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Jovens – Lição 6 – Estêvão, O Primeiro Mártir

 

Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:

Destacar as qualidades de Estêvão;Analisar o martírio de Estêvão;

Refletir a respeito da forma nobre e honrada que Estêvão se entregou aos seus algozes e como foi recebido no céu.

Palavras-chave: Poder, cura e salvação.

É maravilhoso ver que, naqueles primeiros dias da Igreja, o número dos discípulos multiplicava apesar da perseguição (At 6.1). Esse termo é usado para designar os crentes somente em Atos dos Apóstolos.

Isso tem sido uma realidade até nos dias de hoje, onde o número de cristãos cresce em países em que eles são perseguidos, como é o caso da Índia.

Em Jerusalém, também houve perseguição à Igreja, o que os forçou a sair pelas regiões da Judeia e Samaria (At 8).

Não se trata de a perseguição ser boa; ninguém quer isso, mas a tranquilidade pode levar a uma acomodação que retarda a expansão da Igreja. 

A Formação do Diaconato

Com o crescimento dos crentes, houve a necessidade de organizar a ajuda social que estavam realizando.

Havia a distribuição diária, principalmente das viúvas, pois as Escrituras ordenavam o cuidado dessas pessoas que não tivessem outro meio de sustento e/ou ajuda de familiares. E o número de viúvas naquele tempo era grande, como afirma o Dr. Keener:

[…] como era considerado honroso ser sepultado na terra de Israel, muitos judeus estrangeiros vinham passar os últimos dias ali, depois morriam e deixavam um número desproporcional de viúvas na região.

[…] Portanto, o número de viúvas estrangeiras era enorme em Jerusalém, cidade que não contava com a quantidade suficiente de sinagogas estrangeiras (6.9) para que os doadores de caridade suprissem todas as viúvas de forma adequada. Esse problema social urbano de Jerusalém passou a ser um problema também na igreja.1 

Com essa alta demanda, surgiu um problema: os helenistas alegavam que suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária.

Esses helenistas eram os judeus de fala grega da Diáspora2 que se haviam estabelecido em Jerusalém.

Os 12 apóstolos decidiram, então, que precisavam de homens específicos para cuidar dessa atribuição, pois eles precisavam concentrar-se mais “na oração e no ministério da palavra” (At 6.4).

Acredita-se que o diaconato, que vem do termo diakonein (servir), surgiu desse momento em diante. 

Esses homens escolhidos para servir precisavam ser “varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (v. 3).

Então, elegeram Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau. E, após apresentar esses homens aos apóstolos, oraram e impuseram-lhes as mãos. 

Quem Eram os Sete?

Pelos nomes, em grego, acredita-se que todos eram helenistas. Havia, ainda, um prosélito3 cristão. Mas quem eram esses homens? Beers comenta:

O Novo Testamento nos informa que Estêvão foi martirizado.

Eusébio, o historiador, nos diz que Filipe e as suas filhas profetisas se estabeleceram, mais tarde, em Hierápolis, na Ásia Menor.

Segundo a tradição, Prócoro foi secretário de João, quando ele escreveu o quarto Evangelho.

Clemente de Alexandria, um pai da Igreja Primitiva, nos informa que Nicolau, de Antioquia, que se havia convertido ao judaísmo antes de se tornar cristão, tinha muito ciúme de sua bela esposa.

Outros Pais da Igreja o identificam como o fundador de uma seita cristã não ortodoxa, chamada nicolaítas.

Essa seita cristã não ortodoxa, chamada nicolaítas. Essa seita é mencionada por João (Ap 2.6,15).

A tradição nos diz que Pármenas foi, em certa ocasião, bispo de Soli, uma cidade a oeste de Tarso, na Cilícia, e que ele foi martirizado em Filipos durante o governo do imperador Trajano.

Diz-se que Pedro consagrou Prócoro como bispo da Nicomédia, uma cidade a leste da atual Istambul, na Turquia, agora chamada Izmir.

Doroteu, de Tiro, nos diz que Timão era um dos 70 discípulos, e que posteriormente veio a ser bispo de Bostia, uma cidade a leste de Samaria, onde acabou queimado como mártir.

Houve sugestões de que, da mesma maneira como o número 12 representa as 12 tribos de Israel para Lucas, também os números 7 e 70 representam o mundo.

A tradição hebraica diz que havia 70 nações no mundo. Lucas está dizendo que, da mesma maneira como os doze apóstolos representam as 12 tribos de Israel, também os sete, de certa maneira, representam o resto do mundo.  

Muitos não mediram esforços para tentar encontrar um significado místico ou simbólico por trás desse número sete. Essa busca exagerada por significados pode levar a conclusões sem sentido.

No entanto, podemos perceber que alguns números como 3, 7, 12 e 40 são usados em várias circunstâncias na Bíblia.

O número 7, por exemplo, foi usado nos números de dias da criação (Gn 2.2);

no número de pares de animais e aves no Dilúvio (Gn 7.1,2);

no número de anos que Jacó levou para casar com Raquel (Gn 29.16-30);

no número de tranças do cabelo de Sansão (Jz 16.19);

no número de vezes que mergulhou Naamã no rio Jordão (2 Rs 5.10-14);

no número de pães que Jesus tinha para multiplicar e alimentar uma multidão, bem como

no número de cestos que sobraram (Mc 8.6-9) e no

número de igrejas que João escreveu as cartas na Ásia (Ap 1.4). 

Estêvão, um Homem Usado por Deus

Deus fez grandes maravilhas e sinais por meio dos apóstolos, mas também através de outros como, por exemplo, Estêvão, um dos servos escolhidos para ajudar as viúvas.

Estêvão foi usado por Deus porque ele estava cheio de fé e poder. Diz-se que, certa vez, D. L. Moody (1837–1899) ouviu um pregador dizer que o mundo ainda estava por ver o que Deus poderia fazer com e através de um homem que lhe fosse total e completamente consagrado.

Então, Moody disse para si mesmo: “Tentarei ao máximo ser esse homem”. E Deus usou Moody, tornando-o um grande pregador que levou milhares de pessoas a Cristo. Isso foi uma realidade na vida desse diácono Estêvão. 

Estêvão debateu com os judeus da Sinagoga dos Libertos ou dos Libertinos, provavelmente judeus levados cativos a Roma por Pompeu em 63 a.C. cujos filhos, quando libertos, voltaram a Jerusalém e ali fundaram uma sinagoga.

Capacitado pelo Espírito Santo, Estêvão mostra uma sabedoria tal que aqueles homens não podiam resistir (At 6.10). 

Cheio do Espírito Santo

Muitas vezes, fazemos distinção de importância entre funções na igreja, mas a verdade é que todos que prestam algum serviço na igreja precisam ser cheios do Espírito Santo.

Quando vemos a vida de Estêvão, o diácono, percebemos como essa qualidade, que é exigida a todos nós, fez a diferença em seu ministério. Como analisa Richards:

Você precisa do Espírito Santo para ser motorista a serviço da igreja? Claro que sim. Qualquer atividade, por mais simples que seja, deve ser desempenhado no poder do Espírito caso se proponha a ser um meio pelo qual Deus vai abençoar sua igreja.

Um dos ministérios mais significativos que já tive foi quando eu era um jovem cristão, na Marinha, servindo como zelador voluntário em nossa pequena igreja Batista.

Que momentos alegres eram aquelas manhãs de sábado, cantando enquanto eu empurrava minha vassoura e arrumava as cadeiras no porão da igreja. […]

O motorista da igreja fazendo grandes sinais e pregando com poder?

Pode acreditar. Mais uma vez, que falsa distinção fazemos ao classificar alguns ministérios como “mais importantes” que outros.

Tanto o zelador que limpa a igreja quanto o pregador que fala à congregação são servos de Deus. Ambos precisam ser homens bons, cheios do Espírito de Deus.

Não fique surpreso se um dia o zelador se tornar o pregador. Sirva a Deus bem nas coisas pequenas. Lembre-se, Ele promove aqueles que já fazem parte do grupo.

Enfim, todos somos chamados a ser cheios do Espírito Santo de Deus (Ef 5.18). As exigências para trabalhar na casa de Deus hoje estão nesse relato de Atos, assim como as do obreiro estão em outras passagens (1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9); e elas não mudam com o tempo, nem com a cultura ou com a igreja. 

Alguém já disse que ser cheio do Espírito Santo não é o quanto eu tenho dEle, mas, sim, o quanto Ele tem de mim.

É o quanto permito que Ele tome conta de minha vida. Em Apocalipse 3.20, diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo.”

Essa foi uma mensagem para os crentes da Igreja de Laodiceia. Era uma igreja morna que achava estar abastada, mas parece que o Espírito Santo, aquEle que habita no crente (1 Co 3.16), estava do lado de fora da vida daquelas pessoas.

Ele queria entrar e, então, esperava à porta para tomar conta de tudo. Se alguém ouvisse a sua voz e abrisse a porta, Ele entraria e cearia com essa pessoa, e, em seguida, essa pessoa cearia com ele. Parece uma redundância, mas não é.

Quando damos permissão para o Espírito Santo em nossas vidas, Ele entra e ceia conosco, mas, depois de ter permissão de entrar e ficar, Ele toma conta, e agora nós é que ceamos com Ele.

Ou seja, Ele toma as rédeas de nossa vida. Esse é o grau que o apóstolo Paulo experimentou quando disse: “[…] e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). 

Cheio de Sabedoria

O texto diz que aqueles que discutiam com Estêvão “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.10).

Certamente, essa não era a sabedoria humana, intelectual, adquirida pelo conhecimento, mas a divina, que vem do alto (ver Tg 3.17). 

A formação de um jovem na Faculdade ou Universidade é algo muito bom. Deve-se visar e perseguir esse objetivo com todo o empenho.

Paulo era uma pessoa com muito conhecimento, e isso certamente beneficiou seu ministério na terra.

Contudo, embora possamos ter todos os níveis de estudo superior — o que é muito proveitoso —, não podemos esquecer que não somos nada sem o Espírito Santo e a sabedoria que vem de Deus.

Sobre Estêvão, o escritor apologista e pastor Ciro Sanches Zibordi comenta:

A sabedoria de Estêvão era superior à dos grandes filósofos gregos e à dos sábios judeus, os quais “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.10).

Ao pregar e defender o evangelho nas sinagogas, “Estêvão não dependia de sua própria sabedoria, mas da unção e dos dons do Espírito. Não é de admirar, pois, que todos os argumentos deles caíssem por terra!” (HORTON, 1983, p. 76). 

Cumpriu-se na vida desse diácono-apologista, por antecipação, a profecia de Jesus Cristo alusiva aos dias que antecedem à Segunda Vinda:

“eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem” (Lc 21.15).

Deus, portanto, permitiu que Estêvão, como protomártir da Igreja, enfrentasse perseguição e resistência similares às que os salvos hão de experimentar nos últimos dias. 

Nas Escrituras, a palavra “sabedoria”, de modo geral, alude à prudência, inteligência, juízo e bom senso em todas as ações (Lc 2.52; Cl 4.5).

No caso da sabedoria do alto ou celestial, trata-se de uma habilidade sobrenatural pela qual se aplica corretamente o conhecimento adquirido (1 Rs 3.16-28; Pv 3.13-15; Mt 21.23-27; 22.15-22). […]

Há diferença entre a sabedoria terrena e a celestial.

A primeira vem por meio de vivência, contato e convivência com os sábios, experiência, contemplação da natureza, etc.

A segunda provém do Senhor (Pv 2.6; 2 Co 1.12; 2 Pe 3.15), especialmente por meio de meditação na Palavra de Deus (Sl 119.99,100) e ação direta do Paráclito em nossa vida (1 Co 2.4,5,13).6 

Essa sabedoria está sempre ligada a uma vida de santidade e humildade. Ela é pura, pacífica, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem fingimento (Tg 3.17), e as Escrituras ainda nos dão o aval de pedi-la a Deus (Tg 1.5). 

Uma Pregação Impactante

Diante das falsas acusações que Estêvão estava recebendo — as que diziam que o Nazareno iria destruir aquele lugar e os costumes da Lei de Moisés —, Estêvão fez uma das pregações mais memoráveis da história.

Ele inicia relatando que o Deus da glória havia aparecido a Abrão (mais tarde Abraão) quando este ainda estava na Mesopotâmia, dizendo-lhe para sair da sua terra e de sua parentela. E Deus trouxe-o à terra que o havia prometido.

Ele disse ainda que ficariam como peregrinos e que seriam escravizados por 400 anos. De Abraão, nasceu o filho da promessa, Isaque; deste nasceu Jacó e, anos depois, os 12 patriarcas.

Estêvão continua discorrendo que José foi vendido por seus irmãos, mas Deus estava com ele, tornando-o governador do Egito.

Devido à fome que sobreveio naquela região, Jacó teve que ir para o Egito. O povo ali cresceu e multiplicou, e levantou-se um rei que não conhecia José e que começou a fazer o povo sofrer (At 7.1-19)

Nesse tempo, nasceu Moisés, que foi educado em toda a ciência do Egito e poderoso em palavras e obras. Temendo por seu ato de ter matado um egípcio que maltratava um israelita, Moisés fugiu para o deserto e ali permaneceu 40 anos.

O Anjo do Senhor apareceu a ele e disse que ouviu o clamor do povo no Egito e de que ele deveria ir lá para libertá-lo.

E assim aconteceu, com prodígios e sinais. E Deus cuidou de seu povo no deserto junto com o Tabernáculo do Testemunho por 40 anos.

E o Senhor levantou Josué para tomar posse das nações que o Senhor expulsou da presença deles até os dias de Davi.

O filho deste, Salomão, foi quem edificou a morada do Senhor, mas Deus não habita em casa feita por homens, pois o Céu é o seu trono, e a terra é o estrado de seus pés.

E Estêvão continua advertindo aqueles ouvintes de que eles eram de dura cerviz, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre resistindo ao Espírito Santo.

Estêvão, então, acusou-os de que seus pais haviam perseguido todos os profetas que anunciavam a vinda de Jesus (vv. 20-52). 

Que sermão! Estêvão resgatou a história de Israel demonstrando aos ouvintes o plano de Deus para a nação e como o Senhor levantou homens para realizar tal plano.

Realmente, foi uma pregação marcada não só pelo conhecimento dos fatos, mas principalmente pela unção do Espírito Santo que traz autoridade à palavra (Sl 39.3; At 1.8). 

Injustiçado, porém Cheio do Espírito Santo

Mesmo diante de uma pregação em que Deus usava Estêvão, cheio de sabedoria e poder, o texto diz-nos que os judeus ficaram enfurecidos e rilhavam os dentes contra ele.

Em vez de arrependerem-se, eles ficaram “cortados em seu coração”, expressão traduzida da frase “enfureciam-se em seu coração” (v. 54).

Isso quer dizer que eles ficaram profundamente irados em relação àquelas palavras proferidas pelo pregador.

É interessante observar que o espírito do anticristo já se havia manifestado como relatado nas palavras do apóstolo Paulo: 

E com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.

E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade (2 Ts 2.10-12). 

E, mesmo diante do ódio daqueles homens incrédulos, Estêvão estava cheio do Espírito Santo. Que maravilha! Nada pode impedir um crente fiel ser cheio do Espírito Santo de Deus.

Saiba, jovem, que, mesmo quando você for injustiçado, perseguido e zombado, o Espírito Santo deseja que você seja cheio dEle.

Mesmo quando você expuser o evangelho a alguma pessoa e ela não o ouvir e ainda o confrontar e debochar de sua crença, lembre-se das palavras de João:

Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.

Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro. 

E Deus vai honrá-lo quando você não se deixar levar pelas forças contrárias, mantendo-se sempre em sua posição.

O Espírito Santo estará do seu lado consolando e mostrando a você qual o caminho mais sábio a seguir.

Céus Abertos

Perante aquela situação de contrastes, onde havia os judeus enfurecidos e Estêvão, homem cheio do Espírito Santo, o diácono fitou os céus e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita (v. 55).

Ele só queria glorificar ao Senhor através de sua vida e da mensagem pregada.

Quando buscamos o Senhor da glória, a sua Casa enche-se da glória do Senhor (cf. 2 Cr 7.1,2). E, se pregarmos sobre as maravilhas do Senhor do impossível registradas nas Escrituras, o impossível do Senhor acontecerá de repente (cf. At 16.25-34).

Estejamos, pois, certos de que o Deus da Palavra tem compromisso com a Palavra de Deus. Estêvão, então, conclui sua pregação sem incomodar-se com a reação hostil dos judeus, que “enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele” (At 7.54).

Isso porque ele, ao olhar para cima já cheio do Espírito Santo, não vê o teto do Templo, mas, sim, “os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (v. 56).

Essa é a verdadeira visão da glória de Deus! A única glória que os membros do Sinédrio conheciam era a terrena.8  

Que visão maravilhosa Estêvão teve! Foi tão esplêndida que ele não se conteve e proferiu aquilo que via: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (v. 56).

É interessante observar que outras passagens bíblicas sempre demonstram Jesus sentado à direita de Deus Pai, como, por exemplo, em Marcos 16.19, Hebreus 1.3; 8.1; 10.12; 12.2 e 1 Pedro 3.22.

Porém, nessa passagem, Jesus está em pé. Era como se Ele tivesse ficado de pé para receber com honra a Estêvão, que logo seria martirizado. 

Devemos crer que, mesmo que passemos por aflições, perseguições, afrontas e todo tipo de sofrimento nesta vida, nada disso se poderá comparar com a glória que nos aguarda.

Como expressa Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

E, mesmo que não tenhamos uma visão sobrenatural como a que Estêvão viu, podemos ter a mesma esperança dos heróis da fé, que creram que algo maravilhoso aguardava-os, como relata o escritor aos Hebreus: 

Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.

Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus (Hb 11.9,10). 

A Morte de Estêvão

Quando Estêvão diz que vê os céus abertos, aqueles homens carnais lançam-se contra ele, levam-no fora da cidade e apedrejam-no (v. 58).

Que triste fim para um fiel servo do Senhor que apenas queria propagar a mensagem de Cristo. Aqueles homens, porém, não podiam entender aquilo, pois, como disse Jesus:

“Tenho-vos dito essas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (Jo 16.1-3).

Perceba que Jesus não diz que esses homens não criam, mas, sim, que eles não conheciam. Ou seja, com toda a atividade religiosa que aqueles homens mantinham, Deus ainda era um desconhecido para eles.

Contudo, o legado de Estêvão permaneceu, sua missão aqui na terra ficou conhecida por toda a história, e seu recebimento nos céus foi glorioso. 

Falecendo, porém Perdoando

Enquanto Estêvão era apedrejado, ele invocava: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (v. 59). E, ao ajoelhar-se, clamou em alta voz:

“Senhor, não lhes imputes este pecado!” (v. 60). E, então, ao proferir essas palavras, adormeceu. Somente alguém cheio do Espírito Santo é capaz de perdoar aqueles que estão martirizando-lhe injustamente. Como diz o doutor em Teologia do Dallas Theological Seminary, professor Darrell L. Bock:

Estêvão, um dos sete (v. 5), estava cheio do Espírito no momento de seu martírio, e ele viu, em uma visão, o Filho do Homem em pé. Estêvão testificou essa visão enquanto morria (7.55,56).

Embora Estêvão tenha sido apedrejado por blasfêmia, ele estava cheio do Espírito, foi recebido por Cristo e foi vindicado no céu.

Não é fácil perdoar aqueles que nos ofendem. O líder mundialmente reconhecido Nelson Mandela (1918–2013) não foi tão lembrado por suas conquistas, prêmios ou outras realizações. Ele foi lembrado pela sua capacidade em perdoar.

Mandela ficou 27 anos preso e, depois de liberto, buscou a reconciliação com seus algozes, pois ele sabia que a África do Sul poderia unir-se e desenvolver-se somente por meio do perdão e da reconciliação.

Nos Estados Unidos, temos o exemplo de Martin Luther King Jr. (1929–1968), pastor e líder do movimento pacífico pelos direitos civis, que afirmou:

“Eu decidi ficar com o amor. O ódio é um fardo muito grande para carregar”. 

Que Deus o(a) abençoe.

Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens


1 KEENER, 2017, p. 397.
2 Dispersão do povo judaico pelo mundo especialmente depois da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.  
3 Gentio convertido ao judaísmo.  
4 BEERS, 2013, p. 350. 
5 RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia, 2012, p. 726.  
6 ZIBORDI, Ciro S. Estêvão: o primeiro apologista do evangelho, 2018, pp. 84,85.
7 1 João 4.4-6.  
8 ZIBORDI, 2018, p. 142. 
 BOCK, Darrell L. In: ZUCK, Roy, B. Teologia do Novo Testamento, 2017, pp. 107, 108.

Fonte: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1775-li%C3%A7%C3%A3o-6-est%C3%AAv%C3%A3o,-o-primeiro-m%C3%A1rtir.html

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