da salvação, salvação esta que se desencadearia durante todo “um ano”, ou seja, desde o instante do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário (tipificado pela Páscoa, que é o início do ano religioso judaico, cfr. Ex.12:2),
passando pela descida do Espírito Santo de forma ampla para realizar a obra da salvação (tipificada pelo Pentecostes, que ocorre cinqüenta dias depois da Páscoa) até o arrebatamento da Igreja, que é a colheita dos escolhidos, a sua retirada da Terra (tipificada pela festa dos tabernáculos, que acontece nas proximidades do término do ano civil judaico).
Posteriormente é que viria o “dia da vingança do nosso Deus”, um período bem mais curto que o da oferta de salvação, pois, ao invés de um “ano”, teríamos apenas um “dia”, mas, um “dia” da ira de Deus é o suficiente para causar um terrível sofrimento, pois, como diz o escritor aos Hebreus, “…horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo…” (Hb.10:31a).
– Ao vermos o livro do Apocalipse, temos, também, a nítida demonstração de que a Grande Tribulação é um período de juízo divino.
O livro do Apocalipse inicia-se com a visão de Jesus por parte do apóstolo João na ilha de Patmos (Ap.1), visão que é seguida pelas cartas que Jesus encaminha às sete igrejas da Ásia (Ap.2 e 3), ou seja, mensagens de Cristo para a Igreja.
A seguir, a visão de João é mudada para o céu e lá, então, João é apresentado a um livro com sete selos, que só poderia ser aberto pelo Cordeiro, que é o próprio Jesus, Cordeiro que é glorificado e exaltado no céu (Ap.4 e 5).
Em seguida, a partir do capítulo 6 até o capítulo 19, nada mais temos do que a revelação do que estava contido no mencionado livro, ou seja, quais eram os sete selos e o que estava destinado para os homens rebeldes contra o Senhor.
Vemos, pois, que a Grande Tribulação nada mais é que o período em que Deus tratará com a humanidade que rejeitou a Seu Filho, o período do “grande dia da Sua ira” (cfr. Ap.7:17a).
OBS: “A grande tribulação é um tempo de julgamento divino sobre um mundo ímpio que rejeitou a Cristo, mas também um tempo de ira e perseguição satânicas contra os que recebem a Cristo e a Sua Palavra (12.12).
Durante esse período, muitos santos sofrerão terrivelmente como objetos da ira de Satanás e dos ímpios.(…).
O conflito entre a retidão e o mal é tão grande que somente pode ser chamado ‘grande tribulação’. Esta expressão em grego diz literalmente: ‘a tribulação, a grande’. Na língua grega, a repetição do artigo definido reforça a declaração.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, com. a Ap.7.14, p.1992).
III – QUANDO TERÁ INÍCIO A GRANDE TRIBULAÇÃO
– A Grande Tribulação, como vimos, será o período que se seguirá à dispensação da graça. É a septuagésima semana da profecia de Daniel e, portanto, terá uma duração de sete anos.
Este sete anos começarão a ser contados, portanto, a partir do instante em que se completar o tempo dos gentios.
– O episódio que dará início à Grande Tribulação é, portanto, o final do tempo dos gentios, o final do “ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19).
Ora, este “ano aceitável do Senhor”, iniciado com o sacrifício de Cristo no Calvário (quando o véu do templo se rasgou de alto a baixo- Mt.27:51-, demonstrando, assim, que tinha sido aberto um novo e vivo caminho entre Deus e os homens – Hb.10:19,20) findará com a colheita, com o “levantamento do acampamento”, representado pela festa dos tabernáculos ou festa das cabanas, que é o tipo da colheita.
A Igreja será retirada da Terra no exato instante em que o Anticristo estiver para assumir o governo do mundo.
– Neste momento, que não foi revelado por Deus aos homens (Mt.24:36), ocorrerão alguns episódios importantíssimos e que explicam tudo o que passará a acontecer tanto na Terra como nos céus.
– Em primeiro lugar, as Escrituras dizem que o diabo e seus anjos, que ocupam um lugar nos ares, ou seja, que se estabeleceram em algum local da dimensão celestial (cfr. Ef.6:12), de onde vivem a ir e vir, rodeando e passeando sobre a Terra (cfr. Jó 1:7), acusando os salvos de dia e de noite (Ap.12:10), serão expulsos deste lugar, após uma batalha com os anjos fiéis, liderados por Miguel (cfr. Ap.12:7,8), sendo precipitados na Terra (Ap.12:9).
Assim, por vontade soberana de Deus, o diabo e seus anjos ocuparão a Terra, o que será terrível para os homens.
– Em segundo lugar, o Espírito Santo, que tem estado com a Igreja durante toda esta dispensação (cfr. Jo.14:16-18;Rm.8:9,16,23;Ap.22:17), recolherá todos os salvos e os levará à presença do Senhor Jesus, que, então, estará ocupando o lugar de onde o diabo e seus anjos foram expulsos.
Este local, que muitos estudiosos creem já ser a Nova Jerusalém, que, como uma super-estação espacial, já estará vindo da dimensão celestial para a sua viagem em direção ao novo céu e nova terra, que ainda serão criados, será onde se realizarão tanto o Tribunal de Cristo quanto as Bodas do Cordeiro.
– Simultaneamente a esta coordenação do evento do arrebatamento, onde serão ressuscitados os mortos e transformados os que estiverem vivos naquela oportunidade, o Espírito Santo, também, fará cessar a resistência que havia impedido a entrega do poder e do domínio ao Anticristo (cfr. II Ts.2:7), abrindo caminho, pois, para que o Anticristo suba ao poder e se inicie o seu catastrófico governo.
O Anticristo é chamado pelas Escrituras de “o homem do pecado”, “o filho da perdição” (II Ts.2:3), “o iníquo” (II Ts.2:8), “a besta” (Ap.13:1), a nos demonstrar quão terrível será esta personagem.
– Percebemos, portanto, que a Grande Tribulação se estabelecerá, primeiramente, como um período em que o diabo e seus anjos estarão agindo diretamente na Terra e que o mundo estará sendo governado por um homem que se entregou totalmente aos desígnios de Satanás, ou seja, um período de uma opressão nunca antes experimentada pela humanidade.
– O início da Grande Tribulação, como se vê, pois, se dará com a subida ao poder do Anticristo (o que não significa a sua manifestação, como já dissemos supra), bem como com a precipitação do diabo e de seus anjos sobre a face da Terra.
Prova disso é que o início do trecho do Apocalipse que trata da Grande Tribulação, que é o capítulo 6, quando se inicia a abertura dos sete selos pelo Cordeiro, ou seja, o início do juízo divino sobre a Terra em virtude da rejeição do Cordeiro pela humanidade, o primeiro selo diz respeito a um cavalo branco, que representa, precisamente, o início do governo do Anticristo.
OBS: “… O presente capítulo [capítulo 6 do livro de Apocalipse, observação nossa] marca o ‘início’ do período sombrio da Grande Tribulação (cf. Is. 16.4; 26.20; Jr.30.7, Dn.12.1; Mt.24.21 e ss; 2 Ts 2.6 e ss; Ap. 3.10; 7.14 etc.).
Os acontecimentos que se sucederão durante este tempo de ‘angústia’ sem precedente, estão narrados nos capítulos 6 a 19 deste livro. A duração deste período é calculada pelo estudo da passagem de (Daniel 9.24-27) e outras passagens similares.…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo.2.ed., p.85).
– O cavalo branco mencionado em Ap.6:2 trazia um cavaleiro que, por alguns intérpretes, é confundido com o Senhor Jesus. Entretanto, se bem analisarmos o texto bíblico, veremos que este cavaleiro não é, em absoluto, o Senhor Jesus, mas, sim, o Anticristo.
O fato de o cavalo ser branco, indica apenas que o cavaleiro vem com uma mensagem de paz, que aparece revestido de poder sob uma mensagem de paz. Por isso, alguns intérpretes, impressionados com a cor do cavalo, entendem que o cavaleiro seja Jesus. Entretanto, não é o que se verifica. Senão vejamos:
a) quem abre os selos é o Senhor Jesus. Portanto, não poderia Ele abrir os selos e Ele próprio ser o cavaleiro do cavalo que estava nos selos.
b) o cavaleiro tinha, em suas mãos, um arco. Ora, o arco é um instrumento de guerra, não de paz. É uma arma para ação à distância. Desta maneira, embora o cavalo seja branco, as obras do cavaleiro são de guerra e todos sabemos que Jesus é o Príncipe da Paz e não um fomentador de guerras.
c) o cavaleiro recebeu uma coroa. Ora, se o cavaleiro recebeu uma coroa, isto é sinal de que alguém lhe deu o poder, que não o possuía até então.
Ora, Jesus, antes de ascender aos céus, disse aos Seus discípulos que já tinha todo o poder nos céus e na terra (Mt.28:18). Antes mesmo de abrir os selos (e este é o primeiro selo que abriu), foi aclamado por todos os seres celestiais como sendo digno e poderoso.
Assim, como um ser louvado por todos os seres celestiais, aclamado como soberano ao lado do Pai, seria alguém que receberia de alguém a coroa ? Trata-se, portanto, de alguém que recebeu o poder de alguém, ora, uma personagem que se coaduna perfeitamente com a descrita em Ap.13:2, ou seja, o Anticristo.
d) o cavaleiro saiu vitorioso e para vencer. Ora o cavaleiro era alguém que, ao receber o poder, saiu para lutar, já que o texto bíblico afirma que saiu vitorioso e só pode ser vitorioso quem luta.
Se assim é, uma vez mais não pode ser Jesus Cristo, pois o Senhor Jesus já venceu (cfr. Jo.16:33), o que, aliás, foi reafirmado logo no livro do Apocalipse (Ap.3:21).
Este cavaleiro é uma personagem que ainda irá vencer, o que nos permite concluir que se trata da mesma pessoa mencionada em Ap.13:7, ou seja, o Anticristo.
– Além do início do governo do Anticristo, outro fato que ocorrerá no início da Grande Tribulação será a reconstrução do templo de Jerusalém. Não sabemos se o templo será construído já sob o governo do Anticristo ou se a construção se dará no período imediatamente anterior ao início deste governo.
No entanto, a Grande Tribulação terá como uma de suas características o ressurgimento do templo judaico de Jerusalém.
De maneira não esclarecida, o fato é que, no local onde há a Esplanada das Mesquitas (as mesquitas do Domo do Rochedo e de Omar, conhecidas como Al-Acsa), voltará a existir o templo judeu. Israel, portanto, retornará à plenitude de sua vida religiosa, com a restauração dos sacrifícios de animais.
– Outro elemento importante que marcará o início da Grande Tribulação é, precisamente, o acordo político que será firmado entre o Anticristo e Israel, um pacto de sete anos de duração, em que o Anticristo reconhecerá o domínio de Israel sobre a área do templo reconstruído de Jerusalém e, em troca,
Israel reconhecerá a soberania do Anticristo sobre o mundo. O Anticristo será reconhecido como o Messias pelos judeus que, então, estarão governando o país.
Este pacto parecerá pôr fim ao conflito do Oriente Médio e será um elemento importantíssimo para que todo o mundo veja no Anticristo o líder mundial pela paz e traga ao mundo a sensação de que se chegou, finalmente, ao período tão almejado de paz e segurança no mundo.
Mal sabem eles que, assim como afirmam as Escrituras, “…quando disserem: há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição…”(I Ts.5:3). Este ponto é o primeiro que é mencionado por Daniel ao tratar da septuagésima semana (Dn.9:27).
OBS: “…Tem sido afirmado por alguns que o hebraico ‘herith’ (aliança), empregado aqui não pode ser uma ‘aliança’ entre homens, mas tem de referir-se a uma aliança da parte de Deus. Eles, porém, se esquecem de que o mesmo termo hebraico é usado acerca da aliança entre Acabe e Benadabe (ver I Rs.20.34), da aliança entre Efraim e a Assíria (ver Os.12.1) e também da aliança entre Antíoco e Ptolomeu (ver Dn.11.22).
Essa ‘aliança’ ou ‘concerto’ é que o profeta Isaías chama de ‘concerto com a morte’ (Is.28.15) e continua o profeta:
‘o vosso concerto com a morte se anulará e a vossa aliança com o inferno não subsistirá’ (ver v.18), objetivo do Anticristo neste concerto é exclusivamente tomar o lugar santo (o templo) e profaná-lo (ver.11.31)[Dn.11.31, observação nossa].…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.184).
O Clube de Roma possui um site na Internet (www.clubofrome.org) e, recentemente, ao acessá-lo, verificamos que um dos seus principais dirigentes é, também, dirigente da Conferência Mundial das Religiões, ou seja, o centro intelectual que dita a “nova consciência mundial” é, ao mesmo tempo, um centro de idéias políticas e religiosas, tudo conforme prevê a Palavra de Deus!
– Quando analisamos a profecia das setenta semanas de Daniel, observamos que o profeta recebe uma mensagem que divide a Grande Tribulação em dois períodos, cada um de três anos e meio (ou 42 meses, ou, ainda, 1.260 dias, períodos que são mencionados no livro do Apocalipse, a saber, respectivamente Ap.11:2 e 13:5 e Ap.11:3 e 12:6).
Conforme vemos na profecia das setenta semanas, é dito que, no início da semana, haverá o acordo político entre o Anticristo e Israel, mas que, na metade da semana, este pacto será violado. Portanto, teremos dois períodos bem distintos nesta fase da história humana, a saber:
a) a primeira metade da semana – este período é chamado por alguns estudiosos de “Tribulação”. Será o período de consolidação do poder do Anticristo.
Neste período, o Anticristo, que conquistou o poder mediante o acordo das dez nações, sairá, como diz o primeiro selo do livro do Apocalipse, para vencer. Fará um pacto de não-agressão com Israel e, ao mesmo tempo, imporá seu domínio sobre três das nações que o apoiaram em sua subida ao poder.
Ninguém lhe resistirá e, com suas guerras, exterminará os inimigos, instalando seu regime político ditatorial, ao mesmo tempo em que o falso profeta reunirá em torno de si todas as religiões do mundo.
Demonstrará grande habilidade e trará um período de prosperidade e de sensação de paz e de segurança aos seus súditos, levando todos a aceitá-lo como o “salvador do mundo”. Seus poderes sobrenaturais também serão exercidos, de tal modo a iniciar um movimento de adoração ao seu nome.
Neste período, também, apesar de o Espírito Santo não mais oferecer resistência ao Anticristo, levantará as duas testemunhas e os 144.000 homens que iniciarão a pregação do evangelho do reino. O Anticristo iniciará a perseguição a este grupo.
b) a segunda metade da semana – este período é chamado por alguns estudiosos de “Grande Tribulação” ou de “Grande Tribulação propriamente dita”.
Seu início será com a violação do pacto entre o Anticristo e Israel, quando o Anticristo, já senhor da situação político-econômico-religiosa de todo o mundo, estabelecerá a adoração ao seu nome, bem como quererá ser adorado como deus no templo de Jerusalém e o fará, mandando cessar o sacrifício no terceiro templo e ali colocando sua imagem.
Muito provavelmente, por este tempo, se difundirá a mentira da sua suposta ressurreição e o falso profeta fará os sinais e prodígios que levarão quase todos a adorar o Anticristo.
O Anticristo, também, logrará matar as duas testemunhas e a exterminar os 144.000. Iniciam-se, porém, os mais pesados juízos sobre a Terra, diante da apostasia generalizada.
– Os juízos mencionados nas Escrituras com relação a este negro período da história humana parecem estar relacionados com a segunda metade da septuagésima semana de Daniel, daí porque acharem alguns que a Igreja será arrebatada somente por ocasião dos três anos e meio da primeira fase da Grande Tribulação.
No entanto, voltamos a insistir, não há porque assim se pensar. Se assim fosse, por que Deus haveria de levantar as duas testemunhas (Ap.11:3-7), como profetas, para pregar a Palavra de Deus, se a Igreja, que é o corpo de Cristo, ainda estivesse na Terra?
Na dispensação da graça, quem deve pregar o evangelho é a Igreja (Mc.16:15; At.14:7;I Co.9:16; I Pe.1:12).
Se Deus levanta dois homens para fazê-lo, assim como 144.000 judeus que são chamados de servos de Deus (Ap.7:4), é sinal de que, na Terra, não mais se encontra a nação santa, o sacerdócio real, a geração eleita (I Pe.2:9,10).
IV – QUAL O OBJETIVO DA GRANDE TRIBULAÇÃO
– Já vimos que a Grande Tribulação é um juízo de Deus em virtude de a humanidade não ter aceitado a oferta de salvação na pessoa bendita de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Como ocorreu nas dispensações anteriores, Deus propôs ao homem a reconciliação conSigo, já que ama o homem e quer ter a sua companhia, mas o humanidade, na sua grande parte, tem recusado a oferta do Senhor e, ante esta oferta de salvação e perdão, tem intensificado sua rebelião, aumentado deliberadamente a sua rebeldia, o que leva Deus a exercer a Sua justiça, uma vez alcançada a plenitude da medida da injustiça (cfr. Gn.15:16).
– Assim, a primeira finalidade da Grande Tribulação é, sem dúvida, a execução da justiça divina sobre o homem, após a rejeição da mais ampla revelação do amor e da misericórdia divinos na pessoa de Jesus Cristo.
Deste modo, vemos que, um dos objetivos da Grande Tribulação, é levar os judeus e gentios rebeldes a julgamento (II Ts.2:12).
– Entretanto, não é este apenas o objetivo de Deus por ocasião da Grande Tribulação. A Grande Tribulação é o primeiro momento dos acontecimentos finais da história da humanidade, ou seja, das “últimas coisas”.
Deus já Se revelou plenamente ao homem, pois o fez por intermédio de Jesus, que é uma das Pessoas Divinas, e, portanto, chegamos ao auge da revelação divina.
Tendo Jesus satisfeito a justiça divina e, assim, tirado o pecado, é chegado o instante de Deus iniciar a execução de todos os atos que ainda não foram cumpridos, a fim de tornar a reunir os homens conSigo num novo tabernáculo, numa nova comunidade, que substitua a convivência que antes havia no Éden.
– Diante de tal necessidade, vemos que a Grande Tribulação é, apenas, o primeiro passo para que haja a execução dos rebeldes e o estabelecimento desta convivência eterna entre Deus e os homens.
Por isso, no limiar da Grande Tribulação, o diabo e seus anjos são expulsos dos lugares celestiais e precipitados sobre a Terra;
é permitido ao diabo controlar o mundo, precisamente para que haja o início da definição final do gênero humano e que, ao final da Grande Tribulação, seja inaugurado o lago de fogo e enxofre, o inferno, que é um local destinado para o diabo e seus anjos e para todos quantos por eles se deixarem seduzir.
A Grande Tribulação é o início da manifestação da ira de Deus, o início da execução da justiça divina.
– Quando falamos em justiça divina, entretanto, não podemos nos esquecer que a justiça é, como diziam os juristas romanos, “dar a cada um o que é seu”.
Ora, dar a cada um o que é seu não é apenas punir ou aplicar penalidade sobre o errado, mas também reparar o que está certo, restaurar aquele que foi vitimado, que foi lesado, que sofreu pelo erro de alguém.
Deus somente exercerá a Sua justiça não só quando punir o errado, como também restaurar aquilo que foi prejudicado pelo que errou.
Neste passo, a Grande Tribulação não só é o início da punição divina, como também é o começo da restauração. Deus, na Grande Tribulação, criará as condições para que haja a restauração do que foi prejudicado pelo pecado e pelo maligno, a saber: Israel, a comunidade das nações e a natureza.
– A Grande Tribulação, como início da reparação divina, é, também, a retomada do tratamento de Deus para com Israel.
A Bíblia diz-nos que os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (Rm.11:29), de modo que se faz preciso que Israel, que foi criado e formado por Deus, a partir da chamada de Abraão(Gn.12:2), seja restaurado, pois Deus prometeu que Israel seria Sua propriedade peculiar e uma nação santa, que duraria para sempre (Ex.19:5,6; II Sm.7:10), não é possível que venha a Se esquecer de Seus compromissos, pois Ele é fiel (I Co.1:9; 10:13; II Tm.2:13).
– A Grande Tribulação, portanto, é o período em que se realizará esta restauração de Israel. Na profecia das setenta semanas, é dito que setenta semanas estavam determinadas para Israel para que ele se reconciliasse com Deus e o pecado fosse extirpado. Já se passaram 69 semanas e Israel continua em pecado, distante de Deus e com seu entendimento cegado pelo deus deste século (II Co.3:14-16).
Portanto, a septuagésima semana tem como objetivo fazer com que Israel atinja o estado “…para extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna e selar a visão e a profecia, para ungir o Santo dos santos…” (Dn.9:24b).
– Se analisarmos Israel à luz da visão dos ossos secos do profeta Ezequiel, veremos que o povo judeu já surgiu como nação politicamente organizada (o Estado de Israel, proclamado em 14 de maio de 1948), dotado de toda uma estrutura política, econômica, social e religiosa (os ossos reunidos, com nervos e carnes), mas que, ainda, não tem vida espiritual, uma vez que persiste rejeitando Jesus como Messias e quem não tem Jesus não tem a vida (I Jo.5:12).
Estamos, pois, no momento imediatamente anterior ao que Deus manda o profeta ordenar que venha o espírito sobre o povo (Ez.37:8,9).
Isto se fará, precisamente, no período da Grande Tribulação, quando, através de grande angústia, a maior de toda a história de Israel (cfr. Dn.12:1), finalmente Israel reconhecerá que Jesus é o Messias (Zc.12:8-10).
– A Grande Tribulação, também, é o período em que Deus, ao mesmo tempo em que derramar o devido castigo aos gentios, proporcionará a destruição do sistema mundial gentílico, o sistema surgido em Babel e que foi mantido por permissão divina desde então.
Deus confundiu as línguas daquele povo rebelde, mas permitiu que toda a rebeldia se perpetuasse ao longo dos séculos. Entretanto, Seu objetivo sempre foi salvar os gentios (I Tm.2:4) e, para tanto, deliberou a própria rejeição de Israel para que se desse oportunidade a todos os povos (cfr. Rm.11).
No entanto, mesmo após a rejeição de Cristo pelos gentios que não aceitaram Cristo, Deus, através da Grande Tribulação, providenciará a destruição do sistema mundial gentílico, cumprindo-se, assim, a parte final do sonho da estátua do rei Nabucodonosor (Dn.2:45).
Assim, apesar do derramamento da ira de Deus sobre a Terra, este derramamento também representará a destruição do sistema mundial gentílico, que tem sido um grande obstáculo para a paz e felicidade sobre a face da Terra.
– Por fim, a Grande Tribulação representará, também, o início da restauração da natureza que, desde o pecado do primeiro casal, sofreu consequências em virtude desta desobediência (cfr. Gn.3:17), efeitos aos quais não deu causa e que, de certa medida, representa uma situação de iniquidade, que tem de ser reparada (cfr. Rm.8:20-22).
Os juízos que ocorrerão durante a Grande Tribulação representarão medidas drásticas que serão tomadas por Deus para, depois, no período subsequente, promover a redenção da natureza, a recuperação plena do equilíbrio e harmonia existentes antes do ingresso do pecado na Terra.
V – QUEM PASSARÁ PELA GRANDE TRIBULAÇÃO
– Vimos que a Grande Tribulação é um período que se segue à dispensação da graça, onde Deus irá promover um juízo diante da rejeição de Jesus Cristo.
Mas, quem rejeitou a Jesus? Naturalmente que os que rejeitaram a Jesus foram os que não O receberam (Jo.1:12), sejam judeus, sejam gentios, pois todos quantos receberam Jesus, passam a fazer parte da Igreja, este novo povo, esta nação santa, geração eleita (I Pe.2:9).
apóstolo Paulo é claro ao afirmar que este período da história terá como finalidade julgar todos os que não creram a verdade, mas antes, tiveram prazer na iniquidade (II Ts.2:12).
Ora, se a Grande Tribulação é um juízo para aqueles que não aceitaram a Cristo, por que haveria de a Igreja sofrer, vivendo na Terra durante este período?
Como poderíamos dizer que Deus é o Justo juiz (Jr.11:20; II Tm.4:8), se estabelecesse um juízo por causa da rejeição de Jesus e o derramasse tanto sobre os que creram em Jesus quanto os que n’Ele não creram ?
– Não bastasse esta constatação, há alguns textos bíblicos que demonstram, claramente, que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, a saber:
a) Em I Ts.1:10, Paulo afirma, claramente, que os crentes esperam Jesus e Jesus os livrará da ira futura. Aqui é indicado explicitamente que o objetivo da Igreja é esperar Jesus.
O próprio Paulo, aliás, disse que seu alvo era o céu e a vinda de Jesus (Fp.3:20; II Tm.4:8), assim como o de toda a Igreja (Tt.2:13).
A própria conduta dos crentes tessalonicenses mostra, com clareza, que os crentes primitivos aguardavam ansiosamente a vinda do Senhor e que não lhes havia sido ensinado que deveriam, antes, suportar uma grande tribulação.
Tanto assim é que tanto Paulo quanto Pedro tiveram de ministrar aos irmãos a respeito dos sofrimentos nesta vida, a mostrar que isto não era aguardado nem esperado pela Igreja dos tempos apostólicos.
b) Em Ap.3:10, Jesus promete à igreja de Filadélfia (que é o tipo da igreja fiel, que será arrebatada) que, como aquela igreja havia sido fiel e guardado a Sua Palavra, o Senhor também a guardaria da hora da tentação que haveria de vir sobre todo o mundo, período este que é o da Grande Tribulação.
A recompensa pela fidelidade, diz o Senhor Jesus, é a salvação da hora do juízo. Assim como Noé achou graça aos olhos de Deus e foi salvo das águas do dilúvio (Gn.6:8,13,17-22), de igual forma, a Igreja que perseverar fiel até o fim, também será salva da ira de Deus.
Não nos esqueçamos de que o paralelo entre a vinda do Senhor e os dias de Noé não é fruto de uma interpretação teológica, mas, muito pelo contrário, foi feito pelo próprio Senhor Jesus no Seu sermão escatológico (Mt.24:37).
O mesmo se dá com relação a Ló e sua família, por ocasião do juízo de Sodoma e de Gomorra. Aqui, também, Deus promoveu a saída de Ló e de sua família da cidade de Sodoma, antes que viesse a destruição. Mais uma vez, esta analogia não é resultado de qualquer elucubração humana, mas resultado de ensino do próprio Jesus (Lc.17:28,29).
c) Por fim, o próprio Jesus, no sermão escatológico, afirma que Jerusalém não estaria sob pleno domínio judaico enquanto o tempo dos gentios não se completasse, ou seja,
os episódios mencionados na Grande Tribulação exigem o pleno domínio judeu sobre Jerusalém e isto não se dará enquanto perdurar o tempo dos gentios, numa clara alusão de que o período da Grande Tribulação é posterior ao tempo dos gentios (Lc.21:24), que é o tempo da Igreja(Ef.3:6).
Nesta afirmação de Jesus está a prova de que não podem coexistir, na face da Terra, a Igreja e um Israel que tenha o culto cerimonial completamente reativado. Por isso, Jesus nos manda olhar para a figueira.
A redenção da Igreja ocorrerá, diz o Senhor, quando a figueira tiver brotado as folhas, antes que venha o verão( a estação do calor, a estação “quente”, ou seja, o momento em que se dará o juízo de Deus).
Ora, “ …seu (isto é, da figueira) florescimento era proverbialmente reconhecido como um sinal certo da chegada da primavera.
A inflorescência surge como prova de que a primavera se aproxima, e uma coisa sempre acompanha à outra.…”(CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado, v.1, com.Mt.24:33, p.565).
Desta maneira, o arrebatamento da Igreja se dará antes que apareça o fruto, isto é, antes que se reiniciem os sacrifícios no templo reconstruído, antes que se restaure todo o cerimonial judaico. O fruto de Israel só surgirá depois que o fruto da Igreja cessar.
– Esta linha de pensamento é chamada de “pré-tribulacionista”, porque entende que a Igreja será arrebatada antes do início da Grande Tribulação. Desenvolvida inicialmente pelo inglês de origem irlandesa John Nelson Darby, foi o pensamento que encontrou guarida em diversos segmentos evangélicos ao longo do século XIX, em especial Scofield, cuja bíblia anotada foi rapidamente difundida em todo o mundo.
Esta linha de pensamento foi o início do avivamento experimentado a partir da segunda metade do século XIX e que desencadeou o surgimento do movimento pentecostal, que é o avivamento mais duradouro de toda a história da Igreja.
Não é por acaso, então, que seja a linha de pensamento adotada pela grande maioria das igrejas pentecostais ao redor do mundo, entre elas as Assembleias de Deus.
– Além desta linha de pensamento (que comporta variações), existem, pelo menos, duas outras correntes de interpretação: a “pós-tribulacionista” e a “midi-tribulacionista” ou “mesotribulacionista”.
– A linha de pensamento “pós-tribulacionista”, que tem no movimento adventista o seu principal defensor, entende que a Igreja passará pela Grande Tribulação. Assim, apesar de ser um juízo de Deus contra os que rejeitaram a Cristo, a Igreja, segundo este entendimento, sofrerá todas as agruras da Grande Tribulação.
Este pensamento, como já dissemos, não explica porque Deus faria isto num período de juízo, se não agiu desta forma seja com Noé no período antediluviano(que foi preservado na arca), seja com Israel no período patriarcal(que não sofreu qualquer das pragas lançadas sobre o Egito), que foram poupados pelo Senhor por causa de sua fidelidade. Por que Deus agiria assim, exatamente quando usou da graça a partir da vinda de Jesus (cfr. Jo.1:17) ?
Por que Jesus teria morrido por nós, teria sofrido o castigo que deveria ter vindo sobre o povo judeu que O rejeitou e agora os que creram em Seu nome haveriam de padecer os males da ira de Deus destinada, como vimos, aos desobedientes (cfr. II Ts.2:12)?
– Vemos, pois, que não há qualquer sentido na linha de pensamento pós-tribulacionista, a não ser que compartilhemos de seus pressupostos.
A corrente pós-tribulacionista, pelo menos na sua versão adventista, está indissoluvelmente relacionada com a teoria do “santuário celeste”, que foi criada por Ellen White para “salvar” a designação das datas da volta de Cristo por parte de William Miller (1843 e 1844).
A fim de restaurar a credibilidade das previsões de Miller, White disse que, realmente, Jesus voltou, mas não para a Terra e, sim, entrou no santuário celestial, a fim de concluir o perdão dos pecados (o que, de pronto, mostra que o Seu sacrifício no Calvário teria sido insuficiente…).
Este trabalho, que é chamado de “juízo investigativo”, diz White, será encerrado e seu encerramento é que dará início à Grande Tribulação.
Bem se vê, portanto, que a ideia de que a Igreja passará pela Grande Tribulação é uma idéia que tem origem na crença de que o sacrifício de Cristo no Calvário é imperfeito, de que a graça depende da lei, ou seja, é um pensamento totalmente contrário ao que ensinam as Escrituras a respeito do período em que estamos vivendo, não podendo, pois, ser aceito.
OBS: Não há como desvincular a visão pós-tribulacionista à idéia de que o sacrifício de Cristo é insuficiente para a salvação da alma.
Na visão adventista, onde isto é evidenciado, a idéia do “juízo investigativo”, que salvou a falsa previsão da volta de Cristo para 1844, é a comprovação do que estamos a falar e, mais, é a única razão de ser para que se advogar tanto a idéia da mortalidade da alma, quanto da guarda do sábado e, por fim, o conceito de que a igreja sofrerá a Grande Tribulação. Por isso, não podemos, de forma alguma, aceitar este conceito sem comprometer pontos basilares da sã doutrina.
– Com relação à linha de pensamento chamada de “mesotribulacionista” ou “mídi-tribulacionista”, que tem aumentado de adeptos no meio do movimento pentecostal, desde seu surgimento na metade do século XX, entendem estes que a Igreja passará metade da Grande Tribulação na Terra, ou seja, estará sob o domínio do Anticristo em metade de seu governo, até o instante da profanação do templo de Jerusalém.
Procuram defender seu ponto-de-vista, baseando-se em Paulo que, em II Ts.2:1-5, teria dito que a vinda de Jesus não ocorreria antes que se manifestasse o Anticristo, bem como a passagens que falam que o Anticristo perseguirá os santos do Altíssimo e que muitos padecerão por causa do nome de Cristo na Grande Tribulação, ainda que admitam, ao contrário dos pós-tribulacionistas, os textos que afirmam que a Igreja será salva dos juízos que serão derramados por Deus a partir dos três anos e meio do governo do Anticristo, quando é prometida a “repentina destruição”.
– Contudo, é preciso não confundir a manifestação do Anticristo com a sua subida ao poder. Daniel mostra que o Anticristo surgirá como uma ponta pequena (Dn.7:8) e que só depois de seu surgimento é que as dez nações lhe dariam o poder (Dn.7:24).
Assim, dizer que o Anticristo terá de se manifestar para que Jesus venha não é o mesmo que dizer que o Anticristo chegará a dominar a Terra três anos e meio antes do arrebatamento da Igreja.
É possível pensar-se que o Anticristo estará vivo e até se sobressaindo no cenário político internacional ainda quando a Igreja estiver sobre a face da Terra, pois tal pensamento não é desmentido, em momento algum, por qualquer versículo bíblico.
No entanto, o que não podemos admitir é que o Anticristo iniciará o seu governo quando ainda a Igreja aqui estiver.
Sabemos que o Anticristo receberá seu poder não apenas dos homens, mas também de Satanás e que, para isto ocorrer, é mister que o Espírito Santo deixe de resistir ao inimigo e ao “espírito do anticristo” que já opera desde o início do mundo, preparando todas as coisas para este tenebroso governo.
Ora, isto apenas se dará, como vimos supra, quando o Espírito Santo entregar a Igreja ao Senhor nos ares, ares estes que terão sido esvaziados da presença do adversário e de seus anjos, que serão precipitados sobre a face da Terra, o que explica, inclusive, a entrega do poder ao iníquo.
OBS: “…Deus preparou todas as coisas para a vinda a este mundo do Seu Filho Jesus Cristo. Preparou um povo – os judeus; uma língua – o grego; um império mundial – o romano; uma tradução das Escrituras – a Septuaginta; muitas estradas através do Império Romano para a difusão das boas-novas de salvação e um arauto que preparou o caminho do Senhor – João Batista.
De igual modo o Diabo prepara todas as coisas, armando o palco para o reino das trevas do Anticristo, quando a Igreja daqui sair. Tal preparação em escala mundial não pode ser feita de improviso nem de última hora.
Ela já começou há muito tempo e de muitas maneiras. O espírito de desobediência, de rebelião, o ateísmo, o materialismo, a indiferença com tudo o que é de Deus, a imoralidade, a indecência e a violência estão executando sua obra demolidora a passos largos.
O alicerce da ordem, do direito, da coesão, da consideração, da ética está ruindo por toda parte; na sociedade, no lar, nas organizações de todo tipo (comerciais, estudantis, trabalhistas, científicas, culturais etc.), em todas as camadas de gente, em todos os países do mundo, nas cidades, no campo, nas fábricas etc.…” (Antonio GILBERTO. O calendário da profecia, p.38).
– Os “mídi-tribulacionistas” também procuram comprovar seu ponto-de-vista mencionando passagens bíblicas que mostram que, durante este período, haverá santos e escolhidos (cfr.Dn.7:25;Mt.24:22; Ap.7:14), esquecendo-se, porém, de que haverá salvação na Grande Tribulação e que estes santos e escolhidos são aqueles que crerão e pregarão durante este negro período, pagando com a própria vida esta decisão, sendo, pois, um povo completamente distinto daqueles que, por terem crido em Jesus no tempo da graça, serão salvos da ira de Deus.
Prova de que estes não pertencem à Igreja do tempo da graça é o fato de que serão vencidos pelo Anticristo e que terão de morrer para alcançar a salvação, algo que nem sempre ocorre na
nossa atual dispensação, onde o martírio nunca foi necessário para consumar a salvação e onde há resistência do Espírito Santo ao pleno domínio do maligno (cfr. II Ts.2:7).
OBS: “…A brevidade daqueles dias não será motivada pela igreja paralela que ficou, pois o tempo dos gentios terminará com o arrebatamento, apenas por misericórdia, os que não negarem a Cristo serão salvos, como que pelo fogo.
Mas, por amor e misericórdia aos eleitos, os israelenses, com quem o Senhor fez concerto desde o tempo dos patriarcas e cuja eleição já estava prevista desde a fundação do mundo, é que motivará a brevidade daqueles dias (Marcos 13.20)…” (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.161).
VI- A PRIMEIRA METADE DA GRANDE TRIBULAÇÃO: OS CINCO PRIMEIROS SELOS DE APOCALIPSE 6
– Vimos que a Grande Tribulação tem dois períodos bem nítidos, a saber: os primeiros três anos e meio, chamado por alguns de “Tribulação” ou “princípio das dores”, onde haverá uma sensação de paz e de segurança no mundo, ao mesmo tempo em que o Anticristo angariará o poderio sobre todo o mundo,
a parte da base das dez nações que lhe entregaram o poder decisório sobre o cenário político internacional e os últimos três anos e meio, em que o Anticristo romperá o acordo que firmara com Israel,
será adorado como deus no templo de Jerusalém e iniciará a perseguição implacável contra os judeus e os que se salvarem durante a Grande Tribulação,
período em que o Senhor derramará sobre a face da Terra todos os juízos constantes das Escrituras e estabelecidos para o “dia do Senhor”, o “dia da vingança do nosso Deus”, “tempo da angústia de Jacó”, “dia de trevas”, “aquele dia”, “o grande dia”, “dia de ira”, “ira futura”, entre outros.
– O pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, em seu livro “Daniel e Apocalipse”, entende que a Grande Tribulação tem apenas duas fases, como acima dissemos, sendo que a primeira fase estaria descrita nos capítulos 6 a 9 do livro do Apocalipse (op.cit., p.123)
e a segunda fase, dos capítulos 10 a 16 (op.cit., p.141), sendo que os capítulos 17 e 18 seriam passagens parentéticas, onde o escritor sagrado nos revela a falsa igreja do Anticristo (a Babilônia religiosa) e a
capital do reino do Anticristo (a Babilônia comercial), para só, então, depois, descrever o término da Grande Tribulação, qual seja, a batalha do Armagedom (capítulo 19) (op.cit., p.167-8). Seguiremos esta linha de raciocínio.
– O primeiro período da Grande Tribulação, de três anos e meio, inicia-se com o que é revelado pelo primeiro selo do livro aberto pelo Cordeiro no livro do Apocalipse.
O Anticristo assume o poder com uma mensagem de paz (o cavalo é branco) e sua mensagem encontrará guarida nos corações dos homens.
Ao mesmo tempo, porém, o Anticristo estará agindo conforme seu caráter, porque violará o acordo com três das nações que lhe entregaram o poder e as dominará diretamente, retirando-lhes a independência (Dn.7:8,20,24 “in fine”), ou seja, falando em paz, promoverá a guerra e, à medida em que proclama a paz, irá fazendo guerra aos seus inimigos, vencendo-os, pois, como a Bíblia afirma, nada mais lhe resistirá.
– Não é novidade para os que conhecem a história da humanidade, a presença de grandes guerreiros que fazem suas guerras em nome da paz. A história está repleta de homens que prometeram paz e, para conseguir esta paz, somente fizeram guerras.
Homens como os Césares, que, em nome da chamada “pax romana”, não cessavam de guerrear contra os povos e alargar os domínios do Império Romano;
como os Papas que, para espraiarem a “paz do evangelho”, não economizavam esforços para angariar fundos, soldados e armas para combater os não-cristãos (e até mesmo os cristãos orientais) nas Cruzadas;
como os soberanos dos países europeus que, em nome da paz, inclusive, levaram o mundo a duas guerras mundiais e, por fim, dos governantes de Estados Unidos e de União Soviética que, durante a Guerra Fria, em nome da paz, quase levaram o mundo a uma total destruição;
para não dizer dos dias em que vivemos, quando a chamada “guerra contra o terror” ou as intervenções militares têm se intensificado e aumentado sempre em nome da paz (aliás, recentemente, foi divulgado que os maiores gastos da ONU, que é a organização criada para a manutenção da paz mundial, são, precisamente, os gastos militares, com as chamadas “forças de paz”).
– Ao trazer uma mensagem de paz e esperança aos homens, o Anticristo cuidará de mudar uma série de estruturas políticas, econômicas e sociais, modificações estas que revelarão excelentes intenções e uma
coragem e ousadia nunca antes vistas na história da humanidade. Isto, certamente, trará algumas resistências, o que explica o seu gesto de abatimento de três das dez nações que o apoiaram.
Esta demonstração de força, ademais, servirá para impor seu poderio sobre a sua base política, o que será suficiente para, então, iniciar seu intento de dominação mundial.
Seu pacto com Israel, também, insere-se dentro desta ótica da paz mundial e, sem dúvida alguma, a solução para o conflito do Oriente Médio trará a ele credibilidade e respeito de todo o mundo. Por isso, Daniel afirma que o Anticristo “…por causa da tranquilidade destruirá muitos…” (Dn.8:25 “in medio”).
– O segundo selo aberto pelo Cordeiro no livro do Apocalipse revelou o cavalo vermelho, cujo cavaleiro retirou, precisamente, a paz da terra, permitindo que os homens se matassem uns aos outros e a quem foi dada uma grande espada (Ap.6:4).
Vermelho é a cor do sangue, é a cor-símbolo da guerra e da matança, tanto que o planeta avermelhado, que é o planeta seguinte à Terra no nosso sistema solar, por causa de sua cor avermelhada, recebeu o nome de Marte, que é o deus greco-romano da guerra.
– A Grande Tribulação, já desde a sua primeira metade, será caracterizada por um período de conflitos armados generalizados, conflitos em que o Anticristo aumentará cada vez mais seu poderio e onde seus inimigos serão imensamente enfraquecidos.
A guerra sempre foi um dos instrumentos mais rápidos e eficientes de dominação de outras comunidades ao longo da história e, na Grande Tribulação, não será diferente.
O Anticristo, através de rápidas vitórias militares, consolidará sua posição no cenário político internacional, ao mesmo tempo em que angariará riquezas e recursos que lhe serão importantíssimos para criar um sistema político-econômico de controle sobre todos os indivíduos sobre a face da Terra.
As vitórias militares bem poderão representar, neste instante, uma demonstração de poder sobrenatural por parte do Anticristo e isto servirá, por paradoxal que possa parecer, para aumentar a crença na mensagem pacifista e na pregação religiosa que será levada a efeito pelo falso profeta, que, também por força dos movimentos político-militares do Anticristo, terá reforçada sua posição perante os movimentos religiosos do mundo.
– Ao contrário do que temos visto ocorrer, na atualidade, com os Estados Unidos, que, apesar de muito eficientes na conquista e na vitória militar, como se viu no Afeganistão e no Iraque, não tiveram o mesmo êxito no pós-guerra, o Anticristo, com toda a sua habilidade, saberá muito bem cooptar e reerguer os povos dominados, instituindo, rapidamente, sistemas que lhe sejam fiéis e tributários, a exemplo do que fez Adolf Hitler na parte da Europa que ocupou na Segunda Guerra Mundial. Assim, mesmo em meio a tanta matança, conseguirá, ainda, ser considerado o grande paladino da paz mundial.
– O terceiro selo trouxe o cavalo preto, cujo cavaleiro trazia uma balança na mão. Este cavalo está vinculado à economia. O texto bíblico fala de um aumento generalizado dos preços, ou seja, do que os economistas chamam de inflação.
Apesar de todos os esforços que o mundo tem empreendido nos nossos dias, inclusive ante uma imensa integração do comércio internacional, a chamada “globalização”, a inflação sempre é um mal que não consegue ser debelado seja nos países pobres, seja nos países ricos.
descontrole dos preços é um assunto que desafia todos os estudiosos das ciências econômicas e cada vez mais se admite que a inflação é produto de fatores que não estão bem delineados ainda pelo homem.
A inflação é mal que também acometerá a primeira metade do reinado do Anticristo e que pode até ser intensificado em virtude das guerras que serão desencadeadas pelo filho da perdição (algo que pode ser bem observado, atualmente, no tocante à economia dos Estados Unidos da América e os gastos militares crescentes daquele país).
inda que será um problema que prejudicará a imagem do Anticristo, ao mesmo tempo será um estímulo e um incentivo para que ele apresente um suposto novo sistema econômico como alternativa para os problemas existentes, um pretexto para que passe a controlar todas as transações econômicas do mundo.
Dizemos suposto novo sistema econômico porque, como vimos na lição anterior, as Escrituras demonstram, claramente, que o sistema capitalista continuará prevalecendo durante toda a Grande Tribulação, mas um capitalismo com rígido controle da movimentação dos capitais.
OBS: “…Em 1968, foi fundado em Roma o chamado Clube de Roma, sendo seus membros, desde então, personalidades de gabarito reconhecidamente mundial, na política, na economia, nas ciências e na educação.
O objetivo fundamental do clube é estudar o futuro da raça humana, considerando o seu passado e o seu presente, para planejar o seu futuro.
Uma das conclusões a que chegou o clube, há poucos anos, é a de que a humanidade necessita urgentemente de um governo único e centralizado para resolver seus problemas e suprir suas necessidades.…” (Antonio GILBERTO. O calendário da profecia, p.47).
– O quarto selo revelou um cavalo amarelo, cujo cavaleiro era a Morte e que era seguido pelo inferno e a quem foi dado o poder para matar a quarta parte da população mundial, com espada, com fome, com peste e com as feras da terra.
Este cavalo amarelo fala-nos da mortandade que haverá na primeira metade do governo do Anticristo. Apesar de o iníquo falar em paz e bem-estar social, na verdade, a quarta parte da população mundial perecerá sob o seu domínio.
O que já sentimos nos nossos dias, como vimos na lição 3 deste trimestre, prosseguirá ocorrendo depois do arrebatamento da Igreja. As doenças continuarão a matar e aumentará, ainda mais, o número de mortes em razão das enfermidades.
Isto não é de se espantar, pois o sistema que não se instala na atualidade por causa da resistência do Espírito Santo, mas que está se implantando, finalmente prevalecerá com o início do domínio do Anticristo.
Um sistema perverso, baseado na ganância e na luxúria, tende a prejudicar os mais pobres e desvalidos. Aliado a isto, o aumento da fome, decorrente da própria injusta distribuição de rendas, também facilitará o aumento das epidemias e endemias nas regiões mais pobres do planeta (vejamos, apenas a título de ilustração, o que anda ocorrendo na África dos nossos dias).
Como se não bastasse isto, as guerras promovidas pelo Anticristo também contribuirão para o aumento dos mortos e para a disseminação de doenças.
– O quinto selo, por fim, ao ser aberto pelo Cordeiro, revelou um grupo de almas, ou seja, pessoas mortas pelo amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram, pedindo vingança em virtude do seu sangue.
Este selo revela, portanto, que, já na primeira metade da Grande Tribulação, haverá a morte de pessoas que aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, mas que tiveram de morrer por causa desta decisão.
– O quinto selo mostra, portanto, que, desde a primeira metade da Grande Tribulação, não tendo ainda o domínio completo do mundo, o Anticristo iniciará uma cruel perseguição contra aqueles que professarem o nome do Senhor Jesus.
As Escrituras dizem que ele se levantará contra tudo o que significa Deus e, sem dúvida, aqueles que, mesmo em meio ao período de grande opressão que serão aqueles dias, chegarem a crer em Cristo, serão alvo do ódio do iníquo, que providenciará meios de combatê-los, combate em que sairá vencedor, pois a Bíblia diz que, nesta batalha, os santos do Altíssimo sempre serão derrotados do ponto-de-vista material, ou seja, serão mortos (Dn.7:25; Ap.13:7).
É oportuno verificar, principalmente no texto de Ap.13:7, que este combate e vitória contra os santos antecede a própria dominação completa sobre o mundo.
VII – HAVERÁ SALVAÇÃO NA GRANDE TRIBULAÇÃO
– É na análise do quinto selo do livro aberto pelo Cordeiro no Apocalipse que surge a questão da salvação na Grande Tribulação, pois é ensinado por muitos que, após o arrebatamento da Igreja, não será possível a salvação de qualquer gentio, pois se terá fechado a porta da graça, não havendo, pois, como alguém se salvar a partir de então.
Na Grande Tribulação, dizem estes, abrir-se-á apenas oportunidade aos judeus, pois se estará na última semana da profecia de Daniel. Este ensinamento é muito difundido no meio do povo evangélico, mas, lamentavelmente, não é um ensino que tenha respaldo bíblico.
– Ao falar do quinto selo, o escritor sagrado diz que viu um grande número de almas de pessoas que morreram pelo amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram (Ap.6:9).
Nesta oportunidade, não é dito de que nacionalidade são estas pessoas, motivo por que muitos insistem em dizer que se trata apenas de judeus que foram alcançados pela pregação do evangelho, a cargo dos 144.000 israelitas que se converteram ao Senhor Jesus depois do arrebatamento da Igreja, mencionados no capítulo 7 de Apocalipse, e das duas testemunhas, citadas no capítulo 11 do mesmo livro.
– No entanto, se formos bem analisar a questão, veremos que este pensamento não tem respaldo bíblico. Em primeiro lugar, este raciocínio confunde término da dispensação da graça com término da salvação.
A salvação é uma realidade que vai além da dispensação da graça. A dispensação da graça, dizem-nos as Escrituras, começou com Jesus Cristo (Jo.1:17), mas a salvação é destinada a todos os homens, de todos os tempos (I Tm.2:4).
Como afirma o pastor Antonio Gilberto, consultor teológico da CPAD, “…como o povo se salvava antes da Dispensação da Graça e como operava o Espírito Santo nessa época?
– O povo se salvava pela fé no Redentor que havia de vir. Isso era também salvação pela graça. (Ler Atos 15.11; Efésio 1.4; 1 Pedro 1.19,20.).
Eles também tinham o Evangelho (Gl.3.8; Hb.4.2).…” (O calendário da profecia, p.58). Assim, o fato de, com o arrebatamento da Igreja, ter terminado a dispensação da graça, em absoluto significa que Jesus tenha deixado de salvar.
– Em segundo lugar, dizer que não haverá salvação na Grande Tribulação senão para os judeus é negar as próprias Escrituras. Se em Ap.6:9-11 não é revelada a nacionalidade destas almas, quando, porém, lemos Ap.7:9, fica claro que estes mártires são provenientes de todas nações, tribos, povos e línguas, ou seja, tanto judeus quanto gentios.
Nem se diga que estas pessoas são os salvos arrebatados (como defendem os midi-tribulacionistas), porque a Bíblia afirma que estes vieram de grande tribulação (Ap.7:14) e, mais, que estavam com vestidos brancos, vestidos que lhes foram dados quando da revelação do quinto selo (Ap.6:11),
a mostrar que se trata do mesmo grupo. Sabemos, também, que se trata do mesmo grupo porque estão no mesmo lugar, pois é dito que estão debaixo do altar em Ap.6:9 e, em Ap.7:9, diante do trono, perante o Cordeiro.
Ora, pelo que vemos de Ap.8:3, o altar de ouro está diante do trono. Portanto, se a Bíblia diz que há salvos e santos que vieram deste período e, inclusive, morreram por causa do testemunho de Jesus, por que haveremos de negá-lo?
– Muitos acham perigoso ensinar que haverá salvação na Grande Tribulação porque isto incentivaria uma vida displicente na Igreja, estimularia o desleixo espiritual, pois, se a Bíblia nos ensina que devemos esperar Jesus e, por isso,
sermos vigilantes e vivermos em santificação, a partir do momento que afirmamos que alguém poderá ser salvo na Grande Tribulação, estaremos dando licença para que alguém peque e, se Jesus voltar e ele estiver despercebido, como conhece a Palavra, terá chance de, imediatamente, se reconciliar com o Senhor e, assim, aguardar a salvação neste negro período da história humana.
– Por primeiro, o fato de que um ensino tenha esta ou aquela consequência, não nos autoriza a omiti-lo ou a negá-lo.
Nosso compromisso é com a verdade e a Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17). Assim, não há qualquer base bíblica para que deixemos de reconhecer e de ensinar que haverá salvação na Grande Tribulação, a fim de que não se incentive uma vida de pecado na Igreja.
– Por segundo, ainda que reconheçamos que haverá salvação na Grande Tribulação, de modo algum poderemos entender que isto seja uma forma de facilitação de uma vida de pecado. Se amamos Jesus, se estamos n’Ele, não temos desejo de pecar, somos uma nova criatura, temos a mente de Cristo e a vontade de Deus é a nossa vontade. Se somos santos, buscamos cada vez mais santificação (Ap.22:11).
Se amamos a Deus, não amamos o mundo nem o que no mundo há (I Jo.2:15). Portanto, não cremos, absolutamente, que o fato de ser ensinado que haverá salvação na Grande Tribulação venha a abalar a fé de quem realmente ama a Deus.
– Por terceiro, é preciso deixar bem claro que a salvação na Grande Tribulação será muito mais difícil e árdua do que a salvação na nossa atual dispensação.
Atualmente, a salvação é acessível a tantos quantos crerem em Jesus. A fé vem pelo ouvir pela Palavra de Deus(Rm.10:17) e, ao crermos, já alcançamos a salvação (Mc.16:16; Jo.5:24).
Hoje, temos o Espírito Santo atuando diretamente em cada coração, buscando convencer o homem do pecado, da morte e do juízo (Jo.16:7-11).
– Na Grande Tribulação, entretanto, o Espírito Santo não mais atuará diretamente, mas, bem ao contrário, voltará a atuar como o fazia nas dispensações anteriores, ou seja, através de pessoas previamente escolhidas por Deus, através das quais a mensagem do Senhor será divulgada, pessoas estas que são as duas testemunhas mencionadas em Apocalipse 11 e os 144.000 citados em Apocalipse 7.
Assim, dizer que uma pessoa que estava despercebida quando da vinda de Jesus vai logo se conscientizar de que Jesus veio e vai se arrepender é algo com o que não podemos concordar, porque o processo do arrependimento instantâneo que presenciamos na nossa atual dispensação é obra da atuação indiscriminada do Espírito Santo, que não mais estará ocorrendo após o arrebatamento da Igreja.
– Mas não é só! Como já dissemos, além de o Espírito Santo não atuar mais diretamente, a partir do arrebatamento da Igreja, o mundo espiritual na Grande Tribulação estará infestado de espíritos malignos.
O diabo e seus anjos terão sido precipitados sobre a face da Terra e, o que é pior, o Espírito Santo deixará de resistir à atuação destas hostes espirituais da maldade.
Ora, se a situação de batalha espiritual já é medonha na atual dispensação, a ponto de Paulo nos instruir a tomarmos a armadura de Deus (Ef.6:12-18), quando as forças do mal se encontram nos lugares celestiais, sem poder fazer frente à resistência do Espírito Santo, como serão naqueles dias, em que o Espírito Santo não oferecerá resistência e os demônios estarão, como diz o povo, “livres, leves e soltos” ?
– Mas ainda isto não é tudo! As Escrituras são claríssimas ao afirmar que a salvação na Grande Tribulação exigirá o martírio, ou seja, para que alguém seja salvo, além de crer em Jesus com toda esta dificuldade de ordem espiritual, terá de morrer por causa do testemunho de Jesus e do amor pela Palavra de Deus.
Na Grande Tribulação, a salvação dependerá do derramamento do próprio sangue, além da fé no poder do sangue de Jesus.
A Bíblia diz, claramente, que o Anticristo destruirá os santos do Altíssimo (Dn.7:25) e que os salvos, apesar de terem seus pecados perdoados, serão mortos (Ap.6:9,10; 13:10).
Assim, se alguém não quis servir a Deus no tempo da graça, onde tudo era fácil, onde bastava crer, será que terá estrutura para enfrentar a Grande Tribulação?
Por isso, entendemos que será muito, mas muito difícil mesmo que alguém que tenha negligenciado na sua fé e perca o arrebatamento da Igreja, tenha condições de se salvar durante a Grande Tribulação.
Não é impossível, mas serão muito poucos aqueles que conseguirem. Por isso, devemos agir como nos recomenda o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na sua advertência à igreja de Laodiceia, que representa esta igreja descuidada dos dias do arrebatamento (Ap.3:18-20) e que nos arrependamos de nosso descuido enquanto é tempo, antes que seja tarde demais (Mt.25:11,12).
VIII – A OBRA DE DEUS NA GRANDE TRIBULAÇÃO
– Se há salvação na Grande Tribulação, isto indica que há pessoas que estarão fazendo a obra de Deus neste período.
Estas pessoas, logicamente, não fazem parte da Igreja, que já terá sido arrebatada nesta ocasião. Quem, então, será cheio do Espírito Santo para trazer a mensagem de salvação na pessoa de Jesus Cristo?
O livro do Apocalipse revela que Deus terá Sua obra feita na Terra a partir dos 144.000 judeus assinalados pelo Senhor em Apocalipse 7 e pelas duas testemunhas, mencionadas em Apocalipse 11.
– As duas testemunhas serão profetas levantados pelo Senhor para pregar a mensagem de Deus durante a primeira metade da Grande Tribulação. Dizemos que o farão na primeira metade da Grande Tribulação, porque a Bíblia afirma que elas serão mortas e expostas ao público pelo Anticristo durante três anos e meio (Ap.11:9), após terem tido um ministério de mil duzentos e sessenta dias, ou seja, três anos e meio (Ap.11:3).
Durante o seu ministério, o adversário não terá domínio sobre elas, pois serão ungidas pelo Senhor e receberão de Deus o poder para executarem o seu ministério (Ap.11:3-6), o que é a clara demonstração de que o Senhor, mesmo durante a Grande Tribulação, não perderá o controle sobre os acontecimentos, sobre o Universo.
Por isso, querido(a) irmão(ã), nunca deixe de crer neste Deus Todo-Poderoso, que tem absoluto controle sobre todas as coisas !
– Entretanto, após o tempo de seu ministério, que será durante a primeira metade da Grande Tribulação, o Senhor permitirá que estas duas testemunhas sejam mortas pelo falso profeta, que, assim, demonstrará o seu poderio e, com este grande sinal, cristalizará o poder do Anticristo e levará todas as multidões a aceitar adorá-lo (Ap.11:7).
Serão, então, expostos em Jerusalém, como demonstração do suposto poder do Anticristo, e isto durará por três anos e meio (Ap.11:2,11), que será, também, o tempo em que se dará a profanação do templo de Jerusalém pela imagem da Besta.
Esta exposição pública de corpos que não são sepultados é costume bem presente na atualidade. Em Moscou, o corpo de Lênin, o líder da Revolução Russa, é mantido exposto e sob visitação pública, mesmo depois do término do regime comunista naquele país, o mesmo se dando com relação ao corpo de Mão Tse-Tung, o líder da Revolução Chinesa, em Pequim.
– Muito se especula a respeito da identidade destas duas testemunhas. Alguns estudiosos da Bíblia entendem que sejam Enoque e Elias, uma vez que são as duas únicas pessoas que não provaram a morte e a Bíblia afirma que está ordenado aos homens morrerem (Hb.9:27), sendo, ainda, que, como é dito que ambas as testemunhas seriam oliveiras e castiçais que estariam diante de Deus (Ap.11:4), isto indicaria que se trataria de pessoas que estariam diante do Senhor no céu.
– Outros, como o pastor José Serafim de Oliveira, não veem como Deus possa mandar Enoque de volta à Terra, por ter sido ele trasladado exatamente para não ver a morte (Cfr. Hb.11:5), como também era este o mesmo desiderato divino ao arrebatar Elias, a quem negou a morte que havia sido pedida pelo profeta, não havendo como se perquirir a respeito de um arrependimento divino a respeito (Nm.23:19).
Para estes estudiosos, estes dois profetas serão pessoas que se levantarão nos dias da Grande Tribulação, em ressurgimento do ofício profético que havia se encerrado com João (Mt.11:16; Lc.16:16), já que o Espírito Santo volta a atuar limitadamente como antes do ministério terreno de Jesus.
– De qualquer modo, apesar deste pensamento, devemos ter o comportamento recomendado pelo pastor Antonio Gilberto, que ora transcrevemos:
“…o caso não é muito relevante para nós da Igreja do Senhor porque quando as duas testemunhas atuarem aqui, a Igreja já estará com Cristo na Glória. Nosso conselho aos salvos, tendo em vista as duas testemunhas é o que está em Hebreus 2.1:’
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.’ Isto é, as verdades bíblicas a partir da salvação (Hb.2.3).…” (O calendário da profecia, p.143).
– Além das duas testemunhas, que serão os dois últimos profetas do Senhor na história da humanidade, que terão um ministério público, também atuarão na obra de Deus 144.000(cento e quarenta e quatro mil) homens, que serão assinalados pelo Senhor, que são chamados de “servos do nosso Deus” (Ap.7:3 “in fine”).
Estes servos, ao contrário das duas testemunhas, serão servos anônimos, a exemplo daqueles sete mil que serviram a Deus no tempo de Elias (II Rs.19:18),
os quais não deixaram nem permitiram que a apostasia de Israel fosse total, ou como os crentes anônimos de Chipre e de Cirene que, sem serem identificados, iniciaram a evangelização dos gentios na igreja primitiva (At.11:20,21). Estes homens serão os responsáveis pela pregação da palavra de Deus e pela salvação de muitos na Grande Tribulação, ao lado das duas testemunhas.
– O texto bíblico diz que estes homens não se contaminarão com o mundo e se manterão fiéis ao Senhor (Ap.14:3-5), mas, também, como são vistos na glória, juntamente com o Cordeiro (Ap.14:3), é percebido que, a exemplo das duas testemunhas, também irão ser mortos pelo Anticristo e pelo falso profeta no desempenho de seu ministério.
– Muito se especula, também, sobre a identidade destes homens. O texto de Apocalipse 7 identifica-os como israelitas, doze mil de cada tribo, ainda que, na relação das tribos, não estejam as tribos de Dã e de Efraim. Com relação à tribo de Efraim, facilmente podemos perceber que ela é denominada de José, já que Efraim, conquanto não tenha sido o primogênito de José, assim foi abençoado por Jacó (Gn.48:14,19,20).
Já no que diz respeito a Dã, a exclusão desta tribo explica-se porque esta tribo foi a primeira a apostatar em Israel, tornando-se idólatra (Jz.18), o que faz com que alguns estudiosos entendam que o Anticristo se dirá vinculado à tribo de Dã, quando invocar uma descendência judia a fim de convencer Israel que é o Messias.
– Outros, porém, tendo em vista que as dez tribos do antigo reino de Israel, o chamado “reino do norte”, desapareceram após a destruição deste reino pelos assírios, tendo um pequeno remanescente se misturado às três outras tribos do reino do sul (Judá, Benjamim e Levi),
entendem que a menção das tribos em Apocalipse 17 não quer dizer que se esteja diante de pessoas judias, mas de um “novo Israel”, que seria o povo de Deus durante a Grande Tribulação, reunindo tanto os gentios que crerem em Jesus quanto os judeus que também o fizerem (a tribo de Dã representaria, assim, os judeus apóstatas, os “muitos” citados em Dn.9:27, que aceitarão o Anticristo como Messias e com ele selarão o pacto de paz).
São entendimentos divergentes que devemos respeitar e que, como já dissemos acima, reproduzindo palavras do pastor Antonio Gilberto, é assunto irrelevante para nós que, como Igreja do Senhor, não estaremos aqui para presenciar os fatos.
– A existência desta obra de Deus na Grande Tribulação faz com que muitos estudiosos da Bíblia entendam que o capítulo 24 de Mateus diga todo ele respeito à Grande Tribulação. Jesus teria respondido aos discípulos a respeito dos fatos que ainda estavam por acontecer com relação a Israel, falando a respeito da destruição do templo, da Sua vinda ( e, neste particular, Jesus somente virá para Israel, pois a Igreja é que irá ao encontro do Senhor nos ares – cfr. I Ts.4:17, de modo que não se poderia confundir volta de Jesus com arrebatamento da Igreja) e do fim do mundo.
Os primeiros quatorze versículos diriam respeito à primeira metade da última semana de Daniel e os quatorze subsequentes, à segunda metade.
– Dentro deste raciocínio, o trabalho dos servos do Senhor durante a Grande Tribulação seria o descrito em Mt.24:5-14, que, normalmente, são apontados como sinais do arrebatamento da Igreja.
Ainda segundo estes estudiosos, o evangelho do reino seria o evangelho pregado tanto pelas duas testemunhas quanto pelos 144.000 e só então se daria o fim deste primeiro período da Grande Tribulação.
Em resposta à rejeição desta última oportunidade, viriam as pragas que são mencionadas a partir do capítulo 10 do livro do Apocalipse.
– O importante de todas estas informações é que a presença das duas testemunhas e dos 144.000 é mais um elemento a confirmar que a Igreja não estará na Terra quando da Grande Tribulação, pois, se aqui ela estivesse, não haveria necessidade alguma de o Senhor preparar outros para realizar a Sua obra. Se surge um “novo Israel” e dois novos profetas, isto é sinal evidente de que neste tempo, não está na Terra “…a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz…” (I Pe.2:9b).
VIII – A SEGUNDA METADE DA GRANDE TRIBULAÇÃO – O DERRAMAMENTO DA IRA DE DEUS SOBRE A FACE DA TERRA: OS DOIS ÚLTIMOS SELOS, AS SETE TROMBETAS E AS SETE TAÇAS OU SALVAS.
– A “Grande Tribulação propriamente dita”, ou seja, o período em que a ira de Deus irá se manifestar com todo o rigor é a segunda metade do período de sete anos do juízo correspondente à dispensação da graça.
– Esta segunda metade da Grande Tribulação inicia-se com a quebra do pacto entre o Anticristo e Israel, com a profanação do templo e a cessação dos sacrifícios (Dn.9:27).
Jerusalém voltará a ficar sob o controle dos gentios (Ap.11:2), passando o templo a ser local de adoração da imagem do Anticristo (a “abominação da desolação” de Mt.24:15), bem como a Jerusalém ser local de visitação pública dos corpos das duas testemunhas (Ap.11:8).
– O Anticristo consolidará a nova religião mundial, de adoração a sua pessoa, pois todo o mundo se convencerá dos seus poderes sobrenaturais, provavelmente em razão de uma suposta ressurreição, como será pregado por parte do falso profeta (Ap.13:8,12-15).
– O Anticristo, também, consolidará o seu poder político-econômico-militar, estabelecendo um governo mundial ditatorial (o “domínio” de Dn.7:25 “in fine”, o “rei” de Dn.8:25 e o “poder” de Ap.13:7b, o “oitavo rei” de Ap.17:11).
Terá, então, todo o controle sobre as transações econômicas e exigirá que todos os homens ponham sobre si o seu sinal e quem o fizer estará irremediavelmente perdido na eternidade (Ap.13:8-11, 14:11). Iniciará a implacável perseguição sobre Israel a fim de destruí-lo totalmente, o que somente não conseguirá porque o Senhor Jesus, pessoalmente, o impedirá, como veremos na próxima lição.
– Enquanto o Anticristo terá todos estes pontos de êxito e de vitória sobre os homens, Deus começará a mostrar a Sua soberania sobre todas as coisas, derramando sobre a humanidade a Sua ira, como está descrito no livro do Apocalipse. Vejamos quais são estes juízos, sucintamente:
a) o sexto selo (Ap.6:12) – um grande tremor de terra – haverá um grande terremoto, que alcançará dimensões nunca antes atingidas, pois a Bíblia afirma que serão removidos montes e ilhas dos seus lugares. Este sinal físico é apenas o início da manifestação da ira divina sobre a Terra.
b) o sétimo selo (Ap.8:1) – o sétimo selo traz a revelação de sete trombetas, que são sete ais, ou seja, sete lamentos que serão pronunciados em virtude do sofrimento que terão os habitantes da terra. As trombetas são respostas às orações dos santos, uma demonstração da vingança de Deus pelos males sofridos por Seus servos durante a primeira metade da Grande Tribulação, pela rejeição de Cristo pelos desobedientes (Ap.8:4). Eis os juízos das sete trombetas:
b1) primeira trombeta (Ap.8:7) – uma saraiva de fogo misturado com sangue que matou a terça parte das árvores e de toda a erva verde, ou seja, uma alteração climática que destruirá a terça parte da vegetação (consequência do chamado “efeito estufa”).
b2) segunda trombeta (Ap.8:8) – o lançamento de um grande monte ardendo em fogo no mar que se tornou em sangue e matou a terça parte das criaturas marinhas, ou seja, poluição nas águas salgadas da Terra que matará a terça parte dos seres vivos marinhos, o maior desastre ecológico marinho de todos os tempos.
b3) terceira trombeta (Ap.8:10) – a queda de uma grande estrela, chamada Absinto, ardendo como tocha e que cairá sobre a terça parte das águas doces do planeta, ou seja, a terça parte das águas doces potáveis da Terra tornar-se-ão impróprias para a bebida.
b4) quarta trombeta (Ap.8:12) – a ferida da terça parte do sol e da lua e das estrelas para que a terça parte do dia não brilhasse, ou seja, modificações da atmosfera e das estruturas protetoras e controladoras da radiação solar, possivelmente por poluição e em decorrência das alterações climáticas e de vegetação anteriormente ocorridas, que farão com que a luz do sol brilhe menos tempo.
b5) quinta trombeta (Ap.9:4-12) – espíritos malignos, chamados de “gafanhotos” que, por cinco meses, atormentarão os homens, período em que ninguém morrerá.
Só o fato de, durante cinco meses, a morte não ocorrer irá trazer enormes problemas para o mundo, até porque se estará em época de grande escassez de alimentos, por causa dos juízos das trombetas anteriores.
Como se não bastasse isso, o sofrimento atroz causado por estes espíritos malignos, que as Escrituras informam serem anjos caídos que estiveram aprisionados até então, pela sua perversidade, bem demonstram quão terrível será o sofrimento nesta época.
b6) sexta trombeta (Ap.9:15) – espíritos malignos serão soltos para matar a terça parte dos homens. Após cinco meses sem morte, haverá uma grande peste que matará a terça parte dos homens, de uma hora para outra, o que, certamente, trará enormes transtornos.
Enquanto os homens sem Deus morrem, a Bíblia afirma que, de forma sobrenatural, as duas testemunhas serão ressuscitadas e subirão para os céus em uma nuvem na presença de todos (Ap.11:11,12) e, nesta ocasião, haverá um grande terremoto, que destruirá a décima parte de Jerusalém e onde morrerão sete mil pessoas, enquanto que os demais darão glória a Deus9Ap.11:13). Entendem alguns que será neste momento que os judeus se decidirão por Cristo.
b7) sétima trombeta (Ap.8:15) – a última trombeta anuncia a chegada do reino milenial de Cristo, ou seja, a completa destruição e término do governo do Anticristo. Esta queda é anunciada no livro do Apocalipse por sete pragas, que se encontram em sete taças ou salvas, onde é consumada a ira de Deus (Ap.15:1).
– Antes, porém, de vermos estas taças, é de se observar que, como a demonstrar o porquê de Deus não ter, de uma vez por todas, já efetuado a destruição total, entre as trombetas e as taças, em que se consumará a ira de Deus, o Senhor dará uma última chance aos impenitentes, permitindo que três anjos preguem o evangelho eterno (Ap.15:6-13).
– Muito se discute se se tratam de seres angelicais ou de novos homens que serão levantados por Deus neste período, mas nos parece que a melhor interpretação é a de que se trata, mesmo, de anjos, já que todos os servos do Senhor já terão morrido nesta época da Grande Tribulação.
Num esforço último, o Senhor, na Sua longanimidade, permite a três anjos que anunciem a necessidade de arrependimento dos homens antes que se consume a ira divina.
– Estes três anjos anunciarão a vinda do juízo divino, a iminência da queda de Babilônia, ou seja, do sistema mundial gentílico dominado pelo Anticristo, como também a necessidade de não se adorar a besta, sua imagem e de receber o seu sinal, bem como o fato de que somente os que guardarem os mandamentos de Deus e a fé de Jesus alcançarão a salvação e o livramento do juízo divino.
– Após esta proclamação do evangelho eterno, que terá a aceitação de pessoas que serão aquelas que, com os judeus, adentrarão ao reino milenial de Cristo, o texto sagrado diz que o Senhor determina a consumação da Sua ira, como se verifica de Ap.14:14-20. Advirão, então, as sete taças, a saber:
b7.1) primeira taça ou salva (Ap.16:2) – uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e adoravam a sua imagem
b7.2) segunda taça ou salva (Ap.16:3) – a morte de todos os seres vivos marinhos
b7.3) terceira taça ou salva (Ap.16:4) – o fim de toda água doce potável sobre a face da Terra
b7.4) quarta taça ou salva (Ap.16:8) – o aumento da temperatura da Terra a níveis insuportáveis aos homens que, em resposta, blasfemarão contra Deus.
b7.5) quinta taça ou salva (Ap.16:10) – o reino da besta torna-se tenebroso, ou seja, o governo do Anticristo perde o seu brilho diante da população, que passa a sentir o sofrimento e a reclamar da situação (“…mordiam suas línguas de dor…”), mas, mesmo assim, não se arrependem diante de Deus.
b7.6) sexta taça ou salva (Ap.16:12-16) – o rio Eufrates, um dos mais antigos rios do planeta, seca-se, a fim de preparar o caminho para os reis do Oriente, ao mesmo tempo em que os reis das nações submissas ao Anticristo são convencidos por demônios a congregar seus exércitos no vale do Armagedom, em Jerusalém, para destruir definitivamente Israel.
b7.7) sétima taça ou salva (Ap.16:17-21) – um grande terremoto, qual nunca houve antes, é desencadeado, começando a ocorrer os eventos físicos que acompanharão a vitória de Cristo sobre o Anticristo na batalha do Armagedom. Como disse o anjo que derramara esta última taça: “…está feito…” (Ap.16:17 “in fine”). É o fim da Grande Tribulação.
OBS: “A abertura do sétimo selo dá início aos juízos das sete trombetas. Os juízos das trombetas são juízos parciais (8-9; 11.15-19), ao passo que os juízos das sete taças (cap.16) são mais severos. O juízo da sétima trombeta anunciará as sete taças de juízo (11.15; 16.1-21). …” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, com. a Ap.8:1, p.1993).
– Como podemos ver, o período da Grande Tribulação será de uma aflição indescritível, o pior, o mais negro de todos os períodos da história da humanidade (Dn.12:1). Tomemos cuidado, pois, mantenhamo-nos fiéis ao Senhor até o fim, porquanto, se assim o fizermos, Jesus nos salvará da ira futura.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco